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LIBERTAS FACULDADES INTEGRADAS
CURSO DE DIREITO
ALUNO(a)(s): ÁQUILA DO LAGO NOGUEIRA, CAIO PHILIPE BUENO PERES, CAMILA PEDROSO SILVA, HEITOR APARECIDO ALVES, INGRID NAVES TEIXEIRA MORAES, JOÃO GABRIEL MARQUES PEREIRA, JULIO CESAR DANIEL BARBOSA
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
TRABALHO DE PROCESSO CIVIL I
Prof. MARCELO JOSÉ DE PÁDUA
SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO
2017
1. LITISCONSÓRCIO 
1.1 Conceito 
O fenômeno processual do litisconsórcio se refere ao elemento subjetivo da relação jurídica processual, mais precisamente às partes. A doutrina é pacífica em conceituar o litisconsórcio como a pluralidade de sujeitos em um ou nos dois polos da relação jurídica processual que se reúnem para litigar em conjunto. Para a existência do litisconsórcio é irrelevante a postura no processo dos sujeitos que litigam no mesmo polo, sendo admissível, inclusive, que sejam adversários entre si na demanda judicial. Registre-se a corrente doutrinária que faz distinção entre litisconsórcio – multiplicidade de sujeitos com certa afinidade de interesses – e cumulação subjetiva –, multiplicidade de sujeitos com interesses contrapostos.
É preferível, entretanto, o entendimento de que, havendo a possibilidade de a decisão ser diferente para os litisconsortes (litisconsórcio simples), não deixará de existir um litisconsórcio na hipótese de os litisconsortes terem interesses conflitantes. Basta imaginar o litisconsórcio passivo formado em ação de consignação de pagamento em razão de dúvida a respeito de quem é o credor da dívida.
 1.2 Hipóteses de Cabimento
 Naturalmente, nem toda reunião de pessoas para litigar em conjunto será admitida pela lei, sob pena de permitir-se a criação de situações inusitadas e altamente prejudiciais ao processo. As hipóteses de cabimento do litisconsórcio encontram-se previstas no art. 113 do Novo CPC. Cumpre salientar que, apesar de o art. 113, caput, do Novo CPC utilizar-se do termo “podem” litigar, haverá situações concretas, dentro das hipóteses previstas pelo dispositivo legal, nas quais as partes “devem” litigar em conjunto. As hipóteses exaustivas de cabimento do litisconsórcio são: I – se entre os sujeitos houver comunhão de direitos ou de obrigações. A existência de uma pluralidade nos polos da relação jurídica de direito material faz com que dessa relação surjam direitos e obrigações de titularidade de mais de um sujeito, sendo esses sujeitos habilitados a litigar em litisconsórcio. Ainda que o condômino possa litigar sozinho em defesa do bem em condomínio, a relação de direito material que o envolve com os demais condôminos é suficiente a permitir o litígio em conjunto. Na hipótese de uma dívida solidária, a relação jurídica de direito material envolve todos os devedores, de forma que o credor poderá propor a ação contra todos eles em litisconsórcio. II – se houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir.
 A consequência natural da conexão entre demandas é a sua reunião perante um mesmo juízo para julgamento em conjunto (art. 55, § 1º do Novo CPC), tendo como justificativa a economia processual e a harmonização dos julgados. Como esses dois benefícios também podem ser obtidos com a existência de uma só demanda, mas com pluralidade subjetiva, o legislador permite a formação do litisconsórcio havendo identidade de pedido ou da causa de pedir entre os litisconsortes. Dois sócios poderão em conjunto propor uma demanda contra a sociedade objetivando a anulação de uma assembleia (identidade de pedidos), como também será possível o ingresso de demanda contra dois réus causadores do mesmo acidente (identidade de causa de pedir). A hipótese de cabimento de litisconsórcio prevista no art. 46, II, do CPC/1973 foi suprimida, atendendo-se dessa forma reivindicação doutrinária que apontava a desnecessidade de expressa previsão de direitos e obrigação derivados do mesmo fundamento de fato ou de direito. Afinal, havendo tal circunstância haverá conexão pela causa de pedir, hipótese já expressamente contemplada. III – se houver afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. Nessa espécie de cabimento do litisconsórcio não se exige a identidade dos fatos, até mesmo porque nesse caso haveria conexão (inciso II), bastando para se admitir o litisconsórcio à afinidade – semelhança – de questões por um ponto comum de fato ou de direito. Reunidos diversos servidores públicos para litigar contra o Poder Público em virtude de atos administrativos fundados na mesma norma que se aponta de ilegal, o fato não será o mesmo, porque cada qual sofreu o prejuízo individualmente em virtude de um ato administrativo determinado, mas a finidade entre as situações permitirá o litisconsórcio. O mesmo ocorre na reunião de contribuintes para litigar contra multas – fatos geradores individualizados – aplicadas pelo mesmo fundamento.
1.3 Litisconsórcio ativo, passivo e misto
Tomando-se como critério de classificação a posição processual em que foi formado o litisconsórcio, ele será ativo, se a pluralidade se verificar exclusivamente no polo ativo da demanda, e passivo, se a pluralidade ocorrer também de forma exclusiva no polo passivo. Será misto o litisconsórcio se a pluralidade de sujeitos for verificada em ambos os polos – ativo e passivo – da relação jurídica processual.
1.4 Litisconsórcio Inicial (originário) ou Ulterior (posterior (incidental ou superveniente)
 Litisconsórcio inicial é aquele formado desde a propositura da ação, já existindo no momento em que a petição inicial é apresentada em Juízo, por ser esse considerado o primeiro ato do procedimento. É evidente, portanto, que o litisconsórcio inicial é de responsabilidade exclusiva do demandante, porque somente a ele será dado dar início ao processo por meio da petição inicial.
 O litisconsórcio ulterior é formado após o momento inicial de propositura da ação, vindo a se verificar durante o trâmite procedimental. Exemplo típico de litisconsórcio ulterior é aquele formado pelo chamamento ao processo, considerando-se que o réu – responsável pelo chamamento – e o terceiro chamado se tornam litisconsortes. Também haverá litisconsórcio ulterior na hipótese de sucessão processual, sempre que forem plurais os sujeitos que ingressem no processo.
 Questão interessante surge na hipótese de emenda da petição inicial em decorrência de decisão do juiz que determina ao autor a formação do litisconsórcio necessário, não formado na petição inicial. Nesse caso, não resta dúvida de que o litisconsórcio será formado num momento posterior à propositura da ação, mas de qualquer maneira constará da petição inicial, em virtude da emenda. Melhor considerar tratar-se de litisconsórcio ulterior, porque o determinante para essa espécie de litisconsórcio é a sua existência quando do momento inicial da demanda, que ocorre com a mera propositura da ação. É evidente que, em regra, a petição inicial não precisará de emenda. Ainda que constante da petição inicial, portanto, será hipótese de litisconsórcio ulterior. Outra questão que diz respeito ao litisconsórcio ulterior refere se à possibilidade de sua formação no litisconsórcio facultativo. A formação do litisconsórcio gera dois benefícios: economia processual (evita a repetição de prática de atos processuais) e harmonização de julgados (evita decisões contraditórias), mas depois da propositura da demanda pode-se afirmar que os litisconsortes facultativos ulteriores escolhem o juiz, em nítida afronta ao princípio do juiz natural. Apesar de existir decisão do Superior Tribunal de Justiça entendendo que essa formação de litisconsórcio não pode ser admitida em razão do princípio do juiz natural, prefiro o entendimento doutrinário que permite o litisconsórcio ulterior até o saneamento do processo. Registre-se que nesse tocante há expressado previsão legal quanto ao momento preclusivo da formação de litisconsórcio ativo no mandado de segurança. O art. 10, § 2.º, da Lei 12.016/2009 prevê que o ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da petição inicial.
1.5 Litisconsórcio Necessárioou Facultativo 
Conforme o próprio nome indica, litisconsórcio necessário se verifica nas hipóteses em que é obrigatória sua formação, enquanto no litisconsórcio facultativo existe uma mera opção de sua formação, em geral a cargo do autor (a exceção é o litisconsórcio formado pelo réu no chamamento ao processo e na denunciação da lide). No primeiro caso há uma obrigatoriedade de formação do litisconsórcio, seja por expressa determinação legal, seja em virtude da natureza indivisível da relação de direito material da qual participam os litisconsortes. No segundo caso a formação dependerá da conveniência que a parte acreditar existir no caso concreto em litigar em conjunto, dentro dos limites legais. 
O art. 114 do Novo CPC prevê que “o litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes”. O dispositivo legal serve para indicar os dois fundamentos que tornam a formação do litisconsórcio necessária.
 A lei poderá, por motivos alheios ao mundo do processo, prever expressamente a imprescindibilidade de formação do litisconsórcio, como ocorre na hipótese da ação de usucapião imobiliária, na qual o autor estará obrigado a litigar contra o antigo proprietário e todos os confrontantes do imóvel usucapindo, como réus certos, e ainda contra réus incertos. Em regra, a necessidade proveniente em lei não tem nenhuma outra justificativa que não a expressa determinação legal, mas é possível que a exigência legal seja até mesmo inútil, porque em virtude do caso concreto o litisconsórcio seria necessário de qualquer modo.
 A segunda forma de tornar um litisconsórcio necessário é a própria natureza jurídica da relação de direito material da qual participam os sujeitos que obrigatoriamente deverão litigar em conjunto. Na realidade, a necessidade de formação do litisconsórcio não decorre somente da natureza da relação jurídica de direito material, mas também da limitação processual que determina que somente as partes sofram os efeitos jurídicos diretos do processo. 
No plano do direito material, fala-se em relações jurídicas incindíveis, cuja principal característica é a impossibilidade de um sujeito que dela faça parte suportar um efeito sem atingir todos os sujeitos que dela participam. Significa dizer que existem determinadas relações jurídicas de direito material que, gerando-se um efeito jurídico sobre ela, seja modificativo ou extintivo, todos os sujeitos que dela participam sofrerão, obrigatoriamente, tal efeito jurídico. 
No plano processual, não se admite que o sujeito que não participa do processo sofra os efeitos jurídicos diretos da decisão, com exceção dos substituídos processuais e dos sucessores. Em regra, os efeitos jurídicos de um processo somente atingirão os sujeitos que fizeram parte da relação jurídica processual, não beneficiando nem prejudicando terceiros. 
A soma dessas duas circunstâncias faz com que o litisconsórcio seja necessário: sabendo-se de antemão que todos os sujeitos que participam da relação jurídica material sofrerão todo e qualquer efeito jurídico gerado sobre a relação, e sabendo-se que o sujeito que não participa do processo poderá sofrer os efeitos jurídicos da decisão, cria-se a obrigatoriedade de todos estarem presentes no processo, única forma possível de suportarem seus efeitos, que inexoravelmente atingirá a relação de direito material da qual participam.
1.6 Litisconsórcio Unitário e Simples 
Nessa espécie de classificação leva-se em consideração o destino dos litisconsortes no plano do direito material, ou seja, é analisada a possibilidade de o juiz, no caso concreto, decidir de forma diferente para cada litisconsorte, o que naturalmente determinará diferentes sortes a cada um deles diante do resultado do processo. Será unitário o litisconsórcio sempre que o juiz estiver obrigado a decidir de maneira uniforme para todos os litisconsortes, e simples sempre que for possível uma decisão de conteúdo diverso para cada um dos litisconsortes. O Novo Código de Processo Civil, em seu art. 116, prevê que o litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver que decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes. 
A respeito da distinção entre essas duas espécies de litisconsórcio deve-se levar em conta a possibilidade material de uma eventual decisão não uniforme relativamente aos litisconsortes ser praticamente exequível, ou seja, para se aferir se o litisconsórcio é simples ou unitário basta imaginar a sentença que decida diversamente para os litisconsortes e verificar se ela seria capaz de gerar seus efeitos em suas esferas jurídicas. Havendo a viabilidade de praticamente se efetivar a decisão, em seus aspectos divergentes para os litisconsortes, o litisconsórcio será simples. No caso contrário, sendo inviável a efetivação da decisão, o litisconsórcio será unitário.
 A análise da questão de a decisão ser uniforme deve ser feita em abstrato, em absolutamente nada interessando o caso concreto. Será plenamente possível que a sentença condene igualmente os dois réus – por exemplo, empregado e empregador –, mas isso não tornará esse litisconsórcio unitário, considerando-se que, antes de proferir a sentença no caso concreto, era possível ao juiz uma decisão diferente para os réus – bastaria, por exemplo, o empregador demonstrar que o ato ilícito praticado pelo empregado ocorreu fora do horário de serviço. A diferença entre litisconsórcio unitário e simples, portanto, é sempre analisada em abstrato, no plano da possibilidade de decidir diferente ou a obrigatoriedade de decidir de forma uniforme.
1.7 Limitação do Litisconsórcio Facultativo
O art. 113, §§ 1º e 2º, do Novo CPC prevê que o juiz pode limitar o número de sujeitos que formam um litisconsórcio facultativo (no litisconsórcio necessário a obrigatoriedade de sua formação torna inaplicável o dispositivo legal, ainda que haja uma multidão litigando em litisconsórcio) desde que o número excessivo de pessoas comprometa a rápida solução do processo, dificulte o exercício do direito de defesa ou o cumprimento de sentença.
 Partindo da correta premissa de que as dificuldades no exercício de defesa são diferentes das dificuldades do cumprimento da sentença, o Enunciado 116 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) corretamente conclui pela possibilidade de o juiz ampliar os prazos (art. 139, VI, do Novo CPC) na fase de conhecimento para não prejudicar o exercício da defesa e determinar o desmembramento do litisconsórcio apenas na fase de cumprimento de sentença.
 O dispositivo legal prevê ainda que o pedido de limitação interrompa o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão que determina a existência do litisconsórcio multitudinário, nomenclatura utilizada pela melhor doutrina.
2. ASSISTÊNCIA
No âmbito do processualismo civil brasileiro temos institutos de intervenção em procedimentos civis, tendo em vista que tais intervenções devem ser feitas de caráter especifico, dentro dos padrões processuais civis e a mercê do Código de Processo Civil brasileiro (CPC).
Terceiro em um processo é aquele que não é parte na ação, como autor (quem propõe a ação em face do réu, parte ativa no processo) ou réu (aquele a quem é proposta uma ação judicial, parte passiva do processo) podendo intervir (entrar / fazer parte) no processo quando for juridicamente interessado ou prejudicado no resultado da litis, ou quando é responsável e deve responder por algo em uma ação.
A intervenção de terceiros é o instituto do processo civil que ocorre quando alguém entra em uma ação judicial a fim de assistir a parte, se opor ao direito disputado entre as partes, quando é corresponsável pelo resultado da ação, quando é nomeado ou chamado ao processo para responder sobre o direito que se versa, podendo até se tornar parte no processo posteriormente.
No processualismo civil, vemos que a intervenção de terceiros se configura em intervenção voluntariae forçada/ obrigada/ Provocada.
A assistência é o ato jurídico de assistir ou auxiliar uma parte em um processo quando se tem interesse jurídico na causa; sendo o assistente diretamente interessado que seu assistido seja vencedor do litígio, entrando voluntariamente no processo e recebendo-o no estado em que se encontra; como rege o Artigo 119 do Código de Processo Civil (C.P.C.).
	Mesmo quando o terceiro é informado da existência da demanda, a mesma continua a ser voluntária, pois ingressará como assistente somente se quiser participar do processo.
Não se admite que um interesse econômico, moral ou de qualquer natureza legitime a intervenção por assistência, e sim um interesse jurídico do terceiro na solução do processo.
A assistência foi incluída no Novo Código de Processo Civil entre as espécies de intervenção de terceiro típicas. A assistência preenche os requisitos mínimos para ser considerada uma intervenção de terceiros, isso por ingressar de modo voluntário em processo alheiro a fim de auxiliar uma das partes na busca da vitória judicial.
Martins informa que "a Assistência é o ato pelo qual terceiro intervém, voluntariamente, no processo, pelo fato de ter interesse jurídico em que a sentença venha a ser favorável ao assistido" (MARTINS, 2001, p. 205).
Para Almeida "o assistente intervém no processo sem, todavia, reivindicar para si a tutela jurisdicional, fazendo-o unicamente em favor do assistido. Na verdade, pois, o assistente atua como verdadeiro auxiliar da parte à qual adere por meio da Assistência" (ALMEIDA, 1998, p. 104).
O mesmo autor diz que "inteiramente omissa a CLT a respeito, a Assistência é, todavia, plenamente aceita no processo do trabalho pela maioria dos autores. Normalmente ela se traduz na presença do sindicato em juízo a assistir o empregado" (ALMEIDA, 1998, p.105).
Veja o que a lei diz, no CPC:
“Art. 119. Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Parágrafo único. A Assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel ou de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual.
Art. 122. A Assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos.
Art. 123. Transitada em julgado a sentença, no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e prova que:
I – pelo estado em que recebeu o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II – desconhecia a existência de alegações ou de provas, das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.”
3. ASSITÊNCIA SIMPLES 
Com o objetivo de dar ênfase e diferenciar os componentes da chamada intervenção de terceiros, o Código de Processo Civil remete a partir de seu artigo 121, a previsão sustentada na assistência simples. Trata-se de uma intervenção onde o terceiro demonstra que a sua esfera jurídica será atingida e que, por isso, se interessa no resultado. Sempre se faz necessário frisar que essa modalidade não implica à formulação de um novo pedido, de uma nova pretensão; e sim, uma intervenção voluntária provocada por interesse na sentença, pois essa o atinge. 
O que também se faz importante ressaltar, é a titularidade da relação jurídica. Esta, não é alegada pelo terceiro interveniente, pois se assim fosse, estaria o mesmo na condição de parte. Para a admissão do assistente simples, é preciso que ele tenha interesse jurídico, não bastando o meramente econômico ou fático. 
Quando se têm a ocorrência de um terceiro ajuizar uma ação autônoma, que forme um processo independente, ainda que com relação ao outro, não poderemos falar em intervenção. Esse exemplo encaixa no que se referem os embargos de terceiros. As diversas espécies de intervenção podem ser agrupadas em duas grandes modalidades: a) aquelas em que a iniciativa parte do terceiro, sendo ele a requerer seu ingresso em processo alheio; b) as que são provocadas pelas partes, que, por variadas razões, postulam que o terceiro seja compelido a participar. No primeiro grupo, de intervenções voluntárias ou espontâneas, estão as assistências e o recurso de terceiro prejudicado.
Vejamos e tratemos agora sobre o tema proposto que, historicamente, sempre foi tido como um meio de legitimar a participação de terceiro no processo, com a finalidade de impedir que as partes, em conluio, pudessem prejudicar seus interesses, obtendo uma sentença que lhe fosse desfavorável. Essa forma de intervenção é sempre voluntária, isto é, a iniciativa de ingresso há de partir sempre do próprio terceiro. Não se admite que o juízo mande intimar, a pedido da parte, o terceiro, para que assuma a condição de assistente. Além disso, ela não amplia os limites objetivos da lide, porque o assistente não formula novos pedidos ao juiz, limitando-se a auxiliar uma das partes, na obtenção de resultado favorável. O artigo 996, parágrafo único, do NCPC determina que o terceiro demonstre a interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à apreciação judicial, ou a sua condição de substituto processual, ou seja, o mesmo interesse jurídico que se exige do terceiro para ingressar como assistente simples ou litisconsorcial. 
É indispensável o interesse jurídico do terceiro, na vitória de um dos litigantes. É fundamental, pois, que se identifique quando o terceiro tem interesse e quando pode ser considerado jurídico. 
O assistente simples tem com uma das partes relação jurídica diversa da que está sendo discutida, mas que será afetada pela sentença. Como o interesse jurídico é imprescritível para o ingresso de terceiro como assistente simples, é preciso distingui-lo, com precisão, do interesse de fato ou meramente econômico. Haverá interesse jurídico quando três requisitos estiverem preenchidos. É preciso que o terceiro tenha uma relação jurídica com uma das partes, que essa relação seja distinta da que está sendo discutida em juízo (do contrário, esse terceiro deveria ser parte) e que o resultado do processo repercuta, atinja ou afete a relação jurídica que o terceiro tem com a parte, de que ele tenha expectativa que seja favorável ao assistido. Preenchido os requisitos, o terceiro poderá, com êxito, requerer o seu ingresso como assistente simples para auxiliar o assistido a obter uma sentença favorável. Caso um requisito não seja preenchido, não poderá o terceiro postular como assistente simples. 
A lei 13.105/15, Novo Código de Processo Civil, traz em sua redação o artigo 119 que dá início às disposições quanto à assistência. Para melhor entender o procedimento, ao tratar de assistência simples, o artigo 121 prevê: “O assistente atuará como auxiliar da parte principal exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido”. E em seu parágrafo único: “Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual”. Ainda, fomenta no artigo 122 a característica de não obstar que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos. 
Desse modo, é possível diferenciar as intervenções e terceiros que tenham legitimidade para relacionar com o processo. A relevância de expor detalhes de cada um deles é enorme, visto que cada qual apresenta peculiaridades e aspectos adotados pela doutrina segundo o Código. 
4. DENUNCIAÇÃO DA LIDE
4.1 ConceitoServe a denunciação da lide para que uma das partes traga ao processo um terceiro que tem responsabilidade de ressarci-la pelos eventuais danos advindos do resultado desse processo. O direito regressivo da parte contra terceiros (ou excepcionalmente contra a própria parte contrária), portanto, é o fator principal que legitima a denunciação da lide.
A denunciação da lide consiste em uma espécie de intervenção coercitiva, estando vinculado o denunciado à demanda em razão de sua citação, pedida tempestivamente por autor ou réu. Diferente da nomeação à autoria, não existe a possibilidade de esse terceiro negar sua qualidade de parte; pode até não participar, restando omisso durante todo o trâmite procedimental, mas para todos os efeitos jurídicos será considerado vinculado à relação jurídica processual com a sua citação regular. Ainda que se aponte para a denunciação como uma espécie de intervenção-ação, em aplicação do princípio da instrumentalidade das formas, admite-se o seu pedido por meio de mero tópico da petição inicial ou contestação, dispensando-se as formalidades de uma petição inicial. A única exigência é a narração da causa de pedir, ou seja, a indicação expressa de uma das hipóteses de denunciação da lide prevista em lei.
Parte da doutrina entende que a denunciação da lide é uma demanda incidente, regressiva, eventual e antecipada: (a) incidente porque será instaurada em processo já existente; (b) regressiva porque fundada no direito de regresso da parte contra o terceiro; (c) eventual porque guarda uma evidente relação de prejudicialidade com a demanda originária, considerando-se que, se o denunciante não suportar dano algum em razão de seu resultado, a denunciação da lide perderá seu objeto; (d) antecipada porque no confronto entre o interesse de agir e a economia processual o legislador prestigiou a segunda; afinal, não havendo ainda nenhum dano a ser ressarcido no momento em que a denunciação da lide ocorre, em tese não há interesse de agir do denunciado em pedir o ressarcimento. Razões de economia processual, entretanto, permitem excepcionalmente uma demanda sem interesse de agir.
4.2 Hipótese de cabimento
Conforme já afirmado, o art. 125 do Novo CPC é o dispositivo responsável pela previsão das duas hipóteses de cabimento da denunciação da lide. A denunciação da lide do possuidor direto pelo possuidor indireto, consagrada no CPC/1973, foi suprimida do novo diploma processual. Não deixará saudade porque era hipótese raramente vista na praxe forense.
4.3 Denunciação da lide pelo comprador evicto
Ostenta o art. 125, I, do Novo CPC ser cabível a denunciação da lide do alienante sempre que terceiro reivindicar a coisa, possibilitando-se ao adquirente exercer o direito que da evicção resulta. Significa dizer que, demandado o adquirente de coisa, sua perda em razão de decisão judicial (evicção) lhe gerará um dano que deverá ser ressarcido pelo sujeito que alienou a coisa. Não interessam as razões da evicção, porque em qualquer uma delas – tema de direito material – o alienante tem a responsabilidade regressiva de ressarcir o adquirente pelos danos gerados pela perda da coisa.
O art. 125, I, do Novo CPC parece ter repudiado a denunciação per saltum, ao prever expressamente que a denunciação deve ter como denunciado o alienante imediato, tendo, portanto, incluído o termo “imediato” ao texto que substituiu o do art. 70, I, do CPC/1973. A denunciação per saltum se prestava a evitar fraudes comuns, verificadas quando o alienante imediato não tem nenhum patrimônio e não conseguirá responder pelos danos suportados pelo adquirente, enquanto o sujeito que alienou o bem a ele é extremamente saudável economicamente, e ficaria a salvo de responsabilização sem essa espécie diferenciada de denunciação da lide.
A confirmação da opção legislativa vem com o art. 1.072, II, do Novo CPC, que expressamente revoga o art. 456 do CC, de forma a não existir mais norma, nem no plano processual, nem no plano material, que permita a denunciação per saltum.
4.4 Facultatividade
Afastando o manifesto equívoco do caput do art. 70 do CPC/1973, ao prever a obrigatoriedade da denunciação da lide, o caput do art. 125 do Novo CPC corretamente consagra o entendimento de que a denunciação da lide é facultativa, ou seja, se a parte deixar de denunciar à lide, o terceiro não perde seu direito material de regresso. Confirmando a facultatividade da denunciação da lide, o parágrafo único do art. 125 do Novo CPC prevê que o direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida. 
4.5 Qualidade processual do denunciado
Pelas previsões contidas nos arts. 127 e 128, I, do Novo CPC, a denunciação da lide – realizada por autor ou réu – tornará o denunciante e o denunciado litisconsortes. A denunciação da lide, portanto, criaria um litisconsórcio:
(a) ulterior, já que formado depois da propositura da demanda;
(b) passivo ou ativo a depender de ser o denunciante autor ou réu na demanda originária;
(c) facultativo, porque a denunciação é facultativa, e o processo não será extinto sem resolução do mérito, caso a parte não realize a denunciação da lide;
(d) unitário, porque a decisão da ação principal será obrigatoriamente no mesmo sentido para denunciante e denunciado.
É natural que essa relação de litisconsórcio só pode ser considerada na demanda originária, visto que na demanda secundária formada pela denunciação da lide o denunciante é adversário do denunciado.
Adotando-se a tese de que o denunciado é assistente do denunciante, será impossível uma condenação direta daquele na originária. A sentença nesse caso terá no mínimo dois capítulos:
(a) decisão do processo principal, envolvendo tão somente o denunciante e a parte contrária;
(b) decisão da denunciação da lide, envolvendo apenas o denunciante e o denunciado.
Não sendo o titular do direito discutido na demanda principal e dela funcionando como assistente simples, jamais poderá a parte contrária e vitoriosa executar diretamente o denunciado, considerando-se que não existe título executivo para tanto.
Inexiste dúvida de que o denunciado não é titular do direito discutido na ação originária, mas essa conclusão não leva inexoravelmente à conclusão de que seja um assistente simples do denunciante. Há problemas incontornáveis na adoção desse entendimento, em especial quanto à regra de que a atividade do assistente está condicionada à vontade do assistido, o que limitaria indevidamente a sua atuação na demanda originária e, em especial, a regra de que o assistente simples não pode se opor a atos dispositivos de direito praticados pelo assistido (art. 122 do Novo CPC), o que ensejaria na denunciação da lide um largo espaço para a fraude processual, por exemplo, a simulação de um acidente automobilístico, em que o dano deva ser ressarcido pela seguradora inquestionavelmente. Nem mesmo se poderá falar que o assistente não sofre os efeitos da coisa julgada, e somente a eficácia da intervenção (art. 123 do Novo CPC), porque a sentença homologatória não tem fundamentação em questões de fato e de direito como a genuína sentença de mérito (art. 487, I, do Novo CPC). O Superior Tribunal de Justiça já decidiu que acordo celebrado entre autor e réu denunciante na ação principal não vincula o denunciado.
Mas nada disso macula o fato de o denunciado realmente não ser titular do direito discutido na ação originária, o que, entretanto, não afasta totalmente a possibilidade de ser tratado como litisconsorte do denunciante. 
4.6 Condenação e cumprimento de sentença diretamente contra o denunciado
É interessante notar que muitas decisões do Superior Tribunal de Justiça são fundamentadas em questões pragmáticas, na busca de uma maior efetividade do processo. Afirma-se que muitas vezes o causador do dano, condenado na demanda em que figurou como réu, não tem condições de ressarcir a vítima do ato danoso, de forma que não sofre real prejuízo econômico, o que inviabiliza a cobrança desse valor daseguradora. O processo, portanto, fica travado; a vítima tem decisão a seu favor e merece receber, bem como o causador do dano tem decisão contra a seguradora, mas por ausência de condições financeiras do causador do dano em satisfazer a vítima, o credor originário – vítima – não recebe, e com isso o devedor final – seguradora – não precisa pagar nada. Para evitar tal situação de impasse e frustração dos resultados do processo, aplica-se a literalidade dos arts. 127 e 128, I, do Novo CPC, admitindo-se o litisconsórcio entre denunciante e denunciado, o que permitirá a condenação e execução direta desse último.
A decisão da 2.ª Seção do Superior Tribunal de Justiça traz a característica na qual o fundamento para justificar a condenação direta do denunciado à lide é privilegiar o propósito maior do processo, que é a pacificação social, a efetividade da tutela judicial prestada, à duração razoável do processo e a indenizabilidade plena do dano sofrido.
O Novo Código de Processo Civil adotou o entendimento pragmático da jurisprudência e prevê no parágrafo único do art. 128 a possibilidade de o autor requerer o cumprimento de sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. O dispositivo não chega a falar em condenação direta, até porque assim o fazendo estaria a consagrar uma condenação sem pedido, mas ao permitir a execução diretamente contra o denunciado criou situação ainda mais intrigante: a permissão de execução de um título executivo que não consagra em favor do exequente o direito exequendo. Pragmaticamente tudo resolvido, mas com severo sacrifício da melhor técnica processual.
4.7 Denunciação sucessiva
O fenômeno da denunciação sucessiva está consagrado no art. 125, § 2º, do Novo CPC, permitindo-se ao denunciado pelo autor ou réu da demanda originária também denunciar um terceiro.
Ainda que a praxe forense tenha demonstrado sua rara ocorrência, é admissível o receio de que o fenômeno da denunciação sucessiva gere uma cadeia consideravelmente longa de denunciações da lide, o que poderia em caso extremo tornar a relação jurídica processual muito complexa, a ponto de dificultar o próprio desenvolvimento do processo, com sensível dificuldade no tramitar procedimental. 
O legislador então passou a prever no art. 125, § 2º, do Novo CPC que a denunciação sucessiva só será admitida uma vez, de forma que os problemas advindos de uma possível sucessão prolongada de denunciações da lide são afastados por tal previsão legal.
4.8 Procedimento da denunciação da lide feita pelo autor
Havendo denunciação da lide pelo autor, sendo esta de extrema raridade, seu prazo será o da propositura da ação originária, devendo ser requerida a citação do denunciado juntamente com a do réu originário da demanda (art. 127 do Novo CPC). Pelo princípio da instrumentalidade das formas não há necessidade de interposição de duas petições iniciais, bastando que o autor elabore um tópico da petição inicial justificando a denunciação da lide (causa de pedir), além de fazer um pedido de citação do denunciado. É nesse sentido o art. 126 do Novo CPC.
Em aplicação do art. 131 do Novo CPC (aplicável à denunciação da lide nos termos do art. 126 do mesmo diploma legal), o pedido de denunciação da lide feito pelo autor suspende o andamento do processo – melhor seria dizer procedimento principal – devendo a citação do terceiro ocorrer no prazo de 30 dias quando o denunciado for domiciliado no mesmo foro em que tramita a demanda e em 2 meses quando for domiciliado em outro foro ou estiver em local incerto. É expresso o caput do art. 131 do Novo CPC, na previsão de que, não realizada a citação dentro desse prazo, é tornada ineficaz a denunciação, seguindo a demanda entre as partes originárias. Caso o atraso derive de circunstâncias alheias à vontade do denunciante – demora do cartório ou postura do denunciado –, a sanção prevista no artigo ora analisado não será aplicada.
Sendo pedida a denunciação da lide pelo autor, o denunciado à lide passa a ser seu litisconsorte diante de uma petição inicial já apresentada. O respeito ao objeto (causa de pedir e pedido) fixado pelo autor-denunciante limita a atuação do denunciado porque o art. 127 do Novo CPC não prevê mais a possibilidade de emenda da petição inicial, mas apenas a possibilidade de o denunciado acrescentar novos argumentos à petição inicial.
4.9 Procedimento da denunciação pelo réu
A denunciação da lide realizada pelo réu é muito mais frequente do que a realizada pelo autor, apontando o art. 126 do Novo CPC que tal espécie de intervenção será feita pelo réu na contestação. Como já afirmado, o princípio da instrumentalidade das formas dispensa a elaboração de uma petição inicial, bastando um mero tópico na contestação descrevendo a causa de pedir da denunciação da lide (tipificação no caso concreto de uma das situações previstas no art. 125 do Novo CPC) e o pedido de citação do denunciado. É nesse sentido o art. 126 do Novo CPC, ao prever que cabe ao réu denunciar à lide o terceiro, na contestação.
O art. 126 do Novo CPC, ao fazer remissão ao art. 131 do mesmo diploma legal, passa a prever um prazo de trinta dias para a citação do denunciado à lide (na hipótese de denunciado residente em outro foro ou em lugar incerto, o prazo será de dois meses), sendo a ineficácia da denunciação a consequência pelo descumprimento do prazo. A ineficácia, entretanto, depende de atraso imputável ao autor em providenciar os elementos necessários à citação, porque sendo culpa do cartório ou mesmo do denunciado não tem qualquer sentido prejudicar o denunciante decretando sem efeito seu pedido de intervenção.
O art. 128, III, do Novo CPC descreve três condutas possíveis ao denunciado da lide quando o denunciante é o réu, sendo importante lembrar que a mera citação válida já vincula o denunciado ao processo.
A primeira reação do denunciado pelo réu, prevista pelo art. 128, I, do Novo CPC, é contestar o pedido formulado pelo autor, dando a entender que nesse caso ele deixa de impugnar sua denunciação, com o que não mais se discutirá o direito regressivo que motivou sua intervenção no processo. Ainda que não haja previsão expressa nesse sentido, parece ser um reconhecimento tácito do pedido regressivo do denunciante.
Não há que falar em aceitação da denunciação porque ela é coercitiva, integrando o denunciado ao processo por meio de sua citação independentemente de sua vontade. Diante de tal realidade, salutar afastar qualquer termo que possa levar à enganosa conclusão de que o denunciado pode não aceitar a sua denunciação da lide.
Ao prever a revelia do denunciado pelo réu, o art. 128, II, do Novo CPC parece se referir às duas ações em que o denunciado figura como réu, deixando, portanto, de se defender tanto na ação secundária gerada pela denunciação da lide como na ação principal. O legislador aparentemente trata de forma distinta a situação em que o denunciado se insurge apenas na ação principal contra o pedido do autor e quando simplesmente não reage defensivamente.
Na primeira haveria uma espécie atípica de reconhecimento tácito do pedido, mas na segunda haverá tão somente revelia, inclusive, dependendo do caso concreto, com a geração de seu principal efeito, a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo réu denunciante. A previsão de que o denunciante pode restringir sua atuação à ação regressiva corrobora o entendimento de que a pretensão regressiva ainda não está definida no caso de revelia do denunciado.
A redação do art. 128, II, do Novo CPC é muito satisfatória ao prever que diante da revelia do denunciado o denunciante pode abster-se de recorrer na ação principal. Registre-se que a nova regra torna geral o que especificamente já vinha disposto no art. 456, parágrafo único, do CC, que prevê a possibilidade de o denunciante deixar de oferecer contestação ou de usar recursos quando o denunciado não atende a denunciação da lide na hipótese de manifesta procedência da evicção.
No inciso III, o art. 128 do Novo CPC prevê hipótese de confissãopelo denunciado dos fatos alegados pelo autor, podendo o denunciante prosseguir em sua defesa ou aderir a tal reconhecimento, com o que a matéria fática da ação principal aparentemente estaria resolvida, restando ao juiz somente aplicar o Direito ao caso concreto, sendo que a aderência à confissão nesse caso apenas reforça a carga valorativa da prova, mas não vincula obrigatoriamente o juiz.
Sendo vencido o denunciante na ação principal, e não tendo havido resistência à denunciação da lide, não cabe a condenação do denunciado nas verbas de sucumbência. Numa ação comum, a inexistência de resistência por parte do réu derrotado não afasta sua condenação no pagamento das verbas de sucumbência, como se nota comumente na hipótese de procedência diante de revelia. A ação secundária criada pela denunciação da lide, entretanto, tem uma singular característica que legitima o tratamento diferenciado: trata-se de ação eventual, que depende da derrota do denunciante na ação principal para que venha a ser decidida.
O art. 129 do Novo CPC melhora consideravelmente o tratamento da sentença que julga as ações principal e secundária, dada anteriormente pelo art. 76 do CPC/1973, reconhecendo de forma expressa a prejudicialidade da denunciação da lide em relação à ação principal.
Caso o denunciante seja vencido na ação principal, terá se concretizado, ao menos abstratamente, seu prejuízo em razão da ação judicial, sendo nesse caso julgada a denunciação da lide, que poderá ser acolhida ou rejeitada. Sendo o denunciante vencedor, não haverá prejuízo a ser ressarcido regressivamente, de forma que a denunciação da lide restará prejudicada e por essa razão será extinta sem que seu mérito seja decidido. Ao prever que, sendo a denunciação da lide julgada prejudicada, caberá a condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado, consagra-se o princípio da causalidade. Afinal, se não havia prejuízo, não existiria razão para exercer o direito regressivo por meio da denunciação da lide, tendo o denunciado injustificadamente dado causa à ação secundária extinta sem a resolução de mérito.
5. CHAMAMENTO AO PROCESSO 
5.1 Conceito
Diante das doutrinas o chamamento ao processo difere da denunciação da lide, enquanto esta visa ao direito de garantia ou de regresso, a ser composto numa nova relação processual, o chamamento ao processo objetiva a inserção do devedor principal ou dos coobrigados pela dívida para formarem um polo passivo da relação que já existe, a fim de que em uma mesma sentença o juiz possa declarar a responsabilidade de cada parte. 
O chamamento gera um litisconsórcio ulterior, passivo e facultativo. Poderá ser unitário ou simples dependendo da indivisibilidade ou não da dívida solidária. 
O chamamento pode ser utilizado em várias situações, desde uma simples integração de um avalista em uma ação à questões alimentícias de pais para filhos e filhos para pais. Exemplo: Suponhamos três devedores solidários, B, C e D. Citado como réu apenas o devedor B, este chama ao processo os codevedores. No caso de os três resultarem condenados (talvez possa algum deles socorrer-se de defesa pessoal, que aos outros não assista), pode acontecer de a dívida ser paga não pelo chamante B, mas pelo chamado C; este disporá, então, pela sentença e com o comprovante de pagamento, de título executivo contra o chamante B, e também contra o outro chamado D, embasado no pensamento de Athos Gusmão Carneiro. 
É importante ressaltar que de acordo com o Código Civil 02 o credor de dívida solidário pode exigir, integralmente, o valor de dívida de qualquer um dos devedores. Por mais contraditório que pareça, o chamamento é algo positivo na justiça, uma vez que acelera o processo de pagamento de obrigações, evitando altos custos ao Estado por aproveitamento de processo. 
Diante a regra, os codevedores sairão da lide já com o título de execução contra o devedor principal. Com o chamamento ao processo, todos aqueles que poderiam figurar como litisconsortes passivos, por iniciativa o autor, desde que chamados ao processo, passam a figurar como litisconsortes passivos, porém, por iniciativa de um dos réus. Se o credor propõe ação de conhecimento exclusivamente contra o devedor principal – nesse caso não se cogita de chamamento ao processo – e não consegue receber todo o crédito, cabe a ele propor outra ação contra o devedor solidário. Poderia o credor ter cobrado de todos num só processo, por meio do litisconsórcio. Como assim não procedeu, terá que ajuizar outro processo. Contudo, se a ação foi ajuizada contra um dos coobrigados, este poderá chamar os demais ao processo. Essa possibilidade prestigia o devedor solidário que paga a integralidade da dívida, evitando que ele tenha que ajuizar outra ação para receber o que pagou (ou o que pagou além da sua cota parte, quando se tratar de um devedor principal). Bem, qualquer que seja a hipótese, sem processo não há como exercer, forçadamente, o direito de crédito.
O regramento material (art. 275/CC) garante o direito, mas o processo, a certificação, deve preceder a execução. A interpretação do texto do CPC/73 (art. 80) – repetido pelo CPC/2015 no art. 132 – deve ser no sentido de que “a sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos codevedores a sua quota, na proporção que lhes tocar”, desde que tenham integrado a relação processual na qualidade de autores ou de chamados ao processo.
5.2 Hipóteses de admissibilidade
Artigo, 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo reu:
I – Do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II – Dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III- Dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
Traz também no artigo 131que a citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser provida no prazo de trinta (30) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento e em seu parágrafo único faz se o seguinte enunciado se, o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciaria, ou em lugares incertos, o prazo será dobrado sendo este de sessenta (60) dias ou dois meses.
Dos efeitos, trazidos pelo artigo 132 que a sentença de procedência valera como título executivo em favor do réu que satisfazer a dívida, a fim que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua cota, na proporção que lhe tocar.
Outra hipótese de chamamento está elencado no artigo no artigo 788, que traz pré-escrito na norma o seguinte: nos seguros de responsabilidade legalmente obrigatórios, a indenização por sinistro será paga pelo segurador diretamente ao terceiro prejudicado.
Traz em seu parágrafo único: demandado em ação direta pela vítima do dano o segurador não poderá opor a exceção de contrato não cumprido pelo segurado, sem promover a citação deste para integrar o contraditório. 
Vale dizer, que quando o segurador for demandado diretamente pela vítima, deverá chamar ao processo o segurado, se quiser opor a exceção de contrato não cumprido. O chamamento é uma forma de intervenção provocada, que fica a exclusivo critério do réu (aqui reside uma das diferenças entre esse instituto e a denunciação da lide, pois esta tanto pode ser requerida pelo réu, quanto pelo autor).
Nessa intervenção, o réu chama ao processo os coobrigados em virtude de fiança ou de solidariedade, a fim de que eles respondam diretamente ao autor da ação. Se, no entanto, o devedor ou fiador não promover o chamamento, ou, se o fizer, mas o chamado não se manifestar e for condenado a pagar a dívida em favor do autor, ficará sub-rogado nos direitos de credor, podendo exigir dos demais as respectivas quotas partes. Exemplo: - Na ação promovida pelo credor diretamente contra o fiador, este poderá exercitar o benefício de ordem previsto no art. 827 do CC e chamar ao processo odevedor principal da obrigação. Em seu parágrafo único, deixa expressamente claro que o fiador pode alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens do devedor, sitos no mesmo município, livre de desembargos, quantos bastem para prover o débito. Ressalte-se que o contrário não pode acontecer: se acionado o devedor principal da obrigação, este não poderá chamar o fiador para integrar a lide como litisconsorte; ou seja, o devedor não chama o fiador.
Na ação promovida pelo credor para cobrança de débito afiançado de forma conjunta, sendo a demanda proposta apenas contra um dos fiadores, os demais (cofiadores solidários – art. 829, CC) poderão ser chamados ao processo. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem do benefício de divisão. Em seu parágrafo único, consta que estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em proporção lhe couber o pagamento.
Em suma, em qualquer hipótese, aquele que satisfizer a dívida – caso a demanda seja procedente ao credor – poderá exigi-la por inteiro do devedor principal, ou de cada um dos codevedores a sua respectiva quota, na proporção que lhes tocar. 
5.3 Procedimento 
O artigo 1015 nos traz a importância de um contrato bem redigido que poderá garantir os efeitos do requerimento diante de um não cumprimento de uma clausura do contrato de um negócio jurídico 
5.4 Chamamento ao processo nas ações de alimentos
Os alimentos também são objetos de chamamento ao processo. O artigo 1698 dispõe que “Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato: sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide”. Discute-se na doutrina se a situação retratada no art. 1.698 constitui ou não hipótese de chamamento ao processo.
De acordo com a interpretação que se dá ao art. 130 do CPC/2015, o chamamento ao processo só é possível quando houver solidariedade entre chamante e chamado. Ocorre que, como se sabe, inexiste solidariedade entre os coobrigados a prestar alimentos, na medida em que cada alimentante deverá concorrer na proporção dos respectivos recursos financeiros, não se podendo exigir, de apenas um, a integralidade dos alimentos necessários.
Nesse contexto, é de se entender que o art. 1.698 do CC criou nova hipótese de chamamento ao processo, a par daquelas já contempladas na lei processual e no art. 788 do CC. Apesar de a obrigação alimentar não ter caráter de solidariedade, tanto o autor poderá requerer a intervenção, como o réu terá direito de chamar ao processo os corresponsáveis pela obrigação alimentar, caso não consiga suportar sozinho o encargo. O chamamento deve ocorrer apenas quando frustrada a obrigação principal, de responsabilidade dos pais, ou quando a prestação se mostrar insuficiente ao caso concreto. Este é, inclusive, o entendimento do STJ: “Alimentos. Responsabilidade subsidiária. Avós. A turma deu provimento ao recurso especial a fim de deferir o chamamento ao processo dos avós maternos no feito em que os autores pleiteiam o pagamento de pensão alimentícia. In casu, o tribunal a quo fixou a responsabilidade principal e recíproca dos pais, mas determinou que a diferença fosse suportada pelos avós paternos. Nesse contexto, consignou-se que o art. 1.698 do CC/2002 passou a prever que, proposta a ação em desfavor de uma das pessoas obrigadas a prestar alimentos, as demais poderão ser chamadas a integrar a lide. Dessa forma, a obrigação subsidiária deve ser repartida conjuntamente entre os avós paternos e maternos, cuja responsabilidade, nesses casos, é complementar e sucessiva”.
Assim, sendo proposta ação somente contra avós maternos, estes podem chamar ao processo os avós paternos, caso existam, para integrarem a lide em litisconsórcio passivo ulterior. Também há possibilidade de o genitor, demandado isoladamente, chamar o outro para integrar o polo passivo da ação de alimentos. Vejamos: “Alimentos. Responsabilidade. Trata-se de REsp em que se discute a possibilidade de o recorrente (um dos genitores) demandado em ação de alimentos poder chamar o outro (no caso, a genitora) a integrar o polo passivo da referida ação. A Turma proveu o recurso ao entendimento de que a obrigação alimentar é de responsabilidade dos pais e, na hipótese de a genitora dos autores da ação de alimentos também exercer atividade remunerada, é juridicamente legítimo que seja chamada a compor o polo passivo do processo para ser avaliada a sua condição econômico-financeira para assumir, em conjunto com o genitor, a responsabilidade pela manutenção dos filhos maiores e capazes. Ressaltou-se que, além da transmissibilidade, reciprocidade, impenhorabilidade e imprescritibilidade, é também importante característica da obrigação alimentar a divisibilidade. Desse modo, os pais, salvo na hipótese de qualquer deles estar na condição de guardião de filhos menores, devem responder pelos alimentos, arcando cada qual com parcela compatível às próprias possibilidades. Destarte, nada mais razoável, na espécie, que, somente a partir da integração dos pais no polo passivo da demanda, possa melhor ser aferida a capacidade de assunção do encargo alimentício em quotas proporcionais aos recursos financeiros de cada um. Assim, reconheceu-se a plausibilidade jurídica do pleito em questão, porquanto, embora se possa inferir do texto do art. 1.698 do CC/2002, norma de natureza especial, que o credor de alimentos detém a faculdade de ajuizar ação apenas contra um dos coobrigados, não há óbice legal a que o demandado exponha, de forma circunstanciada, a arguição de não ser o único devedor e, por conseguinte, adote a iniciativa de chamamento de outro potencial devedor para integrar a lide.”
O chamamento também se aplica a herdeiros, se o herdeiro for devedor ao espólio, sua dívida será partilhada igualmente entre todos, salvo se a maioria consentir que o débito seja imputado inteiramente no quinhão do devedor.
A Lei nº. 10.741/2003[5] atribui natureza solidária à obrigação de prestar alimentos quando os credores forem idosos. Por força do critério da especialidade, as disposições constantes no Estatuto do Idoso prevalecem sobre as regras previstas no Código Civil relativamente à obrigação alimentar.
No artigo 101 das ações e responsabilidade de fornecedor e produtos de serviços traz em seu inciso II: o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo instituto de resseguros do Brasil. Nessa hipótese, a sentença que julgar procedente o pedido condenará o réu nos termos do artigo 80 do CPC. Se o réu houver sido declarado falido, o sindico será intimado a informar a existência de seguro de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o ajuizamento de indenização diretamente contra o segurado, vedada a denunciação da lide ao instituto de resseguros do Brasil e dispensado o litis consórcio obrigatório com este. 
Note-se que a possibilidade acima transcrita, por meio da qual o fornecedor demandado poderá incluir no processo o seu segurador, encerra, não obstante a denominação “chamamento ao processo”, típica hipótese de denunciação da lide. O fato é que o legislador pretendeu, ao utilizar o instituto do chamamento, ampliar a garantia do consumidor ao abranger a possibilidade de se incluir no polo passivo da demanda o segurador do fornecedor de produtos ou serviços, que responderá pela cobertura securitária independentemente de ação regressiva.
 Como o chamamento ao processo tem por finalidade a condenação dos coobrigados, ele será cabível apenas nos processos de conhecimento. O chamamento ao processo não se aplica aos coobrigados cambiários.
6. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
 O ordenamentojurídico confere às pessoas jurídicas personalidade distinta da dos seus membros. Esse princípio da autonomia patrimonial possibilita que sociedades empresárias sejam utilizadas como instrumento para a prática de fraudes e abusos de direito contra credores, acarretando-lhes prejuízos. 
Pessoas inescrupulosas têm-se aproveitado desse princípio, com a intenção de se locupletarem em detrimento de terceiros, utilizando a pessoa jurídica como uma espécie de “capa” ou “véu” para proteger os seus negócios escusos. A reação a esses abusos ocorreu em diversos países, dando origem à teoria da desconsideração da personalidade jurídica, que recebeu o nome de disregarddoctrine ou disregardof legal entity, no direito anglo-americano; abus de lanotion de personnalitésociale, no direito francês; teoria do superamentodellapersonalitàgiuridica, na doutrina italiana; teoria da penetração — Durchgrif der juristischenPersonen, na doutrina alemã. 
Permite tal teoria que o juiz, em casos de fraude e de má-fé, desconsidere o princípio de que as pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus membros e os efeitos dessa autonomia, para atingir e vincular os bens particulares dos sócios à satisfação das dívidas da sociedade (lifting de corporateveil, ou seja, erguendo-se o véu da personalidade jurídica)
 Pode o juiz, nesses casos, como bem esclarece Fábio Ulhoa Coelho, “deixar de aplicar as regras de separação patrimonial entre sociedade e sócios, ignorando a existência da pessoa jurídica num caso concreto, porque é necessário coibir a fraude perpetrada graças à manipulação de tais regras. Não seria possível a coibição se respeitada à autonomia da sociedade. Note-se, a decisão judicial que desconsidera a personalidade jurídica da sociedade não desfaz o seu ato constitutivo, não o invalida, nem importa a sua dissolução. Trata, apenas e rigorosamente, de suspensão episódica da eficácia desse ato. Quer dizer, a constituição da pessoa jurídica não produz efeitos apenas no caso em julgamento, permanecendo válida e inteiramente eficaz para todos os outros fins... Em suma, a aplicação da teoria da desconsideração não importa dissolução ou anulação da sociedade”.
Cumpre distinguir, pois, despersonalização de desconsideração da personalidade jurídica. A primeira acarreta a dissolução da pessoa jurídica ou a cassação da autorização para seu funcionamento, enquanto na segunda “subsiste o princípio da autonomia subjetiva da pessoa coletiva, distinta da pessoa de seus sócios ou componentes, mas essa distinção é afastada, provisoriamente e tão só para o caso concreto”.
 Como no Brasil não havia nenhuma lei que expressamente autorizasse a aplicação de tal teoria entre nós, valiam-se os tribunais, para aplicá-la, analogicamente, da regra do art. 135 do Código Tributário Nacional, que responsabiliza pessoalmente os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado por créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com “excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos”. Na doutrina, Rubens Requião foi o primeiro jurista brasileiro a tratar da referida doutrina entre nós, no final dos anos 1960, sustentando a sua utilização pelos juízes, independentemente de específica previsão legal. 
E o primeiro diploma a se referir a ela é o Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078, de 11-9-1990) que, no art. 28 e seus parágrafos, autoriza o juiz a desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, “em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social”, bem como nos casos de “falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração”. E, ainda, “sempre que sua personalidade for de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores”. 
A Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre atividades lesivas ao meio ambiente, também permite a desconsideração da pessoa jurídica “sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente” (art. 4º). Dentre as regras disciplinadoras da vida associativa em geral, previstas no novo Código Civil, destaca-se a que dispõe sobre a repressão do uso indevido da personalidade jurídica, quando esta for desviada de seus objetivos socioeconômicos para a prática de atos ilícitos, ou abusivos. Prescreve, com efeito, o art. 50: “Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”.
 Malgrado o dispositivo transcrito não utilize a expressão “desconsideração da personalidade jurídica”, a redação original do Projeto de Código Civil e as emendas apresentadas demonstram que a intenção do legislador era a de incorporá-la ao nosso direito. A doutrina e a jurisprudência reconhecem a existência, no direito brasileiro, de duas teorias da desconsideração: a) a “teoria maior”, que prestigia a contribuição doutrinária e em que a comprovação da fraude e do abuso por parte dos sócios constitui requisito para que o juiz possa ignorar a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas; e b) a “teoria menor”, que considera o simples prejuízo do credor motivo suficiente para a desconsideração. Esta última não se preocupa em verificar se houve ou não utilização fraudulenta do princípio da autonomia patrimonial, nem se houve ou não abuso da personalidade. Se a sociedade não possui patrimônio, mas o sócio é solvente, isso basta para responsabilizá-lo por obrigações daquela. 
A teoria “maior”, por sua vez, divide-se em objetiva e subjetiva. Para a primeira, a confusão patrimonial constitui o pressuposto necessário e suficiente da desconsideração. Basta, para tanto, a constatação da existência de bens de sócio registrados em nome da sociedade, e vice-versa. A teoria subjetiva, todavia, não prescinde do elemento anímico, presente nas hipóteses de desvio de finalidade e de fraude. É pressuposto inafastável para a desconsideração o abuso da personalidade jurídica. Foi adotada, aparentemente, a linha objetivista de Fábio Konder Comparato, que não se limita às hipóteses de fraude e abuso, de caráter subjetivo e de difícil prova. Segundo a concepção objetiva, o pressuposto da desconsideração se encontra, precipuamente, na confusão patrimonial. 
Desse modo, se pelo exame da escrituração contábil ou das contas bancárias apurar-se que a sociedade paga dívidas do sócio, ou este recebe créditos dela, ou o inverso, ou constatar-se a existência de bens de sócio registrados em nome da sociedade, e vice-versa, comprovada estará a referida confusão. Segundo Fábio Ulhoa Coelho, a formulação objetiva facilita a tutela dos interesses de credores ou terceiros lesados pelo uso fraudulento do princípio da autonomia patrimonial. Observa-se que se admite a desconsideração da personalidade jurídica “para coibir atos aparentemente lícitos.
 “A ilicitude somente se configurará quando o ato deixa de ser imputado à pessoa jurídica da sociedade e passa a ser imputado à pessoa física responsável pela manipulação fraudulenta ou abusiva do princípio da autonomia patrimonial”. Marlon Tomazette, por sua vez, discorrendo sobre o novo Código, afirma: “Ao contrário do que possa parecer, nosso Código não acolhe a concepção objetiva da teoria, pois a confusão patrimonial não é fundamento suficiente para a desconsideração, sendo simplesmente um meio importantíssimo de comprovar o abuso da personalidade jurídica, que ocorre nas hipóteses do abuso de direito e da fraude. 
Destarte, o necessário para a desconsideração é o abuso da personalidade jurídica, que pode ser provado inclusive pela configuração de uma confusãopatrimonial. Configura-se a confusão patrimonial quando a sociedade paga dívidas do sócio, ou este recebe créditos dela, ou o inverso, não havendo suficiente distinção, no plano patrimonial, entre pessoas — o que se pode verificar pela escrituração contábil ou pela movimentação de contas de depósito bancário. Igualmente constitui confusão, a ensejar a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade, a existência de bens de sócio registrados em nome da sociedade, e vice-versa. 
Mas, como ressalta Fábio Ulhoa Coelho, “ela não exaure as hipóteses em que cabe a desconsideração, na medida em que nem todas as fraudes se traduzem em confusão patrimonial”. Assiste razão ao mencionado autor quando, na sequência, sustenta que a formulação subjetiva da teoria da desconsideração deve ser adotada “como o critério para circunscrever a moldura de situações em que cabe aplicá-la, ou seja, ela é a mais ajustada à teoria da desconsideração. A formulação objetiva, por sua vez, deve auxiliar na facilitação da prova pelo demandante. Quer dizer, devese presumir a fraude na manipulação da autonomia patrimonial da pessoa jurídica se demonstrada a confusão entre os patrimônios dela e de um ou mais de seus integrantes, mas não se deve deixar de desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade, somente porque o demandado demonstrou ser inexistente qualquer tipo de confusão patrimonial, se caracterizada, por outro modo, a fraude”.
 Nessa linha, têm os tribunais determinado a desconsideração da personalidade jurídica nos casos em que a promiscuidade patrimonial é demonstrada, autorizando a penhora de bens dos sócios, pois se trata de eloquente indicativo de fraude. Decidiu o Superior Tribunal de Justiça que “a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (disregarddoctrine), conquanto encontre amparo no direito positivo brasileiro, deve ser aplicada com cautela, diante da previsão de autonomia e existência de patrimônios distintos entre as pessoas físicas e jurídicas”. O relator, Ministro Aldir Passarinho Júnior, lembrou que a jurisprudência da referida Corte em regra dispensa ação autônoma para se levantar o véu da pessoa jurídica, mas somente em casos de abuso de direito, desvio de finalidade ou confusão patrimonial é que se permite tal providência. Adota-se, assim, ressaltou, “a ‘teoria maior’ acerca da desconsideração da personalidade jurídica, a qual exige a configuração objetiva de tais requisitos para sua configuração”. 
É possível reconhecer-se o abuso da personalidade jurídica, e aplicar a disregarddoctrine, no processo de execução, sem necessidade de processo autônomo, quando não encontrados bens do devedor e estiverem presentes os pressupostos que autorizam a sua invocação, requerendo-se a penhora diretamente em bens do sócio (ou da sociedade, em caso de desconsideração inversa). O redirecionamento da ação exige, contudo, citação do novo executado, se não participou da lide. Proclama, todavia, a Súmula n. 430 do Superior Tribunal de Justiça: “O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente”. 
Torna-se evidente, pois, que a mera inadimplência no pagamento das obrigações tributárias não acarreta, por si só, a responsabilidade dos sócios e o consequente redirecionamento da execução fiscal para os sócios da empresa devedora. A mesma Corte editou também a Súmula n. 435, concernente ao mesmo tema: “Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente”. Esta súmula procura resolver os casos em que tem aplicação o art. 135 do Código Tributário Nacional, que considera os administradores “pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos”. Entende o Superior Tribunal de Justiça, pois, que a dissolução irregular da sociedade sem comunicação aos órgãos oficiais caracteriza “infração à lei”, possibilitando a cobrança das dívidas dos sócios administradores, mediante o redirecionamento da execução contra eles.
7. AMICUS CURIAE
7.1 Conceito e Origem
É comum ouvirmos dizer que as partes em um processo são apenas autor e réu, sendo que, quem não seja parte no processo “pede a sua intervenção, só poderia ser realmente o terceiro; embora se converta em sujeito do processo, caso se admitida a sua intervenção” (ALVIM, 2016).
 É imprescindível salientarmos que, conforme José Eduardo Carreira Alvim, existem duas espécies de intervenção de terceiros, sendo a intervenção voluntária e a intervenção provocada (ou coacta). A que levaremos em consideração para o desenvolvimento do trabalho será a intenção voluntária. 
 Tendo como base os conceitos do ilustre processualista J.E. Carreira Alvim, a intervenção voluntária é aquela em que o terceiro não é convocado a intervir, faz isso voluntariamente, ou seja, com sua livre e espontânea vontade, como é o caso do amicus curiae, sendo este o principal objeto de nosso estudo.
 Sua origem deu-se no direito romano e se desenvolve no direito norte-americano, estando ligada a ideia de ‘amigo da corte’. Sua função histórica seria levar todas as informações de que tinha ciência para a corte sobre fatos de grande impacto e relevância social, possibilitando a discussão sobre o mesmo e assim beneficiaria a todos os envolvidos tornando a decisão do juízo mais justa.
 O amicus curiae, segundo Neves, 2016 trata-se da intervenção de órgãos ou entidades de elevada representatividade para que possam participar do processo, já que possuem conhecimentos em relação a matéria discutida na ação,” com o objetivo de contribuir com o juízo na formação de seu convencimento”. (Neves, 2016).
 É de extrema importância observar que o “amicus curiae contribui com a qualidade da decisão dando sua versão a respeito da matéria discutida, de forma que ao menos o interesse para a solução da demanda no sentido de sua manifestação sempre existirá” (Neves, 2016). Caso houvesse algum desinteresse por parte desse terceiro em uma ação direta de inconstitucionalidade, faria com que esta ação seria aniquilada.
7.2 Natureza Jurídica e Requisitos
 A intervenção do amicus curiae é regulado pelo artigo 138, caput do Novo Código de Processo Civil, 
Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.
 Primeiramente, devemos observar que o mencionado artigo prevê algumas condições para que seja permitida a atuação do amicus curiae, ou seja, nos casos em que a matéria tem grande relevância e impacto social, como pode ser verificado nos casos de ações de controle de constitucionalidade. Para Cunha Jr. 2004, esta intervenção propicia muito mais do que discussões sobre assuntos primordiais ao Direito, como também para a interpretação da norma Constitucional. 
 A intervenção do amicus curiae no processo objetivo de controle de constitucionalidade pluraliza o debate dos principais temas de direito constitucional e propicia uma maior abertura no seu procedimento e na interpretação constitucional, nos moldes sugeridos por Peter Haberle em sua sociedade aberta dos intérpretes da constituição. (DIDIER JR. 2015) 
 Levando em consideração os conceitos de Fred Didier Jr. E tendo como base o artigo citado acima, o amicus curiae pode ingressar no processo seja a pedido da parte, por provocação do órgão jurisdicional ou espontaneamente, sendo que até o surgimento das leis n.9.868 e 9.882/99 que regulamenta o processo de controle de constitucionalidade, a intervenção do amicuscuriae só poderia ser provocada.
 Como foi dito anteriormente, a intervenção somente será justificada quando o amicus curiae puder contribuir para a melhor prestação jurisdicional, pelo fato de possuir domínio e competência para prestar informações sobre matérias que o legislador tem dificuldade técnica. Como é o caso da lei n.12.529/2011 em seu art.118, o qual prevê a participação do CADE (Conselho administrativo de Defesa Econômica) nas ações que versem sobre direito de concorrência.
 Além do mais, Daniel Amorim Assumpção Neves defende que o seu interesse institucional é voltado à melhor solução possível do processo por meio do maior conhecimento da matéria e dos reflexos no plano prático da decisão. Esse verdadeiro interesse jurídico, diferente do interesse jurídico do assistente, porque não diz respeito a qualquer interesse subjetivo, é justamente o que legitima a participação do amicus curiae no processo. (NEVES, 2016).
 Contudo, “quando há necessidade de intimação do amicus curiae, o legislador confere ao possível amicus curiae a legitimidade para propor ação rescisória, caso não tenha sido intimado”. (Didier Jr. 2015), porém quando os argumentos do autor e de outros sujeitos processuais forem suficientes para o entendimento do relator e contribuírem para um julgamento justo, deverá ser indeferido a intervenção do amicus curiae.
A intervenção do amicus curiae não se confunde com a participação do perito. A perícia é meio de prova e, pois, de averiguação do substrato fáctico. O perito é auxiliar do juízo. O amicus curiae, que é parte, dá a sua opinião sobre a causa, em toda a sua complexidade, sobretudo nas questões técnico-jurídicas. Além disso, não há honorários para o amicus curiae, nem se submete ele às regras de impedimento e suspeição. (DIDIER JR. 2015)
 Daniel Amorim Assumpção Neves em relação a este fato entende que “a existência do interesse institucional que justifica a participação do amicus curiae o diferencia de forma substancial do mero auxiliar do juiz, tal qual o perito, o intérprete ou o tradutor”. (NEVES, 2016).
7.3 Representatividade
 Em relação a esta representatividade do amicus curiae, entende-se que “além de demonstrarem que representam legitimamente uma parcela da sociedade.” (MARTINS, 2015),”o amicus curiae precisa ter algum vínculo com a questão litigiosa, de modo que possa contribuir para a sua solução.”(DIDIER JR. 2015). Ou seja, é necessário que ele tenha domínio sobre a matéria da ação contribuindo para o juízo final. Podemos citar como exemplo, uma associação científica que tem representatividade adequada para tratar de assuntos relacionados a atividade científica que patrocina.
 De acordo com a redação do art.7, § 2º da lei 9.868/99, é admitida como amicus curiae somente órgão e entidades, excluindo-se pessoas físicas. Por outro lado, Flávio Martins defende que: 
Entendemos que esse entendimento deve ser revisto, com o advento do novo Código de Processo Civil, que, no seu artigo 138, permite admissão dos amicus curiae: “pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada (...)”. Ora, por expressa previsão legal, permite-se que pessoa natural seja amicus curiae, desde que tenha representatividade adequada. Assim, o presidente de uma Associação, um parlamentar ou qualquer ocupante de cargo público eletivo pode ser, entendemos amicus curiae, em razão do que está disposto no novo Código de Processo Civil (MARTINS. 2015).
O objetivo desta lei é claro, “ampliar o rol de entes aptos a ser amicus curiae”. (DIDIER JR. 2015). Além do mais, é permitido que houvesse mais de um amicus curiae em um processo, para que assim enriqueça o debate, já que todos irão expor suas diferentes ideias e posicionamentos contribuindo para chegar ao juízo final.
7.4 Competência
 Analisemos o art.138, § 1º do Novo CPC,
[...] § 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º. De acordo com Neves (2016):
A intervenção do amicus curiae não modifica a competência, de
forma que, por exemplo, ingressando no processo em trâmite
perante a Justiça Estadual uma fundação federal como amicus
curiae o processo não será remetido à Justiça Federal. (NEVES, 2016).
7.5 Recurso
 O amicus curiae não tem legitimidade para recursar conforme disposto no artigo citado no tópico anterior, somente em algumas exceções, como é o caso de embargo de declaração e em recurso contra a decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.
 Em relação a decisão que defere o pedido de ingresso como amicus curiae, ela é irrecorrível, porém Daniel Amorim Assumpção Neves expõe um ponto importante envolvendo o indeferimento do pedido do amicus curiae que parece ser recorrível por agravo de instrumento, já que no art.1.015, IX, do Novo CPC há expressa previsão de recorribilidade por meio de agravo de instrumento da decisão que versa sobre a admissão ou inadmissão de intervenção de terceiro (NEVES, 2016).
Embora o mencionado autor se refira a uma possível interpretação do inciso IX do art.1015 do Novo CPC, ele defende que ela não vingaria já que o STF entende ser o amicus curiae não um terceiro interveniente, mas sim um colaborador eventual do juízo.
7.6 Procedimento
O juízo e o relator têm a função de solicitar ou admitir a intervenção do amicus curiae, além de indicar quais serão os seus poderes, ou seja, os poderes do amicus curiae são restritos. “Segundo Fred Didier Jr. 2015, as partes não tem legitimidade para realizarem uma negociação e impedir a sua atuação e nem mesmo limitar seus poderes.” Essa delimitação, ao que parece, não pode permitir a interposição de recursos, expressamente proibida § 1º do art.138.”(DIDIER JR. 2015). Porém, os tribunais podem ampliar a legitimidade nos casos em que for necessário a produção de provas e a sustentação oral das suas razões, sendo que neste caso seria imprescindível estar representado por um advogado.
 Além do mais, DIDIER JR. 2015 ressalva que é atribuído ao amicus curiae o direito de propor uma ação rescisória quando, sendo obrigatória a sua intervenção, como no caso da CVM e o CADE em algumas situações, não forem ouvidos e nem intimados a participar no processo originário.
 Contudo, o juiz em momento algum pode ignorar as partes principais nem mesmo o amicus curiae, sendo que poderia estar violando um princípio processual que é o contraditório, e devido a isto, devemos destacar que todas as informações expostas pelo amicus curiae devem ser levadas em conta na hora do convencimento do juízo, segundo DIDIER JR . 2015.
 Em relação aos prazos do amicus curiae, “o STF entendeu, porém, que o amicus curiae somente pode requerer seu ingresso no processo até a data em que o relator liberar o processo para a inclusão em pauta.” (DIDIER JR. 2015). 
 O prazo referente ao das informações previstas no art.7, § 2º da lei 9.868/99, seria de 30 dias contados do recebimento do pedido para a admissão do amicus curiae, o qual a corte tem sido bastante flexível mesmo depois de transpassado este prazo. Embora, haja casos em que o ministro relator admite um prolongamento do mesmo, quando o pedido de ingresso é feito na véspera do julgamento do mérito da ação. 
 Conforme o autor ora citado, sendo admitido o seu ingresso no processo, o amicus curiae terá um prazo de quinze dias contados da data da decisão que o admitiu para manifestar-se, embora nada impede que ele apresente essa manifestação juntamente com o requerimento do ingresso no processo. Caso seja inadmitido, a sua manifestação será eliminado dos autos.
REFERÊNCIAS
ALVIM, José Eduardo Carreira, Teoria Geral do Processo, 19 ed. revista atualizada e ampliada. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2016.
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso prático de processo do trabalho. 10 ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 1998.
BARROSO, Carlos E. F. Mattos. Teoria Geral do Processo eProcesso de Conhecimento. 14ª. ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2013.
CARNEIRO, Athos Gusmão. Intervenção de terceiros, 15 ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2003.
DIDIER JR, Fredie, Curso de Direito Processual Civil: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento, 17 ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2015.
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, volume 1: parte geral, 10 ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2012.
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. Vol. 1. 9ª. ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2016.
JUNIOR, Isac Alves Pacheco. Os instrumentos da intervenção no Processo Civil. DireitoNet Artigos, 30 de julho de 2012. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7409/Os-instrumentos-da-intervencao-no-processo-civil>. Acesso em: 20 de maio de 2017.
MARTIS, Flávio. Curso de direito constitucional. Ribeirão Preto: Ed. Revista dos Tribunais, 2017.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito processual do trabalho. São Paulo: Ed. Atlas, 2001.
NEVES, Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil – Volume único. 9ª Ed. – Salvador-BA: Ed. JusPodivm, 2017.
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil – Volume único. 8 ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.
SANTOS, Jair Lima dos. Assistência e intervenção de terceiros no processo do trabalho. Jus.com.br Artigos, junho de 2010. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/14956/assistencia-e-intervencao-de-terceiros-no-processo-do-trabalho>. Acesso em: 20 de maio de 2017.

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