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Técnicas Cirúrgicas em Grandes Animais

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TÉCNICAS CIRÚRGICAS EM GRANDES ANIMAIS
Descorna
É o procedimento cirúrgico que faz a remoção dos chifres dos animais adultos. Pode ser realizada por conveniência do proprietário como forma de evitar acidentes, por facilitar o manejo ou ainda como necessidade – após a ocorrência de acidentes e lesões no local. As desvantagens são: ocorrência de morte por hemorragia; infecções como sinusites causadas por contaminação em tricotomia não efetiva; intervenção cirúrgica trabalhosa; manejo: derrubada do animal e anestesia. 
Observam-se erros como: remoção excessiva da pele (incisão deve ser feita na base do chifre), disposição inadequada da serra em angulação errada, fracasso ao escavar os bordos da ferida – perfuração da pele que serve como porta de entrada para infecções, perda de tecido durante a incisão e consequente cicatrização por segunda intenção e riscos de sinusite. 
Utiliza-se: fio de serra, arco de serra (melhor angulação) e borracha na base do chifre – impede a vascularização do chifre, que acaba caindo após necrosar (não é utilizado nos dias de hoje) e materiais como bisturi, tesoura, pinças hemostáticas e backhaus (pinçar, tracionar, divulsionar e escavar a pele até a base do chifre). 
Técnica: jejum de 12-24 horas, sedar com a Xilazina, tricotomia, antissepsia com produtos a base de iodo, anestesia e promover a diétese – incisão elíptica, ou reta em direção ao ângulo do olho e ao redor do chifre quando o mesmo é muito grande. Animal deve estar em decúbito lateral direito para evitar compressão do rúmen, contenção para promover segurança do procedimento. Com a incisão elíptica a pele rebatida é para cada lado, deixando a base do chifre completamente livre para a utilização da serra que é colocada na frente do animal indo de trás para frente, seguindo um ângulo só. A incisão reta em direção ao ângulo do olho e ao redor do chifre deixa muita pele livre para a sutura; coloca-se uma backhaus em cada lado para divulsionar a pele e deixar a base livre para promover a retirada do chifre. Pode-se ainda serrar o chifre até a metade, e a outra metade é fraturada e rodada, promovendo hemostasia. A sutura pode ser em: ponto simples separado, em U (costuma causar necrose), X, contínua interrompida (a cada 3 ou 4), Reverdin (é continua e há risco de deiscência completa da sutura em casos de acidente após o procedimento.). É normal o sangramento pela narina e a sialorréia intensa (pela Xilazina) após o procedimento.
Pós operatório: podemos realizar antibioticoterapia (tetraciclinas e penicilina), aplicar repelente tópico para melhor cicatrização e evitar miíases e infecções, antiinflamatórios. 
Pequenos ruminantes: pode-se retirar toda pele ao redor do chifre que é retirado posteriormente, e em seguida a penicilina pode ser colocada direta no local ou por via parenteral e terminar enfaixando a ferida – é um procedimento mais trabalhoso e necessita de um maior cuidado no pós operatório. A outra forma é com objetivo de suturar: divulsão do tecido de toda a região anterior e posterior do chifre – principalmente a pele entre os chifres, que deve ser preservada – e em seguida os mesmos são removidos e a sutura é promovida; melhor cicatrização e menor risco de infecções e sinusite. 
A sutura é feita com fio inabsorvível monofilamentado – menor risco de contaminação.
A anestesia é feita localmente e bilateralmente, com 3 ml de Lidocaína no nervo cornual presente na fossa cornual.
Mochação
A preferência é a sua realização em animais jovens – procedimento simples, feito com ferros de mochada em que se promove a cauterização do botão cornual de recém nascidos de 3 até no máximo 7 meses. Se a mochação for feita em animais após esse período as chances de desenvolvimento de sinusite são maiores, pois o corno já vai estar com um crescimento considerável e ao ser cauterizado vai necrosar e cair. 
Pode ser: química (feita por hidróxido de potássio: aplicar a pomada nos pêlos ao redor do botão cornual e depois molhar com água os pêlos ao redor dessa área com a pomada para evitar que ela escorra e cauterize fora da área necessária), fogo (em forma de 8: utiliza-se o arco maior e depois o menor para cauterizar a área remanescente) ou alicate cirúrgico (utiliza-se geralmente em animais com chifres de base grande e grossa como os búfalos). 
Sequelas como encefalites podem ocorrer quando o ferro da mochação é muito aprofundado. 
Orquiectomia
Castração pode ser feita por: incisão lateral na bolsa escrotal, incisão total na porção caudal do testículo (técnica da meia laranja), castração aberta com incisão na túnica vaginal ou fechada sem exposição da túnica vaginal; com emasculador (utilizado em bovinos e equinos) e (?).
Os animais devem ficar de 12 a 24 horas sem jejum para evitar acúmulo de líquidos no rúmen – que ocorre quando o animal está em decúbito por tempo prolongado e sem jejum – animal não consegue regurgitar e pode causar timpanismo ou falsa via. 
O animal fica em estação em um tronco ou brete – caso não seja possível, é administrado um sedativo e o procedimento é feito com o animal em decúbito –, o cordão espermático e a pele são anestesiados, antissepsia com água e sabão e posteriormente com produtos a base de iodo. 
A castração aberta com incisão bilateral é uma das técnicas mais utilizadas, pois diminui o edema – a bolsa escrotal fica em contato parcial junto aos membros pélvicos, e com a movimentação do animal o liquido vai sendo drenado e o edema diminui. Quando a incisão é muito acima (ao ponto de expor o cordão espermático) as chances de funiculite e infecção aumentam e a cicatrização é mais demorada. É feita a transfixação com fio de nylon ou algodão em ruminantes, nunca utilizar fio de algodão em equinos porque a reação é muito intensa e causa funiculite e outro procedimento é necessário para reparar a área com reação ao fio. Fazer a sutura de bailarina para maior segurança ao procedimento, depois de conferir se não houve sangramento após a transfixação e é feita a incisão para a retirada dos testículos. Etapas: incisionar a pele> expor o testículo> romper o mesórquio> cortar a túnica vaginal> transfixação do cordão espermático com agulha em “S” ou curva. Deve-se deixar tudo aberto para promover a drenagem natural do local, exceto em casos que a incisão foi muito extensa e há a necessidade de sutura – coloca-se um dreno na região para evitar o surgimento de edemas através da promoção da saída do excesso de líquidos. 
Na castração fechada o testículo está envolvido pela túnica vaginal – menor risco de hérnia na bolsa escrotal. 
Complicações observadas: funiculite (inflamação do cordão espermático) – cordão maior que o normal e cortado incorretamente cicatriza fora da bolsa escrotal; orquite (uni ou bilateral). 
O burdizzo (alicate castrador) é vantajoso, pois no seu uso é direto no animal não há necessidade de incisão e não ocorrem sangramentos (sem miíase). Possibilita castrar vários animais durante o dia e só necessita de anestesia local e administração posterior de antiinflamatórios (há inchaço após o procedimento), pode ser feito com o animal em estação. A única desvantagem é que não pode ser utilizado em animais adultos e com mais de 300 kg – dificuldade do burdizzo abranger o cordão espermático e o testículo, que são mais avantajados nesses animais; grande risco de falha e perda de pressão nas molas e eficiência da técnica. O eletroimobilizador (paraboi) é um instrumento adicional introduzido no ânus do animal e “estica”, não provoca dor durante o procedimento com o burdizzo. Com a técnica do alicate castrador, os vasos e nervos da região são cortados e a falta de suprimento nos testículos faz com que eles entrem num processo de necrose e atrofia. Caso o animal esteja deitado ele deve ser esticado caso o eletroimobilizador seja utilizado, pois ele promove contração muscular que pode causar lesão se o animal não for amarrado esticado. 
A castração em equinos pode ser feita com o animal em estação ou em decúbito – menor risco de acidentes para o animal e para o veterinário. Mesmasetapas do ruminante. Existem dois tipos de emasculador: um sem lâmina de corte, outro com parte que mascula e parte cortante. Cuidado no posicionamento: ao colocar de forma errada, pode-se emascular a parte que deve ser cortada e cortar a parte que deve ser emasculada. Transfixar com nylon, NUNCA COM FIO DE ALGODÃO EM CAVALOS! Podemos usar fios absorvíveis como o Vicryl; o Categut também não é utilizado em cavalos. 
Rumenotomia
Indicações: remoção de corpos estranhos – o bovino não é muito seletivo na hora de se alimentar e pode ingerir objetos cortantes e que podem causar obstrução; impactação; acidose ruminal; ruminite; timpanismo. Fatores predisponentes: reticulopericardite traumática (comum em gado leiteiro).
 A laparotomia é um procedimento que se tem acesso à cavidade para a avaliação antes de se ter o acesso ao rúmen. Dorsalmente (na região do flanco) temos musculatura, (?) e processos transversos; ventralmente está a prega abdominal; lateralmente/cranialmente estão os arcos costais (13 no bovino) e caudalmente está o íleo. No flanco esquerdo, é feita a incisão das seguintes estruturas: pele; subcutâneo; fáscias musculares; músculos: oblíquo abdominal externo, oblíquo abdominal interno, transverso do abdômen; peritônio. Logo abaixo está o rúmen, uma pinça hemostática traciona o peritônio e se faz um pequeno “pique” com a tesoura e com a pressão negativa entra ar ele se retrai, e a partir daí é possível fazer o resto do corte sem lacerar o peritônio. Não se faz a incisão da musculatura, pois há dor no pós operatório e sangramento durante o procedimento, se faz a divulsão no sentido das fibras musculares. Na incisão no flanco a deiscência de sutura é menor e não há compressão de vísceras. Durante a exploração, podemos localizar corpos estranhos metálicos entre outros e áreas de aderência causadas pela presença desses corpos estranhos.
Na rumenotomia, a utilização de ímãs (até como forma preventiva, administrados por bolus) pode auxiliar na retirada de corpos estranhos metálicos que não foram achados durante a laparotomia exploratória. Pode ser feita com o animal em estação no tronco (melhor escolha) ou em decúbito, caso não seja possível colocar o animal em pé por ele estar debilitado. É feita a tricotomia ampla, antissepsia e anestesia (L invertido, paravertebral ou na linha de incisão), sutura (com agulha curva ou em “S”; fio de algodão; ponto simples, em “X”, o Reverdin é o mais utilizado) do rúmen na pele do animal para que ele possa ser manipulado sem riscos do extravazamento do conteúdo para a cavidade abdominal e causar posterior peritonite, remover grande parte do conteúdo para melhor avaliação da cavidade e finalmente a síntese. A incisão é feita preferencialmente próxima aos arcos costais – maior poder de inspeção da cavidade. Não se deve colocar a área do rúmen que foi suturada diretamente na cavidade, antes é necessário fazer uma sutura invaginante na porção que vai cicatrizar como a de Cushing ou Lembert para evitar aderência do órgão na cavidade; utilizar fio absorvível: Categut cromado, Vicryl. NUNCA utilizar fio de algodão, pois ele tem origem vegetal e vai ser destruído pelas bactérias do rúmen, podendo causar peritonite. O peritônio pode ser suturado junto com a musculatura transversa (ponto simples ou em “X”, nunca continuo), oblíquo interno e externo – todos esses com fio absorvível – e pele, suturada com fio inabsorvível (nylon de preferência), e aplicar repelente no local para evitar miíase. 
Amputação (?)
Principais complicações: artrite e tendinite séptica, osteomielite, necrose extensa e abscessos principalmente na região da sola e com comprometimento ósseo. Uma sonda de casco é utilizada para verificar a continuidade da lesão no membro – a sonda é introduzida e se passar para o outro lado, caracteriza comprometimento ósseo. É feita a anestesia de Bier com garrote na região do metacarpo ou metatarso, evidenciando a veia digital lateral e a veia digital dorsal, é introduzida a agulha e o anestésico local sem vasoconstritor só é injetado quando o sangue para de pingar. Utilizam-se duas técnicas: com fio ou arco de serra; cortando (pode ser diretamente na articulação) ou divulsionando a pele. 
Quando a pele é cortada, é feito um curativo que deve ser trocado a cada 3 ou 4 dias caso o tempo não esteja úmido; a cicatrização nessa técnica é mais prolongada. Pode-se utilizar sulfato de cobre para cauterizar a região, e para reduzir a umidade e impermeabilizar o local.
Já quando a pele é divulsionada, ela é aproximada e suturada, e isso garante uma cicatrização mais eficiente e rápida.

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