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08 – VÍCIOS REDIBITÓRIOS
1. INTRUDUÇÃO: quando duas pessoas/polos realizam um contrato também é normal que os efeitos sejam produzidos entre elas e dentro deste efeito reciproco o que se espera é que haja uma contraprestação, uma equivalência econômica, o que se caracteriza, em regra, pela entrega de um bem ou vantagem e pela utilização deste bem, mas as vezes, em certos casos, é possível se identificar um vicio neste bem ou vantagem de forma a diminuir ou impedir a posse útil desse bem, se isso acontecer a relação estará desnivelada razão pela qual é possível identificar um vicio no negocio, e que pode tanto invalidar o negocio como reclamar uma estimação, uma compensação, portanto, vícios redibitórios são aqueles vícios ou defeitos, em regra, ocultos e que se projetam sobre o objeto da relação jurídica contratual.
2. FUNDAMENTO JURÍDICO DO VÍCIO: várias são as teorias a respeito da existência do instituto chamado vícios redibitórios, no entanto, a mais acertada é aquela que entende que o vicio redibitório está radicada/fundamentada na ideia de inadimplência contratual, ou seja, é possível se conhecer um defeito que pode justificar a invalidação do contrato se por acaso esse defeito levar a infringência/violação contratual, ainda que não prevista. Portanto, os vícios redibitórios se apresentam ainda que não haja previsão das partes, pois não é um defeito que tenha por base a avença entre elas, mas sim um defeito que tem por base preceitos maiores, de ordem pública e que ultrapassem o interesse das partes, por exemplo, a comutatividade, a função social do contrato, a boa-fé objetiva, etc. Portanto, o vicio redibitório se apresenta como uma clausula implícita, inserida à qualquer contrato.
3. REQUISITOS DO VÍCIO 
a) que a coisa provenha de contrato comutativo: significa dizer que só será possível se falar em vicio redibitório, e consequentemente, se reconhecer a possibilidade da ação redibitória, se este vicio ou defeito ocorrer em uma relação contratual comutativa. 
Relação contratual comutativa é uma espécie de negócio jurídico bilateral, onde os lucros e benefícios das partes são recíprocos, além disso, esses lucros e sacrifícios são antes vistos pelas partes, significa dizer que neste tipo de contrato é possível para ambos os contratantes fazerem a previsão dos benefícios e malefícios que serão experimentados. Se as partes fizeram uma previsão da equivalência de lucros e sacrifícios e essa previsão não for confirmada em função de um defeito, de um vicio, então a equivalência entre as partes estará prejudicada, razão pela qual se justifica invalidar o contrato ou minorar suas consequências.
Portanto, não se fala em vícios redibitórios nos chamados contratos aleatórios, de igual forma também não se fala em vícios redibitórios nos chamados contratos gratuitos. Os contratos gratuitos são aqueles que apenas uma das partes obtém vantagens, por exemplo, contrato de doação. Aquele que recebeu o bem do contrato de doação, ou seja, o donatário, ainda que o bem venha viciado, em regra, ele não reclama a devolução do bem por vicio redibitório. A exceção, ou seja, pode-se reclamar a devolução do bem por vicio redibitório em contrato gratuito se a doação for feita com encargo, isso porque o encargo impõe um ônus, uma obrigação ao donatário, ou seja, o encargo impõe uma contraprestação. A segunda exceção é a doação remuneratória, que são aquelas doações ou liberalidades que alguém faz a favor de um donatário que na verdade possui um credito, mas que não pode cobrar porque foi atingido pela prescrição, por exemplo, alguém que deve honorários médicos, mas o medico não pode cobrar os honorários porque houve prescrição, contudo, o paciente por razões morais decida pagar o medico, dessa forma, caracterizasse doação remunerada. Nas duas exceções pode reclamar, mas até o limite do encargo e da remuneração, isso porque nesses casos, até o limite de ambos, se consegue encontrar uma relação de troca, uma relação comutativa, e não uma relação gratuita, fora do encargo e da remuneração a relação é gratuita e, portanto, não há de falar em vicio redibitório.
b) que os defeitos sejam ocultos: pode-se falar em vícios redibitórios se os defeitos apresentados na coisa são ocultos, significa dizer, se os defeitos estavam em estado latente, escondidos, mas vieram átona, ou seja, apareceram, isso porque se os defeitos fossem perceptíveis, visíveis, então o que se presume é o que adquirente ao analisa-los o aceitou; defeitos claros ou evidentes não podem ser reclamados como vícios redibitórios. É por isso que aquele que compra um veiculo ou determinado bem sem verificação, em regra, não pode reclamar de vícios redibitórios, por exemplo, se alguém compra um veiculo sem teste e ele está com algum vicio não pode reclamar vicio redibitório. É o que acontece também naqueles casos em que há a descrição em que o bem vence no estado em que se encontra, significa que o bem tem problema, quer dizer compra se quiser; alguns entendem que isso afastaria o bem redibitório, o Sérgio não, com o argumento de que depende do estado em que se encontra, pois a expressão é genérica, se há um vicio tem que dizer o vicio. 
c) existência do defeito no momento da celebração do contrato até a ocasião da reclamação: significa dizer que é possível se falar em defeito, vicio do negócio se este defeito já existia antes da realização do negócio ou pelo menos concomitante a realização do negócio, é necessário que esse defeito seja preexistente ao uso e a entrega, embora pouco importa se esse defeito era ou não de conhecimento do alienante, ao contrario senso se está dizendo que não é possível se falar em vicio redibitório se esse defeito surgiu depois, por conta da utilização da coisa, pois se o defeito surgiu em razão da utilização da coisa, então se presume que esse defeito se presume do mal uso da coisa, ainda que ele seja descoberto depois, o defeito deve existir, daí porque chama oculto, ele existe e estava escondido. Não se pode falar em vícios redibitórios com defeitos que surgem pela utilização do bem. 
d) que os defeitos sejam graves: só é possível falar em vicio ou defeito do negócio se esse defeito apresentado, que se reclama, for algo grave, ou seja, que impeça a utilização da coisa para o fim a qual foi criada ou, pelo menos, que lhe diminua o valor, quer dizer que se o vicio apresentado e de pouca monta, simples, corriqueiro e que não afeta valor, ou então a sua utilização, então não há de se falar em vicio redibitório. Os defeitos pequenos, leves estão inseridos no risco do negócio, ainda que em uma relação particular, significa dizer que está dentro da previsibilidade das partes, cabe as partes agir de modo a não demonstrar culpa, serem cuidadosas ao realizar um contrato.
4. EFEITOS DA CIÊNCIA OU NÃO DO DEFEITO PELO ALIENANTE: quando se fala em vicio redibitório a sua presença abre a possibilidade ao adquirente de desfazer o negócio ou minorar as consequências, mas neste caso, também é necessário levar em consideração se o alienante, ou seja, aquele que está entregando o bem sabia ou não da existência do vicio, do defeito, porque se ele não sabia do defeito e ele foi constato, sendo preenchidos todos os requisitos para a sua caracterização, então o adquirente poderá pedir a resolução do contrato com a devolução do valor eventualmente pago, devolução de eventuais custos na realização do contrato, ou seja, as partes voltam ao estado anterior. Agora, se o alienante sabia do vicio, ou veio a saber do vicio, então o adquirente, da mesma forma, pode pedir a rescisão do contrato, a devolução de valor eventualmente pago, a devolução de custos para a realização do contrato e ainda perdas e danos. O fundamento das perdas e danos, é que se ele conhecia, sabia do defeito não deveria ter feito negócio ou, pelo menos, deveria ter alertado a parte contraria, trata-se de um dever jurídico secundário implícito em qualquer contrato, dai porque no inicio foi dito que o vicio redibitório é uma clausula
implícita a qualquer contrato; cabe ainda perdas e danos à base do fato de que aquele que causa prejuízo a outrem fica obrigado a indenizar, na medida em que, se o adquirente soubesse do vicio provavelmente não realizaria o negócio, porque ninguém realiza negócio para adquirir um bem que não poderá ser usado para o fim ao qual foi destinado. 
Existe a possibilidade das partes estabelecerem uma clausula no contrato no sentido de o alienante não indenizar ainda que haja vicio redibitório, isso na prática, pois na teoria isso não é possível pois não encontra nenhum amparo legal, isso na relação civil, comum. Se for na relação consumerista, além de não encontrar amparo na legislação civil, encontra resistência no CDC, pois pelo CDC essa clausula de exclusão de responsabilidade é considerada abusiva nos termos do artigo 51 do CDC.
5. ESPECIES DE AÇÕES E PRAZOS DECADENCIAS 
Quando fala em vícios redibitórios se fala em ação judicial, pois se resolve em regra por ação judicial, essa ação judicial o seu gênero é edilícias, ações edilícias porque isso tem origem na idade romana onde algumas pessoas atuavam no mercado romano tanto para resolução dos contratos quanto para abatimento do preço para solução amigável, elas eram chamadas de ediges, e de ediges veio o nome de ação edilícia. Essa ação edilícia se divide em duas espécies: redibitória ou estimatória. 
- Na ação redibitória o que se busca é a resolução do contrato com a devolução do valor dado.
- Na ação estimatória o que se procura é um abatimento no valor em função do vicio redibitório, pois tem casos em que há o vicio, mas o bem pode ser utilizado segundo a conveniência do adquirente, e se ele quiser pode propor uma ação estimatória no sentido de pedir um abatimento do preço, pois se o bem veio viciado o uso está prejudicado e para que tenha equivalência tem que pagar menos. 
 Quem escolhe isso e o adquirente, e a parti do momento em que escolhe está escolhido, o que quer dizer tecnicamente que a obrigação se concentrou, e se ela se concentrou ele não pode mais mudar. 
PRAZO: Ele tem que escolher e entrar com ação dentro do prazo de 30 dias para bens móveis e 1 ano para bens imóveis. Esse prazo é um prazo decadencial, o que significa se perder perdeu o direito, perdeu a ação. 
O prazo ele se conta a partir da tradição, pois sem a tradição não pode verificar o vicio, e ele conta a partir da tradição naqueles casos em que a pessoa não estava na posse, pois é possível que haja a alienação e a pessoa adquirente já estivesse na posse do objeto, mas tem diferença, pois se já estava na posse o legislador diz que o prazo, portanto, conta-se a partir a alienação pela metade (cortasse o prazo pela metade), isso porque o legislador presume que se estava na posse teve tempo maior para verificar o vicio; mas é obvio que o prazo só começa a contar a partir do momento em que o vicio se evidencia, ou seja, a partir do momento em que o adquirente toma conhecimento do vicio. Por exemplo: alguém está com a posse da caneta de outra pessoa e depois decide que quem a caneta vai ser de que está com a posse.
- Prazo na garantia contratual e legal: vicio redibitório é algo assegurado pela lei, independentemente de constar ou não no contrato, só que é possível que as partes também constem no contrato algo relacionado a garantias dos vícios redibitórios, então, nesse caso, tem a garantia legal e a contratual. O que não pode fazer é nas disposições contratuais diminuir os direitos ou garantias ou prazos postos pelo legislador sem autorização, senão seria uma forma de diminuir a garantia legal, então é possível que haja disposições a respeito de vicio redibitório que sejam compatíveis com as disposições que garantem os vícios redibitórios na lei. Então pode ter prazo da garantia contratual e prazo da garantia legal, os dois andam juntos, são concomitantes, mas é obvio que não pode ter prejuízo, e não tem prejuízo, pois os dois prazos são concomitantes no sentido de coexistirem ao mesmo tempo, mas primeiro contasse o prazo contratual depois do prazo contratual se passado contasse o prazo legal, ou seja, se tem um duplo beneficio. 
Se o defeito aflorar dentro do prazo, ainda que no prazo contratual deve-se denunciar o defeito, ou seja, fazer uma reclamação no prazo de 30 dias, porque se não fizer a reclamação do defeito aflorado no prazo de 30 dias se perde o direito. Uma coisa é o prazo que se tem, outra coisa é levar ao conhecimento da parte contraria que existe um defeito em prazo determinado pela lei sob pena de perder o direito, são coisas distintas. Isso está compatível com a boa-fé, pois não tem cabimento ver um defeito e ficar esperando. 
5.1 Exceções quanto a contagem de prazo a partir da tradição
a) máquinas sujeitas a experimentação: Ou seja, aqueles bem e/ou produtos que são alienados e que pela sua natureza necessitam que o adquirente o experimente, ou seja, faça a verificação de utilidade. Encontra essas exceções, por exemplo, em tratores, maquinas agrícola, entre outras. Nesses casos enquanto não se faz a experimentação para verificar compatibilidade de uso não se está ainda contando o prazo a partir da tradição, só vai contar o prazo a partir da manifestação de concordância do adquirente, ou seja, comprador.
b) venda de animais: a venda de animais também não conta o prazo decadencial para reclamar do vicio redibitório a partir da tradição, da entrega do animal nos casos de doença, porque é possível que uma determinada doença tenha um prazo de incubação maior do que o prazo legal de reclamação do vicio, o prazo de incubação e, portanto, de afloramento da doença acaba sendo maior do que o próprio prazo decadencial posto pela lei.
c) objeto substituído por outro que tinha defeito: é o caso de quando se compra um produto com defeito e troca o produto por outro, mas esse também vem com defeito. Nesse caso, o prazo contasse a partir do segundo produto, o trocado, pois o vicio não cessou e enquanto não cessa o vicio o prazo não cessou, é como se fosse uma nova compra. 
5.2 Hipóteses de descabimento das ações edilícias:
a) coisas vendidas conjuntamente: se alguém adquirir um conjunto de bens e um deles apresenta vicio não pode o adquirente pretender devolver todos os bens, todos os itens, pois o vicio, nesse caso, não se comunica, exceto se houver uma relação de dependência ou unicidade entre ou bens adquiridos. Exemplo: se for um pé do par de sapatos que estiver com defeito devolve o par; coleção de livros raros, mesmo que um esteja com defeitos e os outros não, pois o valor é pela coleção rara, e é obvio que se der defeito em um livro está afetando os demais, pois é uma relação de dependência.
b) coisa diversa da contratada: simplesmente porque não é caso de vicio redibitório, mas sim de descumprimento contratual, quando alguém entrega um bem diverso do contrato não tem nenhum vicio com o bem, mas sim descumprimento contratual e ai litiga pelo descumprimento e não por vicio redibitório, a ceara da discussão é outra, não é dentro de vicio. 
5.3 Erro quanto as qualidade essências do objeto e vício redibitório: são dois tipos de vícios, quando se fala em vicio pode se estar falando de duas coisas diversas, pode ser vicio da vontade ou vicio no objeto. 
Os vícios de vontade são: erro, dolo, coação, lesão e estado de perigo. Erro acontece quando alguém acredita em alguma coisa que na verdade não existe, esse erro ele tem varias modalidades e pode se dar sobre a qualidade essencial do objeto, significa dizer que se acredita que o objeto adquirido possui uma qualidade quando na verdade não possui. Exemplo: sujeito adquire um faqueiro prateado achando que era de prata e não era; sujeito adquire um relógio dourado achando que era de ouro e não era. 
De um lado se tem o erro de vontade de outro se tem o vicio redibitório, o erro sobre a qualidade essencial do objeto é subjetivo, porque alguém acredita em uma coisa que não existe, enquanto que o vicio redibitório é objetivo. Então o erro sobre a qualidade é subjetivo, o vicio
redibitório é objetivo, pois está no negocio, portanto, o erro substancial, ou seja, sobre a essencial do objeto possibilita a ação anulatória, cujo prazo em regra é de 4 anos, por outro lado, o vicio redibitório possibilita a utilização de ações edilícias, cujo o prazo é especifico, no CC 30 dias para bens moveis e 1 ano para bens imóveis. Por exemplo, alguém adquiriu um relógio dourado e pensava que era de ouro, mas não é erro subjetivo; na mesma situação se compra o relógio pensando que era de ouro e era só que não funciona ai é vicio redibitório. No primeiro caso o defeito está na pessoa entrando com uma ação de prazo de 4 anos; no segundo está na coisa entra com uma ação om prazos especificados no CDC. 
6. DISCIPLINA DO CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Se está se falando em aquisição, alienante e adquirente, se essa aquisição onde a alienante, a adquirente estiver baseada em uma relação comum aplicasse as disposições do vicio redibitório contidas no CC, por outro lado, se essa mesma relação tiver por base uma relação consumerista então aplicam-se as disposições do vicio redibitório com base no CDC. Há uma relação consumerista quando for possível identificar consumidor e fornecer de produtos e serviços através do conceito dado pelo próprio CDC. Se há uma relação consumerista deve considerar que na grande maioria das vezes poderá incidir as clausulas abusivas (artigo 51 do CDC). Além disso, os prazos se modificam, pois pelo CDC também são de 30 dias ou de 90 dias, mas agora para bens não duráveis prazo de 30 dias, e bens duráveis 90 dias. Exemplo: 30 dias alimento; 90 dias televisão. Os prazos contam-se a partir da entrega do produto ou da realização do serviço. No CDC considerasse vicio redibitório os defeitos contidos na coisa que impedem ou dificultam o seu uso, a sua fruição, ou pelo menos diminui o valor, que estejam ocultos ou aparentes. O CDC considera vicio redibitório mesmo os vicio aparentes, a implicação disso é: 1- que no CC se existia um vicio aparente e o adquirente aceitou se presume que aceitou o vicio, já no CDC não, não pode fazer presunção de que o vicio era aparente e, portanto, o aceitou isso em razão da vulnerabilidade do consumidor, ou seja, se o vicio é aparente ainda assim continua sendo vicio redibitório; 2 - a contagem do prazo, pois se o vício é aparente os prazos contam-se neste patamar, já se os vícios são ocultos também se utiliza os mesmo prazos, com a diferença do inicio da contagem do prazo; no vicio oculto o prazo, termo inicial para reclamar se dá a partir do afloramento do vicio. A reclamação do consumidor suspende o prazo decadencial para reclamar o vicio redibitório, significa dizer que enquanto não vier a respostado fornecedor de produtos ou serviços não está correndo o prazo, ou seja, quando vier a resposta passasse a contar novamente.

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