Buscar

questionário de História do Direito Revisão para AV2 (parte 01) com respostas

Prévia do material em texto

HISTÓRIA DO DIREITO BRASILEIRO 
 
Prof.ª Me. Séfora Junqueira dos Santos 
Monitor: João Mariano da Silva Neto 
 
 
EXERCÍCIO DE REVISÃO – AV2 (Parte 01) 
 
 
1º Qual dos sistemas se vincula a tradição jurídica portuguesa e, por 
consequência, a tradição jurídica brasileira? 
 
A tradição jurídica portuguesa e brasileira se vincula ao sistema 
romano-germânico (ou Civil Law). Esta tradição latina (Civil Law) acentuou-se 
especialmente após a Revolução Francesa, quando a lei passou a ser 
considerada a única expressão autêntica da Nação e da vontade geral. 
 
2º O que foi e o que representou o fenômeno das Grandes Navegações? É 
possível relacionar o descobrimento do Brasil com este fenômeno? 
 
O fenômeno das Grandes Navegações foi um conjunto de viagens marítimas 
protagonizadas pelos povos europeus, no século XV e XVI, principalmente por 
Espanha e Portugal, possibilitando chegar a continentes nunca antes explorados. 
Este fenômeno se deu diante da necessidade de encontrar um novo caminho 
para se chegar às regiões produtoras de especiarias (pimenta, canela, gengibre e 
outros temperos) e de riquezas (metais preciosos). 
Assim, este fenômeno representou um grande impulso no aumento do comércio 
da Europa com a Ásia e a África. Como também, foi neste período que a 
 
América foi descoberta, assim como, se deu o descobrimento do Brasil. Este 
passando a ser colônia de Portugal. 
 
3º Qual o direito aplicado pelos portugueses na colônia brasileira? 
 
O período colonial foi o período em que o Brasil era colônia do Reino de Portugal. 
A colônia brasileira era importante, apenas, no tocante ao envio de matérias 
primas, alimentos, minérios e todo tipo de produtos que se encontrasse. Neste 
período a metrópole Portugal impôs seus costumes, religião e sua ordenação 
jurídica vigente à colônia brasileira. Desta forma, o direito aplicado pelos 
portugueses, na colônia brasileira, era o mesmo utilizado em Portugal, ou seja, o 
das Ordenações do Reino, que eram: as Ordenações Afonsinas (1446); as 
Ordenações Manoelinas (1521); e as Ordenações Filipinas (1603). 
 
4º É possível se falar em independência dos poderes na Carta de 1824? Por 
quê? 
 
Na Constituição Política do Império do Brasil de 25 de março de 1824, elabora 
por um Conselho de Estado e outorgada pelo Imperador D. Pedro I. Mais 
especificamente no Art. 10, onde diz: “Os Poderes Políticos reconhecidos pela 
Constituição do Império do Brazil são quarto: o Poder Legislativo, o Poder 
Moderador, o Poder Executivo, e o Poder Judicial”. Elucida claramente uma 
divisão de poderes. Mas, esta divisão, não postula, na prática, em uma divisão, 
tornando-os independentes. Porque: 
1. no Art. 13, da mesma Constituição, fala: “O Poder Legislativo é delegado à 
Assembleia Geral com a Sancção do Imperador”. Ou seja, O Imperador 
tem o poder de sanção frente ao este Poder, podendo colocar e retirar 
quem ele achar conveniente. 
 
2. no Art. 98, que trata do Poder Moderador, diz: “O Poder Moderador é a 
chave de toda a organização Política e é privativamente ao Imperador [...] 
para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, 
equilíbrio, e harmonia dos mais Poderes Políticos”. 
3. no Art. 101, inciso V, que trata sobre o exercício do Poder Moderador, 
onde diz: [...] dissolvendo a Camara dos Deputados, nos casos, em que o 
exigir s salvação do Estado; convocando imediatamente outra, que a 
substitua”. Ou seja, dando força ao Imperador de retirar todos os 
representantes da Camara dos Deputados. 
4. no caput do Art. 102, diz: “O Imperador é o Chefe do Poder Executivo [...]” 
Ou seja, sob total domínio do Imperador. 
5. No Art. 154 diz: “ O Imperador poderá suspendel-os por queixas contra 
eles feitas, precedendo audiência dos mesmos Juízes [...] Ou seja, dando 
força ao Imperador de suspender um Juiz, se assim, desejar. 
Esses são alguns exemplos, de que, de fato, os Poderes não tinham 
independência, estes estavam na verdade sob o domínio do Imperador, que os 
controlava. 
 
5º Como dispositivos constitucionais da Carta de 1824 acabaram por 
referenciar aspectos de um continuísmo absolutista típico do período 
pré-constitucional? 
 
Sim, principalmente na concentração de poderes no Imperador. Alguns 
dispositivos já foram citados anteriormente, e cito outros, como: 
1. Art. 4, que fala: “A Dynastia Imperante é a do Senhor Dom Pedro I actual 
Imperador, e Defensor Perpetuo do Brazil” 
 
2. no Inciso I do Art. 15, que diz: “Tomar Juramento ao Imperador, ao 
Principe Imperial, ao Regente, ou Regencia” 
3. Art. 99, que fala: “A Pessoa do Imperador é inviolavel, e Sagrada: Elle não 
está sujeito a responsabilidade alguma” 
Esses dispositivos mostram claramente o continuísmo absolutista típico do 
período pré-constitucional. 
 
6º No âmbito penal, é possível afirmar que os Códigos Penal de 1830 e 
Processual Penal de 1832 encontram bases na Constituição de 1824? 
Explique. 
 
No que se refere aos Códigos de 1830 e 1832, deve-se ter em vista que seguem a 
linha liberalizante dos direitos fundamentais previstos no artigo 179 da Carta de 
1824, rompendo com os padrões medievais das Ordenações Filipinas. 
Evidentemente, que não há que se falar em tradição dos valores constitucionais, já 
que tal fenômeno só poderá ser pensado no Pós-Guerra (2ª Guerra). Porém, é 
evidente a influência dos incisos XVIII e seguintes da Carta de 1824 no processo 
de produção dos mencionados Códigos. 
 
7º Partindo-se de uma premissa que você já deve ter percebido, ou seja, de 
que o exercício do poder é sempre mais suave quando aquele que o exerce 
transmite autoridade aos que a ele devem se submeter, que soluções são 
colocadas em prática pelos governos regenciais com vistas a viabilizar o 
exercício do governo sem a presença de um “imperador”? 
 
Com a ausência do rei havia um medo por parte dos membros das elites, que os 
grupos políticos favoráveis a uma maior descentralização do poder tornassem o 
Império do Brasil mais vulnerável às inúmeras revoltas. Assim, a elite senhorial 
 
que assumiu o controle político da Nação após o retorno de D. Pedro I a 
Portugal, que se dividiam em liberais e conservadores, tendo assim, divergências 
políticas chegaram a um acordo, de ambos grupos governarem, chegando, 
assim, ao fim do período de disputas internas. Proporcionando o início de uma 
nova fase, marcada pela estabilização política e pela consolidação do sentimento 
de pertencimento à Nação Brasileira. 
Foram, também, aprovadas medidas que resultaram na descentralização do 
Governo, garantindo maior autonomia às regiões e tornando possível o Governo 
Central de reagir com força às tantas revoltas que marcaram esse período. 
 
8º O Ato Adicional de 1834 permitiu maior autonomia às províncias? 
Pode-se dizer que, com este Ato Adicional o Brasil teve uma experiência 
Federativa no Império? 
 
Com o Ato Adicional de 1834 permitiu às províncias maior autonomia, porque 
concedeu às províncias Assembleias e orçamentos próprios e deu a seus 
presidentes poderes de nomeação e transferência de funcionários públicos, 
mesmo quando pertencentes ao Governo Geral. Como também, ocorreu uma 
distribuição do Poder Legislativo entre o Governo Central e as províncias. 
Pode-se dizer que com o Ato Adicional o Brasil teve uma experiência Federativa 
no Império, principalmente devido a descentralização do poder. Agora, com este 
novo sistema só não era plenamente federativo porque os presidentes das 
províncias continuavam a ser indicados pelo Governo Central. 
 
9º Como é possível relacionar o surgimento da chamada “Guarda Nacional” 
com o contexto histórico deste período regencial? 
 
 
Mesmo o grupo dos liberais defendendo uma estrutura política mais 
descentralizada, não significava que os mesmos não queriam manter a ordemsocial em que viviam. Na realidade eles queriam a manutenção da ordem pública 
e a não fragmentação do país. Para garantir estes ideais foi criada, ainda em 
1831, a Guarda Nacional, que foi inspirada no modelo francês das milícias 
cidadãs, onde as responsabilidades pela garantia da ordem pública deveriam ser 
dos proprietários de terra e de escravos. 
 
10º É possível correlacionar a abolição da escravatura com a crise 
vivenciada pelo Segundo Reinado que levou a queda da Monarquia no 
Brasil? Justifique sua resposta. 
 
É possível correlacionar a abolição da escravatura com a crise vivenciada pelo 
Segundo Reinado que levou a queda da Monarquia no Brasil, porque nas 
relações internacionais, diante da pressão inglesa, que exigia o fim da 
escravatura no Brasil, e esta veio em 1850, ocorreu ao longo do tempo, 
principalmente nos últimos vinte anos do Império, acentuados desgastes do 
Império com as classes senhorial (principalmente, os cafeicultores do vale do 
Paraíba) que eram os proprietários de terras e escravos. 
Mas outros fatores foram importantes para essa queda da Monarquia, além da 
abolição da escravatura, como a questão religiosa, questão militar e a ascensão 
de novos grupos sociais, que lutavam para terem mais representatividade política 
no governo imperial. 
 
11º O regime do Padroado foi mantido pela Constituição de 1891? 
Justifique. 
 
 
O regime de padroado não foi mantido pela Constituição de 1891, porque diante 
do § 7º desta mesma Constituição, onde diz: “Nenhum culto ou igreja gosará de 
subvenção official, nem terá relações de dependencia ou alliança com o Governo 
da União, ou o dos Estados. A representação diplomática do Brasil junto á Santa 
Sé não implica violação deste principio”. Ocorreu a separação do Estado com a 
Igreja, ou seja, como por exemplo, assuntos relacionados ao casamento e ao 
nascimento, ficaram sob responsabilidade, agora, do Estado, através dos 
respectivos registros em Cartórios, e não mais com a Igreja. 
 
12º Que razões teriam levado o governo republicano a produzir o Código 
Penal mesmo antes de organizar o Estado republicano por meio de uma 
constituição? 
 
Como o Código Criminal de 1830 não atendia mais as necessidades da 
sociedade depois da Abolição da Escravatura de 1888, onde criou-se um novo 
cenário na realidade social. Fez-se necessário um novo Código para atender a 
estes anseios, e este veio em 1890 com o Código Penal dos Estados Unidos do 
Brazil. 
 
13º O que é voto de cabresto e o que é curral eleitoral? 
 
O chamado voto de cabresto era considerado uma forma coercitiva eleitoral, 
onde os jagunços, mandados pelas coronéis de onde ocorriam as votações 
(currais eleitorais), obrigavam, muitas vezes, através da força, que o eleitor 
votasse no coronel. Para isto, a legislação eleitoral em vigor nesta época 
facilitava esta ação, porque os votos eram abertos e não secretas. Desta forma, 
era possível saber em quem o cidadão tinha votado, o que facilitava o trabalho 
dos jagunços. 
 
 
14º Por que razão, a adoção do voto universal na Constituição de 1891 não 
possibilitou a eleição de autênticos representantes da vontade popular? 
 
Porque ficavam de fora as mulheres, os mendigos, os analfabetos, etc. que não 
podiam se participar do universo eleitoral. Assim, só eram aptos para votas, 
apenas 3% da população brasileira, não sendo, desta forma, uma representação 
autêntica da vontade popular. 
 
15º É possível afirmar que o chamado “voto de cabresto” ainda seja 
utilizado em pleno século XXI? Justifique sua resposta. 
 
De maneira bem menos expressiva, mas ainda é possível encontrar práticas, de 
certa maneira mais sofisticadas, em pleno século XXI, semelhantes ao voto de 
cabresto. Principalmente diante da manipulação do poder da mídia, influenciando 
grande parte da sociedade a votar em um determinado candidato. Como 
também, através de alguns grupos religiosos, onde os seus líderes se 
candidatam e grande parte dos adeptos desta religião são persuadidos a votarem 
nestes líderes.

Continue navegando