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ASPECTOS ANTROPOLÓGICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO. AULA 01. - CULTURA - É o todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade (Edware Tylor). - RAÇA E ETNIA – Slide 07 aula 01. - DETERMINISMO BIOLÓGICO - De acordo com Laraia (1993), o determinismo biológico é um tipo de teoria que atribui capacidades ou incapacidades específicas, dadas geneticamente a raças ou a outros grupos humanos. Acredita-se que a possibilidade de escapar do determinismo é mínima ou nula. - DETERMINISMO GEOGRÁFICO - Esse conceito é relacionado ao aspecto geográfico, ou seja, o ambiente físico determina a cultura e, por isso, a diversidade cultural é dada pela diversidade geográfica. - ETNOCENTRISMO - É um fenômeno universal originado no fato de que o ser humano, ao enxergar o mundo através das lentes de sua Cultura, passa a considerar o seu modo de vida como o mais correto e mais natural. Lado positivo – supervalorização da cultura. Lado negativo – xenofobia, preconceito, etc. - RELATIVISMO CULTURAL - Não existe, em termos de cultura, nem melhor nem pior, nem mais nem menos, nem superior nem inferior. Os padrões de beleza, de justiça, de moralidade etc., são relativos à cultura na qual os indivíduos estão inseridos. Existem diferenças no modo de pensar e de agir entre as diversas culturas que, segundo o relativismo cultural, devem ser respeitadas. Porém, muitas vezes essa posição tem sido encarada como descaso, apatia, em relação ao outro. - CULTURA X EDUCAÇÃO – Cultura é uma produção exclusivamente humana. A partir daí percebemos que os mais velhos precisam transmitir a cultura para os membros mais novos, essa transmissão da cultura de uma geração à outra se dá pela educação. Nem sempre a educação ocorre dentro de instituições sociais como a escola. Nem sempre os que ensinam são professores especializados em ensinar, formados em disciplinas específicas. Em sociedades tribais, por exemplo, todos ensinam e todos aprendem. Os homens são seres com capacidade para elaborar, manipular e transmitir símbolos e é da necessidade e do potencial que surgem os mitos, as religiões e as ideologias. - MITO – É uma narrativa sobre a origem de alguma coisa que é considerada verdade devido à credibilidade do narrador (um filósofo grego, por exemplo). É também uma narrativa que se refere à natureza, aos deuses, ao universo e ao homem. Pode ter função explicativa, organizativa ou compensatória. Tem caráter educativo, pois normalmente traz uma mensagem. - RELIGIÃO - A religião é um vínculo entre o mundo profano (a natureza) e o mundo sagrado, isto é, a natureza habitada por divindades ou um mundo separado da natureza (Chauí, p. 253). - IDEOLOGIA - É um conjunto de convicções e conceitos (concretos e normativos) que pretende explicar fenômenos sociais complexos com o objetivo de orientar e simplificar as escolhas sócio-políticas que se apresentam a indivíduos e grupos. AULA 02. - A CIÊNCIA - A sociedade ocidental produziu uma forma específica de explicar o mundo, chamada de ciência, ou seja, uma forma racional, objetiva, sistemática, metódica e refutável de formulação das leis que regem os fenômenos. Na sociedade ocidental, a ciência é a principal forma de construção da realidade, considerada por muitos críticos como um novo mito por pretender ser a única promotora e critério de verdade. - SOCIOLOGIA - É considerada uma ciência nova, pois foi criada no século XIX, na França, por um pensador chamado Auguste Comte (1798-1857). A Sociologia surge num momento de ruptura entre o mundo medieval e o mundo moderno. Assim, a época é marcada por vários aspectos: - Desenvolvimento do comércio, da navegação e dos contatos com outros povos, bem como o crescimento urbano e o recrudescimento da produção artística e literária. - A falta de unidade política e religiosa, os conflitos entre as nações recém formadas, guerras intermináveis e as perseguições religiosas, na tentativa de conservar um mundo que agonizava. - Apesar do clima de fim de mundo visível nas obras artísticas da época, o fato é que, a partir de então, o homem ocidental passa a ter uma nova postura em relação à natureza e ao conhecimento. - TEOCENTRISMO - É a filosofia ou doutrina que considera Deus o fundamento de toda a ordem no mundo. - O FIM DO TEOCENTRISMO - Ao abandonar as explicações sobrenaturais, os indivíduos passaram a utilizar a indagação racional e o método científico através da observação e experimentação. - A REFORMA PROTESTANTE - De acordo com Quintaneiro, ao contestar a autoridade da Igreja como instância última na interpretação dos textos sagrados e na absolvição dos pecados, a Reforma colocou sobre o fiel essa responsabilidade e, instituindo o livre exame, fez da consciência individual o principal nexo com a divindade. Para Quintaneiro, “O espírito secular impregnou distintas esferas da atividade humana. Generalizou-se aos poucos a convicção de que o destino dos homens também depende de suas ações. Críticas à educação tradicional nas universidades católicas levaram à substituição do estudo da Teologia pelo da Matemática e da Química.” (2002, p. 13) - O RACIONALISMO - No século XVII, surge o Racionalismo e fortalece a ideia de que o homem produz a história e não a Divina providência. Essa concepção fundamentava a ideia de que a sociedade podia ser compreendida porque, ao contrário da natureza, ela é obra dos próprios indivíduos. O pensamento filosófico desse século contribuiu para a popularização do pensamento científico. A Teologia perdeu o posto de norteadora do pensamento. - O ILUMINISMO – Movimento que buscava modificar a sociedade, transformando antigas formas de conhecimento que se baseavam na tradição e na autoridade. - A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - É um fenômeno histórico ocorrido na Inglaterra, por volta do meado do século XVIII, que trouxe profundas alterações no mundo do trabalho, desagregou a sociedade feudal, ao reordenar a sociedade rural e abolir a servidão, e consolidou a civilização capitalista. É nesse momento que nasce o proletariado, isto é, a classe dos trabalhadores livres assalariados, e se exacerbam os problemas urbanos. - A REVOLUÇÃO FRANCESA - Pode ser vista como a luta política da burguesia contra as classes que dominavam o mundo feudal, ou seja, a monarquia absolutista e a Igreja Católica. A burguesia, que já tinha o poder econômico, queria um Estado que assegurasse sua autonomia em relação à Igreja e que protegesse e incentivasse a empresa capitalista. - AUGSUTE COMTE - Auguste Comte é considerado o pai da Sociologia, também conhecida como Física Social. De acordo com Tomazi, Comte rompeu logo cedo com a tradição de sua família monarquista e católica, transformando-se em um republicano com ideias liberais, desenvolvendo atividades políticas e literárias que lhe permitiram elaborar uma proposta para solucionar os problemas da sociedade de sua época. Vivendo no período imediatamente posterior à Revolução Francesa, preocupou-se em organizar a sociedade que, em sua opinião, estava caótica. Comte propôs uma reforma completa da sociedade, começando pela “reforma intelectual plena do homem”. Ao modificar a forma de pensar do homem, por consequência, as instituições se transformariam. O sociólogo, estudando os fenômenos sociais com o mesmo espírito que animava os astrônomos, os físicos, os químicos e os biólogos, deveria fornecer os resultados de suas pesquisas aos homens de Estado, para que esses evitassem ou atenuassem as crises sociais. AULA 03. - EMILE DURKHEIM – Foi quem sistematizou a Sociologia. Durkheim tratou de definir a Sociologia, seu objeto de estudo,seu método de trabalho e seus conceitos fundamentais. Transformou temas como o Direito, a Educação, a Religião, o Suicídio e a Moral em objetos de análise sociológica. - UMA CIÊNCIA POSITIVA - O século XIX foi marcado por várias mudanças importantes. Uma delas é o fato de alguns pensadores, inclusive Émile Durkheim, terem se dedicado à fundação de uma nova ciência, cujo objetivo era dar conta das coisas da sociedade, abandonando a arte política e a simples especulação. - OS FATOS SOCIAIS – Características: Exterioridade - os fatos sociais agem sobre os indivíduos independentemente de suas vontades particulares. São maneiras de pensar, de agir e sentir que existem fora das consciências individuais. Coercitividade - para que o fato seja considerado social, deve também exercer algum poder de coerção sobre os indivíduos. Nem sempre a coercitividade é sentida quando me conformo com ela, mas se tento resistir, sinto seu peso. Em outras palavras, quando eu infrinjo uma regra, sofro algum tipo de punição. O grau de coerção do fenômeno torna-se evidente pelas sanções a que o indivíduo é submetido ao ir contra o fato social. As sanções podem ser de dois tipos: legais ou espontâneas. As sanções legais ocorrem quando, ao “violar as leis do direito, estas reagem contra mim de maneira a impedir meu ato se ainda é tempo; com o fim de anulá-lo e restabelecê-lo em sua forma normal se já se realizou e é reparável; ou então que eu o expie se não há outra possibilidade de reparação” (As Regras do Método Sociológico, p. 2). As sanções espontâneas, por outro lado, ocorrem quando deixo de seguir as convenções “mundanas”. Generalidade - todo fato social é geral, mas, não podemos dizer que todo fato geral é social. Para ser assim considerado, ele precisa ser coletivo (isto é, mais ou menos obrigatório). Daí decorre que este tipo de fenômeno deve ser estudado apenas em suas manifestações coletivas, como as crenças, as tendências e as práticas do grupo tomadas coletivamente, pois a sociedade não é o mero agregado dos comportamentos individuais. As tendências da moda e o idioma servem aqui como bons exemplos. - O ESTUDO DOS FATOS SOCIAIS - Depois de definir e caracterizar os fatos sociais, Durkheim se dedica a elaborar os principais passos, o método para o seu estudo. O primeiro passo diz respeito às regras relativas à observação dos fatos sociais. O principal e mais importante passo é encarar o fato social como coisa. Assim, surgem dois corolários: 1) O primeiro corolário consiste em afastar todas as noções prévias para estudar o fato social, pois os valores e sentimentos pessoais nada têm de científicos e possibilitam a distorção dos fenômenos. Dito de outra forma, os preconceitos, simpatias e caprichos do pesquisador devem ser afastados de suas análises. 2) O segundo corolário consiste em definir os fatos que serão estudados. Logo no início da pesquisa devemos considerar os caracteres mais exteriores do grupo de fenômenos, pois, por serem mais imediatamente perceptíveis, são estes que nos levarão aos menos visíveis e profundos, porém, mais explicativos. Isto pretende fornecer ao método sociológico o seu caráter objetivo. O segundo passo diz respeito às regras relativas à distinção entre o normal e o patológico. Para Durkheim, é muito importante saber o que é normal e o que é patológico em uma sociedade. Para classificarmos um fato devemos nos basear em uma espécie, um tipo social determinado, em uma fase determinada de seu desenvolvimento. As condições de saúde e de doença não podem ser definidas de forma abstrata e nem de maneira absoluta. No início do terceiro capítulo de As Regras do Método Sociológico, Durkheim afirma que os fenômenos normais são “os que são como deviam ser”, e os patológicos são aqueles que “deveriam ser diferentes do que são”. Dito de outra forma, normal é tudo o que é comum a todos ou quase todos. Em contrapartida, o patológico é tudo ou quase tudo que se apresenta de forma excepcional. - A CONSCIÊNCIA COLETIVA - A consciência coletiva é o nível mais profundo da realidade social. É a soma de crenças e sentimentos comuns à média dos membros de certa comunidade, constituindo um determinado sistema que possui vida própria, persiste no tempo e une as gerações. É, em outras palavras, o sistema de Representações coletivas presente em determinada sociedade. - SOLIDAREIDADE SOCIAL – Durkheim investigou a função da Divisão do Trabalho. O autor se preocupou em analisar, à luz da Morfologia Social, a evolução das sociedades e a coesão social que dela resulta. Isso o fez concluir que as sociedades caminham, natural e necessariamente, do estado mecânico em direção ao estado orgânico, apresentando uma solidariedade característica para cada um desses estágios. - SOCIEDADES MECÂNICAS - São aquelas de tipo pré-capitalista, muito “simples”, dotadas de forte consciência coletiva, onde a divisão do trabalho se baseia principalmente nos critérios de sexo e idade. Nesse tipo de sociedade, a identificação entre os indivíduos se dá por meio da família, da religião, da tradição e dos costumes. A autoridade coletiva é absoluta e a consciência coletiva é tão forte que se sobrepõe à consciência individual. A solidariedade social de tipo mecânica é gerada pelas semelhanças entre os indivíduos que, partilhando os mesmos sentimentos e valores, diferem pouco entre si. - SOCIEDADES ORGÂNICAS - São mais extensas, mais complexas. Por possuírem estruturas econômicas avançadas, exigiam uma divisão do trabalho não mais baseada em sexo e idade, mas, na diversidade de funções que torna os indivíduos interdependentes. Se nas sociedades mecânicas a consciência coletiva gerava uma irresistível coesão social, nas sociedades orgânicas a divisão do trabalho social tem por função criar a solidariedade social, pois a complexidade da vida e a ausência de semelhanças acabam por aproximar as pessoas, fazendo com que se completem. Em sociedades com forte divisão do trabalho, as relações sociais se baseiam na especialização de tarefas. Assim, a educação tem caráter duplo, pois, ensina aos novos membros valores, crenças e conhecimentos que devem ser gerais à massa da sociedade e, por outro lado, fornece conhecimentos específicos da área profissional em que a pessoa deverá atuar. AULA 04. - A EDUCAÇÃO COMO FATO SOCIAL - De acordo com Émile Durkheim, “os sistemas educativos são o conjunto de práticas e instituições que se organizaram lentamente ao longo do tempo, que são solidárias com todas as outras instituições sociais e que as exprimem, que, por consequência, não podem ser mudadas mais facilmente do que a própria estrutura da sociedade”. - O DUPLO ASPECTO - O sistema educativo, em qualquer sociedade, possui duplo aspecto, ou seja, é simultaneamente: UNO - Porque se configura como a base comum. É composto pelos sentimentos, valores, ideias e práticas que devem ser inculcados em todas as crianças, sem distinção, seja qual for a categoria social à qual pertençam. É, resumidamente, o que há de comum a todos. MÚLTIPLO - Depende dos meios, das classes sociais, das profissões. “Cada profissão, com efeito, constitui um meio sui generis que reclama aptidões particulares e conhecimentos especiais, onde reinam certas ideias, usos, maneiras de ver as coisas; e, como a criança deve ser preparada tendo em vista a função que será chamada a desempenhar, a educação, a partir de certa idade não pode mais continuar a ser a mesma para todas as pessoas às quais ela se destina”. - A SOCIEDADE E O INDIVÍDUO - Cada sociedade formula determinado ideal de ser humano, ou seja, é a sociedade que determina o que esperar do indivíduo, seja do ponto de vista intelectual, físico ou moral. Em outras palavras, seremos aquilo que a sociedade espera que sejamos.Assim, se até certo ponto esse ideal é o mesmo para todos os cidadãos, há um momento em que os indivíduos devem se diferenciar, segundo os meios sociais particulares em que estão inseridos. É a sociedade, em seu conjunto, e cada meio social, em particular, que determinam o ideal a ser realizado. A homogeneidade é importante, pois é a base onde os sistemas de educação específicos se fundamentarão. A educação a perpetua e reforça, fixando na criança certas similitudes essenciais, exigidas pela vida coletiva. É a heterogeneidade que torna a cooperação possível. A educação assegura a persistência dessa diversidade necessária, o que permite especializações. - OBJETIVO DA EDUCAÇÃO - É constituir o ser coletivo em cada um de nós, pois o ser social não nasce com o homem, não se apresenta na constituição humana primitiva, como também não resulta de nenhum desenvolvimento espontâneo. Ao contrário, foi a sociedade, na medida em que se formou e se consolidou, que tirou de dentro de si essas grandes forças morais, diante das quais o indivíduo isolado sente a sua fraqueza e inferioridade. Na verdade, o homem só é homem porque vive em sociedade. Para comprovar essa afirmação, Durkheim mostra o desenvolvimento da moral, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento da linguagem, coisas que só podem acontecer na vida em sociedade. - O ESTADO E A EDUCAÇÃO - O Estado é a instituição social mais importante que tem influência sobre a educação, tendo mais peso que a família, segundo Durkheim. Não poderia ser de outra forma, dado o caráter coercitivo atribuído pelo autor à educação. NOTA 1: Uma visão contrária à minha, pois penso que a família tem um papel mais importante que o Estado na educação. O Estado tem o papel de criar a infraestrutura para que a educação seja acessível à todos. Se os estado fosse tão coercitivo assim não haveria tantas pessoas sem acesso à educação ou abandonando-a. Por outro lado temos nas famílias uma coercitividade muito maior, pois ela mostra aos seus que a educação é o caminho para um futuro melhor. Durkheim percebia a ausência de unidade moral em sua sociedade, e a presença de muitas concepções divergentes, por isso se preocupava com a escola e com os professores. NOTA 2: Outra colocação duvidosa pois, a quem serve a uniformidade, a padronização? As diferentes correntes de pensamento tem de existir e coexistir. Se vão influenciar “as mentes em formação” é um assunto que deve ser discutido de forma coletiva entre educadores, pais e Estado e em todos os ambientes: escola, trabalho e lar. AULA 05. - KARL MARX E SUA INFLUÊNCIA: 1) EUROPA: No início do século XX, o mundo assiste a uma grande expansão do chamado socialismo real, nas mais diversas regiões. Com fim da Segunda Guerra Mundial e sob a influência soviética, verifica-se a expansão do socialismo pela grande maioria dos países do leste europeu como Polônia, Bulgária, Hungria, Romênia dentre outros. 2) ÁSIA: Em 1949 é a vez a da China que, em uma revolução camponesa comandada por Mao Tse Tung também inclui esta nação na órbita do mundo socialista. Outros países asiáticos, como Coréia do Norte e Vietnã, sob o comando de partidos comunistas, passam a hastear a bandeira vermelha do socialismo marxista-leninista nas décadas de 1950 e 1970, respectivamente. 3) ÁFRICA: Durante as guerras de libertação nacional, Angola e Moçambique também fazem opção por uma ordem socialista. 4) AMÉRICA CENTRAL: No continente americano é a vez de Cuba, que sob o comando de Fidel Castro, passa a fazer parte do mundo socialista em 1960. Todo este quadro no cenário geopolítico mundial mostra a importância do marxismo para o mundo contemporâneo. Na verdade, esta bipolaridade entre os dois modelos socioculturais — o ocidental, marcado pela presença do capitalismo e da economia de mercado, e o socialismo — traria muitas consequências para as relações entre as diferentes nações do mundo, dentre as quais se destaca a própria guerra fria. - ENGELS - Com a participação de seu amigo e colaborador Friedrich Engels, Marx tinha, como objeto de sua pesquisa, a sociedade capitalista do século XIX. Suas teses e princípios teóricos eram baseados no materialismo dialético. Neste sentido, para Marx, as contradições não seriam situações anômalas presentes na sociedade, mas ao contrário, fariam parte de sua própria essência. - O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO - A identificação destas contradições no interior da sociedade concentraria o foco da análise marxista no modo como o trabalho social é organizado. A análise da história humana com base nos princípios da dialética materialista levaria Marx a identificar as contradições de interesses existentes entre as principais classes sociais, como o principal fator de motivação das mudanças sociais. Para Marx, esta “luta de classes” seria o principal combustível para as transformações nas sociedades humanas. Este modo de pensar a sociedade daria origem a um novo conceito elaborado por Marx, que seria o materialismo histórico. Na prática, uma aplicação da dialética materialista ao estudo da história humana. Na perspectiva marxista, o trabalho social não funciona apenas como um intermediário das relações entre sociedade e natureza, mas também como o intermediário nas relações estabelecidas pelos homens entre si. A qualidade das ferramentas ou forças produtivas utilizadas pelos indivíduos, somada aos tipos de relações estabelecidas no processo produtivo caracterizaram, na concepção marxista, o modelo de sociedade com o qual se estaria lidando. - TIPOS DE SOCIEDADE OU MODOS DE PRODUÇÃO: 1) ESCRAVISTA - O escravismo predominou na chamada Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), momento em que as principais contradições se dariam entre os escravos e seus senhores. 2) FEUDAL - O feudalismo predominou na Idade Média, cujo antagonismo de classes seria identificado entre os nobres, donos das terras e os servos que, ao ocuparem estas terras, se viam obrigados a prestarem serviços aos primeiros. 3) CAPITALISTA - O predomínio do capitalismo é no período contemporâneo. Nesta nova fase da organização social, as relações de produção ou o modo como os indivíduos se relacionavam para organizar e implementar o trabalho social seriam desenvolvidos com base num processo de remuneração assalariada da mão de obra. Eram os operários que, desprovidos da propriedade das fábricas e dos meios de produção, “vendiam” aos burgueses, donos destes estabelecimentos, o único bem que possuíam que seria a sua força de trabalho. Assim, neste modo de produção, como afirmava Marx, as principais contradições seriam aquelas existentes entre a burguesia — dona dos meios de produção — e o proletariado, que compreenderia os operários e trabalhadores de um modo geral. É importante destacar que, a cada um desses modos de produção corresponderiam diferentes níveis de desenvolvimento das forças produtivas e diferentes formas de organização do trabalho social ou das relações de produção. São justamente as diferentes posições dos homens com relação às formas de propriedades presentes numa sociedade, ou modo de produção, que irão definir as diferentes classes sociais existentes. A transformação de um tipo de sociedade para outro, ou de um modo de produção a outro, se dá por meio dos conflitos abertos entre a classe dominante e as classes exploradas num determinado período. Assim, de acordo com Marx, a história humana é uma história das lutas entre as classes.
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