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Direito Civil VI - Sucessões Aula 1 REGRAS GERAIS PRINCÍPIO DE SAISINE: Ficção jurídica que estabelece a transmissão da universalidade patrimonial no exato momento da morte (art. 1.784, CC). Norma Vigente e Lugar: Legislação em vigor ao tempo da abertura da sucessão (art. 1787, CC). Último domicílio do autor da herança (art. 1.785, CC) ESPÉCIES: ORIGEM: TESTAMENTÁRIA: a origem é a vontade. LEGÍTIMA: origem é a lei (suplementar à testamentária, conforme art. 1788 e 1789, CC). HERDEIROS NECESSÁRIOS (art. 1845, CC): descendentes, ascendentes e cônjuge (este somente para sucessões abertas a partir do Código Civil de 2002) e companheiros (Recursos Extraordinários 646721 e 878694) HERDEIROS LEGÍTIMOS FACULTATIVOS SOMENTE HAVERÁ SUCESSÃO LEGÍTIMA: a) não houver testamento (ab intestato); b) testamento inválido ou ineficaz; c) testamento não envolver todos os bens; d) houver herdeiros necessário. PRINCÍPIO DA SOBRA. ESPÉCIES: EXTENSÃO: UNIVERSAL (HERANÇA): sucessor tem direito a todo o monte em porcentagem. SINGULAR (LEGADO): sucessor somente tem um direito certo, determinado pelo testador. NATUREZA JURÍDICA DA HERANÇA: IMÓVEL (art. 80, II, CC) + UNITÁRIO (art. 1791, CC) + INDIVISÍVEL (até a partilha – art. 1791, parágrafo único, CC) EQUIPARAÇÃO AO CONDÔMINO Cessão de Direitos hereditários: Contrato FORMALIDADE (art. 1793, CC): escritura pública, pois é negócio translativo de imóvel. VÊNIA CONJUGAL (art. 1647, I, CC). INEFICÁCIA: não pode o objeto versar sobre bem particular por causa da natureza indivisível da herança (art. 1793, § 2º, CC). DISPOSIÇÃO DE BEM SINGULAR: autorização judicial por alvará (art. 1793, § 3º, CC). EQUIPARAÇÃO AO CONDOMÍNIO: coerdeiro pode celebrar contrato que implique na transferência do seu direito. PREFERÊNCIA: tal qual o condômino (art. 504, CC), o coerdeiro tem de oferecer aos demais o direito hereditário antes de transferi-lo (art. 1794 e 1795, CC). ADMINISTRAÇÃO PROVISÓRIA Elenco legal (art. 1.797, CC). Atribuições. Aula 2 Aceitação e Renúncia Conceitos: ACEITAÇÃO (art. 1.804, CC): consolidação dos efeitos da saisine. RENÚNCIA (art. 1.804, parágrafo único, CC): eliminação dos efeitos da saisine (renunciante nunca sucedeu). Efeitos: RETROATIVIDADE e IRREVOGABILIDADE (art. 1812, CC): resultado natural tanto da aceitação quanto da renúncia. Espécies: ACEITAÇÃO: expressa, tácita (art. 1.805, CC) e presumida (art. 1.807, CC). RENÚNCIA: abdicativa (art. 1.806, CC) e translativa (art. 1.805, § 2º). Características: NÃO SE ADMITE FRAGMENTAÇÃO (art. 1.808, CC), salvo de se alguém suceder em qualidades distintas, pode aceitar uma delas e renunciar a outra (herdeiro e legatário / herdeiro sob qualidades distintas). Efeitos: Acresce os quinhões das pessoas da mesma classe. REPRESENTAÇÃO: não se admite quanto ao renunciante. Transmissão: SE o posmoriente falecer antes de aceitar ou renunciar, o direito é transmitido para os seus herdeiros. ATENÇÃO: se, em sucessão for testamentária e a nomeação estiver atrelada a uma condição suspensiva que não tiver ocorrido antes da segunda sucessão, não ocorrerá a transmissão. A renúncia da segunda sucessão ilide a transmissão; a aceita da primeira significa aceitação tácita da segunda. Credor do Renunciante: HABILITAÇÃO DO CREDOR DO RENUNCIANTE no inventário para percepção do pagamento diretamente nos autos dependerá de dois requisitos (devem ser comprovados pelo credor). 1 – PREJUÍZO: a renúncia tem de obstar a satisfação do crédito mediante execução do patrimônio do renunciante. 2 – TEMPESTIVIDADE: 30 dias a contar do conhecimento da renúncia. EXCLUSÃO Perda de todos os direitos sucessórios NATUREZA PUNITIVA: prática de um ato de indignidade (art. 1.814, CC) ou de deserdação (art. 1.961, CC). PRAZO: 4 anos, a contar da abertura da sucessão. INDIGNIDADE INDIGNO: qualquer sucessor, herdeiro ou legatário. ATOS: art. 1.814, CC REABILITAÇÃO: caráter privado; direito patrimonial. DESERDAÇÃO HERDEIROS NECESSÁRIOS. DESERDAÇÃO: indicação da causa em testamento. PRAZO: 4 anos a contar da abertura do testamento. AÇÃO DE DESERDAÇÃO LEGITIMIDADE ATIVA (art. 1965, CC): mesma compreensão da ação de indignidade. LEGITIMIDADE PASSIVA: somente o herdeiro necessário, salvo o cônjuge (falta de previsão legal). TESTAMENTO: pressuposto processual, pois é prova que necessariamente tem de instruir a petição inicial, salvo se o testador morreu incapaz e testar. ATOS DE DESERDAÇÃO HERDEIROS NECESSÁRIOS: podem ser excluídos por indignidade e por deserdação. ATENÇÃO: exame da causa deve considerar os aspectos subjetivos dos envolvidos e o binômio gravidade x punição. DESCENDENTES: deserdação pela prática dos atos elencados taxativamente no art. 1962, CC ASCENDENTES: deserdação pela prática dos atos elencados taxativamente no art. 1963, CC EFEITOS DA EXCLUSÃO PRINCIPAL: perda dos direitos sucessórios – equiparação ao pré- morto. DIREITO DE REPRESENTAÇÃO: equiparação ao pré-morto SECUNDÁRIOS (apenas para os bens perdidos em razão da exclusão): perda do usufruto dos bens dos filhos sob poder familiar e da eventual sucessão + indenização pelos frutos percebidos + não pode reclamar por benfeitorias, salvo as necessárias. Alienações praticadas pelo excluído Terceiro de boa-fé: somente manterá o direito real se a aquisição for onerosa. OBS: nesse caso, o alienante terá de pagar perdas e danos àquele que se beneficiou pela exclusão. Vocação Hereditária DIREITO SUCESSÓRIO REGRA (art. 1798, CC): pessoa viva ao tempo da abertura da sucessão (sobrevivência ainda que por breve momento). PREMORIENTE e COMORIENTE: ausência de vocação hereditária. Nas espécies de sucessão... => SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: sucede somente quem estiver nomeado e limitado à disposição => SUCESSÃO LEGÍTIMA: a) SUCEDER: direito próprio ou representação (art. 1851, CC). b) PARTILHAR: cabeça ou estirpe. E quem não tinha nascido ainda ? NASCITURO: aguardar o nascimento para aquisição do direito (art. 2º, CC) Apenas na sucessão testamentária... PROLE EVENTUAL: concepção ocorrida até 2 anos da abertura da sucessão (art. 1800, § 4º, CC). Até se saber quem é o sucessor, administração tocará ao genitor, salvo se o testador dispuser diferente (art. 1800 e § 1º) Apenas na sucessão testamentária... PESSOA JURÍDICA: pública ou privada, regular ou irregular. Aula 3 Sucessão Legítima Conceito: Ocorre por força de lei. A legislação estabelece quem pode suceder e como será partilhado o patrimônio em sucessão. Modos de... SUCEDER: basicamente, DIREITO PRÓPRIO ou REPRESENTAÇÃO. PARTILHAR: basicamente, CABEÇA ou ESTIRPE. Sucessão por transmissão Somente ocorre na hipótese de pós-morto Então, quem é o herdeiro aparente ? NEM TUDO QUE RELUZ, É OURO. É bastante comum os equívocos na sucessão gerar hipóteses de posse de boa-fé em relação àqueles que creem ser herdeiros, mas não o são. Aula 4 Ordem da vocação Hereditária 1ª Classe: descendentes em concorrência com o cônjuge sobrevivente (supérstite) Modo de suceder do cônjuge: invenção do Código Civil de 2002. Regra: cônjuge sucede, partilhando a herança com os descendentes. Exceções (não haverá concorrência) Comunhão universal de bens Separação obrigatória (art. 1.641, CC) Comunhão parcial SEM bens particulares Enunciado 270, III Jornada de Direito Civil Segundo entendimentopredominante, somente se assegura ao cônjuge sobrevivente o direito à concorrência com os descendentes sobre os bens particulares, exceto se o regime de bens for a separação obrigatória. E a partilha dos bens entre descendentes e cônjuge ? No que o cônjuge suceder, terá direito ao mesmo quinhão que tocar ao descendente. Se também for ascendente de todos os herdeiros com quem concorrer, o cônjuge garante para si o mínimo de ¼ na partilha. E se houver filiação híbrida ? “Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, não será reservada a quarta parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação híbrida.” Enunciado 527, V Jornada de Direito Civil Aula 5 2ª Classe: ascendentes Apenas na absoluta ausência de descendentes Não se admite representação Partilha por linha 2ª Classe: ascendentes em concorrência com o cônjuge supérstite Enunciado 609, VII Jornada de Direito Civil Partilha com ascendentes de primeiro grau Partilha com ascendentes de grau superior ao primeiro ou com somente um ascendente Direito real de habitação => Somente para o único imóvel que sirva de residência para a família relacionado no inventário. => Independe do regime de bens; independe de ter o cônjuge sucedido ou não. => Direito vitalício, mesmo se houver formação de nova família. Ausência total de descendentes e ascendentes Integralidade da herança para o cônjuge sobrevivente (art. 1.829, III c/c 1.838, CC) ou companheiro(a) – Recursos Extraordinários 646721 e 878694. Exceção: art. 1830, CC. Colaterais até 4º grau de parentesco Obedecer a ordem do grau de parentesco Discriminação entre irmãos bilaterais e unilaterais Discriminação entre filhos de irmãos bilaterais e filhos de irmãos unilaterais. Sobrinhos X tios Aula 6 Sucessão cônjuge SUCESSÃO ABERTA ANTES DE 11/01/2003) USUFRUTO VIDUAL: estende-se sobre toda a herança (25% sobre cada bem se os herdeiros forem descendentes e 50% em caso de herdeiros ascendentes), desde que o regime de bens não seja comunhão universal. Direito era extinto se formada de nova família. Direito real de habitação SE o regime de bens for a comunhão universal. Somente se houver um único imóvel que sirva de residência para a família relacionado no inventário. Direito era extinto em caso de formação de nova família. Direito Real de Habitação Sucessão aberta a partir de 11/01/2003 Independe do regime de bens. Independe de ter o cônjuge sucedido ou não. Direito vitalício, mesmo se houver formação de nova família. Somente para o único imóvel que sirva de residência para a família relacionado no inventário. Companheiros Depende do momento do óbito Antes da Lei nº 8.971/94: nada Após a Lei nº 8.971/94: usufruto vidual Após a Lei nº 9.278/96: depende do regime de bens (igual era a situação do cônjuge – equiparação) Atualmente: mesmo direito dos cônjuges – Recursos Extraordinários 646721 e 878694. Perda do direito sucessório Cônjuge / companheiro sem direito algum Tempo do óbito (art. 1830, CC): separação judicial ou separação de fato por mais de 2 anos sem culpa do sobrevivente. Enunciado 525, V Jornada de Direito Civil: inadequado aos novos tempos... Aula 7 Sucessão testamentária Liberdade de testar Excepcionada por limitações constitucionais e legais – supremacia da ordem pública. DISPOSIÇÕES DE ÚLTIMA VONTADE: tanto de natureza patrimonial quanto extrapatrimonial. D.A.V. e testamento vital (Enunciado 528, V Jornada) Capacidade de testar Aferição ao tempo de testar 16 anos Ato personalíssimo Incapacidade ou incapacidade superveniente Tipos de testamento Princípio da Variabilidade / Numerus Clausus Ordinários: espécies autorizadas por lei nas situações comuns do cotidiano. Especiais: apenas para as hipóteses excepcionais previstas em lei, nas quais não se possa escolher um ordinário. Testamentos ordinários Concedidos por lei para que a pessoa expresse sua última vontade. Público Cerrado Particular Observação: codicilo Testamento Público Lavrado em livro de notas Língua portuguesa 2 testemunhas Único testamento ordinário que pode ser feito por cego, analfabeto ou por quem não puder assinar. Testamento Cerrado Entregue pelo testador ou lavrado no tabelionato. 2 testemunhas Auto de aprovação e registro em livro Idioma nacional ou estrangeiro Coser o testamento Caducidade Testamento Particular Confirmação: reconhecimento das testemunhas (ao menos uma + outras provas). Idioma estrangeiro: testemunhas devem compreendê-lo. Hológrafo simples (Enunciado 611, VII Jornada de direito Civil c/c art. 735 a 737, CPC) Testamentos especiais: Marítimo e Aeronáutico Insegurança quanto a estar vivo ao desembarcar e aptidão para celebrar testamento ordinário à escolha. Presidido pelo comandante autoridade (aeronáutico admite delegação) Necessidade de 2 testemunhas. Por que um testamento marítimo ou Aeronáutico? REGISTRO EM LIVRO DE BORDO: entrega do testamento à autoridade nacional de destino, mediante recibo averbado no livro de bordo. Testamento Militar TESTADOR a serviço das armas em campanha ou em praça sitiada ou com comunicações interrompidas, onde não haja tabelião. TESTEMUNHAS: 2 (regra); excepcionalmente, 3 (se o testador não puder ou souber assinar). Oficial mais graduado (regra): responsável pela redação do testamento; excepcionalmente, o comandante de um corpo destacado ou médico responsável pelo atendimento. Caducidade do Testamento Especial MARÍTIMO e AERONÁUTICO: 90 dias em que seja possível fazer testamento ordinário. MILITAR: 90 dias em que seja possível fazer testamento ordinário, salvo se cumpridas as formalidades do art. 1.894, parágrafo único, CC. Testamento Nuncupativo Testador em combate ou ferido mortalmente Testamento oral, ditado para 2 testemunhas, que devem reportar a última vontade para o comandante Caducidade se o testador não morrer dos ferimentos ou no combate. Única hipótese de testamento oral aula 8 Codicilo Disposição de última vontade: menor formalidade (basta ser escrito + datado e assinado) Somente para bens móveis de pequeno valor ou disposições extrapatrimoniais (restrição do objeto). Revogação: muito cuidado Cláusulas restritivas Cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade Somente se houver justo motivo (art. 1.848, CC). Extensão da vacatio legis para aditamento (art. 2042, CC). Dispensa de justificativa para a disponível. Legados Sucessão a título singular Fonte de obrigação: legatário é credor da disposição testamentária. Regra: objeto do legado tem de constar no patrimônio do testador ao tempo da abertura da sucessão, sob pena de caducidade (art. 1.912 e 1.939, II, CC). Sucessão a título singular: exceções Objeto identificado pelo gênero: não precisa existir no monte. Concentração da obrigação da dar coisa incerta: em regra, os herdeiros (devedores); exceções têm de estar previstas em lei. Se couber ao legatário, pode escolher a coisa mais valiosa. Alienação da coisa legada Alienação parcial: persiste o legado no remanescente. A recíproca não é verdadeira (coisa legada com maior dimensão ao tempo do óbito). Cuidado: caducidade por alienação mesmo quando a coisa legada ainda existir no monte – valorização da vontade. Legado de coisa alheia Regra: não se admiteporque a coisa tem de pertencer ao testador. EXCEÇÃO: legado condicional (art. 1.897, CC) em que alguém é instituído sucessor desde que entregue coisa (sublegado) sua a um terceiro (sublegatário). Presunção absoluta de renúncia. Legado de quitação de dívida Regra: aberta a sucessão, os créditos são dos herdeiros, cabendo aos devedores do falecido lhes pagar as dívidas. Testamento: pode se limitar a dar quitação de dívida. Um eventual pagamento admite in rem verso, ou seja, devolução do indébito. Legados de crédito Eficácia: importância identificada ao tempo da abertura da sucessão. Créditos: apenas aqueles que existirem ao tempo da elaboração do testamento. Compensação: não se admite, salvo expressa disposição em contrário. Legado de usufruto Limitação à disponível: interpretação à luz da restrição à liberdade de testar do art. 1.857, § 1º, CC. Usufrutuário: integralidade das vantagens sociais e econômicas dos bens sucedidos. OBS: atentar para as diferenças em relação às pensões periódicas e rendas vitalícias Legados de renda Necessidade: sustento, vestuário, cura e casa (se o legatário for menor, educação também). Valor da pensão: trinômio necessidade x possibilidade x proporcionalidade com as forças da herança em produzir renda. OBS: somente a disponível (art. 1.857, § 1º, CC). Caducidade Alteração da coisa legada: a caducidade somente ocorre se for tão profunda que modifique a denominação. Premoriência / comoriência / exclusão / renúncia Nomeação atrelada a uma condição suspensiva que não ocorreu antes da morte do legatário aula 9 Sucessão testamentária Substituição testamentária Espécies: vulgar (recíproca) e fideicomissária. Substituição vulgar: afastamento do princípio da sobra. Substituto sucede se o originário não suceder. Modalidade recíproca: sucessores testamentários são substitutos uns dos outros. Fideicomisso Espécie de substituição testamentária: a propriedade da herança é do fiduciário (bem fideicometido); após, é transferida para o fideicomissário. Usufruto do fiduciário: caso o fideicomissário tenha vocação hereditária ao tempo da morte do testador. Se o fideicomissário não puder ou não quiser substituir o fiduciário: propriedade consolida-se perpétua (art. 1955 e 1958, CC) Observação: não se pode estabelecer mais de uma substituição fideicomissária (art. 1.959, CC). Direito de acrescer Disposição de quinhão hereditário para um grupo sem especificar o quanto toca a cada um (art. 1.941, CC): caso haja indicação de quinhão especificado, não haverá direito de acrescer. Ressalva à substituição depende da cláusula Mesma regra dos coerdeiros: especificação elimina o direito de acrescer. Bens divisíveis: somente se a divisão da coisa implicar em desvalorização (art. 1942) Redução testamentária Excesso: somente é identificado quando houver herdeiros necessários por ser a proporção do monte que ultrapassa a disponível (art. 1966 a 1968, CC). Regra: redução proporcional da herança instituída; se não bastar, redução dos legados na proporção dos seus valores. Não se pode alterar esta ordem. Imóvel divisível: redução ad mensuram. Imóvel indivisível: se o excesso não ultrapassar 1/4 do valor do legado, legatário deve pagar o excesso aos herdeiros; se ultrapassar, o imóvel é dos herdeiros, devendo eles pagar o valor da disponível ao legatário. Vale a compensação. Revogação de testamento Ato de vontade: retirar a eficácia do testamento válido. Espécies: a) total ou parcial / b) expressa ou tácita. Disposição nula: não tem poder revocatório, ao contrário da disposição ineficaz. Não se admite repristinação. Rompimento de testamento Descendentes: inexistência ou ignorância ao tempo em que é elaborado o testamento (art. 1.973, CC). Outros herdeiros necessários: ignorância quanto à existência ao tempo da elaboração do testamento (art. 1.974, CC). Cuidado: necessário que o herdeiro necessário inexistente ou ignorado sobreviva ao testador Aula 10 Inventário Conceito Procedimento em que se apuram os bens e os sucessores do morto, pagam-se suas dívidas e se partilha o patrimônio. Havendo um único herdeiro não se procede à partilha, mas sim a adjudicação dos bens. Partilha: fim da indivisibilidade do patrimônio. Extrajudicial Faculdade concedida pela Lei nº 11.441/2007: todos maiores + concordes + assistidos por advogado Havendo incapaz ou testamento: judicial. Enunciado 600, VII Jornada de Direito Civil (TJSP e TJRJ) Inventário negativo Interessado pretende declaração judicial de inexistência de bens da pessoa falecida. Finalidade: salvaguardar seu patrimônio pessoal de dívidas eventualmente deixadas pelo de cujus + afastar causa suspensiva de casamento (art. 1.523, I, CC). Inventariante Requerimento de nomeação: ordem preferencial do art. 617, CPC. Após a nomeação: prazo de 5 dias para assinar o respectivo compromisso (art. 617, parágrafo único, CPC). Assinatura do compromisso: 20 dias para apresentação das primeiras declarações (art. 620, CPC) Atos do inventariante ADMINISTRAÇÃO: pode praticar de ofício, desnecessária a autorização judicial, porém tem de prestar contas (art. 618, CPC) ATOS DE DISPOSIÇÃO: necessária alvará judicial (art. 619, CPC). Caráter contencioso Apresentadas as primeiras declarações, devem ser citados os herdeiros. Mandado de citação: instruído por cópia das primeiras declarações. Impugnação: prazo comum de 15 dias, contados da juntada do último mandado de citação. Herdeiro não incluído no inventário Deve requerer habilitação até a partilha. Prazo comum de 15 dias para manifestação. Se indeferido o pedido, deve o interessado servir-se dos meios ordinários (declaração de união estável, investigação de paternidade etc.). Cabe pedido de reserva (art. 628, CPC) Herança Jacente Conceito Procedimento especial de jurisdição voluntária sempre que for aberta uma sucessão e não serem conhecidos os herdeiros ou se estes não se mostrarem interessados na sucessão. Certeza de haver bens de alguém que morreu / incerteza se há herdeiros. Primeiro momento do procedimento A arrecadação dos bens, posse e administração ficam confiados a um curador nomeado pelo juiz até que herdeiro se habilite ou até a definitiva incorporação ao patrimônio público (art. 743, CPC). Encerrada a arrecadação e finalizado o inventário, são publicados editais para convocar todos os interessados na sucessão (art. 741, CPC) Sentença de vacância Após 1 ano da publicação do 1º edital, resolvidas todas as habilitações pendentes, poderá ser declarada a vacância. Só a partir desse momento, os bens serão públicos. Se procedente uma habilitação, procedimento converte-se em inventário. Ações diretas As habilitações somente podem ocorrer até a prolação da sentença que declara a vacância. Após o trânsito em julgado, os herdeiros, cônjuge, companheiro sobrevivente e credores somente poderão reclamar seus direitos em ação própria, desde que observado o prazo de 5 anos a contar da abertura da sucessão – art. 1.822, CC e 743, § 2º, CPC. Herdeiros colaterais Os herdeiros colaterais não podem reclamar seus direitos por ação própria, mas sim somente mediante habilitação até a prolação da sentença declaratória da vacância – art. 1.822, parágrafo único, CC. Vacância automática Prolação da sentença de vacância sem prévio procedimentode herança jacente (ausência de incerteza). Na hipótese de todos os herdeiros convocados à sucessão declarem, na forma da lei, renúncia ao direito sucessório, automaticamente poderá ser decretada a vacância – art. 1.823, CC. Petição de herança Primeiro momento do procedimento INVENTÁRIO NÃO-INICIADO: basta requerer a abertura. INVENTÁRIO NÃO-ENCERRADO: pedido de habilitação (art. 628, CPC) PARTILHA ENCERRADA: petição de herança (prazo de 10 anos, Súmula 149, STF). Efeitos Nova partilha, se herdeiros legítimos a mesma vocação hereditária (sem ofensa à coisa julgada): reposição proporcional. Adjudicação, se herdeiros legítimos de classe diversa. Efeitos da posse (art. 1826 e 1827, CC) Colações Igualdade entre descendentes Vale lembrar: descendentes são herdeiros necessários que partilham igualmente a herança legítima com o cônjuge ou companheiro (estes limitados aos bens particulares). Se descendentes forem beneficiados por liberalidades (assim como cônjuge ou companheiro, os valores são considerados adiantamento da herança) Cálculo Revogado parcialmente o art. 2004, CC pelo art. 639, parágrafo único, CPC: os bens doados são calculados pelo valor que tiverem ao tempo da abertura da sucessão (valores são corrigidos monetariamente). Dispensada a colação se um testamento incluir as liberalidades na disponível (nesse caso, só se paga o excesso) ou se o contrato contiver cláusula expressa Sonegados Bens conscientemente desviados da partilha pelo herdeiro que deixou de levá-los à colação ou não foram relacionados nas declarações do inventariante ou ocultados pelo testamenteiro ou herdeiro. EFEITOS: ilícito civil, perda da coisa sonegada; ilícito penal, apropriação indébita. Ação de sonegado DEVIDO PROCESSO LEGAL: em razão da natureza punitiva, tem de se garantir contraditório e ampla defesa => SENTENÇA DISTRIBUIÇÃO: dependência aos autos do inventário, salvo se o inventário for extrajudicial. Procedimento comum. Requisitos para pena de sonegado OBJETIVO: não relacionar o bem no inventário na primeira oportunidade de manifestação. SUBJETIVO: malícia, na medida em que se trata de conduta dolosa. Requisito subjetivo: controvérsia 1ª CORRENTE (majoritária) : prova da existência dos dois elementos. 2ª CORRENTE (Clóvis Beviláqua; Washington de Barros): a malícia está in re ipsa. 3ª CORRENTE : a malícia é presumida iuris tantum. Pena de sonegado INVENTARIANTE: perde a inventariança (art. 1.993, CC, 622, VI, CPC) HERDEIRO: perda da coisa ocultada, sob pena de responder pelo seu valor + perdas e danos (art. 1.992 e 1.995, CC) CPC: alteração da pena do sonegado por falta de colação – inclusão forçada na partilha.