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1 SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS Sistema inquisitivo _ é caracterizado pela concentração nas mãos do julgador, que exerce também a função de acusador. Tal sistema se caracterizou por considerar a confissão do réu como rainha das provas; por não haver debates orais, predominando processo escrito; o processo é totalmente sigiloso; há nele ausência do contraditório e a defesa é meramente decorativa. Sistema acusatório _ possui nítida separação entre o órgão acusador e o acusado, reconhecido o direito do ofendido; predomina a liberdade de defesa e a isonomia entre as partes do processo; há a publicidade do procedimento e o contraditório se faz presente; existe a livre produção de provas. Sistema misto _ Surgido após a Revolução Francesa, uniu as virtudes dos dois anteriores, caracterizando-se em duas fases, a 1ª seria a instrução preliminar com os elementos do sistema inquisitivo e a 2ª fase com os elementos do sistema acusatório. SUJEITOS NA RELAÇÃO PROCESSUAL PENAL Se no processo, instrumento de realização do direito material, pressupõe ao menos a existência de três sujeitos ordinariamente, as partes dessa relação material (acusação, defesa e o juiz). Sujeitos processuais são as pessoas entre as quais se constitui, se desenvolve e se completa à relação jurídico processual. Subdivide-se em principais e acessórias. Por principais são aqueles cuja a ausência torna impossível a relação jurídico processual. Já as acessórias são aquelas não sendo indispensáveis nela intervir de alguma forma. Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar força pública. Art. 257. Ao Ministério Público cabe: I – promover privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste código; e II – fiscalizar a execução da lei. IMPEDIMENTO, SUSPEIÇÃO E ADMISSIBILIDADE DAS PARTES NA RELAÇÃO PROCESSUAL PENAL: 2 Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I – tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; II – ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III – tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando- se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV – ele próprio ou seu cônjuge, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir nos mesmos processos os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau inclusive. Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por ato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III – se ele, seu cônjuge ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; VI – se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o 3 padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo. Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo de cria-la. Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. PERSECUÇÃO PENAL É a capacidade do Estado de reconhecer uma atuação do indivíduo na esfera penal, podendo ser na forma de crime ou contravenção penal (DL 3.088/41). É a atividade do Estado de reprimir as infrações penais. Se dá em duas fases: investigação criminal e ação penal. Na investigação busca-se a materialidade (prova de existência da infração penal) e a autoria (indícios de quem devia ter sido o praticante), com essas duas conclusões chega-se portanto, a justa causa. Modalidades de atuação do Estado para se chegar à materialidade da infração: Inquérito policial CPI MP Juízes criminais Peças de informação... Etc... Seja qual for à forma de investigação, busca-se o mesmo resultado: materialidade e autoria da infração. Segundo momento da persecução: ação penal. Para poder processar uma pessoa é necessário ter um inquérito policial? - o que é necessário é a justa causa (autoria), a forma como se obtém entra nas modalidades. 4 CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL: Dispensável ou prescindível, significa dizer que o inquérito policial não é essencial ao oferecimento da ação penal (ação pública ou privada). Na ação pública o autor é o Ministério Público na privada o autor é o querelante. O MP faz denúncia na petição inicial e o querelante oferece queixa crime. Dado início ao inquérito não há possibilidade de desistência. Podendo ser apenas arquivado e este arquivamento só é possível através do juiz! Indisponível (art. 17 CPP) a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito policial. Ler entre os artigos 4° ao 23° do CPP. Sigiloso (art. 20 CPP) a autoridade policial deverá assegurar o sigilo necessário para investigação do fato criminoso. Ele precisa ser sigiloso devido à elucidação do fato criminoso. Ver súmula vinculante n° 14 do STF, o advogado do investigado tem acesso amplo aos elementos de provas já “documentados” no inquérito. Mesmo sem procuração. Inquisitivo, significa dizer duas coisas: primeiro não possui contraditório e ampla defesa, pois não há acusação formal, ele é um procedimento administrativo. Ver lei 13.245/2016, e segundo é que todas as funções do procedimento estão concentradas nas mãos da autoridade policial. Informativo, é uma decorrência lógica do inquisitivo. Sistemático, Escrito, Etc... Sendo as anteriores características as principais. Considerando que o inquérito policial é inquisitivo, pode-se dizer que ele produz apenas elementos de informação (regra) logo, possui mero caráter informativo, o que não pode servir de base para a condenação. INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL O delegado poderá baixar uma portaria ou através do auto de prisão em flagrante. - auto de prisão em flagrante, quando o agente for pego no ato de delito criminoso. - portaria, todas as outras formas que não for APF. 5 Qual é a regra de instauração? - Formas de instauração do inquérito policial. Suas formas: - condicionada à representação: Nos crimes condicionados a representação, o inquérito não poderá ser instauradosem esta representação. - condicionada a requisição: É preciso ter a requisição do ministro da justiça. - instaurar ação penal privada: Nos crimes mais brandos, mais simples não haverá a possibilidade da instauração de ofício, é necessário o requerimento do ofendido ou do seu representante legal. Art. 5° caput e incisos 01 e 02 formas de se iniciar o inquérito: De ofício, somente nos crimes de ação pública condicionada; Requisição do juiz; Requisição do Ministério Público; Requerimento do ofendido ou do seu representante legal. Obs: requisição = ordem _ Requerimento = pedido. Obs: ART. 5°, parágrafo 2° ✓ “do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de polícia” Prazos de instauração do inquérito policial (duração) O normal é cobrar o que está no artigo 10 do CPP, prazo estadual, prazo da polícia estadual. Dependendo se preso: 10 dias (contado o dia do início) prazo improrrogável; se solto: 30 dias (data da instauração), prorrogável. O prazo do inquérito no âmbito federal, artigo 66 da lei 5.010/66. Se preso, 15 dias + 15 dias, improvável; se solto 30 dias, prorrogável. Se for lei de drogas, 11.343/06, se preso 30 dias + 30 dias; se solto 90 dias + 90 dias. 6 Se ao final dos prazos, o inquérito policial concluído ou disposto o suficiente para a segunda fase da persecução penal, deverá sair da delegacia e ir para o juiz, sendo ação penal pública, ele encaminhará para o MP, se for privada, o magistrado guardará os autos pelo prazo decadencial (perda do direito de ação), de 06 meses. Obs: situação diferente da que acontece aqui no RJ, a qual vai para o MP. Obs: juiz é chamado de destinatário mediato e promotor de destinatário imediato. Obs: o autor da ação, após realizado o inquérito policial, tem o prazo de 05 dias no caso do preso e 15 dias no caso do solto (autor MP) e querelante 6 meses, a partir da descoberta da autoria para ingressar com a ação. O que acontece quando o inquérito policial chega nas mãos do promotor: Oferecer a denúncia; quando o alcance da justa causa obteve sucesso. Baixar para diligências, art. 16 CPP; quando o agente percebe que será possível através de novas diligências chegar a uma justa causa. Requerer o arquivamento. Quando não foi possível dar prosseguimento por falta da justa causa. Obs: se o juiz concordar, ele arquiva; se não, ele vai remeter os autos do inquérito ao procurador geral de justiça (chefe do MP), na forma do artigo 28 CPP. Esse procurador terá 03 caminhos: 1. Concordou com o juiz: oferecerá pessoalmente a denúncia; 2. Concordou com o juiz: designará outro membro do MP para oferecer a denúncia; 3. Discordou do juiz: ele insistirá no pedido de arquivamento, que gerará como regra coisa julgada formal (rebus sic standibus), ao qual só então estará o juiz obrigado a atender ao pedido de arquivamento, podendo ser revisto, salvo exceções de irretroatividade. O que é necessário para desarquivar? - Novas provas que possam evidenciar a conclusão da justa causa. Após o arquivamento do inquérito policial, o que é necessário para? 7 - a polícia retomar as investigações? ART. 18 do CPP, a polícia precisa ter notícias de outras provas. - o MP oferecer a denúncia? Súmula 524 do STF, novas provas. Artigos que costumam cair em provas: Art. 7° do CPP, reconstituição do crime, reconstituição simulada dos fatos. ART. 11° do CPP, os instrumentos do crime. ART. 14° do CPP, pedido de diligências a autoridade policial, que será aceita ou não a critério desta, exceção da situação: ART. 184 do CPP, exame de corpo de delito. ART. 22°, circunscrições, áreas de atuação. ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO E INDIRETO DO INQUÉRITO POLICIAL ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO (TÁCITO) inicialmente esta figura não é admitida pelos órgãos superiores do Ordenamento Jurídico vigente. Há na doutrina quem admita este tipo de arquivamento. - Segundo Afrânio Silva Jardim, o arquivamento implícito ocorre quando o titular da ação penal (MP) se omite a cerca de algum indiciado ou alguma infração penal quando do oferecimento da denúncia. - Se divide em dois, subjetivo ou objetivo. 1. Subjetivo, é aquele que diz respeito a pessoas (indiciados) 2. Objetivo, é aquele que diz respeito a fatos, infrações penais. - Ocorre o arquivamento implícito subjetivo quando houver pluralidade de indiciados no IP. Ex: Bruno, Tiago, Tício e Mévio, todos indiciados e o MP efetivamente oferece a denúncia, mas oferece somente contra Bruno, Mévio e Tício, nada dizendo a cerca do indiciado Tiago. Para a doutrina que admite a modalidade do arquivamento implícito, ocorreu neste caso a modalidade pela omissão do indiciado Tiago. 8 Para o STF e o STJ que não admitem esta modalidade de inquérito, significando que a investigação deve prosseguir em relação Bruno, Tício e Mévio e surgindo indícios em relação a Tiago o MP deverá aditar a denúncia para incluí-lo e este aditamento ocorrerá na ação penal que esteja acontecendo ou se ela estiver muito avançada deverá ocorrer em alguma ação penal autônoma. Neste caso, Tiago foi preterido em relação à investigação. Para o STF e STJ não existe a figura do arquivamento tácito o arquivamento deve ser expresso, a pedido do MP e por decisão judicial. - ocorrendo arquivamento implícito objetivo, também não admitido pela jurisprudência do STF e STJ, ele dirá respeito aos fatos (infrações). Ex: Roubo (157.CP) e corrupção de menores, este IP é remetido ao poder judiciário e ao MP posteriormente para o oferecimento da denúncia e quando o MP oferecer a denúncia, oferecerá apenas denúncia do roubo. Para a doutrina que defende esta modalidade de arquivamento, ocorreu o arquivamento do delito de corrupção de menores se houve omissão por parte do MP; já para o STF e STJ a investigação deve continuar em relação à corrupção de menores e surgindo indícios de materialidade ou até indícios de autoria vai haver a possibilidade que o MP adite a denúncia para inclusão desta infração penal. ARQUIVAMENTO INDIRETO DO INQUÉRITO POLICIAL É uma expressão que não indica propriamente um arquivamento, surge porque no arquivamento indireto a situação vai ser tratada como se fosse um pedido de arquivamento. Imagine que ao receber o IP o MP tenha optado por requerer a declinação de competência ao Juiz, o MP- Estadual pede que haja a declinação de competência para a Justiça Federal. Não concordando o Juiz deverá de acordo com o art. 28 do CPP, remeter os autos ao PG como “se fosse” um pedido de arquivamento. Neste caso o MP-Estadual requer a declinação da competência, mas o juiz por sua vez entende que é sim da justiça estadual. Se o Procurador Geral entender que o MP-Estadual tem razão, ele insistirá na declinação e o juiz estadual será obrigado a declinar para a Justiça Federal e se o Procurador Geral concordar com o Juiz a situação vai ser a dele mesmo oferecer a denúncia na Justiça Estadual ou designar outro membro do MP para oferecê-la na Justiça Estadual.
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