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DIREITO CONSTITUCIONAL – PONTO 10

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DIREITO CONSTITUCIONAL – PONTO 10
Ordem Econômica: Princípios. Intervenção no domínio econômico. Formas e limites de intervenção. Repressão do abuso do poder econômico. Empresa pública e sociedade de economia mista. Da comunicação social. O planejamento na ordem constitucional. Os direitos constitucionais dos trabalhadores. Organização sindical. Família, Educação e Cultura. Da Ciência e da Tecnologia. Da criança, do adolescente e do idoso. 
Resumo atualizado em janeiro de 2011. Atualizado em agosto de 2012 por Heitor M. Gomes (obs.: em algumas partes, foi utilizado o texto do resumo do Concurso do TJDFT 2010 para a atualização).
PROPRIEDADE
ORDEM ECONÔMICA
PRINCÍPIOS. INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO. FORMAS E LIMITES DE INTERVENÇÃO. REPRESSÃO DO ABUSO DO PODER ECONÔMICO. EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA 
A ordem econômica indica o conjunto de normas tendentes a disciplinar o fenômeno econômico. A ordem econômica é o plexo normativo, de natureza constitucional, no qual são fixadas a opção por um modelo econômico e a forma como deve se operar a intervenção do Estado no domínio econômico. 
EROS ROBERTO GRAU define o Direito Econômico como sendo “o sistema normativo voltado à ordenação do processo econômico, mediante a regulação, sob o ponto de vista macrojurídico, da atividade econômica de sorte a definir uma disciplina destinada à efetivação da política econômica estatal.” 
Volta-se o Direito Econômico, portanto, à regulação macroeconômica, tais como: a renda nacional, emprego, preços, consumo, poupança, investimentos etc. Assim, do ponto de vista macrojurídico, permite-se destacar o Direito Econômico das normas jurídicas que tomam o fato econômico sob a ótica microjurídica (individual), por exemplo: o Direito Comercial, do Consumidor, do Trabalho etc.
PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA: previstos nos arts. 170 CF/88.
Antes disto, porém, é preciso que se tenham em mente os fundamentos da ordem econômica, previstos no art. 170, caput, da CF, quais sejam: a) valorização do trabalho humano; e b) livre-iniciativa. Em igual sentido, insta observar que o art. 1º, IV, CF, estabelece serem fundamentos da República Federativa do Brasil: a) os valores sociais do trabalho; e b) os valores sociais da livre-iniciativa. 
Embora o constituinte tenha primado pelo modelo capitalismo, não podemos esquecer a finalidade da ordem econômica: assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social, afastando-se assim de um estado absenteísta nos moldes do liberalismo.
São princípios gerais da atividade econômica:
I - soberania nacional;
Trata-se da soberania nacional econômica. Constituição econômica é esse conjunto de regras da ordem econômica. A economia globalizada trouxe abalo para a soberania dos estados, pois há sociedades com muito mais poder econômico do que os estados, havendo um conflito de forças entre estados e multinacionais. O Estado para ser soberano tem que ter força econômica. Tal princípio visa evitar a influência descontrolada de outros países em nossa economia ou de agentes econômicos dotados de grande poder. Pode-se enunciar como consequência disso, disposto no art. 172, CF, “a lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.”
II - propriedade privada e sua função social;
Trata-se da propriedade privada dos meios de produção. Lembrar que o direito de propriedade também é um direito fundamental, tendo, porém, que atender à sua função social.
III - função social da propriedade;
Essa propriedade privada dos meios de produção deve garantir a função social da propriedade.
IV - livre concorrência; (concorrência deve ser livre e legal)
Constitui livre manifestação (desdobramento) da liberdade de iniciativa, devendo, inclusive, a lei reprimir o abuso de poder econômico que visar a dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros (art. 173, §4º).
- Livre iniciativa: é a possibilidade de todos poderem exercer a atividade econômica;
- Livre concorrência: cuida das regras do exercício da atividade econômica, para que o seu livre funcionamento não reste turbado pelo abuso do poder econômico;
V - defesa do consumidor; 
Estamos diante da consagração, nas relações de consumo, do princípio da vulnerabilidade, tendo o constituinte estabelecido que o consumidor é a parte mais frágil da relação.
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (EC 42/03)
Traz a idéia de desenvolvimento sustentável, de modo que a atividade econômica deve estar orientada pela proteção e defesa do meio ambiente. Observar que a EC nº42/2003 estabeleceu, no art. 170, VI, CF, na defesa do meio ambiente, a possibilidade de tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
Constitui também um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3º, III). Esse princípio pode ser implemento com o auxílio de diversos instrumentos, a exemplo da criação de regiões administrativas (art. 43); através da lei que institui o plano plurianual (art. 165, §1º); através da possibilidade de concessão de incentivos fiscais, na forma do art. 151, I, etc.
VIII - busca do pleno emprego;
Não se trata da confirmação do princípio do pleno emprego, mas do princípio da “busca” do pleno emprego. Ao falar em “busca”, o legislador admite apenas a possibilidade de se alcançar uma situação próxima de pleno emprego desconsiderando a possibilidade de se alcançar uma situação concreta de pleno emprego.
Trata-se de norma programática, estabelecendo um objetivo a ser atingido por meio atividade ulterior do legislador infraconstitucional. Exemplo: opção pela prioridade na manutenção dos empregos na nova lei de falências (Lei nº 11.101/2005), coloca o regime jurídico de insolvência empresarial em sintonia com os princípios constitucionais da ordem econômica.
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (EC 6/95)
Este inciso traduz-se em uma AÇÃO AFIRMATIVA, com o fim de proteger as empresas de pequeno porte e de microempresas. Esse tratamento favorecido visa a afastar as desigualdades fáticas entre as grandes empresas, que são, em geral, mais automatizadas, enquanto as menores são responsáveis pela empregabilidade de pessoas.
A LC 123/06, implementando tal tratamento previsto constitucionalmente estabeleceu normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às ME’s e EPP’s no âmbito das três esferas federativas, sobretudo no que se refere ao 1) modo de recolhimento de impostos (SIMPLES); 2) cumprimento de obreigações trabalhistas e previdenciárias; e 3) acesso ao crédito.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. (eficácia contida).
INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO:
Intervenção Estatal 	Direta		Absorção (Monopólio)
					
					Participação (Regime concorrencial)
			
Indireta		Direção (determinante para o setor público)
		(fiscalização, incentivo 			
		 e planejamento)		Indução (indicativo para o setor privado)
A opção do constituinte foi por um sistema econômico capitalista, a cargo da iniciativa privada e excepcionalmente com a participação do Estado.�
O Estado, em certas situações, poderá intervir diretamente ou indiretamente na ordem econômica.
I) Intervenção estatal direta (por absorção ou participação)
A intervençãodireta dar-se-á sob o regime de monopólio ou concorrencial.
a) Regime de monopólio (intervenção por absorção): o regime de monopólio da União será exercido unicamente nos casos estritamente elencados pela Carta Federal (petróleo, gás natural e minerais nucleares). Fora das hipóteses previstas expressamente no art. 177, CF/88, resta vedado qualquer tipo de monopólio, face a vedação do art. 173, § 4º da CF. Diz-se por absorção pois assume integralmente o controle dos meios de produção ou troca de determinado setor da atividade econômica.
Vale frisar que com o advento da Emenda Constitucional nº 9/95, houve uma flexibilização no monopólio estatal, podendo a União contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades retromencionadas, exceto quanto à pesquisa, à lavra, ao enriquecimento, ao reprocessamento, à industrialização e ao comércio de minérios e minerais nucleares, que por uma questão de segurança nacional continuam exclusivos daquele ente federativo.
b) Regime concorrencial (intervenção por participação): em tal regime o Estado atuará por meio de suas empresas públicas, sociedades de economia mistas e outras entidades, apenas nos casos necessários aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei (art. 173, CF/88). Atua em regime de competição. Tal aspecto será melhor abordando em ponto específico abaixo, cabendo por ora fazer a presente distinção entre os regimes.
II) Intervenção estatal indireta (por direção ou indução – art. 174, CF)
Apesar da CF/88 ter consagrado uma economia descentralizada, de mercado, autorizou o Estado a intervir no domínio econômico como agente normativo e regulador (ex.: a alíquota da CIDE-combustíveis poderá ser diferenciada por produto ou uso ou reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, independentemente do princípio da anterioridade - art. 150, III, b), com a finalidade de exercer as funções de fiscalização, incentivo e planejamento indicativo ao setor privado, sempre com fiel observância aos princípios constitucionais da ordem econômica, pois a ordem econômica está sujeita a uma ação do Estado de caráter normativo e regulador.
Essa atuação do Estado como agente normativo ou regulador é de ser concretizada com respeito aos princípios constitucionais que regem a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, visando a assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social.
Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento. 
        
§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo. 
       
§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros. 
        
§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.
       
Logo, a intervenção indireta ocorre quando o Estado condiciona, motiva ou enquadra a atuação dos agentes econômicos, sem que ele, contudo, assuma qualquer papel como produtor ou distribuidor de bens e serviços.
Como agente regulador da economia, observando o princípio da subsidiariedade, o Estado exercerá a função fiscalizatória da atividade econômica. Como promotor, o Estado atuará como incentivador da atividade econômica. Como planejador, o planejamento da atividade econômica será exercido por meio da elaboração de planos por parte do Estado com o fito de organizar determinadas atividades econômicas com o escopo de obter resultados previamente estabelecidos, sendo que o planejamento será determinante para o setor público e indicativo para o setor privado
EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA:
Segundo definição de Celso Antônio Bandeira de Mello, a sociedade de economia mista federal é a pessoa jurídica cuja criação é autorizada por lei, como um instrumento de ação do Estado, dotada de personalidade de Direito Privado, mas submetida a certas regras especiais decorrentes desta natureza auxiliar da atuação governamental, constituída sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou entidade de sua Administração indireta, sobre remanescente acionária de propriedade particular.
A sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito público e integra a administração indireta
Ao contrário da empresa pública, cujo capital é exclusivamente público e pode ser organizada sob qualquer das formas admitidas em direito, na sociedade de economia mista, há capital público e privado na sua constituição (como o próprio nome dá a entender) e participação do poder público e privado na gestão. Quanto à sua organização, esta se dá apenas sob a forma de sociedade anônima.
            
A sociedade de economia mista, no direito brasileiro, pode ser prestadora de serviço público, concedido pelo ente federativo titular do serviço; exercer atividade econômica, quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou relevante interesse coletivo, nos termos do art. 173 da Constituição Federal; e, ainda, executar, mediante contrato, atividade econômica monopolizada pela União, conforme estatui o art. 177 da Constituição.
Devido a essa diversidade de objeto, é geralmente aceita a idéia de que não se aplicam, às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público, as mesmas regras aplicáveis àquelas que exercem atividade econômica em concorrência com a iniciativa privada.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: (EC 19/98)
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (EC 19/98)
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (EC19/98) (NÃO CABENDO EXECUÇÃO SOB O REGIME DE PRECATÓRIOS)
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.(EC19/98)
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. (JÁ ESTAVA PREVISTO NO INCISO II).
§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.
§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. 
§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contraa ordem econômica e financeira e contra a economia popular. 
Há uma parcela da doutrina que defende que aqui também é caso de responsabilidade penal da pessoa jurídica.
    
Merece nota o fato de que a Constituição da República, no caput do artigo 173, apenas admite a exploração direta da atividade econômica pelo Estado quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
Assim, a sujeição das sociedades de economia mista ao regime jurídico próprio das empresas privadas de que trata o inciso II, do § 1o, do artigo 173, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários, também sofre, embora em menor escala, o influxo de regras de direito público, já que, repita-se, somente é admitida a exploração direta da atividade econômica pelo Estado (leia-se: a criação de empresas públicas e sociedades de economia mista para exercê-la) quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
É evidente, portanto, que a interpretação do inciso II, do § 1o, do art. 173, deve-se submeter obviamente à regra contida no caput desse artigo.
O princípio da liberdade de iniciativa tempera-se pelo da iniciativa suplementar do Estado; o princípio da liberdade de empresa corrige-se com o da definição da função social da empresa; o princípio da liberdade de lucro, bem como o da liberdade de competição, moderam-se com o da repressão do poder econômico; o princípio da liberdade de contratação limita-se pela aplicação dos princípios de valorização do trabalho e da harmonia e solidariedade entre as categorias sociais de produção; e, finalmente, o princípio da propriedade privada, restringe-se com o princípio de função social da propriedade.
A atividade econômica, no regime capitalista, como é o nosso, desenvolve-se no regime da livre iniciativa sob a orientação de administradores de empresa privada. É claro que numa ordem econômica destinada a realizar a justiça social, a liberdade de iniciativa econômica privada não pode significar mais do que liberdade de desenvolvimento da empresa no quadro estabelecido pelo poder público.
Nos termos do art. 37, XIX da CF, somente por lei específica poderá ser criada autarquia e AUTORIZADA a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação. E nos termos do inc. XX, a criação das subsidiárias fica a depender de autorização legislativa em cada caso, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada. Lembrar que a autorização para criação de subsidiárias já pode vir contida na lei autorizativa da criação da própria empresa pública ou da sociedade de economia.
RE 220906 / DF – A Empresa pública que não exerce atividade econômica e presta serviço público da competência da União Federal e por ela mantido deve observar ao regime de precatório, sob pena de vulneração do disposto no artigo 100 da Constituição Federal. 
RE 407099 / RS - As empresas públicas prestadoras de serviço público distinguem-se das que exercem atividade econômica e estão abrangida pela imunidade tributária recíproca.
ACO 765-QO, voto-vencedor do Min. Eros Grau, Info. 390 - As empresas públicas prestadoras de serviço público não se sujeitam às obrigações tributárias às quais se sujeitam as empresas privadas. 
Quanto ao regime dos bens, há posições discrepantes na doutrina a respeito da natureza jurídica dos bens das empresas estatais, Carvalho Filho defende a caracterização dos bens como privados, sobre os quais não recaem as garantias da imprescritibilidade, impenhorabilidade e alienabilidade condicionada, mas deve ser salientado que não existe consenso na doutrina e na jurisprudência, constando precedentes no STJ, bem como do TRF1 pela imprescritibilidade dos bens da CEF. (AC 42914 MG 2002.01.00.042914-7 TRF1). 
REPRESSÃO AO ABUSO DO PODER ECONÔMICO – DIREITO DA CONCORRÊNCIA OU DIREITO ANTITRUSTE
O Poder econômico é corolário das economias descentralizadas, nas quais os agentes econômicos têm um poder econômico que é distribuído de maneira desigual, ou seja, são graus desiguais de distribuição do poder econômico, assim, em alguns momentos se apresenta de maneira mais concentrada em outros, menos concentrada.
A economia de mercado determina que haja essa desigualdade de distribuição do poder econômico. A CF não reprime o poder econômico em si, o que ela reprime é o abuso, ou seja, há uma forma normal de exercício do poder econômico, a anormalidade é que deve ser controlada. 
Mercado é o local de encontro entre a oferta e a demanda, ou seja, há um poder econômico do ofertante e outro poder econômico do demandante.
Quando um agente econômico pode controlar ou modificar as condições de oferta, está caracterizado grande poder econômico (oligopólio e monopólio), o mesmo ocorre com o demandante, que se tiver essa liberdade ou autonomia (oligopsônio e monopsônio) também terá um alto grau de poder econômico.
DIREITO ANTITRUSTE
Conceito: O direito dos países de economia de mercado trata das situações que desregulam a economia, é o que se chama de direito antitruste ou direito da concorrência. Tem o objetivo de identificar: quem são os praticantes do abuso, os órgãos que irão regulamentar, os que irão fiscalizar e quais as normas aplicáveis. 
Natureza jurídica: É um ramo dos direitos difusos (por isso não é direito comercial), ou seja, o interesse é de proteção de toda a estrutura de mercado. Se a economia é capitalista e baseada na concorrência, a concorrência deve criar todos os seus frutos para garantir a eficiência de todo o sistema. Desta forma, o direito da concorrência tutela esse interesse de bom funcionamento do sistema de economia de mercado, baseada na concorrência. Por evidente, de maneira reflexa, os direitos individuais são tutelados, quando se protege a incolumidade do sistema de economia de mercado.
O parágrafo único do artigo 1o. da 12.529/2011 expressamente afirma que a tutela do direito antitruste está voltada para a proteção da coletividade, um comando que resulta da Constituição econômica brasileira. Isto é, a proteção da concorrência, mediante a vigilância do abuso do poder econômico, é forma de garantia da própria economia de mercado. Conseqüências da natureza jurídica de direito difuso: responsabilidade objetiva e solidária, até como garantia da efetividade da tutela.
Origem: o termo TRUSTE (como instituto jurídico) deu origem ao nome, mas não é uma terminologia correta, porque o direito a concorrência combate o abuso do poder econômico. 
Formas de abuso do poder econômico: há duas formas de abuso do poder econômico:
Concentração (truste): um agente econômico muito grande que aproveita de seu poder econômico.
Colusão (cartel): vários agentes econômicos unindo forças em acordo expresso ou implícito (alinhar conduta com a conduta do outro, mesmo que não tenham um vínculo, trata-se de uma linguagem comportamental). Essa forma é tratada com mais rigor do que a forma acima.
A CF previu três formas de abuso de poder econômico, “a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.” Essas formas previstas na CF não podem ser extrapoladas pelo legislador, não pode criar nenhuma forma que não tenha como contexto fático básico o domínio dos mercados, porque o direito da livre concorrência não está preocupado com conflitos meramente interindividuais, que não são capazes de abalar as estruturas do sistema de economia de mercado.
ICA URBANA
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
A garantia constitucional de liberdade de comunicação social, prevista no art. 220, é complemento da norma prevista no art. 5º, IX, que consagra a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. 
Conceito de comunicação social: é o ramo da comunicação que tem como cujoobjeto os meios de comunicação de massa (também chamados de Mídia) principalmente o Jornalismo e a Comunicação Organizacional (Publicidade, Propaganda, Relações Públicas, Comunicação de Marketing) de empresas e de organizações governamentais ou não-governamentais.
A publicação em veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade (art. 220, §6º). Por outro lado, os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagem serão explorados diretamente pela União ou mediante autorização, concessão ou permissão (art. 21, XII, a, e 223, CF).
A comunicação social também é orientada por uma série de princípios, dentre os quais destacamos: a) inexistência de restrição: a manifestação de pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto na CF. Isto significa que as restrições e limites só poderão ser aqueles previstos na CF. b) plena liberdade de informação jornalística: nenhuma lei conterá dispositivo que possa embaraçar a plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, IX, X, XIII e XIV, CF. Lembrar aqui que, em 17.06.2009, o STF derrubou a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista, entretanto, tramita no congresso um projeto de Lei prevendo a necessidade do diploma para o exercício da profissão.
O PLANEJAMENTO NA ORDEM CONSTITUCIONAL
A Constituição Federal de 1988 é o marco jurídico da transição para a democracia e da institucionalização dos direitos humanos no Brasil. Os direitos sociais foram expandidos e a disciplina da Ordem Social, cujos objetivos são o bem-estar e a justiça-social, foi separada da Ordem Econômica, fundamentada na livre iniciativa e livre concorrência. Os diversos princípios, fundamentos e valores adotados pela Carta Constitucional, fruto dos conflitos ideológicos presentes quando da sua elaboração, apontam, num primeiro momento, para uma aparente contradição no texto constitucional, mas, na verdade, convergem para um sistema econômico capitalista e um modelo econômico misto, que ao mesmo tempo resguarda princípios de natureza liberal e ampara a atuação normativa e reguladora do Estado. 
O sistema econômico (por Fábio Nusdeo) - "um particular conjunto orgânico de instituições, através do qual a sociedade irá enfrentar ou equacionar o seu problema econômico, ou seja administrar os recursos escassos." 
Existem basicamente dois sistemas básicos que organizam a vida econômica são o capitalismo e o socialismo. O capitalismo é o sistema econômico no qual as relações de produção estão assentadas na propriedade privada dos bens em geral e tem por pressuposto a liberdade de iniciativa e de concorrência. Já o Socialismo propõe não somente a intervenção do Estado, mas a supressão da liberdade da iniciativa privada e o comando do Estado na esfera econômica.
O sistema capitalista, do modo como foi concebido, encontra-se superado, ultrapassada a ideia de uma "mão invisível", a regular e equilibrar as relações econômicas, entre oferta e procura. Assim, passou-se a admitir a exigência da intervenção do Estado, para manter o equilíbrio entre a livre iniciativa e livre concorrência.
Na realidade, embora isto seja dificilmente reconhecido pela doutrina, os modelos econômicos atuais são modelos mistos.
            
Os modelos econômicos distinguem-se dos sistemas econômicos. O modelo é o modo específico de estruturação de um determinado sistema, já que este pode formar-se sob vários critérios, quais sejam: forma e dimensão da unidade de produção, desenvolvimento das forças produtivas, organização dos sujeitos econômicos, modo de coordenação.
Os modelos econômicos podem ser classificados em centralizado e descentralizado. 
O modelo centralizado (também chamado sistema de autoridade) adota como princípio vetor o planejamento central. A economia gira em torno de um plano, determinado pela Administração, do qual depende toda a ação econômica, inclusive o preço final de bens e serviços. A economia centralizada encontra-se baseada na sobrevalorização do coletivo e, por este motivo, identifica-se com o sistema socialista, uma vez que, neste modelo, o centro exclusivo para tomada de decisões econômicas é o próprio Poder Público. 
Já o modelo econômico descentralizado está baseado no princípio do free market. Fundamenta-se em um esquema multipolar, no qual existem múltiplos centros de produção das irradiações no mercado. Neste modelo, o mercado não depende de um plano econômico, mas da oferta e da procura. 
O modelo descentralizado tem como características principais: a) a livre iniciativa e; b) a livre concorrência.
A livre concorrência é o motor da economia de mercado. Ela exige: 
atividade econômica livre; 
pluralidade de empresas; 
liberdade para que estas empresas possam oferecer um leque adequado de oportunidades e vantagens comerciais e 
liberdade para os consumidores.
O perigo desta liberdade está na possibilidade de formação de cartéis e na concorrência desleal, que precisam ser combatidos. Desta forma, há necessidade de regulação para manter o equilíbrio entre a livre iniciativa e livre concorrência, sem esquecer a proteção ao consumidor e meio ambiente.
                     
O sistema constitucional de 1988, embora claramente faça opção pelo sistema capitalista, traz o delineamento de um Estado Intervencionista, voltado ao bem-estar social, na medida em que reforça a idéia de que a participação estatal é imprescindível sob muitos aspectos, em especial no campo social. 
O art. 5º, XIII, declara "livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer" e o inciso XVIII do mesmo artigo conjuga a liberdade de empresa com a liberdade de associação, no sentido de propiciar a organização empresarial de feições societárias.
 No entanto, para que seja possível alcançar os objetivos fundamentais previstos no art. 3.° da CF (construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização; e reduzir as desigualdades sociais e regionais), instrumentalizados, em parte, pela efetivação dos direitos sociais previstos do art. 6.°, caput, da Constituição, há necessidade "de uma ampla e coordenada atuação do Estado, na ordem econômica, a qual, efetivamente, é agasalhada no título pertinente". 
Desta forma, a Carta de 1988 conferiu ao Poder Público competência para planejar a atividade econômica global, sendo esse planejamento meramente indicativo para o setor privado, porém determinante para o setor público. Conferiu, ainda, ao Poder Público, no campo da atividade regulatória estatal, competência para reprimir o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Estes dispositivos constitucionais levaram alguns doutrinadores a apontar a coexistência de valores do liberalismo e do socialismo econômicos na Constituição de 1988.
José Afonso da Silva, ao tratar da ordem econômica, ressalta que são os elementos sócio-ideológicos que revelam o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado liberal – que consagra uma declaração de direitos do homem com a finalidade de proteger o indivíduo contra a usurpação e abusos do poder - e o Estado social intervencionista – que busca suavizar as injustiças e opressões econômicas e sociais. Do embate entre estas duas ideologias, surgem, nos textos constitucionais, princípios de direitos econômicos e sociais, formando o chamado conteúdo social das constituições. 
Eros Roberto Grau afirma que, sendo a Constituição um sistema dotado de coerência, não se presume contradição entre suas normas, portanto, não podendo-se admitir a coexistência da duas ordens econômicas, uma neoliberal e outra intervencionista e dirigista. O ex-ministro do STF entende que, apartir da innteração dos princípios constitucionais (destacando-se o princípio da ordenação normativa através do Direito Econômico, principio não positivado) pode-se afirmar que a ordem econômica na Constituição de 1988 define uma opção pelo sistema capitalista.
Com relação ao modelo econômico, Eros Roberto Grau conclui que a Constituição de 1988 projeta a instalação de uma sociedade estruturada segundo o modelo do Welfare State, visando, justamente, à consolidação da democracia. Assim, o Estado como distribuidor de prestações sociais surge diante da incapacidade do mercado de, por si só, conduzir a uma distribuição/redistribuição justa dos "bens sociais". 
Mas o que é planejamento indicativo para o setor privado? É do papel do Estado procurar influir legitimamente nas condutas dos agentes econômicos, mediante mecanismos de fomentos, tais como incentivos fiscais, financeiros públicos, redução de alíquota de impostos, sem que haja, entretanto, obrigação da iniciativa privada em aderir aos mesmos. Isto é, a título de planejar, não pode o Estado impor aos particulares o atendimento às diretrizes ou intenções traçadas, mas apenas incentivar e atrair os particulares, mediante planejamento indicativo que se apresente como sedutor para condicionar a atuação da iniciativa privada.�
OS DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS TRABALHADORES
DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
	DIREITOS FUNDAMENTAIS
	ESTADO LIBERAL
	Obrigações de NÃO-fazer
Direitos negativos
	1a dimensão: liberdades civis e políticas clássicas. Vida, liberdade, propriedade.
LIBERDADE (liberdades negativas)
	ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL 
(WELFARE STATE)
ESTADO PROVIDÊNCIA
	Obrigações de fazer
Direitos de providência
	2a dimensão: atuação do Estado. Saúde, educação, previdência.
IGUALDADE (liberdades positivas)
	
	
	3a dimensão: Direitos coletivos e difusos. Meio ambiente, patrimônio público (histórico, paisagístico e cultura).
FRATERNIDADE
	ESTADO NEO-LIBERAL
	Diminuição da figura do Estado, com as privatizações e retorno ao modelo liberal.
MODELO DE ESTADO DA CF/88
Qual o modelo de Estado da CF/88? Quando a CF foi promulgada, o mundo já caminhava para o Estado neo-liberal. A CF/88 demonstra a adesão a um modelo de estado neo-liberal, do título da Ordem Social.
	DIREITOS SOCIAIS
	GERAIS (artigo 6o.)
	
	
	Do trabalhador
	Individuais
	
	
	Coletivos
	DA ORDEM SOCIAL
	Seguridade social
	Saúde
	
	
	Assistência
	
	
	Previdência social
	
	Educação
	
	
	Cultura
	
	
	Desporto
	
	
	Ciência e Tecnologia
	
	
	Comunicação social
	
	
	Meio ambiente
	
	
	Família
	
	
	Criança
	
	
	Idoso
	
	
	Adolescente
	
	
	Índio
	
Observe-se que no preâmbulo da CF, os direitos sociais antecedem os direitos individuais, demonstrando a nítida opção pelo Estado do bem-estar social.
Enuncia o Art. 6 da CF “São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”
No que se refere ao Direitos sociais previstos no art. 6º da CF, alguns foram regulados na própria CF, em ficou silente. Exemplo 01: saúde e educação tiveram pelo menos um conteúdo mínimo estabelecido, já que o legislador ordinário pode prever mais garantias. Exemplo 02: qual o conteúdo do direito à moradia? A CF não fala claramente, prevendo o dispositivo do inciso IV, do artigo 7o.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
Quando a CF não especificar o conteúdo do direito social, é o legislador ordinário que deve preencher o seu conteúdo, sempre garantido um mínimo existencial.
Os direitos sociais são muito mais despendiosos do que os direitos de 1a. dimensão, essa é uma das razões pelas quais se fala no retorno ao liberalismo. Os direitos sociais são prestados por meio do aparato de políticas públicas: órgãos, direcionamentos. 
DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS TRABALHADORES
Os direitos relativos aos trabalhadores são de duas ordens:
a) direitos dos trabalhadores em suas relações individuais de trabalho, que são os direitos dos trabalhadores do art. 7º da CF;
b) direitos coletivos dos trabalhadores (arts. 8º a 11), que são aqueles que os trabalhadores exercem coletivamente ou no interesse de uma coletividade deles, e são os direitos de associação profissional ou sindical, o direito de greve, o direito de substituição processual, o direito de participação e o direito de representação classista. (tópico a ser tratado no próximo item: organização sindical) 
Dentre os direitos constitucionais dos trabalhadores em suas relações individuais, destacamos o direito ao trabalho e à garantia do emprego.
O direito ao trabalho não consta de norma expressa da CF mas é extraído da combinação do fundamentos da República nos valores sociais do trabalho e demais dispositivos constitucionais.
Garantia de emprego. Compreende a proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, entre outros direitos, impedindo-se, dessa forma, a dispensa injustificada, sem motivo socialmente relevante. É norma de eficácia contida. Enquanto não advier a lei complementar, a garantia está limitada ao disposto no artigo 10, I, do ADCT, que majorou para 40% a multa incidente sobre o saldo FGTS, quando da demissão sem justa causa.
Há ainda direitos sobre as condições de trabalho, direitos relativos ao salário, relativos ao repouso e à inatividade do trabalhador, de proteção do trabalhador e os relativos aos dependentes do trabalhador, cujas interpretações são extraídas da simples leitura do artigo 7º ad CF.
Obs: A EC 56/2006, deu nova redação ao inciso XXV, do art. 7º, alterando período de assistência gratuita, em creches e pré-escolas, aos filhos e dependentes do trabalhador: desde o nascimento até os 5 (cinco) anos de idade. Antes, o direito era assegurado até os 6 (seis) anos. A mudança para cinco anos de idade parece ter sido para adequar a regra à nova duração da educação infantil. Discute-se de isso não se configura inconstitucional, já que feriria a cláusula pétrea constante do inciso IV do § 4º do art. 60 da Constituição, bem como o princípio da “proibição do retrocesso”.
ADI 1946 / DF - 03/04/2003 – Declarado inconstitucional, através de interpretação conforme sem redução de texto, interpretação da EC 20/98 (art. 14), o qual previu um limite máximo para benefícios previdenciários do Regime Geral, que implique em revogação tácita do art. 7°, XVIII. Entendeu-se que tal limite não tem aptidão de revogar a garantia do salário integral da gestante, prevista no art. 7°, XVIII da CF (licença à gestante, sem prejuízo do empregado e do salário, com a duração de cento e vinte dias), o que constituiria um retrocesso histórico. 
O STF tem se posicionado pela possibilidade de efetivação de direitos sociais via Poder Judiciário, excepcionalmente. Embora resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, a prerrogativa de formular e executar políticas públicas, revela-se possível, no entanto, ao Poder Judiciário determinar, ainda que em bases excepcionais, especialmente nas hipóteses de políticas públicas definidas pela própria Constituição, sejam essas implementadas pelos órgãos estatais inadimplentes, cuja omissão mostra-se apta a comprometer a eficácia e a integridade de direitos sociais impregnados de estatura constitucional". Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento(STF - RE 595595 28/04/2009).
Quanto ao FGTS, o STJ editou a Súmula 353, reconhecendo a natureza de direito trabalhista e social (artigo 7º, III, da CF), afastando o entendimento de que teria natureza tributária.
ORGANIZAÇÃO SINDICAL
O art. 8º menciona dois tipos de associação: profissional e sindical. Em verdade, ambas são associações profissionais, com algumas diferenças.
O sindicato é uma associação profissional com prerrogativas especiais, tais como: defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, até em questões judiciais e administrativas; participar de negociações coletivas de trabalho e celebrar acordos e convenções coletivos; eleger ou designar representantes da respectiva categoria; impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais representadas. 
A associação profissional não sindical se limita a fins de estudo, defesa e coordenação dos interesses econômicos e profissionais de seus associados.
A CF/88 se refere expressamente a essa espécie de forma associativa (sindicato), cujo desenvolvimento é voltado à organização das categorias profissionais em prol do atendimento de suas demandas e reivindicações junto às categorias econômicas. O sistema de liberdade sindical previsto na Constituição (art. 8.º) institui ampla autonomia coletiva para a fundação e direção desse ente associativo, não podendo o Estado intervir ou condicionar o exercício desse direito. Pode, contudo, ser exigida a inscrição do sindicato em órgão próprio (Ministério do Trabalho), bem como admite-se que a lei disponha genericamente sobre regras básicas de organização sindical. 
No art. 8º, inciso IV, da CF/88, há previsão de uma contribuição confederativa, fixada pela assembléia geral da categoria, e uma outra contribuição prevista em lei, conhecida como contribuição sindical. É evidente que uma contribuição instituída por assembléia de categoria profissional não pode ser tributo, não cabendo sua imposição compulsória aos não filiados do sindicato. Totalmente diversa é a contribuição sindical prevista na parte final do dispositivo. Esta, porque instituída por lei, é compulsória e encontra sua regra matriz no art. 149 (contribuições de interesse das categorias profissionais), possuindo natureza de tributo (Súmula 666 do STF).
Direito de substituição processual: Consiste no poder que a Constituição conferiu aos sindicatos de ingressar em juízo na defesa de direitos e interesses coletivos e individuais da categoria. É algo diferente da representação nas negociações ou nos dissídios coletivos de trabalho. Trata-se de substituição processual, já que ele ingressa em nome próprio na defesa de interesses alheios. 
Alexandre de Moraes menciona mais alguns direitos sindicais:
-	Direito de auto-organização interna dos sindicatos. 
-	Direito de exercício da atividade sindical na empresa: corresponde ao direito de ação sindical nos locais de trabalho, bem como ao de organização através de representantes e comissões sindicais. (ex.: eleição de um representante, nas empresas de mais de duzentos empregados, com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores)
-	Direito democrático: impõe a observância dos requisitos constitucionais de eleições periódicas e por escrutínio secreto para as eleições, quórum de votações nas assembleias gerais, inclusive para deflagração de greves, controle e responsabilização dos órgãos dirigentes;
-	Direito de independência e autonomia: inclusive com a existência de fontes de renda independentes do patronato ou do próprio Poder Público.
-	Direito de proteção especial dos dirigentes eleitos dos trabalhadores: é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. 
RE 210029 / RS - 12/06/2006  O artigo 8º, III da Constituição Federal estabelece a legitimidade extraordinária dos sindicatos para defender em juízo os direitos e interesses coletivos ou individuais dos integrantes da categoria que representam. Essa legitimidade extraordinária é ampla, abrangendo a liquidação e a execução dos créditos reconhecidos aos trabalhadores. Por se tratar de típica hipótese de substituição processual, é desnecessária qualquer autorização dos substituídos. 
DIREITO DE GREVE
O art. 9º da CF assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender e determina que a lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, inclusive responsabilizando os abusos cometidos.
A disciplina do art. 9º refere-se aos empregados de empresas privadas, entre as quais se incluem as sociedades de economia mista e as denominadas empresas públicas, uma vez que, em relação a essas, se aplica o art. 173, § 1º, da CF, que determina sua sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.
A greve é o instrumento mais enérgico do qual os trabalhadores podem lançar mão para a defesa de seus direitos ou reivindicações. É importante que a CF/88 a ele se refira, em seu art. 9.º, mas é importante também não perder de vista a noção de abuso, além do que a sociedade não pode ser prejudicada com a realização de movimentos dessa natureza. Assim sendo, a lei define no Brasil (Lei n.º 7.783/89) os casos em que a greve será considerada abusiva, assim como as medidas a serem tomadas para que os serviços essenciais sejam mantidos. Para a maior parte da doutrina brasileira, a greve a que alude a Constituição deve ter sempre finalidades relacionadas ao desenvolvimento das relações de trabalho, não se admitindo greves de protesto, de natureza político-partidária e outras. 
Sobre o direito de greve dos servidores públicos, convém explicitar o entendimento do STJ a respeito. Nos moldes de entendimento jurisprudencial desta Corte, é assegurado ao servidor público o direito de greve, mas não há impedimento, nem constitui ilegalidade, o desconto dos dias parados (STJ, 5ª T., Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca, 04.02.2003).
 
A maioria dos doutrinadores posiciona-se no sentido de a norma esculpida no art. 37, inc. VII da CF/88 ter eficácia limitada. O STF, em que pese não haver negado a eficácia limitada da norma que trata do direito de greve do servidor público, conferiu efeitos concretos aos Mandados de Injunção ajuizados pelos Sindicatos de Servidores Civis. O Tribunal, por maioria, conheceu dos mandados de injunção e propôs a solução para a omissão legislativa com a aplicação, no que couber, da Lei 7.783/89, que dispõe sobre o exercício do direito de greve na iniciativa privada. Isto, porém, não quer dizer que a norma do art. 37, VII, da CF deixou de ter eficácia limitada.
DA EDUCAÇÃO E CULTURA 
Educação e ensino são institutos distintos. A educação está relacionada a todos os processos de formação intelectual do ser humano. O ensino faz parte do processo de educação, entretanto, o ensino é mais restrito do que a educação.
Não basta que o homem seja objetivamente livre, deve ser também subjetivamente livre, isso somente se obtém por meio da educação. Também é por meio dessa liberdade é que o ser humano pode ser sujeito participativo dos processos políticos. Também é por meio da educação que se pode garantir postos de trabalho.
Segundo Gilmar Mendes, constituem princípios informadores da educação a Universalidade, igualdade, pluralismo(tem um sentido muito mais amplo do que apenas o pluralismo político, mas também de linhas de pensamento ou de transmissão do conhecimento, culturas, modo de pensar, etc. Se a sociedade é plural, então a Constituição deve ser pluralista), gratuidade do ensino público, gestão democrática da escola e padrãode qualidade. 
Os referidos princípios são verdadeiras condições de possibilidade para consecução dos objetivos da educação, definidos pelo art. 205 da CF (visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho). São princípios que devem ser analisados em conjunto, pois compõem a Constituição Cultural, cujas normas incorporam e resguardam a nossa individualidade histórica.
Recomenda-se a leitura do art. 205 a 214 da CF.
CULTURA
O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais, devendo proteger as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional, bem como fixar as datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
A própria CF já define o conteúdo do patrimônio cultural brasileiro como os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira; estabelece a obrigatoriedade do poder público, com a colaboração da comunidade, de promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
Recomenda-se a leitura do art. 215 e 216 da CF.
DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA
Compete, constitucionalmente, ao Estado promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas (art. 218), sendo, inclusive, facultado aos Estados e ao DF vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
A pesquisa científica básica receberá tratamento igualitário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências. A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E DO IDOSO
Tutela constitucional da família - A família foi reconhecida como base da sociedade e recebe proteção do Estado, nos termos dos artigos 226 e seguintes. Gustavo Tepedino, destaca que: Na constituição de 1988, "a milenar proteção da família como instituição, unidade de produção e reprodução dos valores culturais, éticos, religiosos e econômicos, dá lugar à tutela essencialmente funcionalizada à dignidade de seus membros, em particular no que concerne ao desenvolvimento da personalidade dos filhos".
A instituição família é vista hoje deixando de lado o patriarcalismo, que, há muito entrou em declínio, e alicerçando-se em uma compreensão dos Direitos Humanos, a partir da noção da dignidade da pessoa humana, da qual decorrem alguns princípios que regem a família, tais como: 
1) Princípio do pluralismo familiar ou da liberdade de constituição de uma comunhão de vida familiar (A norma constitucional abrange a família matrimonial, bem como quaisquer outras entidades familiares, como a união estável e família monoparental, mesmo que note-se certa resistência ao reconhecimento de famílias simultâneas pela jurisprudência do STF, justamente invocando a tutela da família), 
2) Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e companheiros (Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher); 
3) Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos (Decorre do princípio da dignidade da pessoa humana, iguala a condição dos filhos havidos ou da relação do casamento, ou por adoção, não mais admitindo-se qualquer diferenciação entre os mesmos); e 
4) Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar (O planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável) 
Tutela Constitucional do Idoso - No Capítulo destinado à família, o art. 229 da Constituição Federal reconheceu o princípio da solidariedade nas relações familiares, incumbindo os pais do dever de ampararem os filhos menores e estes ampararem aqueles na velhice, carência ou enfermidade. E como desdobramento natural do princípio da solidariedade, a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida (art.230, CF). Disse mais, com vistas ao bem-estar daqueles que, como todos nós, precisam (ou um dia precisarão) que os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares (art. 230, §1º, CF), junto aqueles que lhes são mais caros.
Com vistas assegurar a afirmação dos direitos fundamentais da pessoa idosa e tutelar em diplomas legislativos próprios, foram publicadas as Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94), e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03), atribuindo a guarda da integridade destas à família, à sociedade e ao Estado. Tais diplomas trouxeram uma série de princípios e garantias assecuratórios da dignidade humana na terceira idade (ex.: a família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida.)
Tutela constitucional da Criança e do Adolescente - Sobressai da ordem social preconizada na Constituição Federal de 1988, no Capítulo VII, Título VIII, a explícita priorização na proteção da criança e do adolescente, com o estabelecimento de uma ordem de proteção máxima e especial que lhes fora atribuída, conforme se constata do caput do art. 226, “A Família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado” combinado com o art. 227 e seu § 3º, “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao laser, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” e “o direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos.
Tal função garantista da CF deve ser compreendida com a convocação do meta-princípio da dignidade da pessoa humana, em face da condição peculiar de pessoa em desenvolvimento em que sem encontram as crianças e adolescentes. No entanto, também deve-se identificar o adolescente como sujeito de suas ações; como sujeito de direitos , mas também de obrigações.
� parte do material utilizado na atualização foi pesquisado no artigo de Roberto Moreira de Almeida, titulado A Constituição de 1988 e a intervenção estatal no domínio econômico. in Revista de Informação Legislaiva nº 135-09.
� Barroso, Luis Roberto. A Ordem Econômica Constitucional e os Limites à Atuação Estatal no Controle de Preços. in Revista Diálogo Jurírico, nº 14, jun/ago 2002.
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