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RESUMO HERMENEUTICA

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Matéria: Hermenêutica e argumentação jurídica
Professor: Virgilio
Bibliografia: 
- Carlos Maximiniano: Hermenêutica e aplicação do direito
- Lênio Streck: Hermenêutica jurídica em crise 
- Margarida Lacombe Camargo
Trabalho:
a). Imprimir o último capítulo da Teoria Pura do Direito (para meio de março)
b) Atividade aula rede (assistir vídeo e comentar de modo critico)
Provas:
Prova do livro e conhecimentos gerais: 09/03
P2: 12/04
Global: 07/06
Reavaliação: 14/06
Início da matéria
Contextualização da Disciplina
(Onde se situa a Hermenêutica e a argumentação no universo do Direito)
Theodor Viehwes é o grande precursor da argumentação jurídica no Direito, com sua obra “Tópica e Jurisprudência
Kelsen, em sua obra “Teoria pura do direito” afirma que o direito é normatividade. O Direito não estaria sujeito a influência externa de outras disciplinas, como história, sociologia, filosofia, teologia. O Direito seria uma disciplina puramente dogmática, voltada para a normatividade, a criação de regras que devem ser seguidas por ser regras. O Direito seria limitado a Direito Civil, Penal, etc.
Theodor Viehwes questiona Kelsen e traz de volta as disciplinas correlatas que, para Klesen, não eram importantes para o Direito (Filosofia, história, ética, etc). Para justificar a reintrodução, ele divide o direito em duas grandes áreas:
Ciência dogmática do Direito: caracteriza-se pela possibilidade de decisão num prazo finito. Composta pelas disciplinas que Kelsen considerava jurídicas (Penal, civil, etc.). São aquelas que permitem a decibilidade, que exigem do direito uma posição no momento, tomada num prazo relativamente curto, uma resposta a problemas concretos. Todas orientadas para a normatividade, pela norma jurídica. São referências inquestionáveis na discussão, justificadas pela necessidade de uma resposta rápida a um caso objetivo.
O que as caracteriza é o viés intrasistemático dessas disciplinas, que são enclausuradas dentro do ordenamento jurídico.
Todos os operadores do direito estão presos ao ordenamento na tomada de suas decisões. O juiz julga segundo a lei, mas não julga a lei. No Direito, o Executivo e o Judiciário se baseiam na Dogmática.
Dogma: Verdade absoluta, verdade revelada ou imposta por uma autoridade. Só encontramos dogmas no Direito e na Teologia (Virgindade de Maria, por exemplo)
 
Para a Ciência dogmática a resposta é mais importante. Necessita-se de uma decisão num prazo finito. Trata-se de uma ciência deontológica. Deontologia: Estudo do que deve ser, como deve ser resposta para uma demanda, como algo deve ser.
Ciência Zetética. Segunda área em que se divide o Direito para Theodor. Aqui a pergunta é mais importante. Essa área pensa a normatividade de forma não sistemática, pensa de maneira extrasistemática. Apresenta uma visão externa do sistema jurídico, pensando de maneira aberta, buscando a verdade.
Zetética: Busca da verdade. Caracteriza o pensamento zetético o prazo infinito. A ciência zetética repudia dogmas, o único dogma que a ciência aceita é não ter dogmas. O conhecimento está sempre sujeito a mudanças. 
Lembrar do exemplo do alienista, que fica louco ao tentar encontrar um dogma, uma verdade absoluta, onde é impossível encontrar. O conceito absoluto de loucura, no caso.
Tudo é questionado no campo da zetética. São disciplinas ontológicas, pergunta-se o que é algo, como resolver um problema. Disciplinas como filosofia do direito, Ética são algumas que compõem esse campo
O poder legislativo, por discutir leis antes de sua criação faz uma análise zetética do direito. Quanto mais ampla a discussão zetética, maior a possibilidade de uma resposta melhor. Ouve-se os interessados, a sociedade, etc.
Atenção: a partir do momento em que a lei é promulgada ela passa a fazer parte da Ciência dogmática
Os dois campos são importantes e fundamentais:
O direito não pode se dar ao luxo de ficar discutindo eternamente um assunto, pois precisa apresentar soluções para casos concretos num tempo limitado. Apenas a zetética não permitiria ao Direito a chegar a essas decisões. A dogmática é necessária para que se chegue a decisões
Só a dogmática faria o direito ficar parado no tempo, baseado em dogmas jurídicos, estagnado no tempo e espaço. A zetetica é necessária para que o direito evolua com a história de uma sociedade. Há pouco tempo o divórcio, a união estável, a união homoafetiva não eram previstas e até proibidas pelo direito. Foi através de discussões e debates zetéticos que se tornaram possibilidades legais
Observação do Virgílio extra aula: A negação da negação da liberdade é uma afirmação da liberdade. (Não cabe tolerância com intolerantes)
Exemplo de aplicação 
No caso da decisão do TRF no caso da condenação do Lula: Zetéticamente cabe a discussão se foi justa ou não. Dogmaticamente cabe o recurso processual previsto em lei que é o Embargo de Declaração e, possivelmente, posterior apelação caso queira.
Do ponto de vista acadêmico toda disciplina tem abordagem zetética , sujeita a debate em sala de aula)
A Hermenêutica e a Argumentação Jurídica 
Para Theodor Viehwes, tanto a hermenêutica quanto a argumentação estão na área das ciências dogmáticas:
O estudo da dogmática no direito se divide em 3 campos/fases
Dogmática analítica: Conhecimento, identifica a norma jurídica válida, avalia o que é ou não norma jurídica válida. Função básica: para que se possa decidir a partir da norma é necessário que se analise se ela é válida
Dogmática hermenêutica: Interpretação, busca o sentido da norma jurídica válida. No direito operacional, busca restringir, limitar o significado da norma para possibilitar uma decisão mais rápida. É a teoria dogmática que propicia uma decisão rápida num caso concreto
Dogmática empírica: Argumentação, instrumentaliza o operador do direito para a efetiva aplicação da norma já identificada (analítica) e interpretada (hermenêutica) ao caso concreto. Possibilita que a decisão seja fundamentada.
Hermenêutica X Interpretação
A Hermenêutica é uma disciplina, não cabe confundir a Hermenêutica com a interpretação. A hermenêutica é a disciplina que tem como objetivo estudar a interpretação, é o estudo da interpretação. Tem como objeto os métodos interpretativos desenvolvidos no direito:
Hermenêutica = Disciplina
Interpretação = Objeto
Hermeneu é um termo grego que significa traduzir, interpretar. Deriva do nome do Deus grego Hermes, que era responsável pelas mensagens entre deuses. Como a mensagem nunca era transmitida de forma correta, era necessário que fosse interpretada.
No Direito o termo “hermenêutica” é usado como teoria da interpretação. Já em outras áreas do conhecimento se usa “teoria da interpretação”. O direito tomou emprestado o termo hermenêutica da Teologia, que também usa o termo para a interpretação bíblica. Tanto o direito quanto a teologia fazem interpretação dogmática (intrasistema). Tanto o texto bíblico quanto a norma jurídica são tomadas de maneira absoluta. As outras áreas do conhecimento não fazem interpretação dogmática e, por isso, não usam o termo hermenêutica.
A aplicação do termo Hermenêutica no Direito é recente, começou a cerca de 200 anos na França do século 19.
O que surgiu na França, no século 19, foi a disciplina acadêmica “Hermenêutica, mas antes já havia a interpretação do direito. O início da codificação do direito é que tornou necessário o surgimento da Hermenêutica 
Breve esboço da Teoria jurídica antes do século 19 (Surgimento da Hermenêutica) 
Aristóteles, desenvolve a teoria da equidade. Faz o primeiro esboço de uma teoria interpretativa do direito, a Teoria aristotélica da equidade/prudência. Desenvolvida na obra “Ética a Nicômaco” (principal obra jurídica de Aristóteles). O tema central é a justiça e, no seu quinto livro, o autor chega ao conceito de equidade.
Equidade: Corretivo da Justiça Legal, espécie de corretivo na lei, mas não em caso de defeito da lei ou que ela seja malfeita ou injusta, mas porque a lei é GENÉRICA. Porconta da amplitude da lei é necessário a equidade, para que ela seja corretamente aplicada. A lei é ampla demais, já o caso concreto é muito mais especifico do que a amplitude da lei. Há situações em que uma lei justa para a maioria dos casos pode ser injusta para um caso especifico. O juiz deve adequar à lei ao caso concreto, para isso necessita interpreta-la. 
Para a corrente alemã do direito, equidade é o juízo de adequabilidade o caso concreto. Trata-se de adequar a lei a uma situação específica. Não é julgar ao contrário da lei, mas adequá-la ao caso julgado.
Aristóteles busca no exemplo da régua de chumbo dos artesões trabalhando. A régua usada pelos artesões em suas esculturas é uma régua de chumbo flexível, que permite que ela se amolde a obra que está sendo feito, o que torna a medição mais precisa, correta. Uma régua dura, rígida não possibilitaria medidas exatas. O Juiz deve aplicar a lei de forma flexível, aplicando-a caso a caso. O magistrado deve julgar de forma equânime/adequada ao caso concreto. Trata-se do juiz prudente. Todo o modelo de direito desde Aristóteles até o século 19 é conhecido como DIREITO PRUDENCIAL.
No modelo prudencial, o bom julgador é aquele que tem bom senso para chegar a uma decisão equânime na situação. O juiz prudente foi preponderante até o século 19, quando surgiu o juiz técnico.
Jurisprudência: (Iuris prudentia Romana): A base teórica do direito romano veio da Grécia e é aristotélica, com base na prudência (equidade aristotélica).
“Jurisprudência é o conhecimento das coisas divinas e humanas. É a ciência do justo e do injusto” (Ulpiano – Jurista romano)
Os julgadores, na Roma antiga, eram indicados com base na prudência e equidade (diferente do modelo técnico de hoje)
Glosadores (Idade média)
Modelo de apogeu da teoria interpretativa (século 12)
Glosadores eram os estudiosos de direito da primeira universidade de ensino jurídico, que surgiu na Itália, no século 12, em Bolonha. Eram professores e alunos que glosavam o documento Corpus Iuris, principal texto normativo na idade média. Corpus Iuris foi uma coletânea de leis de várias regiões e diferentes culturas da Europa, pelo imperador Justiniano a cerca de 1000 anos antes.
Criado a faculdade de direito, a grande discussão é o que seria estudado e a escolha foi o Corpus Iuris. Seria o início da dogmática no direito, pois, a partir daí, considerava que a resposta para qualquer problema jurídico estava na lei. (Antes estava na prudência do juiz)
Definiu-se que a solução estaria sempre no Corpus Iuris, mas, como dito, o código era uma coletânea de normas de várias regiões e culturas diferentes da Europa, muitas diferentes e contraditórias entre si. Era necessária a interpretação, a análise sistemática interpretativa dos professores e alunos chegaria a uma solução justa.
Glosas: Anotações feitas as margens do texto. Comentários próprios nas entrelinhas, buscando interpretação. 
A ciência dogmática jurídica aparece em Bolonha, na universidade de direito.
A interpretação jurídica é muito antiga, mas a Hermenêutica aparece na França, no século 19
___________________________________
O Século 19 é o século de crise da interpretação jurídica e a Hermenêutica aparece quando não mais se deseja a interpretação da lei. Ela surge com a codificação, com o código Civil da França de 1804. A hermenêutica surge na sequência do código.
Pode se dizer que a causa mediata do surgimento da Hermenêutica é a revolução francesa e a causa imediata é a codificação. Não fosse a revolução francesa não haveria a codificação e a hermenêutica. 
A Hermenêutica tem como causa imediata a codificação, pois a codificação foi feita para restringir o poder, principalmente do Judiciário que poderia segurar as rédeas (controlar o poder) que antes pertencia ao monarca (O rei no absolutismo). Com a codificação o Juiz jula conforme a lei, é “escravo da lei”
Antes de 1804 o direito é marcadamente jurisprudencial, o juiz cria a solução sem se basear na lei, o juiz era um “criador” da lei. O juiz criava soluções quase que sem amparo na legislação
Depois da revolução Francesa, o “juiz prudente” passa a ser visto como um ser arbitrário e não é mais desejado pelos franceses. A partir desse momento passa-se a criar uma codificação que deve ser seguida pelos juízes em suas decisões. Para isso foi necessário criar uma legislação minuciosa, que traria a “respostas” para todas as situações e conflitos.
Para isso essa codificação deveria ter Harmonia e Completude 
Passa-se de um modelo prudencial subjetivo (Juiz prudencial), centrado no julgado, para um modelo técnico objetivo, centrado na legislação 
Modelo Prudencial Subjetivo (idade média) Modelo Técnico Objetivo (pós revolução Francesa)
A partir dessa mudança, o juiz, ao dar uma sentença, resolve um silogismo em que a premissa maior é a lei e a premissa menor é o caso concreto, tendo a sentença como conclusão
O legalismo não chega a ser uma “escola”, mas sim um momento de euforia/idolatria pela lei codificada. Acredita-se na virtude da lei como solução para a justiça. Não cabe doutrina na visão dos legalistas, pois não há necessidade de interpretação
- Rugnet dia que “Eu nada sei de direito civil eu só ensino o código napoleônico”
A Crença mencionada acima caiu por terra com a descoberta das antinomias (contrário de harmonia) e lacunas (contrário de completude) nas leis codificadas. 
Antinomia jurídica é uma contradição real ou aparente entre normas dentro de um sistema jurídico, dificultando-se, assim, sua interpretação e reduzindo a segurança jurídica no território e tempo de vigência daquele sistema.
A lei codificada encontrava solução para muitos casos, mas para alguns não achava nenhuma (lacunas) ou tinha soluções contraditórias (antinomia)
A legislação passou a ser relativizada para se solucionar os defeitos, passando a se usar a interpretação (a primeira solução foi resgatar a interpretação de uma forma readequada s escola legalista). Mas logo na sequencia se propõe uma segunda solução: a criação da disciplina de Hermenêutica Jurídica, para “corrigir” os problemas da lei (surge a escola da exegese legalista)
Essa escola propõe a correção dos defeitos das normas através de uma interpretação controlada
Usa de métodos pré-concebidos pela doutrina (método científico). A ideia é que esse método levasse a um resultado correto e invariável, rígido. Interpreta-se de maneira objetiva, como uma forma de manter o juiz preso aos códigos, a atividade legislativa.
Máxima: “In claris cessat interpretativo”: por esse princípio, quando a norma for redigida de forma clara e objetiva não será necessário interpretá-la.
Para essa escola, havia regras de ordem prática e teóricas para o surgimento da hermenêutica:
Prático: Defeitos na legislação
Teórica: falta de legitimidade do juiz para criar o direito
Correntes Clássicas 
 1ª Corrente: Vontade do Legislador: o que o interprete deve buscar é sempre a vontade do legislativo (Voluntas legislatoris). Buscava métodos que chegassem a um único resultado que levasse a vontade do legislador ao criar a lei (o que o criador da norma queria ao criar a lei) 
Na vontade do legislador (voluntas legislatoris – mens legislatoris): também chamado de critério subjetivo, tal perspectiva, derivada da Escola Exegética, reputa que o sentido verdadeiro está no passado, na vontade do criador da norma
2ª Corrente: Vontade da Lei (Voluntas Legis), corrente de inspiração alemã, surge como nascimento da Escola Histórica do Direito. Produz também uma série de métodos de interpretação. Ao contrário da escola da Exegese, para essa nova corrente a discussão é mais ampla que apenas a hermenêutica
Na vontade da lei ou da norma (voluntas legis – mens legis): também chamado de critério objetivo, trata a norma como um texto autônomo, que se tornou independente da vontade do seu criador e cujo significado deve ser construído no presente
 (Na Alemanha havia um debate sobre a adoção ou não do modelo codificado Francês. O argumento contra é que o Direito ficariaestagnado no tempo e no espaço, não acompanharia a evolução da sociedade. 
Porem prevaleceu o entendimento a favor da codificação. Mas se a escola francesa (Exegese) buscava a vontade do legislador, a Escola histórica alemã acreditava que a vontade da lei superava a vontade do legislador
Principais Métodos Interpretativos da Hermenêutica Clássica
Os franceses pretendiam buscar um sentido único para a lei. A intenção ao criar a Hermenêutica é que ela fosse tão precisa quanto o método cientifico, que supostamente garantiria a “correção” matemática da lei.
Classificação da interpretação quanto aos métodos
Gramatical ou Linguística: Busca retificar os textos legais mal escritos. Havendo erro de criação, bastava corrigir gramaticalmente e ortograficamente a norma legal para que seu sentido ficasse correto. O problema é que a correção gramatical/ortográfica não garantia a correção da interpretação, pois a gramática é subjetiva, não tem uma única interpretação objetiva.
Lógico/Sistemática: Os franceses tinham a ideia de uma legislação codificada, sistemática e harmônica. Buscavam criar um Direito harmônico e completo. Essa teoria de harmonia e completude vai ser traduzida no método logico/sistêmico. O conceito deste método é que eu devo compreender o todo para interpretar a parte. O conhecimento do todo e a compreensão de que trechos deste todo devem ser interpretados de acordo com a integralidade das normas seria suficiente para resolver todas as lacunas da lei para a escola da exegese (franceses). Nesse método é necessário ter a visão do conjunto, de todo o sistema, para se chegar ao sentido de uma norma. Os alemães entendiam esse método como “Lógico”, no sentido de que a interpretação deve ser coerente, não absurda. Aproxima-se da ideia de equidade de Aristóteles.
Os dois métodos acima são mais utilizados pela Escola da Exegese Francesa, os seguintes formam desenvolvidos pela Escola Histórica Alemã.
Método Histórico do Direito (Evolutivo) : parte da doutrina alemã era contra a codificação, pois acreditava que ela deixaria o direito estagnado, parado no tempo. A solução encontrada pela corrente que defendia a codificação, que acabou sendo majoritária, era que o juiz deveria interpretar a lei de maneira que a norma acompanhasse a evolução da sociedade. É uma forma de interpretação evolutiva da norma. Assim, não se faz necessário alterar o texto da lei, mas interpreta-la de acordo com o momento histórico. A norma jurídica não é a lei, mas o objetivo dela. O interprete judicial deve estar atento ao sentido da lei no momento de sua aplicação. O Método histórico, também é chamado de método evolutivo, deve ser usado para a interpretação das leis, que tem duração de vigência maior. Não faz sentido aplicar o método em um contrato, por exemplo, que tem duração histórica (no tempo) curta.
Axiológico: Método de interpretar a lei de acordo com os valores, aqui entendido como moral. Axiologia significa estudo dos valores. A codificação afastou o direito da moral, mas a busca do sentido da norma pode ser feita de forma axiológica. Propõe uma leitura como tendo referência a moral para a interpretação da lei. Em alguns ramos do direito essa interpretação não faz muito sentido, como no direito tributário (que é muito técnico), mas pode ser muito útil para o civil. 
Método Teleológico: Interpretar buscando o que o autor da norma tinha em vista quanto criou determinada norma. Buscar a vontade do legislador, que não precisa ser necessariamente seguida, mas usada como forma de interpretação da lei. (Teleologia significa “estudo da finalidade”). Para a aplicação desse método é importante o estado da exposição de motivos da lei, buscar no projeto que a criou a intenção da finalidade da lei. Ex.: Prisão civil do não pagador de pensão é obrigar o devedor a pagar. A defesa da honra da mulher foi o motivo pelo qual foi permitido o aborto legal em caso de estupro (mulheres não casadas com filhos era motivo de reprovação social a época da aprovação da lei.)
Sociológico: Propõe que o interprete esteja atento a situação sócio economia das partes. O Direito deve ser compreendido no contexto social que o criou e vai ser aplicado (não é o mesmo contexto do método sistemático). A absolvição por crime de bagatela é um exemplo de aplicação do método sociológico. A insignificância do crime a condição social do autor pode fazer com que o texto da lei (proibição de roubar) seja relativizado. Importante aqui é que não é o valor da coisa roubada que importa, mas a condição social das partes.
Analógico: Preenchimento das lacunas da lei com a utilização de normas semelhantes. Na falta de lei específica utiliza-se uma análoga. Em penal só a favor do réu.
Todos os métodos são complementares e ainda podem ser usados para a interpretação de normas. Um não exclui o outro.
Classificação da interpretação quanto a origem:
Diz respeito a quem faz a interpretação:
Autêntica: quem faz a interpretação é o poder legislativo e ela é autentica (Legislador é o autor da lei) Norma feita através de ato próprio pelo legislativo, órgão estatal. A interpretação autentica produz efeito vinculante. Se o sentido é definido pelo legislador deve ser obedecida por todo os destinatários.
Judicial: Interpretação feita pelo poder judiciário, de acordo com um caso concreto. Feita também por um órgão estatal de acordo com sua função especifica. É a interpretação do magistrado. A sentença tem poder vinculante apenas sobre as partes do processo. 
A sentença também é uma norma, pois gera sanção e é de cumprimento obrigatório. 
Doutrinária: Interpretação feita pelos cientistas do direito. Não é vinculante, por melhor que seja não cria norma jurídica no final do processo. Trata-se de uma interpretação acadêmica.
A opinião pode ser levada em conta no momento em que o julgador faz a sentença, mas, nesse caso torna-se Judicial, é a interpretação do juiz, não do doutrinador. O juiz apenas levou em conta aquela doutrina.
Obs.: Um artigo publicado por um juiz gera interpretação doutrinária. Apenas quando no exercício de suas funções é que a interpretação do Juiz é judicial.
Classificação da interpretação quanto a abrangência
A abrangência pode ser: Restritiva, declarativa ou extensiva
Restritiva: Diminui o sentido da norma para aquém do que seu texto diz. O interprete diminui, restringe o sentido, limitando-o em relação ao texto. O texto disse mais do que devia dizer
Extensiva: Há uma ampliação do significado da norma para além do texto. Sentido dilatado para ampliar-se o significado da norma. O texto disse menos do que devia dizer.
Declarativa: também chamada de interpretativa. Não há redução nem ampliação. O interprete constata e declara que o sentido coincide com o texto. A lei e a norma coincidem. O texto disse exatamente o que devia dizer.
Obs.: O direito penal tenta trabalhar com a interpretação declarativa da norma
Classificação da interpretação quanto a natureza
- Pode ser concreta ou abstrata
Concreta: Feita sobre um problema real, existente na interação social humana. Feita diante de um problema concreto e real, aparada pelo direito que envolve a interação social humana (situação empírica). Feita pelo judiciário visando a solução de um conflito real)
Abstrata: Não é feita na busca de um problema juridicamente instaurado. É desvinculada de conflitos reais a serem resolvidas pelo direito. Toda lei tem como característica a abstração. A doutrina pode ser concreta ou abstrata.
Uma intepretação quanto a natureza feita por um doutrinador (doutrinária) pode ser concreta ou abstrata.
Crítica de Hans Kelsen a interpretação hermenêutica
O Século XIX foi marcado pela transição entre o jusnaturalismo e o juspositivismo no campo do Direito.
Pressupostos do Juspositivismo do Século XX
O legalismo francês: foi a primeira manifestação do direito positivo no século XIX. Os legalistas foram os primeiros autores do direito a propor um modelo lógico de teoria jurídica.
A escola da exegese esboça 2 princípios do Positivismo,valorizando a interpretação. Esse segundo modelo leva o juspositivismo ao século XX. Tem na interpretação da lei seus pontos principais.
No século XX chegamos a um terceiro momento. A partir de Kelsen há uma crise no modelo Juspositivista como vinha se desenvolvendo. Kelsen é o divisor,, o muro que separa os momentos. Não se enquadra em nenhum. Essa crise vai levar a Teoria da argumentação jurídica.
Teoria da argumentação Jurídica: terceiro momento do positivismo. Traz enfoque principal nem tanto para lei, nem tanto para a interpretação, mas ao caso concreto. Os autores dessa corrente se proclamam pós-positivistas, pois, para eles tinham criado um novo modelo, rompendo com o positivismo. Na verdade, tinham criado o neo-positivismo (um novo conceito positivista)
 Resumo dos modelos positivistas:
Juspositivismo Legalista: Juspositivismo Sintático, pois os autores legalistas acreditavam que o ordenamento traria a solução antecipada para qualquer problema do Direito. Sintático no sentido formal, a previsão abstrata de todas condutas humanas reguladas pelo Direito. Supervaloriza a lei.
Escola da Exegese: Juspositivismo Semântico, sai do plano formal para o plano da interpretação, busca o sentido da norma. Interessa a busca pelo significado. Supervaloriza a interpretação
Teoria da interpretação: Juspositivismo Pragmático. A Preocupação deixa de ser com o legalismo formal da lei ou sua interpretação, mas com o caso concreto a que vai se aplicar a norma. Supervaloriza a discussão do caso concreto.
A Hermenêutica de Kelsen
Aparece no último capítulo de sua obra “Teoria Pura do Direito”
É reflexo de seu modelo de Direito. Kelsen tenta tornar o direito um conhecimento objetivo. A partir dele se começa a usar a expressão “Ciência do Direito”. O autor organiza todo pensamento jurídico do século XIX e as várias teorias na tentativa de explicar o direito depois da codificação. Ele não é o autor das teorias, mas as organiza de forma metódica. Não foi ele que inventou a ciência do Direito, mas organizou suas teorias.
Até mesmo a famosa pirâmide Kelsiana não é criação de Kelsen, mas de um autor alemão (Puctita). Kelsen organiza conhecimento esparços.
Para Kelsen a regra deve ser simplesmente obedecida. Basta ser norma, não importa se justa ou não. O Direito deve ser uma ciência objetiva como as demais.
No capítulo VIII da “Teoria Pura do Direito” Kelsen trabalha a questão da interpretação 
Considerando a teoria jurídica desenvolvida até o século XIX, Kelsen chega à conclusão de que é impossível um direito objetivo, a interpretação coloca tudo a perder, pois é sempre subjetiva.
Para Kelsen os métodos interpretativos não levam a qualquer tipo de sentido controlável. O autor critica a Hermenêutica metodológica, pois os métodos não têm serventia para o direito, pois a interpretação é sempre subjetiva. Não há como justificar racionalmente a interpretação
Essa impossibilidade de interpretação é chamada de “”Dilema Kelsiniano” para os doutrinadores e significa a impossibilidade de justificar racionalmente a interpretação. (May, acho que isso pode ser questão aberta na prova)
Racionalmente, para Kelsen, significa método cientifico. Só é racional o conhecimento testado por método. Assim ele chega à conclusão de que subjetividade da interpretação coloca em risco a objetividade do Direito. A Hermenêutica tem o problema da interpretação subjetiva, e essa interpretação compromete todo o Direito.
Segundo Kelsen, essa interpretação só se justifica por um juízo político. O sentido atribuído a norma jurídica pelo Estado decorre de uma conveniência política, ou seja, razões extra positivas. Dentro dos vários sentidos possíveis da lei, o juiz escolhe o mais conveniente politicamente (Razões morais, econômicas, sociais, etc.) O Direito seria refém da política. Para Kelsen, todo o judiciário funciona politicamente, na medida que suas decisões não exigem metodologia científica. A norma jurídica é necessariamente plurívoca (tem vários significados) e a escolha de um desses significados decorre de razões subjetivas. 
O direito não é uma forma de conhecimento racional, mas uma forma de dominação política
Nesse sentido, Kelsen exclui a doutrina como fonte do Direito, pois a doutrina não manda nada. Trata-se de simples sugestão feita por pensadores que não tem poder de decisão.
Uma decisão de um tribunal superior não é mais correta, ou os membros dos Tribunais de Justiça não mais são inteligentes que um juiz de primeira instância. A decisão dos desembargadores prevalece apenas porque eles têm mais poder. O Direito é refém da política no sentido amplo.
A Hermenêutica clássica termina com Kelsen quanto ele diz que os métodos não têm sentido. A partir dele se abre a discussão que vai levar, duas décadas depois, a Teoria da Argumentação Jurídica.
A teoria de Kelsen não se encaixa na teoria clássica da Hermenêutica e não integra o movimento argumentativo, ele é o divisor de águas entre esses movimentos. 
Kelsen quase chegou a Teoria da Argumentação Jurídica, mas não deu esse passo por um problema epistemológico (Estudo do conhecimento): O modelo de conhecimento que Kelsen trabalha é incompatível com o modelo a teoria da argumentação. 
Interpretação autentica:
A interpretação autentica, para Kelsen, é um ato de poder da razão subjetiva, que desconsidera a objetiva
Hermenêutica filosófica:
Está mais atrelada a Filosofia geral do que ao Direito (A filosofia do direito também está atrelada a filosofia)
O que chamamos “Hermenêutica Filosófica” é o resultado do desenvolvimento da filosofia linguística (da linguagem). A Hermenêutica filosófica é um subproduto da filosofia da linguagem. 
O autor Hans. G. Gadamer , na década de 60, pública seu livro “Verdade e Método” (1963), tratando do assunto. Esse livro revolucionaria a hermenêutica
Filosofia da Linguagem
A filosofia da linguagem é o modelo epistemológico (de conhecimento) usado para o desenvolvimento da Hermenêutica Filosófica.
Há uma mudança do paradigma geral da filosofia que leva a uma mudança da compreensão a respeito da ideia de interpretação. Essa mudança geral modelo de conhecimento filosófico inspira a evolução do modelo geral de estudos em todas as áreas. Quando se muda o conceito/paradigma da filosofia, muda-se todo o modelo de interpretação do conhecimento. A filosofia geral influencia a teoria geral de todas as áreas especificas e suas subáreas. A partir da teoria geral de cada área haverá efeitos nas subáreas especificas.
No início do século XX, houve um novo pressuposto epistemológico, ocorrendo uma mudança do modelo filosófico para o modelo da Filosofia da Linguagem, chamado Giro Linguístico ou Guinada linguística. Essa mudança do conceito geral de filosofia muda todas as áreas do conhecimento num segundo momento
No Direito esse giro linguístico leva a chamada Ética do Discurso. Esse novo modelo abandona o paradigma metodológico, para um novo paradigma no direito. Passa-se da Hermenêutica Metodológica para a Teoria da Argumentação. Esse é a 4ª grande mudança no paradigma da intepretação
Paradigmas Filosóficos (Modelos epistemológicos)
 Séc. IV/aC Séc. XVIII Séc. XX 
Modelo Religioso Modelo ontológico Modelo Epistemológico Modelo Linguístico 
 Tales de Mileto Immanuel kant
 
1º Modelo: Religioso: Conhecimento místico, parcial e rasteiro. Baseado em superstições
2º Modelo: Ontológico: É o primeiro modelo epistemológico propriamente dito. Início da Filosofia na Grécia. Estudo “do que é”. Procura uma explicação racional do que são as coisas, não mais explicando com fundamento na religião. Aristóteles em “O homem, ser político” traz uma resposta ontológica (O homem é um ser político)
3º Modelo: Epistemológico: A questão filosófica aqui deixa de ser “o que é?” algo, para ser “como se conhece algo?” Para a teoria do conhecimento epistemológico , a primeira funçãoda filosofia deve ser descobrir como se pode conhecer algo. É uma tentativa de aplicar o método científico a filosofia. Um de seus principais expoentes é Kant. No Direito, Kelsen é responsável por tentar criar um método cientifico para conhecer o Direito (Em seu livro “Teoria Pura do Direito, tenta criar uma metodologia jurídica)
4ª Modelo: Linguístico. As primeiras publicações a respeito desse modelo datam da última década do século XIX, feitas por um professor americano, Charles S. Pierce. Sua obra passa despercebida, pois os Estados Unidos ainda não são centro de referência acadêmicas nessa época. A obra do professor americano é resgatada por um austríaco, Wittgenstein, que acaba se tornando a referência para o início do novo modelo.
Nesse novo modelo a proposta é conhecer a partir da compreensão da linguagem. A proposta é de que conhecermos a realidade a partir da linguagem com que representamos a realidade que conhecemos. A linguagem compõe a própria concepção de realidade. A mudança de paradigma se deu por acaso, começo como uma pesquisa ainda no modelo epistemológico e acabou virando modelo próprio e inovador, um novo paradigma.
Semiótica:
Passa a ser instrumento de análise da realidade ou giro linguístico a partir de Pierce ou Wittgenstein. Porem surge na Grécia
A semiótica passa a ser “modelo metodológico” do giro linguístico
A semiótica á a disciplina que estuda as representações e, também é a doutrina dos signos, sendo estes quaisquer tipos de representação. O signo é todo o objeto, ou todo acontecimento que representa outro objeto ou outro acontecimento. O signo é o presente que representa o ausente
O nome semiótica vem do grego e, em grego, signo se escreve “siméion”. Símbolos são espécies de signos, pois representam algo.
A representação é subjetiva, o que representa algo para alguém pode não representar nada para outro.
A linguagem, dentre tantas possibilidades, foi escolhida pela filosofia como forma de excelência de representação da realidade. A linguagem é, portanto, uma filosofia semiótica
Dos vários signos existentes, a linguagem foi escolhida por duas razões:
Por ser um fenômeno universal do ser humano
É o conjunto de signos mais completos de representação da realidade
Ao contrário de outros signos, a linguagem permite ao ser humano representar todos os aspectos da realidade, ou seja, toda realidade objetiva, física ou natural pode ser representada pela linguagem.
A Linguagem representa o símbolo de uma realidade, mas esse símbolo é uma realidade que só existe como representação
O Direito só existe como linguagem, ou seja, só existe como representação
Ramos da Semiótica:
Subdivide-se em 
Sintaxe
Semântica
Pragmática
Sintaxe: É o ramo da semiótica que estuda a relação de um signo com outro ou outros signos. Trata-se de um ramo formal da semiótica. Ex.: Dicionários
Semântica: Estuda a relação do signo com o objeto a que o signo se refere. O mesmo signo irá se referir a uma pluralidade de objetos. É um ramo material.
Pragmática: É o ramo que estuda a relação do signo com o usuário do signo, ou com o contexto de uso do signo. É, portanto, um ramo contextua
Witttgenstein (1889-1951)
É uma das figuras mais importantes do século XX, entre outras coisas, por ter escrito dois livros “Tratado Lógico-Filosófico” e “Investigações Filosóficas”. Ele é um autor importante do pensamento filosófico, porém não vem de uma tradição filosófica. 
Embora tenha escrito apenas duas obras, essas obras apontam o caminho filosófico diferentes, como se fossem escritas por autores diferentes. Passando a ser chamado 1º Wittgenstein e 2º Wittgenstein.
- Tratado Logico-Filosófico 1º Wittgenstein
- Investigações Filosóficas 2º Wittgenstein.
O “Tratado Lógico-filosófico” é uma das obras mais importantes do sec. XX. E “Investigações Filosóficas” uma das mais importantes de todos os tempos
O 1º Wittgenstein aumenta o giro linguístico, abrindo a perspectiva do que será o giro linguístico, sendo o 2º Wittgenstein responsável por este giro.
Participava do Círculo de Viena
1º Wittgenstein – Tratado Lógico-Filosófico
É o Wittgenstein matemático, vê a filosofia como lógica formal. É ele funda a corrente chamada “neopositivismo lógico, que influencia indiretamente a “Teoria Pura do Direito”, de Kelsen.
O Tratado lógico-filosófico é a obra mais importante de logica escrita no século passado e também a mãos complexa. Ele percebe que a filosofia do século XX estava discutindo os mesmos problemas que a filosofia grega discutia a dois milênios atrás.
Como a engenharia era algo que estava em mudança constante, ele ficava perplexo pelo fato da filosofia ser tão monótona, não avançar absolutamente nada em relação a ciência
Para Wittgenstein, o problema da filosofia é a linguagem, que desde seu início prende-se a uma linguagem equivocada. Diferente da ciência, que se desprende dessa linguagem por uma linguagem objetiva, clara e neutra.
Segundo ele, toda ciência é uma linguagem artificial para traduzir o que é aquela ciência, sendo, portanto, uma linguagem universal. Enquanto a filosofia se exprime por uma linguagem natural, e por ser essa linguagem espontânea, ela é tão vaga.
Identificando o problema, Wittgenstein dedica-se a solucioná-lo, sendo a solução a criação de uma linguagem artificial da filosofia para a filosofia. Para ele a filosofia deveria desenvolver seus conceitos numa linguagem artificial.
Antes de Wittgenstein um outro autor científico já pensava numa linguagem artificial, o alemão Leibniz.
Juntamente com os neopositivistas lógicos, é que Wittgenstein passa o restante da década de 20 dedicando-se a linguagem artificial da filosofia. 
Nessa obra, Wittgenstein vai seguir a linha kantniana, reduzindo assim a epistemologia da filosofia a semiótica.
Dos 3 ramos da semiótica, 0 1º Wittgenstein irá excluir a semiótica pragmática, sendo a filosofia para ele o estudo da sintaxe e da semântica 
Para ele, o conhecimento racional é aquele que cumpre dois requisitos, o requisito sintático válido e o semântico verdadeiro
Complemento sobre o 1º Wittgenstein
Tem uma aproximação com o movimento de codificação francês (legalismo)
0 1º Wittgenstein é um Wittgenstein , do ponto de vista semiótico: sintático e semântico. 
Para o primeiro Wittgenstein a linguagem é um meio para se descrever o objeto/realidade
 Linguagem 
Sujeito Objeto/Realidade
Por consequência, quanto mais objetiva, lógica e matemática for a linguagem, mais precisa e correta será a descrição do objeto/realidade. A linguagem é o elemento de ligação entre o sujeito e o objeto. Quanto melhor a linguagem, melhor será o conhecimento da realidade/objeto. Quanto mais sintática (correta) e semântica (verdadeira) a linguagem, mais perfeita a descrição do objeto. 0 1º Wittgenstein é um Wittgenstein é, do ponto de visto semiótico, sintático e semântico
Aqui, para o 1º Wittgenstein, a linguagem serve para descrever, perguntar, comandar objetos/realidade. Ele acredita que a infinitas funções 
2º Wittgenstein
Para o 2º Wittgenstein o sujeito e o objeto são uma coisa só. A Linguagem serve para construir a realidade. Visão pragmática
Para o segundo Wittgenstein não existe linguagem certa ou errada, a princípio não há certo ou errado isoladamente, tudo depende do contexto.
Aqui o sujeito e a linguagem se unem. Wittgenstein rompe com o modelo linear de conhecimento. Quem fala, fala de si, fala de seu contexto. Não há separação entre sujeito e linguagem. A linguagem, ao ser usada, constrói e reconstrói o contexto existencial de si.
Mas, se para Kelsen, um modelo assim seria subjetivo (sujeito - objeto), para o segundo Wittgenstein esse modelo é pragmático (nem subjetivo, nem objetivo), já que não posso separar o sujeito do objeto. É um modelo circular de conhecimento. Nossa compreensão de realidade é sempre contextual.
Jogos de linguagem A linguagem não é uma coisa morta em que cada palavra representaalgo de uma vez por todas. Ela é uma atividade humana situada cultural e historicamente. Os jovens, por exemplo, adoram usar termos diferenciados por exemplo, adoram usar termos diferenciados que correspondem ao seu grupo, mas que fora dele poucos compreendem. Assim, "radical" já foi usado para designar algo que é "maneiro" ou "massa", um sujeito "legal" pode ser considerado "sangue bom" ou "moral" dependendo do lugar onde viva. A ideia de jogos de linguagem rompe com a visão tradicional de que aprender uma língua é dar nomes aos objetos. Imagine que você está em um passeio turístico e se perdeu de seu grupo. No lugar em que você está a população só fala o idioma local, que você desconhece. Como você faria para se comunicar? Talvez você tentasse se comunicar primeiro por mímica ou tentasse desenhar. Os nativos falariam alguma coisa na língua deles e você talvez repetisse na esperança de estabelecer algum laço de comunicação. Talvez com um bocado de paciência vocês acabassem se entendendo e essa história acabaria tendo um final feliz. Naturalmente, ocorreriam muito mais equívocos do que acertos, isso porque mesmo gestos que para nós são banais como acenar a cabeça, podem significar coisas muito diferentes em outra cultura.
As “regras” desses jogos de linguagem são criadas consciente e inconscientemente de geração em geração. Algumas surgem outras desaparecem. Em determinado momento, por muitos apreciarem esse “jogo” surge a sensação de que as regras são uma disposição (norma) e não uma convenção.
“Quem joga um jogo, joga a si mesmo” a Graça do jogo estar em jogar-se, trata-se de um modelo circular de conhecimento
Assim as coisas só existem no uso pragmático
Ex.: Zap no truco é importante. Zap sem estar no truco é nada
Exemplo do leão falante: Se um caçador encontra um leão falante, não haveria possibilidade de comunicação entre eles, mesmo o leão falando, pois o contexto deles são extremamente diferentes, a ponto de não possibilitar a comunicação.
Para que seja possível a comunicação é preciso um contexto compartilhado mínimo (intersubjetivo) que nos aproxime como espécie
O Sentido sempre estaria no contexto, temos de resistir a tentação de que, levantado o véu da linguagem, teríamos a realidade. A realidade só existe como representação, como signo. Acabar com a linguagem ou melhora-la não traz conhecimento melhor da realidade.
Mia Couto sobre as obras de Jorge Amado publicadas na África: “Antes de Jorge Amado, falávamos uma linguagem que não nos falava” (Obras europeias, etc., que retratavam uma outra realidade)
Martin Heidegger
Obra: “Ser e o tempo” – 1927
Dupla importância Contribuição filosófica e mentor de Hans Gadmer
Trabalha num viés diferente de Wittgenstein. Para Heidegger a questão da linguagem é secundária, o que os une é a pragmática, ou seja, partem de pressupostos diferentes, mas a conclusão é parecida
Foi uma figura controversa, pois apoiou o Nazismo até o fim da vida, nunca se arrependei dessa postura. Perseguiu judeus na universidade. Teve uma relação amorosa com Hannah Arendt, quando ainda casado. Além disso ela era judia. Quando ela fugiu para os Estados Unidos, divulgou a obra de Heidegger nos EUA.
Criou o “círculo hermenêutico”, que depois foi popularizado por Gadmer
 Obs.: Erza Pound foi um poeta americano que também apoiou o nazismo no EUA
O ponto de partida de Heidegger é a crítica ao conhecimento metafisico. Em sua obra “O ser e o tempo” critica a metafisica e o método cientifico (conhecimento cientifico)
Para ele, a humanidade, nos últimos dois mil anos, vem fazendo e continuando um tipo de conhecimento que não conhece nada. Nesse sentido, tanto a filosofia e depois o método cientifico não explicam a realidade. Todo o conhecimento, a partir de Platão, é um equivoco epistemológico
Considera a filosofia pré platônica (Socrática) boa
Obs.: Metafisica: ramo da filosofia que estuda aquilo que não pode ser apreendido pelos sentidos. Que está além do mundo físico, mas pode ser refletido conscientemente. Exemplo: Existência de uma obra imortal, existência de Deus. Uma reflexão racional sobre algo que não pode ser demonstrado empiricamente. O que está além e aquém da física. Primeira referência a metafisica foi feita por Aristóteles , no seu texto “Existência de Deus e da Alma.
Heidegger vai dizer que todo o conhecimento a partir de Platão é um conhecimento sobre o que não existe, sendo que o principal objetivo da filosofia e da ciência deveria ser explicar o que existe. Para ele a ciência é tão metafísica quanto a filosofia
Para Platão existem o mundo sensível e o mundo das ideias. Como exemplo, para além de todas as concepções de justiça no mundo sensível (o nosso), existe a ideia de justiça perfeita, eterna e imutável no mundo das ideias. O conhecimento verdadeiro está “fora da caverna” (mundo supra sensível), que só é acessível pela razão.
Já para Heidegger aquele que conhece a realidade não é aquele que a experimenta. Ele questiona a ideia de Platão de abandonar o mundo real e procurar o mundo ideal. Nesse sentido, para Platão, quem conhece a realidade não é quem vivencia a realidade, mas aquele representa idealmente essa realidade. Isso é inútil, o conhecimento humano tomou um rumo ladeira abaixo, pois todo conhecimento após Platão busca o conhecimento do mundo das ideias, no mundo das representações. O empirismo científico é usado tão somente para a busca da representação do fenômeno estudado, pois busca um conceito universal do fenômeno (busca regras gerais), busca uma fórmula (a formula seria a representação ideal de Platão). Ao se encontrar formula, a realidade é dispensada, pois a formula se torna mais importante que o fenômeno em si
NO campo do direito: Que dia saímos da faculdade (laboratório) para ver o direito real do mundo, das ruas? Ficamos apenas no mundo das ideias (livros de direito). A lei pretende ser a representação da realidade, fazemos teoria sobre o que não existe (mundo das ideias) e deixamos de ver a realidade (o direito real)
Nesse sentido um surdo pode ser o maior especialista sobre música do mundo, mas ele não conhece a música. 
A proposta de Heidegger é de um conhecimento fenomenológico 
A fenomenologia é o modelo epistemológico proposto por Heidegger
Crítica de Heidegger ao método cientifico:
Essência: Critica a busca do conhecimento da essência e não da realidade. A ciência estudaria a cópia e não a realidade
A fenomenologia levaria a verdade. (Fenomenologia é um conceito desenvolvido por Husser, judeu) Trata-se do conhecimento da coisa ela mesma (a realidade ela mesma), em detrimento da suposta representação da realidade (método cientifico). Não se busca a essência, a ideia escondida. Ex.: Estudar física não é estudar formulas, mas a física aplicada na pratica
No campo da Filosofia, a teoria fenomenológica foi aplicada de forma definitiva pelo filosofo francês Sartre, através do conceito do Existencialismo. 
Para Heidegger, Platão, ao dividir a realidade entre sensível e suprassensível, resolve o problema epistemológico vindo do período pré-socrático desenvolvido nas teorias de Parmênides e Heráclito
Parmênides X Heráclito
Para Parmênides existe a imutabilidade, a realidade é constante. Teoria atômica. Se conhece a realidade através da razão/reflexão (Validade). O conhecimento é a razão, não os sentidos. A representação seria imutável, para além da realidade a razão chega a realidade absoluta.
Para Heráclito: existe a mutabilidade, a realidade é mutável. Conhecimento através dos sentidos. Os sentidos reconhecem a realidade
Segundo Heidegger, Platão une as duas escolas, unifica as propostas ao dividir o mundo em sensível e ideal, mas reconhece Parmênides como certo.
Assim, o ser humano lida com os dois mundos, absorve a realidade através dos sentidos e analisa com a razão
Obs.: O senso comum não faz parte do conhecimento cientifico
Heidegger é sua fenomenologia é uma recuperação da proposta de Heráclito
No ramo do direito (no curso) fenomenologia e existencialismo podem ser considerados sinônimo.Trata-se do conhecimento baseado em experiência, da vivencia, independente de categorias e métodos. Conhece aquele que experimenta, não aquele que reflete sobre.
O conhecimento fenomenológico não depende de títulos, métodos, que seriam uma cegueira, pois impedem o conhecimento do objeto.
Do ponto de vista cientifico, conhecemos algo a partir do momento que aplicamos o método cientifico. Para a fenomenologia a partir do momento que conhecemos o objeto da pesquisa
Mas como podemos ter um modelo epistemológico baseando em objetos transitórios? Como conhecer o rio se o rio muda sempre?
Heidegger aplica o Círculo Hermenêutico para responder isso
Para ele nos começamos a conhecer determinado objeto numa perspectiva existencial/fenomenológica a partir do momento em que começamos a ter existência (nascemos). Muito antes de ter contato com o objeto, nós já o conhecemos. O conhecimento se inicia com a existência. Preexiste ao contato do sujeito com o objeto.
Começamos a existir quando nascemos, mas a existência de cada um não é limitada ao nosso período de vida. Nossa existência é anterior a nossa vida
Porquê nossa existência antecede nossa vivencia?
Nascemos em uma cultura, contexto, linguagem que herdamos. O período de vida se insere num fluxo histórico que torna nossa compreensão de todas essas inúmeras existências pregressas. A maneira como compreendemos a realidade pela vida biológica é condicionada por eventos e situações que antecedem a nossa existência
“O conhecimento é histórico”
“Ser é tempo” Lenio Streck
Não existe uma autonomia humana, pois a história pregressa não pode ser alterada, somos herdeiros de uma tradição histórica que é imemorial (Pré compreensão)
A existência vem desde sempre
Assim o conhecimento do objeto nunca termina e não conhecemos nada de maneira definitiva. Conheço desde sempre e posso conhecer para sempre (Modelo circular herméticos)
Sartre diz: “Conhecimento fenomenológico é a “indissociação” do sujeito e objeto”
O próprio contato com o objeto incorpora-se como experiência, na medida que altera a experiência do sujeito, a percepção que o sujeito tem do objeto é alterada.
O círculo hermenêutico está para a fenomenologia como o método científico está para a ciência
Hans G. Gadamer (1900 – 20002)
Obra: Verdade e Método (Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica) 
O livro trabalha com duas referencias
Fenomenologia de Heidegger
Giro linguístico de Wittesgetein 
Busca criar uma teoria geral de interpretação em todos os ramos do saber (incluindo arte)
Propõe a utilização da Hermenêutica na filosofia e a teria geral da interpretação filosófica nas outras áreas
As artes por que a interpretação artística entende, desde sempre, que é impossível dar um sentido único. Nega a interpretação definitiva, sempre busca novos significados. Aquele que interpreta sempre constrói novos significados. É co-autor da obra
Já a teoria geral da intrepretação filosófica deveria aprender com o Direito e a teologia, pois esses sempre produziram uma interpretação pragmática. No sentido que tanto o juiz quanto o padre sempre fizeram interpretação com a finalidade de orientação da conduta humana.
As duas áreas entenderam desde sempre, que a busca de sentido está sempre atrelada ao contexto pragmático (sempre negou uma busca metafisica de sentido). Não há uma formula. O sentido está no horizonte histórico. A interpretação jurídica e teológica sempre esta atrelado a realidade que o texto se propõe.
Assim a busca pelo sentido/verdade não depende de método. O método cientifico não é capaz de achar sentido verdadeiro (negação da lógica)
O sentido é obtido através da experiência, pressupõe existência
Passa então a aplicar a teoria da interpretação de Heidegger
Qualquer que seja a pergunta sobre Gadamer, a palavra pré-juízo aparece 
Toda interpretação é baseada em pré-juízos, esses pré-juízos são tão antigos quanto a existência do interprete. Para Gadamer a interpretação é existencial, muito antes de ler um texto o interprete já interpretava o texto
Já há uma verdade antes da leitura, ao ler os interprete apenas confirma ou não confirma sua verdade pré-concebida. A experiência da leitura nunca é algo totalmente inédito, pois se traz uma expectativa que será confirmada ou não com a leitura. Geralmente se confirma uma parte e outra não.
A leitura da obra se incorpora a experiência pessoal, uma segunda leitura será uma experiência diferente, pois será influenciada pela primeira leitura, que trouxe novos pré-juízos a serem confirmados ou não. Nesse sentido, cada leitura é repetida e inédita
Há críticas sobre esse modelo, pois ele seria subjetivo, mas na verdade ele é pragmático.
No modelo subjetivo o sujeito é quem atribui o sentido. Já no modelo científico/metodológico o sentido está no objeto, que é analisado de forma isolada (hermenêutica clássica) 
Com o início da filosofia da linguagem, há um meio termo entre sujeito e objeto. A interpretação correta está no encontro do sujeito com objeto (encontro de horizontes)
Horizonte tem uma estrutura pragmática, ao se deslocar incorpora-se um o horizonte, que em seguida muda de lugar. A linha do horizonte existe, mas não é tangível. Quando se chega ao horizonte (ponto em que a terra e o céu se encontram), ele muda de lugar
Interpretação correta para Gadamer
Esse modelo de interpretação não implica num sentido único/objetivo. Não leva a um único significado
É necessário que observemos 2 requisitos (não é um método)
Ter consciência que temos pré-compreensão (pré-juizos). É impossível olhar o objeto de forma neutra. É necessário a consciência que esses pré-juízos existem e influenciam nossa análise. Deve-se abandonar o mito da neutralidade
Sabendo que a interpretação é condiciona por pré-juízos, o interprete deve fazer uma triagem, tentar descobrir quais pré-juízos são importantes para a intepretação do objeto (quais são relevantes e quais são irrelevantes). A partir do momento em que se reconhece a existência dos pré-juízos, temos mais condições de analisar o objeto e descobrir quais pré-juízos são uteis e quais não são.
Não se trata de método interpretativo, pois não existe uma formula. Um pré-juízo importante (útil) para alguém pode não ser para outro. O mesmo pré-juízo pode ser útil ou não em momentos diferentes para a mesma pessoa.
O importante é ter consciência que as pré-compreensões influenciam nossa interpretação 
Esses juízos dos pré-juízos afastam a metafisica. Não há uma lista definitiva, se analisa a situação de fato. Quanto mais conheço, mais tenho chance de acertar.
“O importante é evitar a arbitrariedade dos hábitos imperceptíveis do pensar) Gadamer 
Importante lembrar que toda interpretação pressupõe uma perda, no sentido que nunca vamos abarcar todas as interpretações possíveis. Toda interpretação limita. O sentido completo seria todas as compreensões de todos os sujeitos. O que é impossível.
Teoria da interpretação jurídica 
Conjunto de teorias que fundamenta o Direito após a absorção da filosofia da linguagem.
Precursor: Theodor Viehweg (1907/19888)
Obra: Tópica e Jurisprudência (1953)
Teoria: Como justificar a área jurídica como disciplina e não como mero uso da força
Pratica: Impossibilidade de se sustentar uma teoria jurídica alheia ao conceito de justiça
	
Filosofia Geral
Teoria Geral do Direito
Teoria da interpretação 
	
Epistemologia (Cientifica)
Juspositivismo
Hermenêutica
(Metodológica) 
	
Linguística (Pragmatismo)
Ética do Discurso
(Juspositivismo pragmático)
Teoria da Argumentação jurídica (modelo dialético)
A ética do discurso é uma consequência de fatores históricos como a 2ª guerra mundial e, em especial, o Holocausto
A teoria da interpretação jurídica busca conciliar duas correntes:
Jusnaturalismo (Comow Law) associado a noção de justiça
Juspostivismo (Civil law) associada a noção de norma positivada, codificada, não necessariamente justiça
Como debater justiça no modelo de codificação? A solução é tratar ainterpretação num modelo pragmático
Wiehweg era juiz, jurista e filosofo. Desempregado depois da guerra mudou-se para uma cidade de interior na Alemanha. Caminhando no interior, deparou-se com uma biblioteca num mosteiro abandonado.
Entre os livros havia a obra completa de Arsitóteles, que pode ser considerada a enciclopédia da antiguidade, assim como a “Sumula Teológica”, de São Tomás de Aquino é considerada a da idade média.
Ao chegar ao “Organum”, textos sobre lógica de Aristóteles, percebe uma possibilidade de solução.
Para Aristóteles a lógica se divide em:
Logica material: Lógica maior, que leva em conta o conteúdo, a matéria e busca a verdade
Lógica formal: Lógica menor, que se preocupa com a estrutura de pensamento, com a validade
Com o tempo a lógica material foi abandonada, ficando a cargo da ciência, debater a verdade. A lógica estudada passou a ser apenas a formal, que busca validade
O Direito teria se afastado da ética aristotélica (discutia a justiça), rumando para a lógica aristotélica (discutia validade)
O método de Aristóteles para descobrir a verdade, sem o método científico (que não existia) era a utilização do modelo de Tópica
Tópica: Método de procurar a verdade criado por Aristóteles há 2000 anos, que prevaleceu até a implementação do método cientifico
Tópica é uma tentativa de unir dois modelos epistemológicos, o sofista e o socrático. É um modelo de conciliação do modelo sofista com o socrático de forma dialética (ideias opostas que levam a uma síntese)
Modelo sofista: relativista, que tem interesse na persuasão. Não se busca conhecer a verdade, mas o convencimento. A verdade seria aquela de quem consegue convencer que é verdade. A justiça é a conveniência do mais forte, leva ao convencimento (Modelo JusPositivista)
Modelo Socrático: A ética deve levar a valores morais universais. Absolutos. A verdade é universal, independe da época. O debate deve ser racional e buscar a justiça (jusnaturalista)
Aristóteles acreditava na conciliação dos modelos, criando uma síntese (Tópica). Um modelo circular de conhecimento:
Dialética:
Tese antítese síntese 
Cada tese gera uma antítese, que juntas geraram uma síntese, que, em si é uma nova tese, que vai gerar uma nova antítese….
A síntese que se chega do processo não é relativa nem absoluta, É convincente. Os participantes do debate são os membros do auditório. Ao final eles acatam o melhor argumento. Nesse sentido a tópica (lugar comum/Senso comum) é uma teoria dialética que traz uma verdade pragmática. Alguns dizem que é uma verdade amadurecida
Habermas coloca que para o modelo dar certo é necessário que todos estejam dispostos a mudar de opinião, pois o argumento vencedor precisa ser aceito
É uma opinião aprimorada, não uma verdade absoluta. O argumento vencedor precisa ser aceito. Para contornar o subjetivismo há instrumentos como a aceitação da maioria. 
Quanto maior a discussão, mais legitima a decisão, para uma decisão totalmente legitima seria necessário um tempo infinito de discussão, o que não é possível. Temos então uma justiça gradativa
A partir das reflexões, Theodor Viehweg introduz, de forma original, o que ele chama de:
	Raciocínio sistemático
	Raciocínio Aporético
	Modelo cientifico, metodológico
	Refere-se a Tópica. Lógica material, argumentação, retórica
	Ele se sustenta com base na demonstração (empirismo), assim a realidade seria demonstrável. Não cabe mais espaço para o convencimento, perde campo a teoria dialética. A substituição ocorre pq não há necessidade de convencer 
	Aporético, vem de aporia, em filosofia significa fim da saída argumentativa. Beco sem saída. Capitulo 8º do livro de Kelsen, não tem como continuar. 
	É uma verdade objetiva, não é necessário o convencimento. A teoria tópica teria ficado obsoleta
	Para trabalhar as aporia o modelo dialético foi usado até a idade média 
	Acredita que a ciência responderia tudo, inclusive o Direito. O erro não foi usar a demonstração, mas pensar que todo conhecimento fosse cientifico (Hermenêutica tradicional)
	Com a modernidade e o conhecimento científico, há o abandono da aporia.
	Sistemático, pois há referências ao objeto e que resolveriam qualquer problema
	Aqui os problemas são reais, pois não há uma solução previa e o conhecimento no direito não pode ser sistematizado
	Equivalente a metafisica de Heidegger
	Leva a várias respostas que não foram construídas
	Theodor Viehweg chama os problemas dessas áreas de pseudo problemas, pois já há resposta para os problemas, basta localizar. As soluções estão nas formulas e a resposta tem eu ser única
	Há criação de fatos novos. Cada fato novo leva a uma resposta. O fato das normas serem interpretativas, geram novas aporias, que tiram o direito da modalidade sistêmica
	Não há criação e sim reprodução de conhecimento
	O dogma jurídico é só imposto. Porem a interpretação sai desse campo (dos dogmas)
	O limite é o próprio sistema
	Não é uma volta a Comow Law (jusnaturalismo), Theodor Viehweg introduz tópica de 1º e 2º grau para sair dessa hipótese.
	A lei codificada seria a formula para o juiz resolver através do raciocínio sistemático
	
A tópica de primeiro grau tem como diretriz a busca de pontos de vista mais específicos, aplicáveis apenas à esfera do conhecimento inerente ao problema para, ao prepará-los e organizá-los de antemão. Em palavras mais coloquiais, nesta etapa se separam os argumentos do senso comum dos argumentos propriamente jurídicos que podem resolver um caso.
Já a tópica de segundo grau é equivalente ao momento da formação do juízo, onde se escolhe um entre os de tópicos previamente aceitos e selecionados para realizar a dedução lógica e chegar a uma conclusão que irá solucionar o problema.

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