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Revisão de Conceitos Fundamentais de Termodinâmica Um mol é a quantidade de substância que contém um número de entidades elementares (átomos, moléculas, íons, elétrons ou outras partículas) igual ao número de átomos presentes em 0,012 kg de carbono-12. O número de entidades elementares contidas em 1 mol de qualquer substância corresponde à constante de Avogadro, cujo valor é 6,022x1023 mol–1. O mol é adimensional, sua unidade é o mol. Grandeza Unidade Símbolo Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo segundo s Intensidade de corrente elétrica ampère A Temperatura kelvin K Quantidade de matéria mol mol Conversão de unidades de pressão: 1 atm = 1,01325x105 Pa 1 Pa = 9,869x10–6 atm = 10–5 bar 1 bar = 105 Pa = 0,986923 atm Conversão de unidades caloria e Joule: 1 caloria (corresponde ao calor específico da água a 15 graus Celsius): 4,1868 J 1 caloria termoquímica (corresponde ao calor específico da água à temperatura ambiente): 4,184 J O mol é utilizado para simplificar representações de proporções químicas, quando interessa trabalhar com um número fixo de entidades elementares. Volume total representa o tamanho total de um sistema ou corpo, seja ele maciço ou oco. É obtido pelo produto de três unidades de comprimento. Densidade (ρ) é o quociente da massa pelo volume total. ρ = massa / Vol unidades comuns são kg/m3 e g/cm3 Massa específica é a razão entre a massa e o volume de uma porção de determinada substância homogênea (todos os pontos da substância apresentam as mesmas propriedades) e não oca. Vol massa ρ = unidades comuns são kg/m3 e g/cm3 Volume Específico Volume específico ν de uma substância é o volume total ocupado por uma unidade de massa dessa substância. É o inverso da massa específica. Sua unidade é m3/kg. massa Vol =ν ρ 1 =ν Volume molar é o volume total dividido pelo número de mols do sistema. Sistema e Vizinhança Sistema aberto: troca energia e matéria com a vizinhança Sistema fechado: troca apenas energia com a vizinhança Sistema isolado: não há troca de energia nem de matéria com a vizinhança. Não existe qualquer interação entre o sistema termodinâmico e a sua vizinhança. Através das fronteiras não ocorre fluxo de calor, nem de massa, nem trabalho. Aberto Fechado Isolado Sistema Termodinâmico Para iniciar algum estudo termodinâmico é necessário definir claramente qual é o objeto de estudo. Os objetos de estudo são demarcados por fronteiras bem definidas que delimitem o que é o sistema e o que está fora do sistema termodinâmico. Um sistema termodinâmico consiste em uma quantidade de matéria ou região para a qual nossa atenção está voltada. Os sistemas podem ser abertos ou fechados. Tudo que se situa fora do sistema termodinâmico é chamado meio ou vizinhança. Sistema Fechado, também conhecido como Massa de Controle, é o sistema termodinâmico cuja massa é fixa, não havendo fluxo de massa através das fronteiras do sistema, mas podendo haver fluxo de calor e trabalho. A fronteira de um sistema fechado pode ser móvel. As figuras a seguir mostram exemplos de sistemas fechados: Volume de Controle, também conhecido como sistema aberto, é o sistema termodinâmico no qual ocorre fluxo de massa através da superfície de controle que define o sistema. Volume de Controle é um volume fixo definido no espaço. Se o gás se expande a fronteira do sistema se expande junto para que a massa contida no sistema permaneça constante http://cursos.unisanta.br/quimica/private/APOST ILA-TERMO.PDF (acessado em 24/11/2015) O escoamento do fluido (massa) pode se dar para dentro e para fora deste volume definido. Por exemplo: deseja-se analisar um fluido dentro de uma mangueira de 5 m, mas analisar-se-á apenas 30 cm da mangueira. Neste caso, 30 cm x área da mangueira é o volume de controle que será utilizado para fins de cálculo. A água pode entrar e sair deste volume. No sistema fechado, analisa-se uma porção fixa de massa, já no volume de controle, analisa-se a massa presente em um volume fixo no espaço, podendo a massa variar no volume de controle, devido a condições do fluido. No sistema fechado a massa é fixa, já no Volume de Controle, o volume é fixo, a massa pode variar. As figuras a seguir mostram exemplos de volume de controle: http://cursos.unisanta.br/quimica/private/APOSTILA-TERMO.PDF (acessado em 24/11/2015) Propriedade intensiva é aquela que independe da massa. Exemplos: velocidade, temperatura, pressão, título, massa específica, volume específico, energia interna específica, entalpia específica. Propriedade extensiva varia diretamente com a massa. Exemplos: massa, volume total, quantidade de movimento, energia interna, entalpia, energia cinética e potencial. Assim, se uma quantidade de matéria é dividida em duas partes iguais, cada parte apresentará o mesmo valor das propriedades intensivas, mas a metade do valor das propriedades extensivas. Toda grandeza extensiva tem uma grandeza intensiva associada a ela, denominada grandeza específica, que é obtida dividindo-se a grandeza pela massa da substância. Exemplo: dmassa dVol =v Extensivas Intensivas Quantidade de movimento mv Velocidade v Volume total V Volume específico v Energia interna U Energia interna específica u Energia cinética ½ mv2 Energia cinética específica ½ v2 Energia potencial mgh Energia potencial específica gh Equação de Estado do Gás Ideal É uma relação matemática, que correlaciona pressão, temperatura e volume para um sistema em equilíbrio termodinâmico. Foi enunciada pela primeira vez por Émile Clapeyron, em 1834. De uma maneira geral podemos expressar de forma genérica essa relação na forma da equação: PV = nRT (lei dos gases ideais), onde R = 8,315 J mol–1 K–1 é a constante universal dos gases perfeitos T é a temperatura absoluta em Kelvin n é o número de mols da amostra gasosa Esta lei diz que um estado de equilíbrio termodinâmico é inteiramente caracterizado por qualquer par entre as variáveis P, V e T, o que implica que a terceira das variáveis é função das outras duas. Esta lei representa uma idealização das propriedades dos gases reais e funciona melhor quando a pressão e a massa específica são baixas. Se a quantidade n de gás não varia, o termo nR permanece constante. Então a equação pode ser rescrita na forma: constante T VP T VP nR 2 22 1 11 === Também é possível chegar à lei o gás ideal através do estudo da relação entre duas variáveis na equação PV = nRT, enquanto as outras são mantidas constantes. Outras unidades para a constante R dos gases: Valor de R Unidades 287,0530 (ar) J · kg−1 · K−1 8,314462 J · mol−1 · K−1 0,0820574587 ℓ · atm · K−1 · mol−1 8,20574587 x 10−5 m³ · atm · K−1 · mol−1 8,314462 cm3 · MPa · K−1 · mol−1 8,314462 ℓ · kPa · K−1 · mol−1 8,314462 m3 · Pa · K−1 · mol−1 62,3637 ℓ · mmHg · K−1 · mol−1 62,3637 ℓ · Torr · K−1 · mol−1 83,14462 ℓ · mbar · K−1 · mol−1 1,987 cal · K−1 · mol−1 6,132439833 lbf · ft · K−1 · g · mol−1 Lei de Boyle (1662) e Mariotte (1676) P proporcional a 1/V (para T e N constantes) Se a temperatura se mantém constante, apenas a pressão e o volume do gás estão operando, e a equação dos gases: T VPT VP 2211 = se resume a: P · V = constante Se a temperatura de uma quantidade fixa de gás for mantida constante, então a pressão exercida pelo gás é inversamente proporcional ao volume ocupado pelo gás. Ou, o volume de uma quantidade fixa de gás, numa temperatura fixa, é inversamente proporcional a pressão. Transformações Isotérmicas Lei de Charles (1787) ou Lei de Gay-Lussac (1802) Para uma quantidade fixa de gás, mantida a uma pressão constante, o volume ocupado é diretamente proporcional à temperatura. V proporcional a T (para P e N constantes) Transformações Isobáricas São transformações que ocorrem a pressão constante. Assim, o volume e a temperatura são diretamente proporcionais. (Lei de Charles e Gay- Lussac) V / T = constante São transformações em que a temperatura permanece constante. A pressão e o volume são inversamente proporcionais. (Lei de Boyle). P · V = constante O gráfico PV desta transformação é uma curva hiperbólica. Transformações Isovolumétricas ou Isométricas ou Isocóricas Superfície PVT para um Gás Ideal São transformações sob volume constante. Assim, a pressão e a temperatura são diretamente proporcionais. P / T = constante Termodinâmica Termodinâmica é ciência da energia. É a parte da Física que estuda os fenômenos relacionados com trabalho mecânico, calor, energia, entropia, e as leis que governam as relações entre eles. A termodinâmica estuda as relações entre energia térmica (calor) trocada e energia mecânica (trabalho) realizada nas transformações de um sistema. Trabalho Realizado por um Gás Quando aplicamos uma força sobre um corpo, provocando um deslocamento, estamos gastando energia na forma mecânica a qual denominamos de trabalho. Em um sistema termodinâmico quem exerce a força é o gás e o deslocamento é feito pelo êmbolo ao sofrer variação de volume. Quando fornecemos calor ao gás da figura ele se expande realizando trabalho. Portanto o trabalho termodinâmico é expresso pela equação: ∫= PdVW Se a pressão se mantiver constante enquanto o volume variar o trabalho realizado será: ∫= dVPW W1→2 = P · (V2 – V1) (somente para pressão constante) W = trabalho realizado pelo gás P = pressão exercida pelo gás ∆V = variação do volume ∆V = V2 – V1 Na expansão, Vfinal > Vinicial → W > 0 (o gás realiza trabalho) Na compressão, Vfinal < Vinicial → W < 0 (o gás recebe trabalho do meio exterior) Suponhamos um gás confinado num cilindro dotado de um pistão móvel, de Área A, que sofre deslocamento ∆x. A força aplicada pelo gás, perpendicular ao cilindro, é: F = P · A, pois P = F/A Mas W = F · ∆x e F = P · A então W = P · A · ∆x ou ainda: W = P · ∆V Energia Interna Energia interna de um sistema (U) é a soma das energias cinética, potencial e de rotação das partículas que o constituem. É a energia, sob qualquer forma, que o sistema termodinâmico armazena dentro de si. Para um gás ideal, como não existe interação entre as moléculas, a energia interna consiste somente na energia cinética. O símbolo U designa a energia interna de uma dada massa de substância. Assim, a energia interna é uma propriedade extensiva, pois depende da massa do sistema. É dada pela expressão: ∆U = n R ∆T A energia interna de um gás é função direta da temperatura. ∆U > 0 , temperatura aumenta ∆U < 0 , temperatura diminui Para um gás ideal a energia interna depende somente da temperatura e do número de mols. Energia Interna específica (u) é a energia interna por unidade de massa, suas unidade são J/kg ou kJ/kg. Os dois sistemas mostrados na figura são idênticos. No primeiro, 100 kJ de calor são transferidos ao sistema. No segundo 100 kJ de trabalho são realizados sobre o sistema. A variação da energia interna é a mesma em cada um deles e, portanto, o estado final e a temperatura são as mesmas em cada um deles. Primeira Lei da Termodinâmica Estabelece a equivalência entre energia térmica (calor) e energia mecânica (trabalho), baseando-se no princípio da conservação de energia. Qualquer forma de energia ou trabalho pode ser transformada totalmente em calor, mas o calor não pode ser transformado totalmente em trabalho ou em outra forma de energia, uma parte sempre permanece na forma de calor. Se realizarmos um trabalho sobre o gás, comprimindo-o, ou se cedermos calor ao gás, ele recebe energia que armazena como energia interna. A variação da energia interna do gás, devida ao calor fornecido ao sistema e ao trabalho realizado pelo mesmo, será: ∆U = Q – W Balanço de Energia em Sistemas Fechados Como nenhuma matéria é transportada através da fronteira que separa o sistema de sua vizinhança, toda a troca de energia entre o sistema fechado e sua vizinhança é feita na forma de calor e trabalho. Balanço Energético: Calor absorvido pelo gás: Q > 0 Calor cedido pelo gás: Q < 0 Não troca calor: Q = 0 (transformação adiabática) Expansão: W > 0 Compressão: W < 0 Não realiza nem recebe trabalho: W = 0 (transformação isométrica) Temperatura aumenta: ∆U > 0 Temperatura diminui: ∆U < 0 Não aumenta nem diminui: energia interna ∆U = 0 (transformação isotérmica) Se o calor fornecido ao sistema é maior que o trabalho realizado, a energia interna do sistema aumenta: Se o calor cedido para fora do sistema é maior que o trabalho realizado, a energia interna do sistema diminui: Se o calor fornecido ao sistema é igual ao trabalho realizado, a energia interna do sistema não se altera: Trabalho num processo isobárico: o trabalho realizado sobre (ou por) um gás é determinado pela equação: ∫=→ 2 121 PdVW Se a pressão se mantiver constante (processo isobárico) enquanto o volume variar o trabalho realizado será: W1→2 = P (V2 – V1) (somente para pressão constante) Q = 150 J W = 100 J ∆U = Q – W = +50 J Sistema Q = –150 J W = –100 J ∆U = Q – W = –150 – (–100) = –50 J Sistema Q = 150 J W = 150 J ∆U = Q – W = 0 Sistema Trabalho num processo isotérmico: partindo da equação: ∫=→ 2 121 PdVW Admitindo que o gás se comporta como um gás ideal e considerando que a temperatura se mantém constante enquanto o volume variar, temos: P1V1 = nRT → P1 = nRT / V1 ∫=→ 2 121 dV V nRTW como n, R e T são constantes: 1 2 11 1 22 121 V VlnVP V VlnnRT V dV nRTW ⋅=⋅== ∫→ Mas numa isotérmica: P1 V1 = P2 V2 ou 2 1 1 2 P P V V = então: 2 1 11 2 1 21 P PlnVP P PlnnRTW ⋅=⋅=→ Trabalho num processo isométrico: se o volume se mantiver constante enquanto o sistema troca calor, o trabalho será nulo: W = 0 Como ∆U = Q – W ∆U = Q – 0 ∆U = Q Trabalho num processo adiabático: se o sistema não troca calor com a vizinhança temos Q = 0. Como ∆U = Q – W ∆U = 0 – W ∆U = –W A figura mostra 4 processos diferentes para uma quantidade constante de gás ideal, todosiniciando no ponto a. No processo: Adiabático Q = 0 Isocórico W = 0 Isotérmico ∆U = 0 Neste exemplo, a temperatura aumenta somente na expansão isobárica. O Calorímetro Bomba A câmara de combustão é mergulhada em um recipiente maior, isolado, contendo água. Uma descarga elétrica provoca a combustão da amostra a volume constante e o calor de combustão é calculado pelo aumento de temperatura na água circundante. Primeira Lei para um Sistema Percorrendo um Ciclo Quando o valor de pelo menos uma propriedade de um sistema é alterado, dizemos que ocorreu uma mudança de estado. O caminho definido pela sucessão de estados que o sistema percorre é chamado de processo. Quando um sistema, partindo de um estado inicial, passa por um certo número de mudanças de estado, ou processos, e retorna ao estado inicial, dizemos que o sistema executa um ciclo. Dessa forma, no final de um ciclo, todas as propriedades apresentam os mesmos valores iniciais. A primeira lei da termodinâmica estabelece que, durante um processo cíclico, em qualquer caminho percorrido por um sistema, a integral cíclica (somatório sobre todo o ciclo) do calor é proporcional à integral cíclica do trabalho: ∫∫ ∂=∂ WQ O calorímetro bomba é utilizado para medir a quantidade de calor liberada na combustão de uma reação química ou de uma amostra de um alimento, neste caso medindo o poder calórico dos alimentos. A câmara de combustão é constituída por um forte contentor, chamado bomba, no qual a amostra é selada com oxigênio em excesso iniciando- se a combustão eletricamente. B 1 2A 2 1B 1 2A 2 1 WWQQ ∫∫∫∫ ∂+∂=∂+∂ Agora, consideremos outro ciclo, com o sistema mudando do estado 1 ao estado 2 pelo processo C e voltando ao estado 1 pelo processo B. Para este ciclo podemos escrever: B 1 2C 2 1B 1 2C 2 1 WWQQ ∫∫∫∫ ∂+∂=∂+∂ Subtraindo a segunda equação da primeira, temos: C 2 1A 2 1C 2 1A 2 1 WWQQ ∫∫∫∫ ∂−∂=∂−∂ Reordenando: C 2 1A 2 1 W)Q(W)Q( ∂−∂=∂−∂ ∫∫ Visto que A e C representam caminhos arbitrários entre os estados 1 e 2, concluímos que a quantidade (δQ – δW) é a mesma para qualquer processo entre o estado 1 e o estado 2. Assim, (δQ – δW) depende somente dos estados inicial e final, não dependendo do caminho percorrido entre os dois estados. A relação Qciclo = Wciclo é válida para todo e qualquer ciclo termodinâmico e independentemente do fluido de trabalho. Conclui-se que a quantidade (δQ – δW) é uma função de ponto e, portanto, é a diferencial de uma propriedade do sistema. Essa propriedade é a energia total do sistema, representada pelo símbolo E: dE = δQ – δW Consideremos um sistema que percorre um ciclo, mudando do estado 1 ao estado 2 pelo processo A e voltando do estado 2 ao estado 1 pelo processo B. Considerando os dois processos A e B separadamente, pela primeira lei da termodinâmica temos: P V 1 A 2 C B Quando a energia é integrada de um estado inicial 1 a um estado final 2, temos: E2 – E1 = Q1→2 – W1→2 O significado físico da propriedade E é o de representar toda a energia de um sistema em um dado estado. Essa energia pode estar presente em uma multiplicidade de formas, tais como; energia cinética, energia potencial, energia associada à estrutura do átomo, energia química, etc. Deve ser feita uma distinção entre um ciclo termodinâmico e um ciclo mecânico: Embora os motores de combustão interna operem em um ciclo mecânico (o pistão retorna à posição inicial ao final de cada revolução), o fluido de trabalho não passa por um ciclo termodinâmico completo. Ele é expelido pelo motor em algum ponto do ciclo (na forma de gases de exaustão, ao invés de retornar ao estado inicial). A operação em um ciclo aberto é a característica de todos os motores de combustão interna. Um motor de combustão interna de quatro tempos executa um ciclo mecânico a cada duas rotações. Entretanto o fluido de trabalho não percorre um ciclo termodinâmico no motor, uma vez que o ar e o combustível reagem, são transformados em produtos da combustão e são descarregados na atmosfera. Entalpia Entalpia H é o calor trocado a pressão constante num processo quase estático. Entalpia de um sistema é uma função de estado importante e que aparece em muitos processos termodinâmicos. A entalpia mede a máxima energia de um sistema termodinâmico que, teoricamente, pode ser transferida na forma de calor. A variação da entalpia corresponde à transferência de energia num processo a pressão constante. Ela decorre da 1ª lei da termodinâmica: Q = U + W Num processo isobárico o trabalho é expresso por: )V(VPPdVW 12 2 121 −⋅== ∫→ Aplicada a um estado (a um ponto) a propriedade H equivale à soma da energia interna U com o produto PV: H = U + PV (entalpia) unidades: Joules h = u + Pv (entalpia específica) unidades: J/kg (entalpia molar) unidades: J/mol Entalpia é uma grandeza que mensura a totalidade da energia de um sistema, considerando não apenas a energia interna, mas também o trabalho trocado com a vizinhança. A entalpia aparece em processos com escoamento e onde a pressão pode ser considerada constante, como: trocadores de calor, evaporadores, colunas de destilação, bombas, compressores, turbinas, motores, etc. A energia interna U avalia apenas as energias diretamente associadas aos componentes internos do sistema. Já a entalpia considera, não apenas a energia interna do sistema, mas também as trocas de energia que o sistema estabelece com sua vizinhança. A última parcela (PV) é a energia passível de ser trocada com a vizinhança mediante a execução de trabalho, devido às variações de volume do sistema frente a pressão imposta pela vizinhança. Entalpia é uma propriedade termodinâmica e, portanto, uma função de ponto. Seu valor independe do processo, mas do estado do sistema no instante considerado. A entalpia não é nenhum processo novo que possa estar ocorrendo, mas é uma combinação de outras duas propriedades que são U e PV. H = U + PV Componentes internos Trocas com a vizinhança Entalpia A energia interna u representa a energia microscópica de um fluido em repouso por unidade de massa, enquanto a entalpia h representa a energia microscópica de um fluido em movimento por unidade de massa. Calor Específico de um Gás Ideal Calor específico é a variação térmica que uma substância sofre ao receber determinada quantidade de calor. É o calor (energia) necessário para elevar a temperatura de uma unidade de massa da substância em um grau. Medindo o calor específico de um gás, mantido em um recipiente com volume constante, obtém-se o calor específico molar do gás a volume constante, denominado CV. Medindo o calor específico de um gás, mantido a pressão constante, obtém se o calor específico molar do gás a pressão constante, denominado CP. Quando nem P nem V permanecem constantes, existe uma infinidade de calores específicos possíveis. Aplicando a 1ª lei da termodinâmica a uma substância simples e compressível: dU = dQ – dW dQ = dU + dW = dU + P·dV Fluido estacionário Energia = u Energia = h Fluido escoando Analisaremos a expressão para dois casos especiais: 1. Se considerarmos o volume constante, o trabalho (P·dV) é nuloe o calor específico a volume constante é definido por: cteVcteVcteV V dT d dT dU m 1 dT dQ m 1C === = = = u Para gases ideais a energia interna não depende da pressão, mas é função somente da temperatura: du = CV · dT (Gás ideal) E para uma dada massa m: dU = m · CV · dT (Gás ideal) 2. Se considerarmos um processo quase estático a pressão constante, o calor transferido pode ser expresso em função da variação da entalpia: dQ = dU + dW = dU + P·dV = dH Assim, o calor específico a pressão constante é definido por: ctePctePcteP P dT d dT dH m 1 dT dQ m 1C === = = = h Como a entalpia de um gás ideal é função apenas da temperatura e independe da pressão: dh = CP · dT (Gás ideal) E para uma dada massa m: dH = m · CP · dT (Gás ideal) Observa-se que nos dois casos as expressões para CV e CP contêm somente propriedades termodinâmicas e, portanto, são independentes dos processos. CV está relacionado a variações da energia interna e CP a variações de entalpia. A entalpia desempenha um papel, em processos a pressão constante, análogo ao da energia interna em processos a volume constante. Como a energia interna e a entalpia são funções apenas da temperatura, as linhas isotérmicas são também linhas de energia interna constante e de entalpia constante. T2 = T2’ = T2’’ U2 = U2’ = U2’’ H2 = H2’ = H2’’ Do estado 1 podemos atingir a linha de temperatura elevada por vários caminhos. Em cada caso o estado final é diferente, mas a variação de temperatura, de energia interna e de entalpia serão as mesmas. T2 = T1 + ∆T T2’ = T1 + ∆T T2’’ = T1 + ∆T U2 = U1 + ∆U U2’ = U1 + ∆U U2’’ = U1 + ∆U H2 = H1 + ∆H H2’ = H1 + ∆H H2’’ = H1 + ∆H Como os sólidos e líquidos são praticamente incompressíveis, os valores de CV e CP são muito próximos e podem ser considerados idênticos para pequenas variações de temperatura. Então, para sólidos e líquidos os sub índices CP e CV podem ser eliminados e os dois calores específicos podem ser representados por um único símbolo c. Para sólidos e líquidos: CP = CV = c. As unidades macroscópicas de CV e CP, no sistema internacional, são: J/(kg·K) kJ/(kg·K) kJ/(kg·ºC) kJ/ (kmol·K) Por que os calores específicos CP e CV são diferentes ? A resposta é dada pela 1ª lei da termodinâmica: T1, U1, H1 ctes P V T2, U2, H2 ctes 1 2 2’ 2’’ Quando a temperatura de um gás ideal aumenta em um processo isocórico, o sistema não realiza trabalho e a variação da energia interna ∆U é igual ao calor fornecido Q. Q = ∆U Quando a temperatura aumenta em um processo isobárico, o volume aumenta e o sistema realiza trabalho W. Q = ∆U + W Vemos que, para uma mesma variação de temperatura (mesmo ∆U), o calor que entra no sistema num processo isobárico é maior que o calor que entra no sistema num processo isocórico. Portanto em um gás ideal, CP é maior do que CV. Por exemplo, para o ar, CP é 40% maior do que CV. Para elevar por um mesmo ∆T a temperatura para quantidades iguais de um mesmo gás, um a pressão constante e outro a volume constante, o processo a pressão constante irá consumir mais calor. Fornecendo a mesma quantidade de calor para quantidades iguais de um mesmo gás, um a pressão constante e outro a volume constante, o processo a volume constante irá elevar mais a sua temperatura. Observa-se que o calor fornecido é o mesmo em i-b e em b-f, mas ∆Ui-b < ∆Ub-f 12 < 18 Q=18 W=0 ∆U=18 Q=18 W=6 ∆U=12 Devido ao fato de que CP > CV, ∆U na trajetória isobárica é menor que na trajetória isométrica, para calores iguais, pois ∆Ti-b < ∆Tb-f: Qi-b = Qb-f n CP ∆Ti-b = n CV ∆Tb-f b-i f-b V P T T C C ∆ ∆ = Para um gás ideal vale a relação CP = CV + R , onde CP e CV são os calores específicos molares Vemos que o calor específico molar a pressão constante de um gás ideal é maior que o calor específico molar a volume constante, a diferença é dada pela constante dos gases R. Observar que R deve estar expresso nas mesmas unidades que CP e CV. A volume constante temos W = 0, portanto ∆Q = ∆U. O calor infinitesimal trocado para cada caso é dado por: dQ = dU = n CV dT (a volume constante) dH = n CP dT (a pressão constante) Para pequenos intervalos de temperatura: ∆Q = ∆U = n CV ∆T (a volume constante) ∆H = n CP ∆T (a pressão constante) Pressão e Energia Cinética Molecular O princípio da equipartição da energia afirma que a energia cinética média associada a cada componente da velocidade é igual a ½ kT, onde k é a constante de Boltzmann e T é a temperatura absoluta do gás. O número de componentes da velocidade (linear ou angular) necessários para descrever completamente o movimento de uma molécula, constitui o número de graus de liberdade. Gases monoatômicos: A energia cinética EC translacional total de n mols é: ( ) nRT 2 3TkNn 2 3kT 2 3 nNEC AATotal == = onde NA é o número de Avogadro Observa-se que a energia interna depende apenas da temperatura do gás e não de seu volume ou da pressão. O calor fornecido ao gás é: dQ = n CV dT Como dQ = dEC podemos igualar as equações: nRdT 2 3dTCn V = Para um gás monoatômico existem 3 graus de liberdade (para os componentes das velocidades vx, vy e vz). Disso resulta uma energia cinética translacional total média por molécula de 3·(½ kT). R 2 3CV = (calor específico molar a volume constante para um gás ideal constituído de partículas puntiformes, gás monoatômico) R 2 5 RR 2 3RCC VP =+=+= (calor específico molar a pressão constante para um gás monoatômico) Kmol J12,478,314 2 3CV ⋅ =⋅= Kmol J20,788,314 2 5CP ⋅ =⋅= Calores específicos molares de gases a baixas pressões: Tipo de Gás Gás CV (J/(mol·K)) CP (J/(mol·K)) CP – CV γ= CP/CV Monoatômico He 12,47 20,78 8,31 1,67 Ar 12,47 20,78 8,31 1,67 H2 20,42 28,74 8,32 1,41 Diatômico N2 20,76 29,07 8,31 1,40 O2 20,85 29,17 8,31 1,40 CO 20,85 29,16 8,31 1,40 CO2 28,46 36,94 8,48 1,30 Poliatômico SO2 31,39 40,37 8,98 1,29 H2S 25,95 34,60 8,65 1,33 Gases diatômicos: Se além da energia cinética de translação, as moléculas tiverem outros tipos de energia, como de rotação, a energia interna será maior. Para uma molécula diatômica existem dois eixos possíveis de rotação, perpendiculares um ao outro e também ao eixo molecular. Atribuindo 5 graus de liberdade a uma molécula diatômica, a energia cinética total de n mols é: nRT 2 5ECTotal = E o calor específico molar a volume constante é: R 2 5CV = (gás diatômico incluindo translação e rotação) R 2 7 RR 2 5RCC VP =+=+= Kmol J20,798,314 2 5CV ⋅ =⋅= Kmol J29,018,314 2 7CP ⋅ =⋅= R 2 7CV = (gás poliatômico incluindo translação, rotação e oscilação) Para gases poliatômicos: U = 3nRT Processo Politrópico É uma transformação termodinâmica na qual a pressão e o volume de um gás são relacionados pela expressão: P · Vγ = cte = nRTA expressão P1 · (V1)γ = P2 · (V2)γ ou γ 2 1 1 2 V V P P = é conhecida como Lei de Poisson. O expoente γ pode assumir qualquer valor real entre –∞ e +∞. Obs.: somente o V é elevado ao expoente γ. Em muitas referências é comum o uso da letra “n” para o expoente. Aqui foi empregado “γ” para evitar confusão com o “n” que indica número de mols. O expoente γ depende do processo pelo qual o gás é submetido Quando γ = 0: P · V0 = P · 1 = P = cte (processo isobárico) Quando γ = 1: P · V1 = P · V = cte (processo isotérmico) Quando γ = ∞: P · V∞ = V = cte (processo isocórico) Quando γ = CP / CV: (processo adiabático) Onde: CP / CV é o calor específico com pressão constante sobre calor específico com volume constante. γ é denominado expoente de Poisson do gás. Transformação Propriedade Valor de γ Isobárica P constante 0 Isotérmica T constante 1 Isocórica V constante ∞ Adiabática Q = 0 CP / CV Temos: P · Vγ = constante = P1 · (V1)γ = P2 · (V2)γ γ γ 22 γ γ 11 γ V VP V VP V constanteP === 2 1 1γ γ 2 1 2 1 1γ V constante V dV constantePdV +− == +− ∫∫ O gráfico mostra as curvas para alguns valores do expoente γ e a tabela é um resumo dos casos particulares. γ=0 γ=1 γ=∞ γ >1 P V ( ) γ1 VVPVVPVV γ1 constantePdV γ1 1 γ 11 γ1 2 γ 22γ1 1 γ1 2 2 1 − − =− − = −− −− ∫ )VPVP( γ1 1 γ1 VPVPPdVW 11221122 2 121 − − = − − == ∫→ com γ ≠ 1 Processo adiabático é aquele que ocorre sem transferência de calor entre o sistema e sua vizinhança. Para isso o sistema deve ser termicamente isolado ou o processo ser realizado de forma tão rápida que não exista tempo suficiente para que ocorra fluxo de calor apreciável. Logo, o gás se resfria durante uma expansão adiabática. Inversamente, a temperatura aumenta se o gás é comprimido adiabaticamente. Em um processo adiabático, Q = 0. Logo ∆U = –W. Assim, durante uma expansão adiabática ∆U é negativa e, portanto, ∆T também é negativa. O diagrama PV mostra que a curva é mais inclinada para uma expansão adiabática do que para uma expansão isotérmica que passa pelo mesmo ponto. À medida que o sistema se expande ele realiza trabalho, de modo que sua energia interna diminui e sua temperatura cai. Partindo da equação geral dos gases: 2 22 1 11 T VP T VP = Substituindo P2: 2 2 γ 2 1 1 1 11 T V V VP T VP ⋅ ⋅ = 1γ 2 1 1 2 1 γ 2 1 1 1 2 γ 2 1 1 2 γ 2 1 1 2 V V V V V V V V V V V V V V T T −− = ⋅ = ⋅ =⋅ = Então, para um processo adiabático de um gás ideal vale a relação: 1γ 2 1 1 2 V V T T − = ou T1 · (V1)γ–1 = T2 · (V2)γ–1 Assim, num processo termodinâmico adiabático envolvendo um gás ideal, os produtos PVγ e TVγ–1 são constantes ao longo de todo o caminho.
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