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MARINHA DO BRASIL DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO TERMODINÂMICA (TER-I) 1ª edição Belém-PA 2010 2 © 2010 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas Autor: Paulo Vitor Zigmantas Revisão Pedagógica: Erika Ferreira Pinheiro Guimarães Suzana Revisão Gramatical: Esmaelino Neves de Farias Digitação/Diagramação: Roberto Ramos Smith Designer Gráfico: Fernando David de Oliveira Coordenação Geral: CF Maurício Cezar Josino de Castro e Souza ____________ exemplares Diretoria de Portos e Costas Rua Teófilo Otoni, no 4 – Centro Rio de Janeiro, RJ 20090-070 http://www.dpc.mar.mil.br secom@dpc.mar.mil.br Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto no 1825, de 20 de dezembro de 1907 IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 6 1 DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS ................................................................................... 8 1.1Sistema Termodinâmico .............................................................................................. 8 1.2 Fases, estado e propriedades de uma substância ................................................... 10 1.3 Propriedade específica de uma substância .............................................................. 11 1.4 Pressão .................................................................................................................... 11 1.5 Temperatura ............................................................................................................. 17 1.6 O gás perfeito ........................................................................................................... 21 1.7 Exercícios resolvidos ................................................................................................ 33 2 PRIMEIRO E SEGUNDO PRINCÍPIO DA TERMODINÂMICA ................................... 43 2.1 Primeiro e segundo princípio da termodinâmica ...................................................... 43 2.2 Principais formas de energia nos sistemas termodinâmicos .................................... 43 2.3 Entalpia. Uma propriedade termodinâmica combinada ............................................ 46 2.4 Primeira lei da termodinâmica .................................................................................. 46 2.5 Exercícios resolvidos ................................................................................................ 54 2.6 A Segunda lei da termodinâmica .............................................................................. 63 3 PROCESSOS TERMODINÂMICOS ........................................................................... 80 3.1 Processos termodinâmicos de sistemas fechados ................................................... 80 3.2 Processos termodinâmicos em volume de controle ................................................. 87 3.3 Exercícios resolvidos ................................................................................................ 88 4 CICLOS DAS MÁQUINAS DE COMBUSTÃO INTERNA ......................................... 112 4.1Ciclos teóricos das máquinas térmicas ................................................................... 112 4.2 O ciclo de Carnot .................................................................................................... 113 4.3 O ciclo Otto ............................................................................................................. 117 4.4 Motores diesel ........................................................................................................ 122 4.5 O ciclo Diesel ......................................................................................................... 124 4.6 O ciclo misto ou Sabathé........................................................................................ 128 4.7 Comparação entre os ciclos Otto, Diesel e Sabathé .............................................. 132 4.8 Comparação entre os ciclos teórico e real de um motor Diesel ............................. 133 4.9 Os ciclos das turbinas a gás ................................................................................... 136 4.10 Moderno sistema de propulsão para navios ......................................................... 149 4.11 As Turbinas a gás na propulsão naval ................................................................. 150 5 PROPRIEDADES DAS SUBSTÂNCIAS PURAS ..................................................... 152 5.1 Substância pura ..................................................................................................... 152 5.2 Processos de mudança de fase para as substâncias puras................................... 152 5.3Tabelas de propriedades termodinâmicas............................................................... 161 5.4- Exercícios resolvidos............................................................................................. 166 4 6 PROCESSOS TERMODINÂMICOS COM VAPORES ............................................. 179 6.1 Processos termodinâmicos com vapores em sistemas fechados .......................... 179 6.2 Processos com vapores aplicados a volume de controle ....................................... 191 7 CICLO DE RANKINE ................................................................................................ 215 7.1 O ciclo de Rankine ideal ......................................................................................... 215 7.2 O ciclo Rankine com reaquecimento ...................................................................... 222 7.3 Ciclo de Rankine Regenerativo .............................................................................. 228 7.4 Afastamento dos ciclos reais de vapor em relação ao teórico de Rankine ............ 247 8 ANÁLISE TERMODINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA DE CALOR ......................... 250 8.1 Tipos de propagação de calor ................................................................................ 250 8.2 Transmissão do calor por condução através de paredes planas ........................... 250 8.3 Transmissão do calor por condução através de paredes simples cilíndricas ......... 253 8.4 Transmissão do calor por condução através de esferas ocas ................................ 254 8.5 Convecção ............................................................................................................. 255 8.6 Transmissão de calor por condução em paredes planas compostas em série ...... 258 8.7 Transmissão de calor por condução em paredes cilíndricas compostas em série . 260 8.8 Transmissão de calor por condução e convecção em paredes planas compostas em série ............................................................................................................................. 261 8.10 Exercícios resolvidos ............................................................................................ 263 9 TROCADORES DE CALOR ..................................................................................... 273 9.1 Definição de aparelhos trocadores de calor ........................................................... 273 9.2 Tipos de trocadores de calor .................................................................................. 273 9.3 Diferença média logaritma de temperatura ............................................................ 277 9.4 Coeficiente global de transmissão do calor ............................................................ 282 9.5 Exercícios resolvidos .............................................................................................. 283 10 COMPRESSORES .................................................................................................. 307 10.1 Finalidadedo compressor .................................................................................... 307 10.2 Compressores de ar alternativos .......................................................................... 307 10.3 Análise termodinâmica do compressor alternativo de um estágio de compressão ..................................................................................................................................... 312 10.4 Compressão por estágios ..................................................................................... 326 10.5 Exercícios resolvidos ............................................................................................ 330 11 CICLOS DAS MÁQUINAS DE REFRIGERAÇÃO .................................................. 346 11.1 Finalidade da refrigeração a bordo dos navios ..................................................... 346 11.2 Principais sistemas de refrigeração utilizados ...................................................... 346 11.3 Sistema de compressão por vapor ....................................................................... 346 11.4 Exercícios resolvidos ............................................................................................ 354 5 12 BALANÇO TÉRMICO ............................................................................................. 360 12.1 Finalidade do balanço térmico .............................................................................. 360 12.2 Balanço térmico de motores diesel ...................................................................... 360 12.3 Balanço térmico dos resfriadores de ar de dois estágios de arrefecimento dos MCPS de 2T ................................................................................................................. 367 12.4 Balanço térmico de caldeiras navais auxiliares com óleo combustível ................ 368 12.5 Balanço térmico de turbinas a vapor de um estágio ............................................. 373 12.6 Balanço térmico de instalação de vapor ............................................................... 374 12.7 Balanço térmico de instalação de refrigeração ..................................................... 376 12.8 Balanço térmico de purificadores de óleo combustível e lubrificante ................... 380 12.9 Superfície de aquecimento dos aquecedores dos purificadores .......................... 381 12.10 Ventilação da praça de máquinas ...................................................................... 381 12.11 Potência de bombas e ventiladores da praça de máquinas ............................... 384 12.12 Consumo de vapor para aquecimento de tanques ............................................. 384 12.13 Exercícios resolvidos .......................................................................................... 387 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 419 APÊNDICE ................................................................................................................... 421 6 INTRODUÇÃO Parte da física, a termodinâmica é uma ciência que trata da energia e suas transformações, possuindo um amplo campo de aplicações que vai desde os organismos microscópios até aplicações domésticas, veículos de transporte e sistemas de geração de potência. Este volume está constituído de doze unidades, todas direcionadas para a formação básica e fundamental do segundo oficial de máquinas da Marinha Mercante Brasileira, mostrando os princípios básicos fundamentais para a aplicação nas máquinas navais como compressores, bombas, motores de combustão interna, caldeiras e turbinas a gás. O objetivo deste volume é apresentar e executar a variedade de aplicações da termodinâmica em exemplos da vida cotidiana de bordo, e mostrar ao futuro oficial de máquinas como a termodinâmica é empregada na prática usual das máquinas dos navios. Na unidade 1, iremos estudar as definições fundamentais empregadas na termodinâmica. Na 2, é feita a dedução matemática do primeiro e segundo princípios da termodinâmica com a resolução de exercícios envolvendo aplicações cotidianas de bordo. Na 3, são estudados os processos termodinâmicos usuais em sistemas abertos e fechados, e, na unidade 4, o estudo termodinâmico dos motores dos ciclos Otto, Diesel, Sabathé e Brayton. Na 5, é realizado o estudo das propriedades dos vapores e, na 6, é realizada a análise termodinâmica de processos com vapores de sistemas fechados e do volume de controle, enfatizando as máquinas de bordo. Na 7, iremos estudar o ciclo básico de Rankine e suas variedades como o ciclo de reaquecimento e regenerativo, enfatizando as instalações de vapor. Na 8, é realizada a análise termodinâmica da transmissão de calor por condução e convecção mostrando algumas aplicações de interesse prático a bordo dos navios, como as paredes planas e cilíndricas. 7 Na 9, são estudados os aparelhos trocadores de calor como aquecedores, resfriadores caldeiras e grupos destilatórios, aplicando a primeira lei a estes equipamentos. Na décima, é realizada a análise termodinâmica dos compressores de ar, incluindo-se a determinação do trabalho e da potência de compressão dos referidos equipamentos. Na de número 11, é realizado o estudo térmico do ciclo básico de refrigeração de Carnot e de compressão por vapor, enfatizando os novos refrigerantes 134a, 407C e 410 A que estão de acordo com o protocolo de Montreal. Na última, décima segunda, será estudado o balanço térmico aplicado ao volume de controle, enfatizando as máquinas de bordo como motores diesel, geradores de energia elétrica, caldeiras, instalação de turbinas a vapor, instalação de refrigeração com aplicação do diagrama pressão entalpia, ventilação da praça de máquinas e tanques de óleo combustível. Foi feito um esforço considerável para que este volume seja facilmente entendido tanto pelos alunos quanto pelos professores, ambos em busca de um desempenho científico cada vez melhor para operar profissionalmente em um mundo cada vez mais complexo. Paulo Vitor de Matos Zigmantas Mestre em Ciências Térmicas e Fluidos Encarregado da Divisão de Ensino de Máquinas do CIABA. 8 1 DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS 1.1Sistema Termodinâmico Um sistema termodinâmico pode ser definido como uma região para a qual se deseja estudar as interações de massa, calor, trabalho e energia que se processa nesta região, sendo delimitado por uma superfície denominada superfície de controle. O sistema Termodinâmico pode ser aberto ou fechado. No Sistema fechado, não há fluxo de massa através das fronteiras que definem o sistema, ao passo que no sistema aberto, existem fluxos de massa atravessando esta fronteira, e o sistema pode ser denominado de volume de controle. As figuras 1.1 e 1.2 ilustram um sistema termodinâmico fechado e aberto. Observe-se os fluxos de massa no sistema aberto, bem como o calor e o trabalho como fenômenos de fronteira na figura 1.3 . Figura 1.1 - O motor é o sistema termodinâmico fechado 9 Figura 1.2 - O cilindro do motor de combustão interna é o sistema termodinâmico aberto para o cálculo do fluxo de calor pelas paredes do cilindro Figura 1.3 - Trabalho e calor como fenômenos de fronteira no volume de controle 10 Quando através da fronteira de um sistema não ocorrem transferências de massa, calor, trabalho e energia o sistema é dito isolado. 1.2 Fases, estado e propriedades de uma substância As Fases de uma substância termodinâmica comumente utilizadas para a maioria das aplicações industriais são a fase sólida, líquida e gasosa (gás ou vapor). Desta forma, podemos definir fase como a quantidade de matéria totalmente homogênea como sólido, líquido ou vapor. Se uma substância estiver presente em mais de uma fase,elas estarão separadas por uma superfície de separação, denominada de contorno das fases. . Em cada fase a substância pode existir a várias pressões e temperaturas ou, usando a terminologia da termodinâmica, em vários estados. O estado pode ser identificado ou descrito por certas propriedades macroscópicas observáveis; entre as quais a temperatura, pressão, e o volume, etc. A propriedade de uma substância num dado estado tem somente um valor definido e essa propriedade tem sempre o mesmo valor para um dado estado, independente da forma pela qual a substância chegou a ele. Assim, uma propriedade termodinâmica pode ser definida como uma grandeza que depende do estado do sistema e não depende da forma pelo qual o sistema chegou ao estado considerado. Analogamente, o estado é especificado ou descrito pelas propriedades. As Propriedades Termodinâmicas podem ser classificadas em duas classes gerais, asa quais são respectivamente as intensivas e as extensivas. Uma propriedade termodinâmica é dita extensiva quando depende do tamanho (extensão) do sistema ou do volume de controle. Desta forma, se subdividirmos um sistema em várias partes (reais ou imaginárias) e se o valor de uma dada propriedade for igual à soma das propriedades das partes, esta extensiva. Assim, O Volume, e a Massa de um sistema termodinâmico são propriedades extensivas, 11 Uma propriedade termodinâmica é dita Intensiva, quando a mesma não depende do tamanho do sistema. Assim, a Temperatura e a pressão são propriedades intensivas. 1.3 Propriedade específica de uma substância A propriedade específica de uma dada substância é determinada dividindo-se uma propriedade extensiva pela massa da respectiva substância contida no sistema. Uma propriedade específica é também uma propriedade intensiva do sistema. Como exemplo de propriedade específica, temos o volume específico υ , obtido pela equação (1.1) m V v = (1.1) Onde: =V Volume do sistema (Litros, m3, etc). =m Massa (Kg, g, etc) 1.4 Pressão A Pressão P é definida como sendo a relação entre uma força F e a área A onde está sendo aplicada, sendo F perpendicular à área, conforme a equação (1.2). A Fig. 1.4 ilustra o conceito de pressão. A F P = (1.2) Figura 1.4-Pressão de uma superfície sólida 12 A pressão pode ser expressa em N/m2 (Pa), KN/m2 (Kpa), MN/m2 (Mpa), Kgf/cm2, Kgf/m2, bar ou PSI. As seguintes conversões são bastante utilizadas: 1bar= 100 Kpa 1bar= 14,7 PSI 1bar= 105 PA 1bar= 760 mmhg 1ata= 1, 033 Kgf/cm2 1ata= 1bar No caso da figura 1.4, a pressão seria de 10Kgf/cm2 1.4.1 Pressão absoluta e efetiva. A pressão pode ser absoluta, ou efetiva, sendo a efetiva medida por um manômetro para pressões acima da atmosférica ou vacuometro, para pressões abaixo da atmosfera conforme é ilustrado na figura 1.5. A pressão medida acima da atmosfera ou manométrica tem inúmeras aplicações a bordo dos navios, como por exemplo, nos sistemas de água de baixa e alta temperatura dos MCPS. As pressões negativas são utilizadas, por exemplo, em evacuação de sistemas de refrigeração para verificação da estanqueidade do sistema e grupos destilatórios navais, no controle da água destilada produzida. Figura 1.5 - Diagrama esquemático das pressões absoluta e efetiva 13 Do diagrama da figura 1.5, as equações (1.3) e (1.4) podem ser obtidas para as pressões absolutas positivas e negativas (Pabs+ e Pabs-), em função das pressões atmosférica (Pat), manométricas e vacuométricas (Pm e Pv) PatPmPabs +=+ (1.3) PvPatPabs −=− (1.4) 1.4.2 Teorema de Stevin O teorema de Stevin relaciona as pressões estáticas exercidas por um fluido em repouso com a altura da coluna do mesmo em um determinado recipiente, conforme é ilustrado na figura 1.6. Seu enunciado diz: “A diferença de pressão entre dois pontos e de um fluido em repouso é igual ao produto do peso específico do fluido pela diferença de altura entre os dois pontos”. A equação (1.5) ilustra o teorema de Stevin )haµ.g.(hbPaPb −=− (1.5) Onde: Pb = Pressão do líquido no ponto b, Pa Pa = Pressão do líquido no ponto a, Pa µ = Massa específica do fluido, Kg/m3 g = aceleração da gravidade, m/s2 ha = Altura do ponto a, m hb = Altura do ponto b, m 14 Figura 1.6 - Líquido em repouso para o enunciado do Teorema de Stevin O teorema de Stevin é bastante utilizado em leitura de pressões de tubos em U, conforme as figuras 1.7, 1.8, e 1.9. Figura 1.7 - Manômetro em U de mesma secção reta 15 Figura 1.8 - Manômetro diferencial de coluna reta Figura 1.9 - Manômetro diferencial de coluna inclinada 16 Para o manômetro de tubo em U, a diferença de pressão P∆ conforme o teorema de Stevin é expressa pela equação (1.6): µ.g.h∆P = , (Pa) (1.6) Para o manômetro diferencial de coluna reta, a diferença de pressão (P1-P2) será determinada em função da relação de áreas das secções transversais dos tubos, ) SA SB ( pela equação (1.7); ) SA SB (1µ.g.hP2P1 2 +=− (1.7) Para o manômetro de coluna inclinada, a diferença de pressão (P1 –P2) será determinada pela equação (1.8): ) SA SB µ.g.L(senαP2P1 +=− (1.8) A medida da pressão é bastante utilizada na medição do consumo de ar dos motores de combustão interna de navios, conforme é ilustrado na figura 1.10. Figura 1.10 - Medição de consumo de ar dos motores de combustão principal dos navios O consumo de ar ou fluxo de massa m que adentra o motor é determinado pela equação (1.9): 17 P∆= .µ2.A.cd.m , (Kg/s) (1.9) Onde: m = fluxo de massa do ar, Kg/s A = Área do orifício calibrado, m2 µ = massa especifica do ar, Kg/m3 ∆P = µ.g.h , diferença de Pressão através da placa de orifício, Pa cd = Coeficiente da placa de orifício. 1.5 Temperatura Geralmente, a temperatura é um conceito intuitivo baseado nas sensações de "quente" e "frio" proveniente do tato. Em vista da segunda lei da termodinâmica, a temperatura está relacionada com o calor que na ausência de outros efeitos, flui espontaneamente do corpo de temperatura mais alta para o de temperatura mais baixa 1.5.1 Escalas de temperatura. As escalas usuais de temperatura praticamente utilizadas internacionalmente são respectivamente a Escala KELVIN (K) e RANKINE (°R) e escala Celsius (°C) e Fahrenheit (°F). A Fig 1.11 mostra as quatro escalas de temperatura e a relação entre elas. Considerando uma relação linear de temperaturas, a relação entre elas é expressa pela equação (1.10): 9 492R 5 273K 9 32F 5 C − = − = − = (1.10) 18 Figura 1.11 - Escalas de temperaturas usuais 1.5.2 Medição de temperatura a bordo dos naviosA bordo dos navios, comumente são usados para a medição da temperatura, os seguintes instrumentos: a) Termômetro de vidro comum. b) Termopar. c) Pt 100. d) Termistores. O termômetro de vidro comum baseia-se no princípio da dilatação volumétrica de um líquido no seu interior, bastante sensível as variações da temperatura. A figura 1.12, ilustra um termômetro típico de vidro. Figura 1.12 - Termômetro de vidro comum 19 Um termopar é constituído por dois fios elétricos de diferentes materiais que são ligados um ao outro numa extremidade (ponto de medição). As duas extremidades abertas formam o ponto de compensação ou referência. O termopar pode ser prolongado com o auxílio de uma extensão ou de um cabo de compensação. As extensões ou os cabos de compensação podem ser ligados a um aparelho indicador, p. ex. a um galvanômetro ou um aparelho de medição eletrônica. A figura 1.13 ilustra um termopar típico de bordo. Figura 1.13 - Termopares. A medição da temperatura com termômetros de resistência se fundamenta na propriedade de todos os condutores e semicondutores alterarem a sua resistência elétrica em função da temperatura. Esta característica é mais ou menos pronunciada nos diferentes materiais. Esta alteração da resistência elétrica em função da temperatura (dr/dt) é designada por coeficiente de temperatura. O seu valor não permanece constante ao longo da amplitude de temperatura de interesse; ele próprio é uma função da temperatura. Da relação entre resistência e temperatura resulta um polinômio matemático de elevada ordem. A figura 1.14 ilustra um Pt 100 típico de bordo. 20 Figura 1.14- PT 100 Termistores são geralmente fabricados com óxidos cerâmicos em formato de disco com dois terminais de cobre estanhado, apresentando o coeficiente de temperatura negativa (NTC). A resistência ôhmica decresce com o aumento da temperatura em função da corrente elétrica que circula pelo mesmo. É especialmente dedicado á proteção de fontes de alimentação, protegendo os componentes contra picos de corrente no instante em que a fonte é alimentada. Também é aplicável em proteção de fontes chaveadas, fusíveis de proteção na partida dos motores e no aumento da vida útil de lâmpadas incandescentes. A figura 1.15 ilustra um termistor típico de bordo . Figura 1.15 - PT 100 21 A resistência R do termistor varia com a temperatura segundo a equação (1.11) 1/T0)]p(T) R0exp[β0exR −= , onde: (1.11) R = Resistência ôhmica do resistor na temperatura T, ohms. R0 = Resistência ôhmica do resistor na temperatura T0, ohms. β = Constante do material do termistor. 1.6 O gás perfeito Um gás é considerado perfeito quando as seguintes hipóteses são estabelecidas: a) As moléculas são bastante espaçadas e se comportam como massas pontuais. b) Os campos de força intermoleculares praticamente não exercem influência nos processos de colisão das moléculas. c) O volume ocupado pelas moléculas é bem pequeno face ao volume total ocupado pelo gás, devido ao grande espaçamento molecular. 1.6.1 Lei de Boyle Robert Boyle e Mariotte, mantendo a temperatura constante, verificaram que quando a pressão é dobrada, o volume é dividido por 2 e assim sucessivamente. Da mesma forma, quando a pressão é dividida por dois, o volume é o dobro. O gráfico da figura 1.16 mostra os resultados obtidos, sendo expresso pela equação (1.12). Figura 1.16 - Lei de Boyle para os gases perfeitos 22 CP.V = (1.12) P= Pressão do gás, Pa V= Volume do gás, m3 1.6.2 Lei de Gay-Lussac Gay-Lussac concluiu que todos os gases se expandem igualmente. Assim, cada gás, quando aquecido de 273 a 373K a pressão constante ,expandia aproximadamente 37% do volume que tinha a 273K. Analogamente, se aquecidos a volume constante entre as mesmas duas temperaturas, as pressões variavam também de 37% (aproximadamente) dos valores a 273K. Assim, o aumento de volume e de pressão entre os dois limites de temperatura era uniforme, tanto quanto ele podia medir. Plotando-se tal informação obtemos o gráfico da figura 1.17, sendo o mesmo expresso pela equação (1.13). Figura 1.17- Lei de Gay-Lussac para os gases perfeitos para a pressão constante 23 C T V = (1.13) V= Volume do gás, m3 T= Temperatura do gás, K Da mesma forma, mantendo-se o volume constante, teremos que: C T P = . (1.14) 1.6.3 Equação geral dos gases perfeitos. Combinando as leis de Boyle e Gay-Lussac, obtemos a equação (1.15), conhecida como equação geral dos gases perfeitos. n.Ru.TP.V = (1.15) Sendo: P = Pressão do gás, Pa V = Volume do gás, m3 n = número de mols do gás Ru = Constante universal dos gases perfeitos T = Temperatura do gás, K O número de mols n é expresso pela equação (1.16). M m n = (1.16) Sendo m e M a massa e M o mol do gás em Kg. Realizando diversos experimentos, com diversos gases, em diferentes condições de temperatura, pressão e volumes e colocando os resultados em gráficos como o da figura 1.18 ( T vP _ versus P), observamos que todas as linhas de temperatura constante 24 convergem para um único ponto no limite que a pressão vai a zero. Esse valor é definido como a constante universal dos gases, Ru, e tem o valor numérico de 8, 31441 kJ/kmol. K. Figura 1.18 - Determinação da constante universal dos gases perfeitos Substituindo a equação (1.16) na equação (1.15), obtemos a equação (1.17). m.Ra.TP.V = (1.17) Sendo Ra. = M Ru (1.18) A tabela I. 1 ilustra O valor de M e Ra para alguns gases. Tabela I. 1. Valor de Ra para alguns gases considerados perfeitos Substância Fórmula Química Mol (Kg) Constante do gás (Kj/Kg. K). Ar 21%O2 e 71% N2 28,97 0, 287 Amônia NH3 17,03 0, 4482 Dióxido de carbono CO2 44,01 0, 1896 Nitrogênio N2 28, 013 0, 2968 25 Fonte: Termodinâmica, Cengel, 5 a.ed (McGraw Hill, 2006, pag 676, tabela A-1) Para um gás perfeito que muda de um estado inicial P1, V1, T1 para o estado P2, V2, T2, mantendo a massa constante, deduz-se da equação (1.15) que: T2 P2.V2 T1 P1.V1 = (1.19) Considerando uma transformação isobárica (P1=P2), temos que: T2 V2 T1 V1 = (1.20) Se a transformação for isotérmica (T2=T1), então: P2.V2P1.V1 = (1.21) Se a transformação for isovolumétrica, então: T2 P2 T1 P1 = (1.22) 1.6.4 Gases reais. Os gases se desviam significativamente do comportamento de gás perfeito próximos a região de saturação e do ponto crítico(Ponto onde o qual os estados de líquido saturado e vapor saturado são idênticos). Uma das formas de se tratar com gases reais é através do fator de compressibilidade Z definido pelas equações (1.23) e (1.24). Ru.T P.v Z = , (1.23) Sendo v o volume específico (m3/Kg) do gás real 26 vi v Z = , sendo vi o volume específico (m3/Kg) do gás ideal (1.24) O valor de Z pode ser obtido por gráficos de diagramas generalizados de compressibilidade encontrados em qualquer literatura especializada, onde se precisa da pressão crítica Pcr e da temperatura crítica Tcr, para a obtenção da pressão reduzida Pr e temperatura reduzida Tr. Pcr P Pr = (1.25) Tcr T Tr = (1.26) De posse desses valores, entra-se em um gráfico similar ao da figura (1.19). Figura 1.19 - Diagrama esquemático do cálculo do fator de compressibilidade As seguintes observações podem ser feitas a partir do diagrama generalizado de compressibilidade: 1) Nas pressões muito baixas (Pr<<1), os gases se comportam como ideais independente da temperatura. 2) Nas temperaturas altas (Tr>2), o comportamento do gás ideal pode ser admitido independente da pressão, exceto quando Pr>>1. 3) O desvio do comportamento de gás ideal é maior na vizinhança do ponto crítico. 27 Gás e vapor são freqüentemente usados como sinônimos. Em faixas de interesses práticos, alguns gases como o ar, nitrogênio, hidrogênio, hélio, e o dióxido de carbono podem ser tratados como gases ideais com erros menores que 1%%. Gases densos como a água na fase de vapor, e os vapores refrigerantes dos refrigeradores e condicionadores de ar não devem ser tratados como gases ideais, sendo recomendado o uso de tabelas de propriedades termodinâmicas ou Softwares Especializados. A fase vapor de uma substância é normalmente chamada de gás quando este está acima da temperatura crítica. Desta forma, podemos dizer que vapor é um gás que não está longe do estado de condensação. Uma equação bastante usada para os gases reais é a equação de Beattie-Bridgeman (1.27): = _ v a -1A0A = _ v b -1BoB (1.27) 2_ _ 3 _2_ v A B)v( .Tv c 1 v Ru.T P −+ −= Sendo: P = Pressão do gás, Pa T = Temperatura do gás, K Ru = Constante universal dos gases perfeitos. v _ = Volume específico do gás, m3/kmol Ao, Bo, a, b, c são constantes e tabeladas na tabela II. 1 para alguns gases. Tabela II. 1. Constantes para a equação de estado de Beattie-Bridgeman. Substância Ao a Bo b c Ar 131, 8411 0, 01931 0, 0461 -0, 001101 4,34x104 Argônio 130, 7802 0, 02328 0, 03931 0, 000000 5,99x104 28 Dióxido de carbono 507, 2836 0, 07132 0, 10476 0, 07235 6,60x105 Nitrogênio 136, 2315 0, 02517 0, 05046 -0, 00691 4,2x104 Oxigênio 151, 0857 0, 02562 0, 04624 0, 004208 4,8x104 Hidrogênio 20, 0117 -0, 00506 0, 02096 -0, 04359 504 Fonte: Termodinâmica, Cengel, 5 a ed (McGraw Hill, 2006, pag 118, tabela 3.4) 1.6.5 Calor e trabalho O calor é definido como a forma de energia transferida entre dois sistemas ou entre um sistema e sua vizinhança em virtude da diferença de temperatura. Assim, não pode existir qualquer transferência de calor entre dois sistemas a mesma temperatura, e que espontaneamente, o calor flui do meio de maior temperatura para o de menor temperatura, conforme é ilustrado na figura 1.20. Figura 1.20 - Calor como forma de transferência de energia Observe que quanto maior a diferença de temperatura, maior será a transferência de calor. No sistema Internacional de unidades (SI), o calor é expresso em Joules (J) ou Kilojoules (Kj), sendo simbolizado geralmente pela letra Q. 29 A taxa de transferência de calor . Q é expressa pela equação (1.28), sendo t1 e t2 os instantes de tempo considerados nesta transferência. dtQQ t2 t1 . ∫= (1.28) Se a taxa . Q permanecer constante durante o processo, então a equação (1.28) será expressa pela equação (1.29). .dtQQ . = (1.29) t1t2dt −= O trabalho W, assim como o calor é uma transferência de energia associada a uma força que age ao longo de uma distância, e assim, a sua unidade de medida no SI é o Joule (J) ou o Kilojoule (kJ). A taxa de transferência de trabalho . W em um determinado intervalo de tempo dt é denominada de Potência. .dtWW t2 t1 . ∫= (1.30) 1.6.6 Trabalho de fronteira móvel Uma forma de trabalho freqüentemente encontrada na prática está associada a uma expansão ou compressão de um gás em um arranjo pistão cilindro. Neste processo, parte da fronteira se move para cima ou para baixo e assim, a fronteira móvel executará trabalho de compressão (diminuição do volume) ou expansão (aumento de volume). O trabalho da fronteira móvel pode ser determinado considerando um processo quase estático, ou seja, o sistema permanece aproximadamente em equilíbrio durante todo o tempo. A figura 1.21 ilustra um processo quase estático de fronteira móvel. 30 Figura 1.21 - Trabalho quase estático de fronteira móvel Na figura 1.21, o gás na pressão P sujeito a ação da força F, faz com que a fronteira móvel se desloque de ds. O trabalho elementar deste deslocamento é F.dsδW = . Sendo a variação infinitesimal do volume dv, teremos que A.dsdv = , onde A é a área da secção transversal do cilindro (Área da base). Assim, A dv ds = e A dv F.δW = . Sendo a pressão A F P = , o trabalho elementar do sistema gasoso será expresso por P.dvδW = . Integrando esta equação obteremos o trabalho do gás através da equação (1.31). ∫= V2 V1 P.dvW (1.31) A equação (1.30) pode ser representada graficamente através de um diagrama PXV, conforme é ilustrado na figura 1.22 31 Figura 1.22 - Representação gráfica do trabalho quase estático de fronteira móvel Uma nova consideração do diagrama P x V, Fig. 1.23 conduz a outra conclusão importante. É possível ir do estado 1 ao estado 2 por caminhos quase-estáticos diferentes. Figura1. 23 - Trabalho como uma função d a trajetória Já que a área sob a curva representa o trabalho para cada processo, é evidente que o trabalho envolvido em cada trajetória é uma função não somente dos estados iniciais e finais do processo, mas também, da trajetória que se percorre ao ir de um estado a outro. 32 Assim, o trabalho é chamado de função de linha, ou em linguagem matemática, δW é uma diferencial inexata. Calor e trabalho são transferência de energia entre um sistema e sua vizinhança, existindo muitas semelhanças entre eles, as quais as mais importantes são: a) Ambos são reconhecidos na fronteira do sistema, ou seja, são fenômenos de fronteira. b) Sistemas possuem energia, mas não calor e trabalho. c) Ambos estão associados a um processo e não a um estado. d) Ambos são função da trajetória, e assim, as suas magnitudes dependem do caminho percorrido. E) Por serem função da trajetória, possuemdiferenciais inexatas designadas pelos símbolos δQ e Wδ , não podendo ser representados por dQ e dW. 1.6.7 Convenção de sinal para calor e trabalho. Sendo o calor e o trabalho fenômenos de fronteira, convencionou-se que: Quando o sistema recebe calor, Q>0. Quando o sistema cede calor, Q<0. Quando o sistema fornece W, W>0. Quando o sistema recebe W, W<0. 33 1.7 Exercícios resolvidos 1.7.1 Determinar a massa de ar existente em uma sala de 4mx5mx6m a 100 kPa e 25ºC. Solução: O volume da sala é de V=4.5.6=120m3. A temperatura é T=25+273=298K Da tabelaI, o valor da constante do ar é de 0.287 Kj/Kg. K Utilizando a equação geral dos gases perfeitos, teremos respectivamente: R.T P.V m = = 0,287.298 100.120 =140,3 kg. 1.7.2 Um tanque A de 1m3 contendo ar a 25ºC e 500 kPa é conectado por uma válvula inicialmente fechada a um tanque B contendo 4 kg de ar a 60ºC e 200 kPa. A válvula é então aberta e o sistema atinge o equilíbrio com o meio ambiente que o cerca a 20ºC. Determine a pressão final do ar. Solução: Dados: VA=1m3 mB1= 4 kg PA1= 500kPa PB1= 200kPa TA1= 25+273=298K TB1 = 60+273= 313K Utilizando a equação geral dos gases perfeitos, teremos que antes da abertura da válvula (estado1): 5,84Kg 0,287.298 500.1 Rar.TA PA.VA mA1 === 3m 1,91 200 34.0,287.33 PB1 1mB1.Rar.TB VB === 34 Após a abertura da válvula (estado2): M2= mA1 +mB1 = 9,84kg V2= VA +VB = 2,91m3 T2= 20+273= 293K 2,845bar284,5kPa 2,91 .2939,84.0,287 V2 M2.Rar.T2 P2 ==== 1.7.3 Um tanque de aço indilatável contém 40 kg dióxido de carbono (44 kg/mol) na temperatura de 27ºC e pressão de 12 bar. a) Determinar a pressão interna quando o tanque é aquecido a 100ºC. b) Calcule o volume do Tanque. Solução: Dados: Pressão inicial= P1= 12 bar=1200kPa Temperatura inicial =T1= 27+273=300K Temperatura final=T2 = 100+273= 373K Volume inicial= V1 Volume final = V2 Pressão Final = P2 Massa de CO2 = m=40 kg Como o recipiente é indilatável, V1=V2 (Transformação isovolumétrica). a) Aplicando a equação (1.19) para as transformações gasosas dos gases perfeitos teremos que T2 P2 T1 P1 = Resolvendo para P2: 14,9bar 300 12.373 P2 == b) A constante Ra do CO2 pode ser determinada pela equação (1.18): g.K0,1889Kj/K 44 8,31441 M Ru Ra === 35 Aplicando a equação dos gases perfeitos para o estado 1, obtemos o valor de V=V1=V2. 31,89m 1200 30040.0,1889. P1 m.Ra.T1 V === 1.7.4 Três gases A, B, C cujos volumes, pressões, temperaturas, e número de mols são respectivamente Va, Vb, Vc, Pa, Pb, Pc, Ta, Tb, Tc, na, nb, nc são misturados em um recipiente até que a temperatura, a pressão, o volume e o número de mols sejam respectivamente P, V, T e n. Determine: a) O número de mols de cada gás. b) O número de mols da mistura c) A fração molar “X” de cada gás d) A pressão parcial “p” de cada gás. Solução: a) Para cada gás, pela equação dos gases perfeitos, teremos que: Ru.Ta Pa.Va na = , Ru.Tb Pb.Vb nb = , Ru.Tc Pc.Vc nc = b) Ru.T P.V Ru.Tc Pc.Vc Ru.Tb Pb.Vb Ru.Ta Pa.Va ncnbnan =++=++= . c) A fração volumétrica ou molar dos gases será: n na Xa = , n nb Xb = , n nc Xc = . d) As pressões parciais pa, pb, pc de cada gás são as pressões que os gases ocupariam se estivessem sozinhos na pressão, volume e temperatura da mistura (Lei de Dalton). V na.Ru.T pa = , V nb.Ru.T pb = , V nc.Ru.T pc = É lógico que a pressão total P é a soma das pressões parciais. P=pa+pb+pc (Lei de Dalton) Observe que quando a temperatura dos gases é igual à temperatura da mistura, as pressões parciais serão expressas por X.Pp = , sendo X a fração molar de cada gás e P a pressão total da mistura. 36 1.7.5 Determine o volume específico, a densidade do vapor de água a P=140bar e T= 673K, e o erro cometido considerando o vapor como gás ideal e real, sabendo-se que para este estado o volume especifico do vapor obtido das tabelas especializadas é de 0.0173 m3/Kg. Considere o gráfico de Lee Kessler (figura 1.24) para o gás real. São dados: Massa molar “M” da água= 18Kg/MoL. Temperatura crítica “Tc” da água = 647.3 K Pressão crítica “Pc” da água = 220,9 bar. Figura 1.24- Fator generalizado de compressibilidade Fonte: Advanced Thermodinamics Engineering, Ishar K.Puri(Crc Press, 2002) Solução: Pela equação dos gases perfeitos, teremos que: T= 673 37 P= 140bar = 14000kPa ==== 18.14000 .673 8,31441 M.P Ru.T P Ra.T vágua 0.0222 m 3/Kg Utilizando o fator de compressibilidade Do gráfico, Z=0.79 água _ Z.vvr = = 0.0175 m3/Kg. O erro “E” percentual cometido será: a) Pela equação dos gases perfeitos. % 28.100 0.0173 0.01750.0222 E = − = 38 b) Pelo fator de compressibilidade. % 1,1 .100 0.0173 0.01730.0175 E = − = 1.7.6 Um tanque de 3.27m3 contem 100 kg de nitrogênio (28, 013 kg/kmol) a 175 K. Determine a pressão do tanque usando a equação dos gases perfeitos e a equação (1.27) de Beattie-Bridgeman. Compare com o valor real de 1505 kPa, medido experimentalmente, Solução: Dados: V=3.27m3 m=100Kg T= 175K O volume específico molar será: v _ = 100 33,27.28,01 m V.M = = 0, 916 m3/kmol Da t abela II, obtemos as seguintes constantes para o nitrogênio: Ao = 136, 2315 a = 0, 02617 Bo = 0, 05046 b = -0, 00691 c = 4,2x104 Aplicando a equação de Beattie-Bridgeman, teremos: = _ v a -1A0A =136, 2315 0,916 0,02617 -1 =132,339 = _ v b -1BoB = _ 0,916 0,00691- -10,05046 =0, 0584 2_ _ 3 _2_ v A B)v( .Tv c 1 v Ru.T P −+ −= 39 1504kPaP 0,961 132,9 0,05084).(0,916 0,916.175 4,2.10 1 0,916 8,314.175 P 23 4 2 = −+ −= 100 1505 15051504 Erro . − = = 0.064 %. O erro é desprezível. 1.7.7 Transdutores de pressão são normalmente utilizados para medir a pressão gerando sinais analógicos que em geral se encontram na faixa de 4 a 20 mA, em resposta a pressão aplicada. O sistema mostrado na figura 1.22 é utilizado para calibrar o transdutor. Figura 1.22 - Calibração de transdutores de pressão Mediu-se a corrente I do transdutor em função da coluna ∆h e os dados são tabelados. 40 TabelaIII. 1-Dados para o problema ∆h (mm) 28,0 181,5 297,8 413,1 765,9 1027 1149 1362 I (mA) 4,21 5,78 6,97 8,15 11,76 14,43 15,68 17,86 a) Calcule a pressão manométrica do ar para cada valor da coluna de mercúrio. b) Verifique se a curva de calibração é praticamente linear. Solução: a) A densidade do mercúrio é de 13,55. 103 Kg/m3 e a aceleração da gravidade de 9.81m/s2. Pela lei de Stevin: 1000 h.13.55.9.81 ∆P (kPa) 1000 µ.g.∆h ∆P ∆ = = Substituindo os valores de ∆h em metros, obtemos para ∆P os seguintes valores: ∆P (kPa) 3,73 24,14 39,61 54,95 101,9 136,6 152,8 181,2 I(mA) 4,21 5,78 6,97 8,15 11,76 14,43 15,68 17,86 b) Plotando ∆P versus I obtemos a curva: 41 1.8.8 A temperatura da atmosfera em K pode ser aproximada pela equação β.zTT o −= , sendo To a temperatura ao nível do mar (288.15K), β =0.0065K/m e z a latitude acima do nível do mar. Considerando que a aceleração g da gravidade permanence constante com a altitude, obtenha a expressão da pressão P em função da altitude z. Solução: O teorema de Stevin na forma diferencial é expresso por: µ.g.dhdP −= , onde o sinal de menos indica que a pressão P diminui à medida que a altitude aumenta Da equação dos gases perfeitos, a densidade µ é dada por: β.z)Ru.(T P Ru.T P µ o − == . Assim, teremos que: βz)Ru(T P.g.dz dP 0 − −= . Separando as variáveis,teremos que: ∫∫ − −= z zo o P Ru.(T g.dz P dP o )z Po β . Integrando esta expressão obtemos a seguinte equação: − = o o T β.zT ln Ru.β g Po P ln . Resolvendo esta equação, obtemos a seguinte expressão para o valor de P; β.Ru g To β.z 1Po.P −= 1.8.9 A análise seca dos gases de combustão de um motor Diesel marítimo apresentou a seguinte composição volumétrica (fração molar), CO2 8,85%%, CO 1,2%, O2 6,8 % e N2 83,15 %. Sendo a pressão do coletor de descarga de 3,5bar, determine: a) A composição mássica dos gases de combustão. b) A pressão parcial de cada gás. 42 Solução: A composição mássica de um gás em função da sua composição volumétrica é expressa pela equação .100 Xi%.Mi Xi%.Mi mi% n i ∑ = , sendo i o componente gasoso na mistura e X e M as frações molares e o mol de cada gás. A pressão parcial e determinada pela equação p=X.P Assim, organizamos a seguinte tabela e obtemos para os gases os seguintes valores da fração mássica e da pressão parcial: Tabela IV. 1. Cálculo da fração mássica e pressão parcial de mistura de gases. Substân cia Xi% Xi%. Mi .100 Xi%.Mi Xi%.Mi mi% n i ∑ = Pi=Xi. P CO2 8.85 8,85.44=389,4 .100 2968,8 389,4 = =13,12 0,0885.3,5 =0,310bar CO 1,2 1,2. 28=33,6 .100 2968,8 33,6 = = 1,13 0, 012.3,5 = 0, 042bar O2 6.8 6,8. 32=217,6 .100 2968,8 217,6 = =7,33 0, 068.3,5 =0, 238 bar N2 83,15 83,15.28=2328,2 .100 2968,8 2328,2 = =78,42 0,8315.3,5 =2,910bar ∑ n i Xi%.Mi 2968,8 =∑ n i p 3.5 (Ok) 43 2 PRIMEIRO E SEGUNDO PRINCÍPIO DA TERMODINÂMICA 2.1 Primeiro e segundo princípio da termodinâmica O primeiro e o segundo princípio da termodinâmica são comumente chamados de primeira e segunda lei da termodinâmica sendo que a primeira lei estabelece a relação existente entre calor, trabalho e energia, enquanto a segunda lei impõe as limitações para que o processo termodinâmico ocorra. A Energia pode ser armazenada dentro dos sistemas em várias formas macroscópicas, podendo também ser transferida entre os sistemas e também transformada de uma forma para outra. A energia pode ser transferida por meio de calor e trabalho, sendo que a quantidade total de energia permanece constante para todas as transformações e transferências. 2.2 Principais formas de energia nos sistemas termodinâmicos As principais formas de energia dos sistemas termodinâmicos são a energia cinética, a potencial gravitacional, a energia de fluxo e a energia interna do sistema. 2.2.1 Energia cinética A energia cinética Ec de um sistema em movimento é dada pela equação (2.1), sendo Ec a energia cinética em joules e m e V a massa e a velocidade do fluido em Kg e m/s. 2 m.V Ec 2 = (2.1) 44 2.2.2 Energia potencial gravitacional A energia potencial Ep gravitacional aparece quando o sistema está a uma determinada altura z de um determinado referencial é expressa pela equação (2.2), sendo m a massa do fluido em kg, g a aceleração da gravidade em m/s2 e z a altura (m) do sistema em relação a um determinado referencial. m.g.zEp = (2.2) 2.2.3 Energia interna Podemos dizer que a energia interna de um sistema são todas as outras formas de energia excluindo a cinética e a potencial. Esta energia está relacionada à estrutura e ao grau de atividade molecular, podendo ser vista como a soma das energias potencial e cinética das moléculas. Esta energia depende basicamente da temperatura, estando associada às forças de ligação entre as moléculas, sendo estas forças mais fortes nos sólidos que nos líquidos e mais fracas nos gases. Conseqüentemente, a energia interna dos gases é maior que a dos líquidos e sólidos. Assim, a energia Interna associada à fase de um sistema é chamada de latente. Lembramos que na maioria das aplicações práticas, o processo de mudança de fase ocorre sem mudança na composição química da substância. Joule em 1843 demonstrou experimentalmente que para um gás ideal a energia interna é somente função da temperatura, ou seja, f(T)U = . Na forma diferencial a variação de energia interna “du” de uma substância nas fases sólida, líquida ou gasosa é expressa pela equação (2.3), já que nos líquidos e sólidos o calor específico a volume constante cv é praticamente igual ao calor específico a pressão constante cp. .dTm.cdu v= (2.3) Integrando esta expressão: 45 ∫=−= T2 T1 v12 .dTcm.UU∆U (2.4) Se o calor específico não varia com a temperatura (constante) a energia interna é avaliada pela equação (2.5), sendo U∆ em joules (J) ou kilojoules (kJ), m a massa do sistema em Kg, cv o calor específico da substância em J/Kg. K ou kJ/Kg. K e T2 e T1 as temperaturas dos estados 1 e 2 em K ou ºC (a diferença de temperatura é a mesma nas duas escalas). )Tm.cv.(T∆U 12 −= (2.5) Ressaltamos que as equações (2.4) e (2.5) são válidas para qualquer gás ideal e não depende do processo pelo qual a transformação é realizada. 2.2.4 Energia de fluxo de um fluido em escoamento A energia de fluxo (Wf) ou trabalho de fluxo de um fluido em escoamento é considerada quando um fluido de massa m a uma determinada pressão p em Pa ou kPa adentra ou sai de fluido uma fronteira de um volume de controle com volume específico v (m3/Kg). Esta energia é expressa pela equação (2.6). m.P.vWf = , J ou kJ (2.6) 2.2.5 Energia total do sistema A energia total do sistema E sua respectiva variação ∆E são calculadas pelas equações (2.7) e (2.8). UEpEcE +++= (2.7) ∆U∆Ep∆Ec∆E ++= (2.8) A energia específica no sistema internacional de unidades é expressa por m E e = sendo medida em kJ/Kg. 46 2.2.6 Energia total de um fluido em escoamento A energia total de um fluido em movimento é expressa pela equação (2.9), sendo a soma das energias cinéticas, potencial, interna e do trabalho de fluxo. E= Ec+Ep +U+Wf (2.9) 2.3 Entalpia. Uma propriedade termodinâmica combinada A entalpia de uma substância é a soma da energia de fluxo com a energia interna sendo o seu valor expresso pelas equações (2.10) e (2.11). P.vuh += (2.10) P.VUH += (2.11) Sendo h, u, P e v a entalpia específica e a energia interna específica em kJ/Kg, a pressão em kPa e o volume específico em m3/Kg. H, U, P e V são a entalpia total e a energia total em kJ, a pressão P em kPa e o volume em m3. 2.4 Primeira lei da termodinâmica A primeira lei da termodinâmica diz respeito às interações entre calor e trabalho na fronteira do sistema termodinâmico com a sua respectiva variação de energia. Esta lei se expressa matematicamente através da equação (2.12) sistemase ∆EEE =−(2.12) Sendo Ee e Es as energias que atravessam a fronteira do sistema na forma de calor, trabalho e das massas que adentram e saem do sistema. sistema∆E é a variação da energia total armazenada pelo sistema (interna, potencial, cinética etc). 47 2.4.1Conservação de massa para V.C. A figura 2.1 ilustra um volume de controle onde entram e saem às massas me e ms com o volume de controle variando a massa de mvc(t) no tempo t para mvc (t+dt) no tempo t+dt. Figura 2.1 - Conservação da massa de um volume de controle Para o tempo (t) a massa do sistema é mt= mvc(t) + me A massa do vol. controle ⇒ mvc(t) No tempo (t+∆ t) massa do sistema é mt+dt = mvc (t+dt) + ms Pela conservação da massa, teremos que: mvc(t) + me = mvc(t+dt) + ms mvc (t+dt) - mvc (t) = me – ms, e dividindo por dt, teremos que: dt ms dt me dt mvc(t)dt)(tvcm −= −+ , tomando os limites quando 0→dt : ( ) sistema) do saída na massa de (fluxo . ms dt ms sistema) do entrada na massa de (fluxo . me dt me vcmdt d dt (t)vcmdttvcm0dtlim = = = −+ → vcmdt d = em& - sm& (2.13) Havendo várias entradas e várias saídas do volume de controle, o balanço dos fluxos instantâneos assume o formato de somatório. 48 ∑∑ == −= n is n 1e vc smem∆m && (2.14) Chamando de ρ a massa especifica do fluido no interior do sistema (Kg/m3) então ∫= V vc ρ.dVdt d m dt d sendo os fluxos de massa na entrada e na saída do volume de controle expressos por dAρVm A n∫=& , onde Vn é a componente normal a superfície A de entrada e saída dos fluxos de massa do sistema. Assim, o balanço da massa do sistema será expresso pela equação (2.15): S ∑ ∫∫ ∑ ∫ − = S A n eV e A n dAVρdAVρdVρdt d (2.15) Para o caso de um fluxo unidimensional com os fluxos de massa em& e sm& adentrando e saindo do sistema com as velocidades Ve e Vs normais as áreas de entrada e saida de fluxo Ae e As , a equação (2.14) será escrita da seguinte forma : ∑∑ −= se vc vs As.Vs ve Ae.Ve m dt d , sendo ve e vs os volumes específicos dos fluxos de massa que adentram e saem do volume de controle. Para processos em regime permanente, 0m dt d vc = , e assim, ∑∑ == = n 1s n 1e smem && . Se o regime for permanente e o fluxo unidimensional então em& = sm& . Expressando estes fluxos de massa pela equação da continuidade teremos as equações (2.16), sendo eρ , sρ , ev , sv as massas específicas e os volumes específicos do fluido. se se v Vs.As v Ve.Ae .Vs.Asρ.Ve.Aeρ = = (2.16) 49 2.4.2 Primeira lei da termodinâmica para um volume de controle Para um volume de controle qualquer como o ilustrado na figura 2.2, vamos aplicar o princípio da conservação da energia de acordo com a equação (2.12). Sejam ee e es as energias totais específicas associadas às massas me e ms que adentram e saem do volume de controle da figura 2.2, com entradas e saídas de calor e trabalho Qe, We, Qs, Ws cruzando as suas fronteiras. O calor líquido Qvc e o trabalho líquido Wvc do volume de controle são expressos pela diferença entre Qe e Qs, e We e Ws. A energia total armazenada no volume de controle varia de VC(t)E no instante t para dt)VC(tE + no instante t+dt. Figura 2.2 - Volume de controle para a aplicação da primeira lei As energias especifícas ee e es são expressas como a soma das suas energias interna, cinética, potencial, e de fluxo conforme as equações: eeeee wepecue +++= (2.17) sssss wepecue +++= (2.18) we = Pe.ve, energia específica de fluxo, sendo Pe e ve a pressão e o volume específico da massa que adentra o volume de controle. ws = Ps.vs, energia específica de fluxo, sendo Ps e vs a pressão e o volume específico da massa que sai do volume de controle. ece = energia cinética específica da massa que adentra o volume de controle. epe = energia potencial da massa que adentra o volume de controle. ecs = energia cinética específica da massa que sai do volume de controle. 50 eps = energia potencial da massa que sai do volume de controle ue = energia interna específica da massa que entra no volume de controle. us = energia interna específica da massa que sai do volume de controle. Como p.vuh += , as energias específicas das massas me e ms que adentra e sai do volume de controle serão expressas por: e 2 e ee g.z2 V he ++= (2.19) s s s zg V h .es ++= 2 2 (2.20) Sendo Ve, Vs, ze, zs, he, hs, as velocidades, as entalpias específicas e a alturas de entrada em relação um determinado referencial das massas me e ms que adentra e sai do volume de controle. A energia total das massas me e ms serão expressas pelas equações (2.21) e (2.22). g.ze) 2 V me.(hme.eEm 2 e eee ++== (2.21) zs.g) 2 V ms.(hsms.esEm 2 s s ++== (2.22) Aplicando a equação geral da conservação da energia (2.12), teremos que: sistemase ∆EEE =− (2.12) eeee WQEmE ++= ssss WQEmE ++= t tempo no sistema do Energia (t)EE vct = dtt tempo no sistema do Energia dt)(tEE vcdt)(t ++=+ (t)dt)(tsistema EE∆E −= + (2.23) Substituindo na equação (2.12) teremos que: 51 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) dt gz 2 V hm dt gz 2 V hm dt W dt Q lim dt tEdttE lim : odt quando limites os tomandoedt por membros os ambos dividindo gz 2 V hmgz 2 V hmWQtEdttE )W(Q)W(Qgze 2 V hmtEgz 2 V hmdttE s 2 s sse 2 e ee vcvc 0dt vcvc odt s 2 s sse 2 e eevcvcvcvc ssee 2 e eevcs 2 s ssvc ++ − ++ +−= −+ → ++− +++−=−+ +−+= +++− ++++ →→ ( ) ( ) W dt W limQ dt Q lim E dt d ∆t tEdttE im 0dt vc odt vc vcvc 0dt && == = −+ →→ → , ++= ++ ++= ++ → → s 2 s ss s 2 s ss 0dt e 2 e ee e 2 e ee odt gz 2 V hm dt gz 2 V hm lim gz 2 V hm dt gz 2 V hm lim & & Assim a equação para o balanço de energia para um V.C é agora expressa pela equação (2.24) em função dos fluxos de massa como taxa de variação de calor (fluxo de calor), taxa de variação de trabalho (potência), e taxa de variação de energia ++− +++−= gzs 2 V hmgze 2 V hmWQ dt dE 2s ss 2 e eevcvc vc &&&& (2.24) Para várias entradas e saídas a equação (2.24) será um somatório de energia sendo expressa pela equação (2.25): 52 ∑∑ ++−+++−= gzs)2 V(hmgze) 2 V (hmWQ dt dE 2s ss 2 e eevcvc vc &&&& (2.25) 2.4.2.1 Equação da energia para um volume de controle em regime permanente No caso de regime permanente, teremos que: 0 dt dEvc = (2.26) ∑ ∑ +++=+++ gzs)2 V (hmWgze) 2 V (hmQ 2 s ssvc 2 e eevc &&&& (2.27) Na prática, existem muitas situações como, por exemplo, caldeiras, turbinas, bombas e trocadores de calor em que podem ser desprezados os termos de variação de energia cinética e energia potencial. Assim, nestas situações, a equação (2.27) será expressa pela equação (2.28): ∑ ∑+=+ ssvceevc hmWhmQ &&&& (2.28) 2.4.2.2 Equação da energia para um volume de controle em escoamento uniforme No escoamento uniforme, as propriedades de um fluido em qualquer entrada e saída do volume de controle podem não variar com o tempo e com a posição da secção transversal da entrada ou da saída. Se variarem, são feitas médias e elas são tratadas como constantes durante todo o processo. As propriedades iniciais e finais do volume de controle podem ser determinadas a partir do conhecimento dos estados inicial e final, os quais são completamente especificados por duas propriedades termodinâmicas intensivas e independentes. Para um volume de controle uniforme, a equação da conservação da energia será expressa pela equação (2.29). 53 =− vcvc WQ )eg.Z2 2 eV e(h)s g.Z 2 2 sV s.(hsm ++∑−++∑ + (t)Edt)(tE vcvc −+ (2.29) Para maior simplicidade 2vc Edt)(tE =+ e 1vc E(t)E = 22 2 2 22 .g.Zm2 V UE ++= 11 2 1 11 .g.Zm2 V UE ++= Sendo m1, m2, V1, V2, U1, U2 as massas, velocidades, e energia interna do volume de controle nos instantes inicial e final do processo. Z1 e Z2 são as alturas iniciais e finais do volume de controle em relação a um determinado referencial. Para o caso típico de enchimentos de reservatórios que não se locomovem, por um processo de escoamento uniforme pode ser utilizado, e desprezando as variações de energia cinética e potencial das massas de entrada e saída do volume de controle, a equação a equação (2.29) é simplificada resultando a equação (2.30). 12eessvcvc UU.hm.hmWQ −+−=− ∑∑ (2.30) 2.4.2.3 A equação da energia para um sistema fechado Para um sistema fechado, não havendo entrada nem saída de massa a equação geral da energia se reduz a equação (2.31). sistsist12 WQEE −=− (2.31) Na forma de taxa de variação de energia, calor e trabalho (potência) a equação (2.31) se reduz a equação (2.32): . sist . sist sist WQ dt dE −= (2.32) 54 2.5 Exercícios resolvidos 2.5.1 Considere 1 kg de vapor de água contida no interior do conjunto cilindro pistão. O vapor a 5bar e 240ºC (U1= 2707, 6 kJ/kg) sofre uma expansão até atingir 1,5bar e 200ºC (U2=2656,2kJ/kg) sendo transferida 80 kJ de calor para o vapor. Uma hélice colocada no interior do conjunto através de um eixo para homogeneizar o vapor, fornece18, 5 kJ de energia na forma de trabalho para o sistema. Se O conjunto cilindro pistão está em repouso, determine a quantidade de trabalho transferido para o pistão durante o processo de expansão. Solução: Identificando o sistema, observamos que no mesmo não existe entrada nem saída de massa, portanto o sistema é fechado. Pela equação (2.31): sistsist12 WQEE −=− trabalho) realiza pistão (o kJ 149,9Wp Wp 98,551,4- Wp)18,5(-802707,6-2656,2 :doSubstituin WpWpistão trabalho) recebe osistema poisativo,18.5kJ(negW calor) recebe sistema o pois(positivo, 80kJQ kJ 2707,62707,61m.uUE 2656,2kJ 1.2656,2m.uUE 1kgmmm hélice sist 111 222 21 += += +−= = −= = ==== ==== === . 55 O trabalho do pistão poderia ser calculado através da equação ∫P.dV , porém, não é possível utilizar tal equação uma vez que não se conhece a função P= f(volume), mas tão somente, os estados iniciais e finais. 2.5.2 Em uma indústria alimentícia necessita-se de ar quente na saída do secador para desidratação de alimentos, à temperatura de 60o C e velocidade de 10 m/s conforme é ilustrado na figura. Para tal fim, é utilizado um aquecedor elétrico de ar, cuja seção transversal de saída é de 30 cm2. O ar entra no aquecedor à temperatura de 20o C e na pressão absoluta de 1,0 bar com velocidade desprezível. A diferença específica de entalpia para os gases perfeitos deverá ser estimada pela equação )T(Tchh espares −=− . Considerando o escoamento doar isobárico, determine a potência elétrica do aquecedor em kW. São dados: Calor específico do ar a pressão constante cpar = 1, 006 kJ/kg. K Constante do ar Rar = 0, 287kJ/kg. K Solução: Identificando o sistema, observamos que existem entrada e saída de massa, e assim o problema será tratado como um volume de controle em regime permanente pela equação (2.30). 56 ( ) ( ) ( ) ( ) o)aqueciment seu o para potência esta recebe ar (okW1,257W 2x1000 10 2x1000 0 400,0314WW kg kJ 4020601,006.TeTchh s kg 0,031430x1010 0,9561 1 m ar do massa de Fluxo kg m 0,9561 100 273,15600,287 P TR v ) Vdo saída na ltransversa secção da (áream30.10A kPa 001bar 1P :saída na ar do específico volume O A v V m 2 V - 2 V h.(hmW hmhm hmhm )adiabático 0(sistemaQ 0Ve 0zsze mmm gzs) 2 V (hmWgze) 2 V (hmQ el 22 elvc sarpes 4 3 s sar s C 24 s s s s s 2 s 2 e sevc sss eee vc s . e . e s 2 s ssvc 2 e eevc −= ⇒ −+−== =−=−=− == = + == = == = +−= = = = = == == +++=+++ − • − • • • • • ∑ ∑ ∑ ∑ & && & & & & &&&& ) . . s e O fator 1000 aparece para converter W para kw nos termos de energia cinética. 57 2.5.3 Em um navio, utiliza-se um trocador de calor do tipo misturador que utiliza água quente para a lavanderia. O fluxo de massa de saída de água quente é de 1000 kg/h e sua temperatura é de 50º C à pressão de 100 kPa. Para esta finalidade, utiliza-se um misturador que utiliza vapor d’água a 1,0 Mpa e 300º C e água fria a 100 kPa e 25º C. O vapor e a água fria são misturados, obtendo-se em sua saída a água quente desejada. Determinar as vazões (kg/h) da água fria e do vapor que alimentam o misturador. São dados: Entalpia da água líquida a 100 kPa, 25o C = 104,89 kg kJ Entalpia do vapor d água a 1,0 Mpa e 300o C = 3051,15 kg kJ Entalpia da água líquida a 50o C e 100 kPa = 209,33 kg kJ Solução: Pelo princípio da conservação da massa para o volume de controle misturador: ∑∑ =− •• VC se dt dm mm sendo (1): vapor; (2): água fria e (3): água quente, tem-se: 321 mmm ••• =+ Primeira Lei da Termodinâmica para o V.C.em regime permanente: ∑∑ +++= +++ • − gzs 2 V hmWgze 2 V hmQ 2 s ss . vc 2 e e . e . vc 58 Considerando-se misturador termicamente isolado e sem variações de energia cinética e potencial, regime permanente, tem-se: 332211 hmhmhm ••• =+ 1m3m2m • − • = • ( ) ( ) 21 23 31 233211332123113321311 hh hh mm hhmhhmhmhmhmhmhmhmmhm − − = ⇒−=−⇒=−+⇒= −+ •• •••••••••• (3) h2: água líquida a 100 kPa, 25 o C h2 = 104,89 kg kJ h1: vapor d água a 1,0 Mpa e 300 o C (vapor superaquecido). h1 = 3051,15 kg kJ h3: água líquida a 50 o C e 100 kPa: h3 = 209,33 kg kJ Substituindo: h kg 35,45m 104,893051,15 104,89209,33 1000m 11 = − − = •• (vapor)h kg 964,55m35,451000m 22 =−= •• (água fria) 59 2.5.4 Uma caldeira auxiliar de um navio necessita de 40 toneladas por hora de vapor dágua saturado a 2 MPa e 85oC com título de 95%. Água líquida a 2 MPa e 85 oC deve ser bombeada na mesma vazão mássica de vapor para alimentar a caldeira. Calcule o consumo de óleo combustível de poder calorífico de 42971 kJ/Kg para uma eficiência da caldeira de 89%. São dados: Entalpia da água a 2 MPa e 85ºC = 356 kJ/kg Entalpia do vapor saturado a 2 MPa =2798,3 kJ/Kg Entalpia da água líquida a 2 MPa = 908,47 kJ/kg Solução: Considerando o regime permanente para o vc: ( )esVCseVC hhmQhmhmQ −=⇒=+ ••••• s kg 11,1 s kg 3600 40000 h t 40m === • A entalpia de entrada (he) é tomada como a da água de alimentação a 2 MPa e 85ºC= 356 kJ/Kg A entalpia de saída é calculada pela equação: l)vls hx.(hhh −+= 60 ton/dia 58,832451,6kg/hKg/s 0,681mcomb 1mcomb.4297 26060,58 0,89 mcomb.Pf Q η : por expressa é caldeira da eficiênciaA kW 5826060)356,811,1.(2703Q :vaporserá pelo recebido calor O kJ/Kg 82703)47908,30,95.(279847908h 0,95porTítulodovax kJ/Kg 32798 2MPa a adovaporsatur do Entalpiah kJ/Kg 479082MPa a líquida água da Entalpiah . . . VC cal VC s v l === = = =−= =−+= == == == • • , ,,, , , 2.5.5 Considere uma bomba de óleo lubrificante de um navio mercante com uma diferença de pressão entre a descarga e a aspiração da bomba de 2,72 bar. A massa específica do óleo lubrificante é de 850Kg/m3 sendo o diâmetro da canalização de descarga (d2) na saída da bomba de 1polegada (0, 0254m). A vazão mássica de bombeamento é de 1,43 Kg/s sendo desprezível a variação de energia potencial. Se o óleo lubrificante é aspirado à baixa velocidade, calcule a potência de bombeamento e a fornecida pelo motor elétrico se a eficiência mecânica do conjunto for de 60%. 61 Solução: 1kW de próxima mais comercial apotência ter deverá motor O trabalho) recebe sistema o (0,77kW 0,6 W motorW beamento)balhodebom0,46kW(tra 2.1000 3,32 0,321.43W 2.1000 V )h(hmW )hhhh,VV0,VV0,Qpotencial( energia de variações as odesprezand e permanente regime em lei primeira da equação a Aplicando 0,32kJ/kg 850 272 µ PP )P.(Pνhh 3,32m/s ,0254850.3,14.0 4.1,43 µ.π.d m4. V massa) da oconservaçã da (equação 4 .Vµ.π.d m ecifico)(volumeesp µ 1 ν ssa)(fluxodema 1,43kg/sm 272kPa2,72barPP 850Kg/m telubrifican óleo do específica massaµ . vc . 2. vc 2 2 21 .. vc . 2s1,e2s1evc 12 12l12 22 2 . 2 2 2 2 . l . 12 3 −== = −−= −−= ====== ===−=− === = = = ==− == − . 2.5.6 Um tanque rígido de 2m3 inicialmente contém ar a 100kPa e 22ºC. O tanque é conectado a uma linha de alimentação por uma válvula. O ar escoa na linha a 600kPa e 22ºC. A válvula é aberta e o ar entra no tanque até que a pressão do mesmo atinja a pressão da linha quando então a válvula é fechada. Um termômetro colocado no tanque indica que a temperatura do ar no estado final é de 77ºC. Determine a massa de ar que entrou no tanque e a quantidade de calor transferida. 62 São dados: Entalpia do ar a 22ºC e 600 kPa= 295,17kJ/Kg Energia interna do ar a 22ºC e 100kPa= 210,49 kJ/Kg Energia interna do ar a 77ºC e 600kPa= 250,02 kJ/Kg Solução: Considerando um volume de controle em regime uniforme, o balanço de massa e energia pode ser expresso pela equação (2.22): 12eessvcvc UU.hm.hmWQ −+−=− ∑∑ final) estado no tanque no ar do massa ( 11,946Kg 0,287.350 600.2 TR VP m inicial) estado no tanque no ar do massa ( 2,362Kg 0,287.295 100.2 TR VP m ema)indodosistxodemasasa0(nãoháfluhm 2ar 22 2 1ar 11 1 ss === === =∑ Princípio da conservação da massa: controle) de volume o adentra que (massa 9,584Kgmmm 12e =−= g295,17kJ/Khe = (Entalpia do ar a 22ºC e 600kPa) g250,02kJ/Ku g210,49kJ/Ku 2 1 = = 63 ambiente meio o para tanque do otransferid (calor 339,34kJQ uniforme) o(Escoament 497,172986,74179,584.295,UUhmQ desloca) se não fronteira0(A W 2986,74kJ,0211,946.250.umU 497,17kJ492,362.210,.umU vc 12eevc vc 222 111 )−= −+−=−+−= = === === 2.6 A Segunda lei da termodinâmica A primeira lei da termodinâmica exige que a energia seja conservada durante um processo termodinâmico. Porém, sabemos pela experiência do cotidiano que processos ocorrem em uma determinada direção, ou seja, a primeira lei não faz restrições à direção de um processo não garantindo que o referido processo possa ocorrer. Esta inadequação da primeira lei que não identifica se um processo termodinâmico pode ou não ocorrer, é remediada pela introdução de outro princípio geral, conhecido usualmente como a “Segunda Lei da Termodinâmica”. A primeira lei diz respeito à quantidade de energia e suas transformações em outras modalidades sem levar em conta a qualidade do processo. A segunda lei oferece os meios necessários para determinar a qualidade bem como o nível de degradação da energia. Neste trabalho, enfatizaremos a segunda lei na aplicação das máquinas térmicas, refrigeradores e bombas de calor. 2.6.1 A máquina térmica Um dos primeiros cientistas que idealizou a máquina térmica foi o engenheiro francês Sadi Carnot (1796 -1832). Ele supôs uma máquina ideal sem atrito e reversível. Entende-se por processo reversível, um processo que pode ser revertido sem deixar danos ao meio ambiente ou em outras palavras, o sistema e o meio ambiente retornam ao estado inicial no final do processo inverso. Se tal processo pudesse ser realmente realizado, ele seria caracterizado por um estado contínuo de equilíbrio e iria ocorrer a uma taxa tão lenta que necessitaria um tempo infinito. 64 Um motor real sempre envolve ao menos certa quantidade de irreversibilidade, ou seja, no processo irreversível o sistema e todas as suas partes que compõem a sua vizinhança não podem ser restabelecidos aos seus estados iniciais e finais após o processo ter ocorrido. A figura 2.3 ilustra o modelo básico de qualquer máquina térmica reversível ou não. Figura 2.3- Representação esquemática de uma máquina térmica. 2.6.2 A máquina térmica invertida ou refrigerador Na máquina térmica, o calor flui espontaneamente da fonte quente para a fonte fria, ou seja, do meio de temperatura mais alta para o meio de temperatura mais baixa. Porém, é possível a transferência de calor de um meio de temperatura mais baixa para outro de temperatura mais alta através do recebimento de trabalho do meio externo conforme é ilustrado na figura 2.4. Este dispositivo térmico é chamado de máquina térmica invertida ou refrigerador. Os refrigeradores como as máquinas térmicas são dispositivos cíclicos, sendo o fluido de trabalho chamado de refrigerante. No caso dos refrigeradores domésticos, a fonte fria se encontra no compartimento do congelador, onde o calor do compartimento é removido pelo 65 refrigerante. O condensador é o componente responsável pela dissipação do calor e se encontra posicionado na trazeira do refrigerador. Em locais de clima frio, o refrigerador serve de bomba de calor, a qual mantém a temperatura do recinto removendo o calor de uma fonte à baixa temperatura (ar externo de inverno) e fornecendo calor a uma temperatura necessária ao conforto térmico das pessoas que estão no recinto a ser aquecido. Figura 2.4- A máquina invertida de Carnot. 2.6.3 A desigualdade de Clausius A desigualdade de Clausius estabelece que para um ciclo termodinâmico a integral cíclica 0 T δQ ≤ ∫ , sendo δQ e T a quantidade de calor transferida na fronteira do sistema na temperatura absoluta T. Segundo Clausius, esta integral indica a natureza do ciclo executado pelo sistema como possível e reversível, possível e irreversível, ou impossível conforme as equações (2.33),
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