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O que é ideologia

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O que é ideologia?
O termo ideologia conta com inúmeros significados. O mais comum deles é utilizado para designar algo ideal com base em um conjunto de pensamentos, ideais, doutrinas, perspectivas e percepções sobre algo ou alguém. Essa designação, por sua vez, precisa ter algum tipo de orientação de caráter política ou social. Não à toa, geralmente uma ideologia tem relação direta com mitos, doutrinas, movimentos culturais, religiosos ou políticos.
Muitos são os autores que usam essa expressão de modo mais crítico, o que leva à crença de que a ideologia é um instrumento utilizado na busca do domínio de opiniões. Neste sentido, a ideologia age com persuasão e alienação, com o objetivo de convencer a consciência de determinados grupos ou indivíduos
O termo ideologia se disseminou após ser amplamente utilizado pelo filósofo Antoine Destutt de Tracy. Posteriormente, o conceito também foi explorado pelo famoso filósofo alemão Karl Marx. Este por sua vez criou uma relação entre ideologia e controle em sistemas morais, políticos e sociais (que eram instaurados na sociedade por meio de uma classe dominante). Segundo ele, a ideologia da classe dominante tinha como principal intuito fazer com que os ricos fossem mantidos no poder (controlando a sociedade como um todo).
Para compreender melhor o termo vamos considerar um exemplo:
Tudo o que o indivíduo constrói – desde a infância à fase adulta – depende das coisas que ele acredita o que, geralmente, é reflexo do que ele vive e experimenta enquanto participante da sociedade.
A vivência é então o que marca a experiência – e a própria percepção – de mundo do indivíduo. É exatamente por isso que somos tão herdeiros da nossa identidade cultural: um indivíduo nascido em São Paulo, obviamente, irá ter uma visão totalmente diferenciada em vários aspectos do que um europeu, um asiático, ou um indivíduo nascido em meio à guerra, por exemplo.
E não precisamos ir tão longe: a pessoa que nasce em uma família de grande poder aquisitivo também terá experiências e vivências diferenciadas daquela que nasce em meio à periferia. Isso porque ambas desfrutaram de diferentes realidades – e não só econômicas, como também, sociais, culturais, políticas e assim por diante.
A ideologia é um termo diretamente atrelado a essa realidade. Isso porque ela é composta pelo conjunto de ações, valores, ideais, doutrinas e pensamentos que são verdadeiros para o indivíduo. De modo mais amplo, podemos afirmar que é ela quem justifica a escolha de diferentes estilos de vida.
Diferentes tipos de ideologia
Durante o século XX, quando o termo passou a ser difundido, muitas foram as ideologias que receberam destaque. Entre elas estão:
Ideologia fascista – a ideologia fascista foi implantada, em um primeiro momento, por alguns países europeus: com destaque para a Alemanha e Itália. O caráter dessa ideologia era predominantemente expansionista, militar, autoritário e nacionalista, uma vez que fazia com que os nativos de tais países se sentissem mais poderosos e importantes do que de outras raças, com destaque para os negros e judeus.
Ideologia democrática – a ideologia democrática, uma das mais populares nos dias atuais – principalmente diante do momento político enfrentado em território brasileiro – surgiu na Grécia Antiga, especificadamente, em Atenas. O principal objetivo da corrente é permitir que indivíduos de todas as esferas sociais participem das decisões de âmbito político, sejam elas nacionais, estatais ou municipais.
Ideologia comunista – o comunismo é uma ideologia que começou a ser disseminada na Rússia e hoje atinge uma parcela significativa da sociedade. O principal objetivo da mesma é a implantação de um modelo governamental que possibilite a igualdade social em todos os sentidos – principalmente nas esferas econômicas, políticas e sociais.
Ideologia capitalista – o capitalismo, por sua vez, é uma ideologia europeia que em seus primórdios era anexada ao surgimento da burguesia. Neste sentido, essa corrente ideológica defende o acúmulo de lucro e riquezas acima de tudo, o que muitas vezes, leva à exploração do trabalho.
Ideologia conservadora – esse tipo de ideologia está relacionado à manutenção de determinados conceitos e valores éticos, sociais e morais da sociedade. O objetivo de preservá-los é o que faz com que a ideologia conservadora seja tão disseminada até os dias atuais.
Ideologia nacionalista – neste tipo de ideologia os indivíduos de uma determinada raça, classe ou nação são levados a pensar que são ‘melhores do que os outros’. Neste sentido, há a exaltação e supervalorização da cultura de seu país de origem.
Ideologia anarquista – o anarquismo é uma corrente ideológica que defende a eliminaçãocompleta do estado. Neste sentido, os indivíduos seriam mais livres, já que os sistemas de governo são hoje os principais controladores do poder em âmbito nacional ou local.
Assiste-se a uma animada esgrima informativa a respeito do papel dos professores na formação dos alunos. Alguns entendem que a sala de aula se transformou em espaço de manipulação ideológica. É o caso dos idealizadores do projeto Escola Sem Partido. Estão convencidos de que os conteúdos ministrados pelos mestres não são neutros. São samba de uma nota só. O olhar marxista e relativista seria preponderante, quase asfixiante. A escola seria centro de proselitismo ideológico. Exagero? Talvez. Mas, como lembrou recente editorial do jornal O Estado de S.Paulo, “evidências não faltam de que muitos professores têm transformado salas de aula em laboratório de doutrinação ideológica esquerdista, sob o argumento de que é necessário criar ‘resistência’ a uma suposta onda conservadora”.
Recente consulta pública lançada pelo Senado Federal sobre projeto de lei relacionado ao programa Escola Sem Partido já recebeu a opinião de mais de 330 mil pessoas. Segundo o Senado, trata-se de um recorde: desde a criação da ferramenta on-line Consulta Pública, em 2013, nenhuma proposta recebeu tantas manifestações quanto a do Projeto de Lei 193, de autoria do senador Magno Malta (PR-ES), que inclui o programa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Para a ex-secretária da Educação de São Paulo Guiomar Namo de Mello, “não teríamos mais de 300 mil pessoas votando em uma consulta pública se esse debate não fosse real. As pessoas estão percebendo que algo está errado nas escolas”. Para a educadora, o alto interesse na discussão sobre o projeto indica que há preocupação na sociedade sobre o papel do professor. “É muito ruim pensar que se deva ter restrições ao que é feito em sala de aula. Por outro lado, tem havido uma maneira muito parcial de apresentar os fatos aos alunos, que também é contrária à ideia de uma educação crítica e cidadã”.
A reação aos projetos de lei, agressiva e desproporcionada, indica que se tocou num ponto sensível. O Ministério Público Federal encaminhou ao Congresso Nacional nota técnica em que considera “inconstitucional” a proposta de incluir o programa Escola Sem Partido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Segundo Deborah Duprat, procuradora dos Direitos do Cidadão, a iniciativa “subverte” a ordem constitucional: impede o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, nega a liberdade de cátedra e a possibilidade de ampla aprendizagem, e contraria a laicidade do Estado, por permitir no espaço público da escola visões morais e religiosas particulares. O discurso está na contramão da realidade. É a estratégia clássica de desqualificação da opinião alheia e de demonização do adversário.
Lembro o profético Nelson Rodrigues: “Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheia. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura”. É isso aí.
O debate sobre a educação e o papel do professor na escola não pode ser interditado. A sociedade brasileira não quer ser manipulada. Quer conhecer a realidade e influir no seu destino. Não acredito, sinceramente, que as atuaisdistorções em sala de aula possam ser resolvidas com censura ou ilusórias medidas legais. Nem todos os professores são militantes. Muitos são verdadeiros mestres, forjadores de pessoas livres e independentes. É preciso abrir um debate desarmado de preconceitos. E os professores não podem ser alijados da discussão.
A chave está na família. Os pais devem ter um ativo protagonismo na educação dos seus filhos. É a família, e não o Estado, que tem o poder decisório a respeito da formação da juventude. Não tem sentido, por exemplo, que os pais sejam afastados da educação da sexualidade das suas crianças. É um abuso totalitário. E está acontecendo. O Estado tutor não é bom formador. É sempre manipulador. É preciso lutar para que as associações de pais não sejam uma abstração, mas uma presença decisória nas escolas.

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