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Politica de Assistência Social Desde que foi inscrita na Constituição Federal (1988), a assistência social no Brasil deixou para trás um período em que sua função era percebida como uma atividade benemerente, filantrópica e assistencialista, para ser reconhecida, definitivamente, como política pública, um direito inscrito no âmbito da seguridade social. A assistência social é uma política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada por meio de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas das famílias e indivíduos. A instância coordenadora, em âmbito nacional, da Política Nacional de Assistência Social é o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, por meio da Secretaria Nacional de Assistência Social. Constituem objetivos, princípios e diretrizes da Política Nacional de Assistência Social (PNAS): Objetivos I. Prover serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e, ou, especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem; II. Contribuir com a inclusão e a equidade dos usuários e de grupos específicos, ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreas urbana e rural; III. Assegurar que as ações, no âmbito da assistência social, tenham centralidade na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária. Princípios I. Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II. Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III. Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV. Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; 3 V. Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão. Diretrizes I. Descentralização político-administrativa para os estados, o Distrito Federal e os municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; II. Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; III. Primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo. IV. Centralidade na família para concepção e implementação dos benefícios, serviços, programas e projetos. Sistema Único de Assistência Social (SUAS) O SUAS é um sistema público, não contributivo, descentralizado e participativo, destinado à gestão e à organização da oferta de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social, por meio da integração das ações dos entes federados responsáveis pela política de Assistência Social, articulando oferta pública estatal e oferta pública não estatal. Com o SUAS, cujo processo de implantação no Brasil foi iniciado em 2005, as ofertas da política de Assistência Social passaram a ser norteadas por um comando único no 4 país, tendo como referência o território. Em termos gerais, o SUAS: consolida o modelo de gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos; e estabelece corresponsabilidades para instalar, regular, manter e expandir as ações de Assistência Social como dever do Estado e direito do cidadão. SERVIÇOS, PROGRAMAS, PROJETOS E BENEFÍCIOS SOCIOASSISTENCIAIS De acordo com a LOAS, os Serviços são atividades continuadas que visam à melhoria de vida da população e cujas ações devem observar os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidas nessa lei. A Política Nacional de Assistência Social prevê o ordenamento dos serviços em rede e de acordo com os tipos de proteção social: básica e especial (de média e alta complexidade). PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA (PSB) A Proteção Social Básica reúne um conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social estruturados para prevenir situações de vulnerabilidade social e risco pessoal e social. Destina-se à população que tem acesso precário ou nulo aos serviços públicos, fragilização de vínculos afetivos e comunitários ou discriminações (etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências), entre outras. A unidade de referência nos territórios para oferta de atenção no âmbito da proteção básica é o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS). 5 Além dos serviços socioassistenciais, programas e projetos, destaca-se a proteção social básica os benefícios assistenciais, entre os quais o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) O CRAS é a unidade pública estatal responsável pela articulação e pela execução dos serviços socioassistenciais de Proteção Social Básica do SUAS no seu território de abrangência. Possui as funções de desenvolver a gestão territorial da rede socioassistencial da Proteção Social Básica e ofertar o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), assim como os demais serviços de caráter preventivo. Localizado nas áreas de maior vulnerabilidade e risco pessoal e social dos municípios e do DF, o CRAS tem grande capilaridade e se caracteriza como a principal porta de entrada do SUAS. O acesso ao CRAS é viabilizado pela procura espontânea do usuário, Busca Ativa realizada pelas equipes de referência dos CRAS, ou por encaminhamentos da rede socioassistencial. Todo CRAS deve, obrigatoriamente, ofertar o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), serviço estruturante da Proteção Social Básica, de caráter continuado, que oferta trabalho social a famílias, com a finalidade de prevenir situações de risco pessoal e social, por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Os principais objetivos do PAIF são: . Fortalecer a função protetiva da família; . Prevenir a ruptura dos vínculos familiares e comunitários; . Promover aquisições sociais e materiais às famílias; . Promover acesso a benefícios, programas de transferência de renda e serviços socioassistenciais; . Apoiar famílias que possuem, entre seus membros, indivíduos que necessitem de cuidados, por meio da promoção de espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares. Constituem público do Paif: famílias em situação de vulnerabilidade e risco social e pessoal decorrente da pobreza, do precário ou nulo acesso aos serviços públicos, da fragilização de vínculos de pertencimento, sociabilidade ou qualquer outra situação de vulnerabilidade social ou risco pessoal e social, residente nos territórios de abrangência do CRAS. Constituem serviços de Proteção Social Básica, complementares ao Paif, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que pode ser ofertado pelo CRAS ou unidade referenciada pelo CRAS; e o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio. O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos é organizado para o atendimento aos distintos grupos etários, considerando os percursos do ciclo de vida, atendendo crianças, adolescentes, jovens e idosos, organizados em grupos por faixa etária ou intergeracionais. Constitui forma de intervenção social planejada que estimula e orienta usuários naconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, 6 na família e no território. Busca ampliar trocas culturais e vivências, desenvolver o sentimento de pertencimento e de identidade, fortalecer vínculos familiares e incentivar a socialização e a convivência comunitária. Este serviço pode ser ofertado pelo CRAS ou em unidade específica, pública ou privada, referenciada ao CRAS. Programa Acessuas Trabalho O Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho) se materializa em um conjunto de ações de articulação com políticas públicas de trabalho, emprego e renda e de mobilização e encaminhamento de pessoas em situação de vulnerabilidade ou risco pessoal e social para acesso a oportunidades e políticas afetas ao trabalho e emprego. É função da Assistência Social, por meio do Acessuas-Trabalho: mobilizar, por meio da informação, divulgação e sensibilização dos seus usuários; encaminhar seus usuários para cursos e demais oportunidades no território; e acompanhar a trajetória desses usuários, objetivando a inclusão e a emancipação social. O acesso ao mercado de trabalho não é responsabilidade exclusiva da assistência social e envolve a articulação de políticas de qualificação técnico-profissional, intermediação pública de mão de obra, economia solidária, microcrédito produtivo e orientado, acesso a direitos sociais, entre outras. Benefícios Assistenciais Os Benefícios Assistenciais, no âmbito do SUAS, devem ser prestados de forma articulada às demais garantias, por meio do um trabalho continuado com as famílias, com o objetivo de propiciar-lhes o acesso a serviços previstos e a superação das situações de vulnerabilidade. Os Benefícios Assistenciais se dividem em duas modalidades direcionadas a públicos específicos: o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e os Benefícios Eventuais. Benefício de Prestação Continuada (BPC) Previsto na Constituição Federal, o BPC é um benefício individual, não vitalício e intransferível, que assegura a transferência mensal de 1 (um) salário-mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, possam obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. Em ambos os casos, devem comprovar não possuir meios de garantir o próprio sustento, nem tê-lo provido pela família. A renda mensal familiar per capita deve ser inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo vigente. Benefícios Eventuais 7 Os Benefícios Eventuais são provisões suplementares e provisórias, prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude de nascimento, morte, situação de vulnerabilidade temporária e de calamidade pública, que integram, organicamente, as garantias do SUAS. Cabe aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal a regulamentação acerca da definição dos critérios da concessão e do valor dos Benefícios Eventuais a serem oferecidos em seus territórios. Além disso, devem prever recursos para seu financiamento em suas respectivas leis orçamentárias anuais. PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL A Proteção Social Especial (PSE) organiza, no âmbito do SUAS, a oferta de serviços, programas e projetos de caráter especializado, destinado a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, com violação de direitos, tais como: violência física, psicológica, negligência, abandono, violência sexual, situação de rua, trabalho infantil, práticas de ato infracional, fragilização ou rompimento de vínculos, afastamento do convívio familiar, entre outras A oferta destes serviços pressupõe necessária atenção à intersetorialidade e ao trabalho em rede com a Proteção Social Básica, com as demais políticas sociais e com órgãos de defesa de direitos (Poder Judiciário, Ministério Público, Conselhos Tutelares). Considerando os níveis de agravamento, a natureza e a especificidade do atendimento ofertado, a atenção na Proteção Social Especial organiza-se em Média e Alta Complexidade. Proteção Social Especial de Média Complexidade Os serviços, programas e projetos da Proteção Social Especial são ofertados nas seguintes unidades de referência: Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) O CREAS é a unidade pública estatal de abrangência municipal ou regional que tem como papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios, da oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos. Todo CREAS deve, obrigatoriamente, ofertar o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), podendo, ainda, ofertar diretamente ou referenciar outros serviços de proteção social especial, tais como: Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade; Serviço Especializado em Abordagem Social; Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos e suas Famílias. O acesso aos serviços ofertados nos CREAS é realizado por meio de busca espontânea ou encaminhamentos da rede de proteção social e órgãos de defesa de direitos. 8 Centro de Referência para a População em Situação de Rua O Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP) é a unidade pública e estatal, de referência e de atendimento especializado à população adulta em situação de rua. Nesta Unidade é ofertado o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, podendo ser ofertado, também, o Serviço Especializado em Abordagem Social, conforme avaliação e planejamento do órgão gestor local, desde que isso não incorra em prejuízos ao desempenho da oferta do Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua. Centro-Dia de referência para pessoa com deficiência e suas famílias É uma Unidade Especializada, referenciada ao CREAS, de abrangência municipal e do DF, que pode ser pública estatal ou não estatal, por meio de parceria com entidades sociais com vínculo SUAS. Destina-se ao atendimento de pessoas com deficiência em situação de dependência, prioritariamente beneficiárias do BPC, e em situação de pobreza incluídas no Cadastro Único. São Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade, segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos – (PAEFI): oferece apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos. Deve desenvolver atendimentos que compreendam atenções e orientações direcionadas para: a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais e o fortalecimento da função protetiva das famílias diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam ou as submetem a situações de risco pessoal e social. Este serviço deve ser ofertado, obrigatoriamente, no CREAS. Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade: tem por finalidade prover o processo de acompanhamento do adolescente autor de ato infracional, em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida ou de Prestação de Serviços à Comunidade, determinadas judicialmente. O serviço contribui para o acesso a direitos, para a ressignificação devalores na vida pessoal e social dos adolescentes e jovens e também para o fortalecimento da convivência familiar e comunitária. Serviço Especializado em Abordagem Social: assegura trabalho de abordagem social e busca ativa em praças, entroncamento de estradas, fronteiras, espaços 9 públicos onde se realizam atividades laborais, em locais de intensa circulação de pessoas, comércio, terminais de ônibus, trens, metrô e outros, para identificar a incidência de trabalho infantil, a exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, uso abusivo de drogas, entre outras. O Serviço contribui para a promoção e a inserção na rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas, na perspectiva da garantia dos direitos da população. Esse serviço pode ser ofertado nos CREAS, nos Centro-Pop ou em Unidade referenciada. Este serviço destina-se aos seguintes usuários: crianças e adolescentes, jovens, adultos e famílias que utilizam espaços públicos como forma de moradia e/ou sobrevivência. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos e suas Famílias: oferta de atendimento especializado a famílias com pessoas com deficiência e idosos com algum grau de dependência, que tiveram suas limitações agravadas por violações de direitos, tais como: exploração da imagem, isolamento, confinamento, atitudes discriminatórias e preconceituosas no seio da família, falta de cuidados adequados por parte do cuidador, alto grau de estresse do cuidador, desvalorização da potencialidade/capacidade da pessoa, entre outras que agravam a dependência e comprometem o desenvolvimento da autonomia. Esse serviço pode ser ofertado nos Centro-Dia de referencia para pessoas com deficiência e suas famílias, no CREAS ou em Unidade referenciada. Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua: oferece atendimento às pessoas que utilizam as ruas como espaço de moradia ou sobrevivência, presta orientação individual e grupal e encaminhamentos a outros serviços socioassistenciais e as demais políticas públicas que possam contribuir na construção da autonomia, da inserção social e da proteção às situações de violência. Deve promover o acesso a espaços de guarda de pertences, de higiene pessoal, de alimentação e provisão de documentação civil. Proporciona endereço institucional para a utilização como referência do usuário. Este serviço deve ser ofertado no Centro-Pop, e destina-se aos seguintes usuários: jovens, adultos e famílias que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência. Proteção Social Especial de Alta Complexidade São considerados serviços de alta complexidade aqueles que oferecem atendimento às famílias e aos indivíduos que se encontram em situação de abandono, ameaça ou violação de direitos, necessitando de acolhimento provisório, fora de seu núcleo familiar de origem. Tais serviços visam garantir proteção integral a indivíduos ou às famílias em situação de risco pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados, por meio de serviços que garantam: I. acolhimento em ambiente acolhedor e com estrutura física adequada, oferecendo condições de habitabilidade, higiene, 10 salubridade, segurança, acessibilidade e privacidade; e II. fortalecimento dos vínculos familiares ou comunitário e o desenvolvimento da autonomia dos usuários. De acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, quatro tipos de serviços compõem a Proteção Social Especial de Alta Complexidade: Serviço de Acolhimento Institucional: Serviço que oferta acolhimento a famílias ou indivíduos com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, a fim de garantir proteção integral. O atendimento prestado deve ser personalizado e em pequenos grupos e favorecer o convívio familiar e comunitário, deve funcionar em unidades inseridas na comunidade com características residenciais, ambiente acolhedor e estrutura física adequada. O serviço deve ser organizado de acordo com as especificidades do público atendido, ciclo de vida e dispositivos presentes nas legislações brasileiras relacionadas. Esse serviço pode ser ofertado nos seguintes equipamentos, dependendo do público atendido: Crianças e Adolescentes: abrigo institucional; Casa-Lar Adultos e famílias: abrigo institucional; Casa-Lar; Casa de Passagem Mulheres vítimas de violência: abrigo institucional Idosos: abrigo institucional (ILPI); Casa-Lar Pessoa adulta com deficiência: Residência Inclusiva Serviço de Acolhimento em República: Serviço que oferece proteção, apoio e moradia subsidiada a grupos de pessoas maiores de 18 anos em estado de abandono ou risco pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados e sem condições de moradia e autossustentação. O atendimento deve apoiar a construção e o fortalecimento de vínculos comunitários e integração social. Deve ser desenvolvimento em um sistema de autogestão ou cogestão, possibilitando gradual autonomia e independência do público atendido. Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora: Serviço que organiza o acolhimento de crianças e adolescentes afastados da família por medida de proteção, em residência de famílias acolhedoras cadastradas. É previsto até que seja possível o retorno à família de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para adoção. O serviço é o responsável por selecionar, capacitar, cadastrar e acompanhar as famílias acolhedoras, bem como realizar o acompanhamento da criança ou adolescente acolhido e sua família de origem. Serviço de Proteção em situações de Calamidades Públicas e Emergências: Serviço que promove apoio e proteção à população atingida por situações de atenções e provisões materiais, conforme as necessidades. Assegura a realização de articulações e a participação em ações conjuntas de caráter intersetorial para a minimização dos danos ocasionados e o provimento das necessidades verificadas. A seguir, são apresentados, com maior detalhamento, os parâmetros de atendimento dos serviços de acolhimento para crianças e adolescentes, e para jovens de até 21 anos: 11 Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) Serviço Descrição Público Capacidade de atendimento Recursos Humanos Abrigo Institucional O serviço deve ter aspecto semelhante ao de uma residência, estar inserido na comunidade em áreas residenciais. Crianças e adolescentes (0 a 18 anos) Até 20 crianças e adolescentes por unidade - 1 educador e 1 auxiliar para cada 10 crianças/adolescentes (por turno) - Equipe Técnica: 1 Coordenador / 1 Assistente Social / 1 Psicólogo Casa-Lar Serviço oferecido em unidades residenciais, em que pelo menos uma pessoa ou casal trabalha como educador/cuidador residente. Crianças e adolescentes (0 a 18 anos) Até 10 crianças e adolescentes por unidade - 1 educador residente e 1 auxiliar para cada 10 crianças/adolescentes - Equipe Técnica - Para cada 20 crianças/ adolescentes (em até 3 casas-lares): 1 Coordenador 1 Assistente Social 1 Psicólogo Família Acolhedora Serviço que organiza o acolhimento em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas. Propicia o atendimento em ambiente familiar, garantindo atenção individualizada e convivência comunitária. Crianças e adolescentes (0 a 18 anos) Uma criança ou adolescente em cada família (salvo grupo de irmãos, que devem ficar juntos na mesmafamília acolhedora) - Equipe Técnica (para cada 15 famílias acolhedoras): 1 Coordenador / 1 Assistente Social / 1 Psicólogo República Serviço em sistema de autogestão / cogestão, possibilitando gradual autonomia de seus moradores. Destinado prioritariamente a jovens egressos de serviços de acolhimento para crianças e adolescentes. Jovens de 18 a 21 anos Até 6 jovens por unidade - Equipe Técnica, para cada 24 jovens (em até 4 repúblicas): 1 Coordenador 1 Assistente Social 1 Psicólogo 12 O Peti é um Programa do Governo Federal, de âmbito nacional, que articula um conjunto de ações visando retirar crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos da prática do trabalho precoce, exceto na condição de aprendiz a partir de 14 anos. O Programa compreende: transferências de renda, acompanhamento familiar e oferta de Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para crianças e adolescentes retirados da situação de trabalho. Sua execução se dá de forma articulada pelos entes federados, com a participação da sociedade civil, tendo como objetivo central, contribuir para a erradicação do trabalho infantil no país. Instâncias de Pactuação e Deliberação e de Controle Social do SUAS O SUAS conta com instâncias que asseguram transparência e pactuações interfederativas – as comissões intergestores bipartites (representação de estados e municípios) e tripartite (representação da União, estados e municípios) e de controle social, exercido pelos Conselhos de Assistência Social Nacional, do DF, estaduais e municipais compostos por representação paritária entre o governo e a sociedade civil. Os Conselhos são organismos públicos, compostos por representantes dos governos, dos trabalhadores, da sociedade civil e dos usuários e tem um papel importante nas deliberações sobre os rumos da política em cada esfera de governo e também na fiscalização da execução dos serviços socioassistenciais. O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) é o órgão superior de deliberação colegiada, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, cujos membros têm mandato de dois anos. O CNAS é composto por 18 (dezoito) membros titulares e suplentes, sendo nove representantes do governo (incluindo um representante dos estados e um dos municípios), e nove representantes da sociedade civil. Entre outras responsabilidades, cabe ao CNAS: aprovar a Política Nacional de Assistência Social; normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da assistência social; estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Além da participação nos Conselhos de Assistência Social, outra das principais formas de participação e controle social são as Conferências de Assistência Social, que ocorrem nas esferas municipal, estadual e nacional, e reúnem representantes dos diferentes atores sociais ligados à Assistência Social (inclusive os usuários). As conferências têm um papel determinante, como espaços coletivos e políticos de mobilização, engajamento, debates e construção de novas propostas para o direcionamento da política de Assistência Social, preservando seu caráter deliberativo e participativo. Gestão do SUAS A gestão do SUAS é compartilhada pela União, Distrito Federal, estados e municípios. As responsabilidades da União passam, principalmente, pela formulação, regulação, apoio, articulação e coordenação de ações em âmbito nacional. A 13 União cofinancia a oferta de serviços, programas, projetos e é responsável, ainda, pelo Benefício de Prestação Continuada.1 Os estados, por sua vez, assumem a gestão da assistência social em seu âmbito de competência, tendo suas responsabilidades definidas na Norma Operacional Básica do SUAS (NOB/SUAS). Entre as atribuições dos estados, cabe ressaltar a de prestar apoio técnico e financeiro aos municípios, como também a de ofertar os serviços de Proteção Social Especial, cujos custos ou ausência de demanda municipal justifiquem a oferta regionalizada sob a responsabilidade do Estado. Os municípios e o DF são responsáveis pela implantação das unidades, oferta dos serviços e atendimento à população. Além disso, a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS atribui aos municípios outras responsabilidades tais como: destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos benefícios eventuais, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência Social; efetuar o pagamento dos auxílios natalidade e funeral; executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações da sociedade civil; atender às ações assistenciais de caráter de emergência; cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito local, entre outras. Financiamento O financiamento do SUAS constitui corresponsabilidade dos entes federados, cujos recursos devem estar alocados nos respectivos fundos de assistência social. O Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) é um fundo público de gestão orçamentária, financeira e contábil, instituído pela Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que tem como objetivo proporcionar recursos para cofinanciar a gestão, os serviços, os programas, os projetos e os benefícios de assistência social, no qual são alocados os recursos federais destinados ao cofinanciamento das ações da política de assistência social dispostas na LOAS. Os repasses realizados pelo Fundo Nacional são classificados em duas modalidades: i. transferência voluntária ou convenial; ii. repasse fundo a fundo, que e o repasse automático e regular de recursos do Fundo nacional de Assistência Social para os Fundos DE Assistência social Municipais, Estaduais e do DF, por meio dos pisos de proteção social. Como o Sistema Único da Assistência Social é descentralizado e com compartilhamento de responsabilidades, cabe à União, estados, Distrito Federal e municípios a efetiva instituição e funcionamento de Fundos de Assistência Social, os quais deverão ser constituídos como unidade orçamentária e gestora, subordinados ao órgão responsável pela coordenação da política pública de assistência social nas respectivas esferas de governo. Os recursos próprios, provenientes do tesouro de cada ente e os recebidos dos fundos de assistência de 1 Benefício individual, não vitalício e intransferível, que assegura a transferência mensal de 1 (um) salário mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. Detalhes sobre o benefício poderão ser encontrados mais adiante. 14 outras esferas, devem, obrigatoriamente, serem alocados na unidade orçamentária própria do fundo. Gestão da Informação e Monitoramento O conjunto dos instrumentos e ferramentas de gestão da informação compõem o Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social – Rede SUAS, que tem a função de suprir necessidades de comunicação no âmbito do SUAS e de acesso a dados sobre a implementação da Política Nacional de Assistência Social (PNAS). O objetivo geral da Rede SUAS é a utilização de tecnologia da informação e comunicação para o desenvolvimento de atividades de coleta, análise, monitoramento e avaliação do SUAS. Para tanto, reúne ferramentas que realizam registro e divulgação de dados sobre: recursos repassados;acompanhamento e processamento de informações sobre programas, serviços, projetos e benefícios assistenciais; gerenciamento de convênios; e suporte à gestão orçamentária; entre outras ações relacionadas à gestão da informação do SUAS. O Censo SUAS é o principal instrumento de monitoramento e avaliação da implantação e execução de programas, projetos, serviços e benefícios da Assistência Social prestados no país, permitindo que a partir das informações prestadas pelos entes, se faça uma intervenção planejada sobre a realidade. O Censo SUAS reúne questionários com informações referentes aos CRAS, CREAS, Centro POP, Unidades de Acolhimento, Gestão Municipal, do Distrito Federal e Estadual e Conselhos. Iniciado, em 2007, e realizado anualmente, o Censo SUAS é a base para o planejamento das expansões dos serviços, programas e projetos, assim como do monitoramento da implantação das unidades e criação de metas para o aprimoramento do SUAS. As entidades privadas no SUAS De acordo com a Lei nº 8.742/93 (LOAS), art. 6ºB, As proteções sociais básica e especial serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assistência social vinculadas ao SUAS, respeitadas as especificidades de cada ação.(Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011). Assim, as entidades privadas prestadoras de assistência social são parceiras estratégicas e corresponsáveis na luta pela garantia de direitos sociais (PNAS, 2004). As entidades de assistência social podem ser isoladas ou cumulativamente: 15 I – de atendimento: aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços, executam programas ou projetos e concedem benefícios de proteção social básica ou especial, dirigidos às famílias e aos indivíduos em situações de vulnerabilidade social ou risco pessoal e social; II – de assessoramento: aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam programas ou projetos voltados, prioritariamente, para o fortalecimento dos movimentos sociais e das organizações de usuários, formação e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de assistência social; e III – de defesa e garantia de direitos: aquelas que, de forma continuada, permanente e planejada, prestam serviços e executam programas ou projetos voltados, prioritariamente, para a defesa e efetivação dos direitos socioassistenciais, construção de novos direitos, promoção da cidadania, enfrentamento das desigualdades sociais, articulação com órgãos públicos de defesa de direitos, dirigidos ao público da política de assistência social. As entidades de assistência social devem: • Executar ações de caráter continuado, permanente e planejado; • Assegurar que os serviços, programas, projetos e benefícios assistenciais sejam ofertados na perspectiva da autonomia e da garantia de direitos dos usuários; • Garantir a gratuidade em todos os serviços, programas, projetos e benefícios assistenciais – inexistência de cobrança pelos serviços; • Garantir a existência de processos participativos dos usuários na busca do cumprimento da missão da entidade ou organização. Referências Assistência Social Sítios Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: www.ibge.gov.br Secretaria Nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social Combate à Fome: http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional-de- assistencia-social-snas/biblioteca Referências BRASIL. Guia de Políticas e Programas do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. MDS, 2011. BRASIL. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais – Resolução CNAS Nº 109, de 11 de novembro de 2009. Disponível em http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/publicacoes-para-impressao-em- grafica/tipificacao-nacional-de-servicos-socioassistenciais 16 BRASIL. Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes – Resolução conjunta CNAS / CONANDA Nº 01, de 18 DE JUNHO DE 2009. Disponível em http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/secretaria-nacional- de-assistencia-social-snas/cadernos/orientacoes-tecnicas-servicos-de-acolhimento- para-criancas-e-adolescentes-tipo-de-publicacao-caderno/orientacoes-tecnicas- servicos-de-acolhimento-para-criancas-e-adolescentes _______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Censo SUAS 2010: CRAS, CREAS, Gestão Municipal, Gestão Estadual, Conselho Municipal, Conselho Estadual, Entidades Beneficentes. Brasília/DF: MDS, 2009a. 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