Buscar

Jusnaturalismo e Iluminismo na Modernidade

Prévia do material em texto

*
*
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.
Charles Chaplin
*
*
O que é o Iluminismo.
O Jusnaturalismo na Modernidade
*
*
RECOMENDO
O legado do jusnaturalismo moderno-iluminista para à positivação do direito. Autora: Haide Maria Hupffer. Disponível em http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9694
*
*
O Direito Natural manifesta-se como um conjunto mínimo de valores que têm como princípios essenciais a universalização e a imutabilidade dos conceitos extraídos das instituições jurídicas próprias, construídos pelo mais puro espírito do povo, orientados e ditados pelas exigências racionais da natureza humana universal, pela vontade de Deus, pela força da natureza e conservação da vida.
*
*
O Direito Natural é uma questão permanente do homem teórico acerca de seu lugar na Sociedade. É a idéia abstrata do Direito, o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior e anterior – trata-se de um sistema de leis que independe do direito positivo, ou seja, independe das variações do ordenamento da vida social que se original no Estado..
*
*
O direito natural é aquele de deriva da natureza de algo, de sua essência; o conjunto de direitos humanos que são inegociáveis, mínimos para resolver os conflitos
*
*
Thomas Hobbes procurar conceituar o direito natural concebendo-o como "a liberdade que cada homem tem de usar livremente o próprio poder para a conservação da vida e, portanto, para fazer tudo aquilo que o juízo e a razão considerem como os meios idôneos para a consecução desse fim"
*
*
Direito natural nasce a partir do momento que surge o Homem, aparece, portanto, naturalmente para regular a vida humana em sociedade.
*
*
Para Locke a lei natural é uma regra eterna para todos, sendo evidente e inteligível para todas as criaturas racionais. A lei natural, portanto, é igual à lei da razão. Para ele o homem deveria ser capaz de elaborar a partir dos princípios da razão um corpo de doutrina moral que seria seguramente a lei natural e ensinaria todos os deveres da vida, ou ainda formular o enunciado integral da lei da natureza. 
*
*
O jusnaturalismo é uma corrente jusfilosófica que crê na existência de um conjunto de valores éticos universais inerentes ao homem, decorrendo, destarte, da própria natureza humana sendo superior bem como anterior ao direito positivo, o que se contrapõe aos ideais do juspositivismo. O suntuoso pensador italiano Norberto Bobbio observa no jusnaturalismo o início de uma fase da história mundial fundada sobre o ideal de liberdade e que advoga a junção entre liberalismo e democracia no Estado de direito, como um antídoto contra a febre neoliberal do Estado mínimo.
*
*
Tríade Jusnaturalista
“verdadeiro, justo, obrigatório”
*
*
A partir do ser (o verdadeiro) chega-se ao dever-ser (o obrigatório) através do critério da justiça. 
*
*
Para o jusnaturalismo, é o valor justiça , que conduz à verdade. 
O propósito é mostrar que, ao longo dos séculos, se perdeu o princípio mais valioso do Direito Natural, que é: partir do ser para chegar ao dever-ser.
*
*
No século XVI ocorre a ruptura do “Direito Natural” construído historicamente a partir de fundamentos ontológico-teológicos alicerçados no ser e na vontade de Deus para um jusnaturalismo baseado num modelo de racionalidade caracterizado pela excessiva confiança no poder da razão. 
*
*
Surge a Escola do Direito Natural com uma nova concepção do Direito que vai favorecer a laicização e a unificação do Direito. 
*
*
RACIONALISMO
No século XVII, a nova ordem científica é ampliada e aprofundada, caracterizando-se fundamentalmente pela excessiva confiança no poder da razão. O que impulsionou a ruptura radical foi a necessidade de elaborar as noções de método, de verdade e, a partir delas, as noções de ser e de ação. Representantes dessa nova ordem científica, como Descartes, Spinoza e Leibniz, constroem um método que objetiva produzir e tornar manifesta a unidade da ciência.
*
*
Para Descartes (1596-1650), não pode haver uma ciência incerta e um saber fora da ciência.
 O que Descartes mais apreciava em seu método era que, por meio dele, tinha a certeza de em tudo usar a razão. Por conseguinte, esperava da sabedoria humana não apenas as verdades teóricas, mas também uma verdade pragmática.
*
*
Descartes divide a busca pela verdade em três partes: “primeiro encontraríamos a verdade especulativa, depois a verdade prática e, por fim, a verdade pragmática, recebendo cada verdade seu papel, consoante seu lugar e sua dignidade no corpus cartesiano”. Este modo de pensar, para o qual a forma suficiente do conhecimento é a científica, que se propõe a explicar tudo a partir de padrões de racionalidade, como uma operação dedutiva, na busca de verdades, foi absorvida pelo Direito.
*
*
 Descartes influenciou a positivação do Direito pela crença de que um exato conhecimento da física e da matemática pode fornecer fundamentos seguros para o Direito. Ele reduz a realidade física a decisões puramente geométricas
*
*
 Hobbes, o direito da natureza é a liberdade que cada ser humano possui para usar seu próprio poder da maneira que quiser tendo presente a preservação de sua vida e, consequentemente, realizar tudo o que seu próprio julgamento e razão lhe indicarem como conduta adequada para alcançar a paz.
*
*
A razão em Hobbes é a faculdade de raciocinar, entendido o raciocínio como cálculo, mediante o qual, dadas certas premissas, se extraem necessariamente certas conclusões. Em consequência, dizer que o homem é dotado de razão é o mesmo que dizer que ele é capaz de cálculos racionais.
*
*
Para Hobbes, o Direito é a liberdade de fazer ou de poder se omitir de fazer algo, enquanto a lei determina ou obriga ao homem uma destas atitudes. O autor salienta que, como a lei e o direito se distinguem, também a obrigação e a liberdade são conceitos diferentes, e incompatíveis quando se referem à mesma matéria.
*
*
Em suma, para Hobbes só o soberano tem o poder de distinguir o que é justo e o que é injusto, entre o certo e o errado para a preservação da paz e da justiça, a partir do pacto que os cidadãos realizaram entre si. 
*
*
Para Spinoza, a verdade não necessita de nenhum sinal extrínseco para ser conhecida, pois, para que se tenha certeza, basta ter apenas a essência objetiva das coisas ou das idéias. 
*
*
 “distingue-se da de Descartes e de Spinoza ao postular, em vez do dualismo cartesiano e do monismo spinozista, um universo pluralista”. Uma de suas grandes máximas é que a natureza nunca faz saltos. É por isso que o autor introduz a idéia da Lei da Continuidade. Leibniz (1984, p. 14) salienta que o uso dessa lei é muito considerado na física: “Ela significa que se passa sempre do pequeno ao grande, e vice-versa, através do médio, tanto nos graus como nas partes, e que jamais um movimento nasce imediatamente do repouso nem se reduz, a não ser por um movimento menor”.
*
*
A condição de verdade em Leibniz está no princípio da razão suficiente, que parte da observação da experiência sensível; em síntese, representa que tudo tem sua razão de ser, e o que existe é suficiente por si só, pois tem tudo o que precisa ter para existir. A razão não é uma tabula rasa, pois o homem já é possuidor de aptidão para atingir idéias fundamentais, “que servem de fundamento lógico a todos os elementos com que nos enriquecem a percepção e a representação” (REALE, 2002, p. 95). É pelo princípio da razão suficiente que o ser humano, em Leibniz, pode atingir o conhecimento, pois as verdades da razão são necessárias, enquanto as verdades de fato são apenas contingenciais. Portanto, a razão é a causa da verdade, que o autor denominarazão a priori.
*
*
 A FILOSOFIADO ILUMINISMO
O grande ideal da modernidade foi o projeto iluminista, que iniciou no século XVI e XVII, com o Renascimento e com Descartes, por exemplo, consolidando-se como pensamento do século XVIII. O ideal iluminista representava o pensamento de que a Humanidade poderia sair do obscurantismo e da ignorância para uma nova era, iluminada pelas luzes da razão. A razão é supervalorizada; por meio dela a humanidade estabelece as bases do conhecimento, consubstanciada na crença do poder da razão e na liberdade de pensamento.
*
*
O Século das Luzes, da Aufklärung, é pródigo em propiciar um ambiente favorável para o surgimento de pensadores e escritores como: Montesquieu (O Espírito das Leis); Rousseau (Do Contrato Social ou Princípios do Direito Político; Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens; Discurso sobre as Ciências e as Artes); David  Hume (O Tratado da Natureza Humana; Investigações sobre o Entendimento Humano; Discursos Políticos); Adam Scmith (Investigação sobre a Natureza e as causas da Riqueza das Nações;Preleções sobre Jurisprudência; Ensaios sobre Temas Filosóficos; A Teoria dos Sentimentos Morais); Ferguson (Ensaios sobre a História da Sociedade Civil; Princípios das Ciências Moral e Política; Institutos da Filosofia Moral); Christian Wolff (1679-1754); Imannuel Kant (1724-1804); Jeremy Benthan (1748-1832), Giovani Battista Vico (Os princípios de uma Ciência Nova), que prepararam o caminho para uma sociedade integralmente fundada na razão. A base sob a qual repousam suas teorias é absolutamente racional e pensada como uma sociedade regida pela lei.
*
*
O iluminismo foi fortemente influenciado pelo jusnaturalismo do século XVII, que propunha que a sociedade humana deveria ser constituída sobre bases naturais e racionais. Para essa nova corrente – jusnaturalismo moderno-iluminista – não existem diferenças e desigualdades entre os homens naturais, acreditando-se que está no homem o poder de edificar sua felicidade. A vocação histórica do jusnaturalismo moderno-iluminista pode ser definida como a preparação das primeiras codificações, dentre as quais o Código Prussiano (1794) e o pós-revolucionário Code Civil francês de 1804, considerados como o advento do  Direito Positivo codificado.
*
*
É a partir desses eventos que a racionalização do Direito ganhou mais força tomando por base a filosofia do iluminismo, por sua estrutura objetiva, formal, tecnicista, que depende de definições claras, objetivas, coercitivas e universais, para proclamar suas “verdades eternas”. Como pensamento filosófico, o iluminismo buscou, no “apriorismo” do Direito, a fundamentação de que devem existir normas jurídicas absolutas e universalmente válidas, obrigatórias e imutáveis. Foi desse modo, com efeito, que na doutrina do iluminismo o conceito de mundo jurídico se dissociou do mundo dos fatos, passando a caracterizar o espírito científico dessa época.
*
*

Continue navegando