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Alunos com TDAH nas séries iniciais

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO 
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS 
PROJETO "A VEZ DO MESTRE" 
 
 
 
 
 
 
Alunos portadores de TDAH no cotidiano 
escolar das séries iniciais 
 
 
 
POR: NEIVA BASTOS DE ALENCAR 
 
 
 
 
ORIENTADOR 
Prof. Ms. Nilson Guedes de Freitas 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
JAN/2005 
 2
 
 
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO 
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS 
PROJETO "A VEZ DO MESTRE" 
 
 
 
 
Alunos portadores de TDAH no cotidiano 
escolar das séries iniciais 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação de monografia como 
condição prévia para obter o título de 
Especialista do Curso Pós-Graduação "Lato 
Sensu" em Psicopedagogia – Terça / Noite – 
Campus Tijuca por Neiva Bastos de Alencar 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2005 
 3
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho ao meu filho Renan, 
portador de TDAH, razão da minha existência e que me 
mostrou a importância de educar aceitando as 
limitações dos outros. 
 
 
 
 
 
 
 4
 
 
 
AGRADECIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• a Deus por mais esta oportunidade de crescimento; 
• aos meus pais e marido pelo apoio; 
• a Filomena, grande amiga e incentivadora; 
• a Profº Claudia Cristina pelo compromisso, pela busca de desafios e pelo amor 
dedicado ao meu filho. 
 
 
 
 5
 
 
RESUMO 
 
 
 
 
Enquanto mãe e educadora tive e tenho interesse em estudar o cotidiano 
do aluno portador de TDAH nas séries iniciais das escolas brasileiras, bem 
como a visão do educador ao ter crianças com características tão específicas 
em suas mãos. O TDAH continua sendo um dos transtornos menos conhecidos 
por profissionais da área de educação e mesmo entre os profissionais de saúde. 
O portador de TDAH está matriculado em nossas escolas, mas muitas das vezes 
mal consegue se alfabetizar. Sua situação sócio-econômica é desfavorável, seus 
pais são leigos no assunto e não há um acompanhamento médico adequado que 
possa emitir um laudo ou parecer coerente para o caso, e assim os anos vão 
passando. Esta criança “grita” por ajuda, mas ninguém a ouve. O educador que 
vê seus alunos pelas possibilidades e não pelas limitações tenderá a realizar um 
trabalho criativo e inteligente apesar das dificuldades. As estratégias e as 
relações teórico-práticas auxiliarão o educador a realizar o trabalho de 
aprendizagem e socialização, atendendo aos reais interesses de crianças tão 
especiais, que estão além de nosso tempo e de nosso conhecimento. 
 
 
Palavras Chave: Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade; Formação 
do Educador; Cotidiano Escolar; Aliados dos Portadores de TDAH 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO................................................................................................... 07 
 
1. Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade-O que é?................. 12 
 
2. O Educador, sua formação e o contraste em sua realidade escolar....... 19 
 
3. Política e Educação – Dois caminhos que não se cruzam................... 27 
 
4. A Escola e o professor –Maiores Aliados dos portadores de TDAH........ 33 
 
CONCLUSÀO ..................................................................................................... 40 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 45 
 
ANEXOS ............................................................................................................. 47 
 
ÍNDICE ................................................................................................................ 50 
 
FOLHA DE AVALIAÇÃO.................................................................................... 51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 7
 
INTRODUÇÃO 
 
O Sistema Educacional Brasileiro tem por finalidade oferecer educação de 
qualidade para a formação do cidadão. Assim sendo, todas as crianças têm direito de 
estarem matriculadas nas Unidades Escolares, inclusive as crianças portadoras de 
TDAH. Diante das dificuldades encontradas pelas crianças portadoras de TDAH nas 
escolas, principalmente nas séries iniciais faz-se necessário um estudo a respeito: 
¾�De que forma as políticas educacionais vão intervir positivamente nos 
portadores de TDAH? 
¾�Quando será que outros setores da sociedade formarão efetiva parceria com a 
educação, proporcionando soluções concretas para o atendimento a esta 
demanda? 
¾�Quando será que o professor será adequadamente capacitado para lidar com 
tantas adversidades que atropelam o que aprendeu na teoria com sua prática 
pedagógica 
Entretanto, percebe-se que a matrícula nem sempre garante a permanência do 
aluno nas escolas e muito menos um ensino de qualidade, numa escola que insiste 
em caminhar a margem de uma sociedade que urge por mudanças, numa clientela 
altamente heterogênea em todos os aspectos, onde a pesquisa identifica novas 
síndromes, novas necessidades, nova formação para este educador que irá trabalhar 
com este alunado. 
 Na expectativa de alcançar respostas para as questões levantadas, este 
estudo teve por objetivo apontar até que ponto a criança portadora de TDAH está 
realmente inserida no contexto escolar de acordo com a política educacional pública 
 8
vigente, e até onde o professor está capacitado para atender a esta cada vez mais 
crescente demanda de nossa sociedade atual. 
 O educador, muitas vezes, não sabe o que fazer com crianças tão especiais, 
que não raramente ficam aquém de um processo por pura falta de informação 
adequada e metodologia específica, por faltas de parcerias, de um ambiente 
adequado, de um profissional qualificado que possa garantir a efetiva permanência 
deste aluno na escola com um ensino de qualidade, onde suas reais necessidades 
possam ser atendidas de forma a atingir os objetivos educacionais previstos de forma 
satisfatória, que reforcem formação do aluno-cidadão. 
O grupo social é o referencial a partir do qual o indivíduo cria e ajusta 
constantemente sua identidade pessoal. Esse ajuste é a própria essência do 
processo de socialização, que consiste em um acomodar das características 
do indivíduo aos padrões reconhecidos pelo grupo social.(GLAT, 1989: 15). 
Observa-se que o indivíduo manipula sistematicamente suas características 
pessoais para atender ao padrão, valorizado pelo grupo o qual interage através do 
relacionamento familiar que o indivíduo, desde o nascimento, aprende até que ponto é 
aceitável no mesmo mundo, que tipo de “concessões a fazer” e ajuda “necessita 
fazer”, assim como a qualidade das relações humanas que encontrará. 
O indivíduo busca a normalização para ser aceito como membro do grupo. O 
grupo espera determinado comportamento de um indivíduo, e este responde às 
expectativas do grupo. Quando é segregado do mesmo, escolherá outro grupo que o 
identifique e que seja por ele identificado.Assim encontramos os deficientes físicos, os 
negros, mulheres, pobres, e os portadores de TDHA. As pessoas estigmatizadas 
agem em função dos padrões de comportamentos esperados (os únicos que lhe foram 
ensinados), de acordo com o estereotipo específico, e como eles não se adequam a 
uma pré-moldagem, nem sempre são aceitos, ou quando aceitos não são trabalhados 
de forma a que suas necessidadessejam respeitadas e transformadas positivamente 
para seu crescimento individual. 
 9
 
O contexto escolar atual, principalmente nas escolas municipais que é a 
realidade a qual me reporto prova que a escola não sabe o que fazer com os alunos 
TDAH. A dificuldade inicia-se na demora na confirmação do diagnóstico, pois a 
precariedade dos sistemas de saúde em nosso país é gritante. A desinformação ou as 
“falsas informações” sobre o caso favorecem um acúmulo de dúvidas sobre o que 
fazer, onde fazer e como fazer com esse aluno. 
A prática docente, o comprometimento do professor com a tarefa de ensinar e 
promover a integração desses alunos ao grupo em que vivem pode-se destacar a 
cumplicidade que deveria envolver a relação entre a teoria e a prática, 
compreendendo que o avanço de uma enriquece a outra e vice-versa. Assim o 
trabalho adequado com as crianças portadoras de TDAH só acontece quando todos os 
envolvidos no processo acreditam e valoriza tanto o docente quanto o aluno.A ligação 
entre discurso e prática do professor enriquece as implicações do trabalho escolar. 
Não basta estudarmos os conceitos, diagnósticos ou fatores que caracterizem o 
aluno portador de TDAH. É necessário saber o que se faz com essa criança que está 
numa sala de aula que não oferece nenhum atrativo para ela, numa fileira onde à sua 
frente só é possível identificar várias cabeças, maiores do que a dela. Numa sala onde 
além dela, a professora precisa alfabetizar 30 alunos completamente diferentes entre 
si, alguns já naquela mesma turma por dois ou três anos... 
 O professor sente-se incapaz, procura por ajuda, mas a ajuda não chega. 
Quando chega, o ano já está acabando, e o aluno está ali...todos os dias, olhando 
para ele.A busca de parceria junto aos responsáveis é fato praticamente utópico.O 
profissional capacitado para atuar diretamente com essa clientela não está na escola, 
está em algum pólo de atendimento ou em alguma clínica especializada que fica muito 
longe da realidade desses alunos.O que fazer então? Desistir? Jamais... 
 
 10
 
 As dificuldades presentes, a credibilidade na criança TDAH e a formação 
profissional são pontos que fundamentam a ação educativa de qualidade.O professor 
tem papel fundamental no processo de aprendizagem e na saúde mental das crianças 
com TDAH. É fato também a complexidade e a dificuldade do trabalho do professor 
em sala de aula.Cada aluno tem sua necessidade, dificuldades e áreas de potencial. É 
difícil dar a atenção extremamente individualizada de que estas crianças muitas vezes 
necessitam, além disso, as escolas, especialmente as públicas, não dispõem de 
ambiente adequado a isso. A proposta de ensino da escola deixa pouco espaço para 
implementação de qualquer estratégia nova e mais flexível.Freqüentemente o 
professor recebe alunos provenientes de famílias em que as questões de limite não 
são adequadamente manejadas, confundindo a falta de limites com TDAH, o que 
agrava ainda mais o caso, pois geralmente os responsáveis não aceitam a fala do 
educador. Isso impõe ao professor uma dupla tarefa para cada criança, ou seja, 
ensinar e educar. 
São vidas que a cada ano ficam mais a margem de um processo educativo que 
privilegia as minorias em detrimento dos demais. São crianças que a cada ano ficam 
mais propensas a serem utilizadas pela sociedade que marginaliza e discrimina, não 
dando oportunidades de ao menos serem ouvidas. São crianças que sofrem com o 
descaso, que por falta de uma política efetiva são aprovados automaticamente até que 
percebem que de nada adiantou tal aprovação se os conceitos básicos de cidadania 
não foram construídos e então eles saem da escola. 
 O estudo foi desenvolvido através de referências bibliográficas, exemplos do 
cotidiano escolar e através de minha própria experiência como educadora onde 
buscou-se esclarecer fatos em torno do TDAH que possibilitará a consideração de 
possíveis alternativas para um melhor atendimento a esta criança. 
 Para tanto, no primeiro capítulo foi priorizada a definição a cerca do TDAH, bem 
como as principais características do portador, além da importância do diagnóstico 
adequado para que as intervenções necessárias com ou sem uso de medicação 
 11
possam ser feitas de maneira correta. Foram para isso utilizadas leituras da área de 
neurociências e principalmente com os autores ROHDE, & BENCZIK que 
detalhadamente caracterizam os tipos de TDAH, causas, conseqüências, diagnósticos 
e intervenções necessárias. 
No capítulo seguinte enfatizou-se a formação do professor que não acompanha 
a realidade atual e que devido a metodologias inadequadas acabam por fazer da 
escola um ambiente completamente despreparado para receber o portador de 
TDAH,onde autores como Philippe Perrenoud ,Elvira Lima e Marta Koll através dos 
comentários a cerca da obra de Vygotsky esclareceram pontos chave para a 
adequada formação do professor de forma a atender este aluno. 
A temática do terceiro capítulo ressalta a falta de apoio dos órgãos públicos no 
tratamento do portador de TDAH e a total falta de parceria junto à escola, onde a falta 
de profissionais tanto na área da saúde como a inclusão de alguns profissionais como 
psicopedagogo nas escolas , o que torna a situação ainda mais difícil, além do 
contraste do discurso sobre a educação de qualidade e da escola inclusiva. 
Finalmente considerações a respeito de como o professor deve assumir o lugar 
de pesquisador de forma a conscientizar-se que ele é o maior aliado do aluno portador 
de TDAH, onde novas estratégias de ensino e um esforço para a revisão das leis 
educacionais atuais possam favorecer integralmente a criança com TDAH, de forma a 
garantir efetivamente uma escola de qualidade para todos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12
 
 
1. Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade: 
O que é? 
O Transtorno do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (TDAH) é, 
considerado, atualmente, um dos transtornos psíquicos infantis mais estudados. 
Caracteriza-se essencialmente pela desatenção, hiperatividade e impulsividade na 
criança, que causam prejuízo no funcionamento familiar, social e escolar. 
Constitui-se num transtorno neurobiológico, multifatorial, que pode ser causado 
tanto por fatores genéticos, como ambientais.Pesquisas científicas indicam que a 
presença de uma disfunção na área do cérebro conhecida como córtex pré-frontal 
devido a uma alteração no funcionamento de um sistema de substâncias químicas 
chamadas neurotransmissores, principalmente a dopamina e a noradrenalina, que 
passam informações entre as células nervosas, chamadas neurônios. O córtex pré-
frontal envia sinais inibitórios para outras áreas do cérebro, promovendo um certo 
equilíbrio aos estímulos vindos do meio ambiente de forma a facilitar a concentração. 
No caso do portador de TDAH, o córtex pré-frontal permanece hipoativo, não 
realizando o equilíbrio necessário e como resultado, os estímulos são recebidos em 
demasia, propiciando a inquietude e a distração. 
No entanto, de acordo com as leituras feitas, não há uma única teoria que 
comprove que apenas o córtex pré-frontal seja responsável pelo TDAH, visto que o 
cérebro é um órgão que possui partes interligadas. Assim outras áreas que possuam 
conexão com a região frontal podem não estar funcionando adequadamente, levando 
aos sintomas de TDAH, de onde se conclui que este transtorno poderá ocorrer em 
diferentes pontos interligados do cérebro. 
 
 13
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, julho 2003), podemos 
considerar três grupos de crianças portadoras de TDAH: 
¾� Crianças que apresentamhiperatividade e desatenção (tipo combinado) 
¾� Crianças que apresentam predominantemente a hiperatividade 
¾� Crianças que apresentam predominantemente a desatenção. 
As crianças inclusas no terceiro grupo, por quase não chamarem a atenção de 
seus familiares ou de seus professores, geralmente são diagnosticadas tardiamente, 
prejudicando seu tratamento adequado. Mas é muito importante termo em mente que 
um “certo grau” de desatenção e hiperatividade ocorre normalmente nas pessoas, mas 
nem por isso elas devem ser diagnosticadas como portadoras de TDAH. Para isso os 
sintomas precisam ocorrer necessariamente na escola e em casa. 
Crianças com TDAH têm dificuldade de manter a atenção e o esforço durante 
períodos de tempo prolongados. Sua atenção tende a vagar e freqüentemente se 
desligam da tarefa, pensando ou fazendo coisas diferentes da tarefa a ser realizada. 
Freqüentemente essas crianças conseguem focar sua atenção em coisas que são 
bonitas, novas, altamente estimulantes, interessantes ou até mesmo assustadoras. 
Essas coisas estimulam o córtex pré-frontal, de modo que ela consiga focalizar sua 
atenção e se concentrar. Uma criança portadora do TDAH pode se sair muito bem em 
uma situação pessoal inusitada, e não conseguir terminar a sua simples tarefa de aula 
em sua sala com 30 alunos. Tais crianças têm dificuldade em ater-se em assuntos 
longos, rotineiros, cópias, lições de casa, etc, pois se constituí de uma opção nada 
desejada por elas, pois elas precisam de excitação e interesse para acionar suas 
funções do córtex pré-frontal. 
A criança com TDAH, em sua maioria, até sabem o que deveriam fazer, mas 
devido à inabilidade de controlar-se, geralmente não cumprem suas tarefas, agem 
 14
antes de pensar! Vale dizer que elas sabem que deveriam prestar atenção na aula, 
mas não prestam, levantam-se apesar de saberem que não deveriam levantar. O 
TDAH não afeta a inteligência da criança, mas a sua aprendizagem. Na maioria dos 
casos as crianças e adolescentes tem uma boa ou até mesmo excelente condição de 
aprendizagem, fato que se dissocia das produções escolares que chegam a ser 
medíocres, em muitas situações. Se for dados um exercício com uma seqüência de 
operações, muito possivelmente ela consiga fazer as duas primeiras e depois não veja 
as próximas, ou esqueça um sinal. Na leitura de um enunciado, ao chegar ao final não 
lembre do que leu e afirme não ter entendido, ou ainda, que esqueceu o que leu. Se 
for impulsivo, responde algo que lhe vem, na mente naquele momento. Em uma 
avaliação escrita, poderá responder às questões da página e entregar sem perceber 
que continuava na parte de trás da folha. Basta uma mosca passar pela janela que 
ele perde a sua concentração naquela estória que a professora contava. E quando a 
criança se dá conta, já fez o que prometeu não fazer, já perdeu a explicação que 
precisava tanto, já brigou, enfim, deu tudo errado novamente. 
O TDAH é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização 
Mundial da Saúde. Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH 
são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.( Fonte: 
OMS, julho 2003). 
De acordo com Rohde & Benczik (1999: 39) uma criança apresenta 
desatenção, a ponto de ser considerado um transtorno, quando possui a maioria dos 
seguintes sintomas ocorrendo a maior parte do tempo em atividades: 
¾� Freqüentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por 
descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras; 
¾� Com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou 
atividades recreativas; 
 
 15
¾�Com freqüência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, 
tarefas domésticas ou deveres profissionais, não chegando ao final das tarefas; 
¾�Freqüentemente tem dificuldade na organização de suas tarefas e atividades; 
¾�Com freqüência evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que 
exijam esforço mental constante(como tarefas escolares ou deveres de casa); 
¾�Freqüentemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades 
¾�É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa principal que está 
executando; 
¾�Com freqüência apresenta esquecimento em atividades diárias. 
Os mesmos autores Rohde e Benczik (1999: 40) diagnosticam como portadora 
do transtorno de hiperatividade quando a maioria dos seguintes sintomas torna-se 
uma ocorrência constante em seu cotidiano: 
¾�Freqüentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira 
¾�Com freqüência abandona sua cadeira em sala de aula ou em outras situações 
nas quais se espera que permaneça sentado; 
¾�Freqüentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isso é 
inapropriado; 
¾�Com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em 
atividades de lazer 
¾�Dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas 
¾�Com freqüência tem dificuldade para aguardar sua vez 
 16
Os problemas na área afetivo-emocional geralmente estão associados ao 
insucesso escolar e à dificuldade de relacionamento com outras crianças já que 
possuem mais dificuldades em aguardar a sua vez e não resistem à intromissão 
freqüente em assuntos alheios. 
Daí a importância do diagnóstico correto, com profissional capacitado de forma 
a evitar que a criança fique estigmatizada desnecessariamente.Além do mais o 
diagnóstico impede que a criança fique durante anos com o desenvolvimento 
prejudicado na escola e na sua vida social, atrasado em relação aos outros colegas, 
nesta sociedade cada vez mais competitiva. O desinteresse em uma sala de aula pode 
decorrer em conseqüências de altas habilidades em comparação aos demais colegas 
de classe, de aulas tradicionais pouco atrativas, de traumas sofridos, de 
incompatibilidade com o professor ou com a escola, enfim outros fatores que não 
caracterizam necessariamente o TDAH. 
O tratamento adequado minimiza conseqüências futuras do problema, como a 
atração ao uso de drogas (muito freqüente em adolescentes), sintomas de depressão, 
alterações no humor e transtornos de conduta. 
O caminho até um profissional competente no TDAH muitas vezes leva meses 
ou até anos.Os rótulos inadequados, a dificuldade do professor e dos responsáveis em 
detectar o problema e o modismo atual das síndromes onde erroneamente 
profissionais desinformados atribui qualquer problema que, por ventura a criança 
possa apresentar em hiperatividade, fazem com que este caminho fique longo, onde 
se perde um precioso tempo durante o qual a criança é quem mais sofre as 
conseqüências, que não são poucas.Os meninos tendem a apresentar tal transtorno 
com mais freqüência, mas o que não faz do caso uma regra. 
O diagnóstico geralmente é feito por um neurologista ou neuropediatra, que 
recorre a exames mais elaborados e testes psicológicos para o acompanhamento 
adequado do tratamento, que poderá incluir algum tipo de medicação controlada.As 
medicações mais testadas em estudos e mais usadas em tratamento clínico são os 
chamados estimulantes, com a substância metilfenidato, no Brasil comercializado com 
 17
o nome de Ritalina. Outras substâncias como a nortriptilina e a imipramina tem sua 
eficácia pouco testada e quase não são utilizadas nestes casos.Essas medicações 
estimulam a função das áreas cerebrais responsáveis pelo comportamento inibitório, 
por isso tendem a estimular a seleção de estímulos que deixa de ser feita pelo córtex 
pré-frontal, devido à falta da dopamina ou da noradrenalina, aumentando a 
disponibilidade dos neurotransmissores deficitários nessa área. Mesmo assim a opção 
pelos estimulantes deve ser avaliada individualizadamente pelo neurologista 
responsávelpelo caso e é importante saber que os riscos do uso de uma medicação 
têm de ser comparados aos riscos da não utilização da mesma, em termos de 
conseqüências do transtorno na vida familiar, social e escolar do indivíduo. 
O uso de medicamentos em portadores de TDAH pode e deve ser visto como 
uma ferramenta a mais na busca de uma melhor qualidade de vida. O cérebro deste 
indivíduo pode ter seu funcionamento facilitado por meio da medicação, contribuindo 
para que o indivíduo vivo de maneira menos desgastante. Assim o uso de 
medicamentos costuma produzir resultados eficazes na grande maioria dos casos, 
contribuindo para uma considerável mudança na vida destas pessoas. Para que isso 
ocorra, é fundamental que se definam os sintomas causadores de maior desconforto, 
em cada caso ou situação, da forma mais objetiva possível. 
Definir o que se deseja melhorar no comportamento vital de um portador de 
TDAH é essencial na escolha mais adequada de um medicamento. 
O fundamental no tratamento da criança portadora de TDAH é o 
acompanhamento de sua família e de seus professores, formando uma parceria 
concreta de forma a transmitir mais segurança a essa criança que precisa de auxílio 
para reestruturar seu ambiente, reduzindo sua ansiedade. Os pais também sofrem 
muito com a angustia deste quadro e também precisam de ajuda para reconhecerem 
neste caso permissividade ou falta de limites, bem como as longas e saturadas 
punições de nada auxiliarão no desenvolvimento da criança. Ao invés disso um 
modelo claro e previsível de recompensas e punições, baseado em terapias 
comportamentais, e o respeito ao ritmo próprio da criança e suas limitações, ajudarão 
 18
e muito seu desenvolvimento, minimizando os estigmas aos quais as crianças 
portadoras de TDAH ficam vulneráveis. 
É fato que a avaliação é necessária para que se possa entender e atender com 
competência a criança com TDAH, no entanto não é raro a escola ou a família receber 
o diagnóstico e não saber o que fazer com ele. Não basta ter o diagnóstico em mãos, 
é necessário avaliar a situação sob o ponto de vista biológico, social e acadêmico. È 
importante destacar que o TDAH tende a perdurar ao longo da vida, ou seja, ela pode 
ser controlada, mas os adolescentes e adultos também sofrem as suas manifestações, 
principalmente se não forem tratadas. 
Assim o insucesso escolar fica vinculado à compreensão que se tem do papel 
da escola. Se o papel da escola for de construir conhecimentos com “todos” os alunos, 
certamente os profissionais desta escola procurarão formas de promover 
aprendizagens. A rigidez da escola poderá gerar, além do fracasso escolar e do 
sentimento de incapacidade, uma situação emocional desfavorável à aprendizagem, 
gerando baixa auto –estima e dificultando ainda mais a aprendizagem desta criança. 
Igualmente importante e, talvez até mais determinante, é a rigidez da família ao não 
aceitar seu filho como ele é e entender que cada um de nós tem suas dificuldades e 
pontos a serem superados. Uma família ou escola que tem uma criança com TDAH, 
não tem um problema, e sim uma situação para administrar. Respeitar e apoiar a 
criança em seus propósitos de desenvolver-se é fundamental. 
 
 
 
 
 
 19
 
 
II - O educador, sua formação e o contraste em sua realidade 
escolar. 
A discussão sobre a formação docente é antiga e, ao mesmo tempo, atual; 
antiga, pois, em toda a história da Educação tem sido questionada a maneira como 
são formados nossos professores; atual porque, nos últimos anos, a formação do 
professor tem se apresentado como fator principal das refeições sobre qualidade do 
ensino, evasão e reprovação; atual ainda, por seu significado de ampliação do 
universo cultural e científico daquele que ensina, dadas às necessidades e exigências 
culturais e tecnológicas da sociedade. 
As questões atuais mostram aos resultados nada animadores, destaca a 
angústia do educador e sua formação ao longo da história. Programas são definidos, 
cursos são desencadeados, conferências são proferidas, mas não se questiona para 
quem são dirigidos, quais as necessidades dos que deles participam, em que medida 
influencia os professores a quem são destinados e como são traduzidos 
posteriormente em ações concretas nas escolas, em que medida o sistema usufrui e 
se desenvolve em razão das atividades formativas dese4ncadeadas e, posteriormente, 
utilizadas. 
É importante, além de saber o que os docentes aprendem; verificar que 
condições eles têm em sua escola, para integrar o aprendido às suas práticas 
cotidianas. O entusiasmo e o interesse dos colegas de trabalho, as condições 
materiais e organizacionais da escola, a disponibilidade da direção da escola para as 
inovações são fatores que podem facilitar, dificultar ou mesmo impedir a inclusão de 
novas práticas em sala de aula, como conseqüência de sua formação. 
 20
Múltiplas são as possibilidades. As diferentes metodologias poderão originar 
resultados consistentes neste contexto, pensar, desenvolver e avaliar, no âmbito 
acadêmico ou não, propostas de formação docente significa um compromisso com 
uma educação que tenha como projeto à formação de profissionais capazes de 
articular competência técnica, cidadania e ética. 
No cotidiano educacional atual encontram-se docentes que não tiveram a 
preparação adequada para atuar. A formação inicial não tem propiciado, em boa parte 
dos casos, o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos necessários para que o 
professor tenha uma atuação consciente e conseqüente em sala de aula. 
Para que esses aspectos necessários para atuar se desenvolvam, Esteves 
(1993: 41) considera que a formação inicial deve: 
¾�“incluir formas de apoio e de orientação aos professores no início da carreira, 
no sentido de lhes facilitar a transição do período de formação para o emprego 
propriamente dito; 
¾�prepará-los para responder aos desafios que o trabalho futuro na escola lhes 
colocará; 
¾�dotá-los de meios que lhes permitam escolher os conhecimentos essenciais 
perante a massa informativa disponível; 
¾�incidir num mínimo de conhecimentos relativos à investigação pedagógica, à 
informação e orientação, à educação intercultural, às novas tecnologias, ao 
ensino especial, aos direitos do homem e da democracia...”. 
Sem o preparo para atuar, o professor ingressa na carreira sem a noção da 
dinâmica de uma sala. No período inicial da carreira docente todo o referencial teórico 
aprendido na graduação é posto à prova. É nesta passagem da teoria para a prática é 
que em muitos momentos o jovem docente não consegue resolver os problemas que 
se apresentam no cotidiano escolar, sentindo dificuldade de transpor toda sua teoria 
 21
para a prática. E como agravante da situação, a sociedade atual faz com que este 
professor atue em duas ou mais escolas, dificultando seu trabalho, tanto no que se 
refere ao desgaste físico como também no tempo de preparo de suas atividades. A 
dificuldade em conduzir o processo de ensino-aprendizagem, considerando as etapas 
de desenvolvimento de seus alunos de acordo com as teorias aprendidas na formação 
e o conteúdo a ser desenvolvido pré-estabelecido por normas por vezes tão distantes 
de seu contexto, os problemas sociais e econômicos que o faz conviver com 
indisciplina, violência e até situações de risco, além dos alunos com necessidades 
especiais, alunos estes que talvez uma ou duas disciplinas teóricas ao longo de sua 
formação se propuseram a caracterizá-las superficialmente e que agora estão ali a sua 
frente a espera de respostas que ele não sabe ou não pode dar.Sem ter com quem 
compartilhar suas dúvidas, seus acertos e seus erros, o professor acaba apoiando sua 
prática emações que vivenciou na época de estudante, reproduzindo a prática de 
seus antigos professores, o que dificulta sua transformação na busca de uma atuação 
mais significativa e inovadora em sua atividade docente. 
A sala de aula é um ponto de encontro das diferentes histórias dos diferentes 
percursos, dos diferentes saberes. Mas é lá que começa o descompasso, de 
desencontro, quando as dificuldades de aprendizagem “e os problemas de 
comportamento”, distúrbios, síndromes e transtornos começam a aparecer. 
Observando a situação das séries iniciais das escolas, encontramos uma sala 
de aula com trinta e cinco alunos, onde muitos não cursaram a educação infantil. A 
agitação é geral, muitos são agressivos, não demonstram conhecimento específico 
sobre a linguagem escrita, mas revelam experiências com a escrita. É fato também, o 
problema sócio econômico como a higiene, saúde e as condições precárias da vida 
fora da escola que revelam as condições de trabalho na escola. Sem questionar tais 
condições de trabalho e de vida, no entanto, espera-se que a professora alfabetize a 
turma e que todos os alunos terminem o ano sabendo ler e escrever. 
 A escola falha na sua tarefa pedagógica porque desconhece como lidar com a 
nova clientela que dela precisa. Os professores sobrecarregados e desinformados não 
 22
conseguem lidar com assuntos como TDAH e outros fatores que possam levar às 
dificuldades de aprendizagem com o número de alunos que cada turma possui, em 
torno de 30 a 35, é muito difícil o professor conseguir dar atenção individualizada e 
conseguir acompanhar de perto as dificuldades de cada um. 
As limitações impostas pelo TDAH, quando não é corretamente diagnosticada e 
tratada, atrapalha tanto a vida dos pais quando dos filhos. Chega-se ao cúmulo de não 
raramente o responsável receber um “sutil” convite para trocar a escola da criança. 
As crianças com TDAH não se adaptam às instituições de ensino tradicionais e 
que tenham um código disciplinar muito rígido.Na rede pública a situação é ainda mais 
grave. Lá, as crianças não possuem recursos para um tratamento como as da rede 
particular. Com a política da progressão continuada em que o aluno é aprovado 
automaticamente, mesmo que o aprendizado não tenha sido satisfatório, muitos 
alunos só têm os seus casos diagnosticado na quinta série e sequer sabem ler. 
Se a escola tratasse o portador de TDAH numa perspectiva Vygotskyana, veria 
que o diagnóstico tradicional tende a aumentar o que deve ser visto como processo 
neste aspecto, a deficiência fica cristalizada e a conseqüência do diagnóstico, 
orientado somente para a “falta” e para o “não”, estabelecendo limites para o 
desenvolvimento do sujeito. Ao contrário de Vygotsky que prioriza aquilo que o aluno 
sabe em detrimento do que ele não sabe e propõe alternativas para que essa criança 
atinja os objetivos propostos. Na perspectiva tradicional originam-se os resultados 
negativos na esfera educacional e social, ao invés disso, o diagnóstico deveria 
propiciar conhecimento sobre as possibilidades ou potencialidades de funcionamento, 
para assim, reverter às metas e constituir condições sociais de superação e formação 
de capacidades. 
Não há uma solução pronta para administrar o problema dos portadores de 
TDAH na sala de aula ou em casa.Pequenas mudanças na forma de lidar com eles ou 
no que se espera deles podem ser a diferença essencial em sua melhoria. A eficácia 
de qualquer tratamento vai depender do conhecimento e da persistência de quem lida 
com esse tipo de criança. 
 23
Algumas dicas são importantes para o trato com essas crianças: 
¾�O melhor especialista para dizer como a criança aprende é a própria criança. É 
assustadora a freqüência com que suas opiniões são ignoradas ou não são 
solicitadas. 
¾�Essas crianças necessitam de estruturação. Elas precisam estruturar o 
ambiente externo, já que não podem se estruturar por si mesmas. Elas 
necessitam de algo para fazê-las lembrar das coisas, de repetições, de 
diretrizes, de limites e organização. 
¾�Elas necessitam de um apoio especial para encontrar prazer na sala de aula. 
Domínio ao invés de falhas e frustrações. É essencial prestar atenção às 
emoções envolvidas no processo de aprendizagem. 
¾�Os fatores que possam levá-las à distração devem ser diminuídos. Elas 
precisam sentar-se em lugares calmos, próximos a um bom modelo. De 
preferência próximas ao professor. 
¾�As crianças com TDAH precisam ouvir regras, diretrizes e orientações mais de 
uma vez. Se não conseguirem cumprir, volte e comece novamente. 
¾�Olhe sempre nos olhos. Um olhar poderá tirar uma criança do seu devaneio ou 
dar-lhe liberdade para fazer uma pergunta ou apenas dar-lhe segurança 
silenciosamente. 
¾�Limites deverão ser administrados com calma, nunca de modo punitivo. Longas 
discussões são apenas diversão. Aja com firmeza, mas nunca repreenda esta 
criança perante o grupo. 
¾�Associe crítica a elogios, não esquecendo de reforçar cada pequena melhora, 
evitando chantagens, ameaças ou medos. Isso só iria desencadear mais 
 24
ansiedade e comportamentos cada vez mais renitentes. A negociação é sempre 
o melhor caminho. 
¾�Preveja o máximo que puder. Prepare as mudanças com a maior antecedência 
possível. Avise o que vai acontecer e repita os avisos à medida que a hora for 
se aproximando. 
¾�Propicie uma espécie de válvula de escape como, por exemplo, sair de sala de 
aula por alguns instantes, mas com tempo determinado. Se isto puder ser feito 
dentro das regras da escola, poderá permitir à criança “recarregar” suas 
baterias de atenção e ela voltará recarregada para prestar mais atenção 
novamente. 
¾�Procure a qualidade ao invés de quantidade dos deveres de aula e de casa. 
Crianças com TDAH necessitam de uma carga reduzida, pois ficam entediadas 
rapidamente e acaba por não cumprir o esperado. Permita um tempo extra para 
o cumprimento das tarefas e provas. Dê uma tarefa de cada vez. 
¾�Monitore o progresso freqüentemente. Crianças com TDAH se beneficiam muito 
com o retorno do seu resultado. Isto ajuda a mantê-las na linha, possibilita 
saber o que é esperado e se eles estão atingindo as suas metas, e pode ser 
muito encorajador. 
¾�Divida as tarefas em tarefas menores. Mescle as tarefas ruins com as 
boas.Através da divisão de tarefas em tarefas mais simples, cada parte é mais 
fácil de ser trabalhada, e a criança foge da sensação de incapacidade.Assim o 
professor pode permitir à criança que demonstre a si mesma a sua capacidade 
e isto pode ajudar muito a evitar acessos de fúria pela frustração antecipada. 
¾�Permita-se brincar, ser criativo. Crianças com TDAH adoram novidades. Elas 
respondem as novidades com entusiasmo, e isto as ajudam a manterem a 
atenção. 
 25
¾�Esforce-se e não se dê por satisfeito, tanto quanto puder. Estas crianças 
convivem com o fracasso, e precisam de tudo de positivo que você puder 
oferecer. O fracasso não pode ser super – enfatizado;estas crianças precisam e 
se beneficiam com os elogios. Elas adoram o encorajamento. Elas absorvem e 
crescem com isto. Sem isto elas retrocedem e murcham.Alimente-as com 
encorajamento e elogios. O carinho deve ser associado aos limites. 
¾�Tarefas mais difíceis devem ser dadas no início da aula, pois estão mais 
atentos e menos cansados. 
¾�Simplifique as instruções. Simplifique a programação. O palavreado mais 
simples será mais facilmente compreendido. Use uma linguagem mais colorida, 
mais leve, menos formal. Assim como as cores, a linguagem colorida prende a 
atenção. 
¾�Um sistema de recompensas é uma possibilidade de mudar o comportamento. 
Crianças com TDAH respondem muito mais às recompensas e incentivos. 
Possuímos áreas de recompensas cerebrais. Océrebro tende a perpetuar o 
que nos dá prazer, por isso a importância dos reforços positivos. 
¾�Seja o reforço positivo ou negativo, faça acontecer logo depois que o 
comportamento aconteça. Esta é a melhor maneira de minimizar o fracasso ao 
relatar a conseqüência da atitude. 
¾�Fique atenta a integração. Estas crianças precisam se sentir enturmadas, 
integradas. Assim sentir-se-ão motivadas e ficarão mais sintonizadas. 
¾�Prepare-se para altos e baixos e trabalhe a mentira (estimular a falar a verdade, 
mesmo errando). Seja firme, com delicadeza. 
¾�Experimente um caderno escola-casa-escola. Isto pode contribuir realmente 
para a comunicação pais-professores e evitar reuniões de crises. Isto ajuda 
ainda o freqüente retorno de informação que a criança precisa. 
 26
¾�Lembre-se que essas crianças possuem atenção seletiva (atenção no que 
gosta) e por isso irá ter melhor desempenho em certas atividades, pois quando 
faz o que gosta ativa melhor certa área do cérebro conseqüentemente 
alcançando um desenvolvimento global melhor nesta hora. 
¾�Exercícios físicos constituem-se num dos melhores tratamentos para este tipo 
de criança. Ginástica e esportes, principalmente os coletivos como futebol 
ajudam a liberar o excesso de energia, ajudam a concentrar a atenção, 
estimulam certos hormônios e neurônios que são benéficos ao seu quadro. 
¾�Trabalhe a inclusão sempre. Se ele for tratado igual aos outros alunos irá 
prejudicar a si e aos outros sem resultados educacionais. Explique a turma que 
alguns alunos precisam de atendimentos diferenciados por necessidade, e que 
está agindo daquela maneira para que o aluno se concentre e conquiste ganhos 
educacionais, peça a turma para alerta-lo quando estiver sendo inconveniente e 
“puxar” por ele quando estiver desatento, mas tende dar o tratamento normal o 
máximo possível a fim de evitar a discriminação. 
¾�Lembre-se que: esta criança se pudesse, certamente agiria diferente. 
 
 
 
 
 
 
 27
 
 
3. Política e Educação - Dois caminhos que não se 
encontram 
 
Vários fatores contribuem para a deficiência do ensino brasileiro, que vão desde 
a superlotação nas salas de aula e má remuneração dos professores até a crise 
financeira numa economia globalizada e os rotineiros cortes de verba no ensino 
público. Se associarmos esse panorama a uma criança que, freqüentando uma escola 
qualquer numa classe com cerca de 40 alunos, sofra também daquilo que 
classificamos como Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade (TDAH), 
percebe-se então a gravidade da situação escolar nas séries iniciais. 
Na maioria das escolas, a criança em geral se torna um complicador a mais 
numa classe já tumultuada. E, provavelmente, não só deixará de receber atenção 
adequada, como também ficará à margem de todo processo pedagógico. Isto ocorre 
por uma série de motivos. Em primeiro lugar, notamos que a formação dos 
educadores brasileiros ainda é deficitária e, em função disso, a maioria deles não está 
preparada para diagnosticar e/ou encaminhar adequadamente as crianças com TDAH. 
Nem mesmo os pais estão culturalmente preparados para aceitar que seus filhos 
possam ter esse tipo de problema. Mas nos casos onde os pais aceitam procurar 
ajuda é que começa o drama, pois na maioria das vezes, não temos profissionais de 
saúde habilitados a fazer esse tipo diagnóstico e dar segmento eficaz principalmente 
na rede pública, pois nosso sistema de saúde, no que se refere ao atendimento 
neurológico infantil, ainda é precário, e insuficiente para atender a tantos casos de 
TDAH na rede. 
 28
Muitas vezes o diagnóstico pouco criterioso de TDAH serve como atenuante 
para alguma comodidade ou incapacidade da escola para lidar com processos e 
métodos de aprendizagem. Não é segredo que a maioria das escolas, principalmente 
as públicas está longe de cumprir sua tarefa de instruir e educar, envolvidas que estão 
por ditames políticos demagógicos, ou técnicos utilitaristas.Percebe-se, com certa 
facilidade, que algo está muito errado e que, nem sempre, o erro é exatamente das 
crianças. 
Apesar de estudos e teorias a respeito do TDAH, observa-se que na prática 
muito pouco é feito na escola, onde o transtorno fica mais evidenciado. Na rede 
particular seguem-se duas vertentes: uma ainda enraizada nos moldes tradicionais, 
com características conteudistas priorizando apenas os resultados, não possui a 
flexibilidade necessária para lidar com este tipo de criança e então após inúmeras idas 
e vindas da criança e do responsável aos diversos setores da escola, acaba muito 
sutilmente sugerindo ao responsável que ele procure outra escola; a outra vertente 
mostra uma escola tida como moderna, construtivista ou outras denominações 
similares que divulga uma metodologia baseada na formação integral do aluno, com 
uma série de atrativos modernos que uma escola possa oferecer e que certamente 
destina-se tanto quanto a outra escola citada anteriormente a uma clientela reduzida e 
elitizada. Nos dois exemplos a criança atendida nesta escola possui um meio favorável 
para que as conseqüências do TDAH sejam minimizadas. Médicos renomados, 
psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, atividades extras como esportes e lazer, 
estão ao alcance desta criança, o que se corretamente encaminhado favorecerá o seu 
aprendizado; mas apesar do discurso diferenciado, a necessidade do cumprimento de 
um programa, de avaliações bimestrais, de médias para aprovação continua sendo um 
fantasma para esta criança que justamente por possuir todas as oportunidades já 
descritas, “não podem” fracassar, porque a sociedade não está preparada para lidar 
com as diferenças e exatamente por pertencerem a uma classe privilegiada com 
diversas oportunidades, é duplamente “cobrado” por não atenderem aos anseios da 
família. Passam por diversas escolas, inúmeros especialistas e sofrem com isso. 
 29
Já na rede pública a situação chega a beira do caos. A criança com TDAH, 
passa por inúmeros rótulos até que o responsável encontra um neurologista para 
diagnosticar o caso. Daí por diante, todos as barreiras crescem ao redor desta criança. 
O Sistema Único de Saúde desprovido de profissionais adequados, de medicação de 
baixo custo ou gratuitos, a falta de acompanhamento familiar que ocorre nem sempre 
por negligência dos pais, a carência de escolas com recursos disponíveis, de turmas 
com número adequado de alunos, de profissionais que precisam de algo além da 
competência e do compromisso profissional, pois aquele aluno não é exclusividade 
dele, ele é de responsabilidade de toda rede pública que muito pouco faz por ele. E 
assim os anos passam, muitos ficam retidos por não conseguirem seguir o fluxo 
normal do cotidiano escolar, que também prega o discurso da valorização, do 
crescimento global, da escola ciclada, da inclusão, mas que lá no final da curva retém 
aqueles que saíram do padrão da normalidade como os portadores de TDAH. E assim, 
este aluno sofre tanto quanto o outro da rede particular que também não atendeu às 
exigências de uma sociedade que vergonhosamente exclui aqueles que fogem de um 
padrão pré-estabelecido por uma elite, que está longe da realidade do Brasil atual. 
O contraste do discurso sobre educação de qualidade e a falta de interesse do 
poder público fica explícito a cada estória de responsáveis e professores da rede 
pública que vêem os anos passarem e aquela criança ali, na mesma escola, vendo 
suas dificuldades aumentando, e com elas a sua exclusão do sistema escolar e a sua 
inclusão no grupo dos que não deram certo. 
A História mostra que mudanças no Brasil possuem um tempo próprio, e muito 
longo para acontecerem. Já em 1979, no México foi assinado por iniciativada 
UNESCO (relatório UNESCO, Espanha, 1995) o Projeto Principal de Educação, onde 
se buscava uma escola que atendesse à todos. Este projeto tinha por objetivo definir e 
adotar algumas medidas capazes de combatera elitização da escola nos países da 
América Latina. Outros documentos se sucederam, entre eles a Declaração de 
Salamanca assinada em 1994. Foi essa declaração que oficializou o termo inclusão no 
campo da educação. 
 30
A inspiração para o encontro em Salamanca, na Espanha, foi reafirmar o direito 
de todas as pessoas à educação, conforme a Declaração Universal de Direitos 
Humanos, de 1948. A Declaração de Salamanca é conseqüência de todo um processo 
em torno da igualdade em educação e uma educação de qualidade, onde Normas 
Uniformes sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência, 
assinado em 1993 e publicado em 1994, onde de acordo com estas normas, os 
estados são obrigados a garantir que a educação de pessoas com deficiência seja 
parte integrante do sistema educativo. 
Foi assim, com o objetivo de promover uma educação para todos, que se 
reuniram na Espanha, em junho de 1994, a convite do governo espanhol e da 
UNESCO, mais de 300 representantes de 92 governos e de 25 organizações 
internacionais. O Brasil, convidado oficialmente com todas as despesas pagas, não 
enviou um representante (relatório UNESCO, Espanha 1995). Apesar do interesse da 
Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e do Desporto, a 
participação brasileira não se efetivou. 
Dessa conferência mundial saiu a Declaração de Salamanca. Por ela firma-se a 
urgência de ações que transformem em realidade uma educação capaz de reconhecer 
as diferenças, promover a aprendizagem e atender às necessidades de cada criança 
individualmente. A Declaração de Salamanca recomenda que as escolas se ajustem 
às necessidades dos alunos quaisquer que sejam suas condições físicas, sociais, e 
lingüísticas, incluindo aquelas que vivem nas ruas, as que trabalham, as nômades, as 
de minorias étnicas e sociais, além das que se desenvolvem à margem da sociedade. 
Mesmo não tendo participação efetiva na Conferência, o Brasil vem tentando 
adequar-se às exigências mundiais. Acontece que baseia-se o atendimento no 
princípio da normalização, utilizando a integração e a inclusão como sistemas 
organizacionais. 
Normalizar uma pessoa não significa torna-la normal. Significa dar a ela o 
direito de ser diferente e ter suas necessidades reconhecidas e atendidas pela 
sociedade. Na área da educação, normalizar é oferecer ao aluno com necessidades 
 31
especiais, recursos profissionais e institucionais adequados para que ele desenvolva 
seu potencial como estudante, pessoa e cidadão. No sistema educacional da inclusão 
cabe à escola se adaptar às necessidades dos alunos e não aos alunos se adaptarem 
ao modelo da escola. Daí parte a chave para o aprendizado não só dos portadores de 
Síndrome de Down, deficiência visual ou auditiva, dos comprometidos com paralisia 
cerebral ou qualquer outro tipo de paralisia, mas também com os nossos portadores 
de TDAH, que não chegam nem perto da prioridade para atendimento, das 
adequações curriculares, onde deveriam ser atendidos numa inclusão séria, num 
comprometimento com o desenvolvimento desta criança e de suas habilidades, 
encarando o problema como algo que precisa ser tratado, adequadamente, o quanto 
antes, pois a cada dia ele cresce em nossas escolas. Importante ressaltar que não há 
psicopedagogos na rede pública, pois nunca foi realizado um concurso público para o 
provimento deste cargo, o que é inaceitável na realidade escolar atual. Profissionais 
como psicólogos e fonoaudiólogos fazem parte do quadro de funcionários da saúde, e, 
portanto não podem ser desviados para o atendimento escolar. Os postos de saúde 
não atendem a demanda e a criança não é atendida. Os poucos lugares no Rio de 
Janeiro onde o atendimento aos portadores de TDAH é realizado gratuitamente como 
o GEDA (Grupo de Estudos de Déficit de Atenção) localizado no Instituto de 
Psiquiatria na UFRJ na Avenida Venceslau Brás em Botafogo e o grupo da Santa 
Casa da Misericórdia, coordenado pelo Dr Fábio Barbirato, estão com inscrições 
suspensas até o segundo semestre de 2005 (Santa Casa da Misericórdia, RJ, 
novembro/2004). 
Uma criança com poucos recursos financeiros não poderá aguardar meses ou 
até anos para conseguir uma consulta, que não garantirá a continuidade do 
tratamento, muitas vezes por conta da distância de sua residência e as despesas com 
transporte e medicação. Como o ano letivo não aguardou este retorno, pois o tempo 
não pára, foi mais um ano perdido. 
Para que, não só os alunos portadores de TDHA, como os demais que 
necessitam de uma escola que lhes proporcionem oportunidades iguais, não há outro 
caminho que não seja a conscientização dos órgãos governamentais para que novos 
 32
investimentos sejam feitos, na formação do educador, na inclusão de fonoaudiólogos, 
psicopedagogos e psicólogos no sistema educacional seja a nível federal, estadual ou 
municipal, pois a lentidão de todo este processo de mudança e inclusão é no mínimo 
criminosa, pois um ano perdido não se recupera. 
Os anos passam, mas a escola permanece inerte. Não acompanha às 
exigências da sociedade atual do país onde a miséria e a violência contribui para uma 
elitização dos mais favorecidos, que também não ficam imunes às conseqüências da 
falta de tratamento para o TDAH. 
Estuda-se Piaget, discursa-se sobre Vygotsky, mas deixam para o professor 
arcar sozinho com as adversidades de sua sala de aula. É um alento saber que a sede 
de mudança vem aumentando entre um grande número de profissionais, que 
procuram esclarecimentos, especializações como a psicopedagogia, mas frustra-se ao 
saber que não será reconhecido no sistema ao qual é vinculado. Sistema este, que 
exige o cumprimento de um currículo, num tempo que seu aluno não conseguirá 
alcançar se não for ajudado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 33
 
4. A escola e o professor 
Maiores aliados dos portadores de TDAH 
 Diante de sucessivas buscas de como adequar a criança portadora de TDAH 
nas séries iniciais, pergunta-se: Qual é a escola apropriada para atender este aluno? E 
o que se pode entender por apropriado? Apropriada não é a escola que apenas aceita 
o aluno. Apropriada é a escola que tem condições para assumir um compromisso; que 
disponibiliza recursos de auxílio a alunos com dificuldades, que é receptiva ao projeto 
de parceria com os pais e com os profissionais responsáveis pelo acompanhamento 
do aluno; que investe na formação do seu corpo docente. Apropriada é a forma como 
a escola trabalha com o conhecimento, que respeita as diferenças individuais e que é 
capaz de avaliar um aluno pelos progressos que alcança e não só comparativamente 
com o restante do grupo. 
Entre o ensinante e o aprendente abre-se um campo de diferenças 
onde se situa o prazer de aprender. O ensinante entrega algo, mas para poder 
apropriar-se daquilo o aprendente necessita inventá-lo de novo. È uma 
experiência de alegria, que facilita ou perturba, conforme se posiciona o 
ensinante. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os a avós e demais 
integrantes da família, como também os professores e os companheiros na 
escola. (FERNANDEZ, A. 2001: 29) 
Desta forma, é interessante destacar que não apenas a criança sofre de um 
Transtorno, um Déficit ou uma Síndrome, mas também quem são os ensinantes dessa 
criança. Esse dado é fundamental para que se trace um plano de ação 
psicopedagógico que se estenda À família, à escola e aos outros profissionais que 
podem estar envolvidos no processo. 
Escolasque ou não conhecem o Transtorno do Déficit de Atenção e 
Hiperatividade e não parecem dispostas a conhecê-lo, e/ou negam sua existência, 
acreditando que “se ele fizer uma forcinha vai conseguir”, podem ser descartadas de 
imediato. Escolas que aceitam mais de 25 alunos por turma também. É preciso ficar 
 34
atento a este critério porque, às vezes, em algumas escolas particulares pouco 
confiáveis, as turmas têm poucos alunos por alguma circunstância como, por exemplo, 
a falta de procura por vagas. Saber quantos alunos com, dificuldades são aceitos por 
classe é muito importante, porque a presença de mais de 2 ou 3 alunos nestas 
condições, pode inviabilizar o trabalho do professor, que é em última e em primeira 
instância, a pessoa mais importante de todo o processo. Ele é o maior diferencial. È a 
atuação competente do professor que vai fazer toda a diferença. 
A escola que melhor atende as necessidades dos portadores de TDAH é aquela 
cuja preocupação maior está em desenvolver o potencial específico de cada aluno, em 
atender às suas características únicas, em perceber seus pontos fortes e tentar 
superar seus pontos fracos, porque eles irão precisar de apoio e intervenção 
acadêmica com mais intensidade. 
Treinamento e conhecimento sobre TDAH são essenciais para que os 
professores estejam conscientes que o problema é fisiológico e biológico por natureza. 
Essa criança não está deliberadamente tentando incomodar. Seu comportamento não 
é planejado para nos deixar louco. Essa conscientização ajuda a manter a paciência e 
a habilidade em lidar com comportamentos indesejáveis de uma maneira positiva. 
Conhecendo o Transtorno e as técnicas de manejo em sala de aula, o professor 
é capaz de provocar mudanças significativas na relação do aluno com a 
aprendizagem. Mobilizado, o aluno também utiliza-se de novos recursos que, muitas 
vezes, eram desconhecidos pelos próprios especialistas, para dar conta dos desafios 
em sala de aula, para que o professor sinta orgulho dele. Portanto, é o professor que 
deve ser preparado para conhecer e atuar de forma mais eficiente. È nele que devem 
ser feitos os investimentos tanto por parte da família quanto da escola e dos 
especialistas. 
Uma sala de aula eficiente para crianças com TDAH deve ser organizada e 
estruturada. A estrutura supõe regras claras, um programa previsível e carteiras 
separadas. Os prêmios devem ser coerentes e freqüentes. Um programa de reforço 
baseado em ganho e perda deve ser parte integral do trabalho da classe. A avaliação 
 35
do professor deve ser freqüente e imediata. Interrupções e pequenos incidentes tem 
menores conseqüências se ignorados. O material didático deve estar adequado à 
habilidade da criança. Estratégias cognitivas que facilitam a auto-correção, assim 
como melhoram o comportamento nas tarefas, devem ser ensinadas. As tarefas 
devem variar, mas continuar sendo interessantes para os alunos. Os horários de 
transição, bem como os intervalos e reuniões especiais, devem ser 
supervisionados.Os professores precisam estar atentos à qualidade de reforço 
negativo do seu comportamento. As expectativas devem ser adequadas ao nível de 
habilidade da criança e deve-se estar preparado para mudanças. 
Os professores devem ter conhecimento do conflito inabilidade X 
desobediência, e aprender a discriminar entre os dois tipos de problema. È preciso 
desenvolver um repertório de intervenções que deve ser desenvolvido para educar e 
melhorar as habilidades deficientes da criança com TDAH. 
Ajustar as expectativas familiares quanto ao rendimento acadêmico é outro 
aspecto a ser considerado para que as conquistas possam ser reconhecidas. O 
desempenho escolar do portador de TDAH é significativamente menor quando 
comparado a um grupo de estudantes da mesma idade e com o mesmo potencial 
intelectual. Quanto à retenção escolar são necessárias algumas considerações. Como 
ponto de partida, é preciso se questionar qual a função da repetência, Isto é, para que 
servirá. Se a metodologia de ensino for à mesma do ano anterior, não vai acrescentar 
nada ao aprendizado do aluno. Se por outro lado a escola acreditar que em um ano 
ele vai amadurecer e, por isso, debelar as características do TDAH, a retenção não 
passará de uma punição para aquela criança, que no mínimo, perderá o seu grupo de 
amigos, tão dificilmente conquistado. 
Mais do que resultados do boletim, acompanhar a vida escolar de uma criança 
portadora de TDAH, é acompanhar as ocorrências, as oscilações para poder analisa-
las junto à escola e aos profissionais responsáveis pelo atendimento. Antes de partir 
para qualquer solução, antes de se desesperar, é importante que se defina qual é o 
problema com todos os seus contornos para promoção de alternativas que deverão 
 36
ser discutidas por todos. Só assim, a vida escolar desses estudantes poderá ser 
menos fragmentada, menos sofrida e causar menos danos à auto-estima.Todos temos 
capacidades e habilidades que precisam ser definidas e estimuladas. Ser intuitivo, 
criativo e entusiasmado podem ser características do portador de TDAH. Aproveita-las 
no projeto de ensino, através da adoção de diferentes estratégias, amplia as 
possibilidades de aprendizagem. Somente saber sobre a dificuldade não é suficiente 
para promover a ação educativa. Pode até servir de mais um argumento para a não –
aprendizagem. O importante é identificar o estilo da aprendizagem, as competências, 
o caminho a seguir. È a partir daí que todo o processo educativo será direcionado. 
Portanto, a escolha de uma escola para esta criança deve atender às 
necessidades dela, necessidades estas que demandam da escola mais do que um 
simples acolhimento. Demandam serviços educacionais, investimento no professor, 
tempo para que os professores se reúnam e planejem adequadamente, turmas de 
tamanho adequado às necessidades e auxílio técnico apropriado. Não se trata de uma 
responsabilidade única da escola. Incluem todos aqueles que estão presentes na vida 
desse estudante, para que a inclusão seja bem sucedida. Não há regras pré-definidas. 
Há necessidades a serem atendidas desde que identificadas. 
O TDAH é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização 
Mundial da Saúde. Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH 
são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola. (OMS, 
julho 2003). 
O fator complicador a todo este discurso é que como no Brasil, o TDAH não 
possui amparo para tratamento diferenciado na lei, o sistema não se interesse em 
favorecer investimentos para um acompanhamento adequado a esta criança. Além da 
escola, outros profissionais precisam fazer parte deste elo, onde a criança será 
realmente ajudada. A rede pública de ensino não atende à necessidade de reduzir o 
número de alunos devido a grande procura por vagas, a rede particular vincula o lucro 
ao número de alunos matriculados e as poucas que possuem um número adequado 
de alunos para esta criança, apresenta custos onerosos muito distante da realidade da 
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maioria. Enquanto isso, o sistema público de saúde, agonizante, não dá conta nem 
dos casos mais complexos e emergenciais, que dirá de acompanhamento ao portador 
de TDAH. O desnível social proporciona as desigualdades de oportunidades e 
tratamento, e o que poderia ser tratado adequadamente, fica restrito a poucos e a 
maioria de nossas crianças permanece à margem do processo.Valorizar as diferenças 
dos alunos e ajudar a ressaltar seus pontos fortes. Propiciar muitas oportunidades 
para que eles possam demonstrar aos colegas aquilo que fazem bem. 
A profissionalização não avançará se não for deliberadamente 
estimulada por políticas concertadas que digamrespeito à formação dos 
professores, a seu contrato, à maneira como eles prestam conta de seu 
trabalho ao estatuto dos estabelecimentos e das equipes pedagógicas. Não 
avançará muito mais se essas políticas não encontrarem atitudes, projetos, 
investimento de pessoas ou grupos.( Perrenoud, 2000: 178) 
E assim os cursos de formação insistem em formar para educar aqueles que 
aprendem. Estratégias e intervenções para lidar com as complexidades deste aluno, 
ficaram como responsabilidade do professor que busca em todas as teorias que 
aprendeu na formação uma luz para na prática saber lidar com esta criança portadora 
de TDAH e que nas teorias estudadas apesar de em alguns casos encontrar um certo 
embasamento, ficam a mercê de toda problemática que o caso exige. 
Estratégias de ensino criativas, atraentes e interativas, que mantêm os alunos 
envolvidos e interagindo com seus colegas, são muito importantes. Todos os alunos 
precisam e merecem um currículo rico, motivador, que utilize variedade de métodos. O 
professor precisa ser capacitado em estratégias multisensoriais, aprendizagem 
participativa, estilos de aprendizagem ou na teoria das múltiplas inteligências, além de 
atualizar seu conhecimento para a sala de aula do presente. 
Não se deve esperar que os professores eduquem e trabalhem com essas 
crianças sem ajuda. É necessário um diagnóstico adequado. Com vários alunos 
portadores de TDAH, um tratamento médico é crucial para permitir seu funcionamento 
na escola. Os problemas sociais/comportamentais que eles freqüentemente 
apresentam pedem orientação adequada. 
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Faz-se necessário uma revisão na lei educacional, onde se possa instituir como 
função o psicopedagogo, ao nível de educação pública, contratado através de 
concurso público, para que ele possa atuar junto com o professor com o seu aluno 
portador de TDAH e de outras deficiências principalmente nas séries iniciais. O 
professor sozinho não possui meios e tempo disponíveis para fazer as intervenções 
necessárias aquela criança, de forma que não só a prejudique como também não 
prejudique os demais alunos da turma. A Psicopedagogia preocupa-se, portanto, como 
a criança aprende, daí a necessidade da inclusão deste profissional no quadro de 
funcionários da rede pública. È absurdo a forma omissa que a educação encara o 
número cada vez maior de alunos com necessidades especiais de diversas origens, 
além do portador de TDAH, e que nada de concreto acontece na grande maioria das 
escolas segregando essas crianças a um futuro não muito promissor pois além de sua 
dificuldade, ainda é obrigado a conviver com a omissão de uma sociedade injusta e 
demagoga. 
Contribuir para o crescimento dos processos da aprendizagem e auxiliar no que 
diz respeito a qualquer dificuldade em relação ao rendimento escolar, também é do 
âmbito da Psicopedagogia, bem como de educadores em geral. 
Ter conhecimento de como o aluno constrói seu conhecimento, compreender as 
dimensões das relações com a escola, com os professores, com o conteúdo e 
relacioná-los aos aspectos afetivos e cognitivos, permite uma atuação mais segura e 
eficiente. As dificuldades de aprendizagem como conseqüência do TDAH, tendem a 
agravar-se na medida em que não são diagnosticados precocemente. Assim a 
atuação da Psicopedagogia tem como base o pensar, a forma como a criança pensa e 
não propriamente o que aprende. Ter um olhar psicopedagógico de um processo de 
aprendizagem é buscar compreender como eles utilizam os elementos do seu sistema 
cognitivo e emocional para aprender. É também buscar compreender a relação do 
aluno com o conhecimento, a qual é permeada pela figura do professor e pela escola. 
A escola por muitos anos destacou o que o aluno não conseguia fazer, 
evidenciando suas dificuldades com as reprovações. Hoje, dentro da nova realidade, é 
 39
preciso que a escola respeite aquilo que o aluno não consegue fazer ou aquilo que ele 
leva um tempo maior do que os outros para realizar, porque isso é uma conseqüência 
de algo que ele não consegue dominar. Assim, o pedido é outro: é preciso conhecer o 
que o aluno faz, potencializando a sua aprendizagem. O pensar sobre aquilo que foi 
aprendido na formação do professor e os estilos utilizados na hora de ensinar é o que 
pode impulsionar o caminho da mudança mais efetiva e competente em educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCLUSÃO 
Ao longo deste estudo a respeito sobre crianças portadoras de TDAH ficou 
comprovado que este é um distúrbio neuro-comportamental, que vem merecendo 
estudos e pesquisas no mundo inteiro. Este transtorno continua sendo um dos 
transtornos menos conhecidos por profissionais da área da educação e mesmo entre 
os profissionais de saúde, o que de acordo com a precária situação social, 
principalmente das crianças matriculadas nas escolas públicas, atrasa e prejudica 
consideravelmente o tratamento desta criança que como conseqüência apresenta 
sérios problemas na escola, prejudicando o seu aprendizado. 
De acordo com o descrito no capítulo 1, o TDAH caracteriza-se essencialmente 
pela desatenção, hiperatividade e impulsividade na criança, que causam prejuízo no 
funcionamento familiar, social e escolar. È um distúrbio químico que apresenta uma 
disfunção na área do cérebro conhecida como córtex pré-frontal devido a uma 
alteração no funcionamento de um sistema de substâncias chamadas 
neurotransmissores. No caso do portador de TDAH, o córtex pré-frontal permanece 
hipoativo, não realizando o equilíbrio necessário e como resultado, os estímulos são 
recebidos em demasia, propiciando a inquietude e a distração.Para os alunos 
portadores de algum tipo de deficiência, Vygotsky (apud. Marta Kohl,1993:28) afirmou 
que “A educação para estas crianças deveria se basear na organização especial de 
suas funções e em suas características mais positivas, ao invés de se basear em seus 
aspectos mais deficitários”. Daí a necessidade do profundo conhecimento por parte do 
educador, das fases do desenvolvimento mental da criança e suas adversidades, 
propondo estratégias educacionais que possam atender a alunos portadores de TDHA 
de forma que a escola represente mais um espaço de aquisição de conhecimentos e 
não um espaço onde o aluno fica a margem do processo educativo.Não devemos 
reduzir as possibilidades deste aluno, mas num processo de interação constante 
 41
descobrirmos as suas “vias de acesso” à constituição de conhecimentos e valores, 
para que se possibilite seu aprender, sem que previamente determinemos até onde 
terá condições de caminhar. Assim o trabalho com esta criança principalmente nas 
séries iniciais, onde o transtorno fica mais evidenciado, requer do professor um 
compromisso ético com o desenvolvimento daquele aluno, que ao invés de ser 
rotulado como incapaz, deveria ser acompanhado mais de perto, com novas práticas, 
onde a escola proporcionasse a ele um ambiente prazeroso e não a primeira porta 
para sua exclusão. 
A falta de parceria junto aos órgãos governamentais, onde as Universidades 
continuam formando professores que mal estão preparados para atuarem com 
crianças que não apresentam nenhum distúrbio aparente e consequentemente espera-
se que não apresentarão problemas ao longo de sua vida escolar, e que ao chegarem 
na sala de aula deparam-se com uma realidade totalmente diferente do que lhe foi 
passado na formação. Turmas numerosas nas escolas públicas, profissionais 
tradicionais nas escolas particulares, necessidade de cumprimento de um currículo 
que não atende a este aluno com TDAH, e que é prejudicado pela fragilidade e falta de 
transparência de um sistema que continua atendendoa poucos em detrimento de 
muitos. 
Conforme visto nos capítulos 2 e 3 a criança portadora de TDAH, necessita de 
intervenções adequadas, acompanhamento médico, psicológico e psicopedagógico 
para que o seu quadro venha a apresentar êxito a médio e em longo prazo. Não se 
pode esperar de um portador de TDAH, respostas precisas em curto prazo. È um 
caminho longo o aluno, o professor, a escola e sua família precisam percorrer juntos, 
onde a cada tropeço um certamente apoiará o outro para que as conquistas não se 
percam ao longo do trajeto. 
A falta de habilidade e conhecimento para lidar com a criança portadora de 
TDAH, a falta de parceria e acompanhamento de outros profissionais que possam 
auxiliar aos professores a traçarem qual melhor caminho a seguir, investindo nas 
capacidades de cada um ao invés da prioridade às deficiências, o respeito ao ritmo 
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individual e a valorização de sua “bagagem cultural” que certamente facilitará todo o 
trabalho do educador que estará embasado em políticas educacionais que possibilitem 
a real inclusão não só dos portadores de TDHA como aqueles que possuem outras 
necessidades ainda mais complexas. O aluno é incluído quando ele é aceito, quando 
ele faz parte de todo um processo, quando ele acompanha aquilo que a escola tem 
para oferece-lo e não quando ele faz parte de um quadro quantitativo que é utilizado 
em diversas situações, menos naquela que privilegia o verdadeiro sentido de 
educação. 
O Sistema Educacional urge por mudanças. O perfil da sociedade atual , onde 
o ambiente também favorece o surgimento de novas síndromes e distúrbios, precisam 
ser levados em conta de forma real e precisa. A escola não pode ficar a mercê da 
desinformação, e do “coquetel de métodos e teorias” que não atendem aqueles que 
estão entrando para a vida escolar. Também a generalização do TDAH, onde quando 
mal diagnosticado pode encobrir um carência de limites por parte da família, ou o 
excesso de medicação por muitas vezes desnecessária ou em dosagens não ideais, 
só servem para agravar o fato,onde de uma forma ou de outra esta criança ficará 
estigmatizada. 
A criança portadora de TDAH necessita de um olhar carinhoso e especial. Ela 
precisa ser aceita com suas particularidades em seu grupo, e jamais deverá ficar no 
fundo da sala a espera do término do ano letivo, onde o professor irá comunicar a seu 
responsável, que infelizmente não foi possível aprová-lo. É um crime não buscar 
mudanças que possam ajudar aqueles que precisam. Esta criança não aceita na 
escola, certamente buscará mais tarde um outro grupo que certamente a aceitará e 
assim a sociedade vai aumentando as suas estatísticas quanto ao número de 
delinqüentes, analfabetos e dependentes de drogas. 
“Educar, exige reflexão crítica sobre a prática” (Paulo Freire, 1996:42) e 
enquanto educadores, não podem fugir a responsabilidade que temos no sentido 
buscarmos práticas pedagógicas eficientes para que possamos atender a esta 
clientela que cresce a cada dia em nossas escolas. A inclusão de profissionais como 
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psicólogos e psicopedagogos em todas as escolas, auxiliariam o professor e o seu 
aluno portador de TDAH, realizando as intervenções necessárias junto ao aluno e a 
família, construindo juntos caminhos possíveis para se chegar lá. 
Confirma-se então a hipótese que a escola precisa ajustar-se às transformações da 
sociedade, incluindo crianças em seus diferentes aspectos, habilidades e 
competências, onde o educador adequadamente formado e atualizado verá seus 
alunos pelas possibilidades e não pelas limitações, realizando um trabalho criativo, 
inteligente, contextualizado apesar das dificuldades que possam surgir. 
 Políticas educacionais voltadas para o real crescimento do aluno, 
proporcionarão novas estratégias e parcerias para o ensino. A relação entre a teoria e 
a prática auxiliará o professor a realizar seu trabalho, atendendo aos reais interesses 
de crianças tão especiais, que estão além do nosso tempo e conhecimento. 
Sugiro maior aprofundamento nos estudos relativos a neurobiologia, pois estes 
constituem-se de grande valia para o profissional que sente a necessidade de 
atualização e a busca de novos caminhos. A Neurobiologia auxiliará este profissional 
no entendimento de determinadas causas e conseqüências de inúmeras disfunções 
que surgem no cotidiano escolar. Outra sugestão pertinente é o estudo sobre a 
Legislação Educacional Brasileira dentro dos diferentes contextos históricos, onde 
raramente o aluno constitui-se em prioridade sem que houvesse interesses obscuros 
em seus diferentes discursos. Estudos relativos ao perfil daquele que se propõe a ser 
um educador, também se constituí de uma boa sugestão que irá pontuar ao longo do 
tempo, quem são estes profissionais e por quais motivos escolheram a educação 
como profissão, se foi por vocação ou por ser um dos caminhos mais fáceis para se 
obter um emprego ou um diploma. Assim talvez seja possível encontrar mais 
respostas que sejam consistentes e coerentes com triste quadro da educação 
brasileira. 
Enquanto mãe de portador de TDAH percebe-se a necessidade deste estudo, 
pois se vê bem de perto, o que o estigma, a escola inadequada, o diagnóstico tardio e 
a não aceitação no grupo prejudicaram meu filho no passado, o que hoje, graças ao 
 44
elo formado com minha família, amigos, estudos, busca por profissionais competentes 
e atualizados na área, a inclusão numa escola pública e de qualidade onde apesar de 
toda carência que a própria estrutura a obriga, o compromisso é o que rege a rotina 
desta escola, e o encontro com um profissional que escolheu sua profissão por 
vocação e amor, está conseguindo reverter este quadro, a passos pequenos, mas com 
grandes vitórias, que fez com que esta criança acreditasse em sua capacidade e 
principalmente tivesse a certeza de que é muito amada por todos nós. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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