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EFEITOS DA TERAPIA ESPELHO EM MEMBRO SUPERIOR PÓS-AVC

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PATRICIA VALENTE CORRÊA
EFEITOS DA TERAPIA ESPELHO EM MEMBRO SUPERIOR PÓS-AVC
Rio de Janeiro 
2018
PATRICIA VALENTE CORRÊA
EFEITOS DA TERAPIA ESPELHO EM MEMBRO SUPERIOR PÓS-AVC
Trabalho acadêmico, apresentado a Clinica Escola Asce como método de avaliação de conclusão de estágio em Neurologia Adulto.
Rio de Janeiro, Maio de 2018
Drª Patricia Gonçalves
Rio de Janeiro 
2018
INTRODUÇÃO
O acidente vascular cerebral (AVC) é definido em termos de uma disfunção vascular hemorrágica ou isquêmica que pode atingir diferentes regiões do encéfalo e resultar em danos neurológicos e déficits sensório motores. As alterações mais freqüentes são a hemiparesia ou hemiplegia e os distúrbios de sensibilidade e coordenação. O membro superior (MS) encontra-se comprometido devido à fraqueza e/ou espasticidade. Esses déficits podem levar à limitação de atividades de vida diária (AVD) e incapacidades funcionais, restringindo a participação social do paciente. No rol terapêutico da neuro reabilitação do MS com paresia pós-AVC, encontram-se métodos e técnicas voltadas para a diminuição dos comprometimentos funcionais e recuperação das capacidades do indivíduo, de modo que ele possa atingir o maior grau de independência funcional possível. A terapia espelho (TE), um desses métodos, utiliza retroalimentação visual para estimular a plasticidade neuronal na área motora primária e reorganização cortical, mecanismos responsáveis pelos resultados terapêuticos obtidos por essa terapia. Além disso, outros mecanismos têm sido sugeridos, como a estimulação de determinadas áreas do córtex motor primário e pela ativação dos neurônios espelho, induzidas pela TE. 
TERAPIA ESPELHO (TE)
A técnica da TE consiste na realização de atividades bimanuais com o uso de uma caixa com espelho unilateral colocado no plano sagital (em relação ao paciente). Dessa forma, o paciente visualiza o reflexo do seu membro superior sadio como se fosse o membro comprometido. Para aplicação da técnica, são propostos basicamente dois protocolos: a realização de movimentos isolados de ombro, cotovelo, punho e dedos, ou tarefas funcionais do membro superior.
Neurônios-espelho necessariamente envolvem interações entre modalidades múltiplas, visão, comandos motores, propriocepção, os quais sugerem que eles poderiam estar envolvidos na eficácia da terapia espelho em pacientes pós-AVC. Quando se trata do AVC, as reorganizações da imagem corporal no córtex sensorial e motor podem gerar limitações reais do movimento, mas também limitações que podem ser classificadas como “paralisia aprendida.” Isto se dá devido a um vaso sanguíneo obstruído no cérebro, as fibras que se estendem do cérebro para a medula espinhal ficam sem oxigênio e sofrem um dano, gerando uma paralisia real; porém, nas fases iniciais de um derrame, o cérebro apresenta um edema, deixando também, temporariamente, alguns nervos simplesmente atordoados e desligados. Durante este período, quando o membro não funciona, o cérebro recebe feedback visual negativo. Depois que o edema diminui, em virtude da vivência de um feedback visual negativo, é possível que o cérebro do paciente fique com uma forma de “paralisia aprendida” . Uma possibilidade é que caso exista um resíduo de neurônios-espelho sobreviventes e latentes, através da terapia-espelho um fornecimento de informação visual através da terapia-espelho poderia reviver os neurônios motores. Tal possibilidade foi investigada e confirmada por um grupo de pesquisadores que utilizaram em um grupo experimental um protocolo composto de terapia-espelho e também de vídeos onde os pacientes assistiam a movimentos realizados por pessoas sadias, para que logo após tentassem usar seu braço parético para realizar os movimentos. Comparado ao grupo controle que realizou um protocolo de fisioterapia convencional e assistiu um vídeo com símbolos geométricos, o grupo experimental apresentou resultados superiores. Os estudos sobre terapia-espelho demonstram que a referida técnica tem grandes implicações, ambas para a prática clínica e para nosso entendimento teórico do cérebro. Do ponto de vista clínico, os estudos sugerem que a terapia-espelho pode acelerar a recuperação funcional de uma ampla gama de desordens sensório-motoras, tais como hemiparesia pós-AVC ou outra lesão cerebral. Em um nível teórico, os achados também têm grande relevância para nosso entendimento de função cerebral normal e anormal. A antiga visão de função cerebral (modelo padrão), proveniente do século passado e que a neurologia ainda tem se baseado, é a noção que o cérebro consiste de um número grande de módulos autônomos altamente especializados que interagem muito pouco com os outros no nascimento. Desordens neurológicas, nesta visão, resultam de um dano relativamente irreversível e permanente para um único ou um pequeno subconjunto de módulos, o qual não explicaria exatamente a especificidade da localização de sinais e déficits, mas também porque existe geralmente tão pouca recuperação de função após lesões ou danos cerebrais. Ao eliminar um módulo automaticamente uma função é eliminada para sempre.
Conclusão
Conclui-se que a TE promove melhora clinicamente significativa da função motora e da independência funcional do membro superior com paresia pós-AVC, independente da fase de recuperação. Essas melhorias, evidenciadas por estudos de moderada a alta qualidade metodológica, fortalecem a indicação da TE como medida terapêutica adjunta na reabilitação. Os efeitos da TE sobre a independência funcional na fase aguda do AVC ainda não estão totalmente estabelecidos, portanto, torna-se necessária a realização de maior número de estudos de boa qualidade metodológica, para testar essa hipótese. Além disso, são necessários estudos que investiguem a duração dos efeitos de melhora da função motora do MS e independência funcional, por meio de seguimento desses pacientes após o término do tratamento. Os únicos dois estudos que realizaram seguimento após intervenção mostraram que os efeitos não se mantiveram.

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