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Caderno do NCPC professor Renato Castro

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Processo Civil – Novo CPC
Aula 01
Jurisdição
Conceito
A primeira coisa que temos que recordar para entendermos o Novo CPC é o conceito de jurisdição. Não dá mais para adotar o conceito antigo de que “jurisdição é a atividade do Estado-juiz de aplicar o direito até então abstrato ao caso concreto”. A jurisdição não pode ser encarada como “dizer o direito”. Toda a tônica do Novo CPC está centrada na realização dos direitos. A preocupação moderna é com a realização dos direitos. 
De nada adianta eu entregar uma sentença à Priscila dizendo que ela tem direito a essa casa. Eu disse o direito. Olhei para a tese da parte contrária e disse que o imóvel é dela. Só que a Joana não sai do imóvel e a Priscila não consegue fruir o bem da vida. Eu tenho que arrancar a Joana do imóvel e dar para a Priscila. No dia em que a Priscila puder ter o imóvel de volta, a jurisdição vai ter alcançado seu resultado. Jurisdição não pode se limitar ao conceito antigo de declarar o direito à luz do caso concreto. Isso também é jurisdição (dizer o direito), mas não é só isso.
O Novo CPC se preocupa com a efetivação dos provimentos jurisdicionais e com a concretização dos direitos. Portanto “jurisdição é a atividade do Estado de dizer o direito e de concretizar esse direito”. É preciso ter essa visão moderna.
O Novo CPC adotou uma técnica antiga. Até pouco tempo atrás a lei processual era criada determinando a forma dos atos processuais e a sequência processual com uma exatidão fantástica. A lei processual moderna abandonou a ideia da tipicidade das técnicas processuais e vem se utilizando de cláusulas abertas. Vamos encontrar no CPC várias regras abertas. Ao invés de dizer “A, B e C”, vai dizer que “o juiz pode qualquer coisa menos X e Y”. O princípio da tipicidade das medidas executivas era utilizado antigamente e com o CPC Novo teremos o princípio da atipicidade.
O juiz e as partes poderão, em algumas situações, montar o procedimento adequado naquele contexto de conflito. Para chegarmos a essa promessa de realização de direitos, o NCPC abandona técnicas passadas e adota técnicas modernas, dentre elas a flexibilização do procedimento. O art. 461 é um dos mais modernos do CPC de 73 (o juiz para efetivar a tutela específica pode adotar medidas executivas ou outras). Lá tem um rol exemplificativo. Ali temos um exemplo claro de atipicidade. Vai usar razoabilidade e proporcionalidade. Abram a cabeça para os princípios.
Canotilho disse que esse é o século dos princípios (os séculos anteriores eram os das regras). Essa é uma das preocupações que temos. Esse Código só vai funcionar se os juízes se prepararem para isso porque exige um maior conhecimento de trabalhar com os princípios. 
Princípios e características:
Investidura: de acordo com o sistema vigente – isso decorre da Constituição Federal – só vai realizar essa atividade de jurisdição aquele órgão regularmente investido desse poder-dever. Então, se a jurisdição é um poder-dever de realizar o direito, só tem esse poder-dever os órgãos que foram regularmente investidos. Como se reveste alguém? Basicamente a forma mais democrática e justa é mediante um concurso de provas e títulos (se você quer ter jurisdição, vai fazer concurso para juiz). Mas, existe a possibilidade de você ingressar na magistratura pelo quinto constitucional, existe a possibilidade nos Tribunais Superiores de você cair de paraquedas (para entrar no STF basta ter notório saber jurídico e reputação ilibada).
Indeclinabilidade: uma vez que você foi regularmente investido e é competente, você não pode deixar de julgar àquela causa a que foi submetido. Por vezes você tem até o dever funcional de remeter os autos ao juízo competente no caso de incompetência absoluta. Por você ter jurisdição e competência você não pode deixar de julgar aquele caso. Está lá no art. 140 do Novo CPC (“o juiz não se exime de decidir sob alegação de lacuna ou obscuridade no ordenamento jurídico”). O art. 140 do NCPC tirou a parte final “se não houver lei recorrerá a analogia, aos costumes e aos princípios gerais do direito”. A preocupação do CPC Novo é com uma necessidade de se analisar o ordenamento jurídico como um todo. Tirou a expressão lei e colocou ordenamento jurídico para que olhemos também para a Constituição Federal. Nós temos que interpretar e aplicar as leis a partir dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal. Os primeiros artigos do NCPC repetem direitos fundamentais da CF/88 (contraditório, duração razoável do processo, publicidade, fundamentação). Se já está na Constituição, para quê colocar na lei? Porque existem “antas” que não leem a Constituição. Isso vai gerar problemas (exemplo: tem um princípio positivado na Constituição Federal que foi copiado no NCPC. Se não for observado o princípio no acórdão, houve violação à lei federal e à Constituição. Você deveria ter entrado com os dois recursos: RE e REsp porque senão você vai correr o risco de não ter os recursos conhecidos).
Art. 140, do NCPC. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
Indelegabilidade: se apenas os órgãos investidos de jurisdição podem realizar esse poder-dever, eles não podem delegar essa atividade. A atividade jurisdicional é privativa dos membros do Poder Judiciário e eles não podem delegar. O que pode acontecer são outros meios alternativos de solução de conflitos (conciliação, mediação e outras formas). Essas formas alternativas de solução de conflitos são muito estimuladas pelo CPC Novo, mas isso não significa delegar até porque a atividade conciliatória e mediadora é contratual porque depende da vontade das partes (as partes concordam de participar de sessões de mediação, então não tem coercibilidade). 
Territorialidade (aderência): esse nome aderência é esquisito, mas o fato é que a jurisdição enquanto atividade estatal está ligada à ideia de soberania. O estado soberano exerce jurisdição nos limites do seu território e se costuma dizer que esse poder-dever adere a um determinado território. Os órgãos jurisdicionais só exercem a jurisdição para produzir efeitos aqui no Brasil.
Unicidade: a jurisdição enquanto poder é una, ela não é divisível e cindível. Todo órgão jurisdicional, desde que tenha sido regulamente investido, tem jurisdição. Eu tenho o mesmo poder jurisdicional do Ministro Gilmar Mendes (a competência é diferente, mas poder jurisdicional é o mesmo dele). Não podemos confundir jurisdição com competência. Existe um conceito que eu não concordo de competência que diz que ela é “medida de jurisdição, parcela de jurisdição”. A jurisdição enquanto poder é una, todo órgão tem plenamente. Mas, por uma questão de racionalização e como não é possível que um órgão conheça de tudo, a gente divide as atribuições. Competência é o critério de distribuir entre os órgãos jurisdicionais as atribuições inerentes à atividade jurisdicional. Isso tem a ver com algumas questões práticas. Imaginemos que eu na 19ª Vara Cível de Brasília pegue uma reclamação trabalhista para julgar. As partes não percebem o erro e eu profiro uma sentença de mérito. Não teve recurso e transitou em julgado. Tem um vício grave de incompetência absoluta. Cabe ação rescisória no prazo decadencial de 2 anos. Passados os 2 anos do trânsito em julgado o que fazer com essa sentença? Cumprir. O juízo é incompetente, mas a lei diz que você tem dois anos para alegar o vício e caso não faça isso terá que cumprir. Se ele não tivesse jurisdição o vício seria insanável e mesmo após o decurso do prazo decadencial da rescisória você não iria cumprir a sentença porque a pessoa não teria jurisdição.
Inércia (art. 2º, do NCPC): mantém a ideia do Código de 1973. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial. O artigo segundo mantém a ideia de impulso oficial, desde que o processo tenha se iniciado a partir da vontade da parte. Permanece o princípio da inércia jurisdicional.
Art.2º, do NCPC. O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Substitutividade: uma vez que o Poder Judiciário exerce a jurisdição, resolvendo esse conflito, a vontade do Estado substitui a vontade das partes. A vontade do Estado, que deve refletir a vontade da lei, substitui a vontade das partes. Claro que se o pedido do autor for acolhido, vai coincidir a vontade do Estado com a dele. Em última análise vai prevalecer a vontade do Estado, mesmo que isso esteja de acordo com o réu ou o autor.
Inevitabilidade (coercibilidade): o resultado determinado pela jurisdição é inevitável, então uma vez que as partes se submeteram ao Poder Judiciário o resultado determinado pela atividade jurisdicional seria inevitável. Alguns dizem que isso é uma coercibilidade porque dependendo do tipo de tutela jurisdicional você pode perfeitamente evitar e ignorar a decisão jurisdicional, mesmo definitiva. A depender do tipo de tutela não dá e aí ela vai ser definitiva. A tutela declaratória se basta assim como a constitutiva. Uma vez que o juiz declarou alguma coisa está declarado e ponto final (se o juiz declarou nulo o contrato, ele está nulo e ponto final). Se o juiz decreta o divórcio, extinguiu o casamento (pode viver junto, mas casamento não é mais). Em uma tutela condenatória, executiva ou mandamental é outra coisa. Eu posso condenar o Gustavo a pagar vinte mil reais para a Thaís. Pode no dia seguinte a Thaís perdoar a dívida e nunca executar? Sim. Agora se o credor quiser, ele provoca o Estado e vai executar. Aí me parece mais interessante a característica da coercibilidade e não da inevitabilidade porque se a parte não quiser executar ela não vai fazer).
Ação
Conceito:
Art. 5º, da CF/88. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Segundo alguns, o direito de ação está no art. 5º, XXXV, da CF (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça ao direito”). Alguns dizem que isso seria o direito de demandar que é mais amplo e abstrato que o direito de ação. O Estado não permite que você faça autotutela, então todo cidadão tem o direito de demandar (direito público e subjetivo de exigir do Estado algo). Agora, diante do caso concreto, se você preencher determinadas condições você terá o direito de ação. Alguns dizem que aquilo é o direito de ação, mas para você exercê-lo que entram as condições da ação. 
Pouco importa que você entenda que o art. 5º preveja o direito de ação ou algo mais amplo. O fato é que temos que interpretar o art. 5º não só como um acesso ao Poder Judiciário. O art. 5º, XXXV, traz um direito fundamental que pode ser chamado de direito de acesso à ordem jurídica justa que significa que todo cidadão tem direito a uma tutela jurisdicional que tem três características: tempestividade, efetividade e adequação.
Tempestividade sempre foi um direito fundamental, independentemente de terem colocado a duração razoável do processo. Às vezes a coisa está escrita na CF e a pessoa não lê. Veio em boa hora o inciso LXXVIII do art. 5º que fala da duração razoável do processo. Tutela tempestiva já estava prevista no XXXV. Se esse direito fundamental é de tutela tempestiva e adequada não podemos nos contentar com o conceito de jurisdição de dizer o direito. 
Art. 5º, LXXVIII, da CF/88. A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Teorias:
- Civilista:
Temos a famosa teoria civilista, clássica ou imanentista que dizia que como naquela época não havia ciência processual autônoma todos os fenômenos eram explicados pelo direito material e entendia a doutrina que o direito material uma vez violado ou ameaçado reagia a essa violação ou ameaça e aí você ia ao Poder Judiciário. Então, ao ingressar no Poder Judiciário você estava resolvendo o direito material. Fica fácil de entender que essa teoria não foi adotada pelo nosso sistema porque ela não explica a improcedência do pedido. Se só pode bater no Judiciário aquele que tem o direito material, o seu pedido não poderia ser julgado improcedente. Também não explica a ação declaratória negativa porque eu posso pedir que o Judiciário diga que não há um direito entre mim e outra pessoa.
- Concretista:
A concretista e abstratista surgiram mais ou menos na mesma época. Para a concretista uma vez ameaçado ou violado o direito material nascia um outro direito que é o direito de você bater às portas do Poder Judiciário e exigir uma tutela. Só havia direito de ação se efetivamente existisse o direito material. Significa dizer que embora diversos eles sempre estavam ligados. Praticamente é o mesmo problema da outra porque ficam as mesmas questões sem resposta. Um sempre está ligado ao outro e não se explica a improcedência do pedido e a ação declaratória negativa.
- Abstratista:
Existe o direito material e uma vez que ele é ameaçado ou violado nasce um outro direito da pessoa de exigir do Estado uma tutela jurisdicional que não necessariamente está ligada ao direito material. Você pode ir ao Judiciário sem ter o direito material. O direito de ação existe abstratamente, independentemente de estar ligado ao direito material.
- Eclética:
Liebman fugiu da perseguição nazista na Itália e veio parar no Brasil. Ele influenciou muita gente e criou uma teoria eclética. O direito material é uma coisa, o direito processual de ação é outra coisa que não necessariamente estarão ligados, mas o “trem” não é bagunçado não. Para você ter o direito de ação é necessário o preenchimento de algumas condições (essa teoria parte da abstratista, mas não ignora por completo o direito material). Para exercer o direito de ação você teria três condições: possibilidade jurídica do pedido, interesse e legitimidade. Para Liebman, muito embora ela fosse uma teoria abstratista, não ficava de lado por completo o direito material, tanto que as condições da ação se aproximavam do mérito porque para saber se você é parte legítima, se tem interesse e se o seu pedido é juridicamente possível, eu tenho que olhar para o direito material. Liebman criou as condições da ação por economia processual. Não tem como eu olhar para elas sem olhar a relação material, mas às vezes eu posso julgar improcedente a ação “de cara’. Como se corta o mal pela raiz? Olhando o que está na minha cara, mas vem do mérito. 
Exemplo: Gabi ingressa com uma ação de despejo contra a Thaís dizendo que a locadora é a Patrícia, mas quer que ela seja despejada porque ela não paga os aluguéis. Se a Gabi não é locadora, o seu pedido deveria ser julgado improcedente. Liebman chamou isso de legitimidade. A mesma coisa é com o interesse. Você entrou com a ação de cobrança contra a Thaís. Ela me devia, já pagou, mas eu quero cobrar de novo. O seu pedido é improcedente e está na cara isso. Liebman chamou isso de interesse. Se eu já detecto que você não tem razão, eu vou chamar isso de condição da ação. A mesma coisa com a possibilidade jurídica do pedido. Você falou que uma pessoa está te devendo por uma dívida de jogo. Como o seu pedido é improcedente e está na cara, eu vou chamar isso de possibilidade jurídica do pedido.
Liebman, ao criar as condições da ação, permitiu que o juiz avançasse no mérito e permitiu que o juiz ao chegar na ilegitimidade se debruçasse sobre provas. Qual é a vantagem então das condições da ação? Modernamente nós trabalhamos com a teoria da asserção que não veio para negar por completo a teoria do Liebman. Ela veio para tornar as condições da ação como algo produtivo.
- Asserção:
A teoria da asserção não nega por completo a teoria eclética. Ela aperfeiçoou a teoria eclética. Pela teoria da asserção as condições da ação devem seranalisadas a partir daquilo que está escrito na petição inicial, sem a incursão nas provas porque se eu tiver que analisar as provas do processo, eu já passei pelas condições da ação e estou entrando no mérito. Então, a teoria da asserção não nega por completo a teoria eclética até porque ela parte das condições da ação. Ela viabilizou sua aplicação com mais eficácia. Ela é adotada hoje como forma de se trabalhar adequadamente com a teoria eclética. 
Condições da ação:
Para Liebman as condições da ação eram três: (a) interesse de agir; (b) legitimidade e (c) possibilidade jurídica. 
Interesse de agir:
Interesse de agir é necessidade + adequação. Você tem necessidade de uma tutela jurisdicional quando o seu direito for ameaçado ou violado. De nada adianta você preencher o requisito da necessidade se você não pleitear uma tutela útil, então você tem que pleitear a tutela adequada. Se a tutela que você requer não é adequada, ela será inútil. 
Legitimidade:
Legitimidade diz respeito à pertinência subjetiva e significa que só tem legitimidade para pleitear em juízo a pessoa que teve o direito violado. Só tem legitimidade para responder uma demanda aquele que é o ameaçador do direito. Isso se chama legitimidade ordinária.
Mas, excepcionalissimamente, a lei autoriza que alguém ingresse em juízo em nome próprio para defender direito alheio. Isso é a legitimidade extraordinária. O art. 18 diz que “ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico” (no antigo artigo falava em “lei”, mas é a mesma mensagem). A regra geral é a legitimação ordinária e a exceção é a extraordinária. 
A confusão que se faz na doutrina diz respeito a substituição processual e representação. Muita gente destaca que substituição processual é sinônimo de legitimação extraordinária, mas outros dizem que é diferente. Alguns dizem que a legitimação extraordinária se divide em substituição processual e representação.
Eu não posso ler essa representação aqui e raciocinar com base na representação típica do direito material porque lá tem representação da pessoa que é absolutamente incapaz. Essa representação é do Direito Civil e aqui estamos falando do Direito Processual. Sob o ponto de vista processual se eu tenho uma criança pedindo alimentos o autor é a criança (legitimação ordinária), mas para resolver o problema da capacidade processual, que é um pressuposto, eu tenho que olhar para o Direito Civil. Ele só terá plena capacidade processual se estiver representado, mas o autor é ele em legitimação ordinária. A jurisprudência faz uma diferenciação, especialmente nos acórdãos do STF. A classificação mais correta é ordinária de um lado e, do outro lado, a extraordinária. Dentro da extraordinária temos a representação processual e substituição processual. Vamos chegar a algumas conclusões a partir de alguns julgados.
De acordo com a orientação do STF e do STJ, os sindicatos possuem ampla legitimidade extraordinária para defender em juízo os direitos da categoria. A hipótese é de substituição processual e não de representação. Estou no universo da legitimidade extraordinária porque ele vai a juízo em nome próprio para defender o direito dos sindicalizados. Dentro desse universo da legitimidade extraordinária a hipótese é de substituição, razão pela qual é desnecessária a autorização dos substituídos. Quando eu tenho substituição processual, aquele que é o substituto defende o direito alheio independentemente da autorização dele, ao passo que se eu tiver direito de representação eu tenho alguém defendendo em nome próprio direito alheio com autorização. Na substituição processual o substituto (a parte do processo que está em juízo) não precisa da autorização do alheio que é o autor do direito. 
Fiquem de olho nesse acórdão porque ele foi julgado no dos repetitivos. O acórdão diz que além de precisar de autorização porque é representação e não substituição, ela tem que ser expressa (não basta a genérica prevista no estatuto). Algumas associações que defendem direito dos associados tinham no seu estatuto que se podia defendê-los em juízo. O STF, a partir desse acórdão, disse que não basta a autorização expressa no estatuto porque ela tem que ser dada especificamente para aquela causa seja mediante uma assembleia ou autorização individual dos associados. Reforça a necessidade de autorização.
Agora, a partir da análise desses acórdãos nós chegamos a seguinte conclusão: em se tratando de sindicato ou de associação profissional o caso será de substituição processual. Em se tratando de associações outras que não sejam profissionais incide a representação, sendo necessária autorização expressa. 
Eu tenho várias espécies de associação. Eu tenho a associação dos moradores do Lago Sul, associação dos defensores do jardim botânico e tenho por outro lado as associações de classe (profissionais). O regime das associações de classe é de substituição processual e não há necessidade de autorização. Exemplo: a associação dos policiais militares pode ajuizar uma ação em nome deles e não precisa de autorização. Mas a associação da Samsung só pode entrar com uma ação pelos associados se tiver a autorização individual ou de assembleia dos associados. Substituição processual não precisa de autorização de ninguém. Na representação há necessidade de autorização nos termos que já vimos.
Por que é assim? Por que nas associações profissionais e sindicatos não precisamos de autorização? Sindicato e associação profissional vai “dar a cara para bater” para pedir aumento e direitos a favor dos associados. Exemplo: se o sindicato dos metalúrgicos do ABC precisasse de autorização para entrar com uma autorização contra a Wolksvagem ninguém iria querer autorizar individualmente porque as pessoas poderiam ter medo de serem demitidas. Presidente do sindicato tem estabilidade porque ele que vai lutar pelos direitos. Na representação não existe isso porque não tem do outro lado um patrão e uma empresa que vai te mandar embora. Isso é para proteger o trabalhador.
Já que estamos falando de condições da ação e antes de chegarmos no Novo CPC olha o que temos de interessante de interesse processual. Existe uma má compreensão da questão do acesso ao Judiciário e da necessidade de você primeiro bater às portas de um lugar fora do Judiciário. Ninguém é obrigado a esgotar as vias administrativas antes de bater às portas do Judiciário, a não ser que seja Justiça Desportiva. Mas, não podemos confundir exaurimento das vias administrativas com interesse processual. Há muitos anos o sujeito achava que tinha direito a um benefício previdenciário e nem pedia no INSS. Ele já pedia direto no Judiciário. Se o “cara” não bateu às portas do INSS e não houve recusa em lhe dar o benefício, aonde está a lide? Ele tem que pelo menos receber um “não” (não precisa esgotar a via administrativa). Qual é a necessidade da tutela se ele ainda não pediu um benefício? Eu posso dizer que o direito dele foi ameaçado ou violado? Não. A concessão de benefícios previdenciários depende do requerimento do interessando, não se caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS. Ninguém quer que você vá exaurir as vias administrativas, mas pelo menos tem que ter um “não” porque senão não tem conflito a ser dirimido. Esse é um acórdão do STF de 2014. Teve um acórdão do STJ que adotou esse entendimento e disse que o Poder Judiciário não é balcão do INSS.
O que temos de interessante no STJ? O que acontecia? O sujeito acha que tem direito a revisar o contrato de financiamento, mas alega que não tem uma via do contrato. Ele entra com uma ação de revisão do contrato. Ele diz que quer entrar com a revisão do contrato, mas como não tem uma via, ele quer que o banco a mostre. Se não houve recusa do Banco não há interesse. A propositura da ação cautelar de exibição de documentos precisa da demonstração da existência de relação jurídica entre as partes, a comprovação do prévio pedido à instituição financeira não atendido emprazo razoável. Se você não pediu para o banco o documento ou se ele não demorou a te entregar, não tem conflito.
Na mesma linha tem o seguro DPVAT. O “cara” sofreu um acidente de trânsito, teve despesa hospitalar e tem direito ao seguro DPVAT. Se ele ainda não pediu para qualquer seguradora (pode pedir até pelo Correio), ele não pode ir direto para o Judiciário. O requerimento administrativo prévio constitui requisito essencial para o ingresso da demanda judicial.
A situação de direito material é diferente, mas processualmente falando não tem diferença entre benefício do INSS, seguro DPVAT. Não se confunde esgotamento da via administrativa com o simples requerimento não atendido.
Legitimidade das seguradoras para ação de reparação de danos – o STJ tinha um entendimento e depois mudou para melhor. O STJ até 2012 vinha entendendo que o sujeito que é prejudicado por um acidente de trânsito (vítima) poderia acionar a seguradora do causador do dano. Exemplo: se a Gabi bateu no carro do Gustavo e ela tinha seguro, o STJ conferia ao Gustavo legitimidade para assegurar direito a seguradora. 
Quando você faz um contrato de seguro contra terceiros existe uma estipulação para um terceiro (você faz um contrato com alguém colocando um terceiro como beneficiado). O Código Civil diz que o beneficiado pela obrigação pode pleitear caso o contratante não faça. Então, no exemplo acima, o Gustavo poderia entrar direto contra a seguradora dela já que ele era beneficiado. Só que no seguro contra terceiro o terceiro não é beneficiado. 
O Código Civil fala que no seguro obrigatório a vítima pode demandar direto contra a seguradora. Você olha para o Código Civil na parte de contrato de seguro e lá diz que temos o seguro obrigatório (DPVAT) e o convencional (do dia a dia). No seguro obrigatório o segurado pode demandar direto contra a seguradora e no convencional não. Por que no seguro obrigatório, se você foi prejudicada em um acidente, você pode ingressar direto contra a seguradora? Porque no seguro obrigatório não se exige comprovação de dolo ou culpa. Como não precisa discutir culpa você pode acionar diretamente, mas no convencional precisa demonstrar a culpa. Como que você no seguro convencional demanda direto contra a seguradora e vai demonstrar a sua culpa no processo sendo que você não está processo? Isso viola contraditório e ampla defesa. 
Por isso que o STJ evoluiu e disse que descabe ação do terceiro prejudicado ajuizada direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano. Você pode demandar diretamente contra a seguradora desde que coloque o segurado no polo passivo. O prejudicado não pode demandar direto e exclusivamente contra a seguradora (ele tem que colocar o segurado no polo passivo para discutir com todo mundo no processo de quem é a culpa).
Possibilidade jurídica do pedido:
O que aconteceu com o CPC Novo com relação às condições da ação? A possibilidade jurídica do pedido sumiu. A demanda sempre é juridicamente possível a não ser que a lei vede, em tese, a sua pretensão. Então, sempre haverá possibilidade jurídica, a não ser que a lei vede a sua pretensão. 
A impossibilidade jurídica é a existência de norma que impede a apreciação da sua pretensão. É algo muito raro. Alguns dizem que impossibilidade jurídica significa a ausência de norma, em tese, que regulamente aquele direito e isso está errado. Se não existe norma expressa regulando aquele direito o problema não é de impossibilidade jurídica, mas sim de lacuna no ordenamento jurídico e o juiz tem que “se virar” para resolver o caso usando analogia, princípios gerais do direito e costumes. 
Impossibilidade jurídica do pedido, na verdade, é inexistência de vedação. Exemplo antigo que motivou o CPC de 1973 era o divórcio. Se a pessoa casou, ela vai continuar casada até morrer. Aquilo era doença incurável porque havia previsão expressa de que não era possível o divórcio (o vínculo matrimonial era para sempre). Liebman criou esse exemplo e chamou de condição de ação, só que na Itália foi previsto a possibilidade do divórcio e ele tirou do seu manual a possibilidade jurídica do pedido na terceira edição. 
O Novo CPC não fala mais na possibilidade jurídica expressamente, mas eu continuo tendo situações no direito material que impedem o meu pedido (na dívida de jogo o problema está na causa de pedir). A vedação muitas vezes não está no pedido e sim na demanda. A possibilidade jurídica do pedido sumiu de condição da ação e foi encaixada no interesse porque se a lei veda expressamente a pretensão, não terá a menor utilidade. No Novo CPC a possibilidade jurídica sumiu e foi embutida no interesse processual. 
Não basta nós verificarmos só isso. Há uma outra discussão interessante na doutrina. Subsistem as condições da ação com esse nome? Vários doutrinadores dizem que essa dicotomia não tem razão de ser (condições da ação e pressupostos processuais). Eles defendiam a ideia de colocar tudo no mesmo pacote e chamar os pressupostos processuais e as condições da ação nos requisitos para a análise do mérito. O CPC parece ter adotado essa teoria. O Novo CPC abandonou as condições da ação. Ele mantém o interesse e a legitimidade como requisitos da análise do mérito, mas não como condições da ação. Esse pessoal está correto por uma razão científica. O art. 17 diz que para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. O art. 485, VI diz que o juiz não resolverá o mérito quando verificar a ausência de legitimidade ou de interesse processual. Não usa a expressão “condições da ação”. O art. 330, II diz que a petição inicial será indeferida quando a parte for manifestamente ilegítima e o autor carecer de interesse processual. Em nenhum momento o Novo CPC fala em condições da ação. Cabe a quem dizer o que é interesse e legitimidade? Doutrina. Isso é ciência porque está escrito lá. Fredie Didier tinha essa ideia de acabar com essa dicotomia entre condições da ação e pressupostos processuais. Vamos ainda usar esse nome por mania e porque muita gente ainda acha que existe, mas a tendência é unificar as condições da ação e pressupostos e colocá-los nos requisitos da análise do mérito.
Art. 17, do NCPC. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.
Art. 485, do NCPC. O juiz não resolverá o mérito quando:
VI - Verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
Art. 330, do NCPC. A petição inicial será indeferida quando:
II - A parte for manifestamente ilegítima;
Nós vimos que, pelo menos em princípio, ainda continua em vigor a teoria da asserção, mesmo que você abandone a nomenclatura de condições da ação. Eu tenho que aprender a separar os requisitos para análise do mérito (condições da ação e pressupostos processuais) do próprio mérito. Qual é a solução? Teoria da asserção e, para ela, a verificação das condições da ação ou dos requisitos para a análise do mérito deve ser feita a partir das assertivas do autor na petição inicial. O fato é que a teoria da asserção veio para salvar esse raciocínio e devemos nos debruçar apenas sobre as assertivas do autor para verificar se há interesse e se há legitimidade. 
Se o sujeito ingressa com uma ação de despejo por falta de pagamento afirmando ser o locador e junta o instrumento, então é natural que o magistrado olhe o contrato. No contrato não consta ele como locador e sim outra pessoa. Você vai pedir para esclarecer sobre a legitimidade ativa já que no instrumento consta outra pessoa como locador. O banco pode ingressar com uma ação de busca e apreensão e juntar o instrumento de outra pessoa. Você olha no contrato e vê que o consumidor é outra pessoa. O juiz vai mandar emendar para esclarecer a legitimidade. Então, para se entender bem como se analisam as condições da ação é importante entendermos a teoria da cognição judicial. Isso a ajuda a entender muita coisa no processo civil.
O que é cognição judicial? O professor Kazuo Watanabe tem um livro muito bom. Para essa teoria da cognição judicial, a cognição judicial é a atividade do órgãojurisdicional de analisar e valorar as alegações das partes e provas produzidas no processo (atividade de analisar e valorar as alegações e provas produzidas no processo). Essa atividade do órgão jurisdicional pode se desenvolver na dimensão horizontal e vertical. A dimensão horizontal da cognição judicial diz respeito ao quê será analisado (conteúdo) e a cognição vertical diz respeito a profundidade em que isso será analisado. A cognição horizontal diz respeito a extensão e a cognição vertical diz respeito a profundidade. Na cognição plena o órgão jurisdicional analisa tudo e em termo vertical podemos falar em cognição exauriente ou superficial, conforme ele analisa algo com muita profundidade ou não.
O princípio do tantum devolutum quantum apelatum significa que a apelação devolve para o tribunal a matéria decidida pelo juiz, mas apenas naquilo que foi objeto de recurso. Exemplo: eu tenho aqui a sentença que analisou por exemplo, o pedido A e o pedido B. Concedeu o pedido A e o pedido B. A ré não gostou da sentença, mas se conformou com o pedido B. Ela apela com relação ao pedido A. Em relação ao quê (conteúdo/extensão) que vai ser analisado pelo Tribunal vai ser só a parte A. Em princípio, o Tribunal não pode olhar para o pedido B. A cognição horizontal determina o quê vai ser analisado. Quando o órgão jurisdicional vai analisar aquilo que você definiu, poderá fazê-lo superficialmente ou com profundidade ou até mesmo com uma cognição intermediária. O órgão jurisdicional está analisando as alegações e provas com profundidade para verificar a certeza do que aconteceu. O órgão não vai analisar as alegações e sim a aparência da verdade. 
Eu vou proferir uma sentença. Isso aqui é um marcador do quadro branco. Eu tenho uma piscina e no fundo da piscina está o marcador para quadro branco. Ao proferir a sentença eu tenho que ter certeza do que estou dizendo (vou analisar as teses e provas com profundidade). Eu vou mergulhar com a maior profundidade possível para ter certeza de que aquilo é um marcador para quadro branco. Mas, se o requerente precisa de uma tutela antecipada, eu não vou analisar as teses e as provas com certeza porque eu preciso apenas de verossimilhança, então eu não vou mergulhar tanto para ver se aquilo é um marcador de quadro branco. A cognição mais superficial é analisar de cima da piscina se aquilo é um marcador. Na sentença há cognição profunda. Tutela cautelar: pode ser que aquilo seja um marcador. Condições da ação: pode ser que aquilo talvez seja um marcador. Se é para verificar as condições da ação o juiz vai ficar com uma cognição hiper mega superficial. 
A teoria da cognição judicial delimita a atividade do juiz de analisar as alegações e provas sob o ponto de vista horizontal (o que será analisado) e vertical (profundidade). A teoria da asserção ajuda a trabalhar com as condições da ação. Basta, em princípio, ler a inicial, mas, na verdade, especialmente nos casos em que a inicial vem com prova documental, o juiz vai olhar a prova documental ainda que em cognição hiper mega superficial. 
Elementos da ação:
Para a gente prosseguir então nessa recordação temos os elementos da ação, causa ou demanda. Alguns falam em elementos da ação outros falam em elementos da demanda. Quando se identificam os elementos da ação estamos identificando os elementos da causa posta em juízo. Não estamos falando dos elementos do direito de ação. Estamos falando dos elementos da “ação”, por isso que alguns preferem falar em elementos da demanda ou em elementos da causa. A gente sempre tem que se perguntar qual é a razão de ser das coisas. Processo tem que ser algo lógico, pragmático. 
Por que nós identificamos e trabalhamos com os elementos da demanda? Existe um microssistema dentro do sistema processual para evitar decisões conflitantes. Há um valor constitucional da segurança jurídica. 
Segurança jurídica envolve vários aspectos e os principais são previsibilidade e inocorrência de decisões conflitantes. Previsibilidade significa que você tem mais ou menos uma noção do resultado do processo que você vai ingressar (isso é importante na hora de fazer um contrato porque sabendo como a jurisprudência interpreta algo, vai fazer uma cláusula de uma determinada maneira). Não tem sentido uma pessoa e outra com o mesmo problema levarem isso para o Judiciário e terem soluções diferentes. Esse microssistema é composto por vários institutos, por exemplo, coisa julgada, litispendência, conexão, continência, prejudicialidade externa. Por que existe coisa julgada? Porque senão nunca vai ter uma decisão final. Se eu tenho duas ações iguais tramitando ao mesmo tempo pode ser que uma tenha um resultado e a outra ação tenha outro resultado, o que viola a segurança jurídica. Como identifico o fenômeno da coisa julgada, da litispendência, da conexão e da continência? Para eu identificar esses 4 fenômenos eu tenho que aprender quais são os elementos da causa e da demanda que são partes, causa de pedir e pedido.
- Partes:
O que é parte no Processo Civil? O conceito de parte leva em consideração apenas a relação processual, o processo (não se olha para o direito material). Parte é quem pede e em face de quem se pede (sentido formal de “parte”). Então, se você está na relação processual e alguém pleiteia uma tutela contra você, você é parte. Quando você é um terceiro e é denunciado à lide e foi citado, agora você não é mais terceiro. Tem alguém naquele processo pleiteando algo contra você? Sim. Então, você virou parte porque alguém está pedindo algo contra você. Aquele que está pleiteando uma tutela jurisdicional é parte e aquele que vai sofrer as consequências da tutela também é parte. Esse é o conceito formal e meramente processual puro. 
Mas, não basta esse conceito para explicar tudo. No caso da legitimação extraordinária aquele que está no processo pleiteando não é parte no sentido formal, mas eu não posso ignorar a existência dele porque para alguns fenômenos ele vai ser atingido. Então às vezes você tem que olhar para o direito material e não só para o processual. O art. 1.314 do Código Civil no caso de condomínio (copropriedade ou composse) qualquer um deles pode ir sozinho defender a posse ou a propriedade toda. 
Art. 1.314, do CC/02. Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindica-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la.
Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
Vamos imaginar que eu tenha o imóvel x cujos possuidores ou proprietários são A, B e C. O sujeito D ameaça o direito de posse ou propriedade. O sujeito A pode ir sozinho à juízo contra o D defender a posse ou propriedade toda. Ele está em nome próprio defendendo direito próprio (legitimação ordinária), mas também está em nome próprio defendendo direito alheio (legitimação extraordinária). O juiz julgou improcedente o pedido do A porque reconheceu que D é o proprietário. Feito isso o sujeito B pode ingressar com uma ação contra o sujeito D para pedir a mesma coisa? Se você pensar na coisa julgada no conceito meramente processual você vai verificar que B não foi parte nesse processo, então não pode ser afetado pela coisa julgada material e poderia promover essa ação. Aí o juiz julga improcedente e vem C para fazer a mesma coisa. Não tem sentido. Nesse caso de legitimação extraordinária, tirando as ações coletivas, nós temos que pensar para explicar coisa julgada e outros fenômenos de parte em sentido material e não apenas processual. Está tramitando o processo de A contra D e o B entra contra o D. Eu tenho litispendência? Se eu pensar em parte em sentido formal não, mas, na verdade, no caso da legitimação extraordinária eu tenho que olhar para as partes em sentido material. A é parte em sentido formal, mas também são partes em sentido material o B e o C. Então, em princípio basta o conceito de parte emsentido formal, mas para explicar certos fenômenos nós temos que olhar para o direito material para identificar quem é parte.
- Causa de pedir:
Tradicionalmente se divide em causa de pedir próxima (fundamentos jurídicos) e causa de pedir remota (fundamentos de fato). Alguns doutrinadores invertem (exemplo: Nelson Nery), mas isso não prevalece. A nossa ciência processual adotou a teoria da substanciação que determina ao autor que descreva todas as causas de pedir na petição inicial. O autor deve escrever os fundamentos de fato e de direito. 
Fundamento jurídico não se confunde com fundamento legal. Fundamento legal significa apontar artigos. O legislador se preocupa com o fundamento jurídico, ou seja, você tem que esclarecer qual é a consequência jurídica daqueles fatos que você precisa descrever. Apontar artigo de lei é desnecessário. 
Estamos acostumados a falar em tipo legal no Direito Penal. Tipo legal ou fato típico é um fenômeno de todo e qualquer direito material. Nós temos no ordenamento jurídico a descrição de fatos que, se presentes, vão ensejar uma consequência jurídica. No Direito Tributário isso é fato gerador. Por que nomes diferentes? O que você tem que fazer na petição inicial é descrever os fatos e a consequência, independentemente de você mostrar o dispositivo. O direito material é construído a partir de fatos que, se presentes, ensejam uma determinada consequência.
- Pedido (objeto):
O Novo CPC procura abandonar essa expressão “objeto”. O CPC de 1973 é fantástico sob o ponto de vista científico, mas peca por usar expressões de forma equivocada (exemplo: ora ele fala em “pedido” ora fala em “objeto”; fala em “julgamento antecipado da lide” quando deveria ser “do pedido” porque o juiz julga o pedido). O Novo CPC abandonou a palavra objeto e usa pedido.
O pedido se divide em imediato e mediato. Quando você ingressa em juízo, na verdade, você está exercendo dois direitos: (a) o direito de ação contra o Estado porque ele lhe deve uma tutela jurisdicional; e (b) o direito material que você está exercendo contra o réu. Ao ingressar em juízo (libelo bifronte) você está deduzindo duas pretensões: uma contra o Estado e outra contra o réu. O pedido imediato diz respeito ao pedido de tutela jurisdicional (tutela condenatória, constitutiva, declaratória etc.). O pedido mediato reflete o exercício do direito material (se você quer uma tutela eu vou lhe dar se você preencher as condições da ação e tiver direito material). O pedido imediato é exercido contra o Estado e o pedido mediato é a providência específica que você quer para deduzir sua pretensão. Sua preocupação é o direito material, mas você fez dois pedidos: um de tutela e outro de direito material. O motivo da identificação dos elementos da causa é poder identificar alguns fenômenos.
Aula 02
Classificação das ações:
Existem falsas sentenças terminativas. A gente aprende que sentença definitiva é aquela que resolve o mérito e terminativa é a que não resolve o mérito. Muitas vezes o juiz rotula a sentença de “sentença sem resolução do mérito”, mas ela enseja ação rescisória. Então, não é o rótulo que determina a decisão, mas sim o conteúdo. Exemplo: o juiz diz que indefere os benefícios da justiça gratuita em um despacho. Isso é um despacho? Não. E, cabe, inclusive, recurso. Da mesma forma que se o juiz colocar o nome de “decisão interlocutória”, mas resolver o mérito, aquilo vai ser uma sentença. Se o juiz julgar o mérito, mas colocar que a sentença é “sem resolução de mérito”, aquilo resolveu o mérito e cabe ação rescisória.
A teoria da asserção é muito importante porque facilita essa divisão entre o que é mérito e o que é condição da ação. A doutrina e o STJ vêm adotando essa teoria. As condições da ação devem ser analisadas, em princípio, na petição inicial. Mas não basta a teoria da asserção. Mesmo que você tenha que se debruçar sobre provas você vê as condições da ação e ao analisar mais profundamente as provas, você já está analisando o mérito.
A cognição pode se exaurir com um documento, com 20 testemunhas, com uma revelia etc. A cognição se exaure de acordo com o convencimento que a prova nos traz. Às vezes, com dez testemunhas e vários documentos, você não tem certeza. Um processo que demore 15 anos às vezes não revela a mesma verdade que um processo que demora 3 meses.
Chegamos agora à classificação das ações. A gente vai manter a classificação tradicional com algumas provocações para estimular raciocínio. Nós temos a classificação tradicional ou clássica que parte da tutela jurisdicional pretendida para classificar as ações. Pontes de Miranda tinha uma classificação muito interessante das ações que merece algumas observações da doutrina moderna. Eu vou mencionar porque isso vem ganhando força.
Tradicionalmente, de acordo com a tutela, num primeiro momento, as ações se classificavam em ação de conhecimento, ação de execução e ação cautelar. A ação de conhecimento tem esse nome porque nela você busca uma tutela de acertamento de conflito (você leva ao Judiciário uma lide e, tomando conhecimento dela, o juiz vai resolvê-la). Ela busca uma tutela que resolve uma lide. Agora, dependendo da tutela que você obtém na ação de conhecimento, ela não basta para satisfazer plenamente o seu direito no plano abstrato ou concreto. Isso costuma acontecer quando você tem uma pretensão. Quando você tem um direito potestativo e ele não é reconhecido, a sentença se basta (você não precisa da conduta da outra parte para satisfazer plenamente o seu direito). Mas, em uma pretensão você só terá satisfação no plano concreto quando a outra parte praticar uma conduta. Exemplo: para reconhecer um contrato como nulo não há necessidade de outro contratante praticar conduta posterior para satisfazer o seu direito plenamente. Mas, se o Gleison deve dinheiro para a Isabela, ela tem uma pretensão de cobrança. Se o juiz julgar procedente o pedido de Isabela, a satisfação plena dela só vai acontecer quando o Gleison pagar para ela. 
Nas pretensões a ação de conhecimento não basta e você precisa de uma nova ação. Daí surge a ação de execução, pouco importa se em processo autônomo ou não. Na execução o Estado proporciona ao credor aquilo que ele teria caso o obrigado (devedor) cumprisse o que a lei determina. A execução serve para afirmar um direito e não para dizer um direito. Na ação de execução o Estado desenvolve atos tendentes à satisfação completa do direito do credor.
Agora de nada adianta você ter uma ação de conhecimento que resolve a lide (pelo menos no plano abstrato) e uma ação de execução para realizar aquele direito, se elas estiverem correndo o risco de ineficácia por alguma razão. Há uma necessidade de você proteger o resultado da ação de conhecimento e da execução e, por isso, temos a ação cautelar. Como o próprio nome diz, a ação cautelar busca uma tutela que não se relaciona com o direito material; ela vai proteger as outras ações. O que a ação cautelar faz é proteger a eficácia da ação que você busca na ação de conhecimento e do resultado que você busca na ação de execução. Ela protege as outras ações. Ela não concede o direito material. 
Alguns doutrinadores traçam uma característica da cautelar que seria a instrumentalidade de segundo grau. Quais são os instrumentos a disposição do direito material? Ações de conhecimento e de execução. A ação cautelar é um instrumento que protege esses dois instrumentos. Então, a ação cautelar é um instrumento que protege outro instrumento que satisfaz o direito material.
O Novo CPC acabou com as ações cautelares que proporcionam um processo autônomo. Não há mais ação cautelar autônoma. No Novo CPC se existe um problema no curso da ação de conhecimento que possa prejudicar a sua eficácia, é dentro do processo de conhecimento que você vai pedir uma cautelar. Se no curso de uma ação de execução aparecer algum perigo de ineficácia, no próprio processo você vai pedir uma cautelar. Ele começa como se cautelar fosse, mas você vai emendar a inicial. O que nós temos é medida cautelar só que concedidano bojo da ação principal. Você faz um pedido cautelar, depois o juiz vai dar um prazo para emendar e isso vai se transformar em uma petição inicial.
Dentro da ação de conhecimento a doutrina continua ressaltando a existência de algumas subespécies. A trinária é: meramente declaratória, constitutiva e condenatória (sendo que na condenatória as subespécies são: mandamental e executiva lato sensu). 
Tanto na mandamental quanto na executiva lato sensu você reconhece a violação da norma e impõe a sanção civil correspondente (a diferença é só a forma de estrutura procedimental entre a condenatória, a mandamental e a executiva lato sensu). Na condenatória quando você produzia o título executivo judicial e a pessoa não o cumprisse, você teria que partir para um novo processo (precisava de um processo autônomo de execução). Na mandamental e na executiva para efetivar o que o juiz mandou na sentença não havia necessidade de um novo processo. 
Mas, a partir da reforma de 2005, qualquer sentença passou a ser efetivada na mesma relação processual, então perdeu a razão de ser de diferenciar a condenatória da mandamental e da executiva lato sensu. Hoje a diferença está na técnica processual utilizada. A quinária seria: meramente declaratória, constitutiva, condenatória, mandamental, executiva lato sensu. Nós teríamos as ações:
Meramente declaratórias: buscam tutelas meramente declaratórias e se pretende apenas a afirmação de existência ou inexistência de uma relação jurídica ou a afirmação de falsidade ou de autenticidade de um documento. Toda sentença tem um conteúdo declaratório, mas as meramente declaratórias se limitam somente a isso. 
Toda sentença tem um conteúdo e uma eficácia declaratória. Mas, mesmo que algumas tenham uma declaração, a eficácia preponderante é outra (constitutiva, por exemplo).
Constitutivas: o que se busca é uma tutela que cria, extingue ou modifica uma relação jurídica. Fica esquisito falar em ação constitutiva que busca a extinção de uma ação. Como é isso? Então, ela vai resolver isso com um apelido: quando ela buscar a extinção de uma relação jurídica ela será chamada de desconstitutiva ou constitutiva negativa.
Condenatórias: o que se busca é uma tutela que reconhece a violação a uma norma e impõe uma sanção civil correspondente, criando um título executivo. Pouco importa se é norma legal ou contratual. O Estado-juiz vai se utilizar de medidas executivas de sub-rogação (ele vai atuar no lugar do devedor para proporcionar o direito do credor).
Mandamental: a técnica para efetivar é uma ordem judicial que deve ser cumprida mediante meios de coerção. 
Executiva lato sensu: ocorre a prática de atos executivos na mesma relação processual onde foi proferida a sentença. É o que acontece com a condenatória hoje.
Qual é o grande problema dessa teoria quinária? Pontes de Miranda não disse que isso é subdivisão da ação de conhecimento. Na cabeça dele essa classificação quinária não partia da anterior que dividia em ação de conhecimento, execução e cautelar.
Hoje não é necessário ficar fazendo essa classificação. O que importa é você entender o que é uma tutela condenatória, o que é uma tutela constitutiva etc. Não existe sentença com uma tutela só (todas veiculam alguma declaração e, em razão dos encargos sucumbenciais, toda sentença também tem um conteúdo condenatório). As tutelas podem ser proferidas em sentenças, decisões interlocutórias etc. O que importa é a tutela. 
O artigo 461 do CPC de 1973, o qual cuida da efetivação das obrigações de fazer e de não fazer, diz que o juiz pode se utilizar de várias medidas para implementar a tutela específica ou obter o resultado equivalente. 
Art. 461, do CPC de 1973. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
§ 1º A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente. 
§ 2º A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287). 
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. 
§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5º Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força policial. 
§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que se tornou insuficiente ou excessiva. 
Exemplo: o juiz profere uma sentença dizendo que julga procedente o pedido e pedindo para a Camila derrubar o muro sob pena de multa. Essa sentença é mandamental ou executiva lato sensu. A Camila não derruba o muro. O juiz profere uma decisão interlocutória falando para um oficial de justiça ir lá na casa com dois pedreiros e derrubar o muro. Essa tutela é o quê? Se eventualmente o Estado vai agir no lugar da pessoa na mesma relação jurídica processual eu posso dizer que é condenatória, mas também pode ser outra coisa. Como é possível essa transformação? Perde o sentido de ficar classificando a sentença. O que deve ser feito é classificar a tutela.
Essa é a classificação tradicional e é importante vocês guardarem. Para aprender a trabalhar com o processo o importante é aprender o tipo de tutela. No Novo CPC você pode continuar trabalhando com essa classificação, mas ela vem perdendo a razão de ser.
Processo
Conceito:
O que é processo? O processo é o instrumento pelo qual se desenvolve a jurisdição. O processo é uma relação jurídica, é o vínculo regido pelo Direito. Existe o triângulo de Billow: processo é uma relação jurídica que envolve o juiz, autor e réu que se desenvolve com uma forma prescrita em lei observando o contraditório. Processo é uma relação jurídica.
Você já viu um processo? Não. Você já viu os autos de um processo. Autos é diferente de processo. Hoje em dia fala-se em processo eletrônico. O processo vai continuar sendo relação jurídica, o que é eletrônico é o procedimento. O processo ninguém vai ver, ele continua sendo algo abstrato. O que existe é a base física que pode ser papel ou impulsos elétricos.
Espécies:
Processo é um vínculo regido pelo direito que vai se desenvolver por formas previstas em lei. Quando a lei estabelece a forma, ela está falando em procedimento. Procedimento é a forma pela qual os atos processuais se exteriorizam e se desenvolvem. Existem basicamente dois processos tradicionais: processo de conhecimento e processo de execução. O processo cautelar desaparece com o Novo Código.
Modernamente começou a se falar em processo sincrético ou unitário. Sincretismo é a mistura de várias coisas diferentes que formam uma coisa nova, mas ao olhar para essa coisa nova você continua vendo características das coisas antigas. O processo sincrético nada mais é do que um processo em que você identifica dentro dele características típicas do conhecimento e da execução. Se no CPC de 1973 tínhamos um processo exclusivo para atividade cognitiva e um outro processo exclusivo para atividade executiva, depois passamos a ter uma relação só para desenvolver as duas atividades (primeiro a cognitiva e depois a executiva). O processo sincrético é assim:
Fase cognitiva: da petição inicial até a sentença;Fase executiva.
Até hoje nós não temos o sincretismo pleno porque as duas atividades principais (cognitiva e executiva) se resolvem em um processo só, mas no meio do caminho você precisava de um novo processo para pedir uma medida cautelar. Isso mudou agora com o Novo CPC. Um dos grandes méritos do processo novo, cientificamente falando, foi o de adotar o sincretismo pleno porque teremos cognição, execução e, se necessário for, cautelar, na mesma relação processual. Não há mais ação exclusiva que desenvolva a ação cautelar. Unitário é sinônimo de sincrético.
Muitas vezes teremos um processo só cautelar, ou só um processo de execução. Mas, poderemos ter um processo sincrético juntando na mesma relação processual a cognição, execução e cautelar.
Procedimento:
ORDINÁRIO:
Petição Inicial -> Despacho -> Citação -> Resposta -> “Réplica” -> Saneamento -> Provas -> Sentença.
SUMÁRIO:
Petição Inicial -> Despacho -> Citação -> Audiência Preliminar -> Provas -> Sentença.
PROCEDIMENTO COMUM NO NOVO CPC:
Petição Inicial -> Despacho -> Citação -> Audiência de conciliação ou de mediação -> Resposta -> Réplica -> Organização e Saneamento -> Provas -> Sentença.
Procedimento é a forma pela qual os atos são praticados e se desenvolvem até praticar a tutela pretendida. Essas formas vão variar porque o legislador cria uma fórmula básica para solucionar os conflitos e solucionar as tutelas, mas ela não soluciona adequadamente todos os conflitos haja vista que temos peculiaridades de alguns procedimentos. O Código atual criou o procedimento comum ordinário, mas atento a algumas peculiaridades de alguns direitos ele criou um procedimento especial só para resolver um procedimento x. 
Exemplo: direito que o devedor tem de extinguir uma obrigação mesmo que o credor se recuse a receber (consignação em pagamento). Você pega o procedimento comum ordinário (que é petição inicial, despacho, citação, resposta, réplica, saneamento, provas e sentença) e quer consignar em pagamento uma quantia porque o credor se recusa a receber. Eu devo dez reais para o Gustavo, mas ele diz que é doze por causa dos juros. Ele não quer receber os dez reais e há uma lide. Eu entro em juízo no procedimento ordinário e digo que quero que os dez reais vão para o Gustavo a fim de extinguir a obrigação. O juiz despacha e manda citá-lo. O Gustavo é citado e contesta. Os dez reais continuam comigo. Resolveu alguma coisa? Não. Por causa disso, o legislador criou um procedimento especial. Ele partiu do procedimento ordinário e embutiu um ato processual específico para atender a essa peculiaridade. No procedimento de consignação em pagamento, depois do despacho do juiz há um prazo de 5 dias para que o autor faça o depósito da quantia. No momento em que eu depositei eu estou livre dos riscos da mora. O Gustavo pega o dinheiro, está extinta a obrigação, ele está satisfeito e eu também. 
Em algumas situações o CPC não resolvia alguns casos com base no procedimento ordinário e criou, por causa disso, procedimentos especiais. Existem alguns procedimentos que, no começo, são de procedimento especial, mas depois ficam ordinários (exemplo: possessória). 
Mas, mesmo dentro dos procedimentos comuns o legislador pensou que algumas causas são simples (valor da causa ou direito material envolvido) e resumiu. Daí nasceu o procedimento sumário. O legislador pegou o ordinário e concentrou atos processuais. Pegou a resposta, a réplica e o saneamento – que aconteciam no ordinário em momentos diferentes –, e juntou tudo no mesmo ato no sumário. Há uma concentração de atos, então eu tenho a petição inicial, despacho, citação, audiência do art. 277 (resposta + réplica + saneamento), provas (se houver necessidade) e sentença. O que aconteceu no Novo CPC? O NCPC unificou o procedimento comum. Temos o procedimento comum (não há mais a diferença entre ordinário e sumário) e temos os procedimentos especiais. Isso veio em boa hora porque muitos juízes “matavam o sumário” e não havia celeridade com o sumário. O procedimento comum é ordinário, mas tem um pedaço do sumário. Ele começa com a petição inicial, despacho, citação, audiência de conciliação ou mediação, e se não der certo tem resposta, réplica, saneamento, provas e sentença.
Modelo Constitucional do Processo
A Constituição não é mais considerada apenas um conjunto de normas programáticas. Além disso, os princípios possuem caráter normativo e, portanto, são dotados de impositividade (ver art. 5º, § 1º). 
Art. 5º, § 1º, da CF/88. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
Assim, a eficácia direta das normas constitucionais independe da existência de normas infraconstitucionais que lhe deem operacionalidade, cabendo aos juízes aplicá-las aos casos concretos que lhes são submetidos.
A constitucionalização dos princípios processuais impede o legislador de editar normas que os contrariem, especialmente quando erigidos à categoria de direitos fundamentais. Sem prejuízo, é possível o afastamento/temperamento de um princípio em detrimento de outro que incidirá com mais força, diante das peculiaridades de um caso concreto, mediante ponderação. 
Observação: Segundo Alexy, as normas subdividem-se em regras e princípios. Princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes. São mandados de otimização, caracterizados pela possibilidade de serem cumpridos em diferentes graus, de acordo com as peculiaridades do caso concreto. Em caso de colisão, utiliza-se a técnica de ponderação. Regras são normas que somente podem ser cumpridas ou não, de forma que, se elas são válidas, então deve ser feito exatamente o que elas determinam, nem mais nem menos.
O Processo Civil tem que ser construído à luz dos direitos fundamentais previstos na Constituição. É importante estudarmos esse movimento de constitucionalização do Processo Civil porque o NCPC transcreveu vários princípios da Constituição. Esse movimento de constitucionalização do Processo Civil é de essencial compreensão com o NCPC. Há muito tempo que a Constituição Federal não é considerada apenas um conjunto de normas programáticas. Se é direito fundamental, ainda que não haja norma infraconstitucional, eles serão aplicados imediatamente. O NCPC trabalha com cláusulas abertas. 
Quando você constitucionaliza normas processuais, principalmente quando são direitos fundamentais, você bloqueia o legislador infraconstitucional porque ele não pode contrariar isso e reduzir as garantias processuais.
Esse modelo constitucional do processo apresenta algumas características que com o NCPC ficaram muito evidentes que são:
Expansividade: consiste na idoneidade para condicionar a forma dos procedimentos jurisdicionais criados pelo legislador que devem ser compatíveis com esse modelo. O legislador tem que criar normas que estejam de acordo com as normas processuais fundamentais. Portanto, as regras previstas na legislação vigente que sejam incompatíveis com esse modelo devem ser afastadas. Alguns chamam isso de princípio da adequação.
Variabilidade: consiste na aptidão das figuras processuais assumirem formas diversas, a fim de se adequarem a esse modelo, de acordo com os objetivos específicos do caso concreto (podemos citar, nesse contexto, a atipicidade das medidas executivas e a flexibilização procedimental). Hoje fala-se muito em flexibilização procedimental que é a possibilidade de o juiz disciplinar formas para o procedimento diversas daquela originalmente previstas. O legislador não pode ter a ilusão de achar que vai criar modelos de procedimentos que se adequem a todos os lugares. Tem caso concreto que, muito embora análogo a outro, não permite que o juiz julgue igual ao outro. O Novo CPC permite isso expressamente, mas isso também já era previsto no antigo. Exemplo: alterar a ordem das provas. Primeiro ouve as testemunhas e depois faz a perícia se for o caso. Fica mais barato e mais célere. Temos que construir o procedimento naquilo que ele é falho ou omissoa partir da Constituição. Devemos adaptar o procedimento para o que diz a Constituição.
Perfectibilidade: determina o aperfeiçoamento da legislação infraconstitucional para a construção de procedimentos caracterizados por esse modelo, observando os princípios constitucionais. Exemplo: Novo CPC. Segundo o ato que instituiu a comissão de juristas e a exposição de motivos, a principal finalidade é de que o processo seja um instrumento de realização de direitos fundamentais. 
Não adianta o legislador observar a expansividade e criar procedimentos, interessa também que o legislador fique de olho no que fez para ficar em um movimento de constante aperfeiçoamento. Dentro dessa ideia de perfectibilidade que surgiu o Código de 2015.
Princípios processuais da Constituição Federal
Inafastabilidade do controle jurisdicional:
Todo aquele que se sentir lesado ou ameaçado em seus direitos deve ter acesso ao Judiciário.
- Ordem jurídica justa: tutela jurisdicional efetiva, tempestiva e adequada.
Esse dispositivo traz uma garantia formal ao Judiciário e uma garantia de uma tutela jurisdicional efetiva, tempestiva e adequada (ordem jurídica justa). Estamos acostumados a trabalhar com tutela repressiva e a CF diz que temos direito a uma ordem jurídica justa no caso de lesão e ameaça ao direito, por isso que é importante estudar a tutela inibitória. 
O art. 2º da Lei de Ação Civil Pública diz que o juízo do local onde ocorreu o dano terá competência funcional para a ação civil pública. Isso é um exemplo de interpretação retrógrada do sistema. Na verdade, temos que evitar que ocorram danos. Muito melhor do que reparar um dano é evitar que ele ocorra. Também temos que nos preocupar em evitar ilícitos. Não é só porque o ilícito pode não gerar um dano que eu vou deixa-lo acontecer.
Devido processo legal: devido processo legal substancial (em sentido material). 
Ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. O que é o devido processo legal? Quando se fala em devido processo legal temos que pensar como ele sendo o conjunto de todos os direitos fundamentais inerentes ao processo. 
Será observado o devido processo legal quando o cidadão tiver o seu conflito submetido a um órgão jurisdicional que seja um juiz natural, que seja observado o contraditório, a publicidade, o dever de fundamentação etc. Toda vez que for violado um direito inerente ao processo (exemplo: contraditório), estará sendo violado o devido processo legal. Não adianta você ter um processo que se desenvolva formalmente se ele não atingir um resultado justo sob a ótica do direito material.
Isonomia:
É isonomia substancial e não formal. Os iguais devem ser tratados igualmente na medida de suas igualdades e os desiguais devem ser tratados desigualmente na medida de suas desigualdades. 
Em princípio, as partes devem ser tratadas de forma isonômica. É assegurada às partes paridades de tratamento. Mas, há situações em que o Código traz tratamentos diferenciados e isso é possível porque há uma justificativa. Exemplo: a Fazenda Pública tem prazo diferenciado porque o advogado particular pode escolher serviço e o advogado público não tem como fazer isso.
Imparcialidade do juiz:
O órgão jurisdicional monocrático ou colegiado tem que ser imparcial. A imparcialidade do órgão jurisdicional se sustenta por meio de outros direitos fundamentais e também por meio de algumas regras que estão no Código. Exemplo: suspeição e impedimento estão nos artigos 144 e 145 do NCPC. Por que existem situações em que o juiz é suspeito ou impedido? Porque em determinadas situações a lei presume que ele seja parcial (exemplo: o juiz irmão da parte). Afasta-se esse juiz do processo para garantir a imparcialidade. 
Art. 144, do NCPC. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - Em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - De que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - Quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - Quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - Quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII - Em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII - Em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX - Quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz.
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.
Art. 145, do NCPC. Há suspeição do juiz:
I - Amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II - Que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III - Quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - Interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
§ 1º Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
§ 2º Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I - Houver sido provocada por quem a alega;
II - A parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.
Os casos de impedimento são mais graves que os casos de suspeição. A parcialidade no caso de impedimento é praticamente absoluta. Suspeição é um problema mais light. 
Já que há um vício mais grave e outro menos grave, você tem procedimentos diferentes. O NCPC traz, dentre as hipóteses de suspeição, uma que está sendo muito criticada que é quando o juiz for amigo íntimo ou inimigo capital de seus advogados. Isso aqui vai inviabilizar muita coisa e mais ainda no interior do país.
Outra coisa que sustenta a imparcialidade são as garantias da magistratura. Essa tríplice garantia da magistratura (inamovibilidade, irredutibilidade de subsídios e vitaliciedade) é também uma garantia do processo. Quando o juiz, depois de dois anos, adquire vitaliciedade ele só é mandado embora por sentença transitada em julgado. Ele só perde o cargo com sentença transitada em julgado. Então, o juiz pode julgar procedente um pedido e condenar o Presidente do Tribunal em uma ação de alimentos porque ele deve alimentos a alguém, e não vai acontecer nada de “ruim” com esse magistrado. Eu vou julgar um processo contra um “figurão” de Brasília e não vou sair da minha Vara. Ninguém vai mexer no meu salário porque eu tenho irredutibilidade de subsídios.
É direito do cidadão saber qual é o juízo competente caso aconteça ou já tenha acontecido alguma coisa. Se você praticar um roubo em Samambaia, você vai ser julgado no foro de Samambaia. Não pode haver tribunal de exceção que é aquele criado depoisdo fato para julgá-lo (é o órgão feito por encomenda – exemplo: Tribunal de Nuremberg). 
Todas essas garantias é que sustentam essa garantia básica de um processo justo que tem a imparcialidade do julgador.
Contraditório:
Tradicionalmente o contraditório (a todos os litigantes é garantido o contraditório e a ampla defesa) era visto e traduzido por meio do binômio ação-reação (bilateralidade de audiência). Quando uma parte se manifestar a outra também terá esse direito. 
No entanto, há muitos anos a doutrina diz que o contraditório não pode ser visto sob esse simples binômio, e sim sob um trinômio: ação-reação-participação/influência (participação no sentido de poder influenciar nas decisões do juiz). O NCPC se preocupou muito com isso. 
O fato é que muitas vezes os juízes ignoram o contraditório porque a questão é cognoscível de ofício (exemplo: incompetência absoluta – o fato de eu dever me dizer absolutamente incompetente não significa que deva ser negado o contraditório). As partes não podem ser surpreendidas (vedação de surpresa). Se eu posso conhecer de ofício não significa que você não tenha o direito de se manifestar. Depois que for oportunizado o contraditório o juiz decide, ou seja, a questão é fazer com que as partes possam influenciar na decisão do juiz. As partes têm direito de se manifestarem antes de o juiz decidir algo, inclusive se isso for cognoscível de ofício.
Surge um princípio que deriva do contraditório que é o da coparticipação/colaboração/cooperação. Antes do Código de 2015 existir, a doutrina buscava o conteúdo desse princípio em códigos alienígenas (exemplo: Código Português). O CPC Português no art. 266 fala que o juiz tem deveres em relação a esse princípio da cooperação (exemplo: os juízes e partes devem cooperar para que o processo caminhe bem, então o juiz tem o dever de esclarecimento). Os deveres do juiz no Código Português são:
Dever de esclarecimento: o juiz deve se esclarecer junto às partes sobre suas dúvidas em relação às alegações e pedidos;
Dever de prevenção: o juiz deve alertar as partes sobre eventuais deficiências ou insuficiências de suas alegações e pedidos;
Dever de consulta: o juiz deve consultar as partes sobre as matérias que conhecerá oficiosamente, evitando-se a surpresa;
Dever de auxílio: o juiz deve colaborar com as partes na remoção de óbices sérios na obtenção de informações ou documentos importantes para a solução das questões (exemplo: expedição de ofícios requisitando informações a órgãos públicos).
Não é só o juiz que tem deveres em relação à colaboração. Esse princípio determina a conduta do juiz, das partes e dos advogados. Todos têm que colaborar para a construção de um processo mais rápido e efetivo. Todos devem colaborar com o processo. Esse princípio é importante na audiência de saneamento. O art. 357 diz que o juiz marca a audiência para tentar conciliar e, se não for possível, ele irá sanear. O juiz tem o dever de sanear o processo, fixar pontos controvertidos e falar sobre as provas. Não tem sentido o juiz olhar para a contestação e dizer que as preliminares serão analisadas por ocasião da sentença. Produz prova pericial e as partes têm que pagar. Dois anos e meio depois o juiz sentencia dizendo que o réu tem razão porque é parte ilegítima e julga extinto o processo sem resolução do mérito. Isso está errado. Antes de deliberar sobre as provas, primeiro eu tenho que saber o que deve ser provado e vou fixar os pontos controvertidos. Esse princípio incide de uma forma fantástica na fixação de pontos controvertidos. Exemplo: o juiz fala que viu de ponto controvertido o réu ter passado no sinal vermelho e a advogada diz também que tem o valor dos danos (moral e material). Esse saneamento compartilhado que decorre da colaboração produz resultados fantásticos. Só produz a prova que deve ser produzida, reduz o número de recursos porque houve um acordo quanto aos pontos controvertidos etc. Quanto mais você permite e provoca a participação das partes, mais elas se conformam com o resultado final e mais legitimidade terá a decisão.
Art. 6º, do NCPC. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Art. 9º, do NCPC. Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - À tutela provisória de urgência;
II - Às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - À decisão prevista no art. 701.
Art. 10, do NCPC. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
O art. 6º do NCPC diz que todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha em tempo razoável decisão de mérito justa. O art. 9º do NCPC diz que não se proferirá decisão de uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. O art. 10º do NCPC diz que o juiz não pode decidir em grau algum de jurisdição com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado as partes oportunidade de se manifestar ainda que se trate de decidir de ofício. Se no meio da sessão de julgamento um dos julgadores verificar uma questão de ofício, deve se suspender o julgamento e dar oportunidade das partes se manifestarem. Isso vai atrasar demais o processo, mas estão valorizando o contraditório no Novo CPC (foi um dos princípios que ele mais se preocupou).
O art. 357 fala que realizado o saneamento as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes em um determinado prazo. Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, o juiz deverá marcar audiência para sanear com as partes. Vamos conversar, está esquisito, o que o senhor quer, etc. 
Art. 357, § 1º, do NCPC. Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável.
Ampla defesa:
É direito fundamental das partes a ampla defesa. Isso se aplica também ao Processo Penal, mas contraditório e ampla defesa lá incidem diferente do Processo Civil. No Processo Civil não tem alguém que acusa e outro que se defende, mas sim uma pessoa que apresenta uma tese e outra pessoa que apresenta outra tese. No Processo Civil não tem “bandido” nem “mocinho”, tanto que está cheio de autor picareta. 
Além disso, existem várias situações conflituosas em que você é autor só porque você chegou primeiro, mas poderia ser o inverso. Exemplo: ação declaratória de reconhecimento de dissolução de união estável. 
Em Processo Civil a ampla defesa é exercida tanto pelo autor quanto pelo réu, você vai defender a sua tese de forma ampla. É absolutamente natural em um processo civil ocorrer cerceamento de defesa do autor (exemplo: o autor requereu uma prova sobre um fato pertinente e relevante e ele tem direito a essa prova; se o juiz indefere a prova do autor estará havendo cerceamento de defesa).
Quando se fala que “pode usar todos os meios e recursos a ela inerentes”, o recurso aqui é em sentido amplo (não é recurso como meio de impugnação judicial). Se não deixarem você usar, poderá haver cerceamento do direito de defesa.
Aula 03
Fundamentação (motivação) das decisões judiciais (CF, art. 93, IX e NCPC, arts. 373, § 1º, 489, § 1º etc.):
Art. 93, da CF/88. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX - Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;
Art. 373, § 1º, do NCPC. Nos casos previstos em lei ou diante

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