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PIGMENTAÇÕES E CALCIFICAÇÕES Denis Masashi Sugita Médico Patologista e Citopatologista PIGMENTAÇÕES Processos de formação e/ou acúmulo, normal ou patológico, de pigmentos. Pigmentos são substâncias que tem cor própria, apresentando origem, composição química e significado biológico diversos. Classificação: - Pigmentações exógenas. - Pigmentações endógenas. PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS Acúmulo de pigmentos ambientais, que penetram via: - Inalatória. - Digestiva. - Parenteral. ANTRACOSE Deposição de pigmentos de carvão inalados. Principais fontes: - Tabagismo. - Poluição atmosférica de cidades grandes a médias. - Queima de lenha ou outras biomassas caseiramente. - Trabalhadores de minas de carvão. ANTRACOSE ANTRACOSE METAIS PESADOS Diversos fatores interferem na impregnação e na toxicidade dos metais pesados: - Solubilidade do metal pesado. - Capacidade de ligação aos diferentes tecidos. - Grau de sequestro ou metabolização / excreção dos complexos proteína-metal. METAIS PESADOS Principais pigmentações: - Argiria (localizada ou sistêmica): Sais de prata. - Crisíase / Auríase: Sais de ouro. Etiopatogênese: - Terapia crônica com os sais de metais pesados. - Implantação de agulhas em acupuntura. - Trabalhadores em contato com prata (amálgama, utensílios, minas, material fotográfico). METAIS PESADOS Manifestação clínica: - Coloração cinza-azulada da pele, em áreas fotoexpostas (estímulo à produção de melanina). Locais de deposição: - Macrófagos dérmicos (ouro e prata), anexos cutâneos (prata) e ao redor de fibras, nervos e vasos. - Macrófagos linfonodais, células de Kupffer e membrana basal de glomérulos renais (prata). - Globo ocular (prata – argirose). METAIS PESADOS METAIS PESADOS METAIS PESADOS METAIS PESADOS TATUAGEM Pigmentação exógena limitada à pele, através da introdução de pigmentos insolúveis. Complicações: - Reação alérgica e dermatite de contato. - Adenomegalias. - Transmissão de doenças infecciosas. - Questões psicocomportamentais. TATUAGEM TATUAGEM PIGMENTAÇÕES ENDÓGENAS Resultam da hiperprodução e acúmulo de pigmentos sintetizados no próprio organismo: - Pigmentos hemoglobínicos. - Melanina. - Ácido homogentísico. - Lipofucsina. PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS Pigmentos biliares – Bilirrubina: - Distúrbios: Icterícia e colestase. - Mecanismos: - Produção extra-hepática excessiva. - Diminuição da captação hepatocitária. - Conjugação prejudicada. - Diminuição da excreção hepatocelular. - Fluxo biliar prejudicado. PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS 1 PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS Hematoidina: - Lipídeos e pigmento semelhante à bilirrubina, sem ferro. - Ocorre, geralmente, em áreas de sangramento, 2 a 3 semanas após. - Não apresenta repercussões clínicas. - Apresenta-se como cristais espiculados radialmente, de coloração variável. PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS Hemoglobina > Hemossiderina > Hematoidina > Biliverdina > Bilirrubina. Pigmento em linfonodo: Sinal de Kunckel. ESPECTRO EQUIMÓTICO ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LEGRAND DU SAULLE ESPECTRO EQUIMÓTICO PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS Hemossiderina: - Resulta da degradação da hemoglobina e contém ferro. - Junto à ferritina, é uma das formas de armazenamento intracelular de ferro. HEMOSSIDERINA HEMOSSIDERINA PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS Hematina: - Resulta da ação de um ácido forte sobre a hemoglobina, gerando um pigmento com ferro. - Pode ocorrer em situações artefatuais. PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS Hemozoína / Pigmento malárico: - Resulta da degradação de hemoglobina por Plasmodium sp. - O heme é tóxico ao parasita, sendo necessário seu sequestro (biomineralização ou biocristalização). - O pigmento não é tóxico, porém diminui a resposta imune, apesar de ter efeitos pró-inflamatórios. PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS PIGMENTOS HEMOGLOBÍNICOS Pigmento esquistossomótico: - Surge da digestão da hemoglobina pelo verme Schistosoma mansoni, gerando cristais semelhantes à hemozoína, regurgitados na circulação sanguínea do hospedeiro. - Deposita-se, geralmente, em células de Kupffer, macrófagos esplênicos e tecido conjuntivo portobiliar. - A deposição não traz repercussões clínicas. MELANINA MELANINA MELANINA MELANINA MELANINA MELANINA Hiperpigmentação: - Aumento do número de melanócitos (reacional ou neoplásica). - Aumento da melanogênese. - Produção de melanossomos gigantes. - Eliminação deficiente da melanina. MELANINA MELANINA MELANINA Hipopigmentação: - Congênita. - Adquirida: - Migração e diferenciação anormal de melanoblastos. - Redução na atividade da tirosinase. - Estrutura anormal de melanossomos. - Diminuição da melanização de melanossomos. - Redução da transferência para queratinócitos. - Aumento da degradação dos melanossomos. MELANINA PIEBALDISMO MELANINA ÁCIDO HOMOGENTÍSICO Pigmento castanho avermelhado a amarelado, que se forma em pessoas com alcaptonúria / ocronose: - Doença autossômica recessiva, com mutação no gene da enzima AH 1,2-dioxigenase. - O ácido homogentísico e seus derivados acumulam-se em cartilagens, pele e tecido conjuntivo (artropatia degenerativa, ocronose e lesão de valvas cardíacas). - O excesso plasmático é excretado pela urina, que pode oxidar, escurecendo-a (alcaptonúria). LIPOFUCSINA Marcador biológico de envelhecimento celular (grânulos delicados, intracitoplasmáticos, pardo-amarelados, PAS- positivos). O estresse oxidativo e a degradação de componentes celulares (macromoléculas e organelas) parecem estar na etiopatogênese da pigmentação. Os órgãos afetados sofrem redução volumétrica e ponderal e adquirem coloração parda (hipotrofia parda). Ocorre em situações de: - Aumento da autofagia ou da fagocitose de material não completamente degradável. - Redução da síntese e/ou da eficiência de enzimas lisossomais. - Diminuição da eliminação de rsíduos não degradáveis (exocitose ou diluição mitótica). LIPOFUCSINA LIPOFUCSINA CALCIFICAÇÕES Deposição de sais de cálcio (hidroxiapatita), em locais normalmente não-calcificados. Classifica-se em: - Distrófica (local). - Metastática (sistêmica). - Calculose (intraductal). A calcificação fisiológica ocorre de maneira semelhante, sobre o colágeno, que gera a matriz osteóide. CALCIFICAÇÕES Fisiopatologia: - Desbalanço na relação cálcio / fósforo, ou aumento na concentração de substâncias cristalizantes. - Alteração no pH (geralmente alcalino, em hipercalcemias). - Precipitação dos cristais (nucleação primária e secundária). - Alteração de agentes antinucleantes. CALCIFICAÇÕES Elementos osteogenéticos: - Proteínas GLA de matriz (osteocalcina): Inibem a calcificação, ao inibirem a diferenciação osteogênica. - Proteína morfogenética do osso (BMP): Ativam um fator molecular chave na diferenciação de osteoblastos (Cbfa-1). - Osteopontina (matriz) e fetuína A (sérica): Promovem descalcificação ao formar agregados (calciproteínas). - Osteoprotegerina: Bloqueia a diferenciação de osteoclastos. CALCIFICAÇÕES Distrófica: - Ocorre em condições patológicas prévias: - Necrose tecidual (coagulativa, caseosa e gordurosa). - Aterosclerose. - Fetos mortos (litopédio). - Neoplasias (padrão psamomatoso – carcinoma papilar de tireóide, adenocarcinoma papilar seroso de ovário e meningeoma). CALCIFICAÇÕES CALCIFICAÇÕES CALCIFICAÇÕES CALCIFICAÇÕES CALCIFICAÇÕES CALCIFICAÇÕES Metastática: - Secundáriaà condições de hipercalcemia ou, mais raramente, hiperfosfatemia. - Ocorre calcificação, principalmente, de locais com secreção ácida, iniciando em mitocôndrias: - Estômago e rins: Secreção ácida. - Pulmões e córnea: Eliminação de gás carbônico. - Artérias sistêmicas e veias pulmonares: Sangue oxigenado é menos ácido. CALCIFICAÇÕES CALCIFICAÇÕES Idiopática: - Depósitos, geralmente cutâneos e múltiplos, sem lesão prévia e com balanço cálcio-fósforo normal. Cálculos / Litíase: - Massas sólidas, de formatos variados e consistência aumentada, que se formam em lúmens de órgãos ocos secretores. - A composição química (e sua cor) variam conforme o órgão. COLELITÍASE RIM – NEFROLITÍASE RIM – NEFROLITÍASE Cálculo coraliforme RIM – NEFROLITÍASE Conteúdo pH / RX Formato Cálcio pH alto (fosfato) ou pH baixo (oxalato) / Radiopaco Fosfato amônio- magnésio pH alto / Radiopaco Ácido úrico pH baixo / Radiolúcido Cistina pH baixo / Radiolúcido RIM – NEFROLITÍASE MUITO OBRIGADO! Denis Masashi Sugita Médico Patologista e Citopatologista
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