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1 Mecanismo de ação do flúor Flúor: mecanismo de ação Dos elementos da tabela periódica, o flúor é o mais eletronegativo, não sendo nunca encontrado na natureza em sua forma de elemento puro. Desta forma, o termo FLÚOR é um termo genérico para definir formas iônicas (FLUORETO), ionizantes e não ionizantes do elemento químico flúor. Como fonte de fluoreto pode-se citar os minerais, o solo, rochas, assim como a água e os alimentos (WAJM et al., 1999). Mecanismo de ação do flúor a. Ao ser ingerido, o flúor entra em contato com o esmalte e o biofilme dentais e, já neste momento exerce sua ação. b e c. Em seguida, é absorvido pelo trato gastrointestinal, inicialmente no estômago e, em seguida, no intestino. d. No sistema gastro-intestinal, o flúor passa para a corrente sanguínea onde é distribuído para várias partes do corpo, inclusive para a cavidade oral, através da saliva, onde também entra em contato com os dentes e exerce seu efeito preventivo. e. O flúor é armazenado no osso renovável. f e g. O flúor em excesso é, então, metabolizado pelos rins (f), armazenado na bexiga (g) e excretado pela urina. h. Excreção fecal do flúor. Pereira, C. R. S. Mecanismo de ação do flúor “O flúor administrado de outras fontes (aplicação tópica, bochechos, dentifrícios, etc.) é armazenado sob a forma de glóbulos. Glóbulos são formas microscópicas semelhantes a pequenas esferas que neste caso são formados pela reação do fluoreto com o esmalte. O resultado desta reação é o Fluoreto de Cálcio (CaF2), que funciona como uma reserva de flúor. O Fluoreto de cálcio é acionado pelos mesmos ácidos que levam à desmineralização do dente durante o ataque de cárie. O flúor fica então disponível justamente quando ele é necessário e onde é preciso”. Pereira, C. R. S. Mecanismo de ação do flúor 2 Teoria sistêmica.... Suprimento de flúor sistêmico durante a mineralização dos dentes Flúor absorvido no esmalte Resistência prolongada à cárie Fluorapatita Mecanismo de ação do flúor Teoria dinâmica.... Suprimento de flúor sistêmico e/ou tópico durante toda a vida Flúor disponível no meio bucal Inibição da cárie / Absorção de flúor pelo esmalte no processo “des- re” Mecanismo de ação do flúor Teoria microbiológica.... Suprimento de flúor constante na cavidade bucal Inibição da ação bacteriana Inibição da cárie DIRETO: inibe enzimas bacterianas: enolase e ATPase INDIRETO: aumenta [H+] intra-celular = maior gasto de energia para expulsar H+ Em altas concentrações Mecanismo de ação do flúor Havendo a presença de F- no meio, embora o dente perca Ca++ e P para o meio bucal, ele ganhará Ca++ , P e F- do meio pelo fato de que este mantém-se ainda (pH < 5,5 > 4,5) supersaturante em relação ao produto de solubilidade da FA (fluorapatita). Ocorre uma troca da perda de Ca++ e P na forma de HA (hidroxiapatita) pelo ganho de Ca++ e P na forma de FA Mecanismo de ação do flúor Mecanismo de ação do flúor É importante manter flúor na saliva e no fluido do biofilme para o controle da dissolução do esmalte/dentina Alto conteúdo de flúor nos tecidos dentais duros é menos importante que presença moderada e constante de flúor no meio oral Ficou provado que a assimilação do flúor pelo esmalte não é capaz de torná-lo menos susceptível à cárie. Mecanismo de ação do flúor 3 CONCEITO ATUAL: efeito pós-eruptivo e tópico Assim, ao contrário do que se acreditava antigamente, o flúor importante é aquele presente constantemente na cavidade bucal, participando do processo de cárie e agindo diretamente na DES/RE e não aquele que se incorpora a hidroxiapatita do esmalte dando a falsa idéia de maior resistência a carie (CRUZ & RÖLLA, 1991; MALTZ, 1996; CRUZ, 1997; VILLENA & CURY, 1998b). Adultos também são beneficiados ! Não há base científica para receitar suplemento de flúor pré-natal Mecanismo de ação do flúor Flúor Tópico Métodos Preventivos em Saúde Bucal Prof. Marco Aurélio Peres Prof. Antonio Fernando Boing Formas de ação Concentração de flúor na saliva ....permanece elevado por 30 a 40 minutos CaF2 Formação de Fluoreto de Cálcio .... influenciado por algumas variáveis Prof. Marco Aurélio Peres Prof. Antonio Fernando Boing CaF2 Formação de Fluoreto de Cálcio .... influenciado por algumas variáveis Fator/Condição Formação de CaF2 1. Concentração de flúor de aplicação Maior/diretamente proporcional 2. pH do meio durante a aplicação Menor/inversamente proporcional 3. Tempo de aplicação Maior/diretamente proporcional 4. Estrutura mineralizada Maior na dentina que no esmalte 5. Tempo de erupção dental Maior no dente recém-erupcionado 6. Condição dental Maior no dente com lesão de cárie Prof. Marco Aurélio Peres Flúor Sistêmico Prof. Antonio Fernando Boing Métodos Preventivos em Saúde Bucal Prof. Marco Aurélio Peres No Brasil..... 1a. Cidade Baixo Guandu, ES em 1953 65,4% de cárie dentária em crianças de 6 a 12 anos entre 1953 - 1967 4 Idade CPOD Redução % de cárie CPOD Redução % cárie 1953 1963 1971 1981 6 2,46 0,48 80,5 1,51 0,55 63,6 7 3,17 0,81 74,4 2,43 0,99 59,3 8 3,86 1,52 60,6 3,10 1,52 51,0 9 4,55 1,86 59,1 3,85 1,84 52,2 10 6,29 2,11 68,0 5,09 2,22 56,4 11 6,71 3,01 55,1 7,01 2,96 57,8 12 8,61 3,69 57,1 8,37 3,82 54,5 13 9,41 4,58 51,3 9,32 6,95 36,2 14 11,02 4,90 55,5 10,54 8,81 16,4 Efeitos da fluoretação da água de consumo público, por idade, no Brasil, em Baixo Guandu, ES (1953) e em Barretos, SP (1971 e 1981) Fundação SESP (1986); Viegas e Viegas (1985) apud Pinto (2000) Prof. Antonio Fernando Boing Pereira (2003) Reconhecimento do método 22a. Assembléia da Organização Mundial da Saúde, 1969: “....uma medida de saúde pública prática e efetiva”. Recomendado por mais de 150 organizações de ciência e saúde, dentre as quais a FDI (Federação Dentária Internacional), a IADR (Associação Internacional de Pesquisa em Odontologia) e a OPAS (Organização Pan- americana de Saúde); Uma das 10 maiores conquistas da saúde pública no século XX Prof. Antonio Fernando BoingProf. Marco Aurélio Peres O uso de flúor no abastecimento público de água no Brasil foi regulamentado pelo Decreto nº 76.872, de 22 de dezembro de 1975, que instituiu a obrigatoriedade da fluoretação em todas as estações de tratamento, conforme a Lei nº 6.050, de 24 de maio de 1974. Prof. Antonio Fernando BoingProf. Marco Aurélio Peres Pinto (2000) Período Tipo de propaganda 1950 – 60 Conspiração comunista 1960 – 70 Preocupações ambientais, uso de palavras amedrontadoras: lixo tóxico, poluente, veneno 1970 – 80 Conspiração do complexo antimilitar- industrial, conspiração do governo americano, do stablishment da saúde e indústria; câncer 1980 – 90 Envelhecimento precoce; doença de Alzheimer, AIDS 1990 Fratura óssea, diminuição da taxa de nascimentos, câncer Na contramão... Prof. Antonio Fernando BoingProf. Marco Aurélio Peres Veneno Ineficaz Apenas retarda o processo de cárie Liberdade de escolha / Direitos individuais Seguro a 0,7 – 1,2 ppm 15 – 40% menos cáries Menos cáries em todas as idades Direitos individuais são relevados no interesse da Saúde Pública Argumentos antifluoretação Respostas Pinto (2000) Prof. Antonio Fernando BoingProf. Marco Aurélio Peres Fluoretação do sal Baixo custo de produção Tecnologia simples Possibilidade de livre escolha 50% do sal nas regiões Norte e Nordeste não poderia ser fluoretado (250mgF/kg) pois não é refinado Partes das regiões Norte-Nordeste já contêm flúor na concentração ótima, podendo levar a uma superdosagem Grande variedade de consumo Consumo de sal associado à hipertensão Uso de sal fluoretado em alimentos processados precisaser controlado Mas..... O sal grosso é consumido pela população de menor poder aquisitivo, o método deixaria de ter seu principal atributo que seria o impacto social 5 Toxicologia do flúor e fluorose Prevalência de cárie Prevalência de fluorose Flúor: vilão ou mocinho? Menor risco de fluorose Maior proteção contra cáries Flúor na concentração correta Diminuir absorção do flúor provocar vômito administrar cálcio na água ou no leite Aglutinar o flúor hidróxido de alumínio Lavagem gástrica Toxicidade aguda Ingestão de uma grande quantidade de flúor de uma só vez Dor difusa no abdômen, náuseas, vômito, diarréias, excesso de salivação Para: Toxicidade crônica Fluorose dental, radiopacidade óssea Ingestão de uma pequenas quantidades de flúor acima do recomendado por um longo período de tempo Toxicidade Dose provavelmente tóxica (DPT) Dose seguramente tóxica (DST) Dose certamente letal (DCL) 5 mg F/Kg 8 – 16 mg F/Kg 32 – 64 mg F/Kg Dose provavelmente tóxica Criança -- 10Kg Métodos Sistêmicos Métodos DPT Água fluoretada (0,7ppm F) 71 litros Sal fluoretado (300mg F/Kg) 166 gramas Comprimido de flúor (1mg/F) 50 NaF 1% gotas 200 Cury, JA (1988) 6 Dose provavelmente tóxica Criança -- 20Kg Métodos Tópicos Métodos DPT Bochecho NaF 0,05% 440ml Bochecho NaF 0,2% 110ml Pasta de dente 1.000ppm 100g Flúor fosfato acidulado gel 8g Verniz fluoretado 4ml Cury, JA (1988) • Dose limite para ingestão de fluoretos: 0,05 a 0,07 mgF/dia/kg (Burt 1992) Fluorose clinicamente aceitável Problema de saúde pública? Não, embora os estudos demonstrem que a prevalência de fluorose tenha aumentado nos últimos anos, a maioria dos casos de fluorose são formas leves, o que, em princípio, não se caracterizaria como um problema de saúde pública por não apresentar impacto na aparência ou na função dental (CDC, 2001b apud Moysés, 2005). Sim, porque em suas formas moderada ou severa, provoca alterações funcionais e estéticas que interferem na personalidade, na inserção no mercado de trabalho, exige tratamento odontológico de alta complexidade em casos mais graves, tem etiologia conhecida e é factível de ser prevenida (Cangussu, 2002). Mas........ todos concordam com a importância de se monitorar os níveis de flúor e a sua ingestão nas mais diversas formas. FLUOROSE História do flúor: a descoberta como método de controle da cárie dentária
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