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Bioquímica e Fisiologia Bucal # AULA 1: Sistem� digestóri�: Cavidade Oral: ♡O sistema digestório é constituído pelo tubo gastrointestinal, um tubo oco que se estende da cavidade bucal ao ânus, sendo também chamado de canal alimentar ou trato gastrintestinal. As estruturas incluem: esôfago, estômago, intestino delgado e grosso. - Além deles, há também os órgãos anexos como: língua e dentes (na cavidade oral) e glândulas exócrinas salivares, fígado e pâncreas, que secretam enzimas muito importantes no processo da digestão. Há também como órgão anexo a vesícula biliar, cuja função é armazenar a bile, líquido produzido pelo fígado que atua na digestão de gorduras no intestino. 📗Visã� Gera� d� Sistem� Digestóri�: Funções - Transporte de água e alimentos ingeridos; - Secreção de líquidos, eletrólitos e enzimas; - Digestão, absorção (pelos enterócitos) e excreção; - Proteção imunológica: placas de Peyer (órgão linfóide secundário). ↪Entendendo o processo: Quando ingerimos uma comida contendo carboidratos, por exemplo, ele vai ser posteriormente quebrado por enzimas atuantes no processo de digestão até se transformar em glicose. Assim, a glicose vai ser absorvida pelos enterócitos, células epiteliais da camada superficial do intestino, e promover a entrada dessa glicose na corrente sanguínea (ocorre absorção da glicose). Já a excreção serve para eliminar do organismo o que não foi absorvido e metabolizado. 📙Visã� Gera� d� Cavidad� Ora�: Composição: ✓Boca: Língua; Dentes; Periodonto (sustentação); ✓Glândulas Salivares: parótida, sublingual, submandibular e as glândulas salivares menores (produção de saliva); ✓Tonsilas: também chamadas de nódulos linfáticos (órgãos linfóides secundários). Podem ser: Faríngea ou adenóide (nasofaringe), Palatina (orofaringe) e Lingual. Joyce Ruana- Odontologia (P4) 💢DigestãoMecânica e Química: ↪Salivaçã�: a saliva tem função de amolecer e lubrificar o alimento. Além disso, ela possui um importante papel de limpeza mecânica e defesa da boca, pois ela carrega enzimas como a lisozima, lactoferrina, peroxidase e aglutinina que ajudam a controlar a quantidade de microrganismos que estão na cavidade oral. A saliva também carrega proteínas do sistema complemento (componente da nossa imunidade). Ela ainda carrega células como leucócitos e componentes específicos como anticorpos (imunoglobulinas IgA, IgG e IgM). ↪Mastigaçã�: processo mecânico que envolve lábios, língua e dentes. Esse passo tem como intuito transformar aquele alimento que está sendo ingerido em bolo alimentar. Em outras palavras, a mastigação envolve a trituração do alimento em pequenos pedaços (realizado pelos dentes) e mistura destes com a saliva, o que lhe dá uma consistência pastosa, que seria justamente o bolo alimentar já citado. ↪Deglutiçã�: seria o ato de engolir, ou seja, o transporte do conteúdo (alimento ou saliva) da boca até o trato gastrointestinal. 👅Língua: Papila� Linguai�: - São irregularidades e elevações da mucosa; - Presentes na superfície dorsal da língua; - Papilas e botões gustativos= Mucosa especializada que leva ao paladar. ✓Antigamente, acreditava-se que em cada canto da língua havia um determinado tipo de papila. Hoje, sabe-se que todos os tipos de papilas estão espalhadas pela região da língua, o que muda é que em algumas partes específicas dela é que há uma maior concentração ou uma maior atuação de determinadas papilas. ☑Tipos de papilas linguais: ✓Filiformes ✓Fungiformes; ✓Circunvaladas; ✓Folheadas; ♡Papila� filiforme�: Formato filiar. ✓Epitélio estratificado pavimentoso queratinizado; ✓Projeções cônicas e alongadas de tecido conjuntivo; ✓Desprovido de botões gustativos; ✓Não possui papel no paladar; ✓Somente papel mecânico. ♡Papila� �ngiforme�: Projeções formato de cogumelo (lembra reino fungi). ✓Epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado; ✓Possui botões gustativos (mucosa especializada); ✓Possui papel no paladar; ✓↑ (em maior concentração) na ponta da língua. ♡Papila� folhada�: Projeções em formato de folhas, como o nome sugere. ✓Epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado; ✓Intercaladas por fendas mucosas profundas; ✓Possui cristas paralelas; ✓Possui botões gustativos; ✓Papel no paladar (mucosa especializada); ✓↑ (em maior concentração) na lateral da língua. ♡Papila� circunvalada�: Projeção em formato de cúpula ✓Epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado; ✓Circundada por invaginações (valas); ✓Maior quantidade de botões gustativos; ✓Papel no paladar (mucosa especializada); ✓Glândulas salivares menores: as glândulas linguais (serosas) desembocam nas papilas circunvaladas. ☑Botões Gustativos: Composição: Células de sustentação; Células basais (tronco); Células neuroepiteliais (detectam sabores). ☑Paladar ou Gustação: O paladar é um sentido especial associado ao olfato (ato de estar com fome ao sentir o cheiro da comida). - Sensação química: Quando temos a sensação química do paladar, ou seja, o gosto, isso nada mais é do que o saborizante (substância química dos alimentos dissolvidos) entrando em contato com os receptores dos botões gustativos. →Vi� Neura� d� Gustaçã�: o neurônio aferente captura os saborizantes, vai para o sistema nervoso e central, realiza sinapse (liberação de neurotransmissores). No SNC há um local chamado de córtex gustatório, onde vai haver a situação neural e o comportamento alimentar, ou seja, sentir vontade de se alimentar. - Em outras palavras, o neurônio sensorial primário aferente vai nos nervos cranianos VII, IX e X e, no bulbo, vai realizar as sinapses. Nesse bulbo, vão acontecer as sinapses (comunicação dos neurônios secundários e terciários) até o córtex gustatório, onde vai ter a mensagem enviada e transcrita como comportamento alimentar. 🦷Dentes: contribuem para o início da digestão (trituram alimentos). Possuem inserção e fixação nos processos alveolares da maxila e mandíbula. Possuem 3 classificações: - Sistema de Palmer: Ângulo de 90° e decíduos em letras (A, B, C, D e E); - Sistema internacional: A por nós utilizada; - Sistema americano: Em sentido horário do 1 ao 32 e decíduos do A ao T ☑Tecid� Especial�ad�: ↪Esmalte: Tecido acelular mineralizado (abundante matéria inorgânica), ele cobre a coroa do dente (parte visível do dente). ↪Dentina: Tecido dental mais abundante, está abaixo do esmalte (coroa) e abaixo do cemento (raiz). É quem realiza justamente a sustentação do esmalte e do cemento. ↪Cemento: Tecido calcificado fino que cobre a dentina da raiz do dente. Possui canalículos para passagem de nutrientes. ♡Esmalte Dental: O esmalte dental é um tecido acelular altamente mineralizado (98% de tecido mineralizado) que cobre a superfície externa dos dentes, sendo a estrutura mais dura do corpo humano. Pelo fato de ser um tecido altamente mineralizado, ele é composto principalmente por material inorgânico (diferentemente da dentina e do cemento, que contêm aproximadamente dez vezes mais matéria orgânica do que o esmalte). →Composição Inorgânica: Os dentes são basicamente compostos de sais de cálcio e fosfato. Entre os diferentes sais possíveis de existir nesses tecidos, predomina a hidroxiapatita (HA), cuja fórmula estequiométrica está descrita na imagem abaixo. Os cristais de HA estão constituídos por pequenas unidades conhecidas como células unitárias. Nessas células unitárias, os íons se organizam da seguinte maneira: no eixo central se encontra a hidroxila (OH− ), que está inserida em um triângulo de íons de Ca+, que por sua vez estão rodeados por um triângulo de íons PO4 3−. Tanto a hidroxila quanto o triângulo de íons Ca2+ e PO4 3− estão cercados por um hexágono de íons Ca2. - Os cristais são longos e finos no esmalte (1 mm × 50 nm × 25 nm), e menores na dentina e no cemento (100 × 30 × 5 nm); - Nos dentes, os cristais não se encontram como HA pura, já que esta sofre modificações pela incorporação, durante a mineralização pré-eruptiva, de outros íons, tais como F−, carbonato (CO3 2− ), magnésio (Mg2+) e sódio (Na+ ). ♡Cemento Dental: Formaçã� d� Cement�: Sabe-seque ele cobre a raiz dental. ✓Cementoblastos: células presentes no ligamento periodontal responsáveis pela produção do cemento celular e acelular. São encontrados revestindo as superfícies da raiz entre os feixes do ligamento periodontal. ✓Cementóide: produção da matriz mineralizada. ✓Cementócitos: Tecido avascular (presos no cemento mineralizado). ● Canalículos: São prolongamentos das células semelhantes a dos ossos, mas não formam rede interconectada como eles. ● Os cementócitos comunicam-se através de canalículos e através destes, recebem os nutrientes provenientes do ligamento periodontal. ● Fibras colágenas e elásticas: Ligamento periodontal e inserção do cemento ao osso. ♡Dentina: Formação da Dentina: ↪Maior porção da matriz do dente, está abaixo do esmalte e do cemento; ↪Odontoblastos: formam a dentina - Superfície interna (polpa dental); - Pré-dentina e dentina. ♡Tecidos de Sustentação: Periodonto. Tecidos que fixam o dente a mandíbula ou maxila: - Gengiva; - Cemento; - Ligamento periodontal; - Osso alveolar. # AULA 2:Bioquímic� d� estrutur� dentári�: ♡Propriedade� d� dente�: em todas as propriedades haverá um comparativo entre os tecidos do dente. (Tal dente é mais mineralizado em comparação a este e assim por diante). Físico-químicas: Densidade; Permeabilidade; Solubilidade; Adsorção; Reatividade. Mecânicas: Dureza. ✅Físico-químicas: ✔Densidad�: O esmalte é um sólido microporoso, composto por cristais de hidroxiapatita rodeados de água e matéria orgânica, com densidade de 2,9 a 3 g/cm3. - A dentina e o cemento, com menor conteúdo mineral (inorgânico), têm menor densidade do que o esmalte: 2,14 e 2,03 g/cm3, respectivamente. ✔Permeabilidad�: A permeabilidade dos dentes é determinada pelo conteúdo orgânico e de água, que forma uma matriz entre os cristais de hidroxiapatita através da qual vão se difundir íons e moléculas solúveis. - O esmalte se comporta como uma membrana semipermeável, limitando a passagem de água, íons e moléculas menores através desse tecido. - Já a dentina é altamente permeável (maior conteúdo orgânico e água em relação ao esmalte), permitindo a passagem de água, íons e moléculas de diferentes tamanhos através dos prolongamentos odontoblásticos (túbulos dentinários). A propriedade de difusão também está relacionada com o processo da cárie dental. Após o metabolismo de carboidratos pelas bactérias (acidogênicas) no biofilme dental, os ácidos produzidos (aumento de H+) difundem através do espaço interprismático e entram em contato com a superfície dos cristais de hidroxiapatita causando desmineralização. ✔Solubilidad�: determinada levando em consideração a acidificação do meio ao redor do mineral do dente ou na presença de quelantes (sequestrantes). →Solubilidade ácida: a solubilidade de um mineral pouco solúvel depende do grau de saturação (GS) da solução em relação à constante do produto de solubilidade (Kps) do mineral. - GS=1: Equilíbrio; GS<1: Desmineralização; GS>1: Remineralização. - Quando o produto de atividade iônica (PAI) é exatamente igual ao Kps (PAI = Kps), o GS é igual a 1 (GS = 1). Nesse caso, a solução está saturada em relação ao mineral, ou seja, há equilíbrio entre o mineral sólido e os íons que o compõem dissolvidos em solução, não havendo perda nem ganho de mineral. - Quando o GS for inferior a 1 (GS<1), a solução estará subsaturada em relação ao mineral, indicando que há menor quantidade de íons que compõem o mineral dissolvidos na solução do que no mineral sólido (PAI < Kps). Nesse caso, a tendência é que os íons no mineral se dissolvam, saiam do dente para a solução, causando a desmineralização (saída de íons minerais). - Quando o GS for superior a 1 (PAI > Kps), a solução estará supersaturada em relação ao mineral. Nesse caso, há maior quantidade de íons que compõem o mineral dissolvidos na solução do que no mineral sólido, fazendo esse excesso de íons se precipite sobre o mineral do dente, causando remineralização. →Como sabemos, as mudanças no pH dos fluidos bucais alteram o seu grau de saturação com relação ao mineral do dente e, deste modo, a solubilidade dos minerais. Assim, a solubilidade do mineral do dente é inversamente proporcional ao pH do meio: quando o pH do meio diminui, aumenta-se a concentração de íons H+, aumentando-se também a solubilidade do mineral do dente, e vice-versa. •Condições fisiológicas e ph neutro: a saliva e o fluido do biofilme possuem altas concentrações de cálcio e fosfato, fazendo com que esses fluidos estejam supersaturados com relação ao mineral do dente, ou seja, eles causam remineralização. •Condições de diminuição de pH: quando bactérias presentes no biofilme dental produzem ácidos mediante metabolização de carboidratos ingeridos na dieta (principalmente sacarose, glicose e frutose), esse aumento de ácido causará uma diminuição do pH, aumentando a concentração de H+ e causando desmineralização. - Esse H + se associa com o fosfato e a hidroxila presentes no fluido do biofilme, diminuindo a concentração desses íons. A diminuição da concentração dos íons que compõem o mineral no fluido do biofilme implica uma redução no PAI e, deste modo, do GS dessa solução com relação ao mineral do dente (GS<1), deixando assim a solução subsaturada, o que causa a desmineralização. 💣pH crítico: Esmalt�: Os valores de pH crítico que foram estabelecidos correspondem ao pH abaixo do qual a saliva deixa de ser saturada com relação a HA (hidroxiapatita) ou FA (fluorapatita). Assim, quando o pH da saliva é menor do que 5,5, o meio se torna subsaturado com relação à HA, levando à dissolução desses cristais. Entretanto, em pH entre 4,5 e 5,5 e havendo apenas 0,02 ppm de F− no meio, forma-se FA no dente (cristal mais resistente à desmineralização a esse nível de pH). - Desse modo, ao mesmo tempo em que há uma dissolução de minerais a partir da HA, parte desses íons precipitam como FA, diminuindo a perda líquida de minerais pelo dente e resultando em uma redução da desmineralização pela simples presença de F− (fluoreto) no meio bucal. - Pelo fato de que a FA é um cristal menos solúvel do que a HA, o esmalte poderá ser mais resistente a uma futura desmineralização; entretanto, em pH menor do que 4,5, o meio ficará subsaturado com relação à FA, e esta também será dissolvida. 💢Dentin� � cement�: Na dentina e no cemento, o pH crítico da saliva com relação ao mineral desses tecidos é menor do que no esmalte. Isso porque, em relação ao esmalte, os cristais de ambos possuem menor tamanho, menor nível de organização e maior concentração de CO3 2− (carbonato), que causa solubilidade do cristal. - Além disso, as fibras de colágeno da dentina e do cemento podem ser metabolizadas pelas enzimas proteolíticas das bactérias do/no biofilme dental, expondo mais cristais de apatita e facilitando a difusão dos ácidos ao longo da estrutura desses tecidos (cárie se expande com maior rapidez em dentina). - Desse modo, o pH no qual a saliva deixa de ser saturada com relação ao mineral da dentina é de aproximadamente uma unidade maior que para o esmalte (cerca de 6,5), explicando por que, por exemplo, existem determinados açúcares da dieta que são cariogênicos só para a dentina e não para o esmalte. •Erosão dental: definida como a dissolução do mineral do dente em ausência de película adquirida, a solubilidade vai depender da concentração de cálcio e fosfato na bebida ou no alimento com potencial erosivo, mesmo que o pH dela seja menor que o crítico definido para esmalte ou dentina. Desse modo, o grau de saturação do produto erosivo em termos de PAI em relação a um mineral será determinado pela concentração dos íons comuns da solubilidade da HA (Ca2+ e PO4 3− ) e do pH, indicando que, nesse caso, também não há um pH crítico fixo para que sejam desenvolvidas lesões erosivas. - Além do GS, o potencial erosivo de um produto ácido vai depender da sua capacidade tampão. Deve-se lembrar que os sistemas tampão evitam variações bruscas no pH da solução pela entrada de H+ ou OH− no sistema, mantendo, no caso dos produtos ácidos,o pH baixo que favorece a dissolução do mineral do dente. 🧡Solubilidad� quelant�: o quelante é usado em situações em que há hipermineralização do dente, como a situação de cálculos dentários (tártaro). Ele é uma molécula capaz de formar complexos com cátions tais como o cálcio (Ca2+), o alumínio (Al3+) e o magnésio (Mg2+). - O ácido etileno diamino tetra-acético (EDTA), é um sal com capacidade quelante amplamente utilizado em odontologia para a instrumentação do canal radicular durante o tratamento endodôntico, ele forma complexos solúveis com o cálcio. - Quando o EDTA é adicionado a uma solução, ele vai exercer a sua ação quelante mediante a formação de complexos com o cálcio, diminuindo assim a concentração desse íon na solução; consequentemente, o PAI será menor do que a Kps da HA. - Assim, a solução estará subsaturada com relação ao mineral dental, e haverá uma dissolução do mineral até atingir o equilíbrio (PAI = Kps), desmineralizando. Deve-se lembrar que essa reação é equimolar (contém igual número de moléculas), e, para o caso da HA, seriam necessárias 10 moléculas de EDTA por cada 10 íons de cálcio na solução. ✔Adsorçã�: Se refere ao ato de aderir (associada a película adquirida). ♡Sabe-se que o esmalte possui, na sua superfície, carga negativa. Já a saliva possui íons de cálcio (positivos) que se depositam na superfície dentária de esmalte justamente por essa atração iônica (esmalte negativo e cálcio positivo), sendo essa interação chamada de camada de hidratação. Desse modo, a película adquirida seriam as glicoproteínas, fosfoproteínas e lipídios que se ligam nessa camada de hidratação. 💡Nessa imagem, há esquematicamente o que foi explicado, temos o esmalte com sua carga negativa e o cálcio da saliva com carga positiva, eles se atraem e se depositam na superfície dentária, sendo essa junção chamada de camada de hidratação. As proteínas, lipídeos e outros componentes se ligam posteriormente a essa camada e formam a chamada película adquirida, essas proteínas vão servir de receptores específicos para as primeiras bactérias que vão se aderir à superfície dentária. ↪Película adquirida do esmalte (PAE): - Protege contra erosão (membrana semipermeável); - Aderência de microrganismos; - Substrato para microrganismos do biofilme dental; - Reservatório de fluoreto; - Lubrificantes (evita desgaste por fricção). ✔Reatividad�: Quando um fluoreto em alta concentração (> 100 ppm F− ) é aplicado na superfície dos dentes, ocorre uma reação química entre o fluoreto e o mineral do esmalte e da dentina, com formação de produtos de reação. Os produtos de reação do F− podem ser de dois tipos: fluorapatita (insolúvel) e fluoreto de cálcio (solúvel). - Fluorapatita (FA): chamado de fluoreto fortemente ligado e fluoreto insolúvel; - Fluoreto de cálcio (CaF2 ): também chamado de fluoreto fracamente ligado e/ou fluoreto solúvel. ↪A quantidade desses produtos formados depende da concentração do F e do pH do veículo de aplicação; no entanto, independentemente desses fatores, mais de 90% do produto formado é considerado tipo CaF2. - O “CaF2” é chamado de fracamente ligado porque ele não é estável no meio bucal, sendo facilmente dissolvido pela saliva. - Ele também é chamado de reservatório de F− pois ele disponibiliza esse fluoreto para o fluido do biofilme formado sobre o esmalte e a dentina, controlando a desmineralização e promovendo a remineralização dental. ✔Dur��: A dureza dos tecidos dentais é diretamente proporcional ao conteúdo mineral dos dentes. Assim, quanto mais duro for o dente, maior é seu conteúdo mineral. - Como o esmalte é o tecido que mais possui conteúdo mineral (em comparação a dentina e ao cemento), então ele é o tecido mais duro, tendo uma dureza de cerca de 320 a 350 kg/mm2. - Já a dentina e o cemento que possuem mais conteúdo orgânico (menos mineralizado) possuem uma dureza de aproximadamente 40 a 60 kg/mm2. - O equipamento para a avaliação da dureza é o microdurômetro, o qual tem acoplado um penetrador de diamante. Mede-se a resistência dos materiais mediante o comprimento da endentação e a carga aplicada. # AULA 3: Bioquímic� d� biofilm� denta�: A cavidade bucal é colonizada por diferentes espécies de microrganismos, estes que são importantes para manutenção do estado de saúde do organismo humano. - Simbiose: quando há um equilíbrio nas interações entre os microrganismos e o indivíduo que perpetua um quadro de saúde. - Disbiose: quando ocorre uma quebra desse equilíbrio, as mudanças no ambiente bucal favorecem a proliferação de espécies patogênicas, e essa alteração ecológica favorece o desenvolvimento de doenças. ♡A composição da microbiota da boca é distinta daquela de outras partes do corpo, nem todos os microrganismos que entram na cavidade bucal conseguem colonizar esse ambiente e se manter nele. Mesmo dentro da própria cavidade bucal existem também diferentes locais que favorecem a colonização por microrganismos distintos. Na boca existem dois tipos de superfícies passíveis de colonização: - Superfícies descamativas: lábio, bochecha, palato e língua; - Superfícies não descamativas: dente. →As superfícies mucosas, como a da bochecha, são colonizadas por diferentes microrganismos, mas sofrem um processo de descamação contínua da camada superficial do epitélio, o que dificulta o acúmulo e a organização de microrganismos. Por outro lado, as superfícies dos dentes, que também são colonizadas, favorecem o acúmulo de grande quantidade de microrganismos devido ao fato de não serem descamativas. É por isso que temos cárie no dente e não na bochecha! ♡O ambiente bucal também é caracterizado pela presença constante de saliva e de fluido do sulco gengival (FSG). Esses fluidos influenciam na colonização de diferentes nichos, servindo como nutrientes para os microrganismos e modulando seu crescimento. ↪Saliva: mantém a cavidade bucal úmida e lubrificada, ela possui capacidade de manter o pH bucal próximo da neutralidade devido à presença de íons que atuam como tampão. - Os principais componentes orgânicos da saliva são as proteínas, elas se adsorvem (aderem) sobre as superfícies bucais (camada de hidratação) formando uma película adquirida do esmalte, um filme no qual os microrganismos se aderem na colonização dos substratos. - Esses componentes orgânicos atuam também como fonte primária de nutrientes (proteínas e carboidratos) para a microbiota. ↪Fluido do sulco gengival: apresenta maior concentração de proteínas que a saliva, ele é proveniente do fluxo do soro sanguíneo pelo epitélio juncional da gengiva, e pode ser caracterizado tanto como um transudato (saúde) quanto como um exsudato (doença). - Sulco saudável: quantidade de fluido gengival pequena. - Inflamação: o fluxo de fluido aumenta, sendo a composição semelhante à de um exsudato inflamatório. Esse aumento do fluido estabelece um ambiente favorável para a proliferação de microrganismos periodontopatogênicos. ✔A cavidade bucal apresenta condições físico-químicas que propiciam a colonização e o crescimento de um amplo número de microrganismos. Entre os fatores que favorecem a colonização por diferentes espécies, destacam-se: - Temperatura; pH; - Presença de oxigênio (potencial de oxidação-redução – redox [Eh]); - Nutrientes (endógenos e exógenos); - Defesa do hospedeiro. 📘Temperatur�: fator importante para a colonização de um determinado local, ela proporciona condições adequadas ou não para o crescimento e metabolismo dos microrganismos. Alterações bruscas na temperatura interferem em parâmetros que influenciam a proliferação microbiana, como pH, atividade iônica, agregação de biomoléculas e solubilidade de gases. - Temperatura bucal normal (saudável): em média 36 °C; - Processo inflamatório (doença periodontal): 39 °C (em virtude do aumento de fluxo sanguíneo no local da doença). 📗pH: O pH do meio norteia a seleção dos microrganismos aptos para colonizar a boca e se desenvolver. O pH dos diferentes locais da boca reflete o pH da saliva (próximo da neutralidade, +/-7). Muitos microrganismosprecisam de um pH próximo do neutro para crescerem, sendo sensíveis a meios extremamente ácidos ou alcalinos. - Quando o biofilme dental é exposto com frequência a um açúcar fermentável, o pH local mais baixo (ácido) proveniente do seu metabolismo favorece a proliferação de microrganismos acidogênicos (capazes de produzir ácidos) e acidúricos (capazes de sobreviver em meio ácido), estes que estão intimamente relacionados à doença cárie. 📕Presenç� d� �igêni� (potencia� red�): Apesar de a boca estar em íntimo contato com o ar atmosférico, a maioria dos microrganismos da cavidade bucal é anaeróbia facultativa, ou seja, elas podem crescer na presença ou ausência de oxigênio. Além disso, há também as bactérias anaeróbias estritas (que crescem na ausência total de oxigênio). - A proliferação dos microrganismos anaeróbios facultativos e estritos se deve à existência de locais em que a concentração de oxigênio é reduzida, a exemplo da região de fundo de sulco. - O nível de oxidação-redução é geralmente expresso como potencial redox [Eh]. À medida que o Eh é gradualmente diminuído (menor concentração de O2), o local se torna mais propício para a proliferação de microrganismos anaeróbios. 📒Nutriente� endógen� � �ógen�: - Endógenos: presentes na saliva e no FSG (fluido do sulco gengival), como aminoácidos, peptídeos e carboidratos - Exógenos: provenientes da dieta do hospedeiro ♡Entre as fontes de nutrientes presentes na dieta, os carboidratos fermentáveis são nutrientes exógenos que interferem na modulação de populações de microrganismos na cavidade bucal. As bactérias (acidogênicas) utilizam esses carboidratos para obtenção de energia, produzindo ácidos como produto final do seu metabolismo. - Na presença de sacarose, as enzimas secretadas por microrganismos, como as glicosiltransferases, podem sintetizar polissacarídeos extracelulares (PECs), os quais modificam a matriz extracelular do biofilme, tornando-o mais cariogênico; - O papel dos carboidratos fermentáveis não apenas como fonte de energia exógena para a produção de ácidos, mas também como substrato para síntese de PECs. 📙Defes� d� h�pedeir�: Com o objetivo de evitar que os microrganismos da cavidade bucal causem danos ao hospedeiro, este possui um sistema de defesa além da barreira física da mucosa, constituído por fatores de defesa inata e adquirida: - Defesa Inata: essa defesa inclui as glicoproteínas (mucinas), enzimas (lisozima, lactoferrina, apolactoferrina) e peptídeos antimicrobianos presentes na saliva. Essas biomoléculas podem auxiliar na aglutinação de microrganismos, facilitando sua deglutição junto com a saliva, e também na degradação de componentes vitais da célula bacteriana, tendo efeito bactericida (mata a bactéria). - Defesa Adquirida: essa defesa inclui os linfócitos intraepiteliais, células de Langerhans e imunoglobulinas (IgG e IgA). Na saliva, os componentes de defesa são imunoglobulinas (IgA, IgM e IgG) e o sistema complemento (C3). ☑O complexo estado de equilíbrio entre os microrganismos residentes da cavidade bucal é responsável pela manutenção de um estado de saúde, na qual há uma relação de simbiose, caracterizada pela convivência mutuamente benéfica entre os organismos. →Desse modo, o quadro de saúde mostra microrganismos em relação simbiótica com o hospedeiro. Observamos que nessa relação há uma pequena concentração de células vermelhas (relacionadas ao desenvolvimento de doenças) e uma maior quantidade de células verdes (bactérias não patogênicas), por isso que há saúde. Entretanto, quando há uma pressão ecológica que desestabiliza essa relação simbiótica, a proliferação de espécies potencialmente patogênicas é favorecida (células vermelhas aumentam) o que estabelece uma relação de disbiose (estado de doença). ✔Em uma situação em que há a ingestão inadvertida de sacarose (açúcar fermentável), nós vemos que o biofilme (chamado agora de biofilme sacarolítico) começará a sofrer uma baixa no pH mediante a proliferação de bactérias acidogênicas (liberam ácido mediante metabolismo da sacarose) de modo a contribuir para aumento de bactérias acidúricas (sobrevivem em meio ácido). Essas bactérias incluem os Streptococcus e Lactobacillus que, em desequilíbrio no biofilme, causam disbiose (doença). ✔Por outro lado, quando há uma má higiene bucal e nós temos uma inflamação/aumento do fluxo do sulco gengival, essa alta quantidade de fluido diminui a quantidade de oxigênio (diminui potencial redox) favorecendo a proliferação de microrganismos anaeróbios gram-negativos como Espiroquetas, por exemplo. Desse modo, esse mecanismo gera a doença periodontal, causando perda óssea e consequente perda dental. 📚Colonização: Estabelecida após o nascimento. No recém-nascido existem apenas superfícies mucosas, as quais são colonizadas principalmente por espécies anaeróbias facultativas. O processo de colonização da cavidade bucal será influenciado pela presença de imunoglobulina A (IgA), a qual dificulta a adesão de microrganismos à mucosa. →A presença da microbiota pioneira modifica o meio, promovendo condição para a colonização de outras espécies. Esses microrganismos possibilitam a adesão de novos microrganismos e produzem metabólitos que podem alterar o pH e o Eh (potencial redox), bem como servir de nutrientes para outros microrganismos. Assim, a microbiota pioneira influencia a sucessão de microrganismos colonizadores da boca. - Ao longo da vida, outras espécies podem fazer parte da microbiota bucal. É importante ter em mente que alterações presentes no ambiente bucal e a resposta do hospedeiro contra essas ameaças influenciam a população de microrganismos. 🏠Formaçã� d� Biofilm� Buca�: Os microrganismos precisam aderir às superfícies existentes na boca para conseguir sobreviver; caso contrário, podem ser facilmente removidos pelo fluxo salivar ou durante a mastigação de alimentos. Assim, os microrganismos se organizam em biofilmes, proliferando aderidos às superfícies bucais. ♡Biofilme: definido como uma comunidade de microrganismos caracterizada por células que estão aderidas a uma superfície ou entre si e imersas em uma matriz extracelular de substâncias poliméricas. Esses polímeros da matriz compreendem principalmente polissacarídeos, proteínas e ácidos nucleicos, os quais podem ser de origem microbiana e/ou do hospedeiro, auxiliando também na estruturação do biofilme. - A organização em biofilmes depende do tipo de superfície da boca colonizada e também da sua estabilidade para a proliferação dos microrganismos. →Organização de biofilmes em superfícies descamativas: é dificultada pela constante descamação do epitélio. Assim, os microrganismos são constantemente removidos das superfícies, o que não permite sua correta organização, que resulta consequentemente em uma maior suscetibilidade às defesas naturais do hospedeiro. - Predominância de microrganismos anaeróbios facultativos; - Na língua podem ser encontrados também anaeróbios estritos, pois sua anatomia fornece áreas de baixa concentração de oxigênio (baixo Eh). - Superfícies mucosas podem também ser colonizadas por Candida spp., devido à capacidade desses fungos em penetrar a mucosa. →Organização de biofilmes em superfícies não descamativas: aqui a organização em biofilme é facilitada. Os dentes apresentam ainda áreas distintas que são banhadas por diferentes fluidos que podem interferir no crescimento de microrganismos. - A ausência de descamação possibilita que os microrganismos aderidos proliferam constantemente, aumentando cada vez mais sua biomassa. - Essa complexa organização confere aos microrganismos resistência não somente às defesas naturais do hospedeiro, mas também à ação de antimicrobianos. - O atrito com as mucosas e com os alimentos durante a mastigação é capaz de desprender apenas partes do biofilme e sua remoção só será efetiva pela desorganização mecânica (escovação mecânica, profilaxia profissional). ✔Etapas da formação do biofilme: ✔A imagem mostra as etapas durante a formação de biofilme sobre o dente (superfícienão descamativa). Primeiramente, nós observamos a presença de película adquirida do esmalte sobre a superfície. As proteínas dessa película fornecem sítios para a adesão de microrganismos. Desse modo, haverá adesão de colonizadores primários à película mediante a ligação entre as proteínas dela com as adesinas presentes na superfície das bactérias. O próximo passo seria o crescimento e adesão de colonizadores secundários. Logo após, nós vemos a presença de matriz extracelular entremeando as células bacterianas, essa matriz é composta principalmente por polissacarídeos, proteínas e ácidos nucleicos, os quais podem ser de origem microbiana e/ou do hospedeiro. 📢Quoru� sensin�: também é chamado de sensor de densidade, está ligado a uma variedade de comportamentos fisiológicos nas bactérias. Nas bactérias, existem mecanismos de detecção de quórum o qual permite que grupos de bactérias alterem o comportamento de maneira síncrona em resposta a mudanças na densidade populacional e na composição de espécies da comunidade. O sistema QS regula vários processos celulares, que envolvem principalmente a regulação da luminescência bacteriana, fatores de virulência, tolerância de desinfetantes, formação de esporos, produção de toxinas e motilidade. 💛Cárie dental: definida como uma doença dependente de biofilme e de sua frequente exposição a carboidratos fermentáveis, presentes na dieta do hospedeiro. Quando os microrganismos do biofilme dental são expostos a açúcares, eles os utilizam como fonte de energia e liberam ácidos para o meio como produto final do metabolismo. - A frequente exposição a açúcares promoverá constantes quedas de pH, alterando o ambiente do biofilme e favorecendo a seleção de microrganismos acidogênicos (produtores de ácido) e acidúricos (que toleram/vivem em ambiente ácido). - Apesar de outros microrganismos estarem presentes no biofilme dental cariogênico, as espécies mais comumente associadas à doença são Streptococcus mutans e Lactobacillus. - Quando a fonte de carboidrato for sacarose, além da produção de ácidos pelas bactérias, polissacarídeos extracelulares (PECs) são sintetizados por enzimas bacterianas (glicosiltransferases). ♡Polissacaríde� �tracelulare� (PEC�): podem ser insolúveis e solúveis: - PECs insolúveis: alteram a matriz extracelular, tornando-a mais volumosa e porosa, e contribuem também para a adesão de novos microrganismos. O biofilme mais poroso é mais cariogênico, pois permite a difusão dos açúcares para seu interior, o que possibilita que as bactérias tenham nutrientes e produzem ácidos, e também dificulta a remoção dos ácidos pela saliva. - PECs solúveis: atuam como fonte de reserva energética para a manutenção da viabilidade das células bacterianas em períodos de ausência de carboidratos. ☑ Esquema ilustrando a hipótese da placa ecológica na etiologia da cárie dental. A alta frequência de exposição a carboidratos fermentáveis resulta na produção de ácidos, alterando o pH do ambiente (pH mais baixo no biofilme). A mudança ambiental favorece a seleção de bactérias acidogênicas e acidúricas, como Streptococcus mutans e Lactobacillus. A constante produção de ácidos promove a desmineralização dos dentes. 💊Farmacoterapia para S. mutans: Penicilinas ♡Mecanismo de ação: Importante bactericida (mata a bactéria). Atua inibindo a síntese da parede celular bacteriana. O anel betalactâmico tem afinidade por enzimas transpeptidases e carboxipeptidases da bactéria que são altamente importantes, pois efetuam ligações cruzadas de polímeros de peptidoglicano adjacentes. Sabe-se que a inibição dessas ligações impede a síntese da camada de peptidoglicano (parede celular bacteriana), que é uma estrutura essencial da célula, pois é ela que mantém a sua integridade (e evita sua lise). - Desse modo, se eu tenho a inibição da síntese da parede microbiana, eu vou ter a liberação de autolisinas que destroem a parede existente e causam a lise da bactéria, por isso que dizemos que os betalactâmicos possuem ação bactericida. - Os betalactâmicos possuem como alvo principalmente bactérias gram-positivas. - Exemplo de penicilinas: Amoxicilina e ampicilina. ✓Resistência aos betalactâmicos: As betalactamases são enzimas produzidas por bactérias que rompem o anel betalactâmico, inativando o antibiótico betalactâmico, ou seja, inativando a penicilina. Isso acontece mediante uma resistência da bactéria ao medicamento. Basicamente, quando o indivíduo faz muito uso da penicilina, isso faz com que o microrganismo causador da infecção deixe de responder ao tratamento que antes funcionava. Agora, ele começa a liberar betalactamases que vão destruir o anel betalactâmico, fazendo com que o fármaco não exerça efeito algum. 💖Doenças periodontais: O biofilme acumulado sobre os dentes também é fator etiológico no desenvolvimento de doenças periodontais, nas quais a resposta do hospedeiro para conter os microrganismos ataca os tecidos de suporte dos dentes. - O acúmulo de biofilme na região do sulco gengival (biofilme subgengival) desencadeia primeiramente gengivite; no entanto, a presença de biofilme por si só não é suficiente para a doença progredir para periodontite. - Como resultado da inflamação, o epitélio juncional na base do sulco gengival migra gradativamente para uma porção mais inferior sobre a raiz do dente, formando bolsas periodontais, as quais favorecem a retenção de biofilme em um ambiente distinto. Esse ambiente favorece a seleção de microrganismos periodontopatogênicos. ☑ Esquema ilustrando a hipótese da placa ecológica na etiologia de doença periodontal. Inicialmente, nós vemos a gengivite, que pode progredir para uma periodontite. O acúmulo de biofilme próximo ao sulco gengival promove aumento da resposta inflamatória no hospedeiro e aumento do fluxo do FSG, propiciando um ambiente de anaerobiose (menor Eh). A mudança ambiental favorece a proliferação de bactérias Gram-negativas anaeróbias proteolíticas (proliferam em área de inflamação constante), gerando a doença periodontal. 💣Biofilm� sobr� muc�� ora�: Candidíase bucal/oral. ♡A Candidíase oral é causada pelo Candida albicans (Candida ssp.), um fungo comensal que vive em equilíbrio na cavidade oral de pessoas com sistema imune competente. Entretanto, uma característica muito importante dele é que ele é um fungo oportunista, ou seja, por mais que ele seja aparentemente inofensivo em pessoas “saudáveis”, quando em contato com pessoas imunossuprimidas (seja por condições genéticas raras ou problemas com HIV e Aids), ele causa uma série de agravos, podendo levar o paciente a morte. 💊Farmacoterapia da Candidíase bucal: Nistatina oral (Faz parte do receituário comum). ♡Mecanismo de ação: Ligação à membrana celular fúngica com resultante alteração na permeabilidade da membrana celular e consequente extravasamento do conteúdo citoplasmático. 💚Língua: A halitose bucal é causada pelo acúmulo de biofilme sobre a língua (saburra lingual). Sabemos que as 4 papilas linguais (filiformes, fungiformes, circunvaladas e folheadas) compõem as depressões presentes na língua, sendo estas depressões locais ideais para o acúmulo de alimentos e retenção do biofilme. - Língua fissurada ou pilosa: superfície mais irregular que propicia ainda mais a retenção de microrganismos. →Halit�� buca�: Falando-se de como acontece esse odor na cavidade oral, entende-se que a língua, como já citado, é uma superfície que contém diversas papilas que lhe confere algumas depressões que retém o biofilme bucal. Desse modo, se eu tenho um acúmulo de biofilme ali, observa-se paulatinamente a diminuição da quantidade de oxigênio naquele local, favorecendo a proliferação de bactérias gram negativas anaeróbias - Metabolismo proteolítico:produz compostos sulfurados voláteis. - Medidas profiláticas: Higienizar a língua e evitar acúmulo do biofilme. # AULA 4:Bioquímic� d� comp�t� cariogênic�: Biomoléculas: ♡Temos como biomoléculas: carboidratos, nucleotídeos, lipídeos e proteínas. Elas atuam nos processos biológicos tanto de organismos unicelulares comopluricelulares (nós). Além disso, elas podem atuar também em processos patológicos nesses seres vivos, a exemplo disso seria o desenvolvimento da cárie dentária. 📕Carboidrat�: Principal fonte calórica dos seres vivos e que possui relação direta com a cárie dental. Sua metabolização será feita pelas bactérias presentes no biofilme dental, e esse passo vai ter como saldo uma diminuição do pH, mediante a grande quantidade de ácido gerado, causando desmineralização dental que culmina em cárie. - Esse carboidrato quando consumido pode ser transformado em glicogênio, também chamado de “amido animal”, pois assim como o amido é a reserva energética dos vegetais, o glicogênio é a reserva energética dos animais e seres humanos, ficando armazenado principalmente no fígado e nos músculos. ☑Estrutura química: Compostos orgânicos (possuem carbono na sua estrutura); Polihidroxilados (possui várias hidroxilas). Aldeídicos → aldeído Cetônicos → cetona Aldose: possui grupamento carbonila ligado a um hidrogênio (aldeído); Cetose: possui um grupamento carbonila (cetona). ✅Classificação:Monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. ♡Monossacarídeos: Única unidade de polidroxialdeído ou cetona. Para ser monossacarídeo deve apresentar até 7 átomos de carbono. Um monossacarídeo muito importante seria a glicose, ela é muito abundante na natureza e possui 6 átomos de carbono. →Possuem estruturas cíclicas ou anéis que podem ser: - Anel furanosídico: 5 átomos de carbono; - Anel piranosídico: 6 átomos de carbono. →Se ligam entre si mediante a ligação glicosídica (ligação covalente), ela pode ser classificada em alfa ou beta dependendo da posição do radical hidroxila que participa da ligação. Se a hidroxila estiver para baixo, dizemos que a ligação é alfa. Por outro lado, se a hidroxila estiver para cima, dizemos que a ligação é beta. ♡Oligossacarídeos: União de dois ou mais monossacarídeos produzindo água (até 10). - Sacarose: Glicose + Frutose; - Maltose: Glicose + Glicose; - Lactose: Glicose + Galactose. ✓Nesse exemplo, nós vemos a maltose, um dissacarídeo formado pela união de duas glicoses (dois monossacarídeos). Nesse caso, dizemos que a ligação é alfa pois a hidroxila está do lado direito do carbono anomérico, que é o carbono ligado ao oxigênio central. Além disso, é visível também que a junção dessas glicoses produz água (H2O). →Sacarose: Quando ingerida, é quebrada em 2 monossacarídeos: glicose e frutose, que sofreram ação das transferases, enzimas dos microrganismos. - Glicose → glicosiltransferases; - Frutose → frutosiltransferases. Assim, essas transferases podem sintetizar polissacarídeos extracelulares (PECs), os quais modificam a matriz extracelular do biofilme, tornando-o mais poroso, ou seja, esse biofilme agora vai facilitar a entrada de ácidos na superfície dental, o que facilita a desmineralização daquele dente. É por isso que dizemos que a formação de PECs torna o biofilme mais cariogênico, pois ele facilita o processo de formação cárie. - Desse modo, além dos carboidratos fermentáveis serem fonte de energia exógena para a produção de ácidos, eles também são substratos para síntese de PECs. ❓Mas como esse processo se inicia? Primeiramente nós precisamos entender como se dá a formação do biofilme dental. Assim, esse passo se inicia com a formação da camada de hidratação, que se forma mediante a união da carga negativa da superfície do esmalte a carga positiva do íon cálcio. ✓A ligação de proteínas e outras moléculas presentes na saliva nessa camada de hidratação forma a película adquirida do esmalte que, após ser colonizada por microrganismos começa a ser finalmente chamada de biofilme. ✓Desse modo, os microrganismos presentes no biofilme estão em equilíbrio, pois eles fazem parte da microbiota residente. Entretanto, quando esse biofilme entra em contato com a sacarose diversos eventos acontecem. ✓Quando ingerida, a sacarose é imediatamente usada como alimento para bactérias acidogênicas, elas vão metabolizar esse carboidrato e transformá-lo em ácido, este que causa desmineralização e posterior cavitação no dente. ✓Ao passo disso, nós vemos que essa sacarose também pode ser usada para formação de polissacarídeos extracelulares. Quando exposta ao biofilme, essa sacarose é quebrada em glicose e frutose, esses monossacarídeos sofrerão ação de transferases que vão sintetizar os PECs e tornar o biofilme mais poroso, mais cariogênico. →Lactose: metabolizada pela enzima lactase proveniente das células da mucosa intestinal. - Possui metabolização lenta; - Não é substrato para a produção de PECs; - Logo, NÃO É CARIOGÊNICA. ❗Cariogenicidade do leite materno: Quando há apenas lactose, nós observamos um aumento de cálcio e fosfato. Logo, esse é um alimento anticariogênico, pois a solução rica em cálcio e fosfato (solução supersaturada) é aquela que causa remineralização dos dentes, ou seja, precipitação de minerais no dente. - Além disso, esse tipo de alimento diminui a formação da película adquirida do esmalte e diminui a atividade das glicosiltransferases; - Se torna um alimento cariogênico apenas quando há exposição de dentina. →Maltose: Seria o primeiro produto obtido durante a digestão (hidrólise) do amido pela amilase, sendo essa maltose depois quebrada e transformada em glicose mediante a maltose. - A amilase salivar é uma enzima da saliva que, em pH neutro ou ligeiramente alcalino, digere parcialmente o amido e converte-o em maltose. - Já a maltase é uma enzima localizada na borda da escova do intestino delgado que decompõe o dissacarídeo maltose em glicose que pode ser absorvida pelo corpo. ♡Polissacarídeos: União de mais de 20 unidades de monossacarídeos. Homopolissacarídeos: quando hidrolisados, liberam só um tipo de monossacarídeos; Heteropolissacarídeos: quando hidrolisados, liberam mais de um tipo de monossacarídeos. 💚Homopolissacarídeos: Glicogênio (reserva energética animal). ✓Quando ingerimos um alimento rico em açúcar, aumenta-se a taxa de glicose no sangue, o que estimula a célula beta do pâncreas a produzir o hormônio insulina, que armazena a glicose no fígado na forma de glicogênio como forma de reduzir a quantidade de glicose no sangue. A ausência ou a baixa produção de insulina ocasiona a diabetes, uma doença caracterizada pelo excesso de glicose no sangue (hiperglicemia). ✓Quando estamos em jejum, ou seja, quando a taxa de glicose no sangue está baixa (hipoglicemia), nosso corpo se utiliza do glucagon, que atua de forma antagônica à insulina. Dessa forma, o glucagon atua fígado estimulando a quebra do glicogênio em glicose. Com isso, a glicose é então enviada para o sangue e os níveis de açúcar são normalizados. 📘Nucleotíde� � Ácid� Nucleic�:Nucleotídeos → formam os ácidos nucleicos. ♡Os nucleotídeos direcionam processos metabólicos celulares, eles são compostos por: - Base orgânica nitrogenada (informação genética); - Pentose (informação genética); - Grupamento fosfato (função estrutural). Adenosina + Fosfato + Pentose= Nucleotídeo Adenosina + Pentose= Nucleosídeo Adenosina + 3 Fosfatos= ATP Adenosina + 2 Fosfatos= ADP ♡Ácidos nucleicos: Armazenam, transmitem e traduzem a informação genética. ☑Ácido desoxirribonucleico (DNA): Repositório da informação genética; ☑Ácido ribonucleico (RNA): Traduz informação genética em proteínas. Ácidos nucleicos → polímeros de nucleotídeos Polinucleotídeos: Resíduos de fosfato formam ligação fosfodiéster que acontecem entre os carbonos (3’ – 5’) das pentoses. 📒Lipíde�: Englobam todas as substâncias gordurosas existentes no reino animal e vegetal. São compostos oleosos que apresentam baixa solubilidade em água (hidrofóbicas). - Armazenam energia; - Estrutura das membranas biológicas; - Moléculas sinalizadoras endógenas. ♡Ácidos graxos: tipo de lipídio que apresenta uma longa cadeia carbônica que, por via de regra, apresenta número par de átomos de carbono. Podem ser saturados e insaturados, possuindo os saturados uma cadeia de forma linear e os insaturados uma cadeia de forma de “U”, pois apresentam duplaligação entre os átomos de carbono. - Saturado: somente ligações simples; - Insaturado: apresenta ligações duplas. →Os microrganismos do biofilme dental alteram a composição da membrana. Assim, em resposta da acidificação do meio, um perfil predominante de ácidos graxos saturados de cadeia curta se tornam ácidos graxos insaturados de cadeia longa. - Na íntegra: Algumas bactérias são capazes de encurtar ou alongar a cadeia de ácidos graxos dos lipídeos da membrana quando expostos a condições ambientais adversas. O Streptococcus mutans, por exemplo, quando cultivado em pH ácido, isto é, próximo de 5, aumenta gradualmente a proporção de ácidos graxos de cadeia longa, se comparada com as células cultivadas em pH 7 (neutro). 💛Eicosanóides: Diversos processos moleculares estão envolvidos na liberação das moléculas responsáveis pela inflamação. As prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos são eicosanóides produzidos a partir da cascata do ácido aracdônico, que é produzido a partir da clivagem de fosfolipídeos de membrana pela enzima fosfolipase A2. Uma vez produzido, o ácido aracdônico pode sofrer atuação de 3 enzimas: a cox 1 e 2 e as lipoxigenases. - O ácido aracdônico é convertido em prostaglandina G2 pelas enzimas ciclooxigenases. As Cox 1 e 2 atuam sobre o ácido aracdônico, sendo que a cox-1 atua em processos fisiológicos e a cox-2 em processos inflamatórios. - A prostaglandina G2 é então convertida em prostaglandina H2, podendo gerar diversas outras moléculas dependendo do tecido que ela se encontra. →Prostaciclina: induz a vasodilatação e reduz a agregação plaquetária. Além disso, ela aumenta a filtração glomerular e participa dos processos de dor e estimulação das contrações uterinas; →Tromboxano: induz a vasoconstrição e aumenta a agregação plaquetária. →Prostaglandina: induz a vasodilatação e aumenta a permeabilidade vascular. Ela inibe a secreção de ácido clorídrico pelas células parietais, enquanto estimula a liberação de muco e bicarbonato pelas células epiteliais superficiais do estômago. Ela atua diretamente na febre. →Leucotrieno: induz a vasoconstrição e atua tanto na broncoconstrição quanto na quimiotaxia de células inflamatórias (parte importante do processo inflamatório). Causa aumento da permeabilidade vascular. →Lipoxina: induz vasodilatação além da inibição da adesão de neutrófilos. ❓Posso prescrever AINEs para pacientes que alegam ter asma? Não, pois os antiinflamatórios não esteroidais inibem as cicloxigenases, deixando que o ácido aracdônico sofra ação somente das lipoxigenases que produzem os leucotrienos que aumentam justamente a broncoconstrição, ou seja, causam falta de ar (asma). Assim, o medicamento ideal para esses pacientes seriam os corticosteróides, pois eles inibem diretamente a formação do ácido aracdônico! ✅Aminoácidos: Precursores de peptídeos e proteínas. ☑Os aminoácidos podem ser definidos como moléculas orgânicas que apresentam grupos carboxila e amino ligados a um único carbono, denominado de carbono alfa. ✓Esse carbono é observado no centro do aminoácido, ele forma 4 ligações distintas: - Grupo amino. - Grupo carboxila; - Átomo de hidrogênio; - Grupo variável chamado de cadeia lateral ou grupo R. ✓São conhecidos 20 aminoácidos presentes nas moléculas de todas as proteínas existentes. 💜Classificação: - Polares não carregados; - Polares carregados (-); - Polares carregados (+). 📓Peptíde� � Proteína� (Polipeptíde�): União de aminoácidos. ♡Ligação peptídica: Ligação entre o grupo carboxila de uma aminoácido com o grupo amino de outro aminoácido com formação de uma molécula de água. Resíduos de aminoácidos → Ligação hidrolisada por enzimas proteases. ✓As proteínas salivares são hidrolisadas por proteases salivares que quebram-as em peptídeos, estes que se aderem a película adquirida do esmalte e formam o biofilme ou exercem ação antifúngica, a exemplo aqueles derivados da histatina. ❗Classificação das proteína: Função biológica: - Catalítica: atividade enzimática; - Transporte: proteínas carreadoras; - Estrutural: citoesqueleto; - Contração: actina e miosina; - Regulação e defesa corporal: imunoglobulinas. ❓Defin� bioquímic� d� cári� denta�: Resultado (sinais e sintomas) de uma dissolução química da superfície dental. - Fatores causadores: Eventos metabólicos do biofilme (placa bacteriana) da área afetada, seja ela em esmalte, dentina ou cemento. - Lesões: Desvio na atividade metabólica e na ecologia do biofilme dental. Desequilíbrio entre o conteúdo mineral do dente e os fluidos do biofilme Bioquímica e Fisiologia Bucal: Módulo II # AULA 1: Saliv�: Características. →Fluido corporal que umedece (e lubrifica) a cavidade bucal; →Produzida durante a vigília e nas condições fisiológicas; →Flui para a cavidade a partir de glândulas salivares da região bucofacial e a seu redor; →Diariamente são produzidos cerca de 0,5 a 1 litro saliva. 📚Funções: - Paladar: ela ajuda na percepção gustativa dos alimentos. - Digestão: atua na quebra dos alimentos, uma vez que transforma amido em maltose mediante a amilase salivar. Ela também quebra polissacarídeos. - Lubrificação e proteção: realiza balanço hídrico, remineralização dos dentes (solução supersaturada contendo cálcio e fosfato), neutralização de ácidos bucais (solução tampão) e ação antimicrobiana (bactericida e bacteriostática). - Limpeza e tamponamento: autolimpeza da boca e excreção de toxinas. - Formação de bolo alimentar: aglutinação de partículas alimentares. - Fala, mastigação e deglutição. 📙Glândula� Salivare�: ♡Maiores: Parótida; Submandibular; Sublingual. ♡Menores: Palato (glândulas palatinas); Lábio (glândulas labiais); Bochecha (glândulas jugais); Língua (glândulas linguais); Papilas (glândulas de von Ebner). →Uma alteração na função das glândulas salivares podem corroborar em: - Doença periodontal; - Hipossalivação (xerostomia); - Cáries; Candidíase; - Abscessos periodontais; - Edentulismo (perda dos dentes) 📘Produçã� d� Saliv�: O ácino é quem realmente produz a saliva responsável pela produção, sendo ela chamada neste momento de saliva primária, esta que é estéril e isotônica em relação ao plasma. Dependendo da glândula, esse ácino pode ser seroso, mucoso ou misto (com predominância de um tipo). O ácino possui, atrelado a ele, células mioepiteliais que lhe confere contração e movimentação que o ajudam a excretar a saliva. Joyce Ruana- Odontologia (P4) ✓Na imagem, nós observamos diferentes tipos de ácinos (seroso e mucoso), ductos intercalares e estriados, além de células mioepiteliais atrelados aos ácinos e que estão ali para prover contração e movimentação salivar, promovendo mais fácil secreção da saliva para fora da glândula. →Vi� Neura� d� Gustaçã�: o neurônio aferente captura os saborizantes, vai para o sistema nervoso central e depois para a via eferente que, dependendo do estímulo, pode ser percebido por um receptor da noradrenalina ou um receptor da acetilcolina. - Receptor noradrenalina: noradrenérgicos (muscarínicos); - Receptor acetilcolina: colinérgicos (muscarínicos). ✅Relembrando: Receptores muscarínicos são aqueles ligados à proteína G, também chamados de receptores metabotrópicos, eles são expressos nas sinapses terminais de todas as fibras pós-ganglionares parassimpáticas e de algumas fibras pós-ganglionares simpáticas, nos gânglios autônomos e no SNC. - Receptor acoplado à proteína G ou metabotrópico: esse tipo de receptor atravessa sete vezes a membrana de um lado para o outro, com um sítio de ligação de ligante extracelular e um sítio de ligação intracelular de proteína G. - Inicialmente, a proteína G é encontrada no seu estado de repouso formando um trímero alfa, beta e gama (𝝰𝛃𝛄) com o GDP ocupando o local de subunidade alfa. A interação do ligante com o receptor da membrana promove uma alteração conformacional na molécula protéica do receptor. Tal alteração envolve o domínio citoplasmático, permitindo sua interação com a proteína G e fazendo com que o receptor adquira alta afinidade pelo trímero 𝝰, 𝛃, 𝛄. - Essa associação comas subunidades causam uma dissociação do GDP (difosfato de guanosina) e sua substituição pelo GTP (trifosfato de guanosina) intracelular, que por sua vez promove a dissociação da subunidade alfa do complexo 𝛃 e 𝛄. O alfa-GTP constitui a forma ativa da proteína G. - Com a proteína G ativada, nós teremos em seguida a ativação da fosfolipase C, que converte fosfolipídeos de membrana (PIP2) em diacilglicerol e em IP3 (trifosfato de inositol). O IP3 se difunde para o citoplasma da célula, se liga ao canal de cálcio presente no retículo endoplasmático e estimula a liberação de cálcio dessa organela, permitindo a movimentação das vesículas contendo saliva. ☑Quando a saliva chega ao ducto estriado, começa-se a reabsorção seletiva de íons Na+ (sódio) e Cl- (cloreto) e secreção de K+ (potássio) e HCO (bicarbonato de sódio). Sabe-se que alguns íons são importantes para detecção do sabor, o sódio, por exemplo, ajuda na detecção do sabor salgado. 📗Visc�idad�: A viscosidade tem relação com a quantidade de proteínas presentes na saliva. Sabemos que existem diversos tipos de ácinos: mucosos, serosos e mistos. As proteínas mucosas (mucinas) é que dão a característica mucosa e pegajosa da saliva total. Parótidas: estritamente serosa Submandibular: seromucosa (mais serosa) Sublingual: mucusserosa (mais mucosa) NORADRENALINA→ SALIVA MUCOSA ACETILCOLINA SALIVA→ SEROSA (AQUOSA) ✓Em resumo, temos que, dependendo do estímulo, pode-se ativar diferentes receptores. Assim, se um determinado estímulo ativar a via simpática, ele vai estimular os receptores da noradrenalina a secretar mais saliva mucosa pelas glândulas. Por outro lado, vemos que se ativada a via parassimpática, ela vai estimular a secreção de mais saliva aquosa (serosa) mediante os receptores da acetilcolina. 📒Tipos de Saliva: Primária e total: - Primária ou glandular: Estéril, pois acabou de ser produzida e transparente, possui 99% de água em sua composição e apenas 1% de proteínas. - Saliva total: Ao entrar na boca se contaminam com células mucosas esfoliadas, resíduos alimentares, bactérias, fluido sulcular gengival e outras substâncias. Por isso que dizemos que ele não é estéril, pois já entrou em contato com diversos agentes após ser produzido no ácino. ♡Saliv� Nã� Estimulad�: Produzida na ausência de estímulos exógenos. Gera alteração do fluxo salivar: a glândula submandibular possui maior contribuição. →Hipossalivação (↓ saliva) →Sialorreia-hiperssalivação (↑ saliva) ♡Saliv� Estimulad�: Secretada em resposta a estímulos exógenos: - Químicos: gustativos, olfativos, medicamentos; - Mecânicos: mastigação ou vômito. 💦Estimulação do Fluxo Salivar: - Limpeza: Serve para retirar carboidratos e restos de alimentos na boca para evitar seu metabolismo, produção de ácido, desmineralização e posterior cárie. - Tamponamento: A saliva neutraliza tanto os ácidos das bactérias no biofilme dental quanto alimentos ácidos. - Remineralização dental: O fluxo salivar possui íons cálcio e fosfato que deixam a solução supersaturada, causando remineralização. Em outras palavras, a saliva repara os minerais perdidos pelos dentes. A saliva estimulada possui maior pH em relação a saliva não estimulada. 💙Saliv� tota�: possui o objetivo de manter o estado fisiológico do meio dental. - Principal função: Manutenção da saúde bucal por meio da proteção dos tecidos moles e dos tecidos duros dentais. Auxilia ainda na proteção do trato gastrointestinal. ✔Fluido e lubrificação: presença de mucinas; ✔Digestão: dissolve os flavorizantes dos alimentos; ✔Ação antimicrobiana: bactericida e bacteriostático; ✔Aglutinação bacteriana: superfícies descamativas; ✔Formação de película adquirida: na saliva há proteínas que se ligam a camada de hidratação; ✔Paladar: diferenciação de sabores; ✔Excreção; Balanço hídrico; ✔Limpeza, Ação tamponante; ✔Ação remineralizante: íons cálcio e fosfato. ♡Fluid�/lubrificaçã�: Revestimento: mucosas bucais; - Proteção contra: irritações mecânicas, térmicas e químicas, e desidratação - Lubrificante: formação do bolo alimentar durante a mastigação e sua deglutição; - Fonação: processo de fala; - Presença de mucinas: glândulas submandibulares, sublinguais e salivares menores; - Mucinas: proteínas chaves na lubrificação, é o que deixa a saliva mais mucosa (aspecto pegajoso), são glicoproteínas viscoelásticas e adesivas, hidrofílicas e retém água → mantém as mucosas bucais hidratadas. ✔Proteínas salivares, como mucinas, cistatinas, imunoglobulina A (IgA), amilase e estaterina protegem o epitélio oral contra a invasão e colonização de microrganismos patogênicos, como fungo Candida albicans (causador da candidíase). ♡Digestã� � paladar: A saliva tem papel na digestão e paladar pois ela dissolve os flavorizantes dos alimentos, facilitando o trabalho das papilas gustativas (4), que diferenciam os distintos sabores dos alimentos (3 papilas com papel na gustação). - Dissolução dos alimentos: início do processo de digestão pela ação da amilase salivar (α-amilase). Tempo curto do bolo alimentar na boca: deglutido, a α-amilase é inativada pelo suco gástrico. A hidrólise do amido é completada no duodeno pela ação da amilase pancreática. ♡Açã� antimicrobian�: bactericida e/ou bacteriostático. Proteínas não imunológicas: imunidade inata, geral (deixa passar muita coisa). Proteínas imunoglobulinas: são anticorpos produzidos por linfócitos B, imunidade adquirida, específica para um determinado antígeno. ♡Limp�� � açã� tamponant�: Limpar ou remover da cavidade bucal bebidas e restos de alimentos, principalmente aqueles que contêm carboidratos fermentáveis (sacarose e glicose) e ácidos, protegendo os dentes contra cárie e erosão (erosão seria a dissolução do mineral do dente na ausência de película adquirida do esmalte). - A limpeza remove células epiteliais descamadas e bactérias; - A presença constante de saliva forma a película, fornecendo essa limpeza; - A velocidade do filme salivar é distinta nas diferentes regiões da cavidade bucal, o que explica a presença da cárie com mais freqûencia em certas regiões; - Cárie → movimentação da saliva. ✔Ação tamponante: bicarbonato, fosfato e proteínas; - Os sistemas tampão salivares fornecem proteção aos dentes contra cárie e erosão por meio do tamponamento dos ácidos produzidos pelas bactérias do biofilme dental após o metabolismo de carboidratos fermentáveis e daqueles presentes em alimentos e bebidas ácidas (na dieta). - Nós sabemos que os carboidratos fermentáveis ingeridos na dieta são metabolizados pelas bactérias do biofilme dental que, por sua vez, liberam como produto os ácidos. - Desse modo, a saliva terá o papel de neutralizar esses ácidos do biofilme (ação tamponante), para isso, ela dilui o açúcar fermentável e ácidos produzidos; - Assim, o aumento do fluxo salivar reduz o tempo em que o dente permanece sob condição desmineralizante. ♡Manutençã� d� integridad� denta� � Açã� remineral�ant�: Devido a grande quantidade dos íons de cálcio (Ca2+) e fosfato (PO4 3-) na saliva, isso a torna uma solução supersaturada em relação ao mineral do dente. - Proteínas salivares (estaterina e proteínas ácidas ricas em prolina) regulam os processos de desmineralização e remineralização dental e se aderem ao esmalte do dente, formando a película adquirida do esmalte (PAE). →PAE (película adquirida do esmalte): - Mantém a integridade mineral dos dentes (proteção); - Interface entre a superfície do esmalte e o biofilme dental; - Barreira semipermeável sobre o esmalte: causa diminuição da desmineralização pelos ácidos e promove a remineralização pela saliva; - Condiciona quais bactérias formarão o biofilme dental. 📌Fatores que Influenciam o Fluxo Salivar: ☑Durant� � son�: Nessa fase, diminui-se o fluxo salivar e os movimentos de autolimpeza. Desse modo, há um aumento na concentração de produtos de degradação de proteínas pelos microrganismos da cavidade bucal (compostos sulfatados voláteis com enxofre). É por isso que possuímos mau hálito matinal, porque os movimentos de limpeza na hora do sono sãoreduzidos. Além disso, essa afirmação também explica o porquê é tão importante escovar os dentes antes de dormir, se não escovar, não irá retirar os carboidratos da boca, que posteriormente serão metabolizados mais facilmente pelos microrganismos, que vão liberar ácido, desmineralizar e culminar em cárie. ☑Ba�� t�� d� fl�� salivar: Chamamos essa condição de xerostomia (hipossalivação), ela pode ocorrer, por exemplo, pela ação da radioterapia, que afeta glândulas salivares e consequentemente afeta a produção de saliva, culminando em cárie. →Síndrome de Sjögren (SS): Doença autoimune que afeta as glândulas exócrinas (salivares e lacrimais). Pode estar acompanhada de outras doenças autoimunes como o lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide (síndrome de Sjögren secundária). →Medicamentos: Sabe-se que alguns medicamentos possuem capacidade de bloquear a secreção de saliva pelas glândulas salivares. Assim, tem-se os inibidores β-adrenérgicos (propranolol), que são antagonistas competitivos dos receptores da noradrenalina. Ele impede que a sua ação aconteça, inibindo consequentemente a liberação de saliva (xerostomia). - A hipossalivação pode estar relacionada também a um efeito colateral de um medicamento, a exemplo nós temos os anti-depressivos, anti-histamínicos e anti-hipertensivos que atuam na via parassimpática da acetilcolina e também impedem a liberação de saliva (xerostomia). ☑Alt� t�� d� fl�� salivar: Condição em que as taxas de fluxo salivar são altas (sialorréia). - Doenças neurológicas (paralisia cerebral, Parkinson, AVC, esclerose múltipla). 💧Sialometria:Quantifica o fluxo salivar; - Medido em peso por unidade de tempo. ✔Primeiramente, pesa-se o copo vazio. Com o paciente sentado, com a cabeça inclinada para frente e sem deglutir, realiza-se o gotejamento da saliva no recipiente previamente pesado por 15 minutos para avaliação. Após esse passo, se calcula o volume da saliva pesando novamente o copo (agora com saliva). Por continuação, para saber o índice de fluxo salivar se divide o volume dessa saliva coletada sobre o tempo de coleta. Ao fim, se obtém um resultado com essa conta que será posteriormente interpretado segundo a tabela. 💥Sialoquímica:Quantificação de eletrólitos, proteínas e imunoglobulinas da saliva. - Composição da saliva reflete a composição sanguínea (100 vezes menor); - É um biomarcador para o diagnóstico precoce de doenças; - Alterações no material genético (DNA e RNA) e nas proteínas da saliva podem refletir o estado fisiológico da pessoa. →As principais vantagens do uso da saliva como ferramenta de diagnóstico são: 1. Baixo custo; 2. Exatidão; 3. Eficácia; 4. Facilidade para obter uma ou várias amostras sem induzir desconforto para o paciente; 5. Risco mínimo de contaminação cruzada; 6. Utilidade para detecção de doenças em crianças, adultos e idosos.
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