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ALIENAÇÃO PARENTAL X PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA - Carine Schaefer e Denise Iserhard

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ALIENAÇÃO PARENTAL X PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE: UMA ANÁLISE SOBRE A VISÃO DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Carine Maria Schaefer1
Denise da Silveira Iserhard 2
RESUMO
O presente artigo trata do tema “Alienação parental x princípio do melhor interesse
da criança e do adolescente: uma análise sobre a visão do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul”. Traz uma visão dos acontecimentos do passado e as
influências deles na contemporaneidade. Percorre uma escala sistemática, que se
iniciou com a evolução história dos direitos das crianças e adolescentes até o
surgimento do princípio da proteção integral que abrange o princípio do melhor
interesse. Trata do problema da Síndrome da Alienação Parental, seu surgimento,
seu significado e suas consequências, bem como sua positivação no Direito
Brasileiro, pela Lei nº 12.318. Abrange casos enfrentados pelo Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul, no que se refere a tal instituto e como vem se
buscando o alcance do princípio do melhor interesse nesses julgados.
Palavras-chave: Alienação parental, Principio do Melhor Interesse, Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
ABSTRACT
The following article treats about the theme "Parental Alienation vs. principle of the
best interests of children’s and adolescents: it is an complete analysis about the
vision of the Court of the State of Rio Grande do Sul ". Bring a vision of the past
events and its influence in the contemporary society. It was pass a systematic scale,
which began with the historical evolution of the rights of children’s and adolescents till
the creation of the principle of full protection which covers the principle of best
interests of the children and adolescent. It's the problem of Parental Alienation
Syndrome, its appearance, its meaning and its consequences, as well as its
positioning in the Brazilian Rights, Law No. 12,318. Covers cases faced by the Court
of the State of Rio Grande do Sul, in relation of this aim and how is the work to reach
the best interest of the principle in those judged.
1 Graduanda do Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto de Santa Cruz do Sul/RS. E-mail:
carine.schaefer@hotmail.com
2 Mestre em Direito, Assessora de Juiz da Segunda Vara Criminal e Vara de Execuções Criminais da
Comarca de Santa Cruz do Sul, Professora do Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto.
Keywords: Parental Alienation Syndrome, Principle of Best Interest, Court of the
State of Rio Grande do Sul
INTRODUÇÃO 
Após uma série de conquistas, hoje as crianças e adolescentes são
reconhecidas como sujeitos de direitos, que devem ser garantidos pelo Estado,
sociedade e pela família com prioridade absoluta. Com a criação do Estatuto da
Criança e do Adolescente, o objetivo de detalhar e garantir o direito e a proteção do
menor só aumentou. 
Entretanto, da mesma forma que os direitos das crianças e adolescentes
evoluíram, as relações familiares também sofreram alterações. Com a plena
igualdade entre homens e mulheres começou a surgir a disputa pela guarda dos
filhos quando ocorre a destituição do matrimônio. Essa disputa, que nem sempre
amistosa gerou o surgimento de um novo fenômeno: a Síndrome da Alienação
Parental, que consiste na alienação do filho contra algum familiar, na maioria das
vezes o outro genitor como ato de vingança por algum ódio ou rancor existente. 
Então a Alienação Parental é causadora de um imenso impacto nas relações
familiares e como vinha sendo enfrentada pelos Tribunais brasileiros houve a
necessidade de regulamentar o fenômeno ocasionando o surgimento da Lei nº.
12.318, de 26/08/2010.
O presente artigo possui como tema a análise das decisões do Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul ao longo da sua história, como vem sendo aplicada a
Lei nº. 12.318, de 26/08/2010, que trata da Síndrome da Alienação Parental pela
jurisprudência do referido Tribunal, buscando visualizar quais os parâmetros de
aplicação de dito fenômeno frente à evolução do direito da criança e do adolescente,
principalmente frente ao princípio do melhor interesse estabelecido pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Portanto o tema aqui desenvolvido objetiva analisar a evolução dos direitos da
criança e do adolescente e o surgimento da alienação parental; bem como verificar e
confrontar as consequências da síndrome da alienação parental na criança e
adolescente alienado e com o princípio do melhor interesse; analisado, criticamente
as decisões do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul que tratam da
síndrome da alienação parental e apurar se existe algum mecanismo de
identificação desse fenômeno nos casos concretos com objetivo de formular um
espectro sistemático das fases e do posicionamento do Tribunal antes e após a
positivação desse fenômeno. Para tanto, será adotada uma análise quantitativa e
qualitativa de julgados do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
O estudo jurisprudencial, aliado ao referencial, consistiu na coleta e análise de
decisões do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, para visualizar
quais são os parâmetros aplicados na identificação da Alienação Parental frente ao
principio do melhor interesse. Para uma melhor análise e argumentação crítica sobre
o tema será utilizado o método dedutivo da mesma forma trabalhar-se-á com o
procedimento histórico crítico, que nos trouxe uma visão dos acontecimentos do
passado e as influências deles na contemporaneidade.
Os acórdãos analisados no decorrer do estudo foram complemento da parte
teórica da pesquisa, com a busca pela visualização prática dos conceitos abordados.
1. A evolução dos direitos da criança e do adolescente no brasil.
A Lei 8.069/90 veio para revolucionar o Direito Infanto Juvenil, ela serviu de
instrumento para coadunar a tendência mundial de resguardo aos direitos individuais
com o modelo constitucional instituído a partir da Constituição Federal de 1988.
Hoje, crianças e adolescentes são reconhecidas como sujeitos de direito, direitos
esses que devem ser garantidos pelo Estado, sociedade e pela família com
prioridade absoluta.
Basicamente com a chegada dos jesuítas que começou a história da criança
e do adolescente no Brasil. A permissão dos castigos é um dos aspectos da
educação deixada pelos jesuítas. Houve só a preocupação em criar penas severas
para os menores infratores e, em paralelo, no tocante a proteção da criança e do
adolescente a Igreja assumia papel importante, na Europa a criança já começava a
conquistar seu espaço nas famílias, no Brasil, com a colonização, acontecia o
inverso. 
Só no século XVIII, foi que o Estado começou a aumentar a sua preocupação
com os órfãos e expostos, pois era comum o abandono das crianças. Em 12 de
outubro de 1927 foi publicado o Decreto 17.943-A, primeiro Código de Menores do
Brasil, onde medidas assistenciais e preventivas foram previstas. Utilizando uma
definição de Gisella Werneck Lorenzi3, (2007), disponível no site “Pró-Menino - Em
defesa e garantia dos direitos da criança e do adolescente”, o Código de Menores
podia ser assim caracterizado:
O Código de Menores visava estabelecer diretrizes claras para o trato da
infância e juventude excluídas, regulamentando questões como trabalho
infantil, tutela e pátrio poder, delinquência e liberdade vigiada. O Código de
Menores revestia a figura do juiz de grande poder, sendo que o destino de
muitas crianças e adolescentes ficava a mercê do julgamento e da ética do
juiz.
Entretanto as Constituiçõesde 1824 e a de 1891 foram omissas em relação a
criança e o adolescente. Já em 1937, a Constituição da República Federativa do
Brasil, ampliou o horizonte social da infância e juventude, nos setores mais carentes
da população. Em 1943 foi instalada uma comissão revisadora do primeiro, como
propósito a elaboração de um código misto, que unisse aspectos sociais e jurídicos.
Porém com o golpe militar a comissão foi desfeita e os trabalhos foram
interrompidos. Em de 10 de outubro de 1979 é sancionado o Código de Menores –
Lei nº 6.697. Nas palavras de Josiane Rose Petry Veronese (2006, p 47):
O novo sistema normativo é inspirado na “Doutrina da Situação Irregular”, a
qual considerava em situação irregular as crianças privadas das condições
essenciais de sobrevivência, mesmo que eventuais; as vítimas de maus-
tratos e de castigos imoderados; as que se encontrassem em perigo moral,
entendidas como as que viviam em ambientes contrários aos bons
costumes e sensação legal pela ausência dos pais; as que apresentassem
desvio de conduta e as autoras de atos infracionais, conforme o art. 2º do
referido código.
A situação da criança no Brasil passou a ser repensada com a indicação do
Ano Internacional da Criança e com o surgimento de inúmeras associações
preocupadas com o bem-estar do infanto-juvenil, esse movimento foi a tônica da
substituição da Doutrina da Situação Irregular pela Doutrina da Proteção Integral. E
significativas mudanças começaram a surgir somente após a Constituição de 1988.
A Constituição Federal trouxe à criança e ao adolescente o direito
fundamental de ser ouvida, amada, protegida e cuidada, e ao longo da evolução,
foram sendo criadas as bases para o Estatuto da Criança e do Adolescente.
3
 (Disponível em: http://www.promenino.org.br/Home/tabid/37/Default.aspx, acessado em:
09/09/2011)
 As crianças e adolescente passaram a ser considerados sujeitos de direitos,
com a Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, que se tornou um instrumento de
desenvolvimento social, voltado para o conjunto da população infanto-juvenil do
país, foi essa lei que revolucionou o Direito da Criança e do Adolescente, inovando e
adotando a doutrina da proteção integral, entendendo que as crianças e
adolescentes por estarem em desenvolvimento necessitam de proteção
diferenciada.
1. 2. O princípio do melhor interesse da criança previsto no ECA. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente surgiu na intenção de finalizar a
discriminação existente à época do Código de Menores, a Doutrina da Proteção
Integral preconiza que o direito do menor não deve se dirigir apenas a um tipo de
menor, mas sim, a toda a juventude e a toda a infância, e suas medidas de caráter
geral devem ser aplicáveis a todos os jovens e a todas as crianças.
A doutrina baseia-se na concepção de que a criança e adolescente são
sujeitos de direitos universalmente reconhecidos, que devem ser assegurados pela
família, Estado e sociedade.
O Estatuto é um sistema aberto de regras e princípios, nesse sentido J. J.
Gomes Canotilho (1998, p 1035-1036) refere que as regras servem para fornecer a
segurança para delimitar a conduta, e os princípios expressam valores relevantes e
fundamentam as regras. Sendo assim o ECA é dividido em três princípios
orientadores. O princípio da prioridade absoluta, princípio da municipalização e o
princípio do melhor interesse.
1.2.1 Princípio da prioridade absoluta:
O princípio da prioridade absoluta é o princípio constitucional estabelecido
pelo art. 227 da Constituição Federal, e denomina a criança como prioridade
nacional, com previsão no art. 4º do ECA.
O art. 227 da CF é reconhecido na comunidade internacional como a síntese
da ONU de 1989, ao declarar os direitos especiais da criança e do adolescente,
como dever da família, da sociedade e do estado: direito à vida, à alimentação, ao
esporte e lazer, à profissionalização e à proteção ao trabalho, à cultura e educação,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão. 
A prioridade tem um objetivo específico, que é o de realizar a proteção
integral, assegurando a prioridade e a concretização dos direitos fundamentais e
deve ser assegurada por todos, é levado em conta a condição da criança e do
adolescente ser uma pessoa em desenvolvimento, e possuem uma certa fragilidade
por estarem em formação, correndo mais riscos que um adulto, por isso seus
direitos devem ser assegurados.
1.2.2 Princípio da municipalização:
O princípio da municipalização encontra respaldo nos art. 203 e art. 204 da
Constituição Federal, com a descentralização e ampliação da política assistencial,
ele resguarda para a União a competência para dispor sobre as normas gerais e a
coordenação de programas assistenciais, elencando as diretrizes da política de
atendimento determinando sua municipalização com sua criação de conselhos
municipais dos direitos da criança e a manutenção de programas de atendimentos
com observância da descentralização politico administrativo.
O que se torna indispensável é ser tornado real a municipalização, com a
exigência da instalação de um conselho em cada município, e cabe ao Ministério
Público atuar na fiscalização da elaboração da lei orçamentária, para que seja
assegurado a prioridade nos programas sociais e a destinação de recursos para
programas culturais, esportivos e de lazer voltados para a infância e juventude,
conforme assegura o art. 59 do Estatuto.
1.2.3 Princípio do melhor interesse:
No que se refere ao princípio do melhor interesse, é o de maior importância,
pois esse princípio é o que determina a primazia das necessidades da criança e do
adolescente. Ele deve ser obedecido para garantir a proteção integral de que trata o
Estatuto da Criança e do Adolescente.
Esse principio foi adotado pela comunidade internacional na Declaração dos
Direitos da Criança em 1959, no seu princípio segundo, no seu texto original:
A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços,
a serem estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa
desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma
saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao
promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá
será o interesse superior da criança.
Em 20 de novembro de 1989, a convenção internacional dos direitos da
criança e do adolescente impôs o princípio do melhor a todos os países. O princípio
do melhor interesse definitivamente determina então a primazia das necessidades
da criança e do adolescente como critério de interpretação da lei, deslinde de
conflitos, ou mesmo para elaboração de regras futuras. Porém, a aplicabilidade
desse princípio na realidade vem enfrentando inúmeras dificuldades, e é
indispensável que todos os que atuam com crianças e adolescentes tenham claro
para si que o destinatário final de sua atuação é o público infanto-juvenil. O princípio
do melhor interesse é um norte que orienta todos que se defrontam com as
exigências naturais da infância e juventude, materializar o princípio é um dever de
todos, ele reza que é dever dos pais e responsáveis garantir às crianças proteção e
cuidados especiais e na falta destes é obrigação do Estado.
2. A ALIENAÇÃO PARENTAL: DO SEU SURGIMENTO À SUA POSITIVAÇÃO.
2.1. Alienação Parental: seu surgimento e seu significado
A Constituição Federal de 1988, nos seus artigos. 226e 227 considera a
família a base da sociedade, sendo assegurado à criança e adolescente, uma série
de direitos fundamentais, entre elas o convívio familiar. E o Estatuto da Criança e do
também garante à proteção dos infantes através da guarda.
Entretanto, com as alterações do conceito de família e com a plena igualdade
entre homens e mulheres, aqueles que se dedicam ao estudo do Direito de Família
se deparam com um fenômeno que não é novo, chamado alienação parental. Essa
Síndrome foi definida em meados dos anos 80, nos Estados Unidos, por Richard
Gardner (1931-2003) e ela vem a ser acontecimento frequente na sociedade atual
se caracterizando por um elevado número de separações e divórcios.
Portanto, quando acontece a ruptura da vida conjugal, e um dos cônjuges não
consegue encarar o luto da separação, se sentindo abandonado, nesse sentimento
acaba usando o próprio filho como instrumento de seu desejo de vingança,
afastando-o do seu genitor (oposto), gerando um processo de destruição e
desmoralização do ex-companheiro. 
A pessoa que fica com a guarda da criança, convence seu filho da existência
de fatos que não condizem com a realidade. E a característica principal vem a ser a
lavagem cerebral que o alienador faz no menor, a pessoa utiliza artifícios baixos,
dificulta o contato da criança com o outro genitor, inventa mentiras, a mais grave das
acusações são as denúncias de “falso abuso”.
A dificuldade de identificação da existência ou não dos abusos denunciados é
enorme da mesma forma que é difícil reconhecer que se está diante da síndrome da
alienação parental e que a grave denuncia de abuso foi movido por um desejo de
vingança, com a intenção de acabar do relacionamento do filho com o genitor.
2.2 A positivação da Síndrome da Alienação Parental no direito brasileiro:
Dada a importância do fenômeno da alienação parental, bem como da notória
prejudicialidade que ele causa às crianças e adolescentes, é que foi aprovada e
sancionada no dia 26 de agosto de 2010, a Lei nº 12.318. O artigo 2º da referida Lei,
no sentido de esclarecer a sociedade e ao meio jurídico os detalhes que identificam
a alienação parental, e já nos incisos do parágrafo único do artigo o legislador
expõem de maneira didática as formas alienação, que deverão ser declarados pelo
juiz ou constatados por perícia e entrevistas com psicólogos. Na lei também está
previsto a instauração de procedimento autônomo ou incidental, com tramitação
prioritária, e o juiz tem a faculdade de decidir.
 Já as punições da Lei podem chegar ao extremo com a alteração da guarda
ou até mesmo a suspensão da autoridade parental, assim ela tentar inibir a prática
de atos que exponham crianças ou adolescentes a conflitos de lealdade e está
relacionada ao dever mais amplo do Estado assegurar novamente a proteção
integral do menor. 
2.3 As consequências da Alienação Parental
A síndrome da alienação parental é capaz de causar danos irreparáveis nas
crianças e nos adolescentes alienados, produzindo sequelas que podem perdurar na
vida adulta, afetando sua formação de conceitos e condutas. O filho assume uma
postura de se submeter ao que o alienador determina, com medo de sofrer ameaças
ou castigos se desobedecer ou desagradar. Assim acaba se tornando órfão do
genitor alienado e estará mais sujeitos a sofrer da mesma doença do genitor
alienante. As sequelas podem ser irreversíveis pois o infante passa por uma
confusão de sentimentos, por ter que se afastar de quem ama. De acordo com
François Podevyn (2001), referido por Jorge Trindade (2010, p. 179):
A síndrome da alienação pode produzir nas crianças problemas como
depressão crônica, incapacidade de adaptação em ambiente psicossocial
normal, transtornos de identidade e de imagem, desespero, sentimento
incontrolável de culpa, sentimento de isolamento, comportamento hostil,
falta de organização e, em externos, levar ao suicídio. Estudos por ele
referidos têm mostrado que, quando adultas, as vítimas da alienação têm
inclinação ao álcool e ás drogas, bem como apresentarem outros sintomas
de profundo mal-estar e desajustamento.
Existem três estágios de enfermidade da criança e no adolescente durante a
síndrome da alienação. O estágio leve, médio e o grave. Nas palavras de Jorge
Trindade (2010, p. 190):
No estágio leve, as características mais comuns que ilustram a Síndrome de
Alienação Parental, tais como a constatação de campanhas de
desmoralização do alienador contra o alienado, são pequenas, assim como
são poucas intensas a ausência de sentimentos de ambivalência e a culpa;
e as situações artificiais e fingidas são infrequentes, com pouca
obstaculização no exercício do direito de visitas.
No segundo estágio, o alienador usa uma variedade de táticas para excluir o
outro genitor da vida dos infantes alienados, aumenta a campanha de
desmoralização, e no último estágio, a principal acusação formulada contra o genitor
é a de abuso sexual, especialmente se os filhos são pequenos e fácies de
manipular, as visitas nesse estágio tornam-se praticamente impossíveis.
Por essas razões, é muito importante que a síndrome seja logo descoberta,
pois quanto antes ocorrer, antes será a intervenção psicológica e jurídica e menores
serão os problemas, de forma que todas as justiças passaram a privilegiar os
interesses da criança e do adolescente, assim o papel de assegurar a
implementação da Doutrina da Proteção Integral e o princípio do melhor interesse do
menor quando não exercido pela família, deve ser pela sociedade e pelo Estado,
protegendo-os do germe da alienação parental que é um fenômeno cada vez mais
frequente e responsável por muitos danos nas relações familiares, com deterioração
de vínculos e gerando efeitos devastadores no desenvolvimento saudável dos
infantes.
3 A APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E
ADOLESCENTE NOS JULGADOS DO TRIBUNAL DO RIO GRANDE DO SUL AO
QUE SE REFERE A ALIENAÇÃO PARENTAL.
Foi realizada uma busca na jurisprudência no site do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul (www.tjrs.ju.br), com a palavra-chave: alienação
parental, onde foram encontrados 59 jurisprudências envolvendo tal temática. Das
59 encontradas, foram analisadas 10 jurisprudências, onde foi constatado o
reconhecimento da síndrome no judiciário, e a evolução do posicionamento em
tomar decisões mais coerentes, aplicando o princípio do melhor interesse e o
surgimento de mecanismos para auxiliar a mais fácil identificação do instituto,
principalmente depois do advento dada Lei 12.318/10.
A primeira jurisprudência que surgiu no Egrégio Tribunal de Justiça do RS
para analise foi ano de 2006, e pelo fato se tratar de assunto muito recente e que
ainda estava em estudo, foi notável a grande dificuldade encontrada pelos
julgadores, em constatar o fenômeno da alienação parental, baseado-se em
relatórios desenvolvidos pela assistente social que a criança alienada teve
acompanhamento durante o decorrer do processo. Os magistrados já nas suas
primeiras decisões verificaram que a alienação tem seu surgimento com a
separação do casal, e que um dos genitores usa o filho contra o outro e com o
surgimento de outros julgados, se verificou que a Síndrome não acometia somente
os genitores, mas também avós maternos e paternos. 
Como os casos que estão chegaram até o tribunal, são cada vez mais graves,
o judiciário começou a tomar atitudes mais drásticas, como alteração de guarda
sempre, fundamentando com o princípio do melhor interesse dacriança e
adolescente previsto no Estatuto, sendo que o caso mais grave envolvendo a
Síndrome é quando os julgadores se depararam com a falsa denúncia de abuso
sexual. Nos 59 acórdãos foram encontrados 13 julgados onde houve essa denúncia,
e desses foram analisados 10, verificou-se que a dificuldade para identificação da
síndrome é enorme e dependente da realização de um laudo de um psiquiatra
forense, o que pode demorar muito tempo afastando a criança do seu genitor e as
visitas só são retomadas com supervisionamento de uma psicóloga ou terapeuta.
Então os magistrados estão decidindo com mais cautela, com o acompanhamento
das assistentes sociais, psicólogos e psiquiatras forenses que posam identificar essa
Síndrome, sempre fundada no princípio do melhor interesse da criança e do
adolescente.
METODOLOGIA
O trabalho foi uma busca pelo conhecimento jurídico de como vem sendo
aplicada a Lei nº. 12.318, de 26/08/2010, que trata da Síndrome da Alienação
Parental pela jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, buscando
visualizar quais os parâmetros de aplicação de dito fenômeno frente à evolução do
direito da criança e do adolescente, principalmente frente ao princípio do melhor
interesse estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Com uma análise quantitativa e qualitativa dos a pesquisa realizada consistiu
na coleta e análise de decisões do Tribunal e para uma melhor análise e
argumentação crítica foi utilizado o método dedutivo e trabalhou-se com o
procedimento histórico crítico, que nos trouxe uma visão dos acontecimentos do
passado e as influências deles na contemporaneidade. As técnicas utilizadas na
pesquisa constituíram de documentação indireta, através de pesquisas documentais,
bibliográficas e doutrinárias, utilizou-se o método de procedimento analítico, ou seja,
aprofundamento da análise e construção de uma argumentação crítica através de
uma cuidadosa observação qualitativa e quantitativa dos dados coletados através da
análise das decisões do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percorreu-se a evolução histórica do direito da criança e do adolescente,
entendendo seus desdobramentos até os dias de hoje, onde os mesmos são
reconhecidos como sujeitos de direitos, com prioridade absoluta. O presente artigo é
pautado na Síndrome da Alienação Parental em confronto com o princípio do melhor
interesse, tendo em vista o grande impacto que tal fenômeno vem causando nas
relações familiares, sendo a maior vitima a criança e o adolescente, visando
conhecer melhor sua ocorrência.
O objetivo foi a formulação de indagações de como surgiu esse fenômeno de
que forma ele vem afetando as crianças e adolescentes e através de pesquisa
jurisprudencial saber como o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul vem
enfrentando tais casos confrontando o princípio do melhor interesse.
Em análise de doutrinas, artigos e documentos pertinentes ao tema, chegou-
se a conclusão que a síndrome surge quando o fim da relação conjugal desperta
ódio e rancor, sendo que um dos genitores encontra no filho comum a possibilidade
de consumação de vingança. Nesse processo o infante passa a viver num mundo
turbulento, pois não cresce de maneira saudável, causando-lhes, muitas vezes,
sequelas irreversíveis. Diante das ocorrências frequentes de tais situações, o
fenômeno passou a ser regrado através da Lei 12.318 de 26 de agosto de 2010. 
Através da pesquisa jurisprudencial desenvolvida no site do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul foi buscado visualizar quais os parâmetros
da aplicação de dito fenômeno frente à evolução do direito da criança e do
adolescente, principalmente frente ao princípio do melhor interesse estabelecido
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Nesse enfrentamento foi identificado que
o princípio do melhor interesse da criança e adolescente vem sendo aplicado pelo
Tribunal gaúcho nos mais diversos enfoques, sendo ainda possível notar que
existem muitas dificuldades da síndrome ser reconhecida nos casos concretos.
Porém, durante a pesquisa foi perceptível que a Lei 12.318/2010 vem sendo
constantemente aplicada nas decisões do Tribunal. 
Nesse contexto, importante demonstrar que fenômenos sociais relacionados
principalmente à área da infância e juventude e envolvendo relações familiares, são
situações que impõe a necessidade de uma análise conjuntural do problema,
buscando a prevalência dos interesses das pessoas em desenvolvimento envolvidas
no caso concreto, o que demonstra a grande importância do Poder Judiciário em se
sensibilizar com a solução mais adequada no caso concreto.
REFERÊNCIAS
AMIM, Andréa Rodrigues. Evolução Histórica do Direito da Criança e do
Adolescente e Proteção Integral. In: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade
(coord.).Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e
Práticos. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro. 2006
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF, Senado, 1988.
BRASIL. Declaração (1959). Declaração Universal dos Direitos da Crianças
Disponível em: <http//www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/c_a/lex41.htm.>. Acesso em:
02 de novembro de 2011.
BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal n°8069 de 13 de julho
de 1990. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso
em 21 de setembro de 2011.
BRASIL, Lei Federal 12.318 de 26 de agosto de 2010, Disponível em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12318.htm>. Acesso em 24
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CANOTILHO, J. J. GOMES. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 2.
ed. Portugal: Livraria Almedina, 1998. 
CORREIA, Eveline de Castro. Análise dos Meios Punitivos da Nova Lei de Alie-
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so em 17/06/2012.
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8ª Ed. Editora Revista dos
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