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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS DISCIPLINA DE RELAÇÃO ÁGUA-SOLO-PLANTA-ATMOSFERA PROFESSOR: Francisco de Queiroz Porto Filho INSTRUMENTAÇÃO E MÉTODOS DE MEDIÇÃO DA SOLUÇÃO DO SOLO 1 – INTRODUÇÃO Um dos mais importantes fatores influenciando o rendimento das culturas e a performance da demanda de água é a quantidade de água armazenada no solo. Esta informação sobre a solução do solo é essencial para determinar o requerimento de irrigação, para avaliação do fluxo de água e solutos e para a separação da radiação solar líquida em componentes de calor latente e sensível. Informações sobre a solução do solo é essencial em hidrologia para entrar como uma variável de modelos hidrológicos que determinam escorrimento por runoff. Também, em modelos numéricos da atmosfera, a modelagem das interações na interface solo/atmosfera requerem, entre outras variáveis do ciclo da água, a determinação da solução do solo. A determinação direta da solução na base da superfície do solo são também requeridas para verificações por estimativas através de sensoriamento remoto. (Wold Meteorological Organization, 1996). Determinações da solução do solo são tipicamente caracterizada pela medida do conteúdo de água ou do potencial de água do solo. O conteúdo de água é uma expressão em massa ou em volume da água no solo, enquanto o potencial de água do solo é uma expressão do estado de energia da água do solo. Curvas (curva característica da água do solo) que relacionam teor de água versos estado de energia podem ser confeccionadas, para o solo estudado e determinando-se ou o teor de água ou o estado de energia, encontra-se o outro através da curva. Na agricultura, tanto a quantidade como o estado de energia da água no solo são importantes. Para hidrologia e necessidade de balanço de água, tão bem como para efeitos nas propriedades do solo ( tais como resistência mecânica do solo, condutividade térmica e difusividade) a avaliação da umidade do solo é mais útil. Já para fisiologia de plantas e problemas hidráulicos correlacionados com movimento de água, o potencial mátrico é a medição mais apropriada. A acurácia necessária em determinações do conteúdo de água é uma função do problema a ser resolvido. No presente os níveis aceitáveis de acurácia varia de 1 a 5 % da solução do solo em base de volume. O grau de acurácia aceitável para um problema depende da escala de observação, textura do solo, estrutura do solo, freqüência de observação e do uso futuro. A determinação da solução do solo é de grande interesse para inúmeras disciplinas de agricultura. E para satisfazer a difundida necessidade de determinar o estado da solução do solo, inúmeros instrumentos comercialmente úteis tem sido desenvolvidos. Este trabalho, tem como objetivo, proceder uma revisão de literatura sobre a instrumentação e métodos de medição da solução do solo. 2 2 – MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO Existem muitos instrumentos disponíveis para avaliar o estado da água do solo. O conteúdo de água em massa ( θg ) é tipicamente determinada diretamente. O teor de água em volume ( θv ) pode ser determinado diretamente, mas é, usualmente, estimado indiretamente pela determinação das propriedade do solo ou pela reação de um objeto inserido no solo. Os métodos indiretos de determinar a solução do solo envolvem inferências de θv à partir de medições de uma propriedade do solo ou reação de um objeto inserido no solo do qual é afetado pelo conteúdo de água. Os métodos indiretos mais comuns para determinar o conteúdo de água no solo incluem técnicas Radiológicas (Atenuação de Neutrons e Absorção Gama), técnicas baseadas nas diferenças nas Constantes Dielétricas do Solo e da Água (Reflectometria no Domínio do Tempo e Sonda de Microondas), e Tecnologias Emergentes (Ressonância Magnética Nuclear Pulsante e Sensoriamento Remoto). Métodos indiretos de medição do potencial de água incluem Tensiômetros, Blocos de Resistências Elétricas, e Psicrômetros de Solo (Wold Meteorological Organization, 1996). Outros instrumentos, alguns em testes, utilizados para medição da solução do solo, são o Minitomógrafo de Raios X e γ , Método Capacitivo, Dissipação de Calor Numa Matriz Porosa Rígida e Membrana Semi-permeável. 2.1 – MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA NO SOLO 2.1.1 – MÉTODO DIRETO ( Método gravimétrico ) A medida do conteúdo de água pelo método gravimétrico implica na pesagem de uma amostra de solo (úmido) e a pesagem depois que se tenha eliminado a água por secagem em uma estufa a 105 °C até um peso constante. A diferença no peso indica o conteúdo de umidade e se expressa como massa de água por massa de solo seco em estufa (g/g) ou como porcentagem em peso do solo seco em estufa. A porcentagem em peso pode ser calculada como segue: 100 X estufa em seco solo do peso estufa em seco solo do peso - úmido solo do peso) ( peso em umidade de % =Θg 100 X estufa em seco solo de gramas água de gramas = (1) Para irrigação, drenagem e outros fins agronômicos é útil conhecer o conteúdo de umidade em base volumétrica (% de água em volume = mm de água por 10 cm de profundidade ). Si se tomam amostra de solo com volume conhecido e considerando que a densidade da água é igual a 1, o conteúdo de umidade como uma porcentagem deste volume pode calcular-se como segue: 100 X solo de volume estufa em seco solo do peso - úmido solo do peso )( volumeem umidade de % =Θv 3 100 X solo de cm água de cm 3 3 = (2) Outra forma de obter o conteúdo de umidade do solo em base de volume é converter θg em θv multiplicando o primeiro pela densidade aparente do solo seco (peso do volume). % de umidade em volume = % de umidade em peso X densidade aparente do solo seco (3) Definindo-se a densidade aparente (da) do solo seco como a massa do solo seco por unidade de volume, teremos: solo de cm estufa em seco solo de gramas solo de volume estufa em seco solo de massa da 3== Ainda que a determinação gravimétrica do conteúdo de umidade do solo seja bastante trabalhosa, por sua simplicidade e confiabilidade, é a técnica mais aplicada extensivamente e é usada como o calibrador padrão para os outros métodos. 2.1.2 – MÉTODOS INDIRETOS A capacidade do solo para reter água é, entre outras variáveis, uma função da textura e estrutura. Ao remover uma amostra de solo, o solo a ser avaliado será deformado, e sua capacidade de armazenamento será alterada. Métodos indiretos de medição da água do solo são proveitosos quando eles permitem informações serem coletadas em um mesmo local para cada observação sem deformar o sistema solo-água. 2.1.2.1 – MÉTODOS RADIOLÓGICOS Dois principais métodos radiológicos são largamente usados e disponíveis para determinação do conteúdo da água do solo. Um é o método de dispersão de neutrons, do qual se baseia na interação de neutrons de alta energia e o núcleo do átomo de hidrogênio do solo. O outro método utiliza a atenuação de raios gama quando eles passam através do solo. Ambos instrumentos usam equipamentos portáteis para dar medições através de observações permanentes no local e requerem cuidadosas calibrações, de preferência com o solo na qual o equipamento está sendo usado. Quando se usa qualquer meio emissor de radiação, algumas precauções são necessárias. Todas regras a respeito dos perigos da radiação, apresentadas pelos fabricantes e autoridades de saúde, devem ser observadas. Quando as diretrizes e regulamentações sãoseguidas, não existe necessidade para temer exposição a níveis excessivos de radiação, indiferente da freqüência de uso. Nem por isso, qualquer que seja o tipo de meio emissor de radiação usado, o operador deverá usar algum tipo de filme (crachá) que quantifique o nível de exposição para ser avaliada e registrada em base mensal (Wold Meteorological Organization, 1996). 4 2.1.2.1.1 – SONDA DE NEUTRONS A sonda de neutrons, instrumento de determinação da umidade do solo, tem sido grandemente utilizado quando a profundidade de interesse é maior de 15 cm, com algumas restrições. O instrumento consiste de uma sonda com fonte de neutrons rápidos, usualmente Amerício 241/Berilo, um detector Hélio-3 para os neutrons termalizados, que desce por um tubo de parede fina de alumínio, ferro ou PVC, cravado no solo, e um registrador eletrônico. Ao ser acionada, a fonte libera neutrons que se espalham colidindo com os diferentes corpos no solo que provocam redução da sua energia cinética. A redução da energia é máxima quando os neutros encontram núcleos de Hidrogênio presentes no solo que reduzem a sua energia inicial a valores característicos dos núcleos de H. Embora o hidrogênio seja um componente da matéria orgânica, a maior parte deste elemento no solo ocorre como componente da água. Portanto, a contabilização dos neutrons termalizados, ao redor da fonte de neutrons rápidos, indica de forma razoável o teor de água no solo. A quantidade de neutrons termalizados pode ser calibrada com a umidade volumétrica do solo com resolução na faixa de 0,01 cm3 cm-3 a 0,05 cm3 cm-3 . Componentes principais: a) Sonda – contém fonte de neutrons rápidos e detector de neutrons lentos. Fontes de Neutrons Rádio – Berílo – Radiação perigosa Amerício – Berílo – Radiação menos perigosa b) Scaler – mede o fluxo de neutrons lentos. c) Tubo de acesso de alumínio d) Caixa Protetora – cilindro blindado de parafina A presença de uma nuvem de neutrons ao redor da fonte restringe o uso deste técnica ao campo, ou seja, sua utilização é difícil, para não dizer inviável, em laboratório. { 5 O raio da nuvem esférica de neutrons varia com a umidade do solo, indo de 0,15 m para solo saturado a 0,60 m para solo seco. É utilizado para qualquer teor de umidade do solo. Para se determinar o conteúdo volumétrico da água em um solo qualquer é necessário obtenção de uma equação de calibração para cada profundidade a ser analisada. Escolhe-se dentro da área quatro ou mais parcelas de 2 x 2 m e instala-se no centro de cada uma, tubos de PVC, alumínio ou aço de aproximadamente 2 polegadas de diâmetro interno, 2mm de espessura nas paredes e de comprimento variado. As parcelas são irrigadas até a saturação da profundidade desejada. Um outro tubo é instalado fora das parcelas e 1,30m do solo para a obtenção da leitura de carcaça. Faz-se leituras diária com a sonda a cada profundidade desejada, até que haja uma estabilização nos valores obtidos pela mesma (equilíbrio). A cada leitura, nas mesmas profundidades, determina-se o conteúdo volumétrico de água do solo (θv). A leitura da carcaça, necessário se faz toda vez que se realiza leituras com a sonda, e a relação contagem no solo/contagem na carcaça é expressa como sendo contagem relativa (CR). A equação de calibragem para cada profundidade ou para todo perfil é obtido em função do conteúdo volumétrico de água no solo (θv) e da contagem relativa (CR), de acordo com os modelos: θv= a + bCR θv = a + bCR + c (CR)2 Obtida as equações pode-se detectar a qualquer instante o conteúdo volumétrico de água no solo, bastando para tal, instalar tubos de acesso para a sonda em locais pré- determinados. O seguinte procedimento é feito para se usar a sonda de neutrons como indicador da umidade do solo : 1º- Instale o tubo de acesso em furos, previamente abertos com trado, no solo. O diâmetro interno do tubo de acesso deve ser de 40 mm a 50 mm, dependendo do equipamento. Cerca de 100mm de tubo deve ser deixado acima da superfície do solo para apoio do instrumento de medição. Recomenda-se, entre uma medição e outra, tampar a extremidade do tubo para evitar entrada de água ou sujeira; 2º - Coloque o instrumento sobre o tubo de acesso e selecione um tempo apropriado para contagem de acordo com recomendação do fabricante. Para proteção contra danos causados por água, verifique o tubo de acesso, para ver se não está com água, antes de baixar a sonda; 3º - Desça a sonda dentro do tubo até a profundidade desejada. Acione a fonte iniciando a contagem dos neutrons termalizados. Faça uma ou mais contagens em cada profundidade selecionada. Lembrando que a menor profundidade deve ser superior a 150 mm; 4º - Converta a CR para umidade volumétrica pela equação de calibração encontrada para o solo em estudo. 6 Configuração de Modelos Recentes Os modelos recentes de equipamentos de sonda de neutrons dispõem dos seguintes itens : a) microprocessador integrado, com pelo menos 13k de memória de registro, além de equações de calibração para diferentes tipos de solo; b) bateria recarregável; c) transferidor de dados para PC ou impressora através de cabo RS232C. Para resgatar os dados registrados na memória eletrônica para uma impressora ou para um computador pessoal, diretamente ou via modem, basta usar o comando específico do aparelho, de acordo com o programa fornecido pelo fabricante. De maneira geral, os dados são transferidos como arquivo, no formato padrão ASCII, no sistema de transmissão ACK/NACK. A Figura 1 a seguir apresenta uma sonda de neutros FIGURA 1- Fotografia de uma sonda de neutrons. 7 EXEMPLO: Determinar a equação de calibração com os dados de contagem relativa (CR) e conteúdo volumétrico de água (θ). Data Profundidade (cm) Contagem Carcaça Leitura Neutrômetro Contagem Relativa (CR) Conteúdo Volumétrico (θ) 2/12/89 0 – 20 699 308 0,440 11,37 3/12/89 0 – 20 696 244 0,351 7,32 4/12/89 0 – 20 696 198 0,284 7,36 5/12/89 0 – 20 696 181 0,260 7,02 6/12/89 0 – 20 698 174 0,250 6,45 7/12/89 0 – 20 694 170 0,245 6,37 8/12/89 0 – 20 697 168 0,241 6,27 9/12/89 0 – 20 694 161 0,232 6,17 Resolução: Tomado os valores da contagem relativa (CR) como “X” e o conteúdo volumétrico (θ) como “Y” e analisando estatisticamente através da regressão linear, obtém-se a equação seguinte: θθθθ = 0,89 + 22,22 CR com r2 = 0.94 2.1.2.1.2 – SONDA DE RAIOS GAMA Césio-137, por emitir raios gama a 0,662 MeV de energia e meia vida de 30 anos, e Ameridio-241 a 0,060 MeV e meia vida de 470 anos, têm sido usados na determinação indireta da umidade do solo pelo método da sonda de raios gama. O método baseia-se na atenuação de raios gama pelo solo. O grau de atenuação de um feixe de raios gama que atravessa uma coluna de solo depende dos elementos constituintes e do peso específico aparente desse solo. Se os constituintes sólidos e o peso específico aparente de um determinado solo permanecerem constantes, a variação na atenuação de raios gama irá representar a variação da umidade do solo. O uso da sonda de raios gama está restrito ainda aos laboratórios, devido à complexidade desta técnica. A precisão do método para determinação da umidade do solo varia com a espessura e peso específico da coluna de solo, das caraterísticas de absorção do solo, e da relação entre absorção por solo seco e por solo úmido (Gomide, 1998). Atenuação de raios gama pode ser matematicamente expressada por: I = Io e-µxρ(5) Onde: I é a intensidade de raio gama medido, Io é a intensidade de raios gama não atenuados, µ é o coeficiente de absorção de massa para o material absorvente, x é a espessura do material absorvente, e ρ é a densidade de absorção (Wold Meteorological Organization, 1996). Se o equipamento está adequadamente construído, os raios gama podem ser dirigidos de tal maneira que as variações de umidade em camadas muito finas (1 cm) podem ser medidas quando se usa a técnica de transmissão ou de dupla sonda (dois tubos de acesso). Outra técnica é a dispesão, em que uma sonda contem a fonte e o detector, 8 separados por uma proteção (Stakman, 1978). A Figura 2 esquematiza estes dois tipos de técnicas. FIGURA 2 – Arranjo esquemático para as técnicas de atenuação de raios gama de dupla sonda (lado esquerdo) e uma sonda (lado direito). 2.1.2.2 – MÉTODOS BASEADOS NA DIFERENÇA ENTRE AS CONSTANTES DIELÉTRICA DA ÁGUA E DO SOLO. 2.1.2.2.1- REFLECTOMETRIA NO DOMÍNIO DO TEMPO (TDR) A reflectometria no domínio do tempo (TDR), como método de medida de umidade e condutividade elétrica do solo, vem se destacando no cenário das técnicas empregadas para medidas de parâmetros físico do solo, tais como,. o estado da água em meios porosos, a concentração de soluto e o potencial matricial ( Conciani, et al. 1997; Torre-Neto, et al., 1995; Biscegli, et al.,1996 ). O solo é composto, em geral, de ar, partículas minerais e orgânicas e água. As constantes dielétricas (ε ) para esses materiais são, aproximadamente, 1 para o ar, 2 a 4 para as partículas minerais e 80 para a água. Por causa da grande diferença da constante dielétrica da água e dos outros constituintes do solo, a velocidade de propagação de uma onda de energia em hastes paralelas inseridas no solo é dependente do conteúdo de água no solo, fazendo com que a TDR seja um método de avaliar a umidade do solo relativamente insensível à sua composição e textura. Na prática, a TDR computa o tempo gasto para um pulso ir do começo ao final de uma guia ( haste ) de onda, de comprimento conhecido (geralmente, 15, 20 ou 30 cm ), inserida no solo e relaciona esse tempo com a propriedade dielétrica que, por sua vez, está relacionada ao conteúdo de água no solo. A medição do tempo é feita com um osciloscópio que já vem embutido nos aparelhos atuais ( JURY et 9 al., 1991 ). O processador da TDR incorpora um sistema altamente sensível capaz de medir o tempo em picosegundos ( um picosegundo é um trilionésimo do segundo ). Se o solo estiver completamente seco, o ε da Equação 6 será de 2 a 4. Se 25% do volume do solo for água, o ε estará aproximadamente entre 11 e 12. Para solos de interesse agrícola, os valores de ε dependem basicamente do conteúdo volumétrico de água do solo e independem bastante do tipo de solo. ε = [ ( ct ) / ( 2L ) ] (6) Onde: c é a velocidade da luz ( m/s), t é o tempo de propagação, lido com o TDR ( s ), e L é o comprimento da haste TDR ( m ). A representação esquemática do princípio de funcionamento do TDR, pode ser visto na Figura 3. FIGURA 3 - Representação esquemática do princípio de funcionamento do sistema TDR, para detecção do tempo de deslocamento do pulso na sonda. O gráfico mostra o comportamento do sinal do TDR, para solo seco e úmido, respectivamente. A – Tipos de sondas TDR Para a medida de umidade do solo, distintos tipos de sonda podem ser utilizadas, as quais são : sondas de cabo paralelo e as que emulam cabo coaxial. A Figura 4.a mostra no detalhe as dimensões de um a sonda com cabo paralelo, como também a equação da 10 impedância que permite obter os valores do espaçamento ( s ) e do diâmetro ( d ) da haste. A Figura 4.b mostra a sonda que emula cabo coaxial como também a equação para cálculo da impedância da sonda. A mesma é construída com 4 hastes, sendo 3 hastes consideradas a blindagem ou negativo e uma haste central como o positivo. As sondas que emulam cabo coaxial têm a vantagem de possuírem a menor perda do sinal, devido ao menor valor de impedância e devido ao confinamento da propagação da onda eletromagnética, por todo o comprimento da haste (Conciani et al., 1997). (b) Zo=60/ . ln (2 . S / d) √ε FIGURA 4 - ( a ) Sonda TDR com hastes paralelas. No detalhe as dimensões do espaçamento ( S) e do diâmetro ( d ) em mm, as quais são características da sonda - ( b ) Sonda TDR que emula cabo coaxial. As dimensões do espaçamento (S) e do diâmetro (D), determinam o valor da impedâscia ( Zo ). As equações permitem calcular o valor de Zo para ambas as sondas. B - Curvas de Calibração e Modelos Que Relacionam a Propriedade Dielétrica e a Umidade do Solo (TDR) A relação entre o valor de ε e a percentagem volumétrica de água no solo tem sido calibrada através de medições cuidadosas de ε em células de teste preparadas com volumes precisos e conhecidos de água no solo. Essa relação é então usada para converter automaticamente medições de campo de ε com o conteúdo volumétrico de água no solo. Basicamente, dois modelos matemáticos para relacionar a propriedade dielétrica do solo com o seu conteúdo de água são descritos na literatura. Um modelo empírico, que 11 Consiste em um polinômio do terceiro grau, foi ajustado por Topp et al. ( 1980 ) e funciona bem para solos minerais com conteúdo de água menor que 0,5 cm³ ³ ³ ³ . cm----3333 ( Or & Wraith, 1997 ) : θv = -5,3.l0-2 + 2,92.10-2 . εb –5,5.10-4 . εb2 + 4,3.10-6 . εb-6 (7) onde θv é o conteúdo de água no solo, expresso em volume e εb é a propriedade dielétrica do complexo ar-solo-água. Um segundo modelo, fisicamente embasado, considera a propridade dielétrica dos constituintes do solo individualmente ( Or & Wraith, 1997 ): θv = εb β - ( 1 – n ). εsβ - n. εaβ (8) εw β - εa β onde εb é a propriedade dielétrica do complexo ar-solo-água, εs é a propriedade dielétrica dos sólidos do solo, εa é a propriedade dielétrica do ar, εw é a propriedade dielétrica da água, n é a porosidade total do solo, expressa em volume, e β é um parâmetro relacionado com a geometria do meio poroso, geralmente de valor 0,5 para meios porosos bifásicos, isotrópicos, (Roth et al., 1990, citado por Or & Wraith, 1997). Assumindo β= 0,05, εw = 81, εs = 4 e ε1 = 1, a Equação 8 fica simplificada para : ( ) 8 2 n v −− =Θ ε (9) A Equação 9 produz uma curva de calibração similar a de TOPP et al. ( 1980 ), para a faixa do conteúdo de água até 0,50 cm³/³/³/³/ cm³ ³ ³ ³ , e descreve uma faixa maior de umidade, o que é interessante para solos mais pesados e orgânicos ( Or & Wraith, 1997). Uma terceira forma consiste simplesmente em interpolar linearmente valores do conteúdo de água no solo para valores da propriedade dielétrica medidos no solo, usando- se uma tabela fornecida pelo próprio fabricante ou gerada pelo usuário ( Soilmoisture,1996 citado por Gomide, 1998 ). Essa forma parece ser mais flexível, pois permite guias ou sondas de onda desenvolvidas localmente, a um custo menor, possam ser calibradas e usadas com o mesmo equipamento TDR. A Figura 5 mostra a relação entre a propriedade dielétrica do solo (εb ou Ka ) e o conteúdo volumétrico de água no solo (θv). Essa relaçãofoi desenvolvida usando células de teste cuidadosamente preparadas com diferentes tipos de solo que forneciam valores precisos do conteúdo volumétrico da água no solo (Soilmoisture, 1996 citado por Gomide, 1998).Os valores de ε não são exatamente os mesmos pares diversos tipos de solo (predominantemente areia, silte ou argila. ). Essas diferenças podem ser devido às diferenças nas ligações das moléculas da água aos diferentes minerais presentes no solo, tanto quanto devido a outras características físicas ainda não plenamente conhecidas. Entretanto, essas diferenças são mínimas na avaliação do conteúdo de água no solo. 12 FIGURA 5 - Relação geral entre a propriedade dielétrica (εb ou Ka ) e o conteúdo volumétrico da água no solo (θv ) ( Soilmoisture, 1996 citado por Gomide 1998). A curva de calibração do solo de Campo Novo do Parecis, MT, um latossolo vermelho amarelado, em comparação com a curva de calibração publicada por Topp et. al. (1980 ). é apresentada na Figura 6. Esse solo é bastante fino, possuindo textura predominantemente argilosa. A diferença encontrada nas curvas de calibração têm explicação em função da composição físico-química do solo e da granulometria do solo. FIGURA 6 - Curva de calibração para solo brasileiro (Solo de Campo Novo do Parecis. MT, horizonte A) e comparação com a curva de calibração publicada por Topp et al. (1980 ) (Crestana et al., 1996). C - Novos Resultados Experimentais, Vantagens e Desvantagens do Uso do TDR Uma nova configuração de sonda TDR foi construída de forma segmentada em espaços distintos. A Figura 7 mostra o detalhe da construção da sonda de 4 fios e as dimensões da mesma. Na Figura pode ser visto o sinal característico da antena segmentada reproduzido na tela do equipamento TDR. A Figura 8 apresenta a medida da umidade do solo em diferentes profundidades, com distintos tempo utilizando a antena segmentada (Conciani et al., 1997). 13 A vantagem de se utilizar a haste segmentada está baseada no fato da redução de erros de leitura devido a variabilidade espacial e no acompanhamento da frente de molhamento no mesmo local (Conciani et al., 1997 ). (a) (b) FIGURA 7 - (a) Arranjo esquemático da sonda TDR com haste segmentada. (b) Sinal característico, obtido com a antena segmentada e que pode ser observada na tela do TDR. O eixo X é a grandeza medida pelo equipamento dado em metro (m), sendo L1, L2, L3, as marcas registradas pelo aparelho devido as descontinuidades da sonda. FIGURA 8 - Medida da umidade do solo em diferentes profundidades, com distintos tempo utilizando a antena segmentada (Conciani et al., 1997). 14 As seguintes vantagens do uso da técnica TDR podem ser citadas : a) técnica não destrutiva; b) não utiliza radiação ionizante; c) alta exatidão na medida do conteúdo de água; d) baixo custo no acoplamento a um coletor de dados; e) portabilidade; f) medidas podem ser realizadas tanto no perfil horizontal como no perfil vertical nos solos; e g) medidas podem ser feitas em campo, sem causar distúrbios no solo. Entretanto, encontram- se, também, algumas desvantagens do uso da técnica TDR, podendo ser destacadas : a) influência da salinidade nas medidas de umidade volumétrica; b) influência dos óxidos de ferro no processo de leitura, através da permeabilidade característica de cada óxido; c) dependência do tipo do solo, isto é, a dependência de solos minerais e solos inorgânicos na calibração; d) variações significativas da densidade global do solo, em particular em solos expansivos, provocam considerável mudança na leitura do conteúdo de água; e e) a necessidade de abrir trincheira no perfil do solo para instalação das guias de onda em profundidade, o que, de certa forma, causa distúrbio, podendo até danificar o sistema radicular de algumas espécies frutíferas. Todavia, um equipamento disponível no mercado possui uma guia especial que é empregada para todo o perfil do solo. Para o equipamento completo, com módulo de armazenagem de dados, interface para computador, visor para análise do pulso eletromagnético e dispositivos para coleta automática de dados, o custo da TDR é ainda relativamente alto. Equipamento que utiliza princípio semelhante, mas que só dispõem de um medidor digital que indica diretamente o conteúdo de umidade já estão sendo oferecidos no mercado e devem, certamente, ter custo menor. Enquanto os primeiros são mais recomendados para a pesquisa, esses últimos podem ser empregados para o manejo da irrigação em campo. 2.1.2.2.2 – SONDA DE MICROONDAS A sonda dielétrica de microondas utiliza um cabo coaxial em aberto e um reflectômetro simples na sua extremidade para medir amplitude e fase a uma particular freqüência (tipicamente na região de microondas). Medidas do solo são referenciadas com o ar, e tipicamente calibradas com blocos dieletricos e/ou líquidos com propriedades dielétricas conhecidas. Uma vantagem de usar o líquido para calibração é que um perfeito contato elétrico entre a extremidade da sonda e o material pode ser mantida (Jackson, 1990 citado por Wold Meteorological Organization, 1996). Um diagrama de blocos do sistema é apresentado na Figura 9 (Crestana et al., 1996). FIGURA 9 – Diagrama de blocos do sistema de atenuação de microoondas par medida da umidade em amostras de solo. Como uma simples sonda de pequena extremidade é usada, apenas, um pequeno volume de solo é sempre avaliado. Como resultado, este método é excelente para laboratório ou medidas pontuais mas é facilmente sujeito de sofrer problemas de 15 variabilidade espacial se usado a nível de campo. Adicionalmente, a sonda avalia um pequeno volume de solo, portanto, o contato com o solo é baixo. 2.1.2.3 – TECNOLOGIAS EMERGENTES Devido a recentes avanços na engenharia, novos métodos estão sendo desenvolvidos com possibilidade de permitir uma medição rápida das condições de umidade do solo. A Wold Meteorological Organization (1996) considera duas metodologias desenvolvidas recentemente, para determinação da solução do solo, como emergentes, que são: o uso de ressonância magnética nuclear pulsante e microondas de sensoriamento remoto. 2.1.2.3.1 – RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR PULSANTE (PNMR) Ainda em estágio de desenvolvimento e pesquisa, o uso da PNMR pode Ter aplicações práticas em um futuro próximo (Jackson et al., 1987 citados em Wold Meteorological Organization, 1996). Este método de medição focaliza a interação entre o momento magnético nuclear do hidrogênio e um campo magnético. A unidade sensora consiste de um eletromagnético, rolo de rádio freqüência e um capacitor de sintonia. Essencialmente, este método permite a determinação instantânea do conteúdo volumétrico da água no solo, independente da textura, conteúdo de matéria orgânica, e densidade do solo. O momento magnético de um núcleo do qual contém um estranho número de prótons/neutrons se comporta como uma barra magnética girando. Quando inserido em um campo magnético estático, o momento magnético processa sobre um eixo paralelo para o campo magnético aplicado. Se um campo magnético oscilatório igual a precessão de freqüência de um átomo de hidrogênio é aplicado a vários ângulos no campo magnético estático, ele forçará o momento magnético do hidrogênio para processar em fase. O campo magnético oscilatório é produzido pelo gerador de rádio freqüência. A quantidade de energia absorvida pela amostra pode, então, ser medida, tão bem como o decaimento do sinal do campo oscilatório. A análise da adsorção resultante e decaimento do sinal produz informação concernente do tempo de relaxamento do gira-girae gira-rótula o qual, em troca, são usados para calcular a quantidade de hidrogênio na amostra. Um trator provido com um protótipo foi construído com dispositivo de PNMR e foi testado Este dispositivo poderia ser usado para determinar conteúdo de água do solo na hora de plantar, ou poderia ser usado para colecionar dados de solo por calibrar instrumentos sensoriamento remoto. Embora o trator sistema de PNMR possa avaliar com precisão aproximadamente 5 cm de umidade da superfície de solo, a precisão cai dramaticamente quando profundidade crescente. O campo magnético deve ser homogêneo para técnicas de PNMR trabalhar efetivamente, e obter um campo magnético homogêneo em solo indeformado é a maior limitação desta técnica. Instrumentos PNMR de Laboratório podem ser comprados, mas eles estão geralmente muito caros para aplicação prática. 16 2.1.2.3.2 – SENSORIAMENTO REMOTO Medidas com instrumentos de difusão espacial que utilizam técnicas sensoriamento remotos estarão disponíveis no futuro próximo para avaliar conteúdo de água do solo, estimação de taxas de evapotranspiration, e avaliação do estresse de plantas em uma escala de bacia (Jackson & Schmugge, 1989 citados por Wold Meteorological Organization, 1996). Embora infravermelho e níveis de energia de microondas tenham sido estudados amplamente, só a região de microondas tem o potencial para obter diretamente medidas quantitativo de umidade do solo de uma plataforma espacial. Técnicas de Microondas podem ser separadas em passivo (radiométrica) e ativo (radon) radiação. Técnicas de microondas passivas enfocam em analisar as emissões de microondas naturais da superfície do solo, enquanto radiação ativa se refere a medir a atenuação de um sinal “de retorno” através de radar. Ambas as aproximações estão baseado nas grandes diferenças que existem entre as propriedades de dielétrica da água líquida e do solo seco, e ambos são conducentes a monitorar o conteúdo de água da superfície do solo em cima de grandes áreas de solo. A resposta do radiometro de microondas variará de um emissividade de 0.95 a 0.6 ou menor para medidas de microondas passivas. Para as medidas de microondas ativas, é observado um aumento de cerca de 10 decibéis em retorno à partir de solo seco para úmido. A emissão de microondas está referendada como a temperatura de brilho, Tb e é proporcional a emissividade, β, e a temperatura da superfície de solo, Tsoil, ou: Tb = βTsoil (10) Onde: Tsoil está em kelvin. Porque β é dependente em textura de solo, aspereza de superfície, e vegetação, atuais conteúdos de água de solo serão relacionados empiricamente por Tb. Para medidas de microondas ativas de conteúdo de água de solo, parte do total do sinal “de retorno” deve ser separado na porção devido a vegetação, e do solo. Adicionalmente, o “canopy” da vegetação influenciará o componente de solo. O conteúdo volumétrico de água é relacionado como o total ativo refletido, St, por: θv = L(St - Sv) (RA)-1 (11) onde L é o coeficiente de atenuação de vegetação, Sv é a parte “de retorno” devido a vegetação, R é um termo as aspereza da superfície do solo, e A é um termo da sensibilidade da umidade do solo. Infelizmente, não há satisfatóriamente nenhum meio independente de medir R e A. Como resultado, a resposta de microondas ativa para o conteúdo de umidade do solo pode ser expressada como uma relação empírica. 17 2.2 – INSTRUMENTAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL DE ÁGUA DO SOLO Toda vez que um solo não estiver saturado, nele existe ar e, portanto existem interfaces água/ar ( meniscos ) que lhe conferem o estado de tensão ( pressão negativa ). Assim, a água no solo, via de regra, encontra-se sob tensões. A tensão, chamada de potencial matricial (Ψm), é resultante da afinidade da água com a matriz do solo, devida às forças adsortivas e de capilaridade oriundas das forças coesivas e adesivas que se desenvolvem dentro e entre as três fases do solo. Um potencial que sempre está presente é o potencial gravitacional (Ψg ), que se refere a influência da gravidade terrestre. A diminuição do estado de energia da água do solo devido a interação com os sais contidos no solo pode ser quantificado através do potencial osmótico (Ψos). E em solos saturados ao invés do Ψm pode aparecer um potencial de pressão (Ψp) devido a carga hidrostática da solução do solo. Verifica-se portanto que o potencial total (Ψt) da água no solo, é igual a: Ψt = Ψm + Ψg + Ψos + Ψp, expressos em unidades de pressão ou carga hidráulica. Considerando que a maioria dos cultivos são em solos normais (não salinos) e que as condições de umidade está abaixo da saturação, faz com que o Ψos interfira muito pouco e o Ψp seja igual a zero. Portanto nessas condições teremos Ψt = Ψm + Ψg. Para resumir, apenas instrumentos de medir o potencial mátrico do solo, são capazes e suficientemente baratos e confiáveis, para o uso em programas de monitoramento em escala de campo. Em cada caso, existe limitações severas para o intervalo de potencial na qual o instrumento funciona corretamente. Muita cautela, entretanto, deve ser exercida se o potencial osmótico é significante. 2.2.1 – TENSIÔMETROS O potencial matricial da água em diferentes pontos no solo é determinado diretamente com tensiômetro. Este dispositivo consiste de uma cápsula de cerâmica porosa conectada a um manômetro ( vacuômetro ) através de um tubo geralmente de PVC ou acrílico. Quando colocado no solo, a água contida na cápsula tende a entrar em equilíbrio com a tensão da água no solo ao seu redor. Qualquer mudança no teor de água do solo e consequentemente em seu estado de energia, será transmitido à água no interior da cápsula, sendo indicada rapidamente pelo vacuômetro. A cápsula do tensiômetro funciona como uma membrana semi-permeável, permitindo a livre passagem de água e íons, não permitindo a passagem de ar e partículas do solo. Ao invés do vacuômetro também pode ser usado um reservatório contendo mercúrio que interligado, hermeticamente, com a cápsula porosa no solo. E ao diminuir ou aumentar o teor de umidade no solo, o mercúrio se eleva ou baixa, respectivamente, em um tubo de plástico ou vidro. A Figura 10 mostra um tensiômetro de mercúrio. 18 FIGURA 10 - Representação esquemática de um tensiômetro com manômetro de mercúrio Teoricamente, o tensiômetro poderia medir tensões de até 101,3 kPa; na prática, porém, só é possível medir até 80 kPa aproximadamente. Acima desta tensão o ar penetra no instrumento através dos poros da cápsula, a água começa a passar do estado líquido para o estado de vapor e as medições perdem precisão. Mesmo assim, devido a tensão de água máxima, exigido pela maioria das culturas para obterem máxima produtividade, ser menor que 80 kPa, o tensiômetro tem se tronado um instrumento, prático, preciso e barato com grande uso no manejo da irrigação. O valor de Ψm do solo ao redor da cápsula, de um tensiômetro com manômetro de mercúrio, do tipo representado na Figura 10, é dado por : Ψm = - 12,6 h1 + h2 + h3 (12) Onde: h1 corresponde à elevação do Hg no manômetro, h2 é a distância da superfície livre de Hg no reservatório ( cubeta ) à superfície do solo, e h3 é a profundidade de instalação do tensiômetro. Com as medições em cm, o valor de Ψm é obtido em cmca. Para tensiômetro com manômetro mecânico (Figura11), o valor de Ψm é dado por: Ψm = - ℓ + 0,098 c (13) onde ℓ é a leitura do manômetro em cbar ou kPa e c o comprimento do tensiômetro (distância da cápsula ao manômetro ) em cm. O Ψm é obtido em kPa. Para tensiômetro com manômetro digital ( tensímetro ) (Figura 11), o valor de Ψm , também em kPa , é dado por : Ψm = -ℓ + 0,098 c (14) para leitura em cbar ou kPa e comprimento em cm. 19 FIGURA 11 - Representação esquemática de um tensiômetro com vacuômetro mecânico (lado esquerdo) e de um tensiômetro com vacuômetro digital ( tensímetro ) (lado direito). RECOMENDAÇÕES PARA O USO DE TENSIÔMETROS Neste item, é apresentado um roteiro prático dos cuidados e procedimentos que devem ser observados no preparo, instalação, manutenção e armazenamento de tensiômetros, tanto com manômetro metálico quanto de mercúrio. Tais recomendações são indispensáveis para que esses equipamentos apresentem maior durabilidade e desempenho satisfatório. A - Preparo a) remover a tampa e encher com água destilada, fervida e fria; b) para saturar a cápsula, colocar o tensiómetro em um recipiente com água, de modo que a cápsula fique submersa durante dois a quatro dias. O nível de água dentro do tensiômetro deve ser mantido acima do nível de água do recipiente; c) com o auxílio de uma bomba de vácuo (elétrica ou manual), acoplada ao tensiômetro, succionar água através da cápsula, a fim de saturar por completo os seus poros. Para eliminar bolhas de ar aderidas à parede interna do tubo, às vezes é necessário bater com o dedo levemente no corpo do tensiômetro; d) completar o tensiômetro com água e fechar a tampa; e) pendurar o tensiômetro ao ar livre para que a água evapore através da cápsula (para acelerar o processo, pode ser usado um ventilador); f) quando a leitura do manômetro indicar valor de pelo menos 50 kpa, retirar o tensiômetro e submergir a cápsula em um recipiente com água. A leitura do manômetro deve cair rapidamente para 0-10 kPa. Se o tensiômetro não passar nesse teste, é porque apresenta problemas de vazamento. 20 B - Instalação a) fazer um buraco, preferencialmente em solo úmido, com um trado ou tubo com diâmetro igual ou ligeiramente inferior ao da cápsula, até a profundidade desejada; b) introduzir o tensiômetro cuidadosamente no buraco, de forma a permitir um contato íntimo entre a cápsula e o solo; c) comprimir levemente a superfície do solo ao redor do tensiômetro; d) elevar o solo em volta do tensiômetro, cerca de 3 cm, para evitar a infiltração de água junto ao tubo do tensiômetro; e) retirar o ar do tensiômetro, completar a água e fechar a tampa; f) colocar uma estaca ao lado do tensiômetro, para que este possa ser facilmente localizado e não seja danificado. C - Manutenção A manutenção deve ser realizada a cada dois a quatro dias ou a qualquer momento em que forem notadas bolhas de ar na extremidade superior do tensiômetro (nível de água cerca de 3,0cm abaixo do manômetro) ou no interior da mangueira transparente, no caso de tensiômetro com manômetro de mercúrio. Para isso, seguir os seguintes passos: a) retirar a tampa e completar a água (destilada e fervida); b) acoplar a bomba de vácuo (manual) na extremidade do tensiômetro e bombear repetidamente até que o manômetro indique cerca de 70 kPa; c) deixar a bomba de vácuo acoplada ao tensiômetro por cerca de 10 a 20 segundos, até que cesse a subida de bolhas de ar; d) no caso de tensiômetro com manômetro de mercúrio, além das duas operações anteriores, é necessário injetar água sob pressão no interior do tensiômetro, com auxflio de uma piseta com rolha perfurada, para eliminar o ar existente na mangueira transparente do manômetro; e) completar a água do tensiômetro e colocar a tampa; f) caso o tensiômetro não esteja funcionando satisfatoriamente, substitui-lo para verificar problemas de vazamento; g) evitar o pisoteio ao redor dos tensiômetros, a fim de não alterar as características físico- hídricas do solo. As opções descritas nos itens "b" e "c" poderão ser dispensadas, dependendo da quantidade de ar no interior do tensiômetro, e ser realizado apenas o que dispõe o item "e". D - Armazenamento a) antes dos tensiômetros serem guardados, as cápsulas devem ser lavadas com água limpa, com uma escova de cerdas macias; b) em caso de reutilização dentro de um período de até 60 dias, os tensiômetros podem ser guardados dentro de um recipiente com água limpa, a fim de que as cápsulas permaneçam saturadas. A cápsula também pode ser acondicionada em um saquinho de plástico, que terá a extremidade superior lacrada por uma fita-adesiva ou elástica junto ao tubo do tensiômetro; c) quando for necessário armazená-los por um longo período de tempo, estes deverão ser guardados a seco, após retirada toda a água de seu interior. 2.2.2 – BLOCOS DE RESISTÊNCIA ELÉTRICA A condutividade elétrica e térmica bem como a capacitância de materiais porosos variam com o teor de água no seu meio e podem ser facilmente medidas, com grande 21 precisão. Se existir uma boa correlação destas propriedades com o teor de água no meio poroso, os métodos usados para determinar tais propriedades poderão ser de grande utilidade na determinação do teor de água no solo. Muitos dos problemas envolvidos na medição direta da condutividade elétrica, da condutividade térmica e da capacitância de solo, são evitados quando se usa blocos porosos contendo eletrodos apropriados, que são inseridos no solo. Quando estes blocos atingem o equilíbrio, isto é, quando cessa o movimento de água entre estes e o solo, suas propriedades térmicas ou elétricas são freqüentemente consideradas como indicadores do teor de água no solo. Contudo, o valor associado de umidade do solo deve ser obtido a partir de uma curva de calibração feita usando solo tirado no local onde os blocos serão instalados porque o equilíbrio entre o bloco e o solo é equilíbrio entre os potenciais matriciais e não entre teores de água. Como diferentes solos tem diferentes curvas de capacidade de retenção de água, existirão diferenças grandes entre as correlações das propriedades do bloco com o teor de água no solo. As calibrações são freqüentemente feitas no campo pela obtenção dos teores de água por método gravimétrico que são plotados como função de leituras de resistência elétrica, ou, com a instalação de blocos em vasos com plantas onde o teor de água é determinado pela pesagem dos vasos (Gomide, 1998) Entre as propriedades citadas acima, a condutividade elétrica, é a de medição mais simples. Portanto, a técnica mais usada com os blocos porosos é a da relação entre condutividade elétrica e teor de água. É difícil especificar a precisão esperada na determinação do teor de água no solo usando medidas de condutividade elétrica em blocos porosos por causa das várias fontes de erros envolvidas. A precisão não depende somente dos cuidados na confecção, seleção, e calibração dos blocos, mas também do fator histerese do solo que foge do controle do operador. Portanto, não se pode esperar precisão acima de 2% nos valores de umidade do solo. Por outro lado, onde blocos porosos são usados para estimar o potencial matricial ao invés de umidade, é possível conseguir um melhor desempenho do método. A - Descrição do Sistema O sistema de blocos porosos usado na determinação do teor de água no solo é constituído de : a) “Ponte de Wheatstone” para medição da resistência elétrica: Resistências a serem medidas variam de algumas centenasde ohms a 200 000 ou mais ohms. As pontes em uso são do tipo de corrente alternada, para evitar polarização nos eletrodos inseridos no bloco poroso. A medição da resistência é feita colocando-se os blocos nas profundidades desejadas, deixando as pontas dos fios à superfície do solo. Instrumentos para leitura digital usados em sistema de aquisição de dados podem ser de grande utilidade na obtenção dos dados para posterior transferência e determinação dos teores de água no solo a partir de curvas ou equações específicas de calibração. B) “Bloco poroso”: Os blocos disponíveis no mercado são feitos de diversos materiais porosos que vão desde o tecido de nylon e fibra-de-vidro até os blocos de gêsso-resinado moldados em diferentes formas. Os blocos possuem no seu interior um sistema de eletrodos que basicamente consiste de dois fios elétricos finos ligados, cada um, a uma pequena tela de aço inox. As pequenas telas são mantidas separadas a 1 cm ou 2 cm de distância (Figura 12). 22 FIGURA 12 – Esquema e figura de um bloco de resistência elétrica e onímetro. B - Calibração dos Blocos Porosos A calibração de blocos porosos é necessária e é feita para solo com peso específico semelhante ao solo no campo, contido em um recipiente (caixa de tela) que permita perda rápida de água por evaporação sem perda de solo. Usa-se uma pequena caixa de tela, aberta em uma das faces, com dimensões que permitam a colocação de volume de solo suficiente para envolver o bloco poroso com pelo menos 2 cm de camada de solo ao redor do bloco. Inicia-se o processo umedecendo o solo a ser usado de maneira a facilitar a sua colocação ao redor do bloco no recipiente de calibraçào com peso específico desejado. Toma-se uma parte do solo para determinação de umidade gravimétrica. Completa-se a caixa com solo e em seguida pesa-se o conjunto solo mais tara ( bloco com seus conectores e caixa ). Usando a umidade gravimétrica determinada à parte ( U ), determina-se a massa de solo seco ( ms ) contida na caixa, usando a expressão abaixo : ( ) ( ) 1+ −+ = U tarataram m u s (15) Onde: mu é a massa de solo úmido e U é o valor de umidade gravimétrica expressa em g/g . Em seguida, satura-se o solo, pesa-se o conjunto ( tara + mu ) e faz-se a leitura da resistência no bloco poroso para determinar o primeiro ponto da calibração. As umidades com base em peso deste e de todos os demais pontos subsequentes da calibração serão determinadas pela expressão : 23 U = ( tara + mu ) – ( tara + ms ) (16) ms Permita a evaporação da água do conjunto até que se tenha um valor desejado para o próximo ponto de calibração. Após obter a pesagem desejada, o conjunto é colocado em um recipiente fechado em temperatura uniforme ficando nesta condição durante pelo menos uma noite, para permitir o equilíbrio da água entre o bloco e o solo. Faz-se, após o equilíbrio , a leitura da resistência no bloco poroso. O processo é repetido de modo a se ter o maior número possível de pontos de calibração. Ajuste uma equação para resistência elétrica como função da umidade ou plote os pontos em papel semi-logarítimico. No final de todo o processo, tem-se a equação ou curva de calibraçào para a profundidade específica de instalação do bloco poroso (Gomide, 1998). 2.2.3 – PSICRÔMETROS Psicrômetros de termopar não medem o potencial de água do solo diretamente, mas mede a fase de vapor com que esta está em equilíbrio (Rawlins, 1972 citado em Wold Meteorological Organization, 1996). como resultado, psicrômetro são rápidos em equilibrar com o ambiente do solo. Como com os blocos de resistência elétricos, este método não são sensíveis em condições molhadas mas é bem ajustado a um ambiente de solo seco. Também se presta para a aquisição de dados automatizada. Sob condições não salinas, a relação entre o potencial de matriz e a umidade relativa pode ser determinada por: Ψm = (RT/W) ln (P/Po) (17) onde W é o peso molecular de água (0,018kg mol-1), R é o gás ideal constante (8,31 J K-1), T é a temperatura em kelvin, P é a pressão de vapor de água em equilíbrio com a fase líquida, e Po é a pressão de vapor de água saturada da fase líquida. Psicrômetro consistem de um termopar em miniatura colocado dentro de uma câmara pequena. O termopar é esfriado fora pelo efeito de Peltier e condensa a água em uma junção de arame. Como a água evapora da junção, sua temperatura diminui e uma corrente é produzida que será medida por um voltímetro. Por conseguinte, estas medidas são rápidas para responder a mudanças no potencial de água do solo. mas são muito sensível à temperatura e à salinidade. No equilíbrio, a umidade relativa na atmosfera do solo não muda significativamente através da estação de crescimento. O mais baixo potencial de água tipicamente associado com a atividade de absorção de água pela planta é 1 500 kpa, o qual corresponde a uma umidade relativa de aproximadamente 98.8 por cento. Assim o alcance em umidade relativa medida pelo psicrômetro está entre 98 e 100 por cento. Porém, psicrômetro são tão sensíveis a temperatura que se o potencial de água for medido com precisão na faixa de 10 kPa, a temperatura deve ser controlada na faixa de 0.001 K. Afortunadamente, o desenvolvemento de novos equipamentos nos anos recentes este grau de precisão se tornou possível (Brunini & Thurtell, 1982 citados em Wold Meteorological Organization, 1996). Nem por isto, flutuações de temperatura diurna podem induzir gradientes de temperatura no psicrômetro como os componentes do instrumento diferem em capacidades de calor. Para minimizar o efeito citado, as leituras devem ser procedidas na mesma hora a cada dia, preferencialmente cedo pela manhã. 24 Um psicrômetro de solo acha-se esquematizado na Figura 13. O princípio de funcionamento de funcionamento é o mesmo dos psicrômetros utilizados para medida de umidade relativa do ar atmosférico. FIGURA 13 – Esquema de um psicrômetro de solo 2.3 – OUTROS MÉTODOS 2.3.1 - TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE RAIO X Os trabalhos pioneiros de Petrovic et. al. ( 1982 ); Hainsworth & Aylmore ( 1983, 1986 ) e Crestana et al. (1986) introduziram a tomografia como um método bastante poderoso para estudos em ciência do solo, constituindo-se em uma técnica bastante difundida e utilizada. Nesses trabalhos a tomografia tem sido usada para estudar a difusão de água no solo ( Crestana et al., 1985; Hopmans et al., 1992), a compactação de solos(Crestana & Cruviel, 1996), a homogeneidade de amostras, e a macroporosidade (Warner et al., 1988). A tomografia de raios X ou gama utiliza o princípio da atenuação de um feixe colimado da radiação em várias direções na amostra, possibilitando a obtenção de um mapa de coeficientes de atenuação linear ц (cm-1) na seção analisada. Conhecendo-se o coeficiente de atenuação em massa цm (cm2 .g-1) e considerando-se que o mesmo é constante em toda a amostra, é possível obter um mapa de densidades do plano tomográfico emergente da amostra. Para um meio poroso, usa-se o mesmo conceito anteriormente descrito sendo necessário, entretanto, a obtenção de 2 imagens da amostra, uma úmida e outra seca, para determinar os mapas de densidades e umidades por tomografia. 25 A – O uso da Tomografia de Raios X na Medida da Água em Amostras de Solo. Ouso da tomografia de Raios X ( TC ) possibilita da medida da densidade global (dg) e do conteúdo da água ou umidade no solo (θv) (cm3 . cm-3). Além disso, esta técnica contribui para os estudos estáticos, dinâmicos, tridimensionais e simultâneos desses parâmetros, trazendo como conseqüência diversas outras aplicações ( Crestana & Cruviel, 1996). Os fundamentos deste método estão contidos na teoria reconstrutiva da imagem. A varredura dinâmica de um tomógrafo, do tipo da General Electric, modelo CT/T8800, de terceira geração, consiste de uma série de varreduras executadas na mesma Posição do corte tomográfico da amostra ( em tempos diferentes ) ou em diferentes posições da mesma. A técnica dinâmica permite obter gráficos da variação da densidade com o tempo, do objeto em exame. As espessuras das fatias tomográficas podem ser de 1,5 mm,5mm e 10mm. O conjunto de detectores desse tomógrafo consiste de um arco de 30°, o qual contém 523 detectores de xenônio à alta pressão. O tubo de raios X, assim como os detectores, estão localizados na parte interna da cavidade de exame. O tamanho da matriz imagem é em geral da ordem de 320 por 320 pixels ( elementos das imagens ). A unidade topográfica é dada por : w w µ µµ ) - ( x 1000 UH = (18) onde: µw ( cm-1 ) é o coeficiente de atenuação linear da água, e µ (cm-1) é o coeficiente de atenuação linear do material. Comumente, é utilizada uma escala relativa onde o µw é tomado como nível de referência e igualado a zero ( considerado como valor padrão ). O valor zero UH é atribuído à água. Caso se queira conservar densidades maiores que 1000 UH, pode-se utilizar o recurso da escala ampliada ou estendida, que permite fazer com que a escala dos números do TC passe a variar no intervalo de –1000 a + 3000 UH. Depois disso, a conversão de UH para a densidade ou para o conteúdo da água no solo pode ser feita através das curvas de calibração. A Figura 14 apresenta uma curva de calibração para o conteúdo de água no solo. B - Considerações Sobre a Técnica e a Instrumentação O uso de métodos não-convencionais, como o da tomografia, em agropecuária contribui para atender à carência metodológica e instrumental existente. Por exemplo, no caso da medida da densidade e da umidade do solo em laboratório, o método da transmissão direta com a radiação é dos melhores. No entanto, é preciso considerar uma série de limitações atinentes. Destacam-se como principais as seguintes : a) as medidas são unidimensionais ( ainda assim, o valor calculado é uma média sobre o percurso do feixe, não permitindo observar variações pontuais ou segmentares das heterogeneidades sobre este ); b) não é sensível a medida de velocidades altas, como no caso da infiltração vertical da água em solos, de alta condutividade hidráulica ( é o caso, por exemplo, da infiltração vertical da água em uma areia grossa, com penetração de 70 cm de água em 20 minutos, o que dificulta, ou mesmo impede, estudos dinâmicos ); c) supõe que a densidade global é constante quando o feixe de raios γ monoenergéticos é utilizado ( o que não é verdade, como por exemplo, no caso de solos com argilas expansivas ), além da dificuldade de colimação ou , como no caso de dupla energia, pouca disponibilidade de fontes adequadas. No último caso, a situação é mais difícil, pois os picos da radiação γ 26 precisam ser muito distintos. Para evitar interferência na medida dos detectores. Além do mais, os erros ocorridos na medida da densidade são transferidos para a medida do conteúdo da água no solo e vice-versa, podendo comprometer a precisão das medidas. FIGURA 14 - Curva de calibração linear das Unidades Hounsfield ( UH ) em função do conteúdo de água do solo (θv) para os solos de Barretos, SP e Trieste, Itália ( Crestana et al., 1996 ). O método da tomografia, além de permitir a medida dos parâmetros anteriormente citados, traz outras vantagens com contribuições novas, antes inviáveis de serem alcançadas. É o caso de estudos não-destrutivos, dinâmicos, bi e tridimensionais, de sensibilidade e heterogeneidades do solo e da distribuição da água. C - O Minitomógrafo de Raios X e γ Desenvolvido Para Uso na Agricultura O tomógrafo computadorizado de raios X e γ, denominado minitomógrafo é um equipamento desenvolvido na EMBRAPA Instrumentação Agropecuária para uso em pesquisa agrícola ( Crestana & Cruvinel, 1996 ). O equipamento se insere no contexto de um tomógrafo de primeira geração, pois o tubo de raios X ou fonte de raios gama e o detector são fixos, enquanto a amostra em estudo é rotacionada e trasladada, de modo que um fino feixe de radiação é atenuado pela amostra em diversas posições. A Figura 15 ilustra o minitomógrafo de raio X e gama da EMBRAPA-CNPDIA. 27 FIGURA 15 – Fotografia do Minitomógrafo de raios X e γ da EMBRAPA Instrumentação Agropecuária. O equipamento é composto de uma fonte de raios X ou gama, colimadores cilíndricos de tamanhos variados ( diâmetros de milímetros ), um sistema de detecção e contagem da radiação ( cadeia nuclear ), mesa para posicionamento e movimentação das amostras e computador para controle, aquisição e processamento dos dados. A cadeia nuclear é composta de um detector de cristal tipo Nal ( TI ), fotomultiplicadora, fonte de alta tensão para alimentação da fotomultiplicadora, amplificador, analisador monocanal e contador/temporizador. A mesa mecânica possui dois motores que controlam a posição relativa da mesa, onde é colocada a amostra de que se deseja produzir a imagem. Um motor de passo é utilizado para rotação e outro para translação. Um dispositivo optoeletrônico e um circuito comparador são utilizados para definir e inicializar as coordenadas de posição da mesma tomografia. Os motores são controlados por um computador através de uma interface. O feixe colimado de radiação incide na amostra posicionada sobre a mesa, atravessa-a, onde é atenuada, sofre uma outra colimação e é detectada pela cadeia nuclear. A atenuação ocorre devido aos processos de interação da radiação com a matéria. Os colimadores da fonte e do detector são distintos e possui tamanho variáveis, onde a escolha do tamanho ideal será feita conforme a resolução desejada. Este equipamento possibilita tomografias com resoluções especiais entre 1 e 6 mm² por pixel. D – Minitomógrafo Portátil Outros equipamentos tomográficos tem sido desenvolvido, inclusive para uso direto no campo, como é o caso do minitomógrafo portátil (Naime, 1994 e Naime et al., 1994 citados por Gomide, 1998), de primeira geração, que tem seu esquema de varredura baseado no minitomógrafo de raios X e raios gama, descrito anteriormente. Os programas de reconstrução e visualização de imagem utilizado são os mesmos desenvolvidos para o minitomógrafo ( Cruvinel et al., 1990 citados por Gomide, 1998 ). A calibraçào é idêntica à do minitomógrafo ( Crestana et al., 1992 ). O tomógrafo portátil se 28 diferencia por movimentar o conjunto fonte-detector e não a amostra, trabalhar em campo e ser alimentado por baterias, utilizando somente radiação gama. 2.3.2 – MÉTODO CAPACITIVO O conteúdo de água no solo pode ser determinado via seus efeitos na constante dielétria, medidos pela capacitância entre dois eletrodosimplantados no solo. No caso de solos arenosos, onde a água livre predomina, a constante dielétrica é diretamente proporcional ao conteúdo de água. A sonda ( eletrodos ) é submetida a um sinal de excitação de frequência conhecida e mede-se a impedância do circuito por ela formado. O sinal obtido nào é linear como o conteúdo de água e é influenciado tanto pelo tipo, como pela temperatura do solo. Portanto, esse método requer calibraçào cuidadosa na instalação e também durante todo o tempo de uso, pois sua estabilidade a longo prazo é questionável. O método capacitivo é uma técnica que fornece o conteúdo de água volumétrico em que o tempo de resposta é instantâneo. As suas principais desvantagens estão a pouca estabilidade a longo prazo e custo relativamente alto do circuito de compensação requerido. Como vantagens ela pode fornecer, ao menos teoricamente, o conteúdo absoluto de água, podendo ser usada em qualquer profundidade. As sondas podem ter diversas geometrias, de forma a cobrir diferentes volumes. Apresenta precisão relativamente boa quando não ocorrem mudanças na concentração iônica do solo e é facilmente acoplada a sistema de medição remota como, por exemplo, a sistemas de telemetria. 2.3.3 - DISSIPAÇÃO DE CALOR NUMA MATRIZ POROSA RÍGIDA A dissipação de calor numa matriz porosa rígida é um tipo de equipamento usado para medição do potencial matricial. A razão de dissipação de calor num meio poroso é dependente da capacidade térmica desse meio, da condutividade térmica e da densidade. A capacidade e a condutividade térmicas de uma matriz porosa são afetadas pelo seu conteúdo de água ( e potencial matricial ). Sensores de dissipação de calor contém geradores de calor ( em configurações em linha ou em ponto fonte ) inseridos numa matriz porosa rígida com espaço poroso fixo. A medição é baseada na aplicação de um pulso de calor, gerado pela passagem da corrente por uma resist6encia por um período de tempo específico e na análise da temperatura medida por um termopar colocado a uma certa distância da fonte de calor. Com o sensor enterrado no solo, as variações no potencial da água no solo resultam num gradiente entre a matricial de cerâmica porosa e o solo, introduzindo um fluxo de água entre os dois materiais até que um novo equilíbrio seja estabelecido. O fluxo de água varia o conteúdo de água da matriz de cerâmica que, por sua vez, variam a condutividade e a capacidade térmica do sensor. A faixa do potencial matricial típica para tais sensores é de – 10 a – 1000 Kpa. Um sensor que utiliza uma linha fonte á apresentado na Figura 16, cujo gerador de calor é um fio fino axialmente centralizado numa matriz cerâmica cilíndrica tendo. Um raio de 1,5 cm e comprimento de 3,2 cm. Um temopar é localizado adjacente a um gerador de calor na metade do seu comprimento. Devido o temopar estar localizado adjacente ao 29 gerador de calor, quando o solo seca e a água movimenta para fora da cerâmica, a temperatura aumentará durante certo período ( devido à redução da condutividade térmica). A magnitude da elevação da temperatura é sempre linearmente relacionada ao logaritmo natural do potencial matricial ( Campbell Scientific, apresentada em Gomide, 1998). FIGURA 16 - esquema de um sensor de dissipação de calor no solo, através de linha-fonte, para medir o potencial matricial da água no solo ( Fonte: Campbell Scientific, apresentado em Gomide, 1998). 2.3.4 - MEMBRANA SEMI-PERMEÁVEL ( AQUAPROBE ™ ) A membrana semi-permeável é usada para medição entre o potencial matricial e osmóticos. O elemento sensível desse equipamento é uma membrana semi-permeável de formato circular que é conectada a um medidor de pressão ou transdutor, do tipo que é utilizado em tensiômetros. Um tubo de vidro com microporos, revestidos por meio de um processo de polimerização, funciona como uma membrana de osmose reversa. O sensor tem as seguintes características importantes : (i) seletividade ideal; (ii) alta permeabilidade à água ( para resposta rápida ); ( iii) biologicamente inerte ( para resistir à formação de lodo ). O interior da membrana e as conexões com o medidor de pressão são enchidos com uma solução osmoticamente ativa. Quando a parede externa do sensor exposta ao solo, a água passa pela membrana, alterando a pressão osmótica no interior do sensor. A membrana funciona como a cápsula de um tensiômetro, mas que nào deixa passar ar nem os solutos do interior do sensor. O sensor de equipamento pode ser equipado com o medidor de pressão ou um transdutor eletrônico de pressão e é disponível para diversas profundidades sistema pode também ser configurado com transmissores, receptores e software e hardware de computadores e unidades de controle remoto para uma variedade de aplicações do uso da água. O equipamento pode medir, com precisão o efeito, combinado do potencial osmótico e o matricial, numa faixa de pressão de 0 a – 1000 kPa, tornando-o um instrumento bem competitivo em relação a outros ( Soilsensors, 1997 citado em Gomide, 1998). 30 3 – CURVA CARACTERÍSTICA DE ÁGUA DO SOLO Na agricultura, tanto a quantidade como o estado de energia da água no solo são importantes. Para hidrologia, manejo da lâmina de irrigação e necessidade de balanço de água, tão bem como para efeitos nas propriedades do solo ( tais como resistência mecânica do solo, condutividade térmica e difusividade) a avaliação da umidade do solo é mais útil. Já para fisiologia de plantas (determinação do momento de irrigar) e problemas hidráulicos correlacionados com movimento de água, o potencial mátrico é a medição mais apropriada. Em uma amostra de solo homogêneo, para cada potencial mátrico (Ψm) existe um valor correspondente de teor de umidade do solo (θ ). O gráfico de Ψm em função de θ é, então uma característica da amostra e é comumente denominado “Curva Caracteristica de Umidade do Solo”, ou simplesmente, “curva de retenção”. Confeccionando-se a curva característica de um solo, pode-se estimar o Ψm, conhecendo-se θ, ou vice-versa. Na prática, esta curva é de grande utilidade, pois na maioria das situações é necessário se fazer esta transformação. Desde que a geometria do sistema não varie com o tempo, a curva característica é única e não precisa ser determinada em cada experimento. Existem vários métodos para sua determinação e às vezes utiliza-se mais de um método, dependendo da finalidade da curva. No laboratório os métodos mais utilizados são o da Câmara de Placa Porosa (Câmara de Pressão) utilizada para tensões de zero a 15 bar e o do Funil de Placa Porosa que é utilizada para tensões até próximo de 0,3 bar, podendo- se usar nesses métodos tanto amostras deformadas (TFSA) como indeformadas. No campo, geralmente usam-se Tensiômetros até uma tensão de 0.8 bar e complementa-se o resto da curva até 15 bar em laboratório através da Câmara de Pressão. Os solos argilosos mostram uma diminuição lenta e regular no θ com a diminuição do Ψm. enquanto que os solos arenosos podem mostrar somente um ligeiro decréscimo no θ para o intervalo mais alto de Ψm, até um ponto em que apenas uma pequena diminuição no Ψm produz uma diminuição considerável de θ devido a um número de poros relativamente grande num intervalo particular de diâmetro. Existe portanto uma diferença na curva característica entre solos e no mesmo solo dependendo de mudanças nas propriedades físicas, tais como compactação (Reichardt, 1996) (Figura 17). 31 FIGURA 17 – Curvas de retenção de água por solos de diferentes tipos e condições (Reichardt, 1996). A relação entre o Ψm e o θ geralmentenão é unívoca. Podendo ser obtida de duas maneiras distintas: por secamento ou por molhamento da amostra. A escolha de um dos dois métodos vai depender da finalidade de uso da curva. Cada método fornece uma curva contínua, mas as duas, na maioria dos casos, são distintas. Este fenômeno é conhecido como “histerese”. E ocorre devido à não uniformidade dos poros individuais com relação a fenômenos capilares, bolhas de ar aprisionadas nos poros e contração e expansão de argilas durante secamento e molhamento. A curva de secamento apresenta sempre maior θ que a de molhamento para um mesmo Ψm (Reichardt, 1996) (Figura 18). 32 FIGURA 18 – Histerese da curva de retenção (Reichardt, 1996). 4 – CONCLUSÕES Ainda que a determinação gravimétrica do conteúdo de umidade do solo seja bastante trabalhosa, por sua simplicidade e confiabilidade, é a técnica mais aplicada extensivamente e é usada como o calibrador padrão para os outros métodos. Os métodos indiretos de medição da água do solo são proveitosos, quando eles permitem informações, serem coletadas em um mesmo local, para cada observação, sem deformar o sistema solo-água. Quando se usa qualquer meio emissor de radiação, algumas precauções são necessárias. Todas regras a respeito dos perigos da radiação, apresentadas pelos fabricantes e autoridades de saúde, devem ser observadas. No entanto, quando as diretrizes e regulamentações são seguidas, não existe necessidade para temer exposição a níveis excessivos de radiação, indiferente da freqüência de uso. A sonda de neutrons, devido a radioatividade, tem sido grandemente utilizado no campo e quando a profundidade de interesse é maior de 15 cm, com algumas restrições. O uso da sonda de raios gama está restrito ainda aos laboratórios, devido à complexidade desta técnica. A reflectometria no domínio do tempo (TDR), como método de medida de umidade e condutividade elétrica do solo, vem se destacando no cenário das técnicas empregadas para medidas de parâmetros físico do solo, tais como,. o estado da água em meios porosos, a concentração de soluto e o potencial matricial Apenas instrumentos de medir o potencial mátrico do solo são capazes e suficientemente baratos e confiáveis para o uso em programas de monitoramento da solução do solo, em escala de campo. 33 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BISCEGLI, C.I.; VAZ, C.M.P.; CRUVINEL, P.E.; RABELLO, L.M.; HERRMANN, P.S.P.; COLNAGO, L.A .; CRESTANA, S.; MASCARENHAS, S.; NAIME, J.M.; MACEDO, A .; NOVAES, AP.; EIRAS, J.A.; FÁVERO, J.A .; BERTUCCI NETO, V.; MACHADO, S.A . S.; MAZO, L.H.; AVACA, L.A .;SILVEIRA, P.M.; INAMASU, R.Y. Outros equipamentos e métodos. In: CRESTANA. S.; CRUVINEL, P.E.; MASCARENHAS, S.; BISCEGLI; C.I.; MARTIN-NETO, L.; COLNAGO, L.A . 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