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Síndrome de Asperger Ludmila Olandim

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NECESSIDADES E PONTENCIALIDADES DA SÍNDROME DE ASPERGER NO ÂMBITO ESCOLAR
OLANDIM, Souza Ludmila RU 2469180
UNINTER
Resumo
A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE’s) no sistema regular de ensino é hoje é um tema bastante controverso. O objetivo desse estudo é promover uma discussão que amplie o debate sobre a educação inclusiva para portadores da Síndrome de Asperger no espaço educativo. A pessoa portadora dessa síndrome apresenta dificuldades em fazer amigos, sente-se fascinado por rotinas e rituais e tende a se isolar. Reconhecer a escola como um espaço de todos, respeitando as diferenças de cada um é um passo importante para a inclusão e cidadania. A maior dificuldade que as escolas de ensino regular possuem ao lidar com a inclusão de pessoas com esse tipo de necessidade educacional especial é a ausência de conhecimento da maioria dos profissionais da educação acerca da síndrome.
Palavra-chave: Síndrome de Asperger, Inclusão, Necessidade educacional especial
1 Introdução
O direito à educação, enquanto direito declarado em lei, é recente e remonta ao final do século XIX e início do século XX. Atualmente, não há país no mundo que não garanta, em seus textos legais, o acesso de seus cidadãos à educação básica. O direito à educação parte do reconhecimento de que o saber sistemático é mais que uma importante herança cultural. Como parte do patrimônio cultural, o cidadão torna-se capaz de apossar de padrões cognitivos e formativos pelos quais tem maiores possibilidades de participar dos destinos de sua sociedade e colaborar na sua transformação (CURY, 2005).
Necessidade Educativa Especial
“O conceito de Necessidades Educativas Especiais, engloba não só alunos com deficiência, mas todos aqueles que, ao longo de seu percurso escolar possam apresentar dificuldades específicas de aprendizagem” (WARNOCK, 1978. p.36).
A educação inclusiva de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) é um tema controverso, pois temos educadores e pesquisadores, que acreditam que a inclusão do modo como vem ocorrendo desconsidera as condições e necessidades do aluno com NEE e só ocorre devido às leis impostas. Já outro grupo de educadores e pesquisadores defende uma inclusão total e justificam suas ideias alegando que os alunos com NEE possuem o direito de estudarem juntos, independente de suas necessidades individuais e diagnósticos.
Documentos oficiais
Em relação às leis que fundamentam a educação especial temos a Constituição Federal de 1988, Declaração de Salamanca (1994), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394 (BRASIL, 1996), a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, Lei nº 12.764 (27 de dezembro de 2012).
Síndrome de Asperger 
A Síndrome de Asperger (SA) foi identificada em 1944, pelo pediatra Hans Asperger, na Áustria. Hans estudou e descreveu o comportamento de crianças que apresentavam dificuldades nas interações sociais e na compreensão da comunicação não verbal. 
As crianças com Asperger não apresentam grandes atrasos no desenvolvimento da fala e nem sofrem comprometimento cognitivo grave que antigamente era considerada uma condição relacionada, mas distinta do autismo.
Justificativa 
Poucas pesquisas são realizadas na área da escolarização de crianças com transtornos do espectro do autismo no Brasil, em especial a Síndrome de Asperger (SA). Constata-se um número significativo de pesquisas na modalidade estudos de casos. Portanto se faz necessário o desenvolvimento de uma pesquisa que leve em conta as características desse tipo de necessidade, bem como as potencialidades do aluno com Síndrome de Asperger. Pretende-se enriquecer as práticas na educação do ensino regular levantando questões a respeito de como se pode garantir educação para os alunos que possuem NEE, para que se eduquem e se integrem ao grupo social, a sociedade e se desenvolvam plenamente, ou seja, identificar as características e necessidades da escola que seja capaz de incluir esse aluno e sua família.
Desenvolvimento
Características da Síndrome de Asperger
A pessoa com Síndrome de Asperger apresenta dificuldades de relacionamento com outras pessoas, comportamentos repetitivos e discursos repetitivos, porém apesar de apresentar tais comportamentos são capazes de desempenhar seu papel na sociedade normalmente. Elas podem ter vidas produtivas com independência, garantir um sucesso acadêmico, constituir família, ingressar no mercado de trabalho e, se assim estimulados desde cedo, conseguem um bom nível de inteligência.
Bergo (2014) destaca três categorias principais do comportamento das crianças com Síndrome de Asperger: 
Quanto ao uso da linguagem: 
O Asperger crê que antes dos 4 anos a criança portadora dessa síndrome é lúcida; após essa idade, caracteriza-se por ter gramática e vocabulário muito bons, embora as conversas girem em torno de si mesma: muitas vezes repetitiva e sem naturalidade; seu tom de voz monótono é desprovido de emoção (EDELSON, 1995, citado por BERGO, 2014, p. 107). 
Quanto à cognição: 
Frequentemente descrita como excêntrica, a criança com essa síndrome é obsessiva quanto a tópicos complexos, como tempo, música, história e padrões decorativos, embora exiba a predominância de um pensamento concreto, ao invés de abstrato. Apresenta falta de senso comum, embora situe seu desempenho intelectual na faixa normal dos testes de inteligência comuns, pode ficar em uma faixa acima do normal em habilidades verbais e abaixo da média nas habilidades de desempenho. Além disso, muitas crianças apresentam dislexia, problemas de escrita e dificuldade com matemática (EDELSON, 1995, citado por BERGO, 2014, p. 107). 
Quanto ao comportamento: 
A criança com síndrome de Asperger apresenta formas bizarras de comportamento auto-estimulatório, seus movimentos tendem a ser desajeitados e inconvenientes, mostram interação recíproca inapropriada com o ambiente, embora seja ciente de qualquer situação perigosa (EDELSON, 1995, citado por BERGO, 2014, p. 107).
Necessidades e potencialidades
Os alunos com síndrome de Asperger podem ser inclusos em turmas regulares, mas não apresentam os recursos emocionais para enfrentar as demandas da sala de aula. Estressam-se com facilidade por serem “inflexíveis”, possuem baixas estima, apresentam dificuldade em tolerar erros e tendência ao isolamento. 
Segundo Alba e Barreto (2015), os especialistas propõe construir com o aluno com AS uma lista com um comportamento ritualizado que o reconforte em momentos estressantes, auxiliando e diminuindo assim a sua vulnerabilidade emocional. Vale destacar que a voz do educador deve ser afetuosa e demostrar compaixão e paciência.
O aluno com SA possui interesse intenso e quase obsessivo em determinadas áreas do conhecimento (ilhas de saber) e são atraídos pela rotina e rituais incomuns.
Necessita de um ensino em que possa aprender e ao mesmo tempo colaborar com seus pares. É essencial que esse aluno aprenda junto com seus colegas para que juntos possam fazer trocas de experiências, pois esse trabalho integrado é importante para o seu desenvolvimento sociocognitivo.
Um educador que seja mediador do processo de aprendizagem e da inclusão é de extrema relevância, bem como de um ambiente acolhedor, seguro, organizado e estável. 
Escola inclusiva
Segundo Alba e Barreto (2015) o grande desafio da escola que se propõe ser inclusiva, está em buscar a sua maneira, o seu jeito de pensar um currículo aberto e flexível. O projeto pedagógico deve estar claro para todos os envolvidos, prevendo as diversidades e necessidades dos educandos, bem como a metodologia e avaliação diferenciadas que atenda a todos os alunos matriculados.
Ensinar atendendo as diferenças dos alunos, mas sem diferenciar o ensino para cada um, depende, entre outras condições, de se abandonar um ensino transmissivo e de adotar umapedagogia ativa, dialógica, interativa, integradora que se contrapõe, a toda e qualquer visão unidirecional, de transferência unitária, individualizada e hierárquica do saber. (MANTOAN, 2003, p.70).
A escola deve se comprometer a oferecer um ensino de qualidade, democrático e com uma proposta centrada na pessoa, respeitando suas diferenças e capacitando-se para dar respostas ás características e necessidades de cada um, devendo inclusive buscar melhorias em sua estrutura física.
Ressalta-se o quanto é importante os professores procurarem novas informações sobre a Síndrome de Asperger, estabelecendo uma pesquisa de como é possível lidar com esse aluno e compreender a forma de ensinar para alunos com esse perfil intelectual. Ou seja, o professor deve estar consciente que o aluno com AS é diferente e que possui diferentes dificuldades e capacidades.
Conclusão
É importante capacitar os educadores quanto à inclusão no cotidiano escolar, envolvendo todo o contexto escolar, conduzindo ao aperfeiçoamento do aluno e suas transformações, sempre que for essencial. Porém, se pensássemos na reestruturação de currículos dos cursos de licenciatura, e se o preparo para lidar com portadores de NEE’s se iniciasse dentro da própria universidade, seria garantida a formação para todos e não apenas para parte dos professores do ensino regular, como ocorre na maioria dos casos na formação continuada. 
4 Referências bibliográficas
ALBA, Graciela Olivo; BARRETO, Fabíola Olivo . Um olhar inclusivo sobre a síndrome de asperger na educação para a cidadania. In: XII Congresso Nacional de Educação? EDUCERE, 2015, Curitiba. Formação de professores, complexidade e trabalho docente.. Curitiba, 2015. p. 17404-17414.
AMBRÓS, D. M. O aluno com transtorno do espectro autista na sala de aula: caracterização, legislação e inclusão. 1º Seminário Luso-Brasileiro de educação inclusiva: o ensino e a aprendizagem em discussão, 2017 maio 3-5 : Porto Alegre, RS.
BERGO, Maria, Stela de Albuquerque. Uma visão da Sindrome de Asperger sob o Enfoque de Vygotsky, Sergipe. (2014) Disponível em: <www.scielo.br/scielo> Acesso em: 12 Junho. 2018.
CURY, Carlos Roberto Jamil. Os fora de série na escola. Campinas, SP: Armazém do Ipê (Autores Associados), 2005
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
Warnock, M. (1978). Special education needs. London: HMSO.

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