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1 Disciplina: A Educação Física e a Aprendizagem Motora Autor: Prof. M.e Giovani de Paula Batista Revisor de conteúdo: Carolinne Prado Engelhardt Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2016 2 A Educação Física e a Aprendizagem Motora 2016 3 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 4 Apresentação da disciplina Nesta disciplina serão abordados conceitos essenciais para o entendimento de como se dá o desenvolvimento da aprendizagem motora. Dessa forma abordará o que autores renomados na área falam sobre a aprendizagem em todas suas fases e formas. Será conceituado a aprendizagem explícita e implícita, mostrando as suas contribuições para a Educação física. Será abordado sobre a aprendizagem motora, suas dimensões (lateralidade, coordenação, motricidade, etc.) assim como a contribuições dessas na aula de Educação Física. Acabará o conteúdo falando sobre a metacognição, sua importância, como ocorre, como desenvolver e a diferença que ela tem dentro da aula de Educação Física. 5 Apresentação da Aula 01 A aula tem como objetivo demonstrar o que autores renomados na área, como Piaget (1996), Ausubel (1980) e Claxton (2005) expõem como aprendizagem, como essa ocorre, suas especificidades e a importância de se ter uma boa aprendizagem. Além de conhecer e conceituar a aprendizagem na perspectiva interacionista. 1 APRENDIZAGEM: EM BUSCA DE UM CONCEITO Na perspectiva interacionista, o processo de aprendizagem é resultado da interação entre o sujeito aprendiz e o objeto da aprendizagem. Para os adeptos dessa concepção, a interação dinâmica entre genes e meio ambiente, é chamada de “GxA” (SCHENK, 2011, p.27). Saiba Mais Veja o artigo de Levi Vargas Júnior, Síntese das concepções das teorias interacionistas de Piaget e de Vigotsky (2012), o qual faz um resumo sobre ambas teorias. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/19420/si ntese-das-concepcoes-das-teorias-interacionistas-de-piaget-e- de-vigotsky Aprendizagem é o resultado de uma experiência de tomada de consciência, da organização do mundo interno e do mundo externo, como autorregulação, que permite novos planejamentos, novas experiências, novos conhecimentos e assim por diante. (PORTILHO 2011) 6 1.1 Aprendizagem na Perspectiva Piagetiana A teoria piagetiana considera que tanto o sujeito como o objeto modificam- se a partir das constantes transformações que ocorrem no meio, sendo o indivíduo “considerado como um sistema aberto em reestruturações sucessivas, em busca de um estágio final nunca alcançado por completo” (MIZUKAMI 1986, p.60). Ví deo Assista ao vídeo D-08 – Paradigma Sócio-Construtivista na Educação – Jean Piaget 2 (1/2) do canal da Univesp TV para compreender melhor o que o autor fala sobre o assunto, de forma prática a compreender o conteúdo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5T3ZiIC7ZbE O modelo de sistema aberto utilizado por Piaget é uma adaptação da obra Teoria Geral dos Sistemas, do biólogo Karl Ludwig Von Bertalanffy (1901-1972). 1.1.1 Adaptação na Teoria Piagetiana Piaget (1996) define adaptação como uma organização permanente dos sujeitos ao meio, um processo que intervém necessariamente logo que o ambiente se modifica, sendo que a partir de tal mudança o sujeito busca um novo estado de equilíbrio (equilibração). Representada por dois aspectos funcionais básicos: a assimilação e a acomodação, que geram a equilibração. Assimilação: É um processo ativo no qual ocorre à incorporação de novos elementos a estrutura já existente, no qual o indivíduo cognitivamente capta o ambiente e o organiza, possibilitando a ampliação de seus esquemas mentais. (PIAGET 1996). 7 Acomodação: É o processo de modificação dos esquemas de assimilação, pressupõe uma modificação dos esquemas prévios em função da informação assimilada. O processo de acomodação pressupõe não somente uma modificação dos esquemas prévios a partir da informação assimilada, mas uma reinterpretação dos dados ou conhecimentos anteriores em função dos novos esquemas construídos. Equilibração: Com relação ao processo de equilibração pode-se afirmar que, possibilita ao sujeito se reorganizar cognitivamente. O processo de assimilação e acomodação de uma nova informação causa no sujeito um desequilíbrio que, por meio dos mecanismos autorreguladores (equilibração), possibilitam alcançar um novo estado de equilíbrio, resultado de reorganizações cognitivas num processo dinâmico e sucessivo, sendo elementos necessários para o desenvolvimento. (BATISTA, 2013, p. 24). Ao propor sua teoria Ausubel (1980) destaca que um das condições para que aconteça a aprendizagem significativa é: que se considere os conhecimentos prévios do sujeito. Para Piaget (1996), a aprendizagem exige reespectivamente o processo de assimilação, acomodação e equilibração. Em síntese a aprendizagem para Piaget pode ser definida como: Interação do Sujeito com o Ambiente; Modificação da Estrutura Cognitiva; Processos de Assimilação e Acomodação 1.2 Teoria da Aprendizagem Significativa A atenção de Ausubel está centrada no ensino em sala de aula, considerando aquilo que o aluno já sabe, sendo esse o ponto de partida para que novas informações sejam integradas a estrutura cognitiva, favorecendo a construção de aprendizagens mais duradouras. (AUSUBEL 1980). 8 Ví deo Sobre a aprendizagem significativa, assista o vídeo de Alexsandro Lucena – Aprendizagem Significativa, a qual ele coloca os processos de como a mesma ocorre. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RaT8vbXduFA Ausubel teve publicado os seus primeiros estudos sobre a teoria em 1963, a desenvolvendo entre 1960 e 1970, porém só em no final dessa que recebeu a contribuição de Joseph Novak para refinar a teoria, mudando o foco do ensino, de: Estímulo Resposta Reforço Fonte: Elaborado pelo DI (2016) Para o novo modelo: Aprendizagem Significativa Mudança Conceptual Construtivismo Fonte: Elaborado pelo DI (2016) A aprendizagem para Ausubel (1980) pode se dar de três maneiras: por recepção, por aprendizagemmecânica e por aprendizagem significativa. Na Aprendizagem por Recepção, todo o conteúdo que será aprendido é apresentado para o aluno em sua forma final, reproduzido como um todo. Saiba Mais A característica essencial da aprendizagem por descoberta é que o conteúdo principal não é dado, mas deve ser “descoberto” pelo aluno antes que possa ser incorporado significativamente na sua estrutura cognitiva. 9 Já a Aprendizagem Significativa é o tipo de aprendizagem que acontece a partir do momento em que a nova informação apresenta relação com os seus conhecimentos prévios, sendo mais duradoura do que as demais. (AUSUBEL 1980). Ausubel aponta cinco processos mentais (cognitivos) para conduzir uma aprendizagem significativa, são eles (Adriano Sampaio e Sousa, 2000, s/p): Subsunção ou ancoragem: quando surgem “novos” conceitos, subordinados à estrutura cognitiva pré-existente do aprendiz, pois o sistema nervoso atua como um mecanismo de processamento de dados. Assimilação: durante a aprendizagem estabelece-se uma interação profunda entre a “nova ideia” a ser incorporada e o conceito subsunsor (esteio ou âncora); tanto um como outro devem possuir um sentido lógico (e psicológico) diferente, de modo a que a ideia a ser aprendida (assimilada), embora ainda esteja ligada ao subsunsor, possua “discriminabilidade” para se destacar do material já existente. Diferenciação progressiva: desde o início da infância, os conceitos que possuímos estão em constante modificação e elaboração (construção), tornando-se mais precisos e simultaneamente mais exclusivos e mais inclusivos; os novos conhecimentos introduzidos devem ser trabalhados através do estabelecimento de discriminações sucessivas, para que seja atingida a “consolidação” (não confundir com mecanização ...). Aprendizagem superordenada ou de ordem superior: a maior parte da aprendizagem significativa envolve integração (subsunção), mas, às vezes, conceitos mais gerais e inclusivos são aprendidos providenciando também relações significativas entre dois ou mais conceitos já existentes. Reconciliação integrativa: quando dois ou mais conceitos parecem relacionáveis de um “novo” modo, ocorre uma “reconciliação integrativa” dos conceitos, surgindo um princípio unificador mais inclusivo que cria um nível superior de ordenação conceptual. Na aprendizagem mecânica (que acontece quando não existem ideias- âncoras) a informação é incorporada sem que o sujeito possa dar um significado 10 ao que aprende, não havendo interação entre a nova informação e aquela já armazenada. (AUSUBEL 1980). Com relação a aprendizagem mecânica a informação é incorporada na estrutura cognitiva do sujeito, e acontece um armazenamento integral da informação. Para o autor, o professor tem como papel ser facilitador do processo de ensino-aprendizagem, assim, ele deve organizar e apresentar o conteúdo dentro de uma sequência lógica, oportunizando os estudantes a fazerem relações com o que já conhecem, visando à construção de aprendizagens. (BATISTA, 2013). Dessa forma, a aprendizagem para Ausubel (1980), pode ser entendida como sendo o processo pelo qual uma nova informação se relaciona a aspectos de conhecimentos anteriores do aprendiz, de modo a ampliá-lo, dando origem a significados particulares a partir do que já conhece. Na teoria Ausubeliana o papel do professor é o de ser um facilitador ou mediador do processo. Saiba Mais Ausubel (1980) propõe duas dimensões de aprendizagem, sendo que a primeira é Aprendizagem por recepção da aprendizagem por descoberta. Para saber mais, acesse: http://www.uniriotec.br/~pimentel/disciplinas/ie2/infoeduc/aprsi gnificativa.html 1.3 Aprendizagem Segundo Guy Claxton Para este autor aprender ao longo da vida significa fazer escolhas conscientes ao longo da vida. Claxton (2005) define o processo de aprendizagem ao longo da vida a partir de três pilares: a resiliência, a desenvoltura e a reflexão. 11 1.3.1 Resiliência A resiliência possibilita aos sujeitos permanecerem inteligentemente envolvidos com os desafios de aprendizagem que são importantes, apesar das dificuldades encontradas. (CLAXTON, 2005). Uma pessoa resiliente consegue lidar com a incerteza, persistindo diante da dificuldade quando isso for importante, respeita o próprio ritmo, faz escolhas sobre suas aprendizagens, realiza uma avaliação sobre os objetivos e recursos utilizados durante a realização de uma tarefa. (CLAXTON, 2005). A resiliência envolve a presteza de prontidão para se envolver e experimentar, para correr o risco de permanecer próximo ao requerido pela aprendizagem, gera uma série de sentimentos que vão desde o interesse e absorção em um extremo até uma apreensão que atinge os limites do medo, da raiva, da angustia, ou do choque no outro. (CLAXTON, 2005). 1.3.2 Desenvoltura Além de ser resilientes, os bons aprendizes precisam ser desenvoltos diante da incerteza, ou seja, precisam saber o que fazer quando não sabem o que fazer. (CLAXTON, 2012) A desenvoltura envolve o domínio prático de ambientes complexos, pode emergir por meio da imersão e da experimentação, na ausência de um entendimento consciente, tanto para os adultos como para as crianças. (CLAXTON 2005). 1.3.3 Reflexão Ser reflexivo significa olhar para dentro como para fora, tornando explícitos para nós mesmos os significados e as implicações que podem estar latentes dentro do nosso armazenamento de know-how originalmente não reflexivo. Por meio da reflexão é possível os aprendizes conhecerem as suas próprias mentes, identificando suas potencialidades e fragilidades, fazendo uma avaliação de sua própria aprendizagem de modo a administrá-la eficientemente. (CLAXTON, 2005). 12 O aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas. (VOGOTSKY, 2007). Ví deo Para compreender melhor como se dá a aprendizagem, assista ao vídeo Aprendizagem Significativa: de que estamos falando? O qual visa responde 3 perguntas básicas: “Por que somente o ser humano tem condições de aprender?” “O que diferencia a Aprendizagem Significativa da Aprendizagem Mecânica?” E “Como potencializar a Aprendizagem Significativa em sala de aula?” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TsHtAa2sOko Resumo da Aula 01 A aula explicitou sobre a aprendizagem, o que três autores principais falam sobre o assunto, são eles: Piaget (1996), Ausubel (1980) e Claxton (2005). Atividade de Aprendizagem Sobre a aprendizagem, com qual teoria (autor) você mais concorda? Por quê? Discorra sobre. AULA 2 – APRENDIZAGEM IMPLÍCITA E EXPLÍCITA E SUA CORRELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA Apresentação da Aula 02 A presente aula tem como objetivo conceituar a aprendizagem implícita e explícita a partir de autores renomados na área, como Pozo (2002 e 2005) e Pinker 13 (2012), assim como identificar as contribuições destes tipos de aprendizagem para as aulas de Educação Física. 2 DA APRENDIZAGEM IMPLÍCITA À APRENDIZAGEM EXPLÍCITA A aprendizagem é uma função biológica desenvolvida nos seres vivos de certa complexidade, que implica produzir mudanças no organismo para responder às mudanças ambientais relevantes, conservando essas mudanças internas para futuras interações com o ambiente, e isto exige dispor também de diferentes sistemas de memória ou representação de complexidade crescente(POZO, 2004, p.12). Pozo (2002, 2005) descreve a aprendizagem como um processo, que acontece nos seres desenvolvidos de certa complexidade. 2.1 Tipos de Memória A memória pode ser subdividida em 2 tipos: curto prazo e longo prazo, que possuem também subdivisões. Cada uma tem suas características e devidas importâncias, como será aprofundado abaixo. Memória a curto prazo: retém informações durante um período limitado de tempo, e pode ter duas alternativas: ser esquecida, ou passar para memória de longo prazo. Ela pode ser de duas formas, imediata ou de trabalho. A memória imediata fica retida durante aproximadamente 30 segundos, sendo que pode se conservar de 5 a 9 memórias desse tipo. Memória de trabalho a memória é mantida enquanto ela for útil, essa memória se reporta as atividades mentais e não a sua memorização. Por exemplo: o patrão pede para o funcionário chegar no dia seguinte uma hora mais cedo, essa informação ficara retida até ser cumprida, e então será esquecida. Essa memória se refere ao amarzenamento e utilização de informação específica para a realização de determinada tarefa. Memória a longo prazo: ela recebe as informações da memória de curto prazo e as armazena. Esta possui capacidade ilimitada de armazenamento, ficando guardadas por tempo ilimitado. Dessa forma, se tornando uma memória “permanente”. 14 Mesmo operações relativamente simples, como atar nós e marcar um pedaço de madeira com a finalidade de auxiliares mnemônicos, modificam a estrutura psicológica do processo de memória. (Vygotsky, 2007, p.32) À medida que a criança cresce, não somente mudam as atividades evocadoras da memória como também o seu papel no sistema das funções psicológicas. (Vygotsky, 2007). Saiba Mais Para Vygotsky, o homem é um ser ativo, social e histórico, sendo que suas ações poderão ser apropriadas pelos demais integrantes da sociedade através de atividades praticadas. Com relação a aprendizagem, na perspectiva internacionalista, é possível afirmas que esta é resultado da interação entre sujeito e o meio. 2.2 Aprendizagem Implícita e Explícita Quando se fala em aprendizagem humana, Pozo (2005) fala que esta pode, de fato, ser abordada em diferentes níveis de análise (comportamento, informação, representação e conhecimento) que implicam uma complexidade crescente, uma vez que cada um deles, segundo a lógica da integração hierárquica de sistemas, exige dos níveis anteriores ou, melhor ainda, os re-descreve num nível hierárquico novo. Ao comentar sobre a aprendizagem explica Pozo (2005) destaca que está é um processo exclusivamente humano. Também salienta que a aprendizagem implícita, acontece quando o sujeito não consegue informar sobre aquilo que aprendeu ou como aprendeu. É aquela da qual a pessoa não se dá conta e que não consegue informar como adquiriu, não é, portanto, consciente. 15 Já a aprendizagem explícita seria a aprendizagem implícita com consciência, isto é, requer novos processos de aprendizagem, novas estruturas conceituais, novo significado. (POZO, 2005). Ví deo Para compreender melhor sobre os tipos de memória, veja o que Fabiano Moulin diz sobre o assunto. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iF_33KktD5s 2.2.1 Aprendizagem Explícita como Produto das Representações Mentais O cérebro é constituído por diferentes módulos mentais, cada um com sua função específica, que juntos formam a mente humana. Esses módulos são definidos pelas coisas especiais que fazem, cada um resolve problemas de modo insolúvel, fazendo suposições indispensáveis para a adaptação do indivíduo. (BATISTA, 2013). Representação cognitiva implica aprender o significado de símbolos particulares (de um modo geral, palavras) ou aprender o que eles representam. Ao representar o sujeito consegue dar um significado ao que se aprende, podendo nomear, classificar, conceituar etc. fazendo relações com os conhecimentos anteriormente adquiridos. (Ausubel, 1980) 16 Fonte: https://www.ibm.com/developerworks/community/blogs/tlcbr/entry/mp240?lang=en Saiba Mais A cultura não somente proporciona o alimento, o conteúdo de nossas representações, mas também os próprios formatos ou estruturas mentais, a partir dos quais interpretamos o mundo. (POZO 2005). A mente é um sistema primorosamente organizado; realiza proezas notáveis que nenhum engenheiro é capaz de duplicar. Talvez a maior proeza realizada pela mente humana é esta capacidade de abstrair dos objetos informações, processá- las, criando representações de modo que se pode acessá-la mentalmente em outros ambientes, além daquele no qual se está inserido. (PINKER, 2012). A atividade mental permite fazer conexões com o mundo físico de modo a diferenciar sujeitos e objetos a partir de suas particularidades, selecionando e organizando as informações do ambiente. (BATISTA, 2013). 2.2.2 Representações Mentais Segundo Pinker (2012) Pinker (2012) propõe quatro modelos de representações mentais, sendo eles: imagem visual, representação fonológica, representação gramatical e mentalês. 17 Segundo o autor, a imagem visual que proporciona uma noção das verdadeiras formas e materiais encontrados no mundo, é um processo que produz por meio de imagens do mundo externo uma descrição mental de modo a favorecer a construção de representações a partir do que é visto. A representação fonológica se refere a um trecho de sílabas que tocamos em nossa mente repetidamente, planejando os movimentos de boca e imaginando como soam mentalmente. (PINKER, 2012). Já a representação gramatical se refere ao modo como as pessoas se comunicam pela linguagem escrita, seja por meio da formação de substantivos, verbos, sentenças, fonemas ou sílabas. O último nível é o mentalês, que é o nível de representação que ocorre a partir do momento em que o aluno relaciona novas informações aos seus esquemas mentais de modo a formar ou ampliar o conceito sobre algo. (PINKER, 2012). Refere-se à linguagem do pensamento no qual se expressa o conhecimento conceitual, é o meio no qual o conteúdo ou ideia geral é captado, é a língua franca da mente, resulta do tráfego de informações entre os módulos mentais que nos permite descrever o que será imaginado, o que nos é descrito, seguir instruções, etc. (PINKER, 2012). 2.2.3 Representações Mentais Segundo Ignácio Pozo (2002) Pozo (2002) lembra que a mente humana é um sistema complexo que pode ser analisada desde diferentes níveis ou planos de complexidade, cada um deles com propriedades emergentes a partir dos anteriores. Em seus estudos identifica quatro níveis de análise da aprendizagem a partir dos processos mentais: A Conexão Entre as Unidades de Informação: Segundo Pozo (2002) a mente humana é instalada num sistema nervoso com certas qualidades funcionais, já o cérebro é composto por redes de neurônios que se ativam ou não dependendo dos estímulos recebidos. Nesse nível de complexidade ocorre aprendizagem a partir do momento em que os módulos realizam conexões entre as unidades neuronais formando redes, de modo que aprender implica modificar a conexão entre estas unidades. 18 Aquisição e Mudanças de Representações: A partir da conexão entre as unidades de informação geram-se representações sobre o mundo, que são manipuladas pela mente humana e com as quais se trabalham para executar tarefas. (POZO, 2002). Consciência Reflexiva: Neste as representações de uma tarefa podem mudar pelofato de estabelecerem novas conexões entre as unidades de informação, possibilitando ao sujeito ter acesso por processos de reflexão às próprias representações e modificá-las de maneira consciente. (POZO 2002). A Construção Social do Conhecimento: Nesse o conhecimento é adquirido no marco de comunidades de aprendizagem que definem não só as metas e o sentido das tarefas, mas também uma consciência reflexiva sobre as mesmas. (POZO, 2002). 2.4 Aprendizagem Explícita Por meio da aprendizagem explicita consegue-se de maneira extraordinária ter acesso as próprias representações de modo a comunicá-las a outros, possibilitando não somente gerar novas representações, mas, sobretudo, reestruturar ou dar um novo significado a alguns produtos do funcionamento cognitivo. Em sua forma mais complexa o processo de aprendizagem explícita implica de maneira consciente uma descrição das próprias representações de modo a reorganizá-las quando necessário, possibilitando professor e alunos não só conhecerem o mundo, mas conhecerem a si mesmos. Pozo (2005, p.31) lembra que a aprendizagem explicita é um processo de redescrição representacional das aprendizagens implícitas prévias. 2.4.1 Ferramentas Mentais e Aprendizagem Explícita Aprendizagem é um processo simples que envolve adicionar novos bocados de informação, fazer conexões e desenvolver hábitos. 19 Ao relacionar as novas informações com conhecimentos anteriormente armazenados o sujeito poderá modificar ou aumentar o número de ferramentas mentais já existentes, acrescentando os recursos disponíveis para utilização em seu dia a dia. Muitas das ferramentas de aprendizagem são primeiramente encontradas em um contexto social, e a experiência dessas ferramentas e do que foi aprendido sobre elas, e a partir disso é guiada e mediada por outras pessoas, especialmente por aquelas que têm mais experiência nessas ferramentas. Assim, quanto as contribuições do modelo de representação mental em relação a aprendizagem motora, se tem: Tomada de consciência durante a realização de movimentos; Maior possibilidade de armazenamento e recuperação de informações; Oportunidade do aprendiz refletir durante a própria ação. Ví deo Para compreender se realmente houve a aprendizagem, é necessário se fazer a avaliação. Nas aulas de Educação Física a avaliação é mais difícil, por não ser somente avaliado conteúdos, mas também seu desenvolvimento motor, sendo que o segundo, mesmo que não executado com perfeição, não quer dizer que não houve a aprendizagem. Dessa forma é necessária uma avaliação diferenciada, sobre esta, assista o vídeo sobre Didática da Educação Física: Avaliação. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Grket2uAscU Resumo da Aula 02 A aula teve como objetivo explicitar sobre a aprendizagem implícita e explícita, utilizando-se de autores como Pozo (2002 e 2005) e Pinker (2012), por fim identificando as contribuições que estas tem com as aulas de Educação Física. 20 Atividade de Aprendizagem A memória pode ser dividida em memória de curto prazo e memória a longo prazo, na aula foi feita sua diferenciação, discorra sobre o assunto. AULA 3 - CONCEITUAÇÃO DA APRENDIZAGEM MOTORA Apresentação da Aula 03 Na aula será apresentado sobre a aprendizagem motora, entrando em suas dimensões, como lateralidade, coordenação (motora e fina), a motricidade global, entre outras, as especificando e mostrando sua real importância para as pessoas. 3 APRENDIZAGEM MOTORA A aprendizagem motora pode ser definida como uma alteração na capacidade do indivíduo para desempenhar uma habilidade. Essa capacidade deve ser compreendida como uma melhoria relativamente permanente na performance, devido a prática ou a experiência na habilidade em questão (MAGILL, 2000). Considerando os estudos de Magill (2000) a aprendizagem motora pode ser entendida como uma alteração no indivíduo para se realizar uma atividade. 3.1 Modelos de Aprendizagem Motora Os primeiros modelos teóricos da área de Aprendizagem Motora estavam voltados a descrever o processo até a automatização do desempenho de uma habilidade específica, como o de Circuito Fechado de ADAMS (1971) e o de Esquema Motor de SCHMIDT (1975). 21 3.1.1 Modelos de Circuitos Fechados Além de se prenderem à fase de automatização, esses modelos têm dificuldades para tratar a coexistência de aspectos como ordem/desordem e consistência/variabilidade no comportamento motor e, por isso, caracterizam-se como modelos de equilíbrio. (TANI, 2005). Como estudioso da aprendizagem motora, Tani (1995) propõe um modelo que transcende o processo por ele denominado de adaptativo. Esse modelo tem por objetivo propor um referencial teórico considerando a aprendizagem como um processo contínuo e dinâmico, o qual possibilita condições adequadas para investigar o aumento de complexidade na aprendizagem motora. (TANI, 2005). Por meio da educação psicomotora é possível trabalhar alguns elementos, como a lateralidade, coordenação motora fina e global, noção de espaço e tempo. 3.1.1.1 Lateralidade A lateralidade é a propensão que o ser humano possui de utilizar preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro em três níveis: mão, olho e pé. É durante o crescimento que a lateralidade da criança se define naturalmente, podendo, também, ser determinada por fatores sociais ainda muito marcantes nos dias de hoje na sociedade. (NEGRINE, 1986). Segundo Fonseca (1988, p. 69), a lateralidade constitui um processo essencial às relações entre a motricidade e a organização psíquica intersensorial. Representa à conscientização integrada e simbolicamente interiorizada dos dois lados do corpo, lado esquerdo e lado direito, o que pressupõe a noção da linha média do corpo. Segundo Le Boulch (1987) a lateralidade é uma capacidade muito importante a ser estudada no desenvolvimento, pois a mesma tem grande influência na coordenação psicomotora, e sem ela o indivíduo apresentará muitas dificuldades em seu desenvolvimento. Quando há dominância do hemisfério esquerdo, se tem o indivíduo destro; quando ocorre a dominância do hemisfério direito, se tem o indivíduo canhoto. É 22 legítimo, porém, admitir que haja colaboração dos dois hemisférios na elaboração da inteligência. Com relação a lateralidade é possível afirmar que se define naturalmente, mas também pode ser definida por fatores sociais. Seguindo a classificação proposta por Magalhães (2001) em relação a lateralidade pode-se classificar os sujeitos como destros, sinistros ou canhotos e ambidestros. Saiba Mais Para se aprofundar mais sobre o estudo da Lateralidade, quando e como ela ocorre, o que pesquisadores da área falam sobre o assunto, veja o artigo de Ana Lucia Santana no site InfoEscola - Lateralidade. Disponível em: http://www.infoescola.com/psicologia/lateralidade/ Plasticidade Cerebral e Lateralidade: A plasticidade confere ao cérebro a habilidade para assumir funções específicas como resultado da experiência, ou seja, os neurônios podem modificar suas conexões conforme o uso ou o desuso de determinados circuitos neurais. 3.1.1.2 Coordenação Motora Fina A coordenação motora fina diz respeito à habilidade e destreza manual e constitui um aspecto particular da coordenação global. A motricidade fina se refere à capacidade de controlar um conjunto de atividades de movimentos de certos segmentos do corpo, com emprego daforça mínima, a fim de atingir uma resposta precisa à tarefa executada. 23 Importante Com relação à motricidade fina é possível afirmar que é uma atividade de movimento espacialmente pequena, que requer um emprego de força mínima, mas grande precisão ou velocidade, ou ambos. É uma atividade de movimento executada principalmente pelas mãos e dedos, às vezes também pelos pés. Envolve a coordenação óculo-manual e requerem um alto grau de precisão no movimento para o desempenho da habilidade específica, num grande nível de realização. Pode-se citar exemplo da necessidade desta habilidade que seria na realização de tarefas como escrever, tocar piano, etc. Desenvolve-se a motricidade fina com atividades que envolvam a coordenação óculo-manual. É uma coordenação que se bem trabalhada nos dedos das mãos pode gerar facilidade na aquisição de novos conhecimentos. Pois a mão é considerada como um dos instrumentos ideais para a descoberta do mundo afora. Krebs (1999) divide as habilidades motoras em dois grupos, sendo as relacionadas ao praticante enquanto sujeito, e as relacionadas ao sujeito enquanto integrante de um grupo. 3.1.1.3 Motricidade Global Segundo Bueno (1998) a coordenação dinâmica global ou geral pode ser definida como todas as possíveis formas que o corpo tem de controlar seus movimentos amplos. A coordenação global condiz à atividade de grandes grupos musculares, e dependerá de uma capacidade de equilíbrio postural de uma pessoa, à medida que 24 o corpo vai experimentado diversas formas de movimentos ele vai gerando melhores adaptações e com isso um equilíbrio melhor. (ALVES, 2008). 3.1.1.4 Esquema Corporal O desenvolvimento de uma criança é resultado da interação de seu corpo com os objetos de seu meio, com as pessoas com que vive e com o mundo onde estabelece ligações afetivas e emocionais. Esquema corporal é a percepção corporal que um indivíduo tem sobre si próprio, permitindo se orientar em um determinado espaço. O esquema corporal, portanto, é a base para todo conhecimento que a criança tem do mundo, pois se não se conhecer dificilmente irá reconhecer o mundo que a rodeia, tal conhecimento é fundamental para que a criança tenha uma aprendizagem plena e possa se orientar no tempo e no espaço. Um indivíduo que não possui uma noção corporal de si pode demonstrar problemas com percepção, equilíbrio e controle, podendo apresentar dificuldades em localizar determinados segmentos corporais, não ter noção espaço-temporal e dificuldade na coordenação de determinados movimentos empregados. Tornando lenta a execução de atividades como abotoar a camisa, amarrar cadarço. Para se obter uma boa formação do esquema corporal é necessário que haja uma evolução da motricidade, da percepção espaço-temporal e da afetividade de um indivíduo. Ví deo Para compreender um pouco mais sobre o Esquema Corporal, e toda a movimentação do corpo, assista ao vídeo da UnivespTV: D- 14 – O movimento do corpo infantil – uma linguagem da criança. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=X1UzQjKZVUA 25 3.1.1.5 Noção De Espaço E Tempo É através do espaço e das relações espaciais que nos situamos no meio em que vivemos, em que estabelecemos relações entre as coisas, em que fazemos observações, comparando-as, combinando-as, vendo as diferenças e semelhanças entre elas. A estruturação espacial não nasce com o indivíduo. Ela é uma elaboração e uma construção mental que se opera através de seus movimentos em relação aos objetos que estão em seu meio. A orientação temporal é muito importante em uma criança, pois será através dela que ela terá uma boa orientação para que possa ter bons resultados na escolarização, de forma que ela possa escrever de forma ordenada frases ou palavras, por exemplo. A orientação espaço-temporal está relacionada à organização do intelecto em seu meio, que por fim está ligado a consciência, à memória e às experiências vividas de um indivíduo. A noção do espaço é uma noção ambivalente, ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e infinita. Na vida cotidiana utiliza-se constantemente os dados sensoriais e perceptivos relativos ao espaço que nos rodeia. A organização espacial depende simultaneamente da estrutura do próprio corpo (estrutura anatômica, biomecânica, fisiológica, etc.), da natureza do meio que nos rodeia e de suas características (ROSA NETO, 2002). 3.1.1.6 Equilíbrio Dinâmico O equilíbrio dinâmico é a capacidade de manter o estado de equilíbrio durante a realização de uma tarefa; Já o equilíbrio relaciona capacidade de manter ou recuperar a estabilidade; mantendo se for o caso, uma posição estática ou movimentos lentos; ou recuperá-la quando realizar movimentos rápidos ou saltos (instáveis). Segundo Grosser (1983), um corpo está em equilíbrio quando as forças exteriores que agem sobre ele, quer esteja imóvel quer em movimento (força da gravidade, inércia e atrito), se compensam reciprocamente. 26 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Para compreender melhor sobre o assunto de desenvolvimento humano, e como o professor de Educação Física pode trabalhar em sala de aula, veja o livro de Gallahue, Ozmun e Goodway: Compreendendo o desenvolvimento motor (2013), o qual mostra todas as fases, sua importância e como desenvolver em cada uma delas em todos os aspectos necessários para um bom desenvolvimento motor e cognitivo infantil. Resumo da Aula 03 A aula abordou assuntos pertinentes à aprendizagem motora, abordando sobre a lateralidade, esquema corporal, equilíbrio, coordenação motora (global e fina) entre outros, adentrando em como elas ocorrem e a importância de se trabalhar as mesmas para se ter um bom desenvolvimento infantil. Atividade de Aprendizagem Após ver a importância de um bom desenvolvimento motor nas crianças, discorra sobre o papel do professor de educação física nesse processo. AULA 4 – CONTRIBUIÇÕES DA METACOGNIÇÃO PARA A APRENDIZAGEM MOTORA Apresentação da Aula 04 27 O objetivo desta 4 aula é a conceituação da Metacognição e a sua importância para o desenvolvimento das habilidades motoras das crianças no ambiente escolar. 4.1 Interação Com o Meio e Processos Cognitivos A criança é um ser biológico, ao nascer mantém constantes interações com os adultos que tentam situá-la ou incluí-la na cultura a qual fazem parte, a qual foi sendo construída durante a história. (Portilho, 2007 p.57) Para ocorrer a interação, é necessário que certos processos cognitivos aconteçam, como a atenção, a memória, imaginação, pensamento e linguagem. 4.1.1 Cognição: Conceito Na vida cotidiana se age sob a compreensão implícita de que a cognição tem conexão com as relações interpessoais e coordenações de ações. (MATURANA, 2001 p.127). Alega-se cognição apenas quando se aceita as ações dos outros ou as próprias ações como adequadas por satisfazer o critério participar de aceitabilidade que aceita-se como o que constitui uma ação adequada no domínio de ações envolvido na questão. (MATURANA, 2001 p.127). 4.1.2 Processos Cognitivos: Uso de Instrumentos A relação entre o uso do instrumento e a fala afeta várias funções psicológicas, em particular a percepção, as operações sensório-motoras e a atenção, cada uma das quais é parte de um sistema dinâmico de comportamento. (Vygotsky, 2007 p.100) 4.1.3 Processos Cognitivos: PercepçãoA percepção é a parte de um sistema dinâmico de comportamento; por isso, a relação entre as transformações dos processos perceptivos e as transformações 28 em outras atividades intelectuais é de fundamental importância. (Vygotsky, 2007 p.24) 4.1.4 Ação Cognitiva As ações Cognitivas é tudo o que se faz em qualquer domínio operacional que gera no discurso, por mais abstrato que ele possa ser. (MATURANA, 2001 p.128). O processo de decisão da criança é externo (motor). A criança realiza sua seleção a medida que desenvolve qualquer um dos movimentos que a escolha requer. (Vygotsky, 2007 p.25) Os movimentos da criança são repletos de atos motores hesitantes e difusos que se interrompem e recomeçam sucessivamente. O movimento não se separa da percepção; os processos coincidem quase que exatamente. (Vygotsky, 2007 p.25). Quanto ao uso da inteligência prática, a criança diferentemente dos adultos optam por realizar suas atividades da prática. A construção da percepção se dá por meio da realização de atividades. 4.2 A Importância da Linguagem A linguagem acontece quando duas ou mais pessoas em interações recorrentes operam através de suas interações numa rede de coordenações cruzadas, recursivas consensuais de coordenações consensuais de ações, e que tudo que os seres humanos fazem, fazem na operação em tal rede como diferentes maneiras de nela funcionar. (MATURANA, 2001, p. 130) Nós seres humanos, existimos na linguagem, e nossa experiência como seres humanos acontecem na linguagem, num fluir de coordenações consensuais de coordenações consensuais de ações que produzimos na linguagem. (MATURANA, 2001 p. 154) 29 4.2.1 Da Linguagem ao Símbolo Os símbolos não preexistem à linguagem, mas surgem depois dela, e nela como distinções, feitas por um observador, de relações consensuais de coordenações de ações na linguagem. (MATURANA, 2001 p. 131) 4.2.2 Papel da Experiência na Cognição Nós vivemos na experiência, na práxis de viver de seres humanos no fluir de sermos sistemas vivos na linguagem, como algo que acontece em nós e a nós a medida que linguajamos. (MATURANA, 2001 p. 154). Saiba Mais Sobre o assunto, leia o artigo de Ferreira, O papel da experiência na filosofia de John Dewey. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOG ENESE/nicholasminotti.pdf 4.2.3 A Importância da Fala no Processo Cognitivo da Criança Além de reorganizar o campo visual-espacial, a criança com o auxílio da fala, cria um campo temporal que lhe é tão perceptivo e real quanto o visual; A criança que fala tem a capacidade de dirigir sua atenção de uma maneira dinâmica. (Vygotsky, 2007). Importante Na idade pré-escolar a criança não é capaz de controlar o seu comportamento pela organização de estímulos espaciais. Para compreender mais sobre a psicomotricidade na idade escola, veja o artigo de Brunelli e Menezes: Contribuições da Psicomotricidade na Educação Infantil: Um olhar psicopedagógico. 30 Disponível em: https://psicologado.com/atuacao/psicologia- escolar/contribuicoes-da-psicomotricidade-na-educacao-infantil- um-olhar-psicopedagogico 4.3 Metacognição 4.3.1 Estratégias Cognitivas - Metacognitivas As estratégias são cognitivas quando executam uma ação mediante o conjunto de atividades ou técnicas ao seu serviço, correspondente a sete processos de aprendizagem: sensibilização, atenção, aquisição, personalização, recuperação, transferência e avaliação. As estratégias são metacognitivas quando regulam tudo que está relacionado com o conhecimento, decidindo quando e como utilizar está ou aquela estratégias. (PORTILHO, 2011 p. 111) As estratégias metacognitivas se dividem em níveis de consciência, controle e autopoiese. Os bons aprendizes precisam conhecer as suas próprias mentes, estar conscientes de suas próprias potencialidades e fragilidades, serem capazes de fazer uma avaliação de sua própria aprendizagem e administrá-la eficientemente. Porém, para que o aluno se torne consciente desse processo é necessário que o professor também descubra como e qual é o seu modo de aprender. (CLAXTON, 2005 p.135) Os aprendizes, de maneira geral, poderiam obter melhor resultado em suas atividades se distribuíssem melhor seus recursos, enfocando sua atenção àqueles aspectos mais relevantes e que podem ajudá-los a adquirir mais adiante outros conhecimento. (PORTILHO, 2009, p.112) A metacognição desenvolve-se gradualmente e depende tanto do conhecimento como da experiência. É difícil desenvolver a autorregulação e a reflexão em áreas que não são conhecidas. No entanto, em temas conhecidos 31 pelas crianças, as formas primitivas de autorregulação e reflexão aparecem cedo. (BRANSFORD, 2007 p. 136). Ví deo Para compreender como ocorre a metacognição e sua importância, assista ao vídeo Explicando a Metacognição. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3zdrUYaPoxQ A tomada de consciência implica toda atividade metacognitiva que passa desde os diferentes níveis de consciência de intencionalidade e até introspecção. (PORTILHO, 2011). A metacognicão refere-se ao conhecimento que se tem dos próprios processos cognitivos, de seus produtos e de tudo o que está relacionado a isso, como as propriedades pertinentes para a aprendizagem de informações ou de dados. (Flavell apud Perrraudeau, 2009, p.66) Importante Os conhecimentos metacognitivos são frutos das experiências cognitivas do sujeito acumuladas durante as tarefas. (Perraudeau 2009 p.66) Os conhecimentos relativos às pessoas: podem ser intraindividuais (trata-se dos conhecimentos que o sujeito tem de si mesmo e de suas competências) ou interindividuais (o aluno compara seus conhecimentos aos dos outros) (FLAVELL, 1999). Conhecimentos Metacognitivos Relativo a Tarefa: Os conhecimentos metacognitivos relativo a tarefa estão relacionados com a compreensão da tarefa em seus componentes (compreensão, raciocínio, memória etc.). (FLAVELL 1999). 32 Conhecimento Metacognitivo Relativo as Estratégias: Estes conhecimentos são diretamente cognitivos (antecipar, planejar uma tarefa) ou distanciados (gestão global da tarefa, distanciamento, controle, etc.). Envolve o conhecimento consciente de determinadas estratégias que podem ser utilizadas na atividade. Estratégias de Planejamento: As estratégias de planejamento envolve toda a ação pensada pelo sujeito que antecede sua ação no objeto. Estratégias de Controle: Ao falar de controle, estamos nos referimos à ação dirigida a metas, ou seja, o sujeito que aprende é responsável pela seleção das estratégias a serem utilizadas para que o objetivo proposto se realize. (Portilho, 2009 p. 113) Estratégias Metacognitivas de Avaliação: Na estratégia de avaliação, o sujeito busca verificar se os procedimentos adotados na atividade atenderam a necessidade da mesma. Ví deo Sobre a Metacognição, como acontece, como melhorar o aprendizado, assista ao vídeo Metacognição. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qLbhb7mGRoM Resumo da Aula 04 Na aula foi visto sobre a metacognição, a importância que essa tem para o aprendizado e desenvolvimento das habilidades nas crianças, dentro do ambiente escolar e para a sua vida na sociedade. 33 Atividade de Aprendizagem Discorra sobre a importância da metacognição, como ela acontece e qual é opapel do professor nesse âmbito. 34 Resumo da Disciplina Na disciplina foram apresentados tópicos relevantes para o desenvolvimento da aprendizagem motora. Dentre esses foi visto sobre o que autores renomados na área falam sobre a aprendizagem, como ela ocorre, sua importância a especificidades, assim como conhecer e conceituar a aprendizagem na perspectiva interacionista. Na segunda aula foi conceituado a aprendizagem implícita e explícita, identificando as contribuições dessas para as aulas de Educação Física. A terceira aula abordou a aprendizagem motora em si, suas dimensões, como lateralidade, coordenação, motricidade entre outras, assim mostrando sua importância para as pessoas e principalmente dentro da aula de Educação Física. Por último foi abordado cobre a metacognição, sua importância para o desenvolvimento das habilidades motoras das crianças no ambiente escolar. 35 REFERÊNCIAS AUSUBEL, David P; NOVAK Joseph D; HANESIAN, Helen. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: interamericana, 1980. CLAXTON, Guy. O Desafio de Aprender ao Longo da Vida. Porto Alegre: Artmed, 2005. GALLAHUE, David L.; OZMUN, John C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2003. LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984. 220 MATURANA, Humberto R.; VARELA G., Francisco. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. Campinas: PSY II, 1995. 281 p. OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. PERRAUDEAU, Michel. Estratégias de Aprendizagem: como acompanhar os alunos na aquisição dos saberes. Porto Alegre: Artimed, 2009. PIAGET, JEAN 1896-1980. Biologia e conhecimento: ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognoscitivos. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1996 PORTILHO, Evelise Maria Labatut. Alfabetização: aprendizagem e conhecimento na formação docente. Curitiba: Champagnat, 2011. PORTILHO, Evelise. Como se aprende? Estratégias, estilo e metacognição. 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