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FRAZER, James George. A Magia Simpática. In. O Ramo de Ouro Versão ilustrada. Prefácio: Professor Darcy Ribeiro. Tradução: Waltensir Dutra. Zahar Editores, 1982. Katherine Lopes Ferreira Fernando Soares Rodrigues1 James Frazer, foi um dos primeiros teóricos a empenhar-se, afim de definir o caráter da magia e as instituições que a distingue, possuía como escopo comprovar que algumas características, são universalmente presente nas sociedades humanas. Deste modo, sua tese é considerada como um marco que determina a magia como um objeto de estudo antropológico, mas aqui o que nos cabe, é uma análise da correlação existente entre magia e arte. Nos relatos de Frazer, é possível perceber a importância da arte como base operacional da magia, pois a partir dos princípios aplicados a arte, se reproduz a magia. “(...) o mago implicitamente acredita que os mesmos princípios que aplica à sua arte são os que regulam as operações da natureza inanimada.” (Pp. 84). Ainda assim, faz duras críticas, tendo em vista seu caráter evolucionista e etnocêntrico, limita a magia em teórica e prática, define a teórica como algo mais próximo a uma “ciência”, como um sistema de lei natural. “(...)como um conjunto de regras que determinam a seqüência dos acontecimentos em todo o mundo;” (Pp. 84). Já, a prática é definida, por ele, como algo empírico, “(...) uma coleção de preceitos observados por seres humanos com o fim de conseguir seus objetivos.” (Pp. 84). A essa última, associa o mago primitivo, afirmando que a ele “a magia é sempre uma arte, jamais uma ciência”. No capitulo em questão, Frazer define dois tipos gerais de magia, a imitativa ou homeopática e a simpática ou contagiosa. A magia imitativa ou homeopática, segundo o autor, baseia-se no princípio da similaridade ou semelhança, o mago imita os atos que ele deseja que ocorram, como soprar fumaça aos céus para que nuvens apareçam. Segundo essa lei, o semelhante afeta o semelhante. A arte nesse caso possui uma importância particular, emprega-se esta afim de reproduzir uma situação, utiliza-se um agente imitador, infligir um ataque a uma imagem esculpida, um desenho na areia, no barro ou nas cinzas, com o intuito de alcançar o inimigo, ou simplesmente para garantir uma boa caça ou pesca, criando rituais, que seguem, sendo imitados por gerações. Em 1 Discentes do curso de Licenciatura em Ciências Sociais do Instituto Federal de Goiás, Câmpus Formosa. Resenha elaborada como requisito parcial de avaliação da disciplina de Arte Cultura e Sociedade, ministrada ao 4º período noturno, sob a orientação do Prof. Edson Rodrigo Borges. suma, quanto mais veríssimas são, essas representações, mais forte será o resultado da magia, sendo assim o mago precisava ter talentos artísticos, para que sua magia seja eficaz. “A aplicação mais conhecida do princípio de que o semelhante produz o semelhante talvez seja a tentativa, feita por muitos povos em muitas épocas, de ferir ou destruir um inimigo danificando ou destruindo uma imagem sua, na convicção de que, assim como a imagem sofre, também sofrerá o homem, e de que, se ela for destruída, ele terá de morrer. Essa forma de magia tem sido praticada em todos os tempos e em todo o mundo.” (Pp. 87) Já na magia simpática ou contagiosa, há a convicção de que tudo que se faça a um determinado objeto afetará a pessoa a quem ele pertence ou com quem tem ligação, nessa crença, os objetos transmitem impressões de um ao outro. Nessa categoria está a crença de que cabelo, sangue, unhas etc. são coisas perigosas e poderosas em si por terem estreita ligação com o indivíduo. Nesse tipo, a arte se apresenta através de rituais, repetição de ações, sendo assim, quanto mais veríssimo for o mago ao realizar o ritual mais eficácia se obterá. “O outro grande ramo da magia simpática, a que chamamos de magia contagiosa, fundamenta-se na crença de que coisas que, em certo momento, estiveram ligadas, mesmo que venham a ser completamente separadas uma da outra, devem conservar para sempre uma relação de simpatia, de modo que tudo o que afete uma delas afetará similarmente a outra.” (Pp.105) O argumento de Frazer é que a atuação mágica implica a lei da causa e efeito, sendo que suas ações visam atingir determinados fins esperados. Esse fato leva o autor, a aproximá- la da ciência, argumentando que ambas as instituições, adotam uma sucessão de eventos determinada por leis de causalidade, que podem ser previstas e calculadas, e agem de acordo com elas, entretanto, para ele, a magia seria um tipo de ciência infantil que se baseia em suposições erradas e não empíricas, uma forma primitiva do que viria a ser o pensamento científico. Ainda assim, a magia vai além de ser um conjunto de crenças, é também, uma técnica para se alcançar certos fins. Para Frazer, esse agente mágico possui certa eficácia ao atuar em combinação com o funcionamento do mundo. Ainda assim afirma que “Em suma, a magia é um sistema espúrio de lei natural, bem como um guia enganoso de comportamento: é tanto uma falsa ciência quanto, uma arte abortiva.” (Pp. 84). Frazer considera que o mágico conhece a magia em seu aspecto prático, mítico, ignorando uma reflexão sobre os princípios abstratos que a envolvem. Em relação a esse aspecto prático, com base nos exemplos apresentados pelo autor, podemos concluir que a arte está diretamente agregada a magia, sendo, inclusive, o instrumento, pelo qual esta se faz.
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