Buscar

Comportamento e bem estar de aves e suínos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 19 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO
 CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS
MEDICINA VETERINÁRIA
COMPORTAMENTO E BEM - ESTAR ANIMAL
 COMPORTAMENTO E BEM - ESTAR DE SUÍNOS E AVES
MANAUS
2018
FRANCISCO MATOS DANTAS
LETÍCIA COSTA DOS SANTOS
MAISA RENATA ROSAS DO PRADO
MATHEUS YURI DOS SANTOS
COMPORTAMENTO E BEM - ESTAR DE SUÍNOS E AVES
Trabalho científico, apresentado ao curso de Medicina Veterinária, como parte de composição de nota da disciplina de Comportamento e bem estar animal oferecido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas.
Orientador: Prof. Vet. Jomel Francisco dos Santos
MANAUS
2018
Introdução
A domesticação dos animais foi um dos mais importantes passos para a consolidação da civilização, e um dos mais importantes para o desenvolvimento social de grandes potências econômicas. Em termos mundiais, a fonte de proteína animal (exceto leite) mais produzida e consumida é a carne suína, com 29,86%. A ela segue-se a carne de frangos, com 22,97%, ovos de galinha (18,5%) e carne bovina (17,56%). Estas quatro fontes correspondem a 88,44% da proteína animal consumida mundialmente (Santos Filho et al, 2011).
Do ponto de vista da organização da produção, com o passar dos anos, primeiramente a avicultura de corte e posteriormente a suinocultura vem sofrendo expressivas mudanças. A verticalização das cadeias é uma realidade e o modelo de integração predominante.
Com a intensificação dos sistemas de produção de aves e suínos tornou-se necessária uma maior reflexão em relação aos aspectos éticos e de bem-estar na indústria avícola e suinícola, o que reflete hoje em diversos conflitos entre ONGs protetoras de animais e indústrias alimentícias evidentes na sociedade. Neste sentido houve um aumento nos estudos envolvendo questões relacionadas ao conforto que proporcionem uma elevação na produção com base sustentável e que permitam melhores condições de saúde e bem-estar para os animais de criação. Este tema vem crescendo nas sociedades dos diferentes países, pois os consumidores exigem cada vez mais produtos provenientes de animais criados, manejados e abatidos tendo em conta seu bem-estar e a segurança dos alimentos produzidos.
O bem-estar pode ser afetado por muitos fatores que comprometem a saúde tanto física como mental dos animais. Neste sentido, este trabalho aborda através de revisão de literatura e estudo em campo a apresentação dos motivos que corroboram para geração de bem ou mal-estar animal nos setores de produção avícola e suinícola, e desta forma sugerir alternativas que propiciem produção quantitativa e qualitativa saudável nestes aspectos.
2. Revisão de literatura
2.1 Avicultura no Brasil
Até 1960 a avicultura no Brasil se caracterizava pela criação de galinhas em sistema extensivo (a campo) ou semi-intensivo (piquetes gramados), sem especialização nenhuma. A maioria das galinhas criadas era uma mistura de raças, sem controle dos cruzamentos, o que caracteriza até hoje as chamadas “galinhas caipiras”. Após a década de 60, com a introdução da avicultura industrial, a produção e comercialização dos ovos caipiras passou a diminuir por não competirem com o melhor desempenho das aves e maior grau de tecnificação, adotado pelas empresas avícolas (Kishibe et al., 2018). A avicultura brasileira representa hoje 1,5% do PIB, gerando 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Do total de carne de frango produzida, 70% são destinadas ao mercado doméstico, com consumo que hoje é de 43 kg por habitante ao ano, e os 30% restantes embarcados para mais de 150 países. A produção de frangos está presente em todas as regiões do país, com destaque para as regiões sul e sudeste, com uma tendência de expansão para a região centro-oeste, procurando estabelecer-se em regiões produtoras de grãos (ABPA, 2016).
Cerca de 90% das aves abatidas são produzidas no sistema de integração vertical, onde a empresa detém o controle de todos os elos da cadeia, ou seja, produção, abate, processamento e distribuição. Isso gera empregos, renda, fixação do homem do campo em sua terra e viabiliza a pequena propriedade. O consumidor do Brasil e de mais de 150 países tem a sua disposição um produto acessível e de excelente qualidade sanitária e nutricional, com uma gama elevada de produtos “in natura” e processados. Deve-se ressaltar que a avicultura brasileira é reconhecida hoje como das mais desenvolvidas aviculturas do mundo, graças aos investimentos nas áreas de genética, nutrição, manejo, biosseguridade e à implementação de programas de qualidade que incluem o bem-estar animal e a preservação do meio ambiente (ABPA, 2016).
2.1.1 Comportamento natural das aves 
O comportamento das aves compreende: espaço, proteção das penas (glândulas do uropígio), ciscar, espojar, banhar, empoleirar etc. É interessante observar que, sob determinados aspectos, o comportamento vem mudando nas aves confinadas, principalmente o uso de glândulas do uropígio, que já não apresentam as funções de lubrificação das penas, pois praticamente não são usadas, e tendem a atrofiar-se, caso a ave não sofra nenhuma mudança em termos de alojamento. Outro ponto interessante está relacionado com a moela, que a princípio era uma musculatura dura, capaz de moer os grãos ingeridos, auxiliada no processo pela ingestão de pedriscos; como a ave vem recebendo uma ração toda farelada, desde o primeiro dia de idade, a musculatura rígida se transformou em uma musculatura flácida, devido à falta de função. Para nós foi excelente, pois estamos diante de um tira-gosto delicioso, preparado em pouco tempo, se comparado anteriormente às longas horas de cocção a que era submetido. Uma outra mudança no comportamento que deve ser mencionada é o ato de lamber as penas, principalmente da cauda, não importando o sexo, pois ambos estão implicados no processo. É um hábito que vem ocorrendo em quase todos os plantéis de reprodução, principalmente os pesados, durante a fase de recria, sem provocar, porém, nenhum problema importante. A única mudança provocada é o desgaste das penas, que desaparece quando as aves entram na fase de reprodução. É provável que esse problema esteja associado com a densidade das aves ou com os programas alimentares durante a fase de recria. Pesquisas vêm sendo realizadas tendo como objetivo promover tais condições de bem-estar, proporcionando um comportamento natural dentro das instalações, levando-se em conta uma exploração econômica (Campos, 2000).
2.2. Suinocultura no Brasil 
Os suínos foram introduzidos no Brasil pela colonização portuguesa, que proporcionou o isolamento de determinadas raças e o cruzamento de outras, dando origem ao conjunto de raças nacionais, criadas e melhoradas para produção de banha e carne, ao longo dos quatro séculos pós-descobrimento. Em meados dos anos de 1900, foram introduzidas outras raças, mais produtivas, com o propósito de melhorar as características de produção de carne, cujos genes disseminaram-se rapidamente entre os criatórios, via programas de teste, avaliação, seleção e cruzamento para o melhoramento genético de raças puras e compostas, coordenados pelas associações de criadores de suínos nacionais e de alguns estados, como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais (Fávero et al., 2009).
A suinocultura é uma atividade pecuária bem consolidada no Brasil, com um mercado interno em franco crescimento. O país conta com tecnologia de ponta disponível em todas as áreas de produção de suínos: genética, nutrição, sanidade, manejo, instalações e equipamentos. A partir da consolidação do melhoramento genético, avanço sanitário, manejo nutricional e do acesso ao mercado internacional, desde o final da década de 1980 a produção brasileira de carne suína vem crescendo praticamente de forma ininterrupta. No final da década de 1990, o Brasil já se apresentava como importante exportador de carne suína e, após o acesso ao mercado da Rússia em 2001, o país se consolidoucomo o quarto maior exportador mundial. Em 2010, o Brasil abateu 32,5 milhões de suínos inspecionados, com produção de 3,3 milhões de toneladas de carne – situação que o mantém entre os quatro maiores produtores mundiais, atrás apenas da China, União Européia e Estados Unidos. A região sul do país é tradicionalmente a de maior expressão na produção de suínos, detendo 60% das matrizes tecnificadas alojadas no Brasil. Já o sudeste, ao dispor de um plantel de 381 mil matrizes, é a segunda maior região produtora, com destaque para Minas Gerais – estado que conta com 241 mil matrizes, alcançando a posição de quarto do país (Dias et al., 2011).
O comportamento de consumo do Brasil se apresenta de modo diferenciado do mercado europeu, onde a carne suína é a mais adquirida. No mercado brasileiro, a proteína mais consumida é a de aves, seguida pela bovina, e a carne suína ocupa apenas o terceiro lugar. Apesar de toda qualidade da carne suína brasileira obtida por meio do avanço tecnológico do setor, ainda há sérias restrições por parte da população em relação ao consumo dessa proteína. A desinformação dos consumidores brasileiros aliada à imagem do antigo “porco-banha”, criado com restos de comida, constituem os principais fatores do baixo consumo per capita de carne suína no Brasil em comparação a outros países (Dias et al., 2011).
O sistema de criação de suínos em que a maioria são mecanizadas e o animal passa toda a sua vida em instalações fechadas, muitas vezes isolado dos outros suínos e em espaço reduzido e, com isso, gerando diversas situações de estresse (Carvalho et al., 2013). Futuramente, esse sistema de produção terá que ser adequado, a mão de obra terá que passar por um treinamento com ênfase em bem-estar animal e a produção deve apresentar uma “qualidade ética” na qual a carne suína além de atributos de qualidade atuais, também seja apresentada como um alimento proveniente de animais que foram criados, manejados e abatidos em sistema que promova o seu bem-estar, e que seja sustentável do ponto de vista ambiental (Costa et al., 2005). 
2.2.1 Comportamento natural de suínos
 Para que se possam adotar estratégias eficazes na melhoria do bem-estar dos animais torna-se necessário conhecer o comportamento específico da espécie. Suínos são animais onívoros e sob condições naturais passam grande parte do seu tempo explorando o ambiente à procura de alimento. Os suínos possuem alto grau de curiosidade e um vasto repertório comportamental. Como parte do perfil exploratório, os suínos desenvolvem ações de olhar, cheirar, lamber, fuçar e mastigar objetos. Problemas comportamentais surgem quando há a incompatibilidade entre o instinto suíno e o meio em que este habita. Sistemas intensivos de produção, em condições de confinamento, geralmente inviabilizam a expressão deste repertório comportamental, uma vez que o ambiente é praticamente estéril e sem estímulos. Quando impossibilitados de exercer seu comportamento natural, os suínos direcionam seu comportamento investigatório para explorar o ambiente de confinamento e/ou outros animais presentes na baia (Foppaet al., 2014).
2.3. Importância do Bem-Estar nos sistemas de produção de aves e suínos 
O bem-estar animal adquire cada vez maior relevância em muitos países, bem como consumidores, impõem exigências legais e regulamentares que determinam o estabelecimento do bem-estar no manejo dos animais, para poder comercializar seus derivados. Pode-se definir o conceito de bem-estar animal como o estado de saúde mental e físico de um animal em harmonia com o meio ambiente. A implantação das boas pratica de manejo e bem-estar animal, vai além de questões ecológicas e têm uma incidência direta na rentabilidade e na qualidade da carne. Muitos trabalhos demonstram que as práticas operacionais e de manejo, que asseguram um maior bem-estar animal, logram melhores resultados econômicos, evitando ineficiências e perdas de valor na cadeia produtiva. Em definitivo, animais confinados de forma inadequada, corte dos dentes, corte de cauda, debicagem e o uso de choque no manejo de suíno, entre outras más práticas, podem dar-se em qualquer ponto da cadeia donde o animal transita vivo – no campo, nas feiras, no transporte e no frigorífico – gerando grandes perdas econômicas. O estresse do animal conspira diretamente contra a qualidade e a maciez da carne (Iepec, 2008). O objetivo desse trabalho é abordar o comportamento e bem-estar de aves e suínos.
3. Sistemas de criação avícola
3.1 Avicultura convencional: aves de corte e postura 
As aves utilizadas para criações industriais são produtos obtidos por cruzamentos. Ao se utilizar esse tipo de ave a compra de pintos de um dia será sempre necessária. sistema de criação convencional é atualmente o mais difundido, por apresentar altos índices de produção e custos relativamente baixos. A adoção desse padrão tecnológico estava fortemente relacionada à conjuntura mundial no período pós-segunda guerra, onde a preocupação maior era produzir alimentos em grande escala para a população. Várias são as técnicas desenvolvidas para se alcançar maior produtividade ao menor custo possível. Dessa forma, a alimentação, nutrição, sanidade, ambiente e manejo devem estar harmonizados para poder propiciar a expressão de todo o potencial das poedeiras comerciais (Pasian, 2006). Embora tais condições da criação industrial tenham proporcionado ganhos econômicos, também têm resultado em problemas quanto ao bem-estar das aves, dada a utilização de certas práticas de criação e de manejo. As práticas de manejo que atualmente são muito utilizadas e que ferem o bem-estar animal são: debicagem, muda forçada, alta densidade populacional, gaiolas pequenas e com chão que machuca as patas ao longo do tempo e restrição de muitos dos comportamentos naturais do animal (Pasian, 2006). Apesar da produção convencional ter ainda muitos problemas relacionados ao bem-estar, ela ainda é quem garante que a população de mais baixa renda tenha acesso a fontes de proteína animal, tendo uma grande importância social. 
Vantagem
Alto controle zootécnico e sanitário; 
Animais com alto valor genético;
 Os animais são alimentados com ração balanceada;
Crescimento precoce; 
Produção intensa de carne e ovos;
Alta densidade; 
Abate precoce.
Desvantagem
Alto custo para implantação;
Alto nível de estresse; 
Os animais não expressarão seu comportamento natural;
Causa grandes impactos nomeio ambiente; 
Práticas de debicagem, muda forçada
.
3.2 Avicultura caipira: aves de corte, postura e mista 
A “velha” galinha conhecida como “pé duro” ou “caipira” dos terreiros com potencial produtivo de apenas 50 a 80 ovos por ano existe em mais de 80% das propriedades rurais e tem contribuído para melhorar a alimentação das famílias e muitas vezes auxiliando como parte da renda na economia familiar. No Brasil, a criação de galinhas caipiras é uma tradição. Mesmo em áreas urbanas, em improvisados galinheiros, a criação dessas aves é meio de obtenção de carne e ovos, geralmente para o próprio consumo familiar (Kishibeet al., 2018).
Nesse sistema as aves dormem em galinheiro semi-fechado com poleiros ou piso ripado suspenso do chão, ou ainda em cama de serragem, maravalha ou palha de arroz. O galinheiro além de ter fonte de água e comida durante o dia serve de refúgio contra animais predadores comuns à noite.
Segundo Silva (2004), a avicultura caipira pode-se dividir basicamente em dois tipos: 
O produto caipira propriamente dito, que é o produzido pela galinha caipira ou pelo frango caipira. Produtos de aves que não sofreram processo algum de melhoramento genético apresentando, portanto, produtividade muito baixa em comparação com a ave industrial moderna. Além disso, esse tipo de produção é o que normalmente se observa nas criações no quintal das casas, sem normalmente algum esquema de produção que garanta maior produtividade.
O produto tipo caipira ou tipo colonial, que é o resultado da galinha industrial ou frango de corte de aptidão mista, criados nosistema semi-intensivo ou caipira de criação. Cabe lembrar que este é um sistema de criação, assim como existem o sistema convencional e o orgânico e não se trata de uma criação completamente desorganizada, como muitos costumam confundir com a criação caipira propriamente dita, de fundo de quintal e subsistência. 
Vantagem
Ovos e carne têm alto valor comercial;
Nesse sistema os animais expressarão seu comportamento natural;
Não ocorrem práticas de debicagem, muda forçada;
Desvantagem
Necessidade de áreas com pastagem;
Baixa densidade;
Baixo controle zootécnico e sanitário.
Sem grandes impactos ambientais.
4. Estudo em campo – Criação de aves do Sítio PANC 
Durante o estudo de campo, foi realizada visita a uma propriedade rural localizada no ramal do Brasileirinho, que é uma comunidade rural onde reside grande parte dos pequenos agricultores e pecuaristas da cidade de Manaus. A propriedade em questão foi o Sítio PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais), de posse do biólogo e produtor rural professor Valdeny Ferreira Kinupp, o qual realiza pesquisas com plantas que geralmente não são utilizadas como alimentação pela população de modo geral. No sítio há também criação de aves, tanto galinhas quanto patos, que são destinadas ao comércio local e subsistência. Estas aves são criadas no sistema de galinha caipira, onde as galinhas possuem um galinheiro como abrigo e local de postura, no qual são isoladas, juntas de seus ovos durante o período de incubação, e os patos possuem também seu abrigo para o período de postura e incubação de ovos, onde também são alimentadas, porém depois deste momento são liberadas para grandes áreas com açudes, no qual passam o dia, e podem expressar seu comportamento natural, procurar por minhocas no solo, e tendo vida ligeiramente livre no local.
As aves são alimentadas com milho, folhas de taioba (Xanthosoma sagittifolium), que segundo o proprietário possuem uma grande capacidade de colaborar com a conversão alimentar em peso considerável, assim como também é fornecido larvas que são produzidas através de decomposição de restos de alimentos, o qual é dado para estes animais por ser a comida preferida dos animais, e que possuem também capacidade antibiótica, afirmou Valdeny Kinupp.
 
Figura A: Criação de patos do sítio PANC em momento de alimentação como folhas de taioba (Xanthosoma sagittifolium), ao fundo se vê lonas que servem como depósito de restos de alimentos para produção de larvas. Figura B: Açude artificial criado pelo proprietário para armazenar água e utilizado pelos patos, anteriormente havia sido secado para troca da água. Fonte: Matheus Yuri dos Santos - arquivo pessoal.
5. Sistemas de criação de suíno
5.1 Sistema intensivo
No sistema Intensivo, ele é caracterizado por ser um sistema de produção intensivo que busca atingir o máximo de ganho de peso em espaço de tempo mínimo. Os animais são confinados em espaço reduzido e possuem rações específicas para cada fase, assistência técnica e mão-de-obra especializada. O melhoramento genético está presente, otimizando a produção. Todas as ações e atividades são previamente planejadas e definidas. O grande inconveniente deste sistema são os custos elevados e os impactos causados ao meio ambiente e bem-estar animal (Carvalho, 2011). 
Vantagem
Alto controle zootécnico e sanitário; 
Animais com alto valor comercial;
 Os animais são alimentados com ração balanceada;
Crescimento precoce; 
Produção intensa de carne;
Alta densidade;
Abate precoce.
 Desvantagem
Alto custo para implantação;
Alto nível de estresse; 
Nesse sistema os animais não expressarão seu comportamento natural;
Causa grandes impactos ao meio ambiente;
Corte de cauda e dente.
5.2 Sistema semi-extensivo 
O sistema é caracterizado pela utilização de instalações que funcionam como abrigos contra fatores climáticos e piquetes de contenção. Os animais são separados por idade e sexo e o manejo reprodutivo é feito através da seleção dos animais no plantel. O sistema semi-extensivo abre as possibilidades de melhorar as taxas de crescimento e sanidade dos animais quando se aplica um manejo alimentar e sanitário apropriado, isso confere uma melhor qualidade ao produto final (Carvalho, 2011).
Vantagens
Controle zootécnico e sanitário é satisfatório;
Animais com alto valor comercial;
Parte da alimentação é balanceada;
Crescimento precoce.
Desvantagens
Custo médio para implantação;
Necessita de Grandes áreas de piquetes (áreas de pastagens);
Baixa densidade.
 5.3 Sistema extensivo 
Esse tipo de sistema é muito observado em pequenas criações de suínos caracterizadas como suinocultura de subsistência, inseridas de forma marginal na cadeia produtiva de carne suína e voltada para o auto-consumo com baixo nível tecnológico. A criação de suínos pelo sistema extensivo pode coexistir com exploração de florestas adultas (pinhais e coqueirais) ou pomares de árvores adultas e de casca grossa (abacateiros e mangueiras). Na maioria das vezes, a alimentação é à base de desperdícios agrícolas ou restos de cozinha sem conhecimento técnico nutricional para a formulação da alimentação. A assistência técnica é considerada inexistente (Carvalho, 2011).
Vantagens
Sem custo;
Sem estresse;
Neste sistema os animais expressaram seu comportamento natural.
Desvantagens
Necessita de grandes áreas;
Não tem controle zootécnico e sanitário dos animais;
Os animais não têm valor comercial.
5.4 Sistema Intensivo de Suínos Criados ao Ar Livre (SISCAL)
O SISCAL é caracterizado por manter os suínos em piquetes com boa cobertura vegetal, nas fases de reprodução, maternidade e creche, cercados com fios e/ou telas de arame eletrificado – utilizando eletrificadores de correntes alternadas. As fases de crescimento e terminação (25 a 100 kg de peso vivo) ocorrem no sistema confinado. Nesse sistema de produção de suínos, quando bem implantados e manejados adequadamente, os suínos terão as “cinco liberdades” propostas pelo Conselho de Bem-Estar Animal da Fazenda da Comunidade Européia (FAWC) aprovada em 1992: liberdade psicológica (de não sentir medo, ansiedade ou estresse), liberdade comportamental (de expressar seu comportamento), liberdade fisiológica (de não sentir fome ou sede), liberdade sanitária (de não estar exposto a doenças, injurias ou dor), liberdade ambiental (de viver em ambiente adequado com conforto). Contudo, esse sistema ainda apresenta índices de produção abaixo dos desejáveis, como: alta taxa de retorno ao cio, baixo número de leitões desmamados porca/ano, associado à elevada taxa de mortalidade dos leitões do nascimento ao desmame, resultado do esmagamento dos leitões pela porca em lactação.
Vantagem
Baixo custo; 
Baixo nível de estresse;
Nesse sistema os animais expressarão seu comportamento próximo do natural.
Desvantagem
Necessita de grandes áreas para sua implantação;
Baixo controle zootécnico e sanitário;
Baixa densidade; 
Dificuldade no manejo dos animais
Baixa produção de carne;
Animais com baixo valor comercial.
6. Estudo em campo – Suinocultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Campus Manaus Zona Leste
Para o estudo de campo com criação de suínos, foi realizada visita às instalações da suinocultura do IFAM campus Manaus Zona Leste, onde realizamos entrevista com o professor e Médico Veterinário Jair Crisóstomo, que atua como docente na disciplina de suinocultura dos cursos de técnico em Agropecuária e Medicina Veterinária. 
Foi possível verificar que os animais são criados no sistema intensivo, sendo confinados em pequenos piquetes de quatro metros de comprimento por três metros de largura, onde são separados machos e fêmeas, e são postos juntos apenas quando há fêmeas no período de cio, no qual o objetivo é basicamente acadêmico, tanto para melhoramento genético em ganho de peso, quanto para práticas técnicas disciplinares.
No sentido a bem-estar animal, foram identificados problemas em relação ao manejo, visto que estes animais passamgrande parte do tempo confinados em suas respectivas baias, que possuem piso acimentado, com o coxo de alimentação nos cantos onde não conseguem consumir toda a ração fornecida, e estão sobre constante estresse, onde foi identificado que um dos animais apresentava salivação volumosa, onde segundo professor Jair, este problema poderia ser amenizado com mudança de sistema de criação para semi-intensivo pois no campus há uma grande quantidade de área inutilizada, ou simplesmente o fornecimento de grama a ser colocada nos piquetes para entretenimento dos animais, que poderiam fuçar (um de seus comportamentos naturais) ou somente brincar.
 
Figura A: Foto de duas das baias de confinamento da suinocultura do IFAM CMZL. Figura B: Foto de um dos suínos apresentando salivação volumosa constante, indicando estresse. Fonte: Maisa Renata Rosas do Prado – arquivo pessoal.
7. Alternativas para o bem-estar destes animais
O conhecimento do comportamento natural pode ajudar no diagnóstico e aperfeiçoar o bem-estar através de alterações de postura, temperamento, sanidade indicando dores agudas e crônicas permitindo ainda a quantificação delas. E dentre essas alterações o diagnóstico do comportamento estereotipado, torna-se um importante indicador do bem-estar, já que é considerada uma atividade anormal não apresentado por animais livres. O bem-estar pode ser mensurado a partir de avaliações fisiológicas e comportamentais. Medidas de frequência cardíaca, atividades das adrenais e respostas imunológicas estão associadas a respostas de curto prazo e são mensuráveis de maneira objetiva. Comportamentos anormais como as estereotipias, a automutilação, o canibalismo, a agressividade excessiva e a apatia são, em conjunto, características que demonstram o seu bem-estar pobre entre os animais (Ricci et al., 2017).
Umas das alternativas para o bem-estar dos animais de produção é o enriquecimento ambiental que tem como objetivo reduzir estímulos que gerem respostas estressoras e permitam a apresentação de comportamentos naturais, evitando o aparecimento de comportamentos estereotipados em animais cativos (Mendonça - Furtado, 2006). A redução de distúrbios comportamentais, do estresse, intervenções clínicas, mortalidade e o aumento das taxas reprodutivas são outros importantes benefícios do enriquecimento. O enriquecimento são modificações no ambiente social e físico em que os animais estão inseridos que combinados com o habitat e comportamento típico, aumentam a qualidade e prevalência do bem-estar, a partir da saúde, comportamento e desempenho reprodutivo.
Conclusão
O bem-estar é uma das condições básicas e fundamentais tanto para as aves como para suínos completarem seu ciclo de vida de forma satisfatória, mas há vários momentos em que o bem-estar é comprometido e resulta em problemas produtivos, reprodutivos e sanitários. Portanto, o bem-estar destes animais deve ser considerado como um todo, desde as formas de como é realizado a produção, que engloba manejo, habitat, nutrição, saúde e expressão do comportamento natural, até o abate no frigorífico, envolvendo os aspectos éticos, econômicos e ambientais. 
O principal fator que contribui para a abordagem de bem - estar animal é a moral dos humanos, sendo possível afirmar que neste aspecto não irá ocorrer retrocesso. Logo, um dos pontos chaves para assegurar bem estar animal é o desenvolvimento de um sistema que preconize que o consumidor tenha acesso à informação de como é o sistema de produção, fornecendo visibilidade, para que seja possível compreender em que momento nestes sistemas de produção o bem-estar destes animais é afetado. Dessa forma sendo possível fornecer ao consumidor uma alimentação saudável em todas estas perspectivas.
 
Referências Bibliográficas
ABPA - Associação Brasileira de Proteína Animal. 2016. Protocolo de Bem-Estar para Frangos de Corte. Disponível em: <http://www.abpa-br.org>. Acesso em 22/03/2018.
Campos, E.J. 2000. O Comportamento das Aves. Revista brasileira de ciências avícola, 2: 1806-9061.
Carvalho, C.C.; Antunes, R.C.; Carvalho, A.P.; Caires, R.M. 2013. Bem-Estar na Suinocultura. Revista eletrônica nutritime, 11: 2272–2286. 
Carvalho, P.L.C.; Viana, E.F.2011. Suinocultura SISCAL e SISCON: análise e comparação dos custos de produção. Custos e @gronegócioonline, 7: 1808-2882.
Costa, O.A.D.; Ludke, J.V.; Costa, M.J.R.P. 2005. Aspectos econômicos de bem-estar animal no manejo dos suínos da granja ao abate. Seminário Internacional de Aves e Suínos, 4:1-25.
Costa, O.D.; Monticelli, C.J. 1994. Sugestões para a implantação do sistema intensivo de suínos criados ao ar livre (SISCAL). EMBRAPA, Nº 14.
Dias, A.C. et al. 2011. Manual brasileiro de boas práticas agropecuárias na produção de suínos.Embrapa Suínos e Aves, 140 p.
Fávero, A.J.; Figueiredo, E.A.P. 2009. Evolução do melhoramento genético de suínos no Brasil. Revista Ceres, 56: 420-427.
Foppa, L.F R.; Caldara, S.P.; Machado, R.; Moura, R.K.S.; Santos, I.A.; Garcia, R.G. 2014. Enriquecimento ambiental e comportamento de suínos: revisão, Brazilian Journal of Biosystems Engineering, 8: 01-07.
Iepec. 2008. A importância do bem-estar animal. Disponível em: <http://iepec.com/wp-content/uploads/2015/02/material-complementar-03.doc.>. Acesso em 22/03/2018.
Kishibe, R.; Cancherini, L.C.; Goulart, V.S.; Bertechini, A.G.; Fassani, É.J. Manual da produção de aves caipiras. Disponível em: <www.editora.ufla.br/index.php/component/>. Acesso em 22/03/2018.
Mendonça-Furtado. 2006. Uso de ferramentas como enriquecimento ambiental para macacos-prego (Cebusapella) cativos. Dissertação (Mestrado em Psicologia). São Paulo: USP. 92p.
Pasian, I.M.D.L. 2006. Bem-estar em aves poedeiras. Trabalho realizado na Disciplina de Comportamento e Bem-estar animal. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo.
Ricci, G.D.; Titto, C.G.; Sousa, R.T. 2017. Enriquecimento ambiental e bem-estar na produção animal. Revista de Ciências Agroveterinárias, 16: 324-331.
Silva, R.D.M. Sistema Caipira de Criação de Galinhas. Piracicaba SP, 2004. 120 p.
GENTILINI, F. P.; ANCIUTI, M.A. Tópicos atuais na produção de suínos e aves. Instituto Federal Sul-rio-grandense. 2013. 271 p.
MACHADO FILHO, L.C.P.; HOTZEL, M.J. Bem-estar dos suinos. In: Seminário Internacional de Suinocultura, 5, 2000, Sao Paulo-SP. Anais. Concordia: Embrapa Suinos e Aves, 2000. p. 70-83.
MAGANHINI, M. B.; GUARNIERI, P. D.; SOARES, A. L. et al. Ocorrencia de PSE e DFD na Carne Suina. Revista Nacional da Carne, n. 350, p. 24-30, 2006.
MAGANHINI, M.B.; BRUNO MARIANO, B.; SOARES, A.L. et al. Carnes PSE (Pale, Soft, Exudative) e DFD (Dark, Firm, Dry) em lombo suino numa linha de abate industrial. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 27, n.1, 2007.
MCGLONE, J. J. Farm animal welfare in the context of other society issues: toward sustainable systems. Livestock Production Science, v.72, n.1-2, p.75-81, 2001.
METZ, J.H.M.; GONYOU, H.W. 1990.Effect of age and housing conditions on the behavioural and haemolytic reaction of piglets to weaning. Applied Animal Behavior Science. v. 27(4):299-309.

Outros materiais