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1 BIOQUÍMICA GLICONEOGÊNESE, VIA DAS PENTOSES METABOLISMO DO GLICOGÊNIO AULA 04 Prof. Greice Montagner GL IC O N EO G Ê N E S E OCORRE EM TODOS OS ANIMAIS, VEGETAIS, FUNGOS E MICROORGANISMOS as reações são essencialmente as mesmas em todos os tecidos e todas as espécies Em mamíferos, alguns tecidos requerem um suprimento contínuo de glicose como combustível metabólico. Em plantas oriundas de sementes, as gorduras e as proteínas estocadas nas sementes são convertidas, por vias que incluem a gliconeogênese, ao dissacarídeo sacarose para o transporte ao longo longo da planta em desenvolvimento Glicose e seus derivados são precursores para a síntese da parede celular, nucleotídeos, coenzimas e uma serie de outros metabolitos em plantas. 2 GL IC O N EO G Ê N ES E EM MAMÍFEROS: O glicogênio hepático pode preencher essas necessidades somente por 10 a 18 horas. Portanto, durante um jejum prolongado, os depósitos de glicogênio glicogênio hepático são exauridos e a glicose é formada a partir de precursores não-glicídicos, como lactato, piruvato, intermediários do ciclo do ácido cítrico e α-cetoácidos. Ocorre no fígado, e em menor grau no córtex renal e nas células epiteliais que revestem o intestino delgado 3 Neste caso, todos os precursores devem ser convertidos em oxaloacetato. Precursores em mamíferos: lactato, piruvato, glicerol, certos aminoácidos. EMBORA AS REAÇÕES SEJAM AS MESMAS EM TODOS OS ORGANISMOS, O CONTEXTO METABÓLICO E A REGULAÇÃO DA VIA DIFEREM DE UMA ESPÉCIE PARA OUTRA E DE TECIDO PARA TECIDO 4 GL IC O N E O G Ê N E S E 5 SÍNTESE DE CARBOIDRATOS A PARTIR DE PRECURSORES SIMPLES 6 A GLICONEOGÊNESE E A GLICÓLISE NÃO SÃO VIAS IDÊNTICAS CORRENDO EM DIREÇÕES OPOSTAS, EMBORA COMPARTILHEM VÁRIAS ETAPAS. Há três etapas irreversíveis na glicólise, e as diferenças entre a glicólise e a gliconeogênese são encontradas nessas três reações. 1. Produção de piruvato (e ATP) a partir de fosfoenolpiruvato 2. Produção de frutose-1,6-bisfofato a partir de frutose-6P. 3. Produção de glicose-6P a partir de glicose. 7 GLICONEOGÊNESE O primeiro desvio para a síntese de glicose a partir do piruvato é a conversão irreversível de piruvato em fosfoenolpiruvato (PEP). Assim, a fosforilação do piruvato é alcançada por uma sequência de reações de desvio que, em eucariotos, requer enzimas existentes tanto no citosol como nas mitocôndrias. Duas reações: o piruvato é carboxilado pela piruvato carboxilase (enzima presente nas mitocôndrias), formando oxaloacetato, o qual é então convertido a PEP pela ação da PEP carboxiquinase (PEPCK) 8 1. CONVERSÃO DO PIRUVATO EM FOSFOENOLPIRUVATO 9 Reação 1 Reação 2 REGULAÇÃO ALOSTÉRICA DA PIRUVATO CARBOXILASE Alostericamente ativada pela acetil-CoA: níveis elevados de acetil- CoA ativam a gliconeogênese. A carboxilação do piruvato também serve para repor intermediários do ciclo do ácido cítrico . Em baixos níveis de acetil-CoA, a piruvato carboxilase é na maior parte inativa, e o piruvato é preferencialmente oxidado no ciclo do ácido cítrico . 10 11 VIAS ALTERNATIVAS DA TRANSFORMAÇÃO DO PIRUVATO EM FOSFOENOLPIRUVATO A G LIC O N E O G Ê N E S E R E Q U E R O T R A N S P O R T E DE METABÓLITOS ENTRE A MITOCÔNDRIA E O CITOSOL O oxaloacetato, sintetizado na mitocôndria, deve ir até o citosol, onde outras enzimas da gliconeogênese estão localizadas. O oxaloacetato é incapaz de atravessar a membrana mitocondrial interna, ele deve ser reduzido a malato, o qual pode ser transportado da mitocôndria ao citosol (lançadeira). No citosol, o malato é reoxidado a oxaloacetato. Uma segunda alternativa é a rota da aspartato aminotransferase, que não envolve NADH. 12 2. CONVERSÃO DE FRUTOSE-1,6-BIFOSFATO A FRUTOSE 6-FOSFATO 13 A frutose 1,6-bifosfatase realiza a reação inversa da fosfofrutoquinase 1: a hidrólise da frutose 1,6-bifosfato para a formação de frutose 6-fosfato, reação energeticamente favorável. GLICÓLISE GLICONEOGÊNESE 3. CONVERSÃO DA GLICOSE-6-FOSFATO EM GLICOSE A hidrólise da glicose 6-fosfato é realizada pela glicose 6-fosfatase enzima com atividade oposta à reação irreversível da hexoquinase, e fornece uma via energeticamente favorável para a formação de glicose livre. 14 GLICÓLISE GLICONEOGÊNESE 15 A GLICONEOGÊNESE É ENERGETICAMENTE DISPENDIOSA, MAS ESSENCIAL 16 GLICÓLISE GLICONEOGÊNESE GL IC O N EO G Ê N ES E Permite a síntese de glicose não apenas a partir do piruvato, mas também de outros intermediários do Ciclo do ácido cítrico (AA). 17 A GLICÓLISE E A GLICONEOGÊNSE SÃO MUTUAMENTE REGULADAS 18 GLICÓLISE GLICONEOGÊNESE A GLICÓLISE E A GLICONEOGÊNSE SÃO MUTUAMENTE REGULADAS 19 Essas• duas reações enzimáticas, e varias outras nas duas vias, são reguladas alostericamente e por modificações covalentes (fosforilação). • Por ora, basta dizer que as vias são reguladas de forma que, quando o fluxo de glicose por meio da glicólise aumenta, o fluxo de piruvato em direção a glicose diminui, e vice-versa. VIA DAS PENTOSES-FOSFATO Via alternativa de oxidação de glicose Via de produção de ribose 5-fosfato. Via de produção de NADPH. A via das pentoses consiste de uma parte oxidativa e uma não oxidativa. A via das pentoses ocorre no citosol. A energia derivada da glicólise é convertida em poder redutor. 20 A via das pentoses produz NADPH e ribose-5-fosfato. O NADPH é necessário para as vias anabólicas, principalmente ácidos graxos e esteróides (glândulas mamárias, fígado, tecido adiposo). Uma segunda função é gerar pentoses para síntese de ácidos nucléicos (tecidos em crescimento, regeneração e em tumores), ATP, CoA, NAD, FAD, RNA e DNA. 21 VIA DAS PENTOSES-FOSFATO 22 ES Q U E M A G E R A L D A VIA DAS PENTOSES-FOSFATO A FASE OXIDATIVA PRODUZ PENTOSES-FOSFATO E NADPH A via das pentoses: 1- Parte oxidativa produz NADPH 2- Parte não oxidativa interconverte açúcares fosforilados 23 Em alguns tecidos a via das pentoses fosfato termina nesse ponto. 24 REAÇÕES OXIDATIVAS DA VIA DAS PENTOSES-FOSFATO A F A S E N Ã O O X ID A T IV A R E C IC LA A S P E N T O S E S - FOSFATO A GLICOSE-6 FOSFATO Em tecidos que requerem principalmente NADPH, as pentoses- fosfato produzidas na fase oxidativa da via são recicladas em glicose-6-fosfato. Primeiramente a ribulose-5-fosfato é epimerizada a xilulose-5- fosfato. 25 A FASE NÃO OXIDATIVA RECICLA AS PENTOSES-FOSFATO A GLICOSE-6 FOSFATO A seguir, em uma série de rearranjos dos esqueletos de carbono, seis moléculas de açúcar-fosfato de cinco átomos de carbono são convertidas a cinco moléculas de açúcar-fosfato com seis átomos de carbono, completando o ciclo e permitindo a oxidação contínua de glicose-6-fosfato com a produção de NADPH. A reciclagem contínua leva finalmente à conversão de glicose-6-fosfato a seis CO2. 26 27 REAÇÕES NÃO OXIDATIVAS DA VIA DAS PENTOSES- FOSFATO A G LIC O S E -6P É R E P A R T ID A E N T R E A G LIC Ó LIS E A VIA DAS PENTOSES-FOSFATO A entrada da glicose-6-fosfato na glicólise ou na via das pentoses-fosfato depende das necessidades momentâneas da célula e da concentração de NADP+ no citosol. Na ausência deste aceptor de elétrons, a primeira reação da via das pentoses-fosfato (catalisada por G6PD) não pode prosseguir. Quando a célula está convertendo rapidamente NADPH em NADP+ em reduções biossintéticas, o nível de NADP+ eleva-se, estimulando alostericamente G6PD e dessa forma aumentando o fluxo de glicose-6- fosfato pela via das pentoses-fosfato. Quando a demanda por NADPHé menor, o nível de NADP+ diminui, a via das pentoses-fosfato também diminui, e a glicose-6-fosfato é usada para alimentar a glicólise. 28 PAPEL DO NADPH NA REGULAÇÃO PARTILHADA DA GLICOSE-6P ENTRE A GLICÓLISE E A VIA DAS PENTOSES 29 ME T A B O LIS M O D O G LIC O G Ê N IO N O S ANIMAIS "Nos organismos, desde as bactérias até as plantas e os vertebrados, o excesso de glicose é convertido em formas poliméricas de armazenamento – glicogênio nos vertebra- dos e em muitos microrganismos, amido nas plantas.“ Vertebrados encontrado principalmente no fígado e no músculo esquelético podendo representar até 10% do peso do fígado e 1 a 2% do peso do músculo 30 DEG R A D A Ç Ã O D O G LIC O G Ê N IO Glicogênio (fígado e músculos de mamíferos). Liberação do glicogênio é desencadeada por baixos níveis de glicose no sangue. Glicogênio hepático é desdobrado em glicose-6P obtida, que é hidrolisada para fornecer glicose. Liberação de glicose no fígado (degradação do glicogênio) reabastece o suprimento de glicose sanguínea. Nos músculos, a glicose-6P obtida a partir da decomposição do glicogênio entra diretamente na via glicolítica. 31 No músculo esquelético e no fígado, as unidades de glicose das ramificações externas do glicogênio entram na via glicolítica pela ação de três enzimas: glicogênio-fosforilase, enzima de desramificação do glicogênio e fosfoglicomutase. A glicogênio-fosforilase catalisa a reação na qual uma ligação glicosídica (α14) entre dois resíduos de glicose em uma extremidade não redutora do glicogênio é atacada por um fosfato inorgânico (Pi), removendo o resíduo terminal na forma de a-D-glicose-1-fosfato. A glicogênio-fosforilase age repetidamente sobre as extremidades não redutoras das ramificações do glicogênio até que alcance um ponto a quatro resíduos de glicose de um ponto de ramificação (α16), onde interrompe sua ação. 32 DEG R A D A Ç Ã O D O G LIC O G Ê N IO 33 A degradação pela glicogênio-fosforilase continua somente depois que a enzima de desramificação, conhecida formalmente como oligo (a16) a (a1--.4) glican-transferase, catalisa duas reações sucessivas que removem as ramificações. Logo que as ramificações são removidas e o resíduo glicosil na posição C-6 e hidrolisado, a atividade da glicogenio-fosforilase pode continuar. 34 DEG R A D A Ç Ã O D O G LIC O G Ê N IO 35 A glicose-1P é convertida em glicose-6P A glicose-6-fosfato formada no musculo esquelético a partir do glicogênio pode entrar na glicólise e serve como fonte de energia para a contração muscular. No fígado, a degradação do glicogênio serve a um proposito diferente: liberar glicose para o sangue quando o nível de glicose sanguínea diminui, como acontece entre as refeições. 36 A G LIC O S E -1P P O D E E N T R A R N A G LIC Ó LIS E O U , NO FÍGADO REPOR A GLICOSE SANGUÍNEA GL IC O G Ê N ES E –SÍN T ES E D O GL IC O G Ê N IO O glicogênio é sintetizado e degradado por vias diferentes. Ocorre em quase todos os tecidos animais, mas é mais importante no fígado e no músculo esquelético. Glicose-6P: ponto de partida para a síntese Para iniciar a síntese, a glicose-6P é convertida em glicose-1P na reação da fosfoglicomutase: 37 FO R M A Ç Ã O D E UDP-GL IC O S E A glicose-1P é convertida em UDP-glicose pela ação da UDP-glicose- pirofosforilase 38 UDP-GL IC O S E C O M O D O A D O R D E R E S ÍD U O S D E GLICOSE A glicogênio sintase promove a transferência da glicose da UDP-glicose para uma extremidade não redutora de uma molécula ramificada de glicogênio. 39 SÍNTESE DA RAMIFICAÇÃO DO GLICOGÊNIO 40 O efeito biológico da ramificação é tornar a molécula mais solúvel e aumentar o numero de sítios acessíveis a glicogenio-fosforilase e a glicogenio-sintase, as quais agem somente nas extremidades não redutoras. A GLICOGENINA PREPARA OS RESÍDUOS INICIAIS DE GLICOSE NO GLICOGÊNIO 41 A glicogênio-sintase não consegue iniciar uma cadeia de glicogênio “de novo” necessita de um iniciador, geralmenteuma cadeia poliglicosídica em (a14) ou uma ramificação que tenha, pelo menos, oito resíduos de glicose. A proteína glicogenina é o iniciador, sobre o qual são montadas novas cadeias, e a enzima que catalisa essa montagem. 42 RE G U LA Ç Ã O C O O R D E N A D A D A S ÍN T E S E E D A DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO 43 A mobilização dos estoques de glicogênio é realizada pela glicogênio-fosforilase, que degrada glicogênio a glicose-1-fosfato. Glicogênio fosforilase regulação alostérica e hormonal (fosforilação) Duas formas interconversiveis: glicogênio- fosforilase a (cataliticamente ativa), e glicogênio-fosforilase b (menos ativa). GL IC O G Ê N IO FOSFORILASE 44 A enzima (fosforilase-b-cinase) responsável pela ativação da fosforilase pela transferência de um grupo fosforil para seu resíduo de Ser é, ela própria, ativada por adrenalina ou glucagon por uma série de etapas. A G LIC O G Ê N IO -S IN T A S E T A M B É M É R E G U LA D A P O R FOSFORILAÇÃO E DESFOSFORILAÇÃO 45 Sua forma ativa, glicogênio-sintase a, e não fosforilada. A fosforilação das cadeias laterais hidroxílicas de vários resíduos de Ser de ambas as subunidades converte a glicogênio-sintase a em glicogênio-sintase b, que é inativa na ausência da glicose, seu ativador ativador alostérico. 46 RE F E R Ê N C IA S BIB L IO G R Á F IC A S O conteúdo desta aula foi baseado nas seguintes referências: NELSON,- D.L.; COX, M.M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. (Capítulo 14 e 15) CAMPBELL,- M.K.; FARREL, S.O. Bioquímica. 2ª ed. São Paulo: Cengage Learning. (Capítulo 18) RODWELL,- V.W.; et al. Bioquímica ilustrada de Harper. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. (Capítulo 18, 19 e 20) MOTTA,- V.T. Bioquímica. Caxias do Sul: Educs, 2005. (Capítulo 9 e 10) MARZZOCO,- A.; TORRES, B.B. Bioquímica básica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. (Capítulo 12, 13 e 14) VOET,- D.; et al. Fundamentos de bioquímica. 4ª ed. Porto alegre: Artmed, 2014. (Capítulo 15 e 16) 47
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