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CADERNO DIGITADO - DIREITO EDUCACIONAL - FDUFBA - CARLOS RÁTIS 2015.1 - POR ANA CLARA SUZART

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Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
 
CADERNO 
DIGITADO 
 
 
 
DIREITO 
EDUCACIONAL 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
 
1º aula: 
Houve um movimento de reconhecimento do direito educacional no século XX, 
ainda ocorrendo discussões educacionais que buscam novos anseios. No direito 
constitucional contemporâneo, não se versa sobre educação sem abordar a qualidade. O 
direito educacional, desde a década de 70, tem um conjunto de princípios defendidos 
para protege-lo. 
Sendo assim, o texto constitucional apresenta normas principiológicas 
específicas sobre direito educacional que visam proteger esse direito fundamental. Esses 
princípios, delineados na Constituição Federal dão consistência e autonomia ao direito 
educacional. Os princípios que norteiam o direito educacional devem observar aos 
princípios gerais que regem a administração, irradiando efeitos para todos os ramos. 
 Evolução Histórica do direito educacional no Brasil: 
Pode-se afirmar que antes das constituições, a proteção da educação no Brasil seria 
dividida em 3 etapas, sendo a educação utilizada em todas as etapas como instrumento 
de poder (estratificação social) e não de emancipação intelectual. 
o 1º Etapa – Fase Jesuítica (1949 – 1768) 
Os membros da Companhia de Jesus instituíram as escolas de ler, escrever e contar 
que acabavam por impor um processo de aculturamento e enfraquecimento da cultura 
nacional, visando catequisar, impor regras quanto à alimentação, vestuário. Sendo 
assim, a prestação educacional servia para preparar minimamente o cidadão para 
atividades de desejo da metrópole. 
o 2º Etapa – Fase Pombalina (1768 – 1808) 
A transição de fases decorre da expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal que 
impôs nova orientação educacional, adotando o método tutorial (Lancaster) que visava a 
massificação do ensino, ou seja, a busca pela difusão do conhecimento para o maior 
número de alunos possível (uniformização da prestação educacional). 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
A orientação educacional é imprescindível para a instituição de um Estado Nacional, 
visto que é preciso aproximar as diversas classes sociais, a partir da mesma língua e 
costumes. O elemento educacional é fundamental na consolidação da forma do Estado 
no século XVIII. Sendo assim, o Marquês de Pombal visava assegurar o conhecimento 
de trabalhadores e proletariado que objetivam o atendimento dos interesses da 
metrópole e não a criação de instituições de excelência, sendo oferecido o necessário. 
o 3º Etapa – Fase Joanina (1808 – 1822) 
Houve a implementação das primeiras faculdades (ensino superior), entretanto sua 
fundação não decorreu do movimento acadêmico do Brasil, mas da vinda da família real 
que necessitava de profissionais capacitados para atender às suas necessidades. 
 
 
 
 O Direito à Educação nas Constituições brasileiras: 
Em 1822, o Brasil se torna independente. Todas as constituições trataram sobre a 
proteção do direito à educação, desde a Constituição Federal imperial o legislador 
impôs sobre esse direito fundamental. Entretanto, a proteção desse direito se relaciona à 
conjectura político-econômico-social. 
o Constituição Federal de 1824: 
Nessa Constituição, o direito ao ensino primário era oferecido a todos os cidadãos 
brasileiros. Entretanto, existiam milhões de analfabetos, visto que os estrangeiros e 
negros não eram considerados cidadãos e havia restrições ao acesso da mulher à 
educação. Sendo assim, os analfabetos votavam e se candidatavam, sustentando o poder 
dominante. 
o Constituição Federal de 1891: 
Em 1891, os analfabetos não podiam mais votar, visto que vários escravos foram 
emancipados. Sendo assim, apesar da abolição, não houve garantia do acesso à 
ATENÇÃO 
A convergência das três etapas é que a educação foi implantada a fim de manipular os 
indivíduos. 
 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
educação. Conforme João Nabuco, de nada adiantaria a Lei Áurea sem a educação dos 
cidadãos, este ainda enuncia que ainda se viveria um século de escravidão, visto que os 
cidadãos por não ter acesso à educação serão subalternos dos imigrantes. 
o Constituição Federal de 1934: 
A Constituição de 1934 trouxe capítulo próprio sobre o direito educacional, versava, 
ainda, sobre o constitucionalismo do bem-estar social (Welfare State). É pioneira quanto 
a uma verdadeira proteção dos direitos sociais, trazendo avanços na educação. 
Preocupava-se com a receita específica para a educação (custo dos direitos). 
Sendo assim, o Estado passa de Estado mínimo para garantidor (intervencionismo 
estatal), sem objetivar desrespeitar as liberdades da constituição. Essa Constituição 
Federal foi motivada pelas constituições sociais desse período (1916 – Constituição de 
Weimar, 1917 – Constituição Mexicana, 1933 – Constituição de Salazar). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
o Constituição Federal de 1937: 
A Constituição Federal de 1937 impõe o retrocesso dos direitos fundamentais em 
face dos avanços trazidos pela carta de 1934. O direito à educação depende das 
CURIOSIDADE: 
Pela primeira vez houve uma preocupação com a situação das crianças e adolescentes 
junto às empresas que não apresentavam creches, obrigando-as a oferecer creche aos 
filhos dos empregados. 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO: 
Os direitos de segunda geração, também denominados de direitos sociais e econômicos 
não buscavam uma abstenção do Estado, mas obrigavam-no a prestações positivas, 
fundando-se no princípio da justiça social e propiciando ao ente estatal um “direito de 
participar do bem-estar social”. Logo, não se cuida mais da liberdade perante o Estado, 
mas por intermédio deste. Esses direitos que reconhecem a liberdade social buscavam 
efetivar a liberdade e igualdade de condições, não apenas formal, mas material. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
liberdades sociais e essa carta demonstra como a educação era utilizada para fins de um 
estado autoritário. 
Sendo assim, retroage quanto ao exercício da liberdade de aprendizagem, de 
escolha, quanto à orientação da formação do indivíduo, cerceou a opção por parte dos 
pais, restringiu a liberdade de manifestação dos professores em sala de aula. O 
conhecimento era utilizado, portanto, para fins de manipulação, manutenção e 
estratificação social. 
A carta de 1937 demonstrou que o acesso à educação não é o único aspecto a ser 
protegido pelo Estado, mas o acesso observando a liberdade de aprendizagem, de 
expressão na construção do eixo de formação. A proteção à educação, portanto, não 
envolve apenas o lado prestacional, os direitos negativos se apresentam como 
relevantes. 
A manifestação de Getúlio Vargas no preambulo dessa Constituição demonstrou 
como a orientação educacional seria imprescindível ao fortalecimento do estado 
nacionalista. Todos os estados nacionalistas invocaram o plano educacional como 
imprescindível à constituição de uma cidadania voltada ao fortalecimento do estado. 
o Constituição Federal de 1946: 
A carta de 1946 afasta a ingerência por parte do Estado quanto ao conteúdo 
programático ao eixo de formação, permitindo o retorno dos avanços de 1934. 
 Imunidade Tributária para as instituições educacionais: 
 Essa carta trouxe como novidade um sistema tributário nacional avançado que 
imprimiu normas regulando a imunidadetributária (dispensa constitucional da cobrança 
de um tributo) para as instituições educacionais. O legislador apresentava como 
intenção o favorecimento, ou seja, uma ação afirmativa fiscal das instituições 
educacionais que preenchiam os requisitos objetivos, evitando a banalização do 
instituto. 
 Exercício do Direito à Greve: 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
Outra novidade apresentada por essa carta é o direito de greve que deve ser 
balizado e protegido, observando as contenções necessárias, deve ser uma liberdade 
exercida com responsabilidade, visto que o trabalhador tem o direito de lutar por 
melhores condições de trabalho. 
o Constituição Federal de 1967 e Constituição Federal de 1969: 
As Constituições do período da ditadura militar acabaram por repetir os avanços 
da carta de 1946, não exigindo um estudo aprofundado sobre a proteção educacional. 
o Constituição Federal de 1988: 
A Constituição Federal de 1988, além de trazer didaticamente as modalidades 
dos direitos fundamentais, engloba vários microssistemas jurídicos protetivos desses 
direitos. Sendo assim, os direitos fundamentais estão previstos do art. 5º ao 17, tratando 
sobre direitos individuais e coletivos, direitos sociais, direitos políticos (direitos “no 
catálogo”), mas também fora desse intervalo (direitos “fora do catálogo”). 
O Bloco de Constitucionalidade oriundo do conselho constitucional francês 
enuncia que são direitos fundamentais aqueles que estão previstos na Constituição 
Federal e aqueles que não estão, mas são tratados como se constitucionais fossem (art. 
5º, parágrafo 3º da CF). 
Art. 5º § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos 
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais. 
Conforme Carlos Ratis, há uma eficácia vertical dos tratados que protegem os 
direitos humanos, irradiando efeitos no processo de construção das constituições. Sendo 
assim, é imprescindível destacar que há um reflexo de fora para dentro e de dentro para 
fora, visto que as Constituições podem imprimir efeitos para tratados e acordos 
internacionais e vice-versa. No que se refere ao direito à educação, a Constituição 
Federal brasileira é mais avançada que os tratados internacionais, havendo troca de 
experiências, visto que um sistema pode influenciar o outro. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
A Magna Carta se caracteriza por ser uma reunião de constituições e dentre estas 
se encontra a constituição da educação, resultado de uma evolução protetiva desse 
direito das outras constituições brasileiras. Sendo assim, a Constituição Federal de 1988 
tece uma proteção constitucional ostensiva ao Direito Educacional, regulando-o do art. 
205 ao 214, porém não se esgotando. Segundo Carlos Ratis, nenhum direito 
fundamental é tão protegido quanto o direito à educação, nem mesmo a vida. 
O ensino considerado obrigatório, sendo direito público subjetivo. No Brasil, o 
ensino obrigatório é 4 a 17 anos. Em 1988 o ensino obrigatório era o ensino 
fundamental, a partir de 2009 passou a contemplar o Ensino Infantil, Ensino 
Fundamental e Ensino Médio. Cada vez mais, o período de ensino obrigatório tem sido 
ampliado, abarcando mais fases, visto que o exercício da cidadania exige um cidadão 
mais preparado. 
No plano da proteção da educação de qualidade houve um grande avanço para 
instrumentalizar os órgãos responsáveis a dar completude. No campo da qualidade, cada 
vez mais uma legislação protetiva vem sendo criada, mas não é possível amordaçar as 
instituições quanto o que vem a ser qualidade, visto que essa passa por exercício de 
autonomia e características próprias de cada instituição, envolvidos por ambiente 
próprios, aspectos históricos e culturais distintos. 
 Sendo assim, o estado apenas apresenta diretrizes. A busca incessante do que 
vem a ser qualidade deve ser levada com cuidado, para que não passe a ser uma 
ditadura, perdendo a sua força normativa, não podendo ser uma extensão delimitada e 
tão somente responsabilidade do estado. A busca do que vem a ser qualidade 
ultrapassa requisitos intrínsecos, individualidade, subjetivismo os quais não podem 
ser controlados pelo judiciário (reserva de competência do magistrado). É a 
sociedade aberta de interpretes que devem atribuir o sentido de qualidade. 
(ATENÇÃO! QUESTÃO DA ÚLTIMA PROVA). 
 Deveres fundamentais na Constituição Federal: 
Os deveres fundamentais corresponderiam a sujeições impostas pelo exercício do 
próprio poder constituinte. No contrato social firmado entre o individuo e o estado não 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
existem apenas clausulas que versam sobre direitos, mas também deveres. A 
fundamentalização das obrigações também corresponderiam à obrigações políticas. 
Os deveres fundamentais, em regra, exigem uma atuação do legislador, ou seja, 
observam reserva legal, visto que acabam por restringir os direitos fundamentais, 
visando o seu próprio fortalecimento, ou seja, o respeito sistemático dos direitos 
fundamentais. 
Os deveres fundamentais surgem nas constituições do século XVIII, sendo assim as 
mesmas constituições que positivaram os direitos reconheceram deveres não mais 
naturais, mas fundamentais. Assim como os direitos são divididos em gerações, os 
deveres fundamentais também o foram, podendo ser estudados em períodos. 
 
Existem deveres fundamentais que vão estar presentes na Constituição através de 
normas constitucionais de aplicação imediata, apesar de, em regra, correspondem a 
regras de aplicação mediatas, logo o Estado ao impor as sujeições deve criar legislação 
específica para que esses direitos sejam exigidos. 
 Direito à Educação como um dever fundamental: 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da 
família, será promovida e incentivada com a colaboração da 
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu 
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho. 
 
A educação não é apenas um direito, mas um dever fundamental de aplicação 
imediata, imposição constitucional para que o cidadão se desenvolva plenamente, tenha 
preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Sendo assim, o 
legislador constituinte deixou claro que a prestação educacional não é apenas um dever 
fundamental do Estado, mas também um dever da família e da sociedade, constituindo 
um tripé constante. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
Entretanto, o legislador acaba por não dar o mesmo tratamento aos deveres do 
que foi a sua preocupação em relação aos direitos, em virtude de uma motivação 
histórica, não só a Constituição Federal 1988 se afastou dos deveres, mas todas as 
Constituições dos Estados que ultrapassaram ditaduras, os legisladores constituintes 
tinham como intenção se afastar de estados totalitários (Itália, Portugal, Espanha). 
Sendo assim, o afastamento dos deveres foi intencional, visto que havia um 
entendimento das constituições cidadãs de que a valorização dos deveres seria de um 
estado totalitário. 
Faz-se mister destacar, porém que os direitos fundamentais serão respeitados 
quando os deveres forem atendidos, estes precisam ser valorizados, portanto, conforme 
Norberto Bobbio. Destarte, o não cumprimento dos deveres fundamentais implica a 
restrição dos direitos fundamentais. Até mesmo para queo cidadão reconheça a 
importância dos deveres, estes devem ter acesso à educação – formação indispensável 
para compreender, discernir, dialogar em relação aos deveres. 
É imprescindível, portanto, a manutenção, transmissão de características, 
costumes e processos da Educação. Faz-se mister destacar que o principal educador dos 
indivíduos são os responsáveis (família), dessa forma, os pais na liberdade de ensino 
devem escolher, acompanhar a fruição deste direito. 
 
 
 
Existem metas que só serão cumpridas se o cidadão tiver acesso à educação, 
considerada um direito instrumental, visto que é ponte para o exercício de outros 
direitos fundamentais. Sendo assim, os direitos sociais só serão objeto de fruição se o 
indivíduo tiver acesso à educação (direito fundamental transdimensional e transversal 
que apresenta nuances de todas as dimensões). 
O direito à educação não é apenas um direito, mas um dever. A expressão 
deveres aparece na Constituição e o legislador acaba por não dar o mesmo tratamento 
aos deveres do que foi a sua preocupação em relação aos direitos, em virtude de uma 
CURIOSIDADE: 
A própria família pode prestar o serviço educacional no espaço do próprio lar, depois 
demonstrando para o estado uma absorção e preenchimento de conhecimento mínimo. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
motivação histórica, não só a CF 1988 se afastou dos deveres, mas todas as 
Constituições dos Estados que ultrapassaram ditaduras, os legisladores constituintes 
tinham como intenção se afastar de estados totalitários (Itália, Portugal, Espanha). 
 A Constituição cidadã tinha os deveres como um fantasma a ser esquecido. O 
afastamento dos deveres foi intencional, visto que havia um entendimento de que a 
valorização dos deveres seria de um estado totalitário. 
Os direitos fundamentais serão respeitados quando os deveres forem atendidos, 
estes precisam ser valorizados, portanto, conforme Norberto Bobbio. A perspectiva dos 
deveres não deve ser apenas para com o Estado, mas para com a Sociedade e a Família. 
Para o cidadão reconhecer a importância dos deveres e estes serem atendidos, este deve 
ter educação – formação indispensável para compreender, discernir, dialogar em relação 
aos deveres. 
Os deveres fundamentais corresponderiam a sujeições impostas pelo exercício 
do próprio poder constituinte. No contrato social firmado entre o individuo e o estado 
não existem apenas clausulas que versam sobre direitos, mas também deveres. A 
fundamentalização das obrigações também corresponderiam a obrigações políticas. Os 
deveres fundamentais surgem nas constituições do século XVIII. 
As mesmas constituições que positivaram os direitos reconheceram deveres não 
mais naturais, mas fundamentais. Os deveres fundamentais também podem ser 
estudados em períodos. Assim como os direitos são divididos em gerações, os deveres 
fundamentais também o foram. 
Os deveres fundamentais de primeira dimensão são: o dever de proteger a pátria/ 
estado. São encontradas na primeira dimensão dos deveres, o dever de recolher tributos. 
Os deveres fundamentais, em regra, exigem uma atuação do legislador, ou seja, 
observam reserva legal, visto que acabam por restringir os direitos fundamentais, 
visando o seu próprio fortalecimento, ou seja, o respeito sistemático dos direitos 
fundamentais. 
Entretanto, existem deveres fundamentais que vão estar presentes na 
Constituição através de normas constitucionais de aplicação imediata, apesar de, em 
regra, correspondem a regras de aplicação mediatas, logo o Estado ao impor as 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
sujeições deve criar legislação específica para que esses direitos sejam exigidos. Existe 
dever fundamental implícito. Entre dos deveres fundamentais de aplicação imediata está 
o direito e o dever da educação. 
O não cumprimento dos deveres fundamentais implica a restrição dos direitos 
fundamentais. 
 Princípios do Direito à Educação: 
Esses princípios não são taxativos, se aplicando ao ensino básico, o ensino superior 
e o ensino técnico, além disso, seguem os princípios da administração pública e relações 
privadas. 
 
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes 
princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na 
escola; 
 
É uma densificação do princípio da isonomia. O Estado deveria adotar ações 
afirmativas para todas as fases do ensino básico. A parte final do incisivo tenta evitar a 
evasão escolar, assegurando que o discente venha a concluir todas as etapas do ensino 
básico especial. 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o 
pensamento, a arte e o saber; 
 
Não há projeto educacional no estado constitucional se liberdade de aprendizagem e 
de ensino não forem respeitadas. As liberdades devem ser exercidas com 
responsabilidade, visto que liberdade não se confunde com libertinagem. No ambiente 
educacional, a flexibilidade se torna objeto de muita discussão. A liberdade de pesquisas 
e ideias não podem se confundir com a instigação de práticas odiosas. 
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e 
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; 
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
V - valorização dos profissionais da educação escolar, 
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso 
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das 
redes públicas; 
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
VII - garantia de padrão de qualidade. 
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da 
educação escolar pública, nos termos de lei federal. 
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de 
trabalhadores considerados profissionais da educação básica e 
sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus 
planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
FACULDADE DE DIREITO 
 
 
 
ANA CLARA SUZART LOPES DA SILVA 
 
 
 
 
 
FICHAMENTO: 
“A ORDENAÇÃO FEDERATIVA DA EDUCAÇÃO BRASIELIRA E SEU 
IMPACTO SOBRE A FORMAÇÃO E O CONTROLE DAS POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
 
Salvador-Bahia 
2015 
 
 
O Direito Educacional no sistema jurídico brasileiro – Nina Beatriz Stocco 
Ranieri. 
2. A intrincada articulação federativa brasileira e a discriminação 
constitucional das competências. 
 O Brasil adotou o modelo federal de estado, incluindo os Municípios como entes 
federados. A efetivação dos direitos e liberdades aspirada pelo modelo federativo pode 
ser considerada um dos grandes desafios contemporâneos, visto que a implantação 
desse modelo reforça o desbalanceamento federativo, com predominância ou 
superposição de determinados entes federativos sobre outros. 
 Sendo assim, o modelo artificial de federação adotado tem sido um fator a mais 
a dificultar o desenvolvimento da Educação em âmbito nacional, em virtude de haver 
Municípios e Estados que em tese estão preparados para a prestação do serviço público 
educacional, mas outros que não apresentam as condições adequadas, o que os torna 
dependentes das políticaspúblicas e da União. É imprescindível destacar, porém, que a 
Educação deve ser garantida com qualidade nos termos assegurados pela Constituição 
Federal, em todo o território nacional, a todos os cidadãos do País. 
2.1. Competências Legislativas e Materiais. Competências concorrentes e 
comuns. 
A Constituição compreende a União, os Estados, Distrito Federal e Município como 
entes autônomos, em regime cooperativo e de equilíbrio. Para a distribuição do poder 
entre os entes federativos, adota a técnica da discriminação de competências, 
considerada como cerne do Estado Federal brasileiro, visto que é fundamental para a 
manutenção da autonomia e do equilíbrio do pacto federativo. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
As competências consistem na esfera delimitada de poder que se outorga a um órgão 
ou entidade estatal, mediante a especificação de matérias sobre as quais se exerce o 
poder de governo. A Constituição Federal abrange uma estrutura composta de 
competências privativas, concorrentes, suplementares e comuns. 
2.1.1. Competências Legislativas: 
A competência atribuída pela Constituição Federal aos entes federativos distingue-
se em legislativa, correspondente ao poder de conformar o direito, pela edição de leis, e 
material, relativa à execução desse direito, por meio das atribuições administrativas. O 
poder para legislar é considerado fundamental para a existência e garantia do pacto 
federativo. Em regra, o detentor da competência legislativa tem a competência material 
ou executiva, isto é, tem o poder-dever de executar o serviço público correspondente. 
A competência legislativa pode ser exclusiva (art. 25, §§1º e 2º), privativa (art. 22), 
concorrente (art. 24) e suplementar (art. 24, §2º). Há competências exclusivas da União, 
dos Municípios (inclui apenas assunto de “interesse local”), dos Estados (compreende 
tudo aquilo que não foi atribuído à União ou aos Municípios) e do Distrito Federal 
(abrange as competências não só conferidas aos Estados, mas aos Municípios). 
Conferiu-se a competência concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal. 
Neste campo, compete à União estabelecer apenas as “normas gerais” (art. 24, § 1º) e 
aos Estados e Distrito Federal cabe complementar essas normas, adaptando-se às suas 
peculiaridades (art. 24, §2º). A Constituição Federal não atribuiu aos Municípios a 
competência legislativa concorrente, mas concedeu-lhes o poder de suplementar a 
legislação federal e estadual no que couber, conforme o art. 30, II. 
No caso da educação, a situação dos professores e demais profissionais, suas 
carreiras, condições de ingresso e progressão, regime disciplinar e sua relação com o 
problema do absenteísmo, o tema das contratações provisórias, tudo se insere na esfera 
de competência legislativa própria de cada entre federativo. Por esta razão, é 
extremamente difícil, no regime constitucional em vigor, implementar medidas gerais, 
de alcance nacional que valorizem a atividade dos professores e demais profissionais. 
 
2.1.2. Competências Materiais: 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
A competência material ou administrativa pode ser exclusiva (art. 21), outorgada 
à União; ou comum (art. 23), sendo conferida a todos os entes federados: União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios. 
A competência material comum significa que a prestação do serviço por uma 
entidade não exclui igual competência de outra. Exemplo dessa competência é o art. 23, 
V que versa sobre o dever de “proporcionar os meios de acesso à cultura, á educação e à 
ciência”. A competência material ou administrativa, em princípio, está relacionada à 
competência legislativa, isto é, quem tem competência legislativa para legislar sobre 
uma matéria tem competência para exercer função administrativa correspondente. 
A partir da segunda metade dos anos 1990, houve um processo de valorização 
crescente das competências materiais, gerando uma evolução em relação ao 
“nominalismo jurídico”, que sempre conferiu peso excessivo e desproporcional ao 
processo de edição de leis, dando pouca atenção às condições reais para que tais leis se 
transformem em comandos efetivos, capazes de orientar e modificar comportamentos 
no sentido buscado pela norma. 
 
3. Ordenação Constitucional das Competências em Matéria de Educação: 
A Educação é tratada entre as competências legislativas da União, no art. 22, XXIV, 
em que se lhe outorga o poder para legislar, privativamente sobre as “diretrizes e bases 
da educação nacional”. No art. 24, IX, são previstas também, entre as competências 
legislativas concorrentes de União, Estados e Distrito Federal, os temas da “educação, 
cultura, ensino e desporto”. 
Aos Municípios, apresar de não ser atribuída competência legislativa concorrente 
com a da União, Estado e Distrito Federal, por força do art. 30, II, são atribuídos 
poderes para suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, o que também 
se aplica à educação. Na concretização da norma, não se pode perder de vista o poder 
conferido a cada ente da federação para legislar. 
Apesar da necessidade de coesão do sistema, que se daria com a emissão pela 
União, de normas gerais e de normas específicas pelos demais entes da Federação, no 
que se refere aos seus respectivos sistemas de ensino, em regime de cooperação, o que 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
se apresenta ainda é uma grande omissão nesta área de atuação pelos entes federados, 
sem o devido cumprimento dos deveres constitucionais atribuídos, ainda que se possam 
reconhecer avanços tópicos em alguns Estados e Municípios. 
 
3.1. Competências do sistema de Ensino: 
A Constituição detalhou as disposições sobre a Educação no capítulo da Ordem 
Social. A organização dos sistemas de ensino está intrinsecamente relacionada com o 
modelo federativo adotado pelo Brasil. Deveria, assim, ser estabelecida em colaboração 
entre os entes federativos, conforme o art. 211. 
Os arts. 211 a 214, ao tratar dos sistemas de ensino da União dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios sistematizaram a distribuição dos encargos relativos à 
oferta do ensino, organizando, em princípio, o regime de colaboração. A Constituição 
cuidou também da explicitação dos recursos para o financiamento da Educação, no art. 
212, que determina a aplicação, pela União, anualmente, de nunca menos de 18% e, 
pelos Estados, o Distrito Federal e os Municípios de no mínimo 25% da receita 
resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
 
3.2. A reorganização do desenho federativo educacional pelas Emendas 
Constitucionais do FUNDEF e do FUNDEB. A construção da cooperação entre 
os sistemas. 
 
As insuficiências na execução do direito educacional e a parcela de responsabilidade 
de desarticulação federativa nesse resultado, levaram a um movimento de reorganização 
federativa nesse campo, a partir de 1996, cujo traço mais visível é a redivisão das 
atribuições, com base na fase escolar; aos Municípios cabem os anos iniciais da 
escolarização, ao Estado, a fase intermediária e à União, a Educação Superior. 
A edição da Emenda Constitucional n.14/96 que institui o FUNDEF- Fundo de 
Desenvolvimento da Educação Fundamental e da Emenda n. 53/06 que instituiu o 
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FUNDEB - Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, aprofundam a 
reorganização federativa e ampliam a garantiado Direito à Educação, com a ampliação 
do compromisso da União sobre a matéria. 
 
4. Iniciativas Infraconstitucionais de articulação Federativa. Programas 
Nacionais e Estaduais de Cooperação e assistência entre os Entes Federados. 
 
No plano Executivo, a federação brasileira, em matéria educacional, vem passando 
por uma série de medidas “de reajuste”, visando viabilizar a maior cooperação entre as 
diversas esferas, segundo linhas comuns de articulação, a fim de superar as dificuldades 
de execução das medidas necessárias à realização da Educação de qualidade. 
 
4.1. O Plano de Ações Articuladas. Decreto n. 6.094/07. 
 
O Decreto n. 6.094/07 apresenta a finalidade de implementar um plano de metas 
pela União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e 
Estados. Apresenta componentes estruturantes baseados na “mobilização social pela 
melhoria da qualidade da educação básica”. Para isso foi criado o Índice de 
Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. A vinculação do DF, Estados ou 
Municípios a esse Plano de Metas será “por meio de termo de adesão voluntária”. O 
terceiro componente do novo arranjo estabelecido baseava-se na estruturação de 
programas e ações de assistência técnica e financeira. 
 
4.2. Piso Nacional dos Professores: 
 
Talvez a medida mais importante do conjunto de iniciativas que se inicia com a 
proposição do projeto de Emenda Constitucional n. 53/06 foi a previsão do “piso 
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salarial profissional nacional para os professores de educação escolar pública, nos 
termos da lei federal”. 
 
5. Rumo a um sistema único da educação nacional? O problema da articulação 
federativa para a verdadeira cooperação: 
 
A Educação pode vir a ser um sistema nacional, que, por sua vez, será um todo 
organizado em sistemas: distrital, estaduais, municipais. O interesse local deve ser 
exercido em harmonia com os interesses estadual e nacional; só assim se pode pressupor 
a unidade do sistema, capaz de conviver com as diversidades e especificidades dos 
sistemas distrital, estadual e municipal. 
A Constituição de um “sistema de Educação nacional”, portanto, que considere as 
peculiaridades regionais e locais, fazendo do Brasil efetivamente um Estado Federal 
equilibrado e cooperativo, passa talvez menos pela redefinição das atribuições e mais 
pelos modos para que cada ente da federação exerça o seu papel próprio. 
 
6. O artigo 23 da Constituição Federal e a “Lei Nacional da Educação”. 
 
O parágrafo único do art. 23, com a redação atribuída pela Emenda Constitucional n. 
53, passou a prescrever que “Leis Complementares fixarão normas para a cooperação 
entre União e os Estados, Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio 
do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional”. 
Isso tem como consequência a alteração da concepção de uma legislação genérica 
sobre os instrumentos de cooperação federativa, para, em lugar desta, enfrentar-se a 
demanda de articulação em relação a cada um dos temas ou direitos disciplinados 
constitucionalmente. 
Podemos passar a ter, por força de nova disposição constitucional, leis 
complementares fixando as normas para a cooperação federativa de forma temática. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
Com isso, abre-se uma nova oportunidade para a propalada uniformização dos 
princípios gerais na Educação e o direcionamento simétrico das questões fundamentais 
que envolvem a sua concretização. 
 
7. O Sistema da Justiça e o Controle das Políticas Públicas: 
 
Cabe ao Estado a garantia dos direitos fundamentais por meio da formulação e 
implementação das políticas públicas correspondentes. Políticas Públicas são programas 
de ação governamental visando a coordenar os meios à disposição do Estado e as 
atividades privadas para a realização de objetivos socialmente relevantes e 
politicamente determinados. 
 Para a garantia da efetivação dos direitos fundamentais econômicos, sociais e 
culturais, deve o Estado aparelhar-se, estabelecendo a política pública, com a decorrente 
e necessária previsão orçamentária. Os direitos fundamentais sociais, como apontado, 
exigem um fazer do Estado, uma prestação positiva. Isso inclui atuações dos Poderes 
Legislativo, Executivo, Judiciário quanto à sua regulamentação e implementação. 
 Considerando que há menos recursos do que o necessário para o atendimento de 
todas as demandas decorrentes dos direitos econômicos, sociais e culturais, mister que o 
poder público elabore e implemente políticas públicas necessárias à efetivação de tais 
direitos. 
 A preocupação atual deve ser com a proteção e promoção dos direitos humanos. 
Não basta a ação negativa do Estado, ou seja, a não violação dos direitos do homem. 
Cabe ao Estado uma ação positiva, um fazer, por meio da regulamentação, quando 
necessária e a implementação com o desenvolvimento de políticas públicas. 
 A Educação, como direito fundamental que é, vincula o legislador ordinário e a 
atuação da Administração Pública. O texto constitucional apresenta verdadeiros direitos 
subjetivos de eficácia imediata, os quais exigem, via de regra, uma prestação positiva do 
Estado, que, em muitos casos terá que criar serviços públicos para atende-los. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
Semestre: 2015.1. 
 
 
 Diante das atribuições constitucionais, inobstante a realidade da escassez de 
recursos para bancar as políticas públicas educacionais, é obrigatório o planejamento, 
estabelecendo-se prioridades entre as diversas metas a atingir, racionalizando a sua 
utilização. O Estado tem o dever de planejar suas contas para o desenvolvimento 
nacional equilibrado, possibilitando o cumprimento das atribuições essenciais fixadas 
nas normas constitucionais. 
 
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA 
FACULDADE DE DIREITO 
 
 
 
ANA CLARA SUZART LOPES DA SILVA 
 
 
 
 
 
FICHAMENTO: 
“A ORDENAÇÃO FEDERATIVA DA EDUCAÇÃO BRASIELIRA E SEU 
IMPACTO SOBRE A FORMAÇÃO E O CONTROLE DAS POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
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Salvador-Bahia 
2015 
 
 
O Direito Educacional no sistema jurídico brasileiro – Nina Beatriz Stocco 
Ranieri. 
3. A intrincada articulação federativa brasileira e a discriminação 
constitucional das competências. 
 O Brasil adotou o modelo federal de estado, incluindo os Municípios como entes 
federados. A efetivação dos direitos e liberdades aspirada pelo modelo federativo pode 
ser considerada um dos grandes desafios contemporâneos, visto que a implantação 
desse modelo reforça o desbalanceamento federativo, com predominância ou 
superposição de determinados entes federativos sobre outros. 
 Sendo assim, o modelo artificial de federação adotado tem sido um fator a mais 
a dificultar o desenvolvimento da Educação em âmbito nacional, em virtude de haver 
Municípios e Estados que em tese estão preparados para a prestação do serviço público 
educacional, mas outros que não apresentam as condições adequadas, o que os torna 
dependentes das políticas públicas e da União. É imprescindível destacar, porém, que a 
Educação deve ser garantida com qualidade nos termos assegurados pela Constituição 
Federal, em todo o território nacional, a todos os cidadãos do País. 
3.1. CompetênciasLegislativas e Materiais. Competências concorrentes e 
comuns. 
A Constituição compreende a União, os Estados, Distrito Federal e Município como 
entes autônomos, em regime cooperativo e de equilíbrio. Para a distribuição do poder 
entre os entes federativos, adota a técnica da discriminação de competências, 
considerada como cerne do Estado Federal brasileiro, visto que é fundamental para a 
manutenção da autonomia e do equilíbrio do pacto federativo. 
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As competências consistem na esfera delimitada de poder que se outorga a um órgão 
ou entidade estatal, mediante a especificação de matérias sobre as quais se exerce o 
poder de governo. A Constituição Federal abrange uma estrutura composta de 
competências privativas, concorrentes, suplementares e comuns. 
7.1.1. Competências Legislativas: 
A competência atribuída pela Constituição Federal aos entes federativos distingue-
se em legislativa, correspondente ao poder de conformar o direito, pela edição de leis, e 
material, relativa à execução desse direito, por meio das atribuições administrativas. O 
poder para legislar é considerado fundamental para a existência e garantia do pacto 
federativo. Em regra, o detentor da competência legislativa tem a competência material 
ou executiva, isto é, tem o poder-dever de executar o serviço público correspondente. 
A competência legislativa pode ser exclusiva (art. 25, §§1º e 2º), privativa (art. 22), 
concorrente (art. 24) e suplementar (art. 24, §2º). Há competências exclusivas da União, 
dos Municípios (inclui apenas assunto de “interesse local”), dos Estados (compreende 
tudo aquilo que não foi atribuído à União ou aos Municípios) e do Distrito Federal 
(abrange as competências não só conferidas aos Estados, mas aos Municípios). 
Conferiu-se a competência concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal. 
Neste campo, compete à União estabelecer apenas as “normas gerais” (art. 24, § 1º) e 
aos Estados e Distrito Federal cabe complementar essas normas, adaptando-se às suas 
peculiaridades (art. 24, §2º). A Constituição Federal não atribuiu aos Municípios a 
competência legislativa concorrente, mas concedeu-lhes o poder de suplementar a 
legislação federal e estadual no que couber, conforme o art. 30, II. 
No caso da educação, a situação dos professores e demais profissionais, suas 
carreiras, condições de ingresso e progressão, regime disciplinar e sua relação com o 
problema do absenteísmo, o tema das contratações provisórias, tudo se insere na esfera 
de competência legislativa própria de cada entre federativo. Por esta razão, é 
extremamente difícil, no regime constitucional em vigor, implementar medidas gerais, 
de alcance nacional que valorizem a atividade dos professores e demais profissionais. 
 
7.1.2. Competências Materiais: 
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A competência material ou administrativa pode ser exclusiva (art. 21), outorgada 
à União; ou comum (art. 23), sendo conferida a todos os entes federados: União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios. 
A competência material comum significa que a prestação do serviço por uma 
entidade não exclui igual competência de outra. Exemplo dessa competência é o art. 23, 
V que versa sobre o dever de “proporcionar os meios de acesso à cultura, á educação e à 
ciência”. A competência material ou administrativa, em princípio, está relacionada à 
competência legislativa, isto é, quem tem competência legislativa para legislar sobre 
uma matéria tem competência para exercer função administrativa correspondente. 
A partir da segunda metade dos anos 1990, houve um processo de valorização 
crescente das competências materiais, gerando uma evolução em relação ao 
“nominalismo jurídico”, que sempre conferiu peso excessivo e desproporcional ao 
processo de edição de leis, dando pouca atenção às condições reais para que tais leis se 
transformem em comandos efetivos, capazes de orientar e modificar comportamentos 
no sentido buscado pela norma. 
 
8. Ordenação Constitucional das Competências em Matéria de Educação: 
A Educação é tratada entre as competências legislativas da União, no art. 22, XXIV, 
em que se lhe outorga o poder para legislar, privativamente sobre as “diretrizes e bases 
da educação nacional”. No art. 24, IX, são previstas também, entre as competências 
legislativas concorrentes de União, Estados e Distrito Federal, os temas da “educação, 
cultura, ensino e desporto”. 
Aos Municípios, apresar de não ser atribuída competência legislativa concorrente 
com a da União, Estado e Distrito Federal, por força do art. 30, II, são atribuídos 
poderes para suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, o que também 
se aplica à educação. Na concretização da norma, não se pode perder de vista o poder 
conferido a cada ente da federação para legislar. 
Apesar da necessidade de coesão do sistema, que se daria com a emissão pela 
União, de normas gerais e de normas específicas pelos demais entes da Federação, no 
que se refere aos seus respectivos sistemas de ensino, em regime de cooperação, o que 
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se apresenta ainda é uma grande omissão nesta área de atuação pelos entes federados, 
sem o devido cumprimento dos deveres constitucionais atribuídos, ainda que se possam 
reconhecer avanços tópicos em alguns Estados e Municípios. 
 
8.1. Competências do sistema de Ensino: 
A Constituição detalhou as disposições sobre a Educação no capítulo da Ordem 
Social. A organização dos sistemas de ensino está intrinsecamente relacionada com o 
modelo federativo adotado pelo Brasil. Deveria, assim, ser estabelecida em colaboração 
entre os entes federativos, conforme o art. 211. 
Os arts. 211 a 214, ao tratar dos sistemas de ensino da União dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios sistematizaram a distribuição dos encargos relativos à 
oferta do ensino, organizando, em princípio, o regime de colaboração. A Constituição 
cuidou também da explicitação dos recursos para o financiamento da Educação, no art. 
212, que determina a aplicação, pela União, anualmente, de nunca menos de 18% e, 
pelos Estados, o Distrito Federal e os Municípios de no mínimo 25% da receita 
resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino. 
 
8.2. A reorganização do desenho federativo educacional pelas Emendas 
Constitucionais do FUNDEF e do FUNDEB. A construção da cooperação entre 
os sistemas. 
 
As insuficiências na execução do direito educacional e a parcela de responsabilidade 
de desarticulação federativa nesse resultado, levaram a um movimento de reorganização 
federativa nesse campo, a partir de 1996, cujo traço mais visível é a redivisão das 
atribuições, com base na fase escolar; aos Municípios cabem os anos iniciais da 
escolarização, ao Estado, a fase intermediária e à União, a Educação Superior. 
A edição da Emenda Constitucional n.14/96 que institui o FUNDEF- Fundo de 
Desenvolvimento da Educação Fundamental e da Emenda n. 53/06 que instituiu o 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
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FUNDEB - Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, aprofundam a 
reorganização federativa e ampliam a garantia do Direito à Educação, com a ampliação 
do compromisso da União sobre a matéria. 
 
9. Iniciativas Infraconstitucionais de articulação Federativa. Programas 
Nacionais e Estaduais de Cooperação e assistência entre os Entes Federados.No plano Executivo, a federação brasileira, em matéria educacional, vem passando 
por uma série de medidas “de reajuste”, visando viabilizar a maior cooperação entre as 
diversas esferas, segundo linhas comuns de articulação, a fim de superar as dificuldades 
de execução das medidas necessárias à realização da Educação de qualidade. 
 
9.1. O Plano de Ações Articuladas. Decreto n. 6.094/07. 
 
O Decreto n. 6.094/07 apresenta a finalidade de implementar um plano de metas 
pela União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e 
Estados. Apresenta componentes estruturantes baseados na “mobilização social pela 
melhoria da qualidade da educação básica”. Para isso foi criado o Índice de 
Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. A vinculação do DF, Estados ou 
Municípios a esse Plano de Metas será “por meio de termo de adesão voluntária”. O 
terceiro componente do novo arranjo estabelecido baseava-se na estruturação de 
programas e ações de assistência técnica e financeira. 
 
9.2. Piso Nacional dos Professores: 
 
Talvez a medida mais importante do conjunto de iniciativas que se inicia com a 
proposição do projeto de Emenda Constitucional n. 53/06 foi a previsão do “piso 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
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salarial profissional nacional para os professores de educação escolar pública, nos 
termos da lei federal”. 
 
10. Rumo a um sistema único da educação nacional? O problema da articulação 
federativa para a verdadeira cooperação: 
 
A Educação pode vir a ser um sistema nacional, que, por sua vez, será um todo 
organizado em sistemas: distrital, estaduais, municipais. O interesse local deve ser 
exercido em harmonia com os interesses estadual e nacional; só assim se pode pressupor 
a unidade do sistema, capaz de conviver com as diversidades e especificidades dos 
sistemas distrital, estadual e municipal. 
A Constituição de um “sistema de Educação nacional”, portanto, que considere as 
peculiaridades regionais e locais, fazendo do Brasil efetivamente um Estado Federal 
equilibrado e cooperativo, passa talvez menos pela redefinição das atribuições e mais 
pelos modos para que cada ente da federação exerça o seu papel próprio. 
 
11. O artigo 23 da Constituição Federal e a “Lei Nacional da Educação”. 
 
O parágrafo único do art. 23, com a redação atribuída pela Emenda Constitucional n. 
53, passou a prescrever que “Leis Complementares fixarão normas para a cooperação 
entre União e os Estados, Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio 
do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional”. 
Isso tem como consequência a alteração da concepção de uma legislação genérica 
sobre os instrumentos de cooperação federativa, para, em lugar desta, enfrentar-se a 
demanda de articulação em relação a cada um dos temas ou direitos disciplinados 
constitucionalmente. 
Podemos passar a ter, por força de nova disposição constitucional, leis 
complementares fixando as normas para a cooperação federativa de forma temática. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
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Com isso, abre-se uma nova oportunidade para a propalada uniformização dos 
princípios gerais na Educação e o direcionamento simétrico das questões fundamentais 
que envolvem a sua concretização. 
 
12. O Sistema da Justiça e o Controle das Políticas Públicas: 
 
Cabe ao Estado a garantia dos direitos fundamentais por meio da formulação e 
implementação das políticas públicas correspondentes. Políticas Públicas são programas 
de ação governamental visando a coordenar os meios à disposição do Estado e as 
atividades privadas para a realização de objetivos socialmente relevantes e 
politicamente determinados. 
 Para a garantia da efetivação dos direitos fundamentais econômicos, sociais e 
culturais, deve o Estado aparelhar-se, estabelecendo a política pública, com a decorrente 
e necessária previsão orçamentária. Os direitos fundamentais sociais, como apontado, 
exigem um fazer do Estado, uma prestação positiva. Isso inclui atuações dos Poderes 
Legislativo, Executivo, Judiciário quanto à sua regulamentação e implementação. 
 Considerando que há menos recursos do que o necessário para o atendimento de 
todas as demandas decorrentes dos direitos econômicos, sociais e culturais, mister que o 
poder público elabore e implemente políticas públicas necessárias à efetivação de tais 
direitos. 
 A preocupação atual deve ser com a proteção e promoção dos direitos humanos. 
Não basta a ação negativa do Estado, ou seja, a não violação dos direitos do homem. 
Cabe ao Estado uma ação positiva, um fazer, por meio da regulamentação, quando 
necessária e a implementação com o desenvolvimento de políticas públicas. 
 A Educação, como direito fundamental que é, vincula o legislador ordinário e a 
atuação da Administração Pública. O texto constitucional apresenta verdadeiros direitos 
subjetivos de eficácia imediata, os quais exigem, via de regra, uma prestação positiva do 
Estado, que, em muitos casos terá que criar serviços públicos para atende-los. 
Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. 
Docente: Carlos Rátis 
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 Diante das atribuições constitucionais, inobstante a realidade da escassez de 
recursos para bancar as políticas públicas educacionais, é obrigatório o planejamento, 
estabelecendo-se prioridades entre as diversas metas a atingir, racionalizando a sua 
utilização. O Estado tem o dever de planejar suas contas para o desenvolvimento 
nacional equilibrado, possibilitando o cumprimento das atribuições essenciais fixadas 
nas normas constitucionais.

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