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Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. CADERNO DIGITADO DIREITO EDUCACIONAL Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. 1º aula: Houve um movimento de reconhecimento do direito educacional no século XX, ainda ocorrendo discussões educacionais que buscam novos anseios. No direito constitucional contemporâneo, não se versa sobre educação sem abordar a qualidade. O direito educacional, desde a década de 70, tem um conjunto de princípios defendidos para protege-lo. Sendo assim, o texto constitucional apresenta normas principiológicas específicas sobre direito educacional que visam proteger esse direito fundamental. Esses princípios, delineados na Constituição Federal dão consistência e autonomia ao direito educacional. Os princípios que norteiam o direito educacional devem observar aos princípios gerais que regem a administração, irradiando efeitos para todos os ramos. Evolução Histórica do direito educacional no Brasil: Pode-se afirmar que antes das constituições, a proteção da educação no Brasil seria dividida em 3 etapas, sendo a educação utilizada em todas as etapas como instrumento de poder (estratificação social) e não de emancipação intelectual. o 1º Etapa – Fase Jesuítica (1949 – 1768) Os membros da Companhia de Jesus instituíram as escolas de ler, escrever e contar que acabavam por impor um processo de aculturamento e enfraquecimento da cultura nacional, visando catequisar, impor regras quanto à alimentação, vestuário. Sendo assim, a prestação educacional servia para preparar minimamente o cidadão para atividades de desejo da metrópole. o 2º Etapa – Fase Pombalina (1768 – 1808) A transição de fases decorre da expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal que impôs nova orientação educacional, adotando o método tutorial (Lancaster) que visava a massificação do ensino, ou seja, a busca pela difusão do conhecimento para o maior número de alunos possível (uniformização da prestação educacional). Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. A orientação educacional é imprescindível para a instituição de um Estado Nacional, visto que é preciso aproximar as diversas classes sociais, a partir da mesma língua e costumes. O elemento educacional é fundamental na consolidação da forma do Estado no século XVIII. Sendo assim, o Marquês de Pombal visava assegurar o conhecimento de trabalhadores e proletariado que objetivam o atendimento dos interesses da metrópole e não a criação de instituições de excelência, sendo oferecido o necessário. o 3º Etapa – Fase Joanina (1808 – 1822) Houve a implementação das primeiras faculdades (ensino superior), entretanto sua fundação não decorreu do movimento acadêmico do Brasil, mas da vinda da família real que necessitava de profissionais capacitados para atender às suas necessidades. O Direito à Educação nas Constituições brasileiras: Em 1822, o Brasil se torna independente. Todas as constituições trataram sobre a proteção do direito à educação, desde a Constituição Federal imperial o legislador impôs sobre esse direito fundamental. Entretanto, a proteção desse direito se relaciona à conjectura político-econômico-social. o Constituição Federal de 1824: Nessa Constituição, o direito ao ensino primário era oferecido a todos os cidadãos brasileiros. Entretanto, existiam milhões de analfabetos, visto que os estrangeiros e negros não eram considerados cidadãos e havia restrições ao acesso da mulher à educação. Sendo assim, os analfabetos votavam e se candidatavam, sustentando o poder dominante. o Constituição Federal de 1891: Em 1891, os analfabetos não podiam mais votar, visto que vários escravos foram emancipados. Sendo assim, apesar da abolição, não houve garantia do acesso à ATENÇÃO A convergência das três etapas é que a educação foi implantada a fim de manipular os indivíduos. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. educação. Conforme João Nabuco, de nada adiantaria a Lei Áurea sem a educação dos cidadãos, este ainda enuncia que ainda se viveria um século de escravidão, visto que os cidadãos por não ter acesso à educação serão subalternos dos imigrantes. o Constituição Federal de 1934: A Constituição de 1934 trouxe capítulo próprio sobre o direito educacional, versava, ainda, sobre o constitucionalismo do bem-estar social (Welfare State). É pioneira quanto a uma verdadeira proteção dos direitos sociais, trazendo avanços na educação. Preocupava-se com a receita específica para a educação (custo dos direitos). Sendo assim, o Estado passa de Estado mínimo para garantidor (intervencionismo estatal), sem objetivar desrespeitar as liberdades da constituição. Essa Constituição Federal foi motivada pelas constituições sociais desse período (1916 – Constituição de Weimar, 1917 – Constituição Mexicana, 1933 – Constituição de Salazar). o Constituição Federal de 1937: A Constituição Federal de 1937 impõe o retrocesso dos direitos fundamentais em face dos avanços trazidos pela carta de 1934. O direito à educação depende das CURIOSIDADE: Pela primeira vez houve uma preocupação com a situação das crianças e adolescentes junto às empresas que não apresentavam creches, obrigando-as a oferecer creche aos filhos dos empregados. DIREITOS FUNDAMENTAIS DE SEGUNDA GERAÇÃO: Os direitos de segunda geração, também denominados de direitos sociais e econômicos não buscavam uma abstenção do Estado, mas obrigavam-no a prestações positivas, fundando-se no princípio da justiça social e propiciando ao ente estatal um “direito de participar do bem-estar social”. Logo, não se cuida mais da liberdade perante o Estado, mas por intermédio deste. Esses direitos que reconhecem a liberdade social buscavam efetivar a liberdade e igualdade de condições, não apenas formal, mas material. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. liberdades sociais e essa carta demonstra como a educação era utilizada para fins de um estado autoritário. Sendo assim, retroage quanto ao exercício da liberdade de aprendizagem, de escolha, quanto à orientação da formação do indivíduo, cerceou a opção por parte dos pais, restringiu a liberdade de manifestação dos professores em sala de aula. O conhecimento era utilizado, portanto, para fins de manipulação, manutenção e estratificação social. A carta de 1937 demonstrou que o acesso à educação não é o único aspecto a ser protegido pelo Estado, mas o acesso observando a liberdade de aprendizagem, de expressão na construção do eixo de formação. A proteção à educação, portanto, não envolve apenas o lado prestacional, os direitos negativos se apresentam como relevantes. A manifestação de Getúlio Vargas no preambulo dessa Constituição demonstrou como a orientação educacional seria imprescindível ao fortalecimento do estado nacionalista. Todos os estados nacionalistas invocaram o plano educacional como imprescindível à constituição de uma cidadania voltada ao fortalecimento do estado. o Constituição Federal de 1946: A carta de 1946 afasta a ingerência por parte do Estado quanto ao conteúdo programático ao eixo de formação, permitindo o retorno dos avanços de 1934. Imunidade Tributária para as instituições educacionais: Essa carta trouxe como novidade um sistema tributário nacional avançado que imprimiu normas regulando a imunidadetributária (dispensa constitucional da cobrança de um tributo) para as instituições educacionais. O legislador apresentava como intenção o favorecimento, ou seja, uma ação afirmativa fiscal das instituições educacionais que preenchiam os requisitos objetivos, evitando a banalização do instituto. Exercício do Direito à Greve: Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. Outra novidade apresentada por essa carta é o direito de greve que deve ser balizado e protegido, observando as contenções necessárias, deve ser uma liberdade exercida com responsabilidade, visto que o trabalhador tem o direito de lutar por melhores condições de trabalho. o Constituição Federal de 1967 e Constituição Federal de 1969: As Constituições do período da ditadura militar acabaram por repetir os avanços da carta de 1946, não exigindo um estudo aprofundado sobre a proteção educacional. o Constituição Federal de 1988: A Constituição Federal de 1988, além de trazer didaticamente as modalidades dos direitos fundamentais, engloba vários microssistemas jurídicos protetivos desses direitos. Sendo assim, os direitos fundamentais estão previstos do art. 5º ao 17, tratando sobre direitos individuais e coletivos, direitos sociais, direitos políticos (direitos “no catálogo”), mas também fora desse intervalo (direitos “fora do catálogo”). O Bloco de Constitucionalidade oriundo do conselho constitucional francês enuncia que são direitos fundamentais aqueles que estão previstos na Constituição Federal e aqueles que não estão, mas são tratados como se constitucionais fossem (art. 5º, parágrafo 3º da CF). Art. 5º § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Conforme Carlos Ratis, há uma eficácia vertical dos tratados que protegem os direitos humanos, irradiando efeitos no processo de construção das constituições. Sendo assim, é imprescindível destacar que há um reflexo de fora para dentro e de dentro para fora, visto que as Constituições podem imprimir efeitos para tratados e acordos internacionais e vice-versa. No que se refere ao direito à educação, a Constituição Federal brasileira é mais avançada que os tratados internacionais, havendo troca de experiências, visto que um sistema pode influenciar o outro. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. A Magna Carta se caracteriza por ser uma reunião de constituições e dentre estas se encontra a constituição da educação, resultado de uma evolução protetiva desse direito das outras constituições brasileiras. Sendo assim, a Constituição Federal de 1988 tece uma proteção constitucional ostensiva ao Direito Educacional, regulando-o do art. 205 ao 214, porém não se esgotando. Segundo Carlos Ratis, nenhum direito fundamental é tão protegido quanto o direito à educação, nem mesmo a vida. O ensino considerado obrigatório, sendo direito público subjetivo. No Brasil, o ensino obrigatório é 4 a 17 anos. Em 1988 o ensino obrigatório era o ensino fundamental, a partir de 2009 passou a contemplar o Ensino Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Cada vez mais, o período de ensino obrigatório tem sido ampliado, abarcando mais fases, visto que o exercício da cidadania exige um cidadão mais preparado. No plano da proteção da educação de qualidade houve um grande avanço para instrumentalizar os órgãos responsáveis a dar completude. No campo da qualidade, cada vez mais uma legislação protetiva vem sendo criada, mas não é possível amordaçar as instituições quanto o que vem a ser qualidade, visto que essa passa por exercício de autonomia e características próprias de cada instituição, envolvidos por ambiente próprios, aspectos históricos e culturais distintos. Sendo assim, o estado apenas apresenta diretrizes. A busca incessante do que vem a ser qualidade deve ser levada com cuidado, para que não passe a ser uma ditadura, perdendo a sua força normativa, não podendo ser uma extensão delimitada e tão somente responsabilidade do estado. A busca do que vem a ser qualidade ultrapassa requisitos intrínsecos, individualidade, subjetivismo os quais não podem ser controlados pelo judiciário (reserva de competência do magistrado). É a sociedade aberta de interpretes que devem atribuir o sentido de qualidade. (ATENÇÃO! QUESTÃO DA ÚLTIMA PROVA). Deveres fundamentais na Constituição Federal: Os deveres fundamentais corresponderiam a sujeições impostas pelo exercício do próprio poder constituinte. No contrato social firmado entre o individuo e o estado não Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. existem apenas clausulas que versam sobre direitos, mas também deveres. A fundamentalização das obrigações também corresponderiam à obrigações políticas. Os deveres fundamentais, em regra, exigem uma atuação do legislador, ou seja, observam reserva legal, visto que acabam por restringir os direitos fundamentais, visando o seu próprio fortalecimento, ou seja, o respeito sistemático dos direitos fundamentais. Os deveres fundamentais surgem nas constituições do século XVIII, sendo assim as mesmas constituições que positivaram os direitos reconheceram deveres não mais naturais, mas fundamentais. Assim como os direitos são divididos em gerações, os deveres fundamentais também o foram, podendo ser estudados em períodos. Existem deveres fundamentais que vão estar presentes na Constituição através de normas constitucionais de aplicação imediata, apesar de, em regra, correspondem a regras de aplicação mediatas, logo o Estado ao impor as sujeições deve criar legislação específica para que esses direitos sejam exigidos. Direito à Educação como um dever fundamental: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A educação não é apenas um direito, mas um dever fundamental de aplicação imediata, imposição constitucional para que o cidadão se desenvolva plenamente, tenha preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Sendo assim, o legislador constituinte deixou claro que a prestação educacional não é apenas um dever fundamental do Estado, mas também um dever da família e da sociedade, constituindo um tripé constante. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. Entretanto, o legislador acaba por não dar o mesmo tratamento aos deveres do que foi a sua preocupação em relação aos direitos, em virtude de uma motivação histórica, não só a Constituição Federal 1988 se afastou dos deveres, mas todas as Constituições dos Estados que ultrapassaram ditaduras, os legisladores constituintes tinham como intenção se afastar de estados totalitários (Itália, Portugal, Espanha). Sendo assim, o afastamento dos deveres foi intencional, visto que havia um entendimento das constituições cidadãs de que a valorização dos deveres seria de um estado totalitário. Faz-se mister destacar, porém que os direitos fundamentais serão respeitados quando os deveres forem atendidos, estes precisam ser valorizados, portanto, conforme Norberto Bobbio. Destarte, o não cumprimento dos deveres fundamentais implica a restrição dos direitos fundamentais. Até mesmo para queo cidadão reconheça a importância dos deveres, estes devem ter acesso à educação – formação indispensável para compreender, discernir, dialogar em relação aos deveres. É imprescindível, portanto, a manutenção, transmissão de características, costumes e processos da Educação. Faz-se mister destacar que o principal educador dos indivíduos são os responsáveis (família), dessa forma, os pais na liberdade de ensino devem escolher, acompanhar a fruição deste direito. Existem metas que só serão cumpridas se o cidadão tiver acesso à educação, considerada um direito instrumental, visto que é ponte para o exercício de outros direitos fundamentais. Sendo assim, os direitos sociais só serão objeto de fruição se o indivíduo tiver acesso à educação (direito fundamental transdimensional e transversal que apresenta nuances de todas as dimensões). O direito à educação não é apenas um direito, mas um dever. A expressão deveres aparece na Constituição e o legislador acaba por não dar o mesmo tratamento aos deveres do que foi a sua preocupação em relação aos direitos, em virtude de uma CURIOSIDADE: A própria família pode prestar o serviço educacional no espaço do próprio lar, depois demonstrando para o estado uma absorção e preenchimento de conhecimento mínimo. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. motivação histórica, não só a CF 1988 se afastou dos deveres, mas todas as Constituições dos Estados que ultrapassaram ditaduras, os legisladores constituintes tinham como intenção se afastar de estados totalitários (Itália, Portugal, Espanha). A Constituição cidadã tinha os deveres como um fantasma a ser esquecido. O afastamento dos deveres foi intencional, visto que havia um entendimento de que a valorização dos deveres seria de um estado totalitário. Os direitos fundamentais serão respeitados quando os deveres forem atendidos, estes precisam ser valorizados, portanto, conforme Norberto Bobbio. A perspectiva dos deveres não deve ser apenas para com o Estado, mas para com a Sociedade e a Família. Para o cidadão reconhecer a importância dos deveres e estes serem atendidos, este deve ter educação – formação indispensável para compreender, discernir, dialogar em relação aos deveres. Os deveres fundamentais corresponderiam a sujeições impostas pelo exercício do próprio poder constituinte. No contrato social firmado entre o individuo e o estado não existem apenas clausulas que versam sobre direitos, mas também deveres. A fundamentalização das obrigações também corresponderiam a obrigações políticas. Os deveres fundamentais surgem nas constituições do século XVIII. As mesmas constituições que positivaram os direitos reconheceram deveres não mais naturais, mas fundamentais. Os deveres fundamentais também podem ser estudados em períodos. Assim como os direitos são divididos em gerações, os deveres fundamentais também o foram. Os deveres fundamentais de primeira dimensão são: o dever de proteger a pátria/ estado. São encontradas na primeira dimensão dos deveres, o dever de recolher tributos. Os deveres fundamentais, em regra, exigem uma atuação do legislador, ou seja, observam reserva legal, visto que acabam por restringir os direitos fundamentais, visando o seu próprio fortalecimento, ou seja, o respeito sistemático dos direitos fundamentais. Entretanto, existem deveres fundamentais que vão estar presentes na Constituição através de normas constitucionais de aplicação imediata, apesar de, em regra, correspondem a regras de aplicação mediatas, logo o Estado ao impor as Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. sujeições deve criar legislação específica para que esses direitos sejam exigidos. Existe dever fundamental implícito. Entre dos deveres fundamentais de aplicação imediata está o direito e o dever da educação. O não cumprimento dos deveres fundamentais implica a restrição dos direitos fundamentais. Princípios do Direito à Educação: Esses princípios não são taxativos, se aplicando ao ensino básico, o ensino superior e o ensino técnico, além disso, seguem os princípios da administração pública e relações privadas. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; É uma densificação do princípio da isonomia. O Estado deveria adotar ações afirmativas para todas as fases do ensino básico. A parte final do incisivo tenta evitar a evasão escolar, assegurando que o discente venha a concluir todas as etapas do ensino básico especial. II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; Não há projeto educacional no estado constitucional se liberdade de aprendizagem e de ensino não forem respeitadas. As liberdades devem ser exercidas com responsabilidade, visto que liberdade não se confunde com libertinagem. No ambiente educacional, a flexibilidade se torna objeto de muita discussão. A liberdade de pesquisas e ideias não podem se confundir com a instigação de práticas odiosas. III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE DIREITO ANA CLARA SUZART LOPES DA SILVA FICHAMENTO: “A ORDENAÇÃO FEDERATIVA DA EDUCAÇÃO BRASIELIRA E SEU IMPACTO SOBRE A FORMAÇÃO E O CONTROLE DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS”. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. Salvador-Bahia 2015 O Direito Educacional no sistema jurídico brasileiro – Nina Beatriz Stocco Ranieri. 2. A intrincada articulação federativa brasileira e a discriminação constitucional das competências. O Brasil adotou o modelo federal de estado, incluindo os Municípios como entes federados. A efetivação dos direitos e liberdades aspirada pelo modelo federativo pode ser considerada um dos grandes desafios contemporâneos, visto que a implantação desse modelo reforça o desbalanceamento federativo, com predominância ou superposição de determinados entes federativos sobre outros. Sendo assim, o modelo artificial de federação adotado tem sido um fator a mais a dificultar o desenvolvimento da Educação em âmbito nacional, em virtude de haver Municípios e Estados que em tese estão preparados para a prestação do serviço público educacional, mas outros que não apresentam as condições adequadas, o que os torna dependentes das políticaspúblicas e da União. É imprescindível destacar, porém, que a Educação deve ser garantida com qualidade nos termos assegurados pela Constituição Federal, em todo o território nacional, a todos os cidadãos do País. 2.1. Competências Legislativas e Materiais. Competências concorrentes e comuns. A Constituição compreende a União, os Estados, Distrito Federal e Município como entes autônomos, em regime cooperativo e de equilíbrio. Para a distribuição do poder entre os entes federativos, adota a técnica da discriminação de competências, considerada como cerne do Estado Federal brasileiro, visto que é fundamental para a manutenção da autonomia e do equilíbrio do pacto federativo. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. As competências consistem na esfera delimitada de poder que se outorga a um órgão ou entidade estatal, mediante a especificação de matérias sobre as quais se exerce o poder de governo. A Constituição Federal abrange uma estrutura composta de competências privativas, concorrentes, suplementares e comuns. 2.1.1. Competências Legislativas: A competência atribuída pela Constituição Federal aos entes federativos distingue- se em legislativa, correspondente ao poder de conformar o direito, pela edição de leis, e material, relativa à execução desse direito, por meio das atribuições administrativas. O poder para legislar é considerado fundamental para a existência e garantia do pacto federativo. Em regra, o detentor da competência legislativa tem a competência material ou executiva, isto é, tem o poder-dever de executar o serviço público correspondente. A competência legislativa pode ser exclusiva (art. 25, §§1º e 2º), privativa (art. 22), concorrente (art. 24) e suplementar (art. 24, §2º). Há competências exclusivas da União, dos Municípios (inclui apenas assunto de “interesse local”), dos Estados (compreende tudo aquilo que não foi atribuído à União ou aos Municípios) e do Distrito Federal (abrange as competências não só conferidas aos Estados, mas aos Municípios). Conferiu-se a competência concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Neste campo, compete à União estabelecer apenas as “normas gerais” (art. 24, § 1º) e aos Estados e Distrito Federal cabe complementar essas normas, adaptando-se às suas peculiaridades (art. 24, §2º). A Constituição Federal não atribuiu aos Municípios a competência legislativa concorrente, mas concedeu-lhes o poder de suplementar a legislação federal e estadual no que couber, conforme o art. 30, II. No caso da educação, a situação dos professores e demais profissionais, suas carreiras, condições de ingresso e progressão, regime disciplinar e sua relação com o problema do absenteísmo, o tema das contratações provisórias, tudo se insere na esfera de competência legislativa própria de cada entre federativo. Por esta razão, é extremamente difícil, no regime constitucional em vigor, implementar medidas gerais, de alcance nacional que valorizem a atividade dos professores e demais profissionais. 2.1.2. Competências Materiais: Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. A competência material ou administrativa pode ser exclusiva (art. 21), outorgada à União; ou comum (art. 23), sendo conferida a todos os entes federados: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A competência material comum significa que a prestação do serviço por uma entidade não exclui igual competência de outra. Exemplo dessa competência é o art. 23, V que versa sobre o dever de “proporcionar os meios de acesso à cultura, á educação e à ciência”. A competência material ou administrativa, em princípio, está relacionada à competência legislativa, isto é, quem tem competência legislativa para legislar sobre uma matéria tem competência para exercer função administrativa correspondente. A partir da segunda metade dos anos 1990, houve um processo de valorização crescente das competências materiais, gerando uma evolução em relação ao “nominalismo jurídico”, que sempre conferiu peso excessivo e desproporcional ao processo de edição de leis, dando pouca atenção às condições reais para que tais leis se transformem em comandos efetivos, capazes de orientar e modificar comportamentos no sentido buscado pela norma. 3. Ordenação Constitucional das Competências em Matéria de Educação: A Educação é tratada entre as competências legislativas da União, no art. 22, XXIV, em que se lhe outorga o poder para legislar, privativamente sobre as “diretrizes e bases da educação nacional”. No art. 24, IX, são previstas também, entre as competências legislativas concorrentes de União, Estados e Distrito Federal, os temas da “educação, cultura, ensino e desporto”. Aos Municípios, apresar de não ser atribuída competência legislativa concorrente com a da União, Estado e Distrito Federal, por força do art. 30, II, são atribuídos poderes para suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, o que também se aplica à educação. Na concretização da norma, não se pode perder de vista o poder conferido a cada ente da federação para legislar. Apesar da necessidade de coesão do sistema, que se daria com a emissão pela União, de normas gerais e de normas específicas pelos demais entes da Federação, no que se refere aos seus respectivos sistemas de ensino, em regime de cooperação, o que Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. se apresenta ainda é uma grande omissão nesta área de atuação pelos entes federados, sem o devido cumprimento dos deveres constitucionais atribuídos, ainda que se possam reconhecer avanços tópicos em alguns Estados e Municípios. 3.1. Competências do sistema de Ensino: A Constituição detalhou as disposições sobre a Educação no capítulo da Ordem Social. A organização dos sistemas de ensino está intrinsecamente relacionada com o modelo federativo adotado pelo Brasil. Deveria, assim, ser estabelecida em colaboração entre os entes federativos, conforme o art. 211. Os arts. 211 a 214, ao tratar dos sistemas de ensino da União dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios sistematizaram a distribuição dos encargos relativos à oferta do ensino, organizando, em princípio, o regime de colaboração. A Constituição cuidou também da explicitação dos recursos para o financiamento da Educação, no art. 212, que determina a aplicação, pela União, anualmente, de nunca menos de 18% e, pelos Estados, o Distrito Federal e os Municípios de no mínimo 25% da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. 3.2. A reorganização do desenho federativo educacional pelas Emendas Constitucionais do FUNDEF e do FUNDEB. A construção da cooperação entre os sistemas. As insuficiências na execução do direito educacional e a parcela de responsabilidade de desarticulação federativa nesse resultado, levaram a um movimento de reorganização federativa nesse campo, a partir de 1996, cujo traço mais visível é a redivisão das atribuições, com base na fase escolar; aos Municípios cabem os anos iniciais da escolarização, ao Estado, a fase intermediária e à União, a Educação Superior. A edição da Emenda Constitucional n.14/96 que institui o FUNDEF- Fundo de Desenvolvimento da Educação Fundamental e da Emenda n. 53/06 que instituiu o Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. FUNDEB - Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, aprofundam a reorganização federativa e ampliam a garantiado Direito à Educação, com a ampliação do compromisso da União sobre a matéria. 4. Iniciativas Infraconstitucionais de articulação Federativa. Programas Nacionais e Estaduais de Cooperação e assistência entre os Entes Federados. No plano Executivo, a federação brasileira, em matéria educacional, vem passando por uma série de medidas “de reajuste”, visando viabilizar a maior cooperação entre as diversas esferas, segundo linhas comuns de articulação, a fim de superar as dificuldades de execução das medidas necessárias à realização da Educação de qualidade. 4.1. O Plano de Ações Articuladas. Decreto n. 6.094/07. O Decreto n. 6.094/07 apresenta a finalidade de implementar um plano de metas pela União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados. Apresenta componentes estruturantes baseados na “mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica”. Para isso foi criado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. A vinculação do DF, Estados ou Municípios a esse Plano de Metas será “por meio de termo de adesão voluntária”. O terceiro componente do novo arranjo estabelecido baseava-se na estruturação de programas e ações de assistência técnica e financeira. 4.2. Piso Nacional dos Professores: Talvez a medida mais importante do conjunto de iniciativas que se inicia com a proposição do projeto de Emenda Constitucional n. 53/06 foi a previsão do “piso Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. salarial profissional nacional para os professores de educação escolar pública, nos termos da lei federal”. 5. Rumo a um sistema único da educação nacional? O problema da articulação federativa para a verdadeira cooperação: A Educação pode vir a ser um sistema nacional, que, por sua vez, será um todo organizado em sistemas: distrital, estaduais, municipais. O interesse local deve ser exercido em harmonia com os interesses estadual e nacional; só assim se pode pressupor a unidade do sistema, capaz de conviver com as diversidades e especificidades dos sistemas distrital, estadual e municipal. A Constituição de um “sistema de Educação nacional”, portanto, que considere as peculiaridades regionais e locais, fazendo do Brasil efetivamente um Estado Federal equilibrado e cooperativo, passa talvez menos pela redefinição das atribuições e mais pelos modos para que cada ente da federação exerça o seu papel próprio. 6. O artigo 23 da Constituição Federal e a “Lei Nacional da Educação”. O parágrafo único do art. 23, com a redação atribuída pela Emenda Constitucional n. 53, passou a prescrever que “Leis Complementares fixarão normas para a cooperação entre União e os Estados, Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional”. Isso tem como consequência a alteração da concepção de uma legislação genérica sobre os instrumentos de cooperação federativa, para, em lugar desta, enfrentar-se a demanda de articulação em relação a cada um dos temas ou direitos disciplinados constitucionalmente. Podemos passar a ter, por força de nova disposição constitucional, leis complementares fixando as normas para a cooperação federativa de forma temática. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. Com isso, abre-se uma nova oportunidade para a propalada uniformização dos princípios gerais na Educação e o direcionamento simétrico das questões fundamentais que envolvem a sua concretização. 7. O Sistema da Justiça e o Controle das Políticas Públicas: Cabe ao Estado a garantia dos direitos fundamentais por meio da formulação e implementação das políticas públicas correspondentes. Políticas Públicas são programas de ação governamental visando a coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas para a realização de objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados. Para a garantia da efetivação dos direitos fundamentais econômicos, sociais e culturais, deve o Estado aparelhar-se, estabelecendo a política pública, com a decorrente e necessária previsão orçamentária. Os direitos fundamentais sociais, como apontado, exigem um fazer do Estado, uma prestação positiva. Isso inclui atuações dos Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário quanto à sua regulamentação e implementação. Considerando que há menos recursos do que o necessário para o atendimento de todas as demandas decorrentes dos direitos econômicos, sociais e culturais, mister que o poder público elabore e implemente políticas públicas necessárias à efetivação de tais direitos. A preocupação atual deve ser com a proteção e promoção dos direitos humanos. Não basta a ação negativa do Estado, ou seja, a não violação dos direitos do homem. Cabe ao Estado uma ação positiva, um fazer, por meio da regulamentação, quando necessária e a implementação com o desenvolvimento de políticas públicas. A Educação, como direito fundamental que é, vincula o legislador ordinário e a atuação da Administração Pública. O texto constitucional apresenta verdadeiros direitos subjetivos de eficácia imediata, os quais exigem, via de regra, uma prestação positiva do Estado, que, em muitos casos terá que criar serviços públicos para atende-los. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. Diante das atribuições constitucionais, inobstante a realidade da escassez de recursos para bancar as políticas públicas educacionais, é obrigatório o planejamento, estabelecendo-se prioridades entre as diversas metas a atingir, racionalizando a sua utilização. O Estado tem o dever de planejar suas contas para o desenvolvimento nacional equilibrado, possibilitando o cumprimento das atribuições essenciais fixadas nas normas constitucionais. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE DIREITO ANA CLARA SUZART LOPES DA SILVA FICHAMENTO: “A ORDENAÇÃO FEDERATIVA DA EDUCAÇÃO BRASIELIRA E SEU IMPACTO SOBRE A FORMAÇÃO E O CONTROLE DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS”. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. Salvador-Bahia 2015 O Direito Educacional no sistema jurídico brasileiro – Nina Beatriz Stocco Ranieri. 3. A intrincada articulação federativa brasileira e a discriminação constitucional das competências. O Brasil adotou o modelo federal de estado, incluindo os Municípios como entes federados. A efetivação dos direitos e liberdades aspirada pelo modelo federativo pode ser considerada um dos grandes desafios contemporâneos, visto que a implantação desse modelo reforça o desbalanceamento federativo, com predominância ou superposição de determinados entes federativos sobre outros. Sendo assim, o modelo artificial de federação adotado tem sido um fator a mais a dificultar o desenvolvimento da Educação em âmbito nacional, em virtude de haver Municípios e Estados que em tese estão preparados para a prestação do serviço público educacional, mas outros que não apresentam as condições adequadas, o que os torna dependentes das políticas públicas e da União. É imprescindível destacar, porém, que a Educação deve ser garantida com qualidade nos termos assegurados pela Constituição Federal, em todo o território nacional, a todos os cidadãos do País. 3.1. CompetênciasLegislativas e Materiais. Competências concorrentes e comuns. A Constituição compreende a União, os Estados, Distrito Federal e Município como entes autônomos, em regime cooperativo e de equilíbrio. Para a distribuição do poder entre os entes federativos, adota a técnica da discriminação de competências, considerada como cerne do Estado Federal brasileiro, visto que é fundamental para a manutenção da autonomia e do equilíbrio do pacto federativo. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. As competências consistem na esfera delimitada de poder que se outorga a um órgão ou entidade estatal, mediante a especificação de matérias sobre as quais se exerce o poder de governo. A Constituição Federal abrange uma estrutura composta de competências privativas, concorrentes, suplementares e comuns. 7.1.1. Competências Legislativas: A competência atribuída pela Constituição Federal aos entes federativos distingue- se em legislativa, correspondente ao poder de conformar o direito, pela edição de leis, e material, relativa à execução desse direito, por meio das atribuições administrativas. O poder para legislar é considerado fundamental para a existência e garantia do pacto federativo. Em regra, o detentor da competência legislativa tem a competência material ou executiva, isto é, tem o poder-dever de executar o serviço público correspondente. A competência legislativa pode ser exclusiva (art. 25, §§1º e 2º), privativa (art. 22), concorrente (art. 24) e suplementar (art. 24, §2º). Há competências exclusivas da União, dos Municípios (inclui apenas assunto de “interesse local”), dos Estados (compreende tudo aquilo que não foi atribuído à União ou aos Municípios) e do Distrito Federal (abrange as competências não só conferidas aos Estados, mas aos Municípios). Conferiu-se a competência concorrente à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Neste campo, compete à União estabelecer apenas as “normas gerais” (art. 24, § 1º) e aos Estados e Distrito Federal cabe complementar essas normas, adaptando-se às suas peculiaridades (art. 24, §2º). A Constituição Federal não atribuiu aos Municípios a competência legislativa concorrente, mas concedeu-lhes o poder de suplementar a legislação federal e estadual no que couber, conforme o art. 30, II. No caso da educação, a situação dos professores e demais profissionais, suas carreiras, condições de ingresso e progressão, regime disciplinar e sua relação com o problema do absenteísmo, o tema das contratações provisórias, tudo se insere na esfera de competência legislativa própria de cada entre federativo. Por esta razão, é extremamente difícil, no regime constitucional em vigor, implementar medidas gerais, de alcance nacional que valorizem a atividade dos professores e demais profissionais. 7.1.2. Competências Materiais: Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. A competência material ou administrativa pode ser exclusiva (art. 21), outorgada à União; ou comum (art. 23), sendo conferida a todos os entes federados: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A competência material comum significa que a prestação do serviço por uma entidade não exclui igual competência de outra. Exemplo dessa competência é o art. 23, V que versa sobre o dever de “proporcionar os meios de acesso à cultura, á educação e à ciência”. A competência material ou administrativa, em princípio, está relacionada à competência legislativa, isto é, quem tem competência legislativa para legislar sobre uma matéria tem competência para exercer função administrativa correspondente. A partir da segunda metade dos anos 1990, houve um processo de valorização crescente das competências materiais, gerando uma evolução em relação ao “nominalismo jurídico”, que sempre conferiu peso excessivo e desproporcional ao processo de edição de leis, dando pouca atenção às condições reais para que tais leis se transformem em comandos efetivos, capazes de orientar e modificar comportamentos no sentido buscado pela norma. 8. Ordenação Constitucional das Competências em Matéria de Educação: A Educação é tratada entre as competências legislativas da União, no art. 22, XXIV, em que se lhe outorga o poder para legislar, privativamente sobre as “diretrizes e bases da educação nacional”. No art. 24, IX, são previstas também, entre as competências legislativas concorrentes de União, Estados e Distrito Federal, os temas da “educação, cultura, ensino e desporto”. Aos Municípios, apresar de não ser atribuída competência legislativa concorrente com a da União, Estado e Distrito Federal, por força do art. 30, II, são atribuídos poderes para suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, o que também se aplica à educação. Na concretização da norma, não se pode perder de vista o poder conferido a cada ente da federação para legislar. Apesar da necessidade de coesão do sistema, que se daria com a emissão pela União, de normas gerais e de normas específicas pelos demais entes da Federação, no que se refere aos seus respectivos sistemas de ensino, em regime de cooperação, o que Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. se apresenta ainda é uma grande omissão nesta área de atuação pelos entes federados, sem o devido cumprimento dos deveres constitucionais atribuídos, ainda que se possam reconhecer avanços tópicos em alguns Estados e Municípios. 8.1. Competências do sistema de Ensino: A Constituição detalhou as disposições sobre a Educação no capítulo da Ordem Social. A organização dos sistemas de ensino está intrinsecamente relacionada com o modelo federativo adotado pelo Brasil. Deveria, assim, ser estabelecida em colaboração entre os entes federativos, conforme o art. 211. Os arts. 211 a 214, ao tratar dos sistemas de ensino da União dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios sistematizaram a distribuição dos encargos relativos à oferta do ensino, organizando, em princípio, o regime de colaboração. A Constituição cuidou também da explicitação dos recursos para o financiamento da Educação, no art. 212, que determina a aplicação, pela União, anualmente, de nunca menos de 18% e, pelos Estados, o Distrito Federal e os Municípios de no mínimo 25% da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. 8.2. A reorganização do desenho federativo educacional pelas Emendas Constitucionais do FUNDEF e do FUNDEB. A construção da cooperação entre os sistemas. As insuficiências na execução do direito educacional e a parcela de responsabilidade de desarticulação federativa nesse resultado, levaram a um movimento de reorganização federativa nesse campo, a partir de 1996, cujo traço mais visível é a redivisão das atribuições, com base na fase escolar; aos Municípios cabem os anos iniciais da escolarização, ao Estado, a fase intermediária e à União, a Educação Superior. A edição da Emenda Constitucional n.14/96 que institui o FUNDEF- Fundo de Desenvolvimento da Educação Fundamental e da Emenda n. 53/06 que instituiu o Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. FUNDEB - Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica, aprofundam a reorganização federativa e ampliam a garantia do Direito à Educação, com a ampliação do compromisso da União sobre a matéria. 9. Iniciativas Infraconstitucionais de articulação Federativa. Programas Nacionais e Estaduais de Cooperação e assistência entre os Entes Federados.No plano Executivo, a federação brasileira, em matéria educacional, vem passando por uma série de medidas “de reajuste”, visando viabilizar a maior cooperação entre as diversas esferas, segundo linhas comuns de articulação, a fim de superar as dificuldades de execução das medidas necessárias à realização da Educação de qualidade. 9.1. O Plano de Ações Articuladas. Decreto n. 6.094/07. O Decreto n. 6.094/07 apresenta a finalidade de implementar um plano de metas pela União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados. Apresenta componentes estruturantes baseados na “mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica”. Para isso foi criado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. A vinculação do DF, Estados ou Municípios a esse Plano de Metas será “por meio de termo de adesão voluntária”. O terceiro componente do novo arranjo estabelecido baseava-se na estruturação de programas e ações de assistência técnica e financeira. 9.2. Piso Nacional dos Professores: Talvez a medida mais importante do conjunto de iniciativas que se inicia com a proposição do projeto de Emenda Constitucional n. 53/06 foi a previsão do “piso Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. salarial profissional nacional para os professores de educação escolar pública, nos termos da lei federal”. 10. Rumo a um sistema único da educação nacional? O problema da articulação federativa para a verdadeira cooperação: A Educação pode vir a ser um sistema nacional, que, por sua vez, será um todo organizado em sistemas: distrital, estaduais, municipais. O interesse local deve ser exercido em harmonia com os interesses estadual e nacional; só assim se pode pressupor a unidade do sistema, capaz de conviver com as diversidades e especificidades dos sistemas distrital, estadual e municipal. A Constituição de um “sistema de Educação nacional”, portanto, que considere as peculiaridades regionais e locais, fazendo do Brasil efetivamente um Estado Federal equilibrado e cooperativo, passa talvez menos pela redefinição das atribuições e mais pelos modos para que cada ente da federação exerça o seu papel próprio. 11. O artigo 23 da Constituição Federal e a “Lei Nacional da Educação”. O parágrafo único do art. 23, com a redação atribuída pela Emenda Constitucional n. 53, passou a prescrever que “Leis Complementares fixarão normas para a cooperação entre União e os Estados, Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional”. Isso tem como consequência a alteração da concepção de uma legislação genérica sobre os instrumentos de cooperação federativa, para, em lugar desta, enfrentar-se a demanda de articulação em relação a cada um dos temas ou direitos disciplinados constitucionalmente. Podemos passar a ter, por força de nova disposição constitucional, leis complementares fixando as normas para a cooperação federativa de forma temática. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. Com isso, abre-se uma nova oportunidade para a propalada uniformização dos princípios gerais na Educação e o direcionamento simétrico das questões fundamentais que envolvem a sua concretização. 12. O Sistema da Justiça e o Controle das Políticas Públicas: Cabe ao Estado a garantia dos direitos fundamentais por meio da formulação e implementação das políticas públicas correspondentes. Políticas Públicas são programas de ação governamental visando a coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas para a realização de objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados. Para a garantia da efetivação dos direitos fundamentais econômicos, sociais e culturais, deve o Estado aparelhar-se, estabelecendo a política pública, com a decorrente e necessária previsão orçamentária. Os direitos fundamentais sociais, como apontado, exigem um fazer do Estado, uma prestação positiva. Isso inclui atuações dos Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário quanto à sua regulamentação e implementação. Considerando que há menos recursos do que o necessário para o atendimento de todas as demandas decorrentes dos direitos econômicos, sociais e culturais, mister que o poder público elabore e implemente políticas públicas necessárias à efetivação de tais direitos. A preocupação atual deve ser com a proteção e promoção dos direitos humanos. Não basta a ação negativa do Estado, ou seja, a não violação dos direitos do homem. Cabe ao Estado uma ação positiva, um fazer, por meio da regulamentação, quando necessária e a implementação com o desenvolvimento de políticas públicas. A Educação, como direito fundamental que é, vincula o legislador ordinário e a atuação da Administração Pública. O texto constitucional apresenta verdadeiros direitos subjetivos de eficácia imediata, os quais exigem, via de regra, uma prestação positiva do Estado, que, em muitos casos terá que criar serviços públicos para atende-los. Discente: Ana Clara Suzart Lopes da Silva. Docente: Carlos Rátis Semestre: 2015.1. Diante das atribuições constitucionais, inobstante a realidade da escassez de recursos para bancar as políticas públicas educacionais, é obrigatório o planejamento, estabelecendo-se prioridades entre as diversas metas a atingir, racionalizando a sua utilização. O Estado tem o dever de planejar suas contas para o desenvolvimento nacional equilibrado, possibilitando o cumprimento das atribuições essenciais fixadas nas normas constitucionais.
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