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RESENHA DESCRITIVA DE TEXTOS SOBRE 
PSICOLOGIA JURÍDICA NO BRASIL 
2016 
 
TEXTOS: 
 BRITO, Leila Maria Torraca de. Anotações sobre a Psicologia Jurídica. Artigo 
publicado na revista Psicologia: Ciência e Profissão. Nº 32, p.194-205. 2012. 
 ARANTES, Esther Maria de Magalhães Pensando a Psicologia aplicada à 
Justiça. Capítulo do livro Psicologia Jurídica no Brasil. Organização de Eduardo 
Ponte Brandão e Hebe Signorini Gonçalves. Rio de Janeiro: NAU Ed. 2004 
 
RESENHA DESCRITIVA: 
 A psicologia jurídica, devido à diversidade de demandas originadas do Poder 
Judicial, tornou-se uma área em plena discussão. A própria psicologia tornou-se 
ciência a partir das demandas do judiciário. No século XIX, a principal solicitação do 
judiciário era a determinação da fidedignidade ou falsidades dos testemunhos 
prestados perante o juiz. A partir daí foram realizadas pesquisas e criados 
laboratórios experimentais para estudar a memória, as sensações e as percepções. 
O primeiro desses laboratórios foi criado na Alemanha, na cidade de Leipzig, em 
1879, pelo médico, filosofo e psicólogo Wilhelm Wundt (1832-1920), que passou a 
utilizar métodos que validassem a psicologia como ciência. 
 O sociólogo, médico psiquiatra e psicólogo cubano Emilio Mira y López (1896-
1964), no Manual de Psicologia Jurídica escrito por ele em 1945 (p.7), explica que a 
psicologia "é uma ciência que, pelo menos, oferece as mesmas garantias de 
seriedade e eficiência que as restantes disciplinas biológicas". Trata-se de uma 
ciência que utiliza critérios de objetividade e neutralidade na obtenção de dados que 
podem ser comprovados, aferidos através de testes e traduzidos em forma de 
percentil. Dessa forma é possível determinar a sinceridade, a fidedignidade dos 
testemunhos apresentados na justiça, além de ajudar na determinação da 
periculosidade dos delinquentes. 
 O exercício da psicologia foi regulamentado no Brasil em 1962, mas foi 
somente a partir de 1986 que a psicologia foi separada da medicina, passando a ter 
um curso específico na Universidade Estadual de Rio de Janeiro. Inicialmente os 
psicólogos eram chamados pelo judiciário para realizar diagnósticos no campo da 
psicopatologia, emitindo pareceres técnico-científicos e diagnósticos psicológicos 
que serviriam de base para a tomada de decisão do juiz. 
 O primeiro concurso público para o cargo específico de psicólogo do Tribunal 
de Justiça de São Paulo ocorreu em 1985. Já no estado de Minas Gerais, um 
concurso equivalente aconteceu em 1992, e no Rio de Janeiro em 1998. Esses 
concursos tinham como principal objetivo a designação de psicólogos para as Varas 
da Família e da Infância e Juventude. 
 Antes dos citados concursos, os profissionais de psicologia estavam na 
"clandestinidade", visto que não tinham cargos definidos no judiciário, trabalhando 
apenas na realização de perícias que forneceriam subsídios para a tomada de 
decisões dos magistrados, sem poder efetuar uma contribuição técnica e científica 
reconhecida. No entanto, a lei nº 7.210/84, conhecida como Lei de Execução Penal, 
exigiu que houvesse um psicólogo trabalhando em cada presídio visando 
recomendar às autoridades as progressões e conversões dos regimes aplicados aos 
detentos. Essa função passou a ser questionada por muitos psicólogos, visto que 
tais recomendações caberiam a outra categoria profissional. 
 No Direito da Família, até pouco tempo atrás, os psicólogos trabalhavam 
como assistentes técnicos ou peritos, limitando sua atuação à emissão de 
pareceres, laudos e relatórios técnicos. Atualmente o posicionamento dos 
profissionais é a favor da realização de estudos psicossociais no lugar de perícias, 
devido ao surgimento de novos questionamentos (bullying, assédio moral, abandono 
afetivo, disputa pela guarda dos filhos etc.) que requerem indagações constantes e 
um olhar crítico para os possíveis desdobramentos das intervenções. 
 Já no Direito da Infância e da Juventude, houve mudanças com a criação da 
lei nº 8069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que expôs a 
necessidade de manter uma equipe interprofissional que pudesse assessorar os 
magistrados nos juízos, além de avaliar periodicamente os adolescentes internados 
em unidades de detenção. Porém, alguns assuntos ainda geram controvérsia entre 
os profissionais, tal como o depoimento de crianças que sofreram abuso sexual: os 
psicólogos devem repassar às crianças os questionamentos formulados em juízo? 
 Outro ponto de grande controvérsia é a internação de crianças e adolescentes 
por Mandado Judicial, visto que o Código de Ética Médica e o Código Penal não 
coincidem, negando à equipe médica a possibilidade de opinar. Essas internações 
têm as seguintes características: são compulsórias; predominam os quadros não-
psicóticos; há estipulação de prazos de internação os quais geralmente são 
superiores aos dos demais internos; o tratamento é considerado como pena; são 
utilizados psicofármacos; uma escolta está presente durante todo o período de 
internação; a equipe médica não conhece os procedimentos judiciais. 
 O Conselho Federal de Psicologia - CFP, devido à grande quantidade de 
representações contra psicólogos que realizam trabalhos dirigidos para o Sistema 
Judicial, passou a realizar eventos orientados para esses profissionais e a utilizar o 
termo "psicologia na interface com a Justiça". Esse termo inclui os psicólogos que 
trabalham nos tribunais e aqueles que realizam trabalhos para o sistema judiciário, 
seja em consultórios clínicos, ou como convidados em processos, ou ainda 
integrando equipes multidisciplinares. 
 Um dos problemas enfrentados pelos psicólogos nessa área é a falta de 
conhecimentos relacionados às práticas do sistema judiciário. Isso acaba levando os 
profissionais a atender as solicitações mais variadas e a enfrentar situações inéditas 
que geram dúvidas: seu papel é de terapeuta ou perito? No entanto, é certo que o 
sigilo profissional deve ser mantido, tal como estipula o artigo 6º, alínea b do Código 
de Ética Profissional, podendo compartilhar apenas informações relevantes e 
necessárias, mas sempre resguardando a confidencialidade. 
 Para a confecção de pareceres técnicos, o CFP emitiu a Resolução nº 
007/2003 instituindo o Manual de Elaboração de Documentos Escritos. Os pareceres 
técnicos devem ser elaborados a partir da coleta de dados utilizando técnicas 
aceitas pela classe. A avaliação psicológica não deve servir como simples 
investigação para determinação da veracidade dos depoimentos, nem as conclusões 
devem indicar medidas judiciais ou sentenças. 
 O CFP também emitiu, em 2010, três resoluções orientadas especificamente 
para aqueles que atuam na psicologia jurídica: nº 008/2010, que dispõe sobre a 
atuação do profissional como perito e assistente técnico do judiciário; nº 009/2010, 
que dispõe sobre a atuação no sistema prisional, proibindo a realização de exame 
criminológico, revogada posteriormente pela resolução nº 012/2011 que regulamenta 
a atuação no sistema prisional; e nº 010/2010, que regulamenta a Escuta 
Psicológica de Crianças e Adolescentes em situação de violência, proibindo aos 
profissionais a atuação como inquiridores. 
 É possível concluir, então, que a postura investigativa e de desconfiança não 
condizem com o comportamento dos psicólogos jurídicos, sendo necessário que os 
profissionais dessa área trabalhem sempre com o discernimento, o conhecimento, a 
certeza e a ética da profissão de psicólogo.

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