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Max weber

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Max weber – Biografia: 
Viveu entre 1864 e 1920. / Intelectual alemão. / Jurista, economista e sociólogo. / Sua obra mais famosa é os dois artigos que compõem  A ética protestante e o espírito do capitalismo; relações entre religião e capitalismo.
Introdução: 
Contexto alemão na época de Weber:
Debate entre os positivistas e seus críticos.
O objeto da polêmica eram as especificidades das ciências da natureza e das “ciências do espírito”.
Questionamentos sobre o papel dos valores e a possibilidade da formulação de leis.
À razão científica dos positivistas contrapunha-se a razão histórica, isto é, a ideia de que a compreensão do fenômeno social requer a recuperação do seu sentido, sempre atrelado a uma temporalidade, a uma visão de mundo e a um ponto de vista.
Marx e Nietzsche: principais influências de Weber
Estudo do capitalismo ocidental de uma perspectiva histórica, econômica, ideológica e sociológica. 
Investigou as relações entre estrutura e superestrutura (materialismo histórico).
As ideias, assim como os fatores materiais, atuavam na sociedade; crítica ao materialismo marxista vulgar: considerar apenas uma causa nas explicações sociológicas.
A partir de Nietzsche (1844-1900): a vontade de poder, expressa na luta entre valores antagônicos, é que torna a realidade social, política e econômica compreensível = caráter conflituoso implícito no pluralismo democrático.
A objetividade do conhecimento:
Na investigação de um tema, um cientista é inspirado por seus próprios valores e ideais.
Ele deve estabelecer uma distinção entre reconhecer e julgar, e a cumprir tanto o dever científico de ver a verdade dos fatos, como o dever prático de defender os próprios valores, que devem ser obrigatoriamente expostos.
Distinguir a política e a ciência; ambas possuem valores agregados.
Enquanto a ciência é um produto da reflexão do cientista, a política o é do homem de vontade e de ação, ou do membro de uma classe (compartilhamento de ideologias e interesses).
A ciência está a serviço do autoesclarecimento e conhecimento de fatos interrelacionados.
Para Weber, as ciências sociais devem compreender os eventos sociais enquanto singularidades:
Captar a especificidade dos fenômenos estudados e seus significados.
Como é impossível investigar todas as circunstâncias ou variáveis num determinado acontecimento (realidade cultural infinita), o cientista precisa isolar um fragmento do social que considera relevante.
O critério de seleção é dado pelo significado que certos fenômenos possuem tanto para o cientista quanto para a cultura e a época em que se inserem.
O fato de haver escolhas em função de valores, determinados pelos cientistas, impossibilita a constituição de leis a partir da realidade empírica; a seleção dos fenômenos culturais é subjetiva.
Weber também criticou o uso de conceitos genéricos, abrangentes ou abstratos por serem pobres em conteúdo, afastados da riqueza da realidade histórica.
Explicar fenômenos sociais por meio de “leis” ou conceitos genéricos pode ser útil apenas como um trabalho preliminar.
Os tipos ideais:
Ao tomar um objeto, fragmento finito de realidade (selecionado), o cientista social procura compreender uma individualidade sociocultural.
Componentes historicamente agrupados.
Por ser uma ciência generalizadora, a Sociologia constrói conceitos-tipos.
Para Weber eles são “vazios frente à realidade concreta do histórico” e distanciados desta;
Mas, ao mesmo tempo, são fórmulas interpretativas através das quais se apresenta uma explicação racional para a realidade empírica que organiza.
O que dá valor a uma construção teórica é a concordância entre a adequação de sentido que propõe e a prova dos fatos.
Quando é impossível realizar a prova empírica, a evidência se torna apenas uma hipótese (possibilidade).
O método e os conceitos ligam-se às normas de validez científica referidos a uma teoria.
A elaboração de um instrumento que oriente o cientista social em sua busca de conexões causais é o modelo de interpretação-investigação = tipo ideal.
Os conceitos da sociologia weberiana:
Ação e ação social
Ação: toda conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um significado subjetivo dado por quem a executa e que orienta essa ação.
Quando a orientação tem em vista a ação de outros agentes (individuais ou coletivos), ela passa a ser definida como ação social.
A Sociologia, para Weber, é a ciência que pode interpretar a ação social para explicá-la causalmente em seu desenvolvimento e efeitos.
Observar regularidades expressas em usos, costumes ou situações de interesse.
A explicação sociológica busca compreender e interpretar o sentido, o desenvolvimento e os efeitos da conduta de um ou mais indivíduos referida a outro ou outros.
Não se propõe a julgar a validez da ação social e nem compreender o agente enquanto pessoa (limite do campo).
Compreender uma ação é captar e interpretar sua conexão de sentido; ação compreensível é ação com sentido.
As condutas humanas são tanto mais racionalizadas quanto menor for a submissão do agente aos costumes e afetos e quanto mais ele se oriente por um planejamento adequado à situação.
Para compreender uma ação através do método científico, o sociólogo elabora o limite que chama de tipos puros ou ideais (abstrações, conceitos), vazios de realidade concreta.
Conjunto articulado de princípios racionais para explicar as ações. 
Weber construiu quatro tipos puros ou ideais de ação (a seguir), podendo haver combinações entre eles.
Os tipos puros de ação e de ação social: 
Racional com relação a fins: para atingir um objetivo previamente definido, o agente lança mão dos meios necessários ou adequados, avaliados e combinados a partir de seu ponto de vista.
A conexão entre fins e meios é tanto mais racional quanto mais a conduta se dê sem a interferência de tradições e afetos que desviam seu curso.
Racional em relação a valores: o agente orienta-se por princípios, agindo de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções e levando em conta somente sua fidelidade a tais valores (ex.: honestidade, castidade); não é guiado pela consideração dos efeitos que poderão advir de sua conduta. 
Há uma certa irracionalidade na relação entre meios e fins.
Relação social:
Relações sociais se fundam em probabilidades e expectativas do comportamento de cada um dos participantes. 
A compreensão do sentido das ações gera expectativas da ação do outro.
Atenção: o caráter recíproco da relação social não significa uma atuação do mesmo tipo por parte de cada um dos agentes envolvidos. Apenas quer dizer que uns e outros partilham a compreensão do sentido das ações. Pode não haver correspondência.
As relações sociais são os conteúdos significativos atribuídos por aqueles que agem tomando o outro como referência; as condutas de uns e outros orientam-se por esse sentido, embora não tenha reciprocidade no que diz respeito ao conteúdo.
Os conteúdos significativos que orientam as relações não são permanentes, nem mesmo as relações existentes (ex.: matrimônio, corporações e o próprio Estado).
 Tanto mais racionais sejam as relações sociais, mais facilmente poderão ser expressas sob a forma de normas; ex.: relações de conteúdo econômico ou jurídico, regulamentações governamentais.
 Sobre a ordem (obrigações ou modelos de conduta) – a garantia da validade de uma ordem pode se dar:
com base na probabilidade de uma possível conduta discordante resultar numa reprovação geral (convenção).
coação física ou psíquica exercida por um quadro de indivíduos instituídos para forçar a conduta ou castigar a transgressão (direito).
Divisão do poder na comunidade: classes, estamentos e partidos:
Weber e a questão das diferenças sociais:
Elas podem ter vários princípios explicativos.
O critério de classificação é dado pela dominância, em dada unidade histórica, de uma forma de organização. 
Ex. 1: nas sociedades capitalistas modernas a propriedade de certos bens e as possibilidades de usá-los no mercado estão entre osdeterminantes essenciais da posição de seus membros; predomínio da esfera econômica: riqueza e propriedade – principais fundamentos da posição social.
Ex. 2: nas sociedades feudais europeias valorizava-se a origem ou a linhagem como principal elemento de classificação – fatores decisivos quando a esfera predominante é a social.
A concepção de sociedade construída por Weber implica numa separação de esferas: econômica, religiosa, política, jurídica, social, cultural; cada uma com lógicas particulares de funcionamento. 
Há padrões de ação social que são específicos da cada ordem.
É nas ações e no sentido que o agente lhes confere que se atualiza a lógica de cada uma das esferas da vida em sociedade. 
Cada pessoa pode participar, ao mesmo tempo, de diferentes esferas: ser membro de um partido, ter prestígio social, ter propriedade, ser membro de uma religião etc.
Conceitos referentes ao plano coletivo (sentidos partilhados) que permitem entender os mecanismos diferenciados de distribuição de poder: classes; estamentos ou grupos de status; partidos.
Classes: pessoas que têm a mesma posição no que se refere à propriedade de bens ou de habilitações.
Ações sociais definidas pelo mercado, luta pelo poder econômico; interesses lucrativos e de posse de bens (proprietário de terras, de escravos, industriais, trabalhadores qualificados, profissionais liberais).
Estamentos: posição de honra e prestígio na ordem social. As relações sociais são baseadas em regras de pertencimento a grupos de status. 
Expressam sua honra por meio de um estilo de vida típico: consumo de bens diferenciados, determinados comportamentos, modos de expressão, matrimônios endogâmicos, tipos de vestimenta específicos.
Partidos: ação tipicamente racional dos grupos; busca influir sobre a direção que toma uma associação ou uma comunidade.
Dominação:
O que faz com que as relações sociais se mantenham?
 O que faz com que os indivíduos deem às suas ações um sentido determinado que perdure com regularidade no tempo e no espaço?
 Para Weber, o social constrói-se a partir das ações individuais.
Deve-se investigar o fundamento da organização social, chave do verdadeiro problema sociológico.
Dominação ou produção de legitimidade – submissão de um grupo a um mandato.
 Fundamental distinguir os conceitos de poder e dominação.
Poder: probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo com resistência.
Não se limita a nenhuma circunstância social específica, pois a imposição da vontade de alguém pode ocorrer em inúmeras situações.
Meios para alcançar o poder: violência, propaganda, sufrágio por procedimentos rudes ou delicados (dinheiro, influência social, poder da palavra, sugestão, engano, táticas parlamentares).
Dominação: probabilidade de encontrar obediência num grupo; uma vontade (mandato) do dominador/dominadores que influi sobre os atos de outros (dominado/dominados), num grau socialmente relevante. É como se os dominados tivessem adotados os atos por si mesmos e, consequentemente, o conteúdo do mandato (obediência). 
A essência da política, dos mecanismos do mercado e da vida social é a luta.
O conteúdo das relações sociais orienta-se pelo propósito de impor a própria vontade contra a resistência da outra ou das outras partes. 
Os homens lutariam por seus interesses em todos os âmbitos:
Classes, estamentos e partidos são fenômenos de distribuição de poder dentro da comunidade e manifestações organizadas da luta cotidiana que caracterizaria a existência humana.
Destaca o indivíduo nas relações sociais (valor, crença, interesses) e possibilita dar às relações sociais o sentido que interessa ao agente/aos agentes em luta.

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