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Resumo Prova de Civil III

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Resumo 2ª prova de Direito Civil III
Responsabilidade Civil
O objetivo da Responsabilidade civil é reparar o dano causado que tenha levado a diminuição do bem jurídico da vítima, sendo que sem dano não há reparação, só podendo existir a obrigação de indenização quando existir dano, que pode ser de ordem material ou imaterial.
A responsabilidade civil parte do posicionamento que todo aquele que violar um dever jurídico através de um ato lícito ou ilícito, tem o dever de reparar, pois todos temos um dever jurídico originário o de não causar danos a outrem e ao violar este dever jurídico originário, passamos a ter um dever jurídico sucessivo, o de reparar o dano que foi causado.
Fato jurídico é todo acontecimento da vida que o Direito considera relevante, são os fatos que o Direito pode ou deve interferir. Podem ser naturais, acontecidos pela força da natureza, como entre outros, o nascimento, morte, tempestade, ou voluntários quando são causados por condutas humanas que podem ser atos lícitos ou ilícitos. Os lícitos são os que estão de acordo com a lei produzindo efeitos em conformidade com o ordenamento jurídico. 
Os ilícitos são os que estão em desacordo com o ordenamento jurídico logo produzem efeitos, que de acordo com as normas legais causam um dano ou um prejuízo a alguém, com isso criam uma obrigação de reparar o dano que foi causado, conforme visto no art. 186 e art. 927 do Código Civil onde estão as seguintes previsões "Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral comete ato ilícito" e "Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo".
Pressupostos da responsabilidade civil
--> Ação, Omissão e imputabilidade
As condutas humanas que venham a causar um dano são na maioria da vezes cometidas por uma ação que se originam de um fazer, ou seja, um movimento corpóreo comissivo, uma ação voluntária que causa um prejuízo, dano ou lesão a alguém. 
Diferente da omissão onde temos um não fazer, uma pessoa que não age quando poderia e com isso permite que alguém diante um risco ou uma situação de perigo venha a sofrer um dano ao patrimônio ou uma lesão a si própria.
Porém a Responsabilidade Civil não pode ser atribuída a todos é necessário verificarmos se o agente causador do dano é imputável, se a pessoa ao cometer um ato lesivo possuía condições psíquicas ou condições de responder por este ato, pois ao atribuir responsabilidade estamos atribuindo o dever de responder, e uma pessoa pode ser inimputável por seus atos devido as suas condições mentais ou devido a sua menoridade, na opinião de Savatier "quem diz culpa diz imputação. 
E que um dano previsível e evitável para uma pessoa pode não ser para outra, sendo iníquo considerar de maneira idêntica a culpabilidade do menino e a do adulto, do leigo e do especialista..."
--> Danos materiais e imateriais
Como já visto o objetivo da Responsabilidade civil é reparar o dano causado que tenha levado a diminuição do bem jurídico da vítima, sendo que sem dano não há reparação só podendo existir a obrigação de indenização quando existir dano, este pode ser material, causado diretamente a vítima ou seu patrimônio, ou ainda imaterial, causado a personalidade, honra, imagem, liberdade e etc. Mais uma vez vale a pena lembrar que quando há dano a obrigação de reparar e para isso não importa a natureza do dano sendo ele material ou imaterial.
O dano material é todo dano causado ao bem jurídico de valor econômico, pode ser uma agressão diretamente a vítima e com isso causar despesas médicas ou uma avalia a um bem que faz parte do seu patrimônio, que por sua vez pode ser reparado de forma "in natura", ou seja, pode ser trocado por outro semelhante, ou em pecúnia, em dinheiro, a reparação pode ser pelo valor do conserto ou valor do bem, logo entende-se como exemplo o veículo é um bem material que tem valor econômico para o dono e aquele que causar dano terá que reparar com outro semelhante ao primeiro, ou indenizar no valor do conserto ou no valor do bem.
Sendo uma das espécies de dano material os danos emergentes, é nada mais do que o valor direto da reparação, trazendo para a vítima a situação em que ela se encontrava antes do dano, o exemplo mais comum é no caso de um acidente de trânsito com perda total do veículo, o dano emergente é o valor do mesmo antes do acidente ou com perda parcial o dano emergente seria o valor do conserto, ou seja quando alguém comete um dano está obrigado a reparar e a reparação se dá quando o agente causador indeniza a título de danos emergentes.
Outra espécie de dano material, são os lucros cessantes, o propósito de indenizar com base em lucros cessantes está na possibilidade da pessoa ter um dano e com isso deixar de lucrar, como no exemplo acima se o veículo fosse um táxi, o valor do conserto é o dano emergente como já visto, mas o tempo em que o táxi ficaria na oficina para o conserto é o tempo que o taxista deixou de trabalhar, logo teria um lucro que ele deixaria de receber. 
Este lucro deve ser calculado conforme o lucro que ele teve em outros dias em que trabalhou ou com base em outros taxistas do mesmo ponto, multiplicando pelo número de dias em que ficou sem o táxi, como exemplo se o táxi ficar cinco dias no conserto e cada dia o taxista teria um lucro de R$: 50,00, basta multiplicar 5 dias pelos R$: 50,00, logo o valor dos lucros cessantes ficariam em R$: 250,00.
E ainda, indenização por perda de uma chance como vimos para existir indenização precisa existir dano, podendo ser material ou moral, efetivo ou lucros que poderiam ser recebidos futuramente, em regra precisa mostrar a culpa do agente causador, porém há situações onde a responsabilidade existe independente de culpa, mas uma coisa é certa precisa existir o dano de forma certa e imediata com base no art. 403 Código Civil, não sendo possível indenizações de danos imaginários ou de meras hipóteses, sendo necessário de mostrar nexo causal entre o dano e o fato que o gerou.
Já no consiste o dano imaterial não está ligado ao patrimônio da vítima, mas sim a todos os direito de personalidade como a honra, a imagem, a liberdade, conforme disposto no art. 5º, V e X, da Constituição Federal. Trata-se de um dano ou lesão cujo conteúdo não é pecuniário, pois não está relacionado ao patrimônio da vítima, mas sim a sua imagem e reputação, como ela é vista na sociedade e o que as pessoas pensam sobre ela 
Conforme disposto no art. 186 do Código Civil de 2002, aquele que causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral comete ato ilícito, não sendo apenas indenizados os danos materiais como também possível a sua cumulação, pois o fato de indenizar um dano material não exclui a ofensa sofrida de forma moral, mas apesar de não ter sido exposto no código de 1916, ao longo dos anos se observa que os julgados já reconheciam danos a moral, o que mostra que mesmo sem ter sido disposto na legislação não havia impedimentos para indenizações de ofensa moral, ou seja ao ânimo psíquico, moral, intelectual da vítima.
Contudo o Código de 2002 trouxe expressa esta possibilidade de reparação, aos danos morais, por questões culturais uma vez que no direito positivo se leva muito em conta a norma escrita, porém deve-se levar em conta que não é qualquer dano vindo de um dissabor da vida, qualquer aborrecimento comum do dia a dia que vai levar ao tal chamado dano moral, o que levará sempre o magistrado levar em conta o caso em si e as repercussões, tanto para reconhecer o dano como também para medir o valor da reparação.
--> Nexo causal e suas excludentes de responsabilidades
Para atribuir a responsabilidade a alguém é preciso verificar se há nexo causal, ou seja, se a conduta praticada pelo agente infrator está relacionada com o dano que a vítima sofreu, se a resposta for sim, logo o agente causador responde pelo dano que causou a vítima, tendo que indenizar a vítima reparando seu erro, seja o dano de ordem material ou imaterial.
Porémnão é tarefa fácil, em muitas situações, analisar quais as causas que geraram o dano e se existem concausas que contribuíram para que o evento danoso acontecesse, para auxiliar nesta tarefa existem três teorias que são utilizadas como base para entender se houve nexo de causalidade e se esta deu causa ao dano, são elas: a teoria da equivalência das condições, a teoria de causalidade adequada e a teoria direta ou imediata.
A teoria da equivalência das condições apresenta que todos os fatores que contribuíram para que o prejuízo acontecesse, são consideradas causas, bastando estar presente qualquer fato que direta ou indiretamente tenha servido para que o resultado fosse o dano, estaria este fato concorrendo com outras concausas, visão bastante ampla que sofre sérias críticas, pois poderia dizer então que uma pessoa que dispara com uma arma de fogo contra outra causando a morte desta, responderia neste caso não apenas o autor do disparo, mas também quem fabricou a arma, quem vendeu ou até mesmo quem inventou a pólvora.
Teoria da causalidade adequada, criada pelo filósofo alemão Von Kries, trás como causa do resultado danoso tudo que contribuiu de forma adequada ou seja segundo um juízo de probabilidades, sendo que nem todas as concausas estariam concorrendo com o evento que gerou o dano. A ideia fundamental da doutrina é a de que só há uma relação de causalidade adequada entre o fato e o dano quando o ato ilícito praticado pelo agente seja de molde a provocar o dano sofrido pela vítima, segundo o curso normal das coisas e a experiência comum da vida.
Da mesma forma a teoria da causalidade adequada também sofre críticas, pois se na teoria da equivalência tudo que contribuiu ao resultado daria causa ao dano, na teoria da causalidade adequada apenas as concausas diretas seriam as responsáveis pelo resultado danoso, como não há previsão legal do que seria uma concausa direta a teoria da causalidade adequada deixa ao julgador decidir quais concausas são ou não diretas.
Por último, a teoria da causalidade direta ou imediata, diz que causa é o que gerou o dano de forma direta e imediata, como no seguinte exemplo, se Caio é ferido por Tício, após uma discussão, Caio é socorrido por Pedro, que ao levar seu amigo para o hospital dirige em alta velocidade. No trajeto o veículo capota, Caio falece. Ora Tício responde apenas pelo ferimento que causou antes do veículo capotar, porque seu comportamento não está relacionado ao acidente, no entanto apenas quem comete as causas diretas e imediatas deve responder pelo dano.
Espécies de Resp. Civil
--> Resp. Extracontratual e contratual
Visto que todo mal causado deve ser reparado e a Resp. Civil trata da obrigação de indenizar a vítima que teve um bem lesado diante uma ação ou omissão causada por um ato ilícito, a partir disso podemos analisar que as obrigações podem vir de uma Responsabilidade extracontratual ou contratual, vamos analisar primeiro ás que derivam de contratos na qual existe uma relação jurídica entre as partes onde ambos assumiram um compromisso entre elas e com o inadimplemento da obrigação firmada em contrato causaria um dano.
Como por exemplo em um contrato de compra e venda, existe um acordo onde A quer vender e B quer comprar, se B paga e não recebe temos um inadimplemento da parte de A, que não entregou o objeto da compra e venda, com isso traz o dever a aquele que não cumpriu sua parte, de reparar aquele que não teve sua pretensão atendida, situação que permite uma maior facilidade em reconhecer o ilícito ou o dano, pois tendo diante um contrato uma obrigação que não foi respeitada por uma parte, deixando a outra parte sem receber aquilo que era de direito, não sendo necessário apurar muito sobre provas.
Como também, pode ser extracontratual na qual não existe relação contratual entre as partes, porém ao violar um direito causando um dano, com base no art. 186Código Civil, haverá uma obrigação que não estava prevista em contrato, mas prevista na lei. Exemplo: em um acidente de trânsito aquele que bate em outro veículo causando um prejuízo para o dono fica obrigado a pagar o conserto, com o propósito de reparar o dano causado, sendo que não havia contrato firmado entre os dois motoristas que previni-se esta situação, mas sim por ser uma previsão legal, que quando o agente causador mesmo que diante uma ação ou omissões danifica o bem de outro está obrigado a indenizar, também cabe observa outra previsão legal que a indenização deve ser na medida e na proporção do dano.
Diante isso nota-se que há uma tendência entre as pessoas em realizar seus negócios através de contratos pois ficaria mais óbvio provar a culpa daquele que não cumpriu sua parte, como também mais fácil de estabelecer a pena aplicada no caso de não cumprimento de uma clausula, uma vez que o Direito tem por base reprimir quem não cumpri um ordenamento jurídico.
--> Resp. Subjetiva e Resp. Objetiva 
De acordo com a teoria clássica a culpa deve ser sempre apurada, sendo este o entendimento aplicado na maioria das ações, é o entendimento utilizado de forma geral, dispensado apenas nos casos onde temos atividade de risco ou nas relações de consumo, conforme previsto no Código de defesa do consumidor, para todas as outras só pode existir a obrigação de indenizar quando ficar provado que o agente causador ao cometer o dano fez com culpa, sendo com isso dever da vítima o ônus probatório contra o agressor para então apurar seus direitos de indenização ao dano sofrido, sendo neste caso aplicada a Resp. Civil subjetiva, onde se faz necessário comprovar a culpa sendo esta indispensável para propor as ações que visam reparar o dano.
Porém, com o desenvolvimento das indústrias, crescimento da população e o aumento cada vez maior das relações de consumo, seria difícil em muitas situações, para a vítima provar a culpa do agente causador do dano ou muitas vezes não teria meios suficientes, ou ainda, em muitos casos o agente causador é quem detêm as provas necessárias do ato que o incriminaria, sendo assim a vítima ficaria sem qualquer meio de ver seu Direito vigorar, após muitos anos de estudos iniciados na Itália que deram origem a Resp. Civil objetiva e por último sendo adotados pelo Brasil, chegou-se à teoria do risco, a qual trouxe a obrigação em indenizar uma vez que a atividade seja de risco, um exemplo comum é no caso das CIA's de energia elétrica, se eu tenho um aparelho eletroeletrônico que é danificado após uma queda de energia a Cia fica obrigada a reparar, pois esta exerce uma atividade de risco e somente ela teria meios de evitar esta queda de energia, logo a possibilidade de indenizar sem provar a culpa, sendo no entanto, apenas necessário provar que existe entre o dano algum nexo causal, ou seja, que o dano aconteceu por causa de uma ação ou omissão do agente.
No que diz respeito as relações de consumo, cada vez mais em alta, o Código de defesa do consumidor surgiu com o propósito de tornar mais seguro as relações entre consumidor e fornecedor criando novas espécies de responsabilidades e novas excludentes, afim de proteger o consumidor sendo este vulnerável na maioria das situações. Logo utilizando a responsabilidade objetivo, sendo do fornecedor o ônus de provar sua excludência.
A responsabilidade por fato do produto ou do serviço está relacionada quando este não atende a sua finalidade e causa um dano ao consumidor ou a sua família, aqui entendidos como consumidores por equiparação, como no caso a televisão que ao ligar não funciona e explode causando danos ao patrimônio ou a saúde do consumidor.
Primeiramente o responsável principal é o fabricante, produtor, construtor ou importador do serviço, o comerciante apenas responde de forma subsidiária quando os principais não forem identificados, ou caso o comerciante tenha contribuído não conservando o produto de forma correta, tendo ainda o direito de regresso sobre os demais na proporção de sua culpa (Gonçalves, Carlos Roberto, Direito Civil brasileiro, Ed. Saraiva, 2007, p.262).
Temos ainda, a responsabilidadepor vício do produto ou serviço, aqui teremos o produto ou serviço que não atendeu a sua finalidade porém não causou danos ao consumidor ou outra pessoa, no mesmo exemplo a televisão que ao ligar simplesmente não funciona ou apresenta qualquer outro vício que diminua sua valor podendo ser o vício relacionado a qualidade ou a quantidade.
O art. 18 do CDC, nestes casos estabelece a responsabilidade de forma solidária, podendo o consumidor ajuizar a ação contra quem quiser ou for mais acessível, pode ser contra o fabricante, produtor, importador comerciante ou prestador de serviço, sendo possível ao comerciante exercer direito de regresso contra os demais caso tenha que responder por dano que não causou.
--> Conduta 
O elemento primário de todo ato ilícito, e por consequência da responsabilidade civil é uma conduta humana. Entende-se por conduta o comportamento humano voluntário, que se exterioriza através de uma ação ou omissão, produzindo consequências jurídicas.
No entendimento de Maria Helena Diniz a conduta é:
 “A ação, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou licito, voluntario e objetivamente imputável do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.” (DINIZ, 2005, p. 43).
A responsabilidade decorrente do ato ilícito baseia-se na ideia de culpa, enquanto a responsabilidade sem culpa baseia-se no risco. O ato comissivo é aquele que não deveria, enquanto a omissão é a não observância de um dever.
A voluntariedade é qualidade essencial da conduta humana, representando a liberdade de escolha do agente. Sem este elemento não haveria de se falar em ação humana ou responsabilidade civil.
O ato de vontade, em sede de responsabilidade civil, deve ser contrário ao ordenamento jurídico. É importante ressaltar que voluntariedade significa pura e simplesmente o discernimento, a consciência da ação, e não a consciência de causar um resultado danoso sendo este o conceito de dolo. Cabe destacar ainda, que a voluntariedade deve estar presente tanto na responsabilidade civil subjetiva quanto na responsabilidade objetiva.
Dano
A existência de dano é requisito essencial para a responsabilidade civil. Não seria possível se falar em indenização, nem em ressarcimento se não existisse o dano.
Conforme o ensinamento de Sergio Cavalieri:
“O ato ilícito nunca será aquilo que os penalistas chamam de crime de mera conduta; será sempre um delito material, com resultado de dano. Sem dano pode haver responsabilidade penal, mas não há responsabilidade civil. Indenização sem dano importaria enriquecimento ilícito; enriquecimento sem causa para quem a recebesse e pena para quem a pagasse, porquanto o objetivo da indenização, sabemos todos, é reparar o prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao estado em que se encontrava antes da prática do ato ilícito. E, se a vítima não sofreu nenhum prejuízo, a toda evidência, não haverá o que ressarcir. Daí a afirmação, comum a praticamente todos os autores, de que o dano é não somente o fato constitutivo mas, também, determinante do dever de indenizar” (CAVALIERI FILHO, 2008, p. 71).
Segundo Maria Helena Diniz “o dano pode ser definido como a lesão (diminuição ou destruição) que, devido a um certo evento, sofre uma pessoa, contra a sua vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral” (DINIZ, 2006).
Na abalizada explicação de Rui Stoco:
“O dano é, pois, elemento essencial e indispensável à responsabilização do agente, seja essa obrigação originada de ato ilícito ou de inadimplemento contratual, independente, ainda, de se tratar de responsabilidade objetiva ou subjetiva.” (STOCO, 2007, p. 128).
Para que o dano seja indenizável é necessária à existência de alguns requisitos. Primeiramente é preciso que haja a violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica.
Desta forma, o dano pode ser dividido em patrimonial e extrapatrimonial. O primeiro também conhecido como material é aquele que causa destruição ou diminuição de um bem de valor econômico. O segundo também chamado de moral é aquele que está afeto a um bem que não tem caráter econômico não é mensurável e não pode retornar ao estado anterior.
 Os bens extrapatrimoniais são aqueles inerentes aos direitos da personalidade, quais sejam, direito a vida a integridade moral, física, ou psíquica. Por essa espécie de bem possuir valor imensurável, é difícil valorar a sua reparação.
O dano patrimonial subdivide-se em danos emergentes e lucros cessantes.
O Código Civil Brasileiro estabelece no art. 402: “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.”(BRASIL, 2002, 2002)
Cabe citar Agostinho Alvim: “pode-se dizer que o dano ora produz o efeito de diminuir o patrimônio do credor, ora o de impedir-lhe o aumento, ou acrescentamento, pela cessação de lucros, que poderia esperar.” (ALVIM, 1980, p. 173).
O dano emergente consiste no efetivo prejuízo suportado pela vítima, ou seja, o que ela efetivamente perdeu em razão da lesão. É o dano que vem à tona de imediato, em razão de um desfalque concreto do patrimônio da pessoa lesada, e, por esse motivo, não há grandes dificuldades para a mensuração da indenização.
Já o lucro cessante corresponde àquilo que a vítima não ganhou em decorrência do dano, ou, segundo a expressão legal, o que razoavelmente deixou de lucrar. É também denominado de lucro frustrado, já que correspondente à frustração daquilo que era razoavelmente esperado se auferir, o lucro cessante corresponde, portanto, a um prejuízo projetado para o futuro. Em razão do seu embasamento em fatos concretos, não se confunde com o lucro meramente hipotético. 
--> Culpa
A culpa não é definida e nem conceituada na legislação pátria. A regra geral do Código Civil Brasileiro para caracterizar o ato ilícito, contida no artigo 186, estabelece que este somente se materializará se o comportamento for culposo. Neste artigo está presente a culpa lato sensu, que abrande tanto a dolo quanto a culpa em sentido estrito.
Por dolo entende-se, em síntese, a conduta intencional, na qual o agente atua conscientemente de forma que deseja que ocorra o resultado antijurídico ou assume o risco de produzi-lo.
Já na culpa stricto sensu não existe a intenção de lesar. A conduta é voluntária, já o resultado alcançado não. O agente não deseja o resultado, mas acaba por atingi-lo ao agir sem o dever de cuidado. A inobservância do dever de cuidado revela-se pela imprudência, negligência ou imperícia.
Cabe aqui citar as doutas palavras do eminente Rui Stoco para conceituar a culpa:
“Quando existe a intenção deliberada de ofender o direito, ou de ocasionar prejuízo a outrem, há o dolo, isto é, o pleno conhecimento do mal e o direto propósito de o praticar. Se não houvesse esse intento deliberado, proposital, mas o prejuízo veio a surgir, por imprudência ou negligencia, existe a culpa (stricto sensu)” (STOCO, 2007, p. 133).
No direito civil pátrio, mais especificamente no âmbito da responsabilidade civil, não ganha grande relevância a distinção entre dolo e culpa stricto sensu, já que nesta seara o objetivo é indenizar a vítima e não punir o agente culpado, medindo-se a indenização pela extensão do dano, e não pelo grau de culpa do agente. Pela mesma razão, não há utilidade prática, na atual responsabilidade civil brasileira, a distinção entre culpa grave, leve e levíssima.
O legislador trouxe inovação neste ponto no Código Civil de 2002, ao aduzir no parágrafo único do artigo 944: “Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.” Desta forma a legislação torna possível ao juiz graduar a indenização se houver excessiva desproporção entre o dano causado e a gravidade da culpa, apesar disso, essa não seja a regra geral.
Bastaà responsabilidade civil, portanto, que no momento da conduta, ou o sujeito causou prejuízo intencional a outrem, no caso do dolo, ou o causou por agir sem o dever de cuidado, no caso da culpa stricto sensu.
Há imprecisões doutrinárias quanto à culpa como elemento da responsabilidade civil. Parte da doutrina, com destaque para Pablo Stolze e Rodolfo Pamplona: a culpa (em sentido lato, abrangendo o dolo) não é pressuposto geral da responsabilidade civil, sobretudo no novo código, considerando a existência de outra espécie de responsabilidade, que prescinde desse elemento subjetivo para a sua configuração. Na visão destes autores falta a generalidade para a culpa ser pressuposto da responsabilidade civil. Segundo eles, são elementos essenciais da responsabilidade apenas a conduta humana (positiva ou negativa), o dano ou prejuízo e o nexo de causalidade.
Contudo, boa parte da doutrina entende que o contido no artigo 186 do Código Civil não deixa dúvidas que o ato ilícito só é configurado em caso de comportamento culposo, mediante dolo ou culpa stricto sensu, sendo, portanto a culpa condição elementar do ato ilícito, e por consequente, da responsabilidade civil. São inúmeros os posicionamentos neste sentido, cabendo enfatizar o pensamento de Marcel Leonardi: “Não se pode olvidar que a responsabilidade objetiva, fundamentada na teoria do risco criado, foi concebida como exceção, e não como regra. Ampliar demasiadamente seu campo de aplicação criará enorme insegurança jurídica”.
Extinção dos contratos
A extinção normal dos contratos ocorre com o cumprimento das prestações avençadas, ou ainda, com o termo final nos contratos de trato sucessivo. Nesta situação não há dúvida quanto ao término do vínculo, já que, conforme explicita Orlando Gomes, temos nessa situação “a morte natural do contrato”. Mas o contrato pode extinguir-se antes do cumprimento das obrigações, por variados motivos. Por esse motivos, estudaremos cada situação e seus efeitos.
É necessário distinguir a anulação do contrato de sua dissolução. A anulação ocorre quando causas anteriores a formação do contrato atuam de modo a extinguir a relação contratual, determinando sua anulação. Na dissolução, causas supervenientes a formação do negócio é que ensejam sua extinção.
São formas de extinção dos contratos: A) resolução; B) resilição; C) rescisão.
RESOLUÇÃO:
Surge de situações de inexecução das obrigações contratuais. (não cumprimento das obrigações; mora; cumprimento defeituoso.
Obs.: resolução é diferente da suspensão (parcial ou total dos efeitos do contrato). Na suspensão há apenas interrupção temporária das relações contratuais, em caso de força maior, “exceptio non adimpleti contractus” ou mútuo consenso.
A causa da resolução é a inexecução relevante das obrigações de uma das partes, seja ela culposa ou involuntária, ou derivada de considerável dificuldade na execução da prestação contratual em razão de onerosidade excessiva advinda das prestações. No primeiro caso, aquele que não cumpre com a obrigação pode ser compelido a cumpri-la, ou então a satisfazer as perdas e danos.
A.1) Resolução por inexecução voluntária e suas modalidades:
Pressupõe inadimplemento e extingue o contrato desde sua origem (salvo os contratos de trato sucessivo). As prestações cumpridas são restituídas, para que não ocorra o enriquecimento sem causa., arcando o inadimplente com o pagamento das perdas e danos.
São modalidades de resolução por inexecução voluntária:
Cláusula resolutiva tácita: é a cláusula que, implícita, autoriza o término da relação contratual nos casos de inadimplemento das obrigações. No Brasil, seguimos o sistema francês, sendo necessária ação judicial para que se possa extinguir o contrato com base na cláusula resolutiva tácita, que não atua senão através de sentença constitutiva (diferentemente do que ocorre no sistema alemão, onde a resolução age sem a necessidade de intervenção judicial).
Pacto Comissório Expresso: é a cláusula resolutiva quando clausulada expressamente no contrato, não sendo necessária aqui a intervenção judicial. Não obstante as controvérsias, opera de imediato suas conseqüências em favor de que padece com o inadimplemento.
A.2) Resolução por inexecução involuntária:
Ocorre por impossibilidade superveniente, total e definitiva, do cumprimento da prestação avençada. Segundo Orlando Gomes, é a impossibilidade que produz a resolução, e não a simples dificuldade de cumprir com a prestação.
Neste caso a parte inadimplente libera-se do vínculo contratual, de pleno direito, estendendo-se os efeitos da liberação até a origem do contrato. Mas é facultado ao devedor que se responsabilize por indenizar as perdas e danos em caso de fortuito ou força maior, desde que o faça de forma expressa.
O devedor responde pelo fortuito ou força maior se estiver em mora.
A inexecução tem efeitos diversos de acordo com o tipo de contrato. Vejamos:
Contratos unilaterais: quem suporta o risco é o credor, parte que esperava a satisfação e não pôde receber por algum motivo.
Contratos bilaterais: resolvido o contrato as partes voltam a situação anterior, devolvendo inclusive o que tiverem pago umas as outras.
A.3) Resolução por onerosidade excessiva (rebus sic standibus)
Ocorre nos contratos comutativos de execução diferida quando, em virtude de acontecimento extraordinário e imprevisível, surge onerosidade que dificulta muito o cumprimento das obrigações de um contratante. Note-se que apenas dificulta, mas não impossibilita a prestação. Requisitos: diferença de valor da prestação no momento da formação para o da execução do contrato; diferença causada por acontecimento imprevisível e extraordinário; contrato comutativo de execução diferida ou periódica.
Aqui não opera propriamente a resolução, mas sim, quando possível, a intervenção judicial para reequilibrar as prestações. Cabe a parte que sofre o desequilíbrio requerer pronunciamento judicial antes de seu inadimplemento, e a sentença, caso venha a resolver o contrato, terá efeito retroativo, eximindo o inadimplente inclusive das perdas e dados.
RESILIÇÃO:
Extinção dos contratos pela vontade de uma ou ambas as partes. Para que ocorra é necessário acordo das partes neste sentido, partindo a vontade de um ou ambos os contratantes. Por isso falamos em resilição bilateral ou unilateral:
B.1) Distrato:
É a resilição bilateral na qual as partes resolvem, de comum acordo, dissolver o negócio rompendo a relação jurídica. Conforme a expressão de Orlando Gomes, “é um contrato para extinguir outro”. Pode ocorrer através do distrato ou estar prevista no contrato a autorização para que uma das partes dissolva o negócio sem a necessidade da outra (resilição convencional).
O distrato deve tomar a mesma forma do contrato quando esta integra a substância do ato. Caso não integre a forma a substância do contrato, podem as partes seguir a forma que lhes aprouver.
B.2) Resilição unilateral:
Aceita-se a resilição unilateral não obstante o contrato derivar de um acordo de vontade. Tal resilição pode ser exercida: nos contratos por tempo indeterminado; nos contratos de execução continuada ou periódico; contratos onde não tenham se iniciado os atos de execução; contatos benéficos; contratos de atividade.
Poder de resilir é um direito potestativo, exercido mediante declaração de vontade da parte a quem o contrato não mais interessa. Tal declaração recebe o nome de denúncia. A denúncia, a princípio, não precisa ser justificada, e tem efeito liberatório com repercussão “ex nunc”.
RESCISÃO:
É a ruptura do contrato onde houver lesão e não seja possível restaurar o equilíbrio contratual. Aproxima-se tal hipótese da anulação, já que há necessidade de sentença judicial para sua declaração.
Há no contrato vantagem desproporcional obtida por uma das partes, em prejuízo da outra. A sentença rescisória tem efeitos “ex tunc” e o que receber fica obrigado a restituir. Efeitos dos Contratos. Contrato bilateral e suas regras ( arras; “exceptio non adimpleti contractus”; vícios redibitórios;evicção; cláusula resolutiva tácita e expressa.)
 Arras
Nome advém de arrha,, radical latino que significa “garantia”. Sua primeira utilização deu-se no direito de família, migrando posteriormente para o direito das obrigações.
Sua primeira utilidade no direito obrigacional era assegurar a perfeição do contrato. Posteriormente ganhou caráter de penitencial, dando a possibilidade de arrependimento às partes e prefixando a indenização das perdas e danos. As arras são garantia em dinheiro ou outra coisa móvel dada, de modo geral, com o intuito de concluir o negócio. Portanto, com a execução do contrato devem ser restituídas ou computadas na prestação devida. Significam garantia acessória real.
Tratadas no Código de 1916 no Título dos contratos, no capítulo das disposições gerais dos contratos, migraram no NCC para o Título do inadimplemento das obrigações.
Função principal: confirmatória (art. 1096 CC / art. 417, 418 e 419 NCC) Convenção acessória real que prova o contrato principal está concluído, considerando-se as partes vinculadas. Dadas as arras o negócio está concluído e não é possível arrepender-se. Quem se arrepende não usa de um direito, mas descumpre o contrato, incorrendo nas sanções cabíveis.
Função secundária: penitencial (art. 1095 do CC / art. 420 do NCC) a entrega das arras torna livre o arrependimento, ficando a perda do sinal regulando a indenização. Aqui não se pode pleitear indenização suplementar, como aliás salienta o NCC no art. 420. A retratação pode ocorrer até o final da execução da obrigação. Assemelha-se a cláusula penal, sendo diferente por ser convenção acessória real que se perfaz com a tradição antecipada de uma coisa. Têm caráter de pena convencional, equivalendo a uma penalidade e pré-fixação das perdas e danos.
Se houver impossibilidade da prestação sem culpa de quem deu as arras, quem as recebeu deve devolvê-las. As arras surgem em contratos bilaterais.
Em nosso código atual e no Novo Código Civil, sua função precípua é confirmatória, só assumindo função penitencial se houver estipulação expressa. A vida social, entretanto, vem dando grande ênfase a função penitencial, devendo-se atentar à sua disciplina no NCC.
Vícios redibitórios
 No contrato bilateral, onde haja transmissão de propriedade, é responsabilidade do alienante entregar a coisa de forma que se possa cumprir com a finalidade esperada pelas partes e sem qualquer defeito. Caso isto não ocorra, pode o adquirente rejeitar a coisa ou exigir o abatimento do preço, se esta traz consigo defeito oculto que lhe torne imprópria ao uso ou diminuam seu valor (art. 1101 c/c 1105 do CC / art. 441 c/c 442 do NCC). A estes defeitos chamamos vícios redibitórios. Seus efeitos legais não se aplicam apenas ao contrato de compra e venda, mas em todos os contratos bilaterais comutativos (art. 1.101/ art. 441 NCC).
O defeito deve estar oculto e existir quando da conclusão do contrato, sendo considerável e não insignificante. O fato do transmitente conhecer ou não do vício é irrelevante. Mas se conhecia previamente, surge também a obrigação de indenizar possíveis prejuízos (art. 1.103 CC / art. 443 do NCC).
É garantia de natureza especial a que se submete o transmitente, e sua responsabilidade perdura ainda que a coisa pereça em poder do alienatário se o perecimento se der em virtude do vício. (art. 1104 CC / 444 NCC)
Ações edilícias
São os meios postos a disposição do adquirente para que possa pleitear, segundo sua livre escolha a recomposição do prejuízo pelo defeito oculto. Deve fazer isso através de um dos procedimentos conhecidos como ações edilícias. As ações edilícias são inacumuláveis. Uma vez feita a opção, não se pode mais manejar um ou outro procedimento, muito menos podem ser manejados em conjunto.
ação redibitória (art. 1101 CC / 441 NCC) : rejeição da coisa, com resolução do contrato.
Ação estimatória ou “quantis minoris” (art. 1.105 / 442 NCC): abatimento proporcional no preço.
Questão polêmica na doutrina é o termo inicial do prazo para propositura destas ações: conclusão do contrato, tradição da coisa ou descoberta do vício? Para Orlando Gomes, o melhor critério é o do momento da efetiva entrega da coisa, não obstante autores modernos deslocarem o termo inicial para o momento do conhecimento efetivo do vício, dado o exíguo prazo para a propositura destes procedimentos.
Legislação brasileira: No Código Civil existem prazos diferentes para móveis e imóveis, mas comuns para qualquer das duas ações (art. 178 § 2º e § 5º, IV CC). O NCC reuniu o termo inicial do prazo e o prazo em um único artigo: 445 NCC – surgem neste artigo regras específicas para animais. Solução diversa para as relações de consumo nos arts. 18 e 26 do CDC (Lei 8.078/90), inclusive no que diz respeito ao prazo de propositura da ação: 
1. Vícios aparentes ou de fácil constatação: contagem do prazo decadencial tem início com a entrega do produto ou término da execução do serviço do serviço; prazos diferentes para bens e serviços duráveis e não duráveis. Art. 26 caput, inc. I, II, § 1º.;
 2. Tratando-se de vício oculto o prazo inicia-se no momento em que se verificar o defeito. Art. 26, § 3º. ATENÇÃO AOS FATOS QUE OBSTAM A DECADÊNCIA, elencados no § 2º do art. 26 do CDC.
Não cabe alegação do vício redibitório em casos de venda em hasta pública, onde a alienação é compulsória, nem nos casos em que o adquirente conhecia do vício quando da entrega da coisa (art. 1016 do CC). O Código atual foi silente com relação a esta regra, já que não há artigo correspondente ao 1106 do atual diploma legal.
Evicção
É própria dos contratos bilaterais, comutativos e onerosos, com obrigação de transferência de propriedade de uma coisa.
Em virtude da expectativa do adquirente, o alienante tem o dever de garantir a posse da coisa transmitida, impedindo que terceiros tenham pretensão judicial sobre ela. (art. 1.107 e 1108 CC / 447 , 448 e 449 do NCC).
A evicção ocorre quando o adquirente perde a posse ou a propriedade da coisa em virtude de sentença judicial que entrega a outrém tais direitos. (evictio = recuperação judicial de uma coisa).
 A garantia contra a evicção envolve assegurar o adquirente contra a perda do bem por decisão judicial, garantindo-se-lhe: a restituição do preço + indenização dos frutos que tiver de ter devolvido + despesas contratuais e processuais e prejuízo sofrido (art. 1.109 e 1.114 CC / 450 e 455 do NCC).
Requisitos de configuração: privação do direito do adquirente, sentença judicial reconhecendo direito preexistente; risco anterior a aquisição; ignorância do adquirente sobre o fato da coisa ser alheia ou litigiosa (art. 1117 CC / 457 do NCC).
O adquirente deve denunciar a lide o alienante (art. 1.116 CC / 456 NCC).
EXTINÇÃO DO CONTRATO
Ao falar em extinção do contrato, esta se referindo ao momento que o contrato chega ao fim, ou seja, aos fatores, ao que faz com que o contrato esteja terminado.
A matéria que trata da extinção dos contratos do regime jurídico civil brasileiro, encontra-se nos arts. 472-480, cc.
Existem algumas maneiras diferentes do contrato civil chegar ao fim, são elas: extinção normal do contrato; extinção por fatos anteriores a celebração do contrato; extinção por fatos posteriores a celebração do contrato; extinção por morte.
O contrato mesmo chegando ao fim, não abandona seus princípios basilares, como por exemplo, o da boa-fé, que continua vivente no contrato mesmo ele chegando ao fim. Art. 422 do Código Civil, caso este princípio seja desrespeitado, mesmo o contrato estando já extinto, surgirá à coação do art. 187, CC, ou seja, quem viola ou abusa do direito, deve responder neste caso, por responsabilidade civil pós-contratual ou post pactum finitum. 
EXTINÇÃO NORMAL DO CONTRATO
O contrato é extinto de maneira normal, quando foram cumpridas as obrigações expressas nele ou quando foi estipulado um prazo para o contrato chega ao fim. Entretanto, no caso de haver prazos, ele só estará extinto, desde que, estejam cumpridas suas obrigações.
EXTINÇÃO POR FATORES ANTERIORES À CELEBRAÇÃODO CONTRATO
Esta forma de ocorrer à extinção ou de levar o contrato ao seu fim. Representa alguns problemas na formação do contrato que esta relacionada com o seu plano de validade ou com a autonomia privada das partes no contrato.
Existem três problemas específicos que fazem com que o contrato chegue a este fim. São eles: invalidade do contrato; cláusula de arrependimento expressa; cláusula resolutiva expressa.
Ao se referir à invalidade do negocio jurídico, trata-se do caso ao qual há um desvio no contrato, desvio que leva a nulidade, ou seja, invalidade absoluta do negocio jurídico, em que ele esta totalmente fora da lei, e também, por meio de uma nulidade relativa ou anulabilidade, em que apenas uma parte do negocio jurídico – o contrato desvia-se da lei. Estas hipóteses de nulidade ou anulabilidade estão nos arts. 166,167,171 do CC.
Já, nos casos de clausula de arrependimento expressa no contrato, ocorre que, por força desta no contrato, as partes de maneira unilateral, ou seja, por meio da vontade de apenas uma das partes, o contrato pode ser extinto, por que há uma incerteza de firmação do negocio jurídico.
Outro problema, que faz com que o contrato chegue ao fim, é por meio da clausula resolutiva expressa no contrato, pois esta representa uma condição, ou seja, um evento futuro e incerto, que pode chegar ou fazer com que o contrato chegue ao seu fim, devido a sua origem constar tal previsão. É obrigatório, haver uma previsão expressa no contrato, por que esta clausula ocorre tanto de maneira expressa como também de maneira tácita, mas a diferença reside no fato de que, estando esta clausula expressa no contrato, ela pode ser acatada ou executada simplesmente por uma das partes, ou seja, é operada de pleno direito, enquanto o modo de ocorrer tacitamente envolve uma decisão judicial, que põem fim ao então contrato. Artigo 474, CC. Em outras palavras, uma depende de manifestação judicial e outra não, a tácita depende, enquanto a expressa não.
EXTINÇÃO DO CONTRATO POR FATOS POSTERIORES À CELEBRAÇÃO DO CONTRATO
O contrato definitivo chega ao fim ou pode chegar ao fim, antes de sua conclusão normal, por fatos que ocorreram durante o período contratual, ou seja, nesses casos, é colocado em jogo à validade do contrato.
Estamos falando da chamada de rescisão contratual. E, sua ação judicial, é chamada ação de rescisão contratual.
A rescisão contratual dá possibilidade ao surgimento de dois fatos que a podem gerar. Ou seja, são subdivisões da rescisão contratual: a resolução contratual (o contrato chega ao fim, por descumprimento das obrigações nele estipuladas); resilição contratual (quando as duas ou uma das partes, quer que o contrato chegue ao fim, e encontra fundamentação em lei, expressamente ou implicitamente, por revelar um direito potestativo.).
Enfim, é provocada a extinção do contrato, por motivo de uma das partes esta em desvantagem ou em desequilíbrio, há um prejuízo para uma delas (as partes). Por isto, ocorre a rescisão contratual.
RESOLUÇÃO CONTRATUAL
A extinção do contrato é provocada em decorrência do descumprimento ou inadimplemento das obrigações estipuladas no contrato. Ela pode ocorrer de 4 (quatro) maneiras diferentes, são elas: inexecução voluntário; inexecução involuntária; onerosidade excessiva; clausula resolutiva tácita.
Inexecução voluntária
Neste caso, a resolução contratual ocorre por fato de uma das partes, o devedor, tornar a obrigação impossível de ser cumprida por fato seu, ou seja, o devedor age com culpa ou dolo no inadimplemento da obrigação.
Dando liberdade para a outra parte, o credor, pedir a resolução do contrato ou optar pela continuação do contrato. Na segunda opção, o devedor continuará no polo da obrigação, em outras palavras, o contrato continua, por que o credor quer que ele seja cumprido, e o devedor, deverá cumprir as obrigações estipuladas no contrato. 
Tanto na primeira opção, quanto na segunda, o devedor deverá pagar indenização por perdas e danos, que são decorrentes de seu inadimplemento voluntário.
Inexecução involuntária
Ocorre por meio da impossibilidade das obrigações contratuais serem cumpridas por que surgiu um acontecimento imprevisível (caso fortuito) ou um fato inevitável (caso de força maior).
Ao surgirem estes acontecimentos, o contrato fica em situação de resolução por inexecução involuntária, por que, não é possível às partes cumprirem com o contrato depois de ocorrido eventos que alteraram a origem, ou tornaram o contrato impossível de ser cumprido.
Quando ocorre este tipo de resolução contratual, não é possível uma das partes em proveito ou de má-fé, exigir da outra indenização por perdas e danos. O deve acontecer é que o dinheiro é devolvido e eles voltam ao inicio do contrato. E, caso queiram, em respeito à autonomia privada, podem dar inicio a outro contrato.
Onerosidade excessiva
Na continuação de um contrato ou no decorrer do contrato, é possível ocorrer eventos que são imprevisíveis e extraordinários, que afetam direta ou indiretamente as obrigações no contrato, tornando-as onerosas.
Em outras palavras, o cumprimento das obrigações seguia normalmente, com suas condições, encargos, e etc. Até que ocorreu um fato, que fez com que as obrigações contratuais se tornassem impossíveis de serem cumpridas, por colocarem um dos polos em extrema desvantagem ou desequilíbrio.
Nestes casos, tem que ocorrer a resolução contratual por onerosidade excessiva. Entretanto, existem outro caminho ou possibilidade de a parte que se encontra em desequilíbrio pode procurar, estamos falando da revisão contratual, ou seja, a parte leva ao juiz para que ele extingue o contrato em decorrência dos fatos que o tornaram extremamente onerosos. Enquanto, a parte, ainda tem a possibilidade de pedir ao juiz, que ele revise o contrato, porque, o juiz não pode realizar a revisão contratual de oficio, é necessário que a parte peça isso a ele. Pedindo, o juiz pode rever o contrato, e estabelecer novas condições que colocam as partes envolvidas no contrato em pé de igualdade.
Clausula resolutiva tácita
O contrato chega ao fim através da presença de uma das condições estipulada no contrato, em outras palavras, um evento futuro e incerto gera o inadimplemento contratual, em decorrência de lei. 
Sendo assim, é essencial a manifestação judicial, que nada mais é do que a interpelação judicial pondo fim ao contrato. Pois, no contrato não esta presente a clausula resolutiva expressa. É necessária a provocação da justiça, mostrando o fato.
RESILIÇÃO CONTRATUAL
Quando as partes contratuais querem extinguir o contrato ao qual firmaram e dar inicio a um novo contrato, estando eles permitidos por meio de lei, por que tem-se a presença de um direito potestivo. Ela pode ocorrer de 2 (duas) maneiras: resilição bilateral; resilição unilateral.
Resilição bilateral
A resilição bilateral ou distrato é a manifestação de ambas as partes envolvidas no contrato, querendo por fim a ele, de comum acordo, voluntariamente, entretanto, querem dar inicio a um novo contrato, ou seja, pretende-se por fim ao que estão envolvidos e iniciar um novo contrato. Isto é permitido, contudo, é necessário apenas seguir as formalidades do contrato anterior, sob pena de nulidade do negocio jurídico por não obedecer a formalidade essencial para a sua validade.
Resilição unilateral
A lei explicita ou implicitamente quando dá a uma das partes o direito potestativo. Este pode por declaração sua, ou seja, uma única vontade, extinguir a relação contratual.
EXTINÇÃO POR MORTE DE UM DOS CONTRATANTE
O contrato pode chegar ao fim, antes de sua conclusão normal, através da morte de uma das partes, que tinha obrigações intuitu personae ou personalíssimas para serem cumpridas, denominado de cessão contratual. A extinção é concretizada de pleno direito.

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