Buscar

2 RESPONSABILIDADE CIVIL E ELEMENTOS CARACTERIZADORES

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

- -1
RESPONSABILIDADE CIVIL
RESPONSABILIDADE CIVIL E ELEMENTOS 
CARACTERIZADORES
Bruna Souza da Silva
- -2
Olá!
Você está na unidade Abordaremos aqui os elementosResponsabilidade Civil e Elementos Caracterizadores. 
caracterizadores do instituto da responsabilidade civil: o ato jurídico, o dano, o elemento subjetivo do agente e o
nexo de causalidade. Também serão estudadas as hipóteses excludentes de reponsabilidade e a responsabilidade
civil decorrente do descumprimento de obrigações contratuais.
Bons estudos!
- -3
1. Elementos Caracterizadores da Responsabilidade Civil
No ordenamento jurídico brasileiro, o instituto da é entendido como a atribuição doresponsabilidade civil
resultado de uma conduta antijurídica com a necessidade de que o agente responsável pela conduta indenize
aquele titular de direito que teve uma repercussão negativa em sua esfera jurídica. Pereira (1999) define a
responsabilidade civil como a obrigação de reparar o dano imposta aos indivíduos que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar prejuízo a outrem.
De modo geral, a responsabilidade civil no Direito Brasileiro está vinculada à , ou seja,perspectiva subjetiva
está relacionada aos elementos de dolo ou culpa do agente na prática do ato ilício. Significa que o ato comissivo
(positivo) ou omissivo (negativo) deve ter sido praticado com dolo - a intenção de provocar o resultado danoso –
ou com culpa – situações de negligência, imprudência ou imperícia. Pereira (1999, p. 29), aponta que somente
pode ser atribuída a responsabilidade subjetiva a alguém se for constatado que o seu comportamento contribuiu
para o prejuízo sofrido: “A essência da responsabilidade subjetiva vai assentar, fundamentalmente, na pesquisa
ou indagação de como o comportamento contribui para o prejuízo sofrido pela vítima”. Há algumas hipóteses de 
, entre elas a do Estado, que independe de dolo ou culpa - sobre a qualresponsabilidade civil objetiva
falaremos brevemente adiante – e a das clínicas e hospitais particulares, prestadores de serviço com relação à
estrutura oferecida, por se configurar nesta hipótese relação de consumo nos termos do art. 14 do Código de
Defesa do Consumidor.
Assim, há que se aplicar sempre a regra geral do disposto nos artigos 186 e 927 do Código Civil de 2002, que
exige a ocorrência de dano e a culpa ou dolo por parte do agente, posto que ausentes os pressupostos da
obrigação de indenizar censurável se mostra à pretensão daqueles que ajuízam ações pleiteando a indenização
sem comprovar o cumprimento dos requisitos. Como dito anteriormente, a responsabilidade civil está associada
ao elemento subjetivo, somente sendo cabível indenização quando comprovada a culpa ou dolo do agente. Sobre
os conceitos de e , apontou Gonçalves (2003, p. 32): “O dolo consiste na vontade de cometer umadolo culpa
violação de direito e a culpa, na falta de diligência. Dolo, portanto, é a violação deliberada, consciente,
intencional, do dever jurídico”.
Segundo entendimento jurisprudencial consolidado, a ausência de ação ou omissão voluntária imputável ao
agente, impede a sua responsabilidade civil, tendo em vista se tratar de um dos seus pressupostos. Monteiro
(1969, p. 418) pontua que diante da ausência de ato culposo, inexiste a obrigação de reparar dano: “Em
princípio, para que haja responsabilidade, é preciso que haja culpa; sem prova desta, inexiste obrigação de
reparar o dano”. Portanto, no que tange ao entendimento genérico sobre o instituto jurídico da responsabilidade
- -4
civil, aqueles que praticarem atos ilícitos e, em razão disso, causarem dano a outrem, somente podem ser
responsabilizados se tiverem agido, comprovadamente, com culpa ou dolo.
1.1 Ato ilícito: conceito e elementos
De acordo com Gonçalves (2011), a violação do dever jurídico de não lesar outrem pressupõe que o agente tenha
consciência da antijuridicidade do ato praticado. Nesse sentido, Pereira (2011) conceitua o – tantoato ilícito
civil como penal -, como a violação de um dever preexistente a imputação do resultado à consciência do agente.
Segundo o autor, atos ilícitos são condutas humanas contravenientes à ordem jurídica, sendo impossível que
gere uma situação em benefício do agente por ser “lesivo a direito de outrem”. Logo, Pereira (2011, p. 548)
afirma que:
Como categoria abstrata, o ato ilícito reúne, na sua etiologia, certos requisitos que podem ser
sucintamente definidos: a) uma conduta, que se configura na realização intencional ou meramente
previsível de um resultado exterior; b) a violação do ordenamento jurídico, caracterizada na
contraposição do comportamento à determinação de uma norma; c) a imputabilidade, ou seja, a
atribuição do resultado antijurídico à consciência do agente; d) a penetração da conduta na esfera
jurídica alheia, pois, enquanto permanecer inócua, desmerece a atenção do direito.
Veja a seguir os tipos de atos ilícitos:
Intencionais ou não;
Por comissão ou omissão;
Por descuido ou imprudência;
Por imperícia.
Assista aí
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2
/2f98a8d4c2e085043a5b42bf16ba99df
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/2f98a8d4c2e085043a5b42bf16ba99df
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/2f98a8d4c2e085043a5b42bf16ba99df
- -5
1.2 Dano: conceito e modalidades
O elemento , essencial à caracterização da responsabilidade civil, como visto, caracteriza-se pelo prejuízodano
sofrido por alguém em razão da conduta de outrem, seja em sua esfera patrimonial seja em sua esfera
extrapatrimonial (sem repercussão direta na esfera financeira daquele que sofreu o prejuízo). Em outras
palavras, é a lesão a qualquer bem jurídico protegido Entretanto, não haverá dever de indenizar caso não tenha
sido demonstrado o dano causado. É possível verificar, no nosso ordenamento, duas exceções:
i. art. 416, caput, do Código Civil: “Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue
prejuízo”;
ii. art. 940 do Código Civil: “Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as
quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o
dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. ”
Para ser indenizável, ainda, é preciso que o dano experimentado seja “atual e certo”. Com relação às modalidades
de danos que podem ser causados, Gonçalves (2011) define, em resumo, as possibilidades:
i. danos materiais, em que o bem jurídico protegido possui natureza patrimonial e está relacionado ao
patrimônio do lesado;
ii. danos morais, em que o bem jurídico ofendido possui natureza extrapatrimonial, ofendendo o ser humano,
não produzindo este dano efeito patrimonial direto.
Os , como dito, possuem repercussão direta no patrimônio do ofendido, e são compostos emdanos materiais
regra pelo dano emergente e lucro cessante. Os chamados “ ” são compostos por todas asdanos emergentes
despesas realizadas pelo ofendido para restauração de seu patrimônio, ou seja, a efetiva diminuição patrimonial
sofrida pela vítima, que pode ser comprovada mediante recibos, notas fiscais, orçamentos, etc. Já os chamados “
” correspondem àquilo que o ofendido deixou de ganhar em razão do evento danoso, sendo alucros cessantes
sua prova um pouco mais complicada. Significa que o lesado terá de fazer prova de tudo aquilo teria ganho se o
evento danoso não tivesse ocorrido. A jurisprudência exige, para que se configure tanto, a existência de
probabilidade objetiva de que aqueles ganhos ou lucros aconteceriam, e não a mera possibilidade.
Sobre a deverá incidir, também, a correção monetária desde a data do eventoindenização por danos materiais
danoso, via de regra, nos termos do artigo 389 do Código Civil, interpretado em conjunto com a Súmula nº. 43 do
Supremo Tribunal Federal.Incidem, ainda, juros legais nos termos dos artigos 406 e 407 do Código Civil. Ainda
em relação aos danos materiais, é possível que seja fixada pensão mensal ao ofendido para custeio de sua
sobrevivência ou de seu tratamento, sendo que esta forma de indenização – de natureza civil – não sofre dedução
da pensão paga pelo órgão previdenciário oficial.
- -6
Já o dano moral, possui e não repercute no patrimônio econômico financeiro docaráter extrapatrimonial
ofendido, mas em seus direitos da personalidade, extraídos do art. 1º, III, e art. 5º V e X da Constituição da
República de 1988. Tais direitos são: honra, dignidade, intimidade imagem, dentre outros. A ofensa a eles gera
comumente sentimentos de vergonha, humilhação, dor, sofrimento e tristeza. Mesmo não tendo repercussão
direta no patrimônio da vítima, busca-se por meio do pagamento da indenização em dinheiro uma espécie de
compensação ao tormento sofrido, inexistindo atualmente no ordenamento jurídico pátrio um critério objetivo
para fixação deste quantum. Mesmo não tendo repercussão direta no patrimônio da vítima, busca-se por meio do
pagamento da indenização em dinheiro uma espécie de compensação ao tormento sofrido, inexistindo
atualmente no ordenamento jurídico pátrio um critério objetivo para fixação deste quantum.
Comum é a distinção, na análise de casos concretos, entre o dano moral e o mero aborrecimento, especialmente
se considerarmos o aumento vertiginoso de ações pleiteando danos morais que tramitam nos juizados especiais
do país, desde a instituição deste foro em 1995 (lei nº. 9.099). Assim, tendo em vista que nenhuma indenização
deve ter o fito de enriquecer o lesado às custas do empobrecimento do ofendido, mas também considerando que
deve ter o caráter reparatório à vítima e desmotivador ao agente, foi-se ao longo dos anos estabelecendo a
separação do tratamento dos fatos concretos. Caracterizam-se como (a depender damero aborrecimento
confirmação no caso concreto) hipóteses quotidianas cujo sofrimento causado não tende a permanecer no tempo
como, por exemplo, o exame de bagagens de passageiros na alfândega de um aeroporto ou rodoviária.
O fundamento jurídico para reparação pelo dano moral pode ser extraído diretamente da Constituição de 1988,
em seu artigo 5, sem maiores controvérsias (BRASIL, 1988):
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano
material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
A doutrina também menciona a existência do , normalmente associado às condutas de lesãodano estético
corporal de natureza grave, em que a deformidade física geral tristeza, vexame e humilhação, gerando o direito à
indenização. O dano estético não se confunde com o dano moral e com o dano material mas pode gerar
repercussões nas duas esferas, ou seja, de ressarcimento das despesas incorridas em tratamentos e
medicamentos, assim como lucros cessantes, caso o ofendido dependa de sua aparência para trabalhar – dano
material – e de reparação pela ofensa a seus direitos de personalidade – dano moral.
Nos últimos anos, tem-se falado também nos “ ” que não se enquadram como dano material, moraldanos sociais
ou estético. De igual forma, o chamado dano social não é sinônimo de dano moral coletivo. Os danos sociais são
- -7
lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral – principalmente a
respeito da segurança – quanto por diminuição na qualidade de vida e podem ser causa, de indenização por dolo
ou culpa grave especialmente se causam redução coletiva de segurança ou trazem uma diminuição do índice de
qualidade de vida da população. Alguns exemplos de danos sociais fornecidos pela doutrina são: o pedestre que
joga papel no chão, o passageiro que atende ao celular no avião, o pai que solta balão com seu filho. Tais
condutas socialmente reprováveis podem gerar danos como o entupimento de bueiros em dias de chuva,
problemas de comunicação do avião causando um acidente aéreo, o incêndio de casas ou de florestas por conta
da queda do balão etc.
Figura 1 - Lixo jogado no mar, um exemplo de dano social
Fonte: chaiyapruek youprasert, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Vemos na imagem algumas garrafas de plástico poluindo o oceano.
Diante da prática dessas condutas socialmente reprováveis, o juiz deverá condenar o agente a pagar uma
indenização de caráter punitivo, dissuasório ou didático, a título de dano social. O valor da indenização é
destinado à coletividade (e não à “vítima” imediata). Conforme explica Tartuce (2013), os danos sociais são
difusos e a sua indenização deve ser destinada não para a vítima, mas sim para um fundo de proteção ao
consumidor, ao meio ambiente etc., ou mesmo para uma instituição de caridade, a critério do juiz.
- -8
1.3 Nexo de Casualidade
O é um dos elementos da responsabilidade civil porquanto deve-se poder concluir que,nexo de casualidade 
sem a conduta antijurídica, não haveria dano por parte do ofendido. O artigo 186 do Código Civil exige, para
configuração do dever de indenizar, que a conduta ilícita tenha causado o dano experimentado. Para identificar
este elemento, que possui , é preciso que exista relação de causa e efeito direta enatureza lógico-jurídica
imediata entre a conduta e o dano, nos termos do art. 403 do Código Civil. É a chamada “teoria dos danos
”, em que o agente que praticou o ato ilícito responde diretamente (de forma imediata)diretos e imediatos
pelos danos causados por sua ação ou omissão.
- -9
1.4 Culpa : dolo e culpalato sensu
A presença do elemento , enquanto elemento de consciência do sujeito (elemento subjetivo), é requisitoculpa
para a configuração da responsabilidade no âmbito da teoria subjetiva, majoritariamente adotada pelo nosso
ordenamento jurídico. Partindo desse pressuposto, tem-se o instituto da culpa definido no art. 186 do nosso
Código Civil caracterizado pela ação ou omissão voluntária, negligência e imperícia. Nesse sentido, segundo
Gonçalves (2011, p. 68):
Agir com culpa significa atuar o agente em termos de, pessoalmente, merecer a censura ou
reprovação do direito — o que só pode ocorrer quando, em face das circunstâncias concretas da
situação, caiba afirmar que ele podia e devia ter agido de outro modo. O critério para aferição da
diligência exigível do agente, e, portanto, para caracterização da culpa, é o da comparação de seu
comportamento com o do homo medius, do homem ideal, que diligentemente prevê o mal e
precavidamente evita o perigo.
A chamada culpa em sentido amplo pode ser identificada com o dolo, ou seja, situação em que a conduta foi
deliberadamente (voluntária e intencionalmente) adotada pelo agente no intuito de causar dano a outrem. Já a
culpa em sentido estrito é aquele em que o dano decorre do comportamento negligente ou imprudente do
agente. Já as três situações de cometimento de ato ilícito que vimos anteriormente – negligência, imprudência
 –, compõem o que se chama de culpa em sentido estrito, no sentido de violação a um dever pré-e imperícia
existente sem consciência e intenção de causar dano. O Código Civil, no entanto, não faz distinção alguma entre
dolo e culpa, nem entre os graus de culpa, para fins de reparação civil dos danos. Os tipos de culpa são:
Contratual ou extracontratual;
culpa própria ou culpa de terceiro.
- -10
Fique de olho
O dano social é uma nova espécie de dano reparável, que não se confunde com os danos
materiais, morais e estéticos, e que decorre de comportamentos socialmente reprováveis, que
diminuem o nível social de tranquilidade. Segundo entendimento do Superior Tribunal de
Justiça, a condenação por danos sociais somente pode ocorrer em demandas de natureza
coletiva, e, portanto, apenas os legitimados para a propositura de ações coletivas poderiam
pleitear danos sociais
- -11
2. Excludente deResponsabilidade Civil
Há hipótese legais em que, mesmo presentes uma conduta antijurídica e um prejuízo a outrem, não haverá o
dever de indenizar em razão de configurada alguma . Dentre elas,causa excludente da responsabilidade civil
estão o estado de necessidade e a legítima defesa.
O está previsto no nosso Código Civil nos artigos 188, II, 929 e 930. O artigo 188, incisoestado de necessidade
II dispõe que não constitui ato ilícito a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de
remover perigo iminente. O parágrafo único do mesmo artigo informa que nesse caso o ato será legítimo
somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo. Já o artigo 929 do Código Civil dispõe que mesmo nestes casos o
prejuízo causado deve ser reparado, ressalvado pelo art. 930 o direito de regresso daquele de indenizará em face
daquele que criou a situação de perigo.
A está abarcada no art. 188, I, do Código Civil. Segundo Gonçalves (2011, p. 146):legítima defesa
Se o ato foi praticado contra o próprio agressor, não pode o agente ser responsabilizado civilmente pelos danos
provocados. Entretanto, se, por erro de pontaria, terceira pessoa foi atingida, deve o agente reparar o dano. Mas
terá ação regressiva contra o agressor, para se ressarcir da importância desembolsada (art. 930, parágrafo
único). A legítima defesa putativa também não exime o réu de indenizar o dano, pois somente exclui a
culpabilidade e não a antijuridicidade do ato. Assim, somente a legítima defesa real, e praticada contra o
agressor, deixa de ser ato ilícito, apesar do dano causado.
2.1 Fato de terceiro
O pode gerar a exclusão de responsabilidade civil quando se assemelhar às situações de casofato de terceiro
fortuito, que possuem a característica de serem imprevisíveis e inevitáveis. Nestas hipóteses não haverá dever
de indenizar em razão do rompimento do nexo de causalidade. Segundo Gonçalves, no caso de dois motoristas
que colidem no trânsito (2011, p. 139): “Dessa maneira, o causador direto do dano tem a obrigação de repará-lo,
ficando com direito à ação regressiva contra o terceiro, de quem partiu a manobra inicial e ensejadora da
colisão”. De acordo com o autor, o causador direto do dano só deixará de ter a obrigação de indenizar se sua ação
for equiparável ao caso fortuito.
- -12
2.2 Culpa exclusiva da vítima
A hipótese de ocorre quando somente o comportamento desta pode ser atribuídoculpa exclusiva da vítima
como causa do dano sofrido. Assim, rompe-se o nexo de causalidade, elemento necessário à configuração da
responsabilidade civil, pelo que não haverá dever de indenizar. Em caso de culpa concorrente da vítima, ou seja,
concomitância entre a culpa da vítima e a culpa do agente, a indenização deverá ser reduzida nos termos do art.
945 do Código Civil.
2.3 Caso fortuito e força maior
O , previsto no art. 393 do Código Civil, normalmente é associado a ato ou fato alheio à vontade dascaso fortuito
partes e a força maior a acontecimentos naturais. Ambos são, portanto, inevitáveis e rompem o nexo de
causalidade excluindo o dever de indenizar por falta deste elemento essencial.
2.4 Da cláusula de não indenizar
A é o acordo estabelecido entre as partes, com observância da autonomia dacláusula de não indenizar
vontade, de que a inexecução do contrato não gerará dever de indenizar para nenhuma das partes. Nos contratos
em geral, segundo Gonçalves (2011) a validade desta cláusula estará vinculada à autonomia da vontade,
inexistência de vícios de consentimento, não violação à ordem pública, igualdade e equilíbrio na negociação
entre as partes e; inexistência do escopo de eximir o dolo ou a culpa grave do estipulante e ausência da intenção
de afastar a obrigação inerente à função. Nos contratos regidos pelo Direito do Consumidor, tal cláusula não é
admitida por disposição expressa dos artigos 24 e 25 do diploma legal.
Fique de olho
Outra hipótese em que pode deixar de haver a responsabilidade civil será a prescrição da
pretensão da reparação dos danos, hipótese na qual não haverá direito a indenização. De modo
geral a prescrição para reparação civil será de três anos, conforme estipulado no art. 206, §3º,
V, do Código Civil de 2002. Nas relações de consumo, o artigo 27 do CDC determina que o
prazo prescricional da pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do
serviço prescreve em 5 anos, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do
dano e de sua autoria.
- -13
2.5 Teoria de imprevisão
A chamada retrata uma possibilidade de – obrigatóriasteoria da imprevisão revisão de cláusulas contratuais 
entre as partes –, nas hipóteses em que houver mudança nas circunstâncias em que as partes se encontravam
quando celebraram o contrato. Ou seja, a situação das partes no momento da execução das obrigações
contratuais modifica-se de modo que uma delas fica com obrigação desequilibrada em relação à outra. Tal
situação também é conhecida pela expressão , que significa dizer que as obrigaçõesrebus sic stantibus
contratuais se mantem na medida em que as circunstâncias da celebração permaneçam as mesmas. Por meio da
chamada cláusula , as partes podem ajustar isto expressamente no contrato para fazerrebus sic stantibus
compreender que se houver situação imprevista os termos do contrato devem ser ajustados.
Assista aí
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2
/5bbf8bcee253f186a43c2a5cf2348940
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/5bbf8bcee253f186a43c2a5cf2348940
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/5bbf8bcee253f186a43c2a5cf2348940
- -14
3. Responsabilidade civil e contratos
O instituto da responsabilidade civil, enquanto obrigação secundária nascida do descumprimento de uma
obrigação primária pré-existente, está intimamente relacionado aos , pois os negócios jurídicoscontratos
contratuais são uma das principais fontes de obrigações no direito brasileiro. Conforme já se sabe em razão do
estudo da teoria dos contratos, são regidos principalmente pelos princípios da autonomia da vontade,
bilateralidade, equilíbrio contratual e boa-fé.
Assista aí
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2
/c113169a95558734cfc8adba98b0629c
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/c113169a95558734cfc8adba98b0629c
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/c113169a95558734cfc8adba98b0629c
- -15
3.1 Responsabilidade civil e contratos: responsabilidade pré-contratual
Conforme demonstra Fiuza (2015) a responsabilidade civil pode aparecer tanto na fase pré-contratual quanto na
fase pós-contratual, sendo a semelhança entre ambas que em tais momentos não há, propriamente, contrato.
Assim, tanto a responsabilidade pré-contratual como a pós-contratual não há natureza de responsabilidade
contratual em si, cabendo a cada uma sua peculiaridade.
Na fase pré-contratual, objeto de estudo deste tópico, em que ainda não há contrato e as partes estão em fase de
negociações preliminares, ainda assim é possível verificar a ocorrência de ato ilício que gere o dever de
indenizar, como o abuso de direito, por exemplo. Um dos principais fundamentos da responsabilidade pré-
contratual está no artigo 422 do Código Civil. Em certos tipos de contratos necessário se faz negociar
determinadas cláusulas de forma preliminar (além das negociações preliminares, proposta e aceitação), o que já
poderia causar danos, conforme aponta Fiuza (2015, p. 341):
A responsabilidade pré-contratual tem natureza própria. Se, por um lado, ainda não há contrato, por
outro, não se pode equiparar a situação pré-contratual à prática de um ato ilícito stricto sensu, como
uma batida de veículos. Já existem tratativas pré-contratuais, e é combase nelas que uma das partes
pode vir a responder junto à outra. O fundamento dessa responsabilidade nos dá o próprio Código
Civil, ao consagrar o princípio da boa-fé (art. 422) e a responsabilidade pelo abuso de direito (art.
187). É por atentar contra o princípio da boa-fé e seus subprincípios, tais como a transparência, a
lealdade, a probidade; é por exercer abusivamente o direito de se retirar, excedendo os limites
impostos pela própria boa-fé, que a parte causadora do dano será obrigada a indenizar a outra. De
qualquer forma, a responsabilidade, nestes casos, não pode ser transposta para além dos limites do
razoável, uma vez que não se pode comparar as negociações preliminares com o contrato em si.
Veja a seguir os elementos que configuram a responsabilidade pré-contratual:
Existência da relação pré-contratual, ou seja, situação de negociações preliminares, proposta ou aceitação;
Conduta antijurídica por uma das partes, em violação a princípios do Direito;
Dano (moral ou material);
Dolo ou culpa por parte do agente;
Nexo de causalidade.
- -16
3.2 Responsabilidade civil e contratos: recusa de contratar
A figura da está intimamente relacionada com a responsabilidade civil pré-contratual e serecusa de contratar
apresenta quando uma das partes, após a fase das negociações preliminares (já nas fases de proposta e
aceitação) se recusa a fornecer o serviço ou produto que viria a ser objeto do contrato. AA recusa de contratar
está muito relacionada à figura do abuso de direito posto que, ainda inexistente o contrato, ainda inexistente a
obrigação principal em si. Em outras palavras, a cláusula de não contratar impõe condições de contratações,
como, por exemplo, empresas aéreas que não transportam animais.
Importante destacar, portanto, que as cláusulas de não contratar devem conter licitude em seu objeto e não
podem ser contrárias ao direito, não podendo ser s (dentre outras possibilidades de ilicitude),discriminatória
sob pena inclusive de responsabilização civil e criminal. A cláusula de não contratar poderá ensejar
responsabilidade civil (e até criminal) a depender de seu conteúdo antijurídico. Um especial cuidado deve ser
tomado com as relações regidas pelo direito do consumidor.
Figura 2 - Exemplo de cláusula de não contratar: animais em empresas aéreas
Fonte: Monika Wisniewska, Shutterstock, 2020
#PraCegoVer: Vemos na imagem um homem carregando duas bagagens, uma em cada uma das suas mães: de
um lado, uma mala; do outro, uma casa plástica com o seu cachorro, acondicionado para viagens de avião.
- -17
3.3 Responsabilidade civil e contratos: cláusula de indenizar
Por se tratar de , os contratos são também fortemente regidos pelo negócio jurídico bilateral princípio da
, sendo que as partes podem pactuar livremente as suas cláusulas desde que não hajaautonomia da vontade
violação ao ordenamento jurídico (objeto ilícito). Nesse sentido, as partes também pactuar expressamente
cláusula de indenizar referente a todas ou a parte das obrigações contidas no instrumento, estabelecendo
limitações em suas hipóteses de ocorrência e valores, como por exemplos os tipos de danos que poderão vir a ser
objeto de indenização. Esta possibilidade só existe no caso de obrigações estipuladas por contrato, e não podem
violar a ordem pública, a ordem econômica, a finalidade social dos contratos, a boa-fé objetiva, etc. Também não
podem eliminar a indenização nos casos de descumprimento doloso do contrato (ou com culpa grave), nem
afastar elementos essenciais da natureza do contrato.
3.4 Responsabilidade civil e contratos: responsabilidade pós-contratual
A responsabilidade pós-contratual ocorre após a fase de execução do contrato. Nesta fase, o princípio da boa-fé
(art. 422 do Código Civil) também é de fundamental importância. Na responsabilidade pós-contratual não há
mais contrato – cujo objeto já fora exaurido. Há, na verdade, permanência de alguns deveres das partes
decorrentes daquele objeto anterior, como, por exemplo, o dever de garantia de funcionamento de um produto já
entregue, por determinado período de tempo.
é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• aprender que os principais ensejadores da responsabilidade civil são os atos ilícitos, ou seja, atos 
jurídicos (humanos) e voluntários contrários ao direito;
• compreender que a culpa é elemento subjetivo essencial á responsabilidade civil que foi adotada como 
regra pelo nosso ordenamento, podendo ser identificada na modalidade de dolo, ou culpa em sentido 
estrito (negligência, imprudência, imperícia);
• entender que o dano é o prejuízo patrimonial (material) ou extrapatrimonial (moral) sofrido pelo lesado 
e passível de reparação, se houver culpa e nexo de causalidade em relação à conduta;
• distinguir as hipóteses de excludentes de responsabilidade mais comuns - culpa exclusiva da vítima e 
caso fortuito ou força maior;
• compreender que as partes devem guardar boa-fé objetiva tanto nas negociações preliminares, 
formação, quanto na execução dos contratos, mas também após sua conclusão, sob pena de 
responsabilização por abuso de direito inclusive nas fases pré e pós contratual.
•
•
•
•
•
- -18
Referências
GONÇALVES, C. R. Responsabilidade Civil. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2003. P. 32.
MONTEIRO, W. de B. Curso de Direito Civil - Direito das Coisas, 6ª ed., Saraiva, 1969, p. 418.
PEREIRA. C. M. da S. Instituições de direito civil. Rio de Janeiro: Forense. 2011.
PEREIRA. Responsabilidade Civil. Rio de Janeiro: Forense. 1999.
STOCO, R. Tratado de responsabilidade civil: doutrina e jurisprudência.. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2011
TARTUCE, F. Manual de Direito do Consumidor. São Paulo: Método, 2013.
	Olá!
	1. Elementos Caracterizadores da Responsabilidade Civil
	1.1 Ato ilícito: conceito e elementos
	Assista aí
	1.2 Dano: conceito e modalidades
	1.3 Nexo de Casualidade
	1.4 Culpa lato sensu: dolo e culpa
	2. Excludente de Responsabilidade Civil
	2.1 Fato de terceiro
	2.2 Culpa exclusiva da vítima
	2.3 Caso fortuito e força maior
	2.4 Da cláusula de não indenizar
	2.5 Teoria de imprevisão
	Assista aí
	3. Responsabilidade civil e contratos
	Assista aí
	3.1 Responsabilidade civil e contratos: responsabilidade pré-contratual
	3.2 Responsabilidade civil e contratos: recusa de contratar
	3.3 Responsabilidade civil e contratos: cláusula de indenizar
	3.4 Responsabilidade civil e contratos: responsabilidade pós-contratual
	é isso Aí!
	Referências

Continue navegando