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aula 04

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Dos vícios redibitórios
A denominação de “vícios redibitórios” tem o motivo de que, desconhecidos no ato da feitura do negócio, quando descobertos, ensejam a necessidade imperiosa de que haja a redibição da coisa. Ou seja, a desconsideração do que se encontra contratado, quanto à coisa, causando a rescisão contratual. O nome, porém, ultrapassa a possibilidade jurídica, já que nem sempre há a rescisão contratual, podendo haver soluções intermediárias, como diminuição do preço, ainda que já pago – caso em que haveria apenas a devolução de parte, na proporção da diminuição da prestabilidade do produto adquirido, ou, pelo defeito apresentado, causa uma redução do valor do bem.
Segundo lições de Washington de Barros Monteiro (op. cit., pág. 54) diz que “o contratante responde pelos vícios redibitórios porque tem obrigação de assegurar a boa execução do contrato, cumprindo-lhe assim entregar coisa isenta de defeitos ou imperfeições”.
Um dos direitos do adquirente de um serviço ou produto é a garantia de utilidade da finalidade anunciada em sua quantidade e qualidade, quem deve dar tal garantia é quem do produto ou serviço vendeu, porém nem todas coisas transmitidas, são sempre garantidamente perfeitas. 
Se o adquirente desconhecia a existência de um erro, defeito ou vício que torna a coisa adquirida imprópria para o uso ou que lhe diminua o valor, tem-se o vício redibitório. 
O direito de ser ressarcido pelos prejuízos causados pelos vícios não percebidos no ato da aquisição faz parte das garantias que deve ter o adquirente
1.1. Conceito de vício redibitório “é todo defeito oculto da coisa, que a torna imprópria para o uso a que se destina, ou lhe diminui de tal modo o valor que o comprador, ou permutante, tê-la-ia recusado ou por ela oferecido preço bem inferior ao que pagou, ou deu em troca, se lhe conhecesse a falha ou imperfeição”.
OBS: O vício redibitório só recai nos contratos onerosos não podendo reclamar o sujeito do contrato gratuito art. 552 do CC (ex doação sem encargo).
.O artigo 441 do CC traz o conceito do vício redibitório o artigo 442 do CC por sua vez preceitua que o adquirente do produto com defeito pode ficar com ele e pedir abatimento do valor.
Fundamentação jurídica
O a obrigatoriedade do alienante em reparar o vício redibitório está fundamentada na teoria do inadimplemento contratual que tem por fundamento o principio da garantia que onera o alienante e o faz responsável pela coisa vendida.
Caracterização dos vícios redibitórios:
Não é qualquer defeito ou falha que dá ensejo a responsabilização pelo vício redibitório para caracterizá-lo é preciso
Que a coisa tenha sido recebida por contrato comutativo ou doação onerosa;
OBS: CONTRATO COMUTATIVO É O CONTRATO DE PRESTAÇÃO CERTA E DETERMINADA.
Defeitos ocultos: se o defeito for aparente suscetível de ser percebido por um exame atento, feito por um adquirente cuidadoso não constitui vicio oculto.
Que os defeitos existam no momento da celebração do contrato e que perdurem até o momento da reclamação: os defeitos supervenientes presumem-se resultantes do mau uso da coisa. (art. 444 e 443 do CC);
Que os defeitos sejam desconhecidos do adquirente: a expressão “vende-se no estado em que se encontra” visa eximir da responsabilidade;
Que os defeitos sejam graves: apenas os defeitos revestidos de gravidade e que sejam capazes de prejudicar o uso da coisa ou diminuir consideravelmente o valor do bem.
Espécies de ações: (ações edilícias) * a escolha feita pelo adquirente é irrevogável.
Ação redibitória: rescisão do contrato 
Ação estimatória: minoração do preço
Hipóteses de descabimento de ações edilícias:
Coisas vendidas conjuntamente: art. 503 do CC o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas.
Só a coisa defeituosa pode ser restituída salvo se formar um todo inseparável, (por exemplo: um par de sapatos um coleção de livros raros)
Inadimplemento contratual a entrega de coisa diversa da contratada não configura vicio redibitório, mas sim inadimplemento contratual art. 389 do CC em caso de descumprimento do contrato a pessoa lesada tem o direito de exigir o cumprimento do contrato ou pedir a resolução do contrato com possíveis perdas e danos.
Erro quanto à qualidade essencial do objeto enseja ação anulatória de negócio jurídico.
Vicio redibitório é erro objetivo sobre a coisa que contem um defeito oculto se a pessoa adquire um relógio pensando ser de ouro e não é não é vicio redibitório, será vicio redibitório o defeito objetivo do produto a pessoa compra um relógio ele é de ouro, mas não funciona por causa de um defeito numa peça interna.
Prazo decadencial:
 30 dias bem móvel (da tradição)
1 ano bem imóvel (da tradição)
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1º Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo
contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
§ 2º Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
Os contraentes podem ampliar o prazo de garantia (art. 446 do CC)
Vício redibitório no CDC:
O Código Civil de 1916 já tratava dos prazos de prescrição e decadência para casos de reclamação contra alienantes em casos de vícios ocultos. E, por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078, de 11.09.1990), já trazia escrito o prazo de 30 dias para que o consumidor reclame contra vícios aparentes ou de fácil constatação, quando se tratar de fornecimento de serviço ou produto não durável, e o prazo de 90 dias se o serviço ou serviço se relacionar com o produto durável (artigo 26). Outro prazo fixado pelo Código de Defesa do Consumidor é o do artigo 18, segundo o qual, após a reclamação, tem o fornecedor do produto ou serviço que solucionar a pendência. Em não o fazendo, poderá o consumidor, alternativamente, escolher se prefere que o produto seja substituído por outro da mesma espécie ou se exige a restituição do que pagou devidamente corrigido, ou, ainda, o desconto do preço, ainda que já pago, proporcional ao defeito apresentado.
O mesmo artigo 18 traz a responsabilidade solidária de quem fornece produtos de consumo – entende-se como revendedor – ao lado do fabricante, ainda que a reclamação do consumidor seja em relação à embalagem, publicidade ou outras variantes. Quanto aos produtos in natura, a responsabilidade é praticamente única do vendedor, pela dificuldade de identificar o produtor de manga, melancia ou outros produtos da feira. Funciona como exceção o fato de o produto vir identificado, de forma inequívoca, pelo produtor (casos raros de embalagem “longa vida” de tomate, uva ou pouco mais).
O artigo 20 do CDC trata do mesmo tema do artigo 18, porém, quanto à prestação de serviços.
Art. 18. § 1º – Não sendo o vício sanado no prazo máximo de 30 dias, pode o consumidor exigir,
Alternativamente e à sua escolha:
I – a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
Eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.
ART. 19 – Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto
Sempre que, respeitadas as variaçõesdecorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for
Inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem
Publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – o abatimento proporcional do preço;
II – a complementação do peso ou medida;
III – a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os
Aludidos vícios;
IV – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
“ART. 20 – O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
Impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
Disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o
Consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I – a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II – a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
III – o abatimento proporcional do preço.
§ 1º – A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados,
por conta e risco do fornecedor.”
Decadência e prescrição do direito de reclamação por vício:
“ART. 26 – O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
I – trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto não duráveis;
II – noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produto duráveis.
§ 1º – Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do
término da execução dos serviços.
§ 2º – Obstam a decadência:
I – a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
§ 3º – Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.”
“ART. 27 – Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do
produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a
partir do conhecimento do dano e de sua autoria.”
Dos Vícios nas Construções
A disposição contida no Código Civil de 1916 era clara no sentido de que o construtor teria que garantir, pelo prazo de cinco anos, a construção que executasse, contra quaisquer defeitos, ocultos ou não, em materiais empregados e nos serviços empreendidos. 
O Código Civil de 2002 não inovou, e fez assim constar de seu corpo:
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
2 Evicção
2.1. conceito: evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial que atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato.
Quem dispõe de um bem tem a obrigação de garantir que o seu adquirente tenha, mais do que a propriedade e a posse, também o seu uso e gozo dentro dos padrões normais que se contratou no negócio efetuado.
Caso, após a aquisição, venha o adquirente a perder a propriedade de um bem por determinação judicial – que confere a titularidade de tal bem a outrem, fundamentada a decisão judicial em elemento jurídico preexistente ao negócio em assunto – há o reconhecimento do direito do prejudicado em requerer junto ao vendedor ou permutante a reparação do dano causado. A este procedimento de vir um adquirente a perder a coisa, total ou parcialmente, nas condições já descritas, dá-se o nome de evicção.
O adquirente tem o direito de exigir contratualmente que o alienante da coisa venha a responder por eventual evicção que venha a ocorrer. A principal espécie de contrato a ver presente à condição de o alienante responder pela evicção á a compra e venda.
A evicção se dá em contratos onerosos não se admite, em regra, a garantia de evicção em caso de doação.
A evicção é direito que tem características inatas a qualquer contrato, exceto em havendo estipulação em contrário. Por sinal, podem as partes contratar para excluir ou para diminuir os efeitos da evicção, conforme dicção do artigo 448 do Código Civil. 
As garantias de evicção importam, além do preço em sua totalidade, nas despesas que o adquirente teve com contratos e escrituras, custas processuais e honorários advocatícios que tiver como condição para restituição do seu dinheiro e por eventuais indenizações que, em função do negócio, teve que fazer perante outrem. E, de acordo com o artigo 451 do Código Civil de 2002, ainda que a coisa venha a se deteriorar, sem dolo do adquirente, subsiste o direito à evicção.
2.2. Os Sujeitos da Evicção
Em uma espécie de quadrilha, evicto é nome que se dá ao adquirente que, em função de uma decisão judicial, vem a perder a propriedade adquirida do alienante, em favor do evictor. Logo, conclui-se que este último é quem, perante o Juízo, prova que am tempo anterior à transferência da coisa pelo alienante ao adquirente, era seu direito a propriedade do mesmo objeto.
Cabe ao alienante a obrigação da evicção. Trata-se de uma obrigação de fazer (garantir a propriedade ou vir a indenizar pela impossibilidade da manutenção de tal benefício em favor do adquirente)
2.3. verbas devidas: (art. 450 do CC) o ressarcimento deve ser amplo e completo abrangendo despesas com impostos, escrituração, juros e correção monetária, se houver benfeitorias também devem ser ressarcidas (art. 453 do cc)
2.4. evicção parcial artigo 455 do cc. Se a evicção não forma considerável caberá somente indenização.

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