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6- vícios redibitórios

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VÍCIOS REDIBITÓRIOS
	1- Conceito legal - art. 441 do CC " A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria para uso a que se destina, ou lhe diminuam o valor".
	Caio Mário- "Um defeito oculto de que é portadora a coisa objeto de contrato comutativo, que a torna imprópria ao uso a que se destina, ou lhe prejudica sensivelmente o valor".	
Corresponde a uma cláusula geral legal (norma de ordem pública), presente implicitamente em todo o contrato comutativo, tutela o contratante que foi prejudicado pela presença do vício oculto- não precisa estar expressa no contrato, não é possível que as partes contratantes afastem por disposição sua incidência.
	Obs.: Contrato Comutativo- Espécie de contrato oneroso, em que as prestações são certas e determinadas, já sabendo o contratante tanto aquela que vai desempenhar quanto aquela que vai receber e, geralmente, são prestações que se equivalem (princípio da equivalência material entre as prestações). 
2- Elementos caracterizadores do vício redibitório:
a) a existência de um contrato comutativo (translativo da posse ou propriedade); 
b) um defeito oculto, desconhecido do adquirente, existente no momento da tradição;
c) diminuição do valor econômico ou prejuízo à adequada utilização da coisa (vício grave).
O defeito deverá acompanhar a coisa (contemporâneo), quando da sua tradição, porque se o vício é posterior à aquisição da coisa (superveniente), ou seja, se a causa do defeito operou-se já quando a "res" estava em poder do adquirente, por má utilização ou desídia, ou em função do desgaste natural do bem, não poderá ser pleiteada a redibilição. 
	O defeito deve ser oculto, se o vício for aparente ou de fácil constatação, não se tratará de vício redibitório. Nesse caso, presume-se que o adquirente os conhecia e que não os julgou capazes de impedir a aquisição do bem. O defeito será considerado oculto quando não permitir sua imediata percepção, advinda da diligência normal aplicável ao mundo dos negócios jurídicos.
	 Se o adquirente conhecia do defeito da coisa e, mesmo assim, celebrou o negócio, presume-se que renunciou a garantia contra o vício redibitório (proibição do venire contra factum proprium).
	Carlos Roberto Gonçalves- Complementação- A expressão "vende-se no estado em que se encontra", comum em anúncios de venda de veículos usados, tem a finalidade de alertar os interessados de que não se acham eles em perfeito estado, não cabendo, por isso, nenhuma reclamação posterior.
	Os defeitos de somenos importância ou que possam ser removidos são insuficientes para justificas a invocação da garantia, pois não tornam o bem impróprio para o uso a que se destina ou diminuem sensivelmente o seu valor.
	3- Fundamentos da garantia contra os vícios redibitórios. 
	Várias teorias tentam explicar a garantia legal dos vícios redibitórios:
	1- Teoria do erro- Não faz distinção entre defeitos ocultos e erro sobre as qualidades essenciais do objeto. O erro tem dimensão subjetiva(ou psicológica), é defeito do negócio jurídico ensejador de nulidade (anulabilidade) no contrato. 
	2- Teoria do risco- O alienante responde pelos vícios redibitórios porque tem a obrigação de suportar os riscos da coisa alienada.
	3- Teoria da equidade- A existência do instituto tem com fundamento a necessidade de se manter o justo equilíbrio entre as prestações dos contratantes. Se uma das partes contratentes soubesse da existência do vício grave não teria feito o negócio nos termos avençados. 
	4- Teoria do inadimplemento contratual (mais aceita)- Aponta o fundamento da responsabilidade pelos vício redibitórios no princípio da garantia. O alienante é garante dos vícios redibitórios e cumpre-lhe fazer a coisa boa. O inadimplemento contratual decorre de infração ao dever legal (garantia) que está ínsito na contratação. A partir do momento em que o alienante garante a coisa boa e vende ao adquirente, a ocorrência do vício redibitório violaria os termos do contrato (em outras palavras, violaria a garantia apresentada), representando assim um inadimplemento contratual. 
	E essa garantia decorrente dos vícios é tal, que o art. 444 do CC chega ao ponto de impor responsabilidade ao alienante, ainda que a coisa pereça em poder do alienatário. Ou seja, se a coisa vier a ser destruída ou se extinguir em virtude do próprio defeito, já existente quando da tradição, ainda assim o adquirente terá direito à compensação devida.
	O vício redibitório aproxima-se muito mais a uma clausula de dissolução ou revisão do contrato do que ao sistema de responsabilidade civil, tendo em vista que o defeito da coisa é desconhecido pelas partes contratantes (não deriva da culpa), muito embora a parte prejudicada tenha o direito de ser devidamente "indenizada". 
	4- Vícios redibitórios X Erro como vício do consentimento
	O erro representa uma equivocada percepção da realidade, uma opinião não verdadeira sobre o objeto, que vicia a vontade do agente. Atuando, o erro, nitidamente no campo psíquico (subjetivo).
	Se o bem adquirido apresentar defeito, não temos a figura do erro, uma vez que recebeu exatamente aquilo que pretendia comprar. Apenas a coisa transferida portava defeito oculto que lhe depreciava ou tornava imprópria a sua utilização. 
	O vício redibitório não fulmina o contrato no plano da validade, mas no campo da eficácia, por permitir a enjeitamento/devolução da coisa ou abatimento no preço.
 	Ex: Se alguém adquire um relógio que funcionava perfeitamente, mas não é de ouro, como o adquirente imaginava (e somente por essa circunstância o comprou), trata-se de erro quanto aos elementos ou relativo a qualidade essencial do objeto. Se, no entanto, o relógio é mesmo de ouro, mas não funciona por causa do defeito de uma peça interna, a hipótese é de vício redibitório.
	5- Consequências jurídicas da verificação do vício redibitório
	Verificado o vício redibitório, de acordo com o art. 442, abrem-se duas possibilidades para o adquirente:
a) Insatisfeito, rejeita a coisa e rescinde o contrato (ação redibitória)
b) Conserva a coisa, porém reclama o abatimento no preço (ação estimatória ou "quanti minoris")
	 No primeiro caso, o adquirente, insatisfeito pela constatação do vício, propõe uma ação redibitória, rejeitando a coisa e rescindindo o contrato.
	No segundo caso, o adquirente conserva a coisa e propõe ação estimatória, pleiteando no abatimento.
	Obs.: Ambas são espécies de ações edilícias, existindo uma relação de alternatividade entre ambas. Desta forma, o adquirente somente poderá propor uma ou outra, visto que comportam pedidos excludentes entre si (electa uma via non datur recursus ad alteram).
	Art. 443 do CC- "Se o alienante conhecia o vício ou defeito oculto da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos, se o não conhecia, tão somente restituirá o valor recebido, mais a despesas do contrato.
	IMPORTANTE- Interpretando a primeira parte do art. 443 do CC- A quebra do dever de lealdade (boa-fé objetiva), consistente na alienação de coisa que sabe ser defeituosa, sujeita o alienante a pagar, a título indenizatório, perdas e danos à parte adversa. Caso, entretanto, desconheça o defeito, apenas restituirá o "status quo ante", devolvendo o preço pago mais as despesas do contrato.
	As perdas e danos compreendem tanto os danos emergentes (o que efetivamente se perdeu) quanto os lucros cessantes (o que razoavelmente se deixou de lucrar).
	6- Prazo para a propositura das ações edilícias
	São ações que tem por conteúdo o exercício de direitos potestativos, desta forma, os prazos em comento são decadenciais, e não prescricionais.
	É um direito que não admite contestação, corresponde ao poder de influir na esfera jurídica de outrem, sem que este nada possa fazer, todo exercício de um direito potestativo corresponde a um estado de sujeição.
	*art. 445-"caput" do CC- Vício de fácil constatação, contado da tradição (da entrega efetiva).
- 30 dias se bem móvel.
- 1 ano se for bem imóvel.
-Se já estava na posse do bem, o prazo contadoda alienação, é reduzido a metade.
Ex.: Juca está na posse de uma fazenda há 2 anos como arrendatário e resolve compra-la. Caso vier a perceber a existência de um vício redibitório, terá o prazo de um ano reduzido à metade (6 meses), a contar da data do registro do título de transferência no cartório de imóveis (data da alienação formal) para propor a ação edilícia.
	Obs.: Como o adquirente já estava na posse do bem, o legislador entendeu que ele já disporia de tempo para a detecção do defeito, razão pela qual reduziu o prazo à metade. 	Todavia, imaginemos que o adquirente estivesse na posse do bem por apenas um dia ou uma semana do ato de alienação, pela incidência da regra, perder-se-ia a metade do prazo por ter ficado um breve período na posse do bem. O que revela uma grande injustiça! Cabe ao juiz, caso a caso, procurar o real sentido para a aplicação da norma, fundamentando devidamente sua decisão (princípio da proporcionalidade).
	*§1º do art. 445 do CC- Vício de difícil constatação (só puder ser conhecido mais tarde), contado da descoberta do vício 
- 180 dias se bem móvel.
- 1 ano se bens imóveis.
	Obs.: Esse parágrafo regula o vício redibitório detectado após a tradição, hipótese em que o prazo será contado a partir do momento em que o adquirente tiver ciência do defeito (termo a quo).
	Tal prazo, reiterando, somente correrá a partir do momento em que o adquirente da coisa detectar o vício, o qual, obviamente, não poderá decorrer da má utilização, e sim, ser anterior à tradição da coisa.
	* § 2º do art. 445 do CC- "aplicando-se ao disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinado a matéria". 
	Obs.:Trata-se de uma regra supletiva. Busca-se primeiro o prazo de garantia estabelecido na lei especial, na falta, os usos locais, não havendo ambos, regula-se pelo estabelecido no parágrafo antecedente.
	* § 3º do art. 445 do CC- LER (não havia regra semelhante no CC anterior).
 	Obs.: Veicula a previsibilidade normativa da suspensão do prazo de garantia legal, enquanto estiver em curso a garantia contratual.
 	A cláusula de garantia, obstativa de decadência legal, corresponde à cláusula contratual pela qual o alienante acoberta a ilesividade da coisa, é complementar da garantia obrigatória e legal a que responde. Não exclui, portanto, a garantia legal.
	Ex.: O indivíduo compra uma televisão com garantia contratual de 5 anos. Sem prejuízo de tal cláusula, entretanto, gozará também da garantia legal genérica prevista em lei, no presente caso, prevista no art. 26 do CDC.
		Todavia, verificando o defeito, o adquirente, por imperativo de boa-fé objetiva, deverá denunciá-lo ao alienante, nos 30 dias seguintes ao descobrimento, sob pena de decadência. O silêncio poderá indicar intenção de prejudicar ou má-fé, tendo em vista que o defeito decorrente do vício, nesse período, poderá até mesmo se agravar.
Quando uma pessoa adquire um veículo com defeitos de um particular, a reclamação rege-se pelas normas do CC. Se, no entanto, adquire-o de um comerciante estabelecido nesse ramo, pauta-se pelo Código de defesa do Consumidor. Este diploma considera como vício redibitório tanto os defeitos ocultos como também os aparentes ou de fácil constatação.

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