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RESP 1.147.191 RS SENTENÇA LÍQUIDA. NÃO CUMP. VOL. CAB. MULTA DO ART. 475 J

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.147.191 - RS (2009/0126112-0)
 
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : UNIVERSUM DO BRASIL INDÚSTRIA MOVELEIRA LTDA 
ADVOGADOS : TÂNIA REGINA PEREIRA E OUTRO(S) 
LOURENÇO GASPARIN 
VALDOMIRO CARARD JUNIOR 
RECORRIDO : CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A ELETROBRÁS 
ADVOGADO : ANTÔNIO FREDERICO PEREIRA DA SILVA 
ADVOGADOS : VLADIA VIANA REGIS 
GUILHERME GOLDSCHMIDT 
LEANDRO BARATA SILVA BRASIL 
JOSÉ CARLOS PIZARRO BARATA SILVA 
LIGIA MARIA BARATA SILVA BRASIL 
DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA 
THOMAS STEPPE 
DANIELA KRAIDE FISCHER E OUTRO(S) 
JORGE SUÑE GRILLO NETO 
GIOVANNA FABRE VIAN 
INTERES. : FAZENDA NACIONAL 
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL 
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : EDSON RODRIGUES MARQUES - DEFENSOR PÚBLICO DA 
UNIÃO
EMENTA
RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO RITO DO ART. 543-C DO 
CPC. PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DIFERENÇA DE 
CORREÇÃO MONETÁRIA DE EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. SENTENÇA 
ILÍQUIDA. INADMISSIBILIDADE DA COBRANÇA DA MULTA DO ART. 475-J DO 
CPC. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.
1. A reforma do CPC conduzida por meio da Lei 11.232/05 
objetivou imprimir ansiada e mesmo necessária celeridade ao processo executivo, 
no intuito de transformá-lo em um meio efetivo de realização do direito subjetivo 
lesado ou violado; nessa perspectiva, suprimiu-se a execução como uma ação 
distinta da ação precedente de conhecimento, para torná-la um incidente 
processual, abolindo-se a necessidade de novo processo e nova citação do 
devedor, tudo com o escopo de conferir a mais plena e completa efetividade à 
atividade jurisdicional, que, sem esse atributo de realização no mundo concreto, 
transformariam as sentença em peças de grande erudição jurídica, da maior 
expressão e préstimo, sem dúvida, mas sem ressonância no mundo real.
2. Para as sentenças condenatórias ao cumprimento de 
obrigação de pagamento de quantia em dinheiro ou na qual a obrigação possa 
assim ser convertida, o procedimento é o previsto no art. 475-J do CPC (art. 475-I 
do CPC). Neste último caso, a finalidade da multa imposta para o caso de não 
pagamento foi a de mitigar a apresentação de defesas e impugnações meramente 
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Superior Tribunal de Justiça
protelatórias, incentivando a pronta satisfação do direito previamente reconhecido.
3. A liquidez da obrigação é pressuposto para o pedido de 
cumprimento de sentença; assim, apenas quando a obrigação for líquida pode ser 
cogitado, de imediato, o arbitramento da multa para o caso de não pagamento. Se 
ainda não liquidada ou se para a apuração do quantum ao final devido forem 
indispensáveis cálculos mais elaborados, com perícia, como no caso concreto, o 
prévio acertamento do valor faz-se necessário, para, após, mediante intimação, 
cogitar-se da aplicação da referida multa.
4. No contexto das obrigações ilíquidas, pouco importa, ao meu 
ver, que tenha havido depósito da quantia que o devedor entendeu incontroversa ou 
a apresentação de garantias, porque, independentemente delas, a aplicação da 
multa sujeita-se à condicionante da liquidez da obrigação definida no título judicial.
5. A jurisprudência desta Corte tem consignado que, de ordinário, 
a discussão sobre a liquidez ou iliquidez do título judicial exeqüendo é incabível no 
âmbito dos recursos ditos excepcionais, quando for necessário o revolvimento 
aprofundado de aspectos fáticos-probatórios; nesses casos, deve-se partir da 
conclusão das instâncias ordinárias quanto a esse atributo da obrigação executada 
para fins de verificar o cabimento da multa (AgRg no AREsp. 333.184/PR, Rel. Min. 
ELIANA CALMON, DJe 17.09.2013 e AgRg no AREsp. 400.691/SC, Rel. Min. 
SIDNEI BENETI,DJe 03.12.2013); todavia, ao meu sentir, se essa avaliação 
probatória puder ser suprimida, e não raro é possível tirar a conclusão a partir do 
contexto do próprio acórdão impugnado, é possível e mesmo desejável a avaliação 
dessa circunstância por esta Corte, de modo a por fim à controvérsia.
6. O caso concreto refere-se à condenação ao pagamento de 
diferenças de correção monetária de empréstimo compulsório, tendo ficado 
assentado nas decisões precedentes a iliquidez do título judicial; a apuração do 
montante devido, nessas hipóteses, não prescinde de certa complexidade, dado o 
tempo passado desde cada contribuição, as alterações monetárias e a diversidade 
de índices de correção monetária aplicáveis ao período, tanto assim que tem sido 
necessária perícia contábil mais elaborada em inúmeros, senão em todos os casos, 
como se observa dos diversos processos submetidos à apreciação da Primeira 
Seção desta Corte; a sentença, nesses casos, não pode ser considerada líquida no 
sentido que lhe empresta o Código, como bem salientou o acórdão a quo, pois 
sequer existe um valor básico sobre o qual incindiriam os índices de correção 
monetária e demais acréscimos.
7. Assim, para efeitos do art. 543-C do CPC, fixa-se a seguinte 
tese:
No caso de sentença ilíquida, para a imposição da multa prevista no 
art. 475-J do CPC, revela-se indispensável (i) a prévia liquidação da 
obrigação; e, após, o acertamento, (ii) a intimação do devedor, na figura do 
seu Advogado, para pagar o quantum ao final definido no prazo de 15 dias.
Documento: 1298773 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2015 Página 2 de 27
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Superior Tribunal de Justiça
8. Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Especial. 
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da 
CORTE Especial do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das 
notas taquigráficas a seguir, prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. 
Ministro João Otávio de Noronha acompanhando o voto do Sr. Ministro Relator, e os 
votos dos Srs. Ministros Jorge Mussi, Raul Araújo, Laurita Vaz, Humberto Martins e 
Herman Benjamin, no mesmo sentido, por unanimidade, conhecer do recurso 
especial, mas negar-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. 
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Jorge Mussi, Raul Araújo, 
Laurita Vaz, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro 
Relator. 
Não participaram do julgamento os Srs. Ministros Francisco Falcão, 
Maria Thereza de Assis Moura, Luis Felipe Salomão, Mauro Campbell Marques e 
Benedito Gonçalves.
Ausentes, justificadamente, a Sra. Ministra Nancy Andrighi e o Sr. 
Ministro Og Fernandes.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Felix Fischer. 
Brasília/DF, 04 de março de 2015 (Data do Julgamento).
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
MINISTRO RELATOR
Documento: 1298773 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2015 Página 3 de 27
 
 
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.147.191 - RS (2009/0126112-0)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : UNIVERSUM DO BRASIL INDÚSTRIA MOVELEIRA LTDA 
ADVOGADA : TÂNIA REGINA PEREIRA E OUTRO(S)
RECORRIDO : CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A ELETROBRÁS 
ADVOGADOS : GUILHERME GOLDSCHMIDT 
LEANDRO BARATA SILVA BRASIL 
JOSÉ CARLOS PIZARRO BARATA SILVA 
LIGIA MARIA BARATA SILVA BRASIL 
THOMAS STEPPE 
DANIELA KRAIDE FISCHER E OUTRO(S) 
JORGE SUÑE GRILLO NETO 
GIOVANNA FABRE VIAN 
INTERES. : FAZENDA NACIONAL 
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL 
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : EDSON RODRIGUES MARQUES - DEFENSOR PÚBLICO DA 
UNIÃO
RELATÓRIO
 1. Cuida-se de Recurso Especial interposto por UNIVERSUM DO 
BRASIL INDÚSTRIA MOVELEIRA LTDA. em adversidadeao acórdão proferido pelo 
TRF da 4a. Região, assim ementado:
TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECEBIMENTO DA 
IMPUGNAÇÃO EM CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INCIDÊNCIA DE 
MULTA.
A condenação da sentença exequência apenas se tornará líquida 
após a apreciação da impugnação. Portanto, a multa prevista no art. 475-J do 
CPC só poderá ter incidência na hipótese de sobrevir decisão que rejeitar, 
total ou parcialmente, os embargos (fls. 120).
2. Em seu Apelo Raro, fundado nas alíneas a e c do art. 105, III 
da CF, alega a recorrente ofensa ao art. 475-J do CPC, divergindo, ainda, de 
decisão proferida por este STJ. 
3. Afirma que, como a apuração do valor da condenação não 
depende de liquidação, mas de simples cálculo aritmético (art. 475-B do CPC) que 
pode e deve ser feito pela própria devedora, o prazo de 15 dias previsto no art. 
Documento: 1298773 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2015 Página 4 de 27
 
 
Superior Tribunal de Justiça
475-J do CPC tem o seu termo inicial na data do trânsito em julgado da sentença.
4. Alega que, se o credor precisar pedir ao juízo o cumprimento 
da sentença já poderá exigir a multa de 10% sobre o valor da condenação, 
porquanto não ocorreu o cumprimento espontâneo do julgado.
5. Sustenta que o fato de a devedora ter apresentado 
impugnação alegando a existência de excesso de execução não transforma a 
obrigação líquida em obrigação ilíquida e nem tem o condão de renovar para a 
devedora o prazo de 15 dias para poder pagar o valor devido sem a incidência da 
multa.
6. Para comprovar a divergência, colaciona julgado desta Corte, 
REsp. 954.859/RS, da Colenda 3a. Turma, relator o ilustre Ministro HUMBERTO 
GOMES DE BARROS, assim ementado:
LEI 11.232/2005. ARTIGO 475-J, CPC. CUMPRIMENTO DA 
SENTENÇA. MULTA. TERMO INICIAL. INTIMAÇÃO DA PARTE VENCIDA. 
DESNECESSIDADE. 
1. A intimação da sentença que condena ao pagamento de 
quantia certa consuma-se mediante publicação, pelos meios ordinários, a fim 
de que tenha início o prazo recursal. Desnecessária a intimação pessoal do 
devedor.
2. Transitada em julgado a sentença condenatória, não é 
necessário que a parte vencida, pessoalmente ou por seu advogado, seja 
intimada para cumpri-la.
3. Cabe ao vencido cumprir espontaneamente a obrigação, em 
quinze dias, sob pena de ver sua dívida automaticamente acrescida de 10%. 
(DJ 27.08.2007).
7. Com contrarrazões (fls. 153/168), o recurso foi admitido na 
origem (fls. 176).
8. O então Relator, Ministro LUIZ FUX, proferiu decisão 
submetendo o presente feito ao rito do art. 543-C do CPC, afetando-o à Corte 
Especial (art. 2o., § 1o. da Res. 8/STJ), delimitando a controvérsia nos seguinte 
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Superior Tribunal de Justiça
termos: possibilidade de aplicação da multa de 10% prevista no caput do art. 475-J 
do CPC, na hipótese de o devedor, na fase de cumprimento de sentença ilíquida, 
efetua o depósito das quantias incontroversas e apresenta garantias referentes aos 
valores controvertidos, objeto de impugnação.
9. A ilustre Subprocuradora-Geral da República DENISE VINCI 
TÚLIO, ofertou parecer pelo não provimento do Recurso Especial, assim ementado:
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. 
DECISÃO ILÍQUIDA. CÁLCULO DO CREDOR. IMPUGNAÇÃO. MULTA. 1. 
Controvérsia jurídica de recurso representativo (CPC, art. 543-C): aplicação 
ou não da multa de 10%, prevista no caput do art. 475-J do CPC, na hipótese 
em que o devedor, na fase de cumprimento de sentença ilíquida, deposita as 
quantias incontroversas e apresenta garantias referentes aos valores 
controvertidos, objeto de impugnação. 2. Nos termos do art. 475-J do CPC, o 
devedor deve pagar a quantia certa ou já fixada em liquidação, dentro do 
prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de pagamento de multa no valor de 10% 
(dez por cento) do valor da condenação. O art. 475-J do CPC, vale, no 
entanto, somente para caso de quantia certa, que não requer liquidação de 
sentença, perícia ou outro trabalho técnico de elevada complexidade. 
Precedentes. 3. No caso específico, a obrigação é ilíquida e a executada 
impugnou os cálculos apresentados pela exequente. Há notícia, inclusive, de 
que a impugnação oposta mereceu parcial provimento, após a realização de 
perícia contábil. 4. É pressuposto para aplicação da multa do art. 475-J a 
liquidez da obrigação. 5. Parecer pela aplicação do preceito aos casos 
repetitivos e pelo não provimento do presente Recurso Especial. (fls. 191).
 10. A UNIÃO apresentou manifestação, pugnando pelo 
desprovimento do recurso, e para que conste, ao final, menção expressa de que a 
Fazenda Nacional não está sujeita às implicações do art. 475-J do CPC, eis que 
existe sistemática singular de cobrança de créditos contra essa devedora.
11. A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO foi admitida no feito como 
amicus curiae (fls. 306), mas não apresentou manifestação.
12. É o que havia de relevante para relatar.
 
Documento: 1298773 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2015 Página 6 de 27
 
 
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.147.191 - RS (2009/0126112-0)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : UNIVERSUM DO BRASIL INDÚSTRIA MOVELEIRA LTDA 
ADVOGADA : TÂNIA REGINA PEREIRA E OUTRO(S)
RECORRIDO : CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A ELETROBRÁS 
ADVOGADOS : GUILHERME GOLDSCHMIDT 
LEANDRO BARATA SILVA BRASIL 
JOSÉ CARLOS PIZARRO BARATA SILVA 
LIGIA MARIA BARATA SILVA BRASIL 
THOMAS STEPPE 
DANIELA KRAIDE FISCHER E OUTRO(S) 
JORGE SUÑE GRILLO NETO 
GIOVANNA FABRE VIAN 
INTERES. : FAZENDA NACIONAL 
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL 
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : EDSON RODRIGUES MARQUES - DEFENSOR PÚBLICO DA 
UNIÃO
 
VOTO
RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO RITO DO ART. 543-C DO 
CPC. PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DIFERENÇA 
DE CORREÇÃO MONETÁRIA DE EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. 
SENTENÇA ILÍQUIDA. INADMISSIBILIDADE DA COBRANÇA DA MULTA 
DO ART. 475-J DO CPC. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL 
DESPROVIDO.
1. A reforma do CPC conduzida por meio da Lei 11.232/05 
objetivou imprimir ansiada e mesmo necessária celeridade ao processo 
executivo, no intuito de transformá-lo em um meio efetivo de realização do 
direito subjetivo lesado ou violado; nessa perspectiva, suprimiu-se a 
execução como uma ação distinta da ação precedente de conhecimento, 
para torná-la um incidente processual, abolindo-se a necessidade de novo 
processo e nova citação do devedor, tudo com o escopo de conferir a mais 
plena e completa efetividade à atividade jurisdicional, que, sem esse atributo 
de realização no mundo concreto, transformariam as sentença em peças de 
grande erudição jurídica, da maior expressão e préstimo, sem dúvida, mas 
sem ressonância no mundo real.
2. Para as sentenças condenatórias ao cumprimento de 
obrigação de pagamento de quantia em dinheiro ou na qual a obrigação 
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Superior Tribunal de Justiça
possa assim ser convertida, o procedimento é o previsto no art. 475-J do 
CPC (art. 475-I do CPC). Neste último caso, a finalidade da multa imposta 
para o caso de não pagamento foi a de mitigar a apresentação de defesas e 
impugnações meramente protelatórias, incentivando a pronta satisfação do 
direito previamente reconhecido.
3. A liquidez da obrigação é pressuposto para o pedido de 
cumprimento de sentença; assim, apenas quando a obrigação for líquida 
pode ser cogitado, de imediato, o arbitramento da multa para o caso de não 
pagamento. Se ainda não liquidada ou se paraa apuração do quantum ao 
final devido forem indispensáveis cálculos mais elaborados, com perícia, 
como no caso concreto, o prévio acertamento do valor faz-se necessário, 
para, após, mediante intimação, cogitar-se da aplicação da referida multa.
4. No contexto das obrigações ilíquidas, pouco importa, ao meu 
ver, que tenha havido depósito da quantia que o devedor entendeu 
incontroversa ou a apresentação de garantias, porque, independentemente 
delas, a aplicação da multa sujeita-se à condicionante da liquidez da 
obrigação definida no título judicial.
5. A jurisprudência desta Corte tem consignado que, de 
ordinário, a discussão sobre a liquidez ou iliquidez do título judicial exeqüendo 
é incabível no âmbito dos recursos ditos excepcionais, quando for necessário 
o revolvimento aprofundado de aspectos fáticos-probatórios; nesses casos, 
deve-se partir da conclusão das instâncias ordinárias quanto a esse atributo 
da obrigação executada para fins de verificar o cabimento da multa (AgRg no 
AREsp. 333.184/PR, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe 17.09.2013 e AgRg no 
AREsp. 400.691/SC, Rel. Min. SIDNEI BENETI,DJe 03.12.2013); todavia, ao 
meu sentir, se essa avaliação probatória puder ser suprimida, e não raro é 
possível tirar a conclusão a partir do contexto do próprio acórdão impugnado, 
é possível e mesmo desejável a avaliação dessa circunstância por esta 
Corte, de modo a por fim à controvérsia.
6. O caso concreto refere-se à condenação ao pagamento de 
diferenças de correção monetária de empréstimo compulsório, tendo ficado 
assentado nas decisões precedentes a iliquidez do título judicial; a apuração 
do montante devido, nessas hipóteses, não prescinde de certa complexidade, 
dado o tempo passado desde cada contribuição, as alterações monetárias e 
a diversidade de índices de correção monetária aplicáveis ao período, tanto 
assim que tem sido necessária perícia contábil mais elaborada em inúmeros, 
senão em todos os casos, como se observa dos diversos processos 
submetidos à apreciação da Primeira Seção desta Corte; a sentença, nesses 
casos, não pode ser considerada líquida no sentido que lhe empresta o 
Código, como bem salientou o acórdão a quo, pois sequer existe um valor 
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Superior Tribunal de Justiça
básico sobre o qual incindiriam os índices de correção monetária e demais 
acréscimos.
7. Assim, para efeitos do art. 543-C do CPC, fixa-se a seguinte 
tese:
No caso de sentença ilíquida, para a imposição da multa 
prevista no art. 475-J do CPC, revela-se indispensável (i) a prévia 
liquidação da obrigação; e, após, o acertamento, (ii) a intimação do 
devedor, na figura do seu Advogado, para pagar o quantum ao final 
definido no prazo de 15 dias.
8. Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Especial. 
1. Ressai dos autos que a ora recorrente sagrou-se vencedora 
em ação proposta em face da Eletrobrás e da UNIÃO (esta condenada 
solidariamente), objetivando o pagamento de diferenças de correção monetária 
incidentes sobre empréstimo compulsório de energia elétrica.
2. Após o trânsito em julgado, a autora requereu a intimação da 
Eletrobrás para o cumprimento da sentença, instruindo a petição inicial com 
memória discriminada de cálculo do valor da condenação que entendia devido (R$ 
180.357,30).
3. Intimada, a Eletrobrás impugnou os cálculos, alegando 
excesso de execução, reconhecendo devido apenas parte do valor. Ofereceu em 
penhora, para garantir a diferença, ações preferenciais nominativas da Companhia 
de Transmissão de Energia Elétrica Paulista S/A.
4. A recorrente discordou com a forma de pagamento proposta, 
rejeitou a penhora sobre as ações, requereu o bloqueio de dinheiro on line na conta 
bancária da Eletrobrás, bem como a aplicação da multa de 10% sobre o valor não 
pago, na forma do art. 475-J do CPC.
5. O MM. Juiz Federal indeferiu o requerimento de penhora on 
line e rejeitou o pedido de aplicação da multa, nos seguintes termos:
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Superior Tribunal de Justiça
E, por fim, uma vez que o depósito do valor reconhecido como 
devido pela Eletrobrás (fl. 767v) ocorreu tempestivamente, assim como as 
demais garantias ofertadas em relação aos valores 
incontroversos/controversos, não há que se falar na aplicação da multa de 
que trata o art. 475-J do CPC, razão pela qual o pedido segue também 
indeferido. (fls. 87).
6. Inicialmente, foi dado provimento, monocraticamente, ao 
Agravo da credora. Posteriormente, a 2a. Turma do TRF da 4a. Região, apreciando 
o Agravo Interno interposto pela Eletrobrás, deu-lhe provimento, afastando a 
incidência da multa, aduzindo o seguinte, no que interessa:
A reforma do CPC, que instituiu o processo sincrético, objetivou 
compelir o devedor ao pagamento imediato do débito, a fim de tornar célere a 
prestação jurisdicional, em consonância com os princípios da efetividade e da 
instrumentalidade, que devem orientar o processo.
Entretanto, no presente caso, a sentença não quantificou o quantum 
debeatur, sendo, portanto, ilíquida. Assim, considerando que é pressuposto 
para a incidência da multa prevista no art. 475-J do CPC a liquidez da 
obrigação, está correto o procedimento adotado pela Agravante que, ao 
tomar conhecimento dos cálculos apresentados pelo credor, depositou o valor 
que considerava correto (valor incontroverso), impugnando o restando do 
cálculo (valor controverso).
A condenação da sentença exequenda apenas se tornará líquida 
após a apreciação da impugnação. Portanto, a referida multa só poderá ter 
incidência na hipótese de, sobrevindo decisão que rejeitar, total ou 
parcialmente, os Embargos, a Executada não a cumpra. (fls. 118/119).
7. O caput artigo 475-J do CPC, dito malferido, tem a seguinte 
redação:
Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia 
certa ou já fixada em liquidação, não o efetue no prazo de quinze (15) dias, o 
montante da condenação será acrescido de multa, no percentual de dez por 
cento e, a requerimento do credor e observado o disposto no art. 614, inciso 
II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.
8. Permito-me fazer algumas digressões doutrinárias sobre a 
relevante questão em apreciação e começo afirmando que a reforma do CPC 
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Superior Tribunal de Justiça
conduzida por meio da Lei 11.232/05 objetivou imprimir ansiada e mesmo 
necessária celeridade ao processo executivo, no intuito de transformá-lo em um 
meio efetivo de realização do direito subjetivo lesado ou violado. 
9. Nessa perspectiva, suprimiu-se a execução como uma ação 
distinta da ação precedente de conhecimento, para torná-la um incidente 
processual; assim, todas as categorias de sentença que possuam algum comando 
executivo, ou que exijam algum tipo de providência ulterior para a completa 
implementação do direito reconhecido, subordinam-se, agora, a um regime único de 
cumprimento , no qual foi abolida a necessidade de novo processo e nova citação do 
devedor, tudo com o escopo de conferir a mais plena e completa efetividade à 
atividade jurisdicional, que, sem esse atributo de realização no mundo concreto, 
ouso dizer que as sentenças não passariam de peças de grande erudição jurídica, 
da maior expressão e préstimo, sem dúvida, mas sem ressonância no mundo real.
10. Para as sentenças condenatórias ao cumprimento de obrigação 
de fazer ou não fazer e para aquelas que tenham por objeto a entrega de coisa, a 
execução do julgado far-se-á na forma dos arts. 461 e 461-A do CPC; para aquelas 
em que determinadoo pagamento de quantia em dinheiro ou na qual a obrigação 
possa assim ser convertida, o procedimento é o previsto no art. 475-J do CPC (art. 
475-I do CPC). Neste último caso, a finalidade da multa imposta para o caso de não 
pagamento foi a de mitigar a apresentação de defesas e impugnações meramente 
protelatórias, incentivando a pronta satisfação do direito previamente reconhecido.
11. Todavia, a própria legislação define que, no caso de condenação 
a prestação em dinheiro, a multa em caso de inadimplemento somente poderá 
incidir sobre título judicial representativo de quantia certa ou já fixada em liquidação, 
e depois de passado o prazo ali estipulado; isso porque, a liquidez da obrigação é 
pressuposto para o pedido de cumprimento de sentença. 
12. LUIZ RODRIGUES WAMBIER e EDUARDO TALAMINI afirmam 
textualmente que a incidência da multa subordina-se à liquidez da condenação. O 
art. 475-J alude a quantia certa ou já fixada em liquidação. Então, se a condenação 
é desde logo líquida (incluindo-se nessa hipótese aquela que depende de 
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determinação do valor por mero cálculo aritmético), é o que basta para que já possa 
incidir a multa. Caso contrário, apenas depois da fase de liquidação, terá vez a 
multa (Curso Avançado de Processo Civil (Execução), vol. II, 12a. ed., São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2012, p. 388).
13. Assim, apenas quando a obrigação for líquida pode ser cogitado, 
de imediato, o arbitramento da multa para pronto pagamento . Se ainda não 
liquidada ou se para a apuração do quantum ao final devido for indispensável 
cálculos mais elaborados, o prévio acertamento do valor faz-se necessário, para, 
após, mediante intimação, cogitar-se da aplicação da referida multa, o que parece 
de muito obviedade, considerando que não se pode penalizar aquele que ainda não 
sabe o quê ou quanto pagar.
14. Nesse contexto, pouco importa, ao meu ver, que tenha havido 
depósito da quantia que o devedor entendeu incontroversa e a apresentação de 
garantias, porque, independentemente delas, a aplicação da multa sujeita-se à 
condicionante da liquidez da obrigação definida no título judicial.
15. A sentença líquida deve ser entendida como aquela que define 
uma obrigação determinada (fazer ou não fazer alguma coisa , entregar coisa certa, 
ou pagar quantia determinada). Na hipótese de condenação ao pagamento em 
dinheiro, que espelha a mais comum e clássica espécie de sentença condenatória, 
considera-se líquida a obrigação quando o valor a ser adimplido está fixado no título 
ou é facilmente determinável por meio de cálculos aritméticos simples, que não 
demandem grandes questionamentos e nem apresentem insegurança para as 
partes que litigam. 
16. HUMBERTO THEODORO JÚNIOR afirma ser ilíquida a sentença 
que não fixa o valor da condenação ou não lhe individua o objeto, condição 
incompatível com a índole do processo executivo que pressupõe, sempre, a 
lastreá-lo um título representativo de obrigação, certa, líquida e exigível (art. 586) 
(Curso de Direito Processual Civil, vol. 2, 42a. ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 
2008, p. 100).
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17. Dest'arte, se já há valor fixado na sentença, cuidando-se apenas 
de adicionar-lhe os acréscimos legais (correção monetária a partir de índices oficiais 
conhecidos e juros de mora), não se pode imputar-lhe a condição de ilíquida, posto 
que do contrário não haveria uma única sentença com o atributo da liquidez; 
igualmente, não é a existência de impugnação, com alegação de excesso, que 
tornará ilíquida a obrigação, devendo-se perquirir a certeza a partir do comando 
sentencial de que resulta o pedido de cumprimento.
18. A jurisprudência desta Corte tem consignado que, de ordinário, a 
discussão sobre a liquidez ou iliquidez do título judicial exeqüendo é incabível no 
âmbito dos recursos ditos excepcionais, quando for necessário o revolvimento 
aprofundado de aspectos fáticos-probatórios; nesses casos, deve-se partir da 
conclusão das instâncias ordinárias quanto a esse atributo da obrigação executada 
para fins de verificar o cabimento da multa; todavia, ao meu sentir, se essa 
avaliação probatória puder ser suprimida, e não raro é possível tirar conclusão a 
partir do contexto do próprio acórdão impugnado, é possível e mesmo desejável a 
avaliação dessa circunstância por esta Corte, de modo a por fim à controvérsia.
19. O caso concreto refere-se à condenação ao pagamento de 
diferenças de correção monetária de empréstimo compulsório, tendo ficado 
assentado nas decisões precedentes a iliquidez do título judicial .
20. Com efeito, a apuração do montante devido, nessas hipóteses, 
não prescinde de certa complexidade, dado o tempo passado desde cada 
contribuição, as alterações monetárias e a diversidade de índices de correção 
monetária aplicáveis ao período, tanto assim que tem sido necessária perícia 
contábil mais elaborada em inúmeros, senão em todos os casos, como se observa 
dos diversos processos submetidos à apreciação da Primeira Seção desta Corte; a 
sentença, nesses casos, não pode ser considerada líquida no sentido que lhe 
empresta o Código , como bem salientou o acórdão a quo, pois sequer existe um 
valor básico sobre o qual incindiriam os índices de correção monetária e demais 
acréscimos.
21. Assim, ao meu sentir, no caso de sentença ilíquida, para a 
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imposição da multa prevista no art. 475-J do CPC, revela-se indispensável (i) a 
prévia liquidação da obrigação; e, após o acertamento, (ii) a intimação do devedor, 
na figura do seu Advogado (REsp. 1.262.933/RJ, Rel. Min. LUIS FELIPE 
SALOMÃO, Corte Especial, DJE 20.08.2013), para pagar o quantum ao final 
definido no prazo de 15 dias, desimportando o oferecimento de depósito ou de 
garantias pelo executado.
22. Uma observação mais faz-se necessária, como natural 
complementação do raciocínio aqui desenvolvido, muito embora não seja objeto da 
controvérsia delimitada no presente Recurso Especial. Existe acesa discussão, que 
tem merecido especial atenção e reflexões demoradas de ilustres doutrinadores e 
da jurisprudência, inclusive nesta Corte, quanto à questão de o depósito ou a 
impugnação afastarem a imposição da multa do art. 475-J do CPC.
23. Há que se perquirir, penso eu, para a solução desse importante 
questionamento, sobre a liquidez ou não da obrigação, porque, nas sentenças 
certas, líquidas e exigíveis, a mera discordância do devedor com o valor 
apresentado na memória de cálculo e o depósito da quantia que entende 
devida não caracterizam pagamento para fins de afastar a penalidade imposta 
pelo art. 475-J do CPC, incidindo a multa, após o julgamento da referida 
impugnação, mas, no caso de seu acolhimento, apenas sobre eventual diferença.
24. Ao meu ver, se a finalidade da multa é estimular o pronto 
pagamento e evitar impugnações temerárias, conferindo a tão perseguida 
efetividade ao comando judicial que definiu o direito material da parte credora, e o 
devedor puder, mediante depósito de qualquer quantia que entenda devida, 
apresentar impugnação e ver-se livre da multa - discussão que poderá, sem 
dificuldade, alcançar os Tribunais Superiores - todo o esforço no sentido de 
concretizar a atividade jurisdicionalficará comprometido.
25. Não se está aqui, em absoluto, defendendo o cerceamento do 
direito constitucional dos litigantes ao devido processo legal, cuja caracterização 
plena envolve a utilização adequada dos instrumentos recursais para que a 
prestação seja devida na exata medida do direito reconhecido; ao contrário, 
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cuida-se de prestigiá-lo, uma vez que sua utilização temerária contribui para o 
descrédito dos institutos de Direito Processual como um instrumento válido e eficaz 
de pacificação e solução de conflitos.
26. Essas considerações têm efeito apenas reflexivo, pois serão, 
oportunamente, objeto de ilustrado debate, mas em processo no qual ela seja 
pertinente, ficando, aqui, apenas, a semente da discussão.
27. O caso concreto, ao meu ver, muito embora tenha sido 
apresentada memória de cálculo pela credora, é de sentença ilíquida, e, 
consequentemente, a aplicação da multa condiciona-se ao prévio acertamento do 
valor devido, segundo a compreensão que expressei neste voto.
28. Sobre a indispensabilidade da liquidez do título executivo, 
confiram-se os seguintes julgados:
PROCESSUAL CIVIL. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. 
PRETENDIDA APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO CAPUT DO ART. 
475-J DO CPC. HIPÓTESE EM QUE O TRIBUNAL DE ORIGEM 
CONSIDERA ILÍQUIDO O TÍTULO JUDICIAL EXEQUENDO. MATÉRIA 
FÁTICA. INADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ.
1. Consoante já proclamou a Quarta Turma, ao julgar o REsp. 
1.139.330/RS, da relatoria do Ministro Raul Araújo, em sede de execução 
definitiva somente é cabível a incidência da multa prevista no caput do art. 
475-J do CPC, quando cumulativamente presentes os seguintes requisitos 
essenciais: (1o.) tratar-se de cumprimento de obrigação, prevista em título 
judicial, de pagar quantia certa ou, em caso de iliquidez do título, de quantia 
fixada em liquidação, sendo certo que a referida obrigação (líquida, certa e 
exigível) pode advir de decisão judicial que condene a parte, originariamente, 
a pagar determinado valor ou pode resultar da conversão em perdas e danos 
de condenação ao adimplemento de obrigação de outra natureza (fazer, não 
fazer ou dar); (2o.) intimação do devedor, pessoalmente ou na pessoa de seu 
advogado, por publicação na imprensa oficial, deixando aquele transcorrer in 
albis o prazo de quinze dias, previsto no art. 475-J do CPC, para o 
adimplemento voluntário do valor constante da sentença condenatória ou de 
sua liquidação (RSTJ, vol. 221, p. 627).
2. Tendo o Tribunal de origem decidido pela iliquidez do título 
judicial exequendo, não é possível o conhecimento do recurso especial que 
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pretende a condenação ao pagamento da multa prevista no art. 475-J do 
CPC, na hipótese em que a recorrente argumenta que não haveria 
necessidade de liquidação do julgado, pois, para reconhecer a 
desnecessidade da liquidação, mostra-se indispensável o reexame de 
provas, o que atrai o óbice da Súmula 7 do STJ.
3. Recurso especial não conhecido. (REsp. 1.247.176/SC, Rel. 
Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 24/02/2012)
² ² ²
AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - 
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - NECESSIDADE DE 
LIQUIDAÇÃO - APLICAÇÃO DAS SÚMULAS 7 E 83/STJ - DECISÃO 
AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO.
1. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a 
liquidação é ainda fase do processo de cognição, desse modo só é possível 
iniciar a execução quando o título, certo pelo trânsito em julgado da sentença 
de conhecimento, apresenta-se também líquido" (AgRg no AREsp 
325.162/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, 
julgado em 20/08/2013, DJe 30/08/2013).
2. A análise da liquidez do julgado afigura-se inviável na via 
estreita do recurso especial, pois a adoção de entendimento diverso por este 
Tribunal esbarra no óbice da Súmula 7 do Superior Tribunal de Justiça, que 
veda o reexame de conteúdo fático-probatório delimitado pelas instâncias 
ordinárias.
3. O Agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de 
modificar a conclusão do julgado, a qual se mantém por seus próprios 
fundamentos.
4. Agravo Regimental improvido. (AgRg no AREsp. 
400.691/SC, Rel. Min, SIDNEI BENETI,DJe 03/12/2013)
² ² ²
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO 
REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA. EXECUÇÃO DE SENTENÇA COLETIVA. MULTA DO ART. 475-J. 
QUESTÃO DECIDIDA PELO PROCEDIMENTO DO ART. 543-C DO CPC. 
NÃO APLICAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE SENTENÇA LÍQUIDA. REEXAME DE 
MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO 
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Superior Tribunal de Justiça
JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO. AGRAVO REGIMENTAL 
IMPROVIDO COM APLICAÇÃO DE MULTA.
1. A Corte Especial deste Superior Tribunal de Justiça, no 
julgamento do Recurso Especial 1.247.150/PR, submetido ao procedimento 
do art. 543-C do CPC, firmou entendimento segundo o qual, no âmbito da 
ação civil coletiva, não é cabível a aplicação da multa prevista no art. 475-J 
do CPC porque a condenação, nesses casos, "não se reveste da liquidez 
necessária ao cumprimento espontâneo do comando sentencial, não sendo 
aplicável a reprimenda prevista no art. 475-J do CPC".
2. Infirmar as conclusões do acórdão recorrido, a fim de 
verificar se houve ou não a liquidação da sentença coletiva em relação à 
parte recorrente, demandaria, necessariamente, incursão no contexto 
fático-probatório dos autos, o que é vedado em recurso especial, nos termos 
da Súmula 7 desta Corte Superior.
3. O cabimento do recurso especial pela hipótese do art. 105, 
III, c, da Constituição Federal, exige a observância das exigências 
estabelecidas nos artigos 541, parágrafo único, do CPC, e 255, §§ 1o. e 2º, 
do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, sendo insuficiente para 
a demonstração do dissídio pretoriano a simples transcrição de excertos e 
ementas.
4. Agravo regimental em ataque ao mérito de decisão proferida 
com base no art. 543-C do CPC não provido, com aplicação de multa no 
percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor corrigido da causa. (AgRg no 
AREsp. 333.184/PR, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe 17/09/2013)
29. A recorrente parte da premissa de que o título executado é 
líquido, razão pela qual a ofensa ao art. 475-J do CPC não resta caracterizada, e 
menos ainda o dissídio jurisprudencial, que aponta paradigma que, pelos trechos 
transcritos, não possui a necessária identidade de base fática com o aresto 
recorrido.
30. Assim, para efeitos do art. 543-C do CPC, fixa-se a seguinte 
tese:
No caso de sentença ilíquida, para a imposição da multa prevista no 
art. 475-J do CPC, revela-se indispensável (i) a prévia liquidação da 
obrigação; e, após, o acertamento, (ii) a intimação do devedor, na figura do 
seu Advogado (REsp. 1.262.933/RJ, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, 
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Superior Tribunal de Justiça
Corte Especial, DJE 20.08.2013), para pagar o quantum ao final definido no 
prazo de 15 dias.
31. Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Especial.
32. É o voto.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
CORTE ESPECIAL
 
 
Número Registro: 2009/0126112-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.147.191 / RS
Números Origem: 04597209720084040000 200171070043550 2008040004597204597209720084040000
PAUTA: 19/02/2014 JULGADO: 19/02/2014
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ELA WIECKO VOLKMER DE CASTILHO
Secretária
Bela. VANIA MARIA SOARES ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : UNIVERSUM DO BRASIL INDÚSTRIA MOVELEIRA LTDA
ADVOGADOS : TÂNIA REGINA PEREIRA E OUTRO(S)
LOURENÇO GASPARIN
VALDOMIRO CARARD JUNIOR
RECORRIDO : CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A ELETROBRÁS
ADVOGADO : ANTÔNIO FREDERICO PEREIRA DA SILVA
ADVOGADOS : VLADIA VIANA REGIS
GUILHERME GOLDSCHMIDT
LEANDRO BARATA SILVA BRASIL
JOSÉ CARLOS PIZARRO BARATA SILVA
LIGIA MARIA BARATA SILVA BRASIL
DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA
THOMAS STEPPE
DANIELA KRAIDE FISCHER E OUTRO(S)
JORGE SUÑE GRILLO NETO
GIOVANNA FABRE VIAN
INTERES. : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : EDSON RODRIGUES MARQUES - DEFENSOR PÚBLICO DA UNIÃO
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Empréstimos Compulsórios - Energia Elétrica
SUSTENTAÇÃO ORAL
Sustentou oralmente, pela recorrida, o Dr. Cesar Vilazante Castro.
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
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Superior Tribunal de Justiça
Após o voto do Sr. Ministro Relator conhecendo do recurso especial e negando-lhe 
provimento, pediu vista antecipada o Sr. Ministro João Otávio de Noronha.
Aguardam os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Jorge Mussi, Og Fernandes, Raul Araújo, Ari 
Pargendler, Gilson Dipp, Nancy Andrighi, Laurita Vaz, Arnaldo Esteves Lima, Humberto Martins e 
Herman Benjamin. 
Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão. 
Licenciada a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.
Convocado o Sr. Ministro Raul Araújo.
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.147.191 - RS (2009/0126112-0)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
RECORRENTE : UNIVERSUM DO BRASIL INDÚSTRIA MOVELEIRA LTDA 
ADVOGADOS : TÂNIA REGINA PEREIRA E OUTRO(S) 
LOURENÇO GASPARIN 
VALDOMIRO CARARD JUNIOR 
RECORRIDO : CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A ELETROBRÁS 
ADVOGADO : ANTÔNIO FREDERICO PEREIRA DA SILVA 
ADVOGADOS : VLADIA VIANA REGIS 
GUILHERME GOLDSCHMIDT 
LEANDRO BARATA SILVA BRASIL 
JOSÉ CARLOS PIZARRO BARATA SILVA 
LIGIA MARIA BARATA SILVA BRASIL 
DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA 
THOMAS STEPPE 
DANIELA KRAIDE FISCHER E OUTRO(S) 
JORGE SUÑE GRILLO NETO 
GIOVANNA FABRE VIAN 
INTERES. : FAZENDA NACIONAL 
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL 
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : EDSON RODRIGUES MARQUES - DEFENSOR PÚBLICO DA 
UNIÃO
VOTO-VISTA
O EXMO. SR. MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA: 
O presente recurso especial tem origem em agravo de instrumento interposto contra 
decisão – proferida em sede de cumprimento de sentença – que, no ponto que aqui interessa, 
afastou a aplicação da multa de 10% prevista no art. 475-J do CPC, ao fundamento de que a 
parte devedora depositara o valor incontroverso e oferecera ações em penhora para garantia da 
diferença que havia apontado em excesso de execução.
O agravo foi inicialmente provido por decisão unipessoal do relator, reformada, em 
sede de regimental, por acórdão assim ementado:
"TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECEBIMENTO DA 
IMPUGNAÇÃO EM CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. INCIDÊNCIA DE 
MULTA. A condenação da sentença exeqüenda apenas se tornará líquida após a 
apreciação da impugnação. Portanto, a multa prevista no art. 475-J do CPC só poderá 
ter incidência na hipótese de, sobrevindo decisão que rejeitar, total ou parcialmente, 
os embargos."
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A recorrente aponta violação do art. 475-J do CPC. Sustenta que o fato de a 
devedora ter apresentado impugnação alegando excesso de execução não torna a obrigação 
ilíquida nem renova o prazo de 15 dias, que tem seu termo inicial na data do trânsito em julgado 
da sentença. Aduziu divergência jurisprudencial com o REsp n. 954.859/RS, no qual se concluiu 
que a multa prevista no art. 475-J do CPC é devida após o decurso do prazo de 15 dias do 
trânsito em julgado. 
Admitido o recurso, foi afetado a julgamento por esta Corte Especial, por decisão do 
Ministro Luiz Fux, por reconhecer a multiplicidade de recursos especiais sobre o tema, assim 
delimitado: "a aplicação da multa de 10%, prevista no caput do artigo 475-J, do CPC, na 
hipótese em que o devedor, na fase de cumprimento de sentença ilíquida, efetua o depósito das 
quantias incontroversas e apresenta garantais referentes aos valores controvertidos, objeto de 
impugnação".
O Ministério Público Federal apresentou parecer, defendendo que o art. 475-J do 
CPC somente se aplica às hipóteses de quantia certa ou já fixada em liquidação de sentença, nas 
quais não se enquadra o caso presente. Opina pela aplicação desse entendimento aos casos 
repetitivos e pelo desprovimento do presente recurso especial.
Em seu laborioso voto, o eminente relator salienta que a multa referida no art. 475-J 
do CPC somente pode ser cogitada se a obrigação for líquida. Caso a apuração do quantum 
devido dependa de cálculos mais elaborados, o prévio acertamento é necessário para, só então, 
mediante intimação, cogitar-se da aplicação da multa.
Esclarece que a obrigação de pagar quantia é considerada líquida quando o valor está 
fixado no título ou é facilmente determinável por meio de cálculos aritméticos simples que não 
demandem questionamentos nem apresentem insegurança para os litigantes. Pondera que, 
havendo valor fixado, ao qual se devam adicionar acréscimos legais (correção monetária com 
base em índices oficiais conhecidos e juros de mora), não se configura a iliquidez. 
Salienta que a existência de impugnação, com alegação de excesso, não torna a 
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obrigação ilíquida, devendo-se perquirir a certeza do título a partir do comando sentencial. 
Lembra o eminente relator que o STJ já se posicionou no sentido de que, se a 
definição da liquidez ou iliquidez do título depender de revolvimento fático, ante o óbice da 
Súmula n. 7/STJ, esta Corte julgará o recurso tomando por base o entendimento adotado pelas 
instâncias de origem. Todavia, quando o exame puder ser feito a partir do contexto do acórdão 
recorrido, então essa circunstância será analisada por este Tribunal.
Partindo de tais premissas, assevera que o caso presente versa sobre pagamento de 
diferenças de correção monetária de empréstimo compulsório, tendo as instâncias de origem 
reconhecido a iliquidez do título judicial. Considerando que a apuração do valor devido envolve 
complexidade em razão do tempo passado desde cada contribuição, das alterações monetárias, 
da diversidade de índices de correção monetária aplicáveis no período, tanto que houve 
necessidade de perícia contábil mais elaborada, conclui pela iliquidez e, por conseguinte, tem 
como desimportante o oferecimento de depósito ou de garantias pelo executado.
Nesse contexto, nega provimento ao recurso especial no caso concreto e, para efeitos 
do art. 543-C do CPC, fixa a seguinte tese:
"No caso de sentença ilíquida, para a imposição da multa prevista no art. 
475-J do CPC, revela-se indispensável (i)a prévia liquidação da obrigação; e, após 
o acertamento (ii) a intimação do devedor, na figura do seu Advogado (REsp 
1.262.933/RJ, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, Corte Especial, DJe 20.08.2013), 
para pagar o quantum ao final definido no prazo de 15 dias."
Ponho-me de acordo com os fundamentos e a conclusão apresentados pelo relator e 
acima mencionados.
Pedi vista dos autos em virtude das considerações aduzidas por S. Exa. relativamente 
às hipóteses em que a obrigação de pagar for líquida. 
O relator reconhece que o tema não é objeto da controvérsia delimitada no recurso 
especial e consigna o caráter reflexivo de suas considerações, lançadas como "semente da 
discussão" a ser travada em processo no qual seja pertinente.
O primeiro ponto que destaco é que estamos em sede de julgamento representativo 
de controvérsia, no qual a fundamentação do acórdão ganha especial relevância quanto à 
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orientação que emana para as instâncias ordinárias e para os jurisdicionados. Assim, se a questão 
jurídica não é objeto do recurso e se sua definição não é prejudicial para a solução daquela 
questão jurídica debatida e afetada como de caráter multitudinário, creio mais acertado deixar 
para examiná-la em recurso próprio. 
Não obstante as considerações feitas pelo eminente relator serem obiter dictum , 
como tenho parcial divergência, isso resultaria no debate de matéria sobre a qual não se fixará 
tese alguma nesta oportunidade, podendo apenas gerar confusão na aplicação deste precedente a 
outros feitos. Por essa razão, entendo que as referências feitas deveriam ser excluídas do voto.
Todavia, caso se entenda por mantê-las, faço algumas ressalvas à afirmação de S. 
Exa. de que, nas obrigações líquidas, "a mera discordância do devedor com o valor 
apresentado na memória de cálculo e o depósito da quantia que entende devida não 
caracterizam pagamento para fins de afastar a penalidade imposta pelo art. 475-J do CPC , 
incidindo a multa, após o julgamento da referida impugnação, mas, no caso de seu acolhimento, 
apenas sobre eventual diferença".
É preciso distinguir as hipóteses em que o depósito é feito para garantia do juízo 
daquelas em que é feito para fins de pagamento. Quando o executado entende haver excesso de 
execução, deve, por força do § 2º do art. 475-L do CPC, declarar, de imediato, o valor que 
entende correto e, ao fazê-lo, torna esse montante incontroverso.
Sendo o montante incontroverso, por óbvio que o depósito do respectivo valor deve 
ser entendido como efetuado para fins de pagamento, pois não teria outra finalidade. Já a parcela 
depositada relativamente ao montante sobre o qual o executado aponta excesso, portanto, para 
fins de garantia do juízo, não terá o condão de afastar a multa do art. 475-J do CPC, salvo no 
caso de acolhimento da impugnação ao cumprimento de sentença.
Nesse sentido, já existem pronunciamentos do Superior Tribunal de Justiça que me 
parecem devam prevalecer. Cito, a título exemplificativo, os seguintes:
"RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ADIMPLEMENTO CONTRATUAL. 
FASE DE IMPUGNAÇÃO A CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ACÓRDÃO 
LOCAL DETERMINANDO A EXCLUSÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 
475-J DO CPC. INSURGÊNCIA DO EXEQUENTE.
[...]
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3. Afronta ao art. 475-J do CPC evidenciada.
 A atitude do devedor, que promove o mero depósito judicial do quantum 
exequendo, com finalidade de permitir a oposição de impugnação ao cumprimento de 
sentença, não perfaz adimplemento voluntário da obrigação, autorizando o cômputo 
da sanção de 10% sobre o saldo devedor.
 A satisfação da obrigação creditícia somente ocorre quando o valor a ela 
correspondente ingressa no campo de disponibilidade do exequente; permanecendo o 
valor em conta judicial, ou mesmo indisponível ao credor, por opção do devedor, por 
evidente, mantém-se o inadimplemento da prestação de pagar quantia certa.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e, na extensão, provido em parte." 
(REsp n. 1.175.763/RS, Quarta Turma, relator Ministro Marco Buzzi, DJe de 
5.10.2012.)
"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. BRASIL TELECOM S/A. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. MULTA 
DO ART. 475-J/CPC. AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. DEPÓSITO 
JUDICIAL CONDICIONADO À IMPUGNAÇÃO. DIVERGÊNCIA 
JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA. AGRAVO INTERNO 
DESPROVIDO.
1. A efetivação da garantia realizada com o depósito judicial da obrigação no 
prazo legal, com o propósito de elidir a multa prevista no art. 475-J do CPC, não 
prospera, tendo em vista que somente naquelas situações em que o devedor deposita a 
quantia devida em juízo, sem condicionar o levantamento à discussão do débito em 
sede de impugnação do cumprimento de sentença, permitindo o imediato 
levantamento da quantia depositada por parte do credor, é que elide o pagamento da 
referida multa. Precedente.
[...]
3. Agravo interno a que se nega provimento." (AgRg no AREsp n. 164.860/RS, 
Quarta Turma, relator Ministro Raul Araújo, DJe de 1º.2.2013.)
Ante o exposto, acompanho o relator quanto às conclusões do voto, para negar 
provimento ao recurso, com as ressalvas aqui mencionadas.
Documento: 1298773 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2015 Página 2 5 de 27
 
 
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
CORTE ESPECIAL
 
 
Número Registro: 2009/0126112-0 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.147.191 / RS
Números Origem: 04597209720084040000 200171070043550 200804000459720 
4597209720084040000
PAUTA: 04/03/2015 JULGADO: 04/03/2015
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro FELIX FISCHER
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. HUMBERTO JACQUES DE MEDEIROS
Secretária
Bela. VANIA MARIA SOARES ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : UNIVERSUM DO BRASIL INDÚSTRIA MOVELEIRA LTDA
ADVOGADOS : TÂNIA REGINA PEREIRA E OUTRO(S)
LOURENÇO GASPARIN
VALDOMIRO CARARD JUNIOR
RECORRIDO : CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A ELETROBRÁS
ADVOGADO : ANTÔNIO FREDERICO PEREIRA DA SILVA
ADVOGADOS : VLADIA VIANA REGIS
GUILHERME GOLDSCHMIDT
LEANDRO BARATA SILVA BRASIL
JOSÉ CARLOS PIZARRO BARATA SILVA
LIGIA MARIA BARATA SILVA BRASIL
DANIELLA SILVA DE OLIVEIRA
THOMAS STEPPE
DANIELA KRAIDE FISCHER E OUTRO(S)
JORGE SUÑE GRILLO NETO
GIOVANNA FABRE VIAN
INTERES. : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"
ADVOGADO : EDSON RODRIGUES MARQUES - DEFENSOR PÚBLICO DA UNIÃO
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Empréstimos Compulsórios - Energia Elétrica
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia CORTE ESPECIAL, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro João Otávio de Noronha 
acompanhando o voto do Sr. Ministro Relator, e os votos dos Srs. Ministros Jorge Mussi, Raul 
Araújo, Laurita Vaz, Humberto Martins e Herman Benjamin, no mesmo sentido, a Corte Especial, 
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por unanimidade, conheceu do recurso especial, mas negou-lhe provimento, nos termos do voto do 
Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Jorge Mussi, Raul Araújo, Laurita Vaz, 
Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. 
Não participaram do julgamento os Srs. Ministros Francisco Falcão, Maria Thereza de 
Assis Moura, Luis Felipe Salomão, Mauro Campbell Marques e BeneditoGonçalves.
Ausentes, justificadamente, a Sra. Ministra Nancy Andrighi e o Sr. Ministro Og 
Fernandes. 
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Felix Fischer.
Documento: 1298773 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 24/04/2015 Página 2 7 de 27

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