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URGÊNCIAS OFTALMOLÓGICAS 2 Principais queixas no PA da oftalmologia: 1. Trauma; 2. Olho vermelho; 3. Dor; 4. Baixa visual. Critérios de triagem: EMERGÊNCIAS: Solução imediata – Perda visual súbita, dor intensa. URGENCIAS: Solução em algumas horas – Olho vermelho, trauma, turvação visual. Exame oftalmológico na urgência: Basicamente consiste no exame ectoscópico, que inclui: 1) Acuidade Visual; 2) Reflexos pupilares; 3) Motilidade ocular; 4) Biomicroscopia (avaliação interna do olho): Lesão de córnea, hifema, alteração da anatomia da câmara anterior; 5) Fundo de olho. OLHO NORMAL - Olho calmo, que não tem vasos de calibre aumentado e sem tortuosidades na conjuntiva ou tarso. OLHO VERMELHO - “Olho irritado” Obs.: Lembrar de everter a pálpebra dos pacientes. Hemorragias: – Subconjuntival: bom prognóstico – Intra-cameral: hifema Hemorragia subconjuntival: Quadro benigno, exames geralmente normais e ausência de dor. → Causas: a. Valsalva: carregar peso, espirrar, tosse, vômito. b. Uso de corticóide e anti-inflamatórios. c. Alterações vasculares. d. Paciente hipertensivo. → Tratamento: Paliativo. Hifema: Sangramento dentro do olho. Geralmente o olho esta calmo, não tem alteração palpebral e nem na conjuntiva, e não tem úlcera de córnea associada. - Sintoma comum: Baixa de visão. Paciente pode fazer glaucoma secundário. É um quadro gravíssimo → EMERGÊNCIA. Causas: Trauma contuso deformação do globo ocular ruptura de ramos do círculo arterial maior da íris. BAV, náuseas, vômitos e ↑ PIO. Obs.: Íris tem plano vascular importante. - Outras causas: DM que ocasiona neovascularização do olho inteiro (não só da retina). Olho vermelho inflamatório: Inflamação interna: Uveítes (termo genérico para inflamação de olho, uveítes podem ser anteriores –humor aquoso, ou posteriores-infecção atípica por toxoplasmose ou outro microorganismo ou até inflamação generalizado do olho); Endoftalmites (geralmente pós-cirurgia de catarata). Inflamação Externa: 1) Blefarite; 2) Hordéolo; 3) Calázio; 4) Conjuntivite; 5) Ceratite; 6) Celulite. Tipo de secreção: Com lacrimejamento: Episclerite, abrasão corneana, queimadura. Ex: Comum em conjuntivite por adenovírus. Com muco: Olho seco, alergia. 1. Blefarite: Olho do paciente fica cheio de “casquinhas” e coça muito. → Tratamento: Higienização ocular com xampu neutro diluído em água. Olho vermelho: córnea e conjuntiva 2. Conjuntivite: a. Viral (mais comum); b. Bacteriana (geralmente ocorre em pacientes imunossuprimidos); c. Atópica; d. Neonatal. Olho vermelho por Adenovírus: mais comum!! 2.1 Conjuntivite viral: O vírus sobrevive no ambiente até 72 horas. Sempre afastar paciente com conjuntivite de suas atividades laborais (geralmente por 5 dias), pois a doença é facilmente transmitida. E pedir reavaliação do paciente, assim que voltar ao trabalho. A evolução da conjuntivite vai depender do estado imunológico do paciente. Sempre orientar paciente de higiene pessoal. Investigar fonte de contágio, IVAS prévia. → Manifestações clínicas: • Hiperemia (de toda conjuntiva); • Prurido; • Secreção hialina (pode formar crostas grudados nos cílios); • Quemose; • Pseudomembrana (devido a reação inflamatório intensa, acumula-se secreção no tarso); • Edema palpebral indolor, frio, depressível (muitas vezes o edema não tem sinais flogísticos); • Adenomegalia pré-auricular; - Algumas cepas virais têm penetração tão grande no epitélio, que formam “pontinhos” (A) que podem atrapalhar a visão do paciente, após conjuntivite. Algumas vezes necessita de laser como tratamento. → Tratamento de conjuntivite por adenovírus: • Higiene local: Xampu neutro diluído em água; • Compressa com soro fisiológico gelado; • Lubrificantes oculares 3/3 horas: hipromelose, carmelose... • Paciência, pois a história natural é de até 6 semanas; • EVITE CORTICÓIDES. • NÃO PRESCREVER ANTIBIÓTICO. Obs: Corticóide tem penetração muito alta na mucosa do olho. Geralmente o paciente usa por 3 dias e, ao retirar abruptamente o corticóide, pode ocorrer efeito rebote. 2.2 Conjuntivite atópica: (alergia) Geralmente na pediatria. • Sazonal; → Bilateralmente presença de: – Hiperemia; – Lacrimejamento; – Prurido (pode levar ao acúmulo de líquido embaixo da conjuntiva – edema); A – Descamação de pálpebra (“casquinhas”); – Pode ocorrer lesão de sagu (ao everter pálpebra observa-se “bolinhas”); • Sinais sistêmicos. → Tratamento: colírio com anti-histamínico. 3. Ceratite: a. Acanthamoeba: LCG; b. Puntata: Olho seco; c. Herpética (apresentações diversas). Obs.: Ceratite de contato é comum em pacientes com má higiene de lente de contato ou uso por tempo maior que o indicado. A lente de contato pode grudar no epitélio corneano, e ao retirá-la, retira-se junto parte do epitélio. - Imagem mostra eversão de pálpebra superior com presença de papilas gigantes, devido ao mal-uso de lente de contato. - Desepitelização X Úlceras corneanas: Podem ser decorrentes do mal-uso de lente de contato. Aplica-se colírio alaranjado (fluoresceína), que cora em verde fluorescente as áreas com desepitalização. - Desepitelização: lesões puntiformes. Chamada de ceratite de contato. - Úlcera com bordas infiltradas e centro afilado. 4. Episclerite: Conjuntiva hiperemiada, com vasos ingurgitados de apenas um lado (hiperemia setorial). Geralmente paciente apresenta sintomas discretos de corpo estranho. Suspeitar de doença reumatológica/ algum tipo de doença autoimune. Comum em mulher jovem que não sabe que tem diagnóstico de LES. Olho vermelho: Herpes - Pálpebras apresentando sinais flogísticos característicos, com vesículas (“folha de samambaia”). TRAUMA OCULAR Mecanismo de trauma do olho: depende da angulação que atinge o olho do paciente (trauma contuso). - Deformação globo ocular: Pode ser muito grave. Cristalino pode deslocar. Muito comum alteração de câmara anterior – entre o cristalino e a córnea. Alguns achados: - Imagem mostra pedaço da íris descolada (avulsão de íris), com rompimento de vasos e sangue. - Paciente apresenta como sintomas: Hiperemia e hifema. Epidemiologia: O trauma é a 1ª causa cegueira entre jovens: - 90% das causas são preveníveis; - 45% ambiente doméstico; - 40% esporte ou lazer (óculos proteção); - Automóveis / ocupacionais / agressões; - Somente 27% são penetrantes. Ocorrem algumas vezes por acidentes ocupacionais (instrumentos inadequados e falta de EPI): - 51% cegueiras unilaterais; - 20% cegueiras bilaterais. Ou por Agressões: - 43% lesões oculares. Os traumas podem ser mecânicos x não-mecânicos: → Trauma mecânico: mais comum Ex: Pancada, bolada, soco, explosão. • Superficial: CE corneano x conjuntival. • Contuso: Uveíte, hemorragia vítrea, descolamento de retina. • Perfuração. → Trauma não-mecânico: • Queimaduras: –Térmicas; – Química: Ácidos/bases; – Radiação: Solda elétrica. Corpo estranho: Corneano – Certifique-se que o corpo estranho não é palpebral; – Pingar colírio anestésico; – Tentar removê-lo com cotonete somente uma vez; – Se risco de perfuração: Encaminhe SEMPRE para o oftalmologista, NÃO mexer. Colírio combinado (cipro+dexa) 5 vezes ao dia por 3 dias. A - Ao utilizar colírio de fluoresceína, observa-se lesão superior na córnea – desepitelização/ úlcera de córnea. B - Ao everter pálpebra superior, observa-se corpo estranho. - Importância de eversão da pálpebra: PERDA VISUAL É fundamental que se defina se o paciente está enxergando menos ou teve perda total da visão. A perda visual pode ser dividida em sub-aguda e aguda: Sub-aguda: (há alguns dias está piorando) Menor gravidade. – Com hiperemia: Ceratite, úlcera. – Sem hiperemia: Neurite. Aguda: (paciente geralmente sabe o horário em que a visão piorou) – Com dor: Glaucoma agudo, neurite, ceratite. – Sem dor: HV, descolamento de retina (mais comum), oclusão. Geralmente ocorre em lesões de fundo de olho- retina, sendo essas perdas visuais muito rápidas). – Sem dor transitória: Enxaqueca, causa vascular (carótida, amaurose fugaz), papiledema. Obs. 1: Descolamento de retina pode ser decorrente de pós-operatório de catarada ou refrativa (míope tem retina muito afilada), ou pode ser decorrente de retinopatia diabética proliferativa. Obs. 2: Paciente com fenômeno tromboembólico pode ter causa vascular de perda de visão (oclusão). Obs. 3: Quando suspeitar de amaurose fugaz, encaminhar paciente para cardiologista para avaliação com urgência. Obs. 4: Diferença entre queixas de pacientes com amaurose fugaz e enxaqueca: geralmente paciente com amaurose fugaz terá quadro vascular associado e é mais idoso, já os pacientes com enxaqueca são mais jovens, estes relatam ficar quase meia hora sem exergar direito (aurea longa) e a aurea não é acompanhada da dor da enxaqueca (após 10 a 15 minutos aparece a enxaqueca). 1. “Glaucoma agudo”: mecanismos de fechamento angular agudo. - Trata-se de um emergência médica. - Aumento abrupto da Pressão Intra-Ocular (PIO). → Características: o Dor ocular intensa (acompanhada de dor de cabeça); o Visão turva; o Redução da acuidade visual; o Hiperemia conjuntival com injeção ciliar; o PIO elevada, frequentemente acima de 40 mmHg. Obs.: Pode ser feita a digitopressão (apalpar olho do paciente para estimar pressão). → Tratamento: o Não adianta passar remédio para dor endovenoso. o Realizar injeção intravenosa de manitol 0,5L (para retirar toda a água do vítreo, diminuindo volume da câmara posterior). - Sinais do quadro agudo de fechamento angular (região onde drena líquido do aquoso). - Edema de córnea e pupila em média midríase, corectópica. - Injeção ciliar, câmara rasa. - Fechamento do ângulo (Shaffer 0). → Fisiopatologia do glaucoma agudo: NÃO VAI CAIR NA PROVA Bloqueio pupilar: 80-90% dos casos. Geralmente o olho do paciente com glaucoma é hipermetrope (pequeno) e por algum motivo o paciente começa a ter um aumento do diâmetro ântero-posterior do cristalino (principal causa: catarata), assim, o cristalino fica mais “gordinho” e empurra a base da íris para cima, fazendo com que a íris encoste e impede a drenagem do aquoso. Dessa forma, como não paramos de produzir aquoso, ele vai se acumulando e aumentando a pressão do olho do paciente. Íris em platô: Presente em 5-8% da população adulta; CA ampla; Aposição da base de íris com dilatação (íris implantada mais superiormente); Aumento da PIO na vigência de iridotomia patente. Obs.: Quando paciente faz midríase, a base da íris tampa o local de drenagem do aquoso. - Bloqueio pupilar secundário. - Outras causas de aumento abrupto de pressão: – Lente intraocular com localização errada (ao invés de estar no saco capsular, está na frente da íris do paciente) decorrente de trauma ou complicação intraoperatória. Assim, impede a flutuação do aquoso. – Cristalino na câmara anterior (antes da íris), impedindo também o fluxo do aquoso. - Iridotomia Nd: YAG laser. Conduta cirúrgica. 2. Papiledema: Papiledema é marcado pela perda da definição da borda do nervo (pode haver borramento de apenas um setor do nervo) e ingurgitamento dos vasos. Nervo sem alterações, borda da papila bem delimitada, vasos sem ingurgitamento e enovelamento, nervo e retina periférica bem perfundidos. 3. Perda visual: Retina (sem dor) Descolamento de retina; Hemorragia vítrea; Oclusões vasculares; Commotio retinae/edema de Berlin (quando paciente tem pancada muito forte no olho, pode edemaciar retina); Retinopatia serosa central (comum em paciente estressado, levando a um edema de retina); Uveíte posterior: Toxoplasmose. Obs.: Aspecto edemaciado da retina devido a trauma – Edema de Berlin Aspecto edemaciado da retina devido a retinopatia diabética proliferativa – Edema Macular. - Fundo de olho normal: Coloração da retina praticamente uniforme, devido a vascularização sem alterações. - Hemorragia intra-retiniana: Hemorragia dentro da retina (não no vítreo – enxergaria tudo escuro/ turvo), identificada pela formação de um nível (camada superficial da retina “segura”o sangramento). - Oclusões venosas: Quando um ramo da veia central da retina oclui, aparece sangramento naquele território da veia. Podendo ter oclusão da própria veia central da retina, como mostrada na figura B. - Oclusões arteriais: Geralmente paciente não tem nenhuma queixa oftalmológica prévia. Sempre desconfiar de algum quadro que possa estar emitindo embolo, como flutter atrial, doença de carótida. Observa-se a vascularização da retina alterada, imagem mostra que setor da retina não está recebendo aporte sanguíneo como o restante da retina. A oclusão pode ocorrer em ramo da artéria central da retina ou na própria artéria central da retina. Ao fundo de olho, pode ser observado onde esta o trombo, como por exemplo placa aterosclerótica. A B 4. Toxoplasmose: muito comum. Pode reativar. Ocorre geralmente em paciente jovem. Refere-se muita dor e perda da visão (não muito severa). Sempre fazer fundo de olho.
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