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1 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ O olho vermelho é bastante comum e é uma importante causa de ida aos serviços de emergência ➢ Olho Vermelho Inocente x Olho Vermelho Suspeito → é sempre necessário que o médico generalista saiba identificar quando está diante de um olho vermelho inocente e quando está diante de um olho vermelho suspeito/grave ➢ Clínico Geral x Oftalmologista → quando se está diante de um olho vermelho suspeito, é preciso saber quando o clínico geral pode tratar e quando se deve encaminhar para o oftalmologista (casos graves, com risco potencial de cegueira) FISIOPATOLOGIA ➢ PORQUE O OLHO FICA VERMELHO: • O olho apresenta um plexo vascular, superficial e profundo, importante. Assim, o olho vermelho é a dilatação desse plexo vascular e a de acordo com a localização classifica-se esse olho vermelho (Ex: dilatação superficial, profunda, adjacente à córnea, localizada ou difusa), suspeitando-se de determinadas hipóteses diagnósticas • Exemplos: ▪ Dilatação do plexo capilar/vascular superficial → pode-se ter como hipótese diagnóstica uma conjuntivite infecciosa ou não infecciosa ou de uma episclerite ▪ Dilatação do plexo mais adjacente à córnea (chama- se isso de injeção ciliar) → pode-se pensar em uma uveíte ▪ Vasodilatação difusa do plexo vascular profundo → pode-se suspeitar de uma esclerite INVESTIGAÇÃO DO OLHO VERMELHO ➢ História Clínica Detalhada → deve-se analisar os seguintes: • Início do quadro • Lateralidade do olho vermelho: ▪ Bilateral → pensa-se mais em quadros alérgicos • Dor → a presença de dor é um fator de alarme que pode indicar casos mais graves • Fotofobia → na presença de fotofobia, por exemplo, pode- se suspeitar de acometimento de córnea ou de úvea (uveítes cursam com fotofobia) • Baixa de acuidade visual • Episódios anteriores (recorrência) • Secreção ocular → nesses casos, pode-se pensar em alguma etiologia infecciosa • Trauma associado • Uso de lentes de contato → o uso de lentes de contato direciona o raciocínio para patógenos específicos • Comorbidades → exemplos: ▪ Diabetes → causa imunossupressão no paciente e faz com que ele esteja suscetível a determinados patógenos, como fungos (ceratites fúngicas) ▪ Hipertensão... • Resumindo → deve-se avaliar todos os sintomas associados, para que se possa direcionar o raciocínio clínico para determinadas patologias ➢ Exame Oftalmológico Completo: • Para avaliar os seguintes: ▪ Anatomia do Olho ▪ Acuidade Visual → saber quanto o paciente está enxergando em ambos os olhos ▪ Movimentos Oculares → para saber se o paciente tem alguma limitação dos movimentos oculares (plegia de alguma musculatura extraocular) ▪ Eversão Palpebral → para avaliar a presença de corpos estranhos e de alterações palpebrais (Ex: folículos, papilas...) ▪ Reatividade Pupilar → deve-se avaliar a reação da pupila à luz, para analisar se a inervação da pupila se encontra preservada (reflexo de contração pupilar) • Lâmpada de fenda → é um aparelho essencial para essa investigação oftalmológica QUADRO CLÍNICO ➢ Sinais e sintomas que podem compor o quadro de olho vermelho: • Quemose • Secreções • Papilas • Folículos • Alterações da Pressão Intraocular (PIO) • Disrupção do Epitélio Corneano • Anomalias pupilares • Dor • Fotofobia ➢ QUEMOSE: • Definição → acúmulo de líquido na conjuntiva ocular (edema da conjuntiva) ▪ Ocorre uma elevação na conjuntiva, que é uma dobra de conjuntiva elevada e repleta de líquido • Porque isso ocorre → a conjuntiva é uma malha de tecido extremamente fino, formada por tecido conjuntivo não queratinizado e altamente vascularizada. Assim, diante de um quadro inflamatório, por exemplo, os vasos que compõem a conjuntiva podem extravasar o seu conteúdo do 2 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto meio intravascular para o extravascular, gerando um edema conjuntival • É muito comum de se encontrar quemose associada a síndromes alérgicas → assim, pacientes com conjuntivite alérgica, que coçam muito os olhos, chegam ao hospital com um quadro de quemose compondo o olho vermelho • Pode estar associada a várias etiologias, como: ▪ Conjuntivite infecciosa ▪ Etiologia Inflamatória (Ex: Episclerite, Esclerite, Conjuntivite Alérgica) ➢ SECREÇÕES: • Olhos vermelhos associados a secreções, geralmente, têm relação com etiologias infecciosas • Etiologia de acordo com o tipo de secreção: ▪ Mucopurulenta → etiologia bacteriana e situações inflamatórias intensas ▪ Serosa → típica de quadros virais (pode ocorrer a aglutinação das pestanas ao acordar) ▪ Aquosa → etiologia viral ou alérgica ▪ Mucosa → etiologia alérgica ➢ PAPILAS: • Definição → são uma hiperproliferação de tecido linfoide na mucosa da conjuntiva do tarso superior ▪ Essas papilas apresentam um centro vascular histologicamente importante ▪ Ou seja, essas lesões são dobras do epitélio conjuntival hiperplásico com centro vascular • Em geral, as papilas estão fortemente associadas a quadros de alergia → assim, pacientes com conjuntivite alérgica ou com quadros infecciosos (Ex: Tracoma), por exemplo, apresentam muitas papilas • Etiologias associadas: ▪ Conjuntivite alérgica ▪ Blefaroconjuntivite ▪ Conjuntivite límbica superior ▪ Síndrome da pálpebra frouxa/flácida • Papilas gigantes → geralmente, estão associadas a: ▪ Usuários de lentes de contato ▪ Conjuntivite primaveril • Diagnóstico diferencial → as papilas fazem diagnóstico diferencial com folículos ➢ FOLÍCULOS: • Definição → são elevações que geralmente estão mais localizadas na conjuntiva do tarso inferior (semelhantes a pequenos grãos transparentes) ▪ São múltiplas lesões discretas que correspondem a uma lesão linfoide subepitelial, onde os vasos passam ao redor das mesmas, e não no seu interior • Etiologias → os folículos associados a: ▪ Alguns tipos de infecções → Ex: Foliculose ▪ Alergias a medicações intraoculares/tópicas → Ex: colírios hipotensores (Tartarato de Brimonidina) ▪ Conjuntivites virais → Ex: Conjuntivite associada ao adenovírus, Molusco Contagioso... ▪ Conjuntivite de Inclusão → é causada por Chlamydia trachomatis sexualmente transmissível ▪ Síndrome Oculoglandular de Parinaud → causada pela Bartonella henselae ➢ ALTERAÇÕES DA PRESSÃO INTRAOCULAR (PIO): • É muito importante que seja medida a pressão intraocular desses pacientes com olho vermelho, para avaliar, por exemplo, se esse indivíduo apresenta glaucoma • PIO aumentada → pode ser encontrada nos senguintes casos de olho vermelho: ▪ Algumas uveítes (Ex: por Herpes Simplex Vírus (HSV) ou por Toxoplasmose) ▪ Glaucoma agudo (alta pressão intraocular) → paciente com crise de hipertensão intraocular por glaucoma pode chegar ao consultório com um quadro importante de olho vermelho associado a outros sinais • PIO diminuída → pode ser encontrada nos senguintes casos de olho vermelho: ▪ Traumatismos oculares ▪ Maioria das uveítes → às vezes, os pacientes com olho vermelho podem apresentar uma baixa de pressão intraocular. Assim, nesses casos pode-se pensar, por exemplo, em uma trabeculite, típica das uveítes ➢ DISRUPÇÃO DO EPITÉLIO CORNEANO: • Muitas vezes, o paciente chega no hospital com o olho vermelho associado a muita dor e fotofobia. Assim, quando se faz o exame oftalmológico, na lâmpada de fenda, com a administração do corante fluoresceína e com um filtro Conjuntivite Hiperaguda - Possível agente etiológico → Neisseria gonorrhoeae - Secreção amarelada e purulenta, bastante característica Conjuntivite Viral - Secreção mais aquosa e limpa, como um hiperlacrimejamento do olho, que é típico de conjuntivites virais Glaucoma Agudo - Paciente comhiperemia, PIO aumentada, edema microscítico na córnea, meia midríase paralítica (principalmente quando a PIO for > 40 mmHg) 3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto de luz azul de cobalto, observa-se que a área do epitélio da córnea onde ocorreu uma abrasão ficará fluorescente, mostrando que essa área apresenta uma “ferida na córnea”. Assim, diante desse achado, tem-se a hipótese diagnóstica de que esse olho vermelho é decorrente de uma disrupção/abrasão de córnea • Ou seja, trata-se de uma descontinuidade do epitélio corneano • A colocação de anestésico tópico no olho do paciente faz com que ele tenha um grande alívio da dor • Etiologias → a disrupção pode estar presente em: ▪ Inflamação da córnea ▪ Traumatismos ▪ Ceratites de variadas etiologias (Ex: infecciosas, olho seco, alérgicas, neurotróficas) ➢ ANOMALIAS PUPILARES: • Alterações das dimensões da pupila podem estar associadas a patologias graves • A musculatura mais importante do olho é o esfíncter da íris, que, quando comparada ao dilatador da pupila, é mais forte. Assim, diante de qualquer inflamação no olho, a pupila tende a se contrair (miose), fazendo com que se suspeite de um quadro de uveíte ➢ DOR: • A presença de dor é um sinal de alarme, configurando uma maior gravidade ao quadro • Em pacientes com olho vermelho associado a dor deve-se sempre pensar em: ▪ Quadros de acometimento corneano ▪ Quadros de acometimento escleral (Ex: Esclerites)... • Dor severa pode ser indicador de: ▪ Abrasão corneana ▪ Ceratites ▪ Úlcera de córnea ▪ Uveítes ▪ Glaucoma agudo ▪ Esclerite ➢ FOTOFOBIA: • Intolerância à luz • Está muito associada a quadros de uveíte ou de disrupção do epitélio corneano, por exemplo • Etiologias: ▪ Lesão com envolvimento corneano ▪ Uveítes ▪ Glaucoma... PRINCIPAIS CAUSAS DE OLHO VERMELHO ➢ Síndrome do olho seco ➢ Conjuntivite ➢ Ceratites e úlceras de córnea ➢ Abrasões corneanas ➢ Corpo estranho na superfície ocular ➢ Blefarite ➢ Episclerite ➢ Esclerite ➢ Uveíte ➢ Endoftalmite ➢ Hemorragia subconjuntival ➢ Glaucoma agudo SÍNDROME DO OLHO SECO ➢ SINÔNIMO → Síndrome da Disfunção Lacrimal ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Prevalência → 5 a 34% da população adulta mundial apresenta síndrome do olho seco ➢ FISIOPATOLOGIA: • O olho seco é um ciclo vicioso de inflamação. Assim, todo paciente que tem olho seco também apresenta um olho inflamado. Dessa forma, ocorre uma vasodilatação reflexa do plexo vascular, causando o olho vermelho • Pacientes com síndrome do olho seco apresentam uma alta hiperosmolaridade lacrimal, responsável por ativar vários fatores da cascata de inflamação, que ativam interleucinas e interferons que, por sua vez, ativam fatores que irão induzir a danos nas células caliciformes da conjuntiva, dano e perda de células epiteliais corneanas e apoptose. Diante disso, todos esses fatores geram mais instabilidade do filme lacrimal, o que contribui ainda mais para a alta hiperosmolaridade lacrimal, repetindo todo esse ciclo vicioso da inflamação ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas: ▪ Olho vermelho → é um quadro mais crônico (Ex: há mais de 6 meses) ▪ Ardência ocular ▪ Sensação de corpo estranho (sensação de areia nos olhos) ▪ Fotofobia ▪ Lacrimejamento → devido à instabilidade do filme lacrimal ▪ Flutuação visual → frequentemente o paciente se queixa dessa flutuação visual ✓ Ex: em um momento a visão está boa e em outro momento a visão se encontra embaçada ▪ Intolerância a ambientes com ar-condicionado ou ao ventilador muito próximo aos seus olhos, por exemplo • Sinais → podem ser divergentes dos sintomas ▪ Destacamento de células do epitélio da córnea → quando se coloca o corante (Fluoresceína) e joga-se o filtro de luz azul de cobalto na lâmpada de fenda, Média Midríase Paralítica - Pode ocorrer em uma crise de glaucoma agudo Miose Importante - É frequentemente associada a quadros de uveíte 4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto observa-se pequenas colorações (fluorescências) na córnea, que correspondem justamente a um destacamento das células do epitélio da córnea, típico do quadro de olho seco ✓ O paciente com olho seco tem uma alteração da lágrima (e não necessariamente uma diminuição), que se torna mais “tóxica”, pois tem uma alteração na sua constituição. Assim, o epitélio da córnea, que tem um turnover normal de 7 a 14 dias, não conseguirá mais se reepitelizar de maneira perfeita, fazendo com que apareçam esses sinais fluorescentes, que demonstram perda localizada de células do epitélio da córnea • Teste de Schirmer: ▪ Como é feito → coloca-se uma fita de papel filtro nos olhos do paciente e gradua- se até onde a lágrima atinge esse papel, estimando-se a produção lacrimal basal e reflexa do paciente ➢ CLASSIFICAÇÃO DO OLHO SECO → o olho seco é dividido em dois grandes tipos • Olho Seco por Deficiência Aquosa: ▪ Síndrome de Sjogren: ✓ Primária → quando o paciente tem apenas a síndrome de Sjogren ✓ Secundária → quando o paciente tem uma síndrome de Sjogren secundária a alguma outra doença reumatológica, como o Lúpus ▪ Não associada à Síndrome de Sjogren: ✓ Quando os pacientes apresentam: o Deficiência lacrimal o Obstrução do ducto da glândula lacrimal o Bloqueio do reflexo da glândula lacrimal o Uso de drogas sistêmicas que alteram a produção da lágrima • Olho Seco Evaporativo: ▪ Causa intrínseca: ✓ Deficiência da Glândula de Meibomius o Ex: paciente com Blefarite, que altera a camada mais externa da lágrima, fazendo com que essa lágrima evapore muito rapidamente, gerando, por exemplo, o olho seco ✓ Desordens do fechamento da pálpebra ✓ Baixa taxa de piscar ✓ Ação de Drogas (Isotretinoína) ▪ Causa extrínseca: ✓ Deficiência de vitamina A ✓ Preservativos de drogas tópicas → Ex: colírios para glaucoma, geralmente, causam dano à superfície do olho devido ao excesso de preservativos ✓ Uso de lente de contato → o uso de lentes de contato gera uma diminuição do reflexo na inervação corneana ✓ Doença de superfície ocular → Ex: Alergias oculares geram uma alteração do filme lacrimal de forma extrínseca ➢ TRATAMENTO: • Em decorrência das múltiplas etiologias de olho seco, faz-se o tratamento escalonado e progressivo • Tratamento escalonado e progressivo → deve-se seguir o seguinte passo a passo: 1. De acordo com o tipo de olho seco: ✓ Deficiência Aquosa → Lágrima Artificial (forma líquida, em gel ou em pomadas) ✓ Evaporativo: o Massagem das pálpebras diariamente o Ômega 3 2. De acordo com o tipo de olho seco → com o tempo, pode-se ir adicionando ao tratamento: ✓ Deficiência Aquosa → tratamento anti- inflamatório: o Colírios Anti-inflamatórios o Drogas compostas por acetilcisteína → gera mucolíticos para a superfície do olho ✓ Evaporativo → Antibióticos: o Doxiciclina ou Limeciclina oral Quando o paciente tem um olho seco mais grave 3. Pode-se recorrer aos seguintes: ✓ Plugs Lacrimais no ponto lacrimal inferior ou Cauterização → para diminuir a drenagem de lágrima ✓ Óculos de proteção 4. Também pode-se fazer uso de: ✓ Ciclosporina Tópica → é um imunomodulador ✓ Pilocarpina Oral → pode atuar como um secretagogo, principalmente na síndrome de Sjogren 5. Colírio de Soro Autólogo (CSA) 5 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto 6. Cirurgia → Tarsorrafia 7. Terapia Imunossupressora → caso a causa do olho seco seja uma doença reumatológica, pode-se fazer uso de imunossupressores para melhorar o tratamento desse paciente CONJUNTIVITES ➢ DEFINIÇÃO → uma conjuntivite é a inflamação da conjuntiva bulbar e tarsal, secundária a múltiplas etiologias ➢ CLASSIFICAÇÃO: • Classificação Etiológica:▪ Infecciosa: ✓ Bacteriana ✓ Viral ✓ Fúngica ✓ Protozoários ▪ Não-Infecciosa: ✓ Alérgica ✓ Secundária a doenças sistêmicas • Classificação quanto ao início e à severidade: ▪ Hiperaguda (< 12h) ▪ Aguda (< 3 semanas) ▪ Crônica (> 3 semanas) ▪ Neonatal (desde o nascimento até 28 dias de vida) ➢ CONJUNTIVITE BACTERIANA HIPERAGUDA (< 12h): • Devem ser encaminhadas para o oftalmologista, devido ao risco de perda visual! • Recebem esse nome “hiperagudas” pelo fato de terem um surgimento muito rápido → em menos de 12 horas o paciente já começa a apresentar uma secreção purulenta profusa • Epidemiologia: ▪ Prevalência → em neonatos (quando ocorre em neonatos é chamada de oftalmia neonatal) ✓ Como é mais prevalente em neonatos, os patógenos geralmente são relacionados à infecção pelo próprio canal do parto • Patógenos: ▪ Clamydia trachomatis ▪ Neisseria gonorrhoeae ▪ Neisseria meningitidis ▪ Escherichia coli • Quadro Clínico: ▪ Descarga purulenta profusa com início em < 12h ▪ Hiperemia ocular ▪ Edema bipalpebral • Tratamento: CEFTRIAXONE 1g intramuscular → nos adultos ✓ Geralmente, nos adultos que têm um quadro de IST (Infecção Sexualmente Transmissível) CEFOTAXIMA endovenosa de 8 em 8 horas → nos recém-nascidos, devendo-se internar esses pacientes ➢ CONJUNTIVITE AGUDA (duração < 3 semanas): • Epidemiologia: ▪ As conjuntivites virais são bastante frequênte ▪ São poucos os casos de conjuntivite bacteriana ▪ Prevalência → em adultos • BACTERIANA: ▪ Geralmente, não há necessidade de encaminhar para o oftalmologista ▪ Patógenos: ✓ Staphylococcus sp ✓ Streptococcus sp ✓ Haemophilus influenzae ▪ Quadro Clínico: ✓ Descarga purulenta durando < 3 semanas ✓ Hiperemia ocular ✓ Edema bipalpebral ▪ Tratamento: COLÍRIOS DE QUINOLONAS DE 4ª GERAÇÃO • VIRAL: ▪ São conjuntivites que, aparentemente, podem se apresentar de maneira inocente, com quadros autolimitados, mas muitas vezes elas não são quadros limitados, havendo a necessidade de encaminhamento para o oftalmologista ▪ Etiologia: ✓ Adenovírus ▪ Quadro Clínico: ✓ Início agudo e unilateral, com envolvimento do outro olho em 10 dias ✓ Secreções aquosas profusa ✓ Hiperemia conjuntival ✓ Quemose ✓ Folículos ✓ Linfadenopatia pré-auricular ▪ Febre Faringoconjuntival: ✓ É mais comum em crianças ✓ Patógeno → Adenovírus sorotipos 3, 4 e 7 ✓ Quadro clínico: o Secreções serosas abundantes o Desconforto ocular e fotofobia o Quemose e folículos o É bilateral em 60% dos casos ▪ Ceratoconjuntivite Epidêmica: ✓ Patógeno → Adenovírus sorotipos 8, 19 e 37 ✓ Período de incubação: 5 dias ✓ Pode haver envolvimento da córnea ✓ Transmissão → em consultórios e urgências ▪ Outras conjuntivites virais: ✓ Herpes Simplex Vírus (HSV) Conjuntivite Hiperaguda Conjuntivite Bacteriana Aguda 6 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto ✓ Varicella-Zoster Vírus (HZV) ✓ Molusco contagioso ▪ Tratamento: ✓ Fase aguda: o Compressas frias o Lágrima artificial o Corticoide tópico ✓ Há resolução espontânea em 2 semanas ▪ Complicações → pacientes com conjuntivite viral podem sim apresentar sequelas ✓ Simbléfaro → o acúmulo de secreção na conjuntiva palpebral superior e inferior, principalmente superior, causa aderências à conjuntiva do tarso, chamadas de membranas, que devem ser removidas ✓ Alterações na córnea (Infiltrados Numulares) → baixam a acuidade visual do paciente ➢ CONJUNTIVITE CRÔNICA (> 3 semanas): • ALÉRGICA: ▪ Afeta cerca de 20% da população ▪ Patogênese → decorrem de uma reação de hipersensibilidade tipo 1 e 4 ▪ Quadro Clínico: ✓ Sinais: o Secreção mucosa/aquosa por mais de 3 semanas o Papilas gigantes o Olho vermelho ✓ Sintomas: o Prurido intenso o Lacrimejamento o Fotofobia o Aumento do piscar ▪ Principais Subtipos: ✓ Ceratoconjuntivite Primaveril: o Acomete principalmente pacientes mais jovens (como de 5 a 13 anos) ✓ Ceratoconjuntivite Atópica: o Tem um importante quadro de prurido, pálpebra liquenificada e olho vermelho o É uma conjuntivite grave e que pode gerar uma conjuntivite cicatrizante, podendo causar perda da visão em casos mais avançados ▪ Tratamento: ✓ Estabilizadores de mastócitos ✓ Anti-histamínicos ✓ Esteroides ✓ Lubrificantes ✓ Imunomoduladores ✓ Medidas gerais ➢ Atenção: • Geralmente, não são necessárias culturas para o diagnóstico, exceto em casos recorrentes, recalcitrantes, suspeitos de gonococo ou clamídia • Sinais de alerta para referenciar ao oftalmologista: ▪ Injeção ciliar ▪ Fotofobia ▪ Sensação de corpo estranho ▪ Opacidade de córnea ▪ Pupila fixa ▪ Dor ocular acompanhada de náuseas e/ou vômitos ACHADOS CLÍNICOS E CITOLOGIA BACTERIANA VIRAL CLAMÍDIA ALÉRGICA Prurido Mínimo Mínimo a moderado Mínimo Intenso Hiperemia Moderada Intensa Moderada Moderada Secreção Mucopurulenta ou purulenta Aquosa Mucopurulenta Mucóide ou mucopurulenta Reação Conjuntival Papilar Folicular Folicular e papilar Papilar Dor de garganta e febre Ocasional Ocasional Ausente Ausente Citologia Bactérias Polimorfonucleares Linfócitos, efeitos citopáticos Corpúsculos de inclusão citoplasmáticos Eosinófilos CERATITES E ÚLCERAS DE CÓRNEA ➢ DEFINIÇÃO → a ceratite é uma inflamação ativa da córnea, secundária a infecção por múltiplos patógenos • As ceratites e as úlceras de córnea são quadros graves Simbléfaro Infiltrados Numulares Ceratoconjuntivite Primaveril - Olho vermelho - Limbo gelatinoso → são papilas limbares que se confluem (seta azul) - Papilas gigantes (seta amarela) → são bastante características de conjuntivites alérgicas Ceratoconjuntivite Atópica - Pálpebra liquenificada (seta roxa) - Conjuntivite Cicatrizante (seta verde) 7 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto • Geralmente, apresentam um gatilho para que ocorram, como: ▪ Trauma ▪ Cirurgias oculares ▪ Corpos estranhos no olho ▪ Uso de lentes de contato ▪ Imunossupressão • São uma importante causa de morbidade ocular e cegueira. Assim, devem ser referenciadas ao serviço de oftalmologia! ➢ ETIOLOGIA → é múltipla: • Viral • Bacteriana • Fúngica • Protozoário • Atenção → patógenos que invadem o epitélio íntegro: ▪ Haemophilus influenzae ▪ Neisseria gonorrhoeae ▪ Streptococcus pneumoniae ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sinais: ▪ Olho vermelho ▪ Secreção purulenta ou aquosa ▪ Edema palpebral ▪ Irite ▪ Opacidade corneana • Sintomas: ▪ Dor intensa ▪ Fotofobia ▪ Baixa acuidade visual ➢ DIAGNÓSTICO: • Cultura → o quadro clínico é muito parecido em todas as etiologias. Dessa forma, é essencial que se faça a coleta da úlcera do paciente, para enviar para o laboratório realizar a cultura em vários meios de cultura, para saber qual o patógeno, influenciando no direcionamento do tratamento • Úlceras de pelo menor 0,5mm podem ser observadas com uma lanterna, não necessitando de lâmpada de fenda ➢ TRATAMENTO → deve ser imediato! ➢ Também existem outras manifestações de Herpes no olho, como: • Endotelite Herpética • Uveíte Herpética ➢ CERATITE BACTERIANA x CERATITE FÚNGICA: CARACTERÍSTICAS BACTERIANA FÚNGICA Principal Patógeno Pseudomonas aeruginosa Fungos Filamentosos Início de evolução Rápido Lento Aspecto da lesão Lesão única - Lesões múltiplas - Lesões satélites com margens hifadas de disseminação transmural Tratamento Cefalexina ou Gentamicina Natamicina ou Anfotericina B Resposta ao tratamento Boa Pobre ➢ CERATITE POR PROTOZOÁRIO (ACANTHAMOEBA): • Quadro clínico: ▪ Tem início lento, com dor desproporcional aosachados clínico ▪ Presença de pseudodendrítos ▪ No início confunde-se com herpes simples vírus, devido aos psudodendritos • Exemplo de história → paciente que fazia uso de lentes de contato e teve exposição à água contaminada • Tratamento: ▪ Amebicidas → Biguanida + Clorexidine ➢ Atenção → todas as ceratites devem ser encaminhadas ao oftalmologista! Ceratite Viral - Pode ser causada por Herpes Simples Vírus (HSV) ou por Herpes Zoster Blefarite (Blefaroconjuntivite por Herpes) - Ceratite Epitelial por vírus herpes simples - Lesão dendrítica → característica do Herpes na córnea Ceratite Fúngica - Infiltrados com lesão satélite → são bem característicos de lesão fúngica Ceratite Bacteriana - Hipópios (seta azul) → coleção de linfócitos e células mortas, por exemplo, que se depositam no fundo da câmara anterior do paciente - Lesão única (seta amarela) → mais característica de etiologia bacteriana Ceratite por Acanthamoeba (protozoário) - Pseudodendritos (seta amarela) - Lesões corneanas que diminuem a transparência da córnea (seta verde) - Esses pacientes evoluem com uma importante alteração na inervação da córnea - Os cistos da Acanthamoeba encontram-se infiltrados por todo o endotélio 8 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto ABRASÃO DE CÓRNEA ➢ DEFINIÇÃO → resulta da injúria mecânica à córnea • É um quadro relativamente simples que não necessita de encaminhamento na maioria dos casos • Se a abrasão for > 4mm e a visão for pior que 20/40 → referenciar para o oftalmologista ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas: ▪ Dor intensa unilateral ▪ Fotofobia ▪ Pode ou não cursar com baixa acuidade visual • Sinais: ▪ Olho vermelho ▪ Irregularidade epitelial ➢ TRATAMENTO: • Profilaxia de infecção → Antibioticoprofilaxia e Lubrificação ➢ Resposta à fluoresceína → o epitélio destacado cora em verde sobre o filtro azul de cobalto ➢ Resposta aos anestésicos → ocorre alívio imediato da dor CORPO ESTRANHO ➢ Deve-se encaminhar para o oftalmologista para a retirada desse corpo estranho! ➢ EPIDEMIOLOGIA: • A presença de corpos estranhos nos olhos corresponde a cerca de 30% de todas as injúrias oculares nos Estados Unidos ➢ TIPOS DE CORPOS ESTRANHOS OCULARES: • Areia • Vidro • Metal • Matéria orgânica ➢ TRATAMENTO: • Clínico Geral → Realizar um curativo no olho e encaminhar o paciente para o oftalmologista • Oftalmologista → Retirada do Corpo Estranho + Antibioticoprofilaxia BLEFARITE ➢ DEFINIÇÃO → inflamação das bordas das pálpebras ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É causa de referencia para a oftalmologia em 12 a 15% dos casos • É uma das desordens oculares mais comuns • Trata-se de um quadro inocente, que na maioria dos casos não há necessidade de encaminhar para o oftalmologista ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas: ▪ Prurido ▪ Sensação de corpo estranho ▪ Ardência ▪ Lacrimejamento • Sinais: ▪ Olho vermelho ▪ Crostas nos cílios ▪ Edema ▪ Hiperemia palpebral ➢ CLASSIFICAÇÃO: • Anterior • Posterior ➢ TRATAMENTO: • Higiene palpebral • Compressas mornas • Antibiótico tópico • Esteroides tópicos • Tetraciclinas sistêmicas EPISCLERITE x ESCLERITE ➢ EPISCLERITE: • Definição → trata-se de uma inflamação do plexo episcleral (superficial) ▪ É uma condição benigna e autolimitada ▪ Não necessita de investigação → pois é um quadro geralmente benigno, que praticamente não cursa com dor e que não tem nenhuma etiologia relacionada a doenças sistêmicas • Etiologia → a maioria dos casos é idiopático • Quadro Clínico: ▪ Não curso com: ✓ Baixa acuidade visual ✓ Dor ▪ Pode apresentar: ✓ Leve desconforto ocular • Classificação → pode ser: ▪ Nodular ▪ Difusa ➢ ESCLERITE: • Definição → inflamação difusa do plexo escleral (profundo) e do plexo superficial ▪ É uma condição ameaçadora à visão e/ou à vida ▪ Necessita de investigação! Episclerite Difusa Episclerite Nodular 9 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto • Etiologia → a maioria dos casos é de origem autoimune ou infecciosa. Assim, geralmente apresenta uma etiologia sistêmica associada • Quadro clínico: ▪ Pode cursar com baixa acuidade visual ▪ Dor intensa com irradiação para mandíbula e testa ▪ Pode cursar com afilamento corneano importante ▪ Olho vermelho • Classificação → pode ser: ▪ Anterior ▪ Posterior UVEÍTE ➢ DEFINIÇÃO: • Úvea → camada vascular do olho, composta por íris, corpo ciliar e coroide • Uveíte → inflamação do trato uveal, que gera vasodilatação com consequente extravasamento de leucócitos, proteínas e células (quebra da barreira hemato-aquosa) ▪ Tem uma grande associação com doenças reumatológicas ▪ São quadros com potencial cegueira, devendo ser encaminhados para o oftalmologista ➢ ETIOLOGIAS: • Infecciosa • Imunomediada • Pós-operatória • Idiopática ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas: ▪ Dor unilateral ▪ Fotofobia ▪ Baixa acuidade visual ▪ Irritação ocular ▪ Lacrimejamento • Sinais: ▪ Vitreíte ▪ Hipópio ▪ Sinequias posteriores ▪ Pressão intraocular alterada ▪ Miose ▪ Olho vermelho ➢ TRATAMENTO: • Corticoides + Midriáticos • Tratar doença de base ENDOFTALMITE ➢ DEFINIÇÃO: • Trata-se de uma uveíte intensa, grave e purulenta, que envolve todos os tecidos intraoculares, exceto a esclera • É uma emergência oftalmológica, devendo ser encaminhada para o oftalmologista • Geralmente, é de etiologia infecciosa ➢ Pode ser de causa: • Endógena → Ex: pacientes internados na UTI, com cateteres que contaminam e causam a infecção intraocular endógena • Exógena → geralmente relacionada a cirurgias ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas: ▪ Dor severa ocular ▪ Baixa acuidade visual intensa ▪ Irritação ocular • Sinais: ▪ Olho vermelho ▪ Secreção purulenta ▪ Hipópio ➢ TRATAMENTO: • Antibióticos Intra-Vítreos (Vancomicina + Ceftazidima) • Vitrectomia HEMORRAGIA SUBCONJUNTIVAL ➢ DEFINIÇÃO: • Trata-se de uma coleção de sangue represado entre a esclera e a conjuntiva • É um derrame simples e superficial de algum vaso que extravasou na conjuntiva • É uma entidade benigna e frequentemente encontrada no pronto-socorro ➢ ETIOLOGIA: • Hipertensão Arterial Sistêmica • Traumas pequenos → Ex: por esforço (como fazer um esforço maior na academia ou espirrar muito) • Valsalva • Discrasias sanguíneas • Uso de anticoagulantes/AINES ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas: ▪ Nenhum ou leve “sensação de areia nos olhos” Esclerite Esclerite - Devido à transparência da esclera, consegue-se visualizar a úvea Esclerite - Necrose → por isso que deve ser encaminhado! 10 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto • Sinais: ▪ Área vermelho-vivo localizada ➢ TRATAMENTO → Tratamento Expectante • Compressas geladas • Informar ao paciente que o quadro vai demorar um pouco para melhorar por completo • Não há necessidade de encaminhar para o oftalmologista GLAUCOMA AGUDO ➢ Trata-se de uma emergência oftalmológica ➢ Há risco de perda visual ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É a segunda causa de cegueira reversível no mundo ➢ ETIOLOGIA: • Bloqueio pupilar • Íris em Plateau • Câmara anterior rasa • Drogas anticolinérgicas ➢ QUADRO CLÍNICO: • Sintomas: ▪ Dor ocular intensa ▪ Baixa acuidade visual ▪ Náuseas ▪ Vômitos • Sinais: ▪ Olho vermelho com injeção ciliar ▪ Câmara anterior rasa ▪ Edema epitelial microcístico de córnea ▪ Pupila ovalada em meia-midríase e sem reação ▪ Pressão intraocular (PIO) elevada → > 40mmHg ➢ TRATAMENTO: • Acetazolamida endovenosa • Hipotensores • Esteroides e pilocarpina tópicos:▪ Alguns médicos não prescrevem pilocarpina no início do quadro, pois há uma isquemia pupilar que dificulta sua ação no esfíncter • Iridotomia periférica CASO CLÍNICO ➢ ANAMNESE: • Identificação (ID) → Homem, 37 anos, natural de São Paulo • Queixa Principal e Duração → referia queixas de dor ocular e hiperemia ocular, além de embaçamento visual no olho esquerdo há 5 dias. Negava trauma • Antecedentes Oculares (AO) → Cirurgia refrativa (LASIK) em ambos os olhos há 9 anos, por miopia (referia como sendo de “baixo grau”), mas ainda usava correção (óculos) • Antecedentes Patológicos (AP) → há cerca de 45 dias antes de chegar ao pronto-socorro, foi submetido a rinosseptoplastia. O otorrinolaringologista o orientou a evitar os óculos, para não afetar o resultado cirúrgico. Foi a outro serviço para adaptação de Lente de Contato (LC) de silicone hidrogel, fazendo uso por 10 dias, e cessou com o início dos sintomas ▪ Referia uso adequado de LC, não abusivo, com uso de solução de limpeza e estojos apropriados ➢ EXAME OFTALMOLÓGICO: • Acuidade Visual (AV): ▪ AV C/C (Com Correção) = 1,0 (20/20 no olho direito, configurando 100% de visão) ▪ Conta Dedos (CD) = 2,5m (conta dedos a 2,5 metros) • Refração → miopia residual de -1,5 em ambos os olhos ▪ Olho Direito (OD): ✓ OD: -1,5 ✓ DE: 1,0 ▪ Olho Esquerdo (OE): ✓ OE: -1,5 ✓ DE: CD 2,5m (conta dedos a 2,5 metros) • Biomicroscopia (lâmpada de fenda): • Pressão Intraocular (PIO) = 12x10 mmHg (12 no olho direito e 10 no olho esquerdo) → normal • Fundoscopia → sem alterações em Ambos os Olhos (AO) ➢ HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS: • Provável etiologia infecciosa ➢ CONDUTAS: • Conduta no Pronto-socorro oftalmológico: ▪ Foi iniciado Ofloxacino 0,3% de 6 em 6 horas no Olho Esquerdo → essa dose é profilática, devido à hipótese de se tratar de uma infecção ▪ Solicitados exames laboratoriais Olho Direito - Aparentemente sem qualquer alteração Olho Esquerdo - Olho hiperemiado (olho “quente”) - Anisocoria → a pupila do olho esquerdo está bem menor do que a do olho direito - Perda de transparência na região central da córnea Olho Esquerdo - Córnea com opacidade → esbranquiçamento tênue próximo ao eixo visual do olho esquerdo (seta azul) - Provavelmente deve ter uma reação de câmara anterior, pois não há uma plena transparência da córnea 11 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE OLHO VERMELHO Gizelle Felinto • Conduta no setor de córnea: ▪ Realização da microscopia confocal → é um exame que avalia todas as camadas da córnea ▪ Levantar o flap do lasik para coleta de material → o lasik é uma cirurgia refrativa que gera um corte corneano (lentícula). Assim, muitas vezes, abaixo dessa lentícula podem haver patógenos, configurando um quadro de infecção ➢ RESULTADOS DOS EXAMES: • Exames laboratoriais → todos vieram dentro da normalidade • Microscopia confocal → o olho esquerdo apresentou imagens compatíveis com cistos de Acanthamoeba. Esse protozoário infecta todas as camadas da córnea ➢ DIAGNÓSTICO DEFINITIVO → Ceratite Infecciosa por Acanthamoeba ➢ TRATAMENTO: • Tratamento inicial → Biguanida + Clorexidine + Brolene ▪ São drogas que combatem os cistos e as formas trofozoíticas da Acanthamoeba • Após 4 meses de tratamento: ▪ Acuidade visual com correção (AV C/C): 1,0 → visão do olho esquerdo voltou a ser 20/20 ▪ Ainda apresentava queixas de fotofobia e glare ▪ Apresentava alguns infiltrados superficiais de aspecto cicatricial (seta vermelha) • Caso o quadro não tivesse sido tratado de maneira correta, agressivamente e no tempo certo, o paciente poderia ter evoluído com uma perda visual no seu olho esquerdo PONTOS IMPORTANTES ➢ Existem etiologias diversificadas de olho vermelho. Algumas podem ser tratadas em ambiente de cuidados primários (Ex: hiperemia conjuntival, abrasão de córnea...) e outras devem ser encaminhadas ao oftalmologista (Ex: esclerite, glaucoma agudo, uveítes, endoftalmites...) ➢ SINAIS DE ALERTA → nos seguintes casos deve-se referenciar o paciente para o serviço oftalmológico: • Alterações recentes da visão → baixa acuidade visual aguda • Situações traumáticas • Episódios frequentes → repetição do padrão do olho vermelho • Anisocoria • Dor ocular → não se pode negligenciar a dor do paciente ➢ Atenção → não se deve prescrever Corticoides e Anestésicos quando não se sabe a etiologia! • A prescrição de corticoide em um olho vermelho com etiologia fúngica ou com etiologia bacteriana (por herpes zoster, por exemplo) pode piorar o quadro • O abuso de anestésico pode gerar uma úlcera no olho do paciente
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