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A criança precisa saber que não causou a separação dos pais

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1 
 
A CRIANÇA PRECISA SABER QUE NÃO CAUSOU A SEPARAÇÃO DOS PAIS: PARA EVITAR 
UMA CULPABILIDADE PREJUDICIAL. 
 
 Terezinha Rodrigues 
 UNIMEP/Curso de Psicologia. 2009. 
 
RESUMO 
 Este artigo refere-se a um trabalho desenvolvido em Psicoterapia Comportamental Infantil, com 
objetivo de produzir conhecimento em prol de entendimento de queixas de agressividade infantil 
relacionadas à separação conjugal. Pesquisas revelam que tem aumentado o número de casos trazidos 
para psicoterapia e, de modo geral, são trazidas pelos próprios “agentes controladores” do 
comportamento a ser trabalhado, ou seja, os pais. 
 Segundo o Behaviorismo os comportamentos são selecionados pelas consequências através dos 
níveis: filogenético, ontogenético e sociogenético, uma parte dos comportamentos é mantida por 
estímulos verbais estabelecidos pela comunidade. As atitudes agressivas e retraídas podem ser 
desencadeadas por diversos tipos de situações geradoras de crenças e estados emocionais, inclusive a 
separação dos pais. 
PALAVRAS-CHAVE: Psicoterapia Comportamental, criança, separação dos pais, agressividade, 
comportamento retraído. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 O caso trabalhado é um caso típico de filho de pais separados, trazido para psicoterapia por 
apresentar mudanças no comportamento após a separação. A criança de modo geral pode ficar triste, 
deprimida, retraída, desobediente e apresentar comportamentos: Agressivo, rebelde, pesadelo, 
alterações do apetite e dificuldade de concentração, tais atitudes são muitas vezes incompreendidas 
pelos pais que, deixam de informar seus filhos sobre o processo de separação porque acreditam que 
não vão entender devido a sua pouca idade. Entretanto, a criança de qualquer idade capta que uma 
mudança está ocorrendo e percebe o clima cheio de tensão. Começa a emitir comportamentos que 
sinaliza sua frustração e seu sofrimento, passando a apresentar problemas de conduta, sendo facilmente 
identificados pelos adultos como rebeldia. 
 
2 
 
RICO (2005): 
As crianças em idade pré-escolar parecem ser as mais atingidas aos efeitos negativos da 
separação, porque seu desenvolvimento cognitivo ainda não lhes permite compreender o 
que está acontecendo. Presenciando as atitudes e os comportamentos dos pais, aprendem 
que os conflitos e problemas devem ser resolvidos com agressividade e intolerância. 
 
 
 O caso trabalhado contribuiu com a produção de conhecimento, por fornecer subsídios que 
favoreceu entendimento sobre a forma que os agentes usam para controlar comportamentos. A mãe 
buscou ajuda por temer o futuro da filha, evidenciando insegurança perante a educação a qual estava 
sendo aplicada, fazia contrato de contingências, dizendo que conversava tudo com a filha para que não 
ficasse como ela (insegura e dependente, em decorrência de sua rígida educação) ensinava o certo e o 
errado, educando de maneira flexível, porém, foi possível identificar nos relatos da criança a 
reprodução da fala da mãe, quer dizer, a mãe achava que estava educando de maneira diferente, mas na 
verdade apenas modificou a didática de ensino, porque o conteúdo e o modelo eram os mesmos, ou 
seja, aplicava à mesma educação rígida a filha. 
Através da teoria do desenvolvimento, Piaget (apud Catania, 1999) ajuda-nos a entender o 
processo de desenvolvimento do comportamento infantil, com base na acomodação e assimilação, 
explica que, a criança ou, o seu comportamento é acomodado às limitações impostas por estruturas 
ambientais e contingências, mas argumenta que essas estruturas e contingências são a tal ponto 
assimilado pela criança, que passa a ser incorporadas ao seu comportamento, quer dizer que, a mãe por 
medo da filha vir a sofrer com apego exagerado a um pai que não poderá retribuir seu afeto em 
cuidados posto como “normal” (ser presente e não deixar faltar nada aos filhos) por ser um dependente 
químico, retrata a realidade para a filha, detalhando constantemente os porquês da ausência do pai, de 
tal forma, que a criança passa a pensar e agir como a mãe, gerando amor e ódio pelo pai, ora dizia que 
não gostava do pai porque ele não ajudava a mamãe pagar as contas, ora dizia que tinha medo da 
mamãe proibir o papai de vê-la. Gerando insegurança e ansiedade por não conseguir reconhecer seus 
sentimentos e por reproduzir as afirmativas do outro. 
Wells 1981 (apud, Moura et al,1998) argumenta que a maioria das crianças que são 
encaminhadas para psicoterapia decorre mais de uma necessidade dos pais do que da própria criança. 
Segundo pesquisadores no assunto, as mães de crianças que são encaminhadas para terapias, 
apresentam estado emocional (baixa tolerância ao estresse e pouca habilidade para lidar com suas 
crianças) diferente das mães de crianças não encaminhadas, outro fator que também influenciam a 
3 
 
percepção distorcida da mãe sobre o comportamento do filho é a depressão materna. 
 
DESENVOLVIMENTO 
 Magri (2008) enfatiza que o behaviorismo não trabalha propriamente com o comportamento, 
mas sim com as contingências comportamentais, com o comportar-se dentro de contextos, quer dizer, 
“o ser humano interage com a natureza, com seus semelhantes e sofre os efeitos dessa ação”. Esta 
afirmativa nos ajuda a compreender e avaliar o comportamento de resistência à frustração, trazido pela 
criança assistida; desde seu primeiro contato, evitava falar de suas particularidades, muitas de suas 
falas sinalizavam a presença de encadeamento de respostas -“Uma resposta pode produzir ou alterar 
algumas das variáveis que controlam outras respostas” (Skinner, 2003). Emitia comportamento retraído 
(não gostava de conversar sobre assuntos relacionados à perda do pai) para evitar a aproximação do 
estímulo aversivo que sinalizava para ela perdas de sentimentos (relacionada ao pai), como não 
conversava sobre suas frustrações, passou a emitir respostas (ansiedade) que fomentou a hipótese de 
problemas de rebeldia, por estar apresentando comportamento mal-educado em uma família que 
preservava a educação baseada em princípios conservadores. Passou a evitar diálogo com a mãe, 
dando extinção a toda situação de repreensão, não sabendo discriminar a maneira correta de se 
comportar (formas de tratamento) na interação com o outro. Como era reforçada pela família 
(problemas de rebeldia) passou a sentir-se culpada por entender que não era a filha perfeita que seus 
pais gostariam de ter, passando a se responsabilizar pelos problemas dos pais, gerando intolerância e 
agressividade por não conseguir discriminar seus verdadeiros sentimentos perante a disputa dos pais 
em querer mostrar-lhe de quem era a culpa da separação. 
 
Dr Ginott (1998) 
Quando os pais brigam as crianças sentem-se ansiosas e culpadas, ansiosas porque o seu 
lar está ameaçado e, culpada devido ao seu real ou imaginário papel no atrito familiar. 
As crianças não permanecem neutras, elas tomam o partido do pai ou da mãe, as 
conseqüências são danosas tanto para o desenvolvimento psicossocial quanto para o 
caráter da criança. 
 
 A intervenção da clínica ocorre após o diagnóstico; com intuito de obter mudanças 
comportamentais e /ou o bem estar daquele que busca apoio psicológico (adulto ou criança). O 
psicólogo clínico comportamental define seu trabalho através de sua interação com o cliente e age com 
4 
 
base no processo de análise funcional. A avaliação comportamental não esta relacionada apenas as 
técnicas observáveis, mas também supõe ações voltadas para as três facetas do comportamento (motor, 
cognitivo e afetivo). Devido ao fato do cliente necessitar de experiências que lhe permite 
reaprendizagem derespostas, o terapeuta ocupa a postura de professor ou é muitas vezes tomado como 
modelo. 
Através da coleta de dados sobre a história de vida da criança e, a relação estabelecida durante 
o período de atendimento, foi possível ampliar a compreensão da mudança de comportamento da 
cliente. Mudança essa que se encontra diretamente emaranhada com a emissão de comportamentos 
inadequados dos pais, decorrentes de processos de identificações e/ou de expressões de seus 
respectivos sentimentos, dando-nos clareza para perceber que numa situação de separação a interação 
estabelecida por ambos é na verdade uma relação de mão dupla, que leva pais e filhos a se 
comportarem de maneira confusa, sob controle de variáveis de ordem biológica, social, emocional e 
interacional. 
 
 CONCLUSÃO 
 
Perante constatação teórica que enfatiza a influência do ambiente como reforçador na 
implantação e manutenção do comportamento, fica evidente a hipótese de que a criança é o reflexo 
(denuncia) “de que o ambiente esta doente”, pois refletem diretamente os problemas dos pais. No 
exemplo em pauta, a separação dos pais da criança, parecia ser resultante de conflitos relacionados a 
princípios. A mãe alicerçada a uma educação rígida procurava educar seus filhos de acordo com seus 
princípios e, o pai de procedência parental problemática vivia em meio aos vícios (drogas, álcool e 
jogos). Depois de identificado o sentimento de culpa como sendo o sinalizador do comportamento 
agressivo, foi aplicado técnicas que ajudaram a criança a reconhecer seus sentimentos e, trabalhá-los, 
passando a apresentar comportamentos mais adequados e coerentes com a sua realidade. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
BARROS, P. e SILVA, N. F. B. Origem e manutenção do comportamento agressivo na infância e 
adolescência. Rev. bras.ter. cogn., jun. 200666 vol.2, no.1, p.55-66. ISSN 1808-
5687.Disponível:http://pepsic.bvspsi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
56872006000100006&lng=pt&nrm= Acesso: 14 de janeiro de 2009. 
 
5 
 
GINOTTI, Hain G. 1985. Pais e Filhos – Novas soluções para velhos problemas. Ed. Bloch Educação. 
Rio de Janeiro. 1985. 
 
JAÍDE, A. R. Nalin. 1993. O uso da fantasia como instrumento na psicoterapia infantil. Universidade 
de Mogi das Cruzes e Universidade São Francisco. 
 A. D.; Yamada, N. S. ; Mello, e. l. de. Respostas agressivas de uma criança: Redirecionamento a partir 
de novas regras. 7ª Jornada de Análise do comportamento – UFSCar. 2008. 
 
MOURA, C. B. de, Grossi R.. 1998. Quando os pais precisam de psicoterapia, mas encaminham seus 
filhos, o que fazer? Universidade Estadual de Londrina. Estudos de Psicologia. 
 
OTERO, L. R. V.. 1993. O sentimento na Psicoterapia Comportamental Infantil: Envolvimento dos pais 
e da criança. Ortec. Ribeirão preto. 
 
RICO, Ana Maria Morateli da Silva. Separação dos pais. 2005. 
Disponível: 
http://www.pailegal.net/forum/viewtopic.php?t=6539&sid=2bf064dd961e95bf4592332ee0957f57. 
Acesso: 14 de janeiro de 2009. as 11h30. 
 
RANGÉ, Bernard, Erthal, T. C. D. A Relação Terapêutica na Abordagem Comportamental. Cap. 3.

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