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Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 CRIPTOSPORIDIOSE Agentes Etiológicos Filo: Apicomplexa Classe: Conoidasida Gênero: Cryptosporidium Cryptosporidium parvum: zootropozoonose (animal >homem) - Principal espécie que acomete o homem; Cryptosporidium hominis: antropozoonose (homem > animal) Morfologia Se desenvolve, principalmente, nas microvilosidades das células epiteliais do trato gastrointestinal, mas pode ser encontrados em outras partes do organismo (parênquima pulmonar, vesícula biliar, etc) Localização intracelular extracitoplasmática O conteúdo do complexo apical (roptrias, micronemas, grânulos densos, microtúbulos) participam da adesão, invasão e formação do vacúolo parasitóforo; Seu oocisto apresenta 4 esporozoítos, sem a presença de esporocisto; Ciclo Biológico Ciclo biológico monoxênico (apenas um hospedeiro); Ingestão de oocisto de parede grossa >> desencistamento >> liberação de esporozoítos >> se transformam em trofozoítos >> se fixa às microviilosidades das células do epitélio gastrointestinal >> criam um vacúolo parasitóforo aderido à membrana >> 8 merontes I >> merogonia >> 4 merontes II >> gametogonia >> macrogametas + microgamtes >> fecundação >> oocisto de parede delgada (autoinfecção) e oocisto de parede espessa (eliminado para o externo) >> se esporulam no interior do hospedeiros e já são eliminados na forma infectante Transmissão Ingestão/inalação de oocistos, ou ainda, pela autoinfecção; Pessoa a pessoa: observadas em ambientes com alta densidade populacional. Atividades sexuais que aumentam os riscos; Animal a pessoa: ocorre como consequência do contato direto de pessoas com animais que se encontram eliminando oocistos; Pela água de beber ou de recreação contaminada com oocistos; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Por alimentos contaminados por oocistos; Patogenia e Sintomas O quadro clínico é influenciado por: idade, a competência imunológica e a associação com outros patógenos; As alterações provocadas pelo parasito nas células epiteliais da mucosa gastrointestinal interferem nos processos digestivos e resultam na síndrome da má absorção, decorrentes da perda de área de absorção e diminuição do transporte de nutrientes; Desencadeia a apoptose das células do epitélio intestinal; Em indivíduos imunocompetentes, a doença se caracteriza por diarréia aquosa, anorexia, dor abdominal, náusea, vômitos, flatulências, febre baixa, dor de cabeça e quadro clínico autolimitante; Em crianças os sintomas são mais graves, com vômitos e desidratação, que podem gerar déficit de crescimento, perda de peso e o desenvolvimento cognitivo são prejudicados; Em pacientes imunodeficientes, as manifestações são mais graves. Pode ocorrer apendicite aguda, colite e pneumonia; Diagnóstico É feito pela demonstração de oocistos nas fezes (recomenda-se a pesquisa seriada), em material de biópsia intestinal ou material raspado da mucosa; PCR ELISA, e outros testes sorológicos Tratamento Não há tratamento, apenas visa aliviar os efeitos da diarréia e desidratação; Em imunocompetentes geralmente ocorre cura espontânea; Epidemiologia Grande frequência pelo mundo, zoonose emergente mais importante; Cosmopolita; Fatores que interferem na sua ocorrência: idade, hábitos e os costumes, área geográfica, estado nutricional e imunocompetência; No Brasil, a presença do protozoário foi registrada em várias áreas: águas superficiais, subterrâneas, tratadas, esgoto bruto, etc; Profilaxia Medias que evitem a contaminação de águas, meio ambiente e alimentos com oocistos; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Uso de fossas e privadas com proteção de reservatórios para evitar a contaminação com fezes; Cuidados da higiene pessoal; Os indivíduos do grupo de risco devem evitar o contato com animais e adotar rigorosa higiene pessoal; Ferver água antes de beber; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 DOENÇA DE CHAGAS Introdução Transmitida por vetores intradomiciliares; O chagásico é marginalizado; O Trypanosoma cruzi é o agente etiológico da doença de chagas, que constitui uma antroponose frequente nas Américas; Agente Etiológico o Filo Sarcomastigophora o Classe Zoomastigophorea o Ordem Kinetoplastida (haver com o cinetoplasto) o Família Trypanosomatidae o Gênero Trypanosoma o Espécie Trypanosoma cruzi Formas Evolutivas Amastigotas: Forma intracelular que se multiplica no interior das células do HV (presente antes do rompimentos da células); Arredonda; Multiplicação por divisão binária simples; Flagelo não visível e não livre; Interiorização por fagoticotse; Tripomastigotas Forma alongada, infectante para o HV e HI; A forma infectante para o HV é o tripomastigota metacíclico; Cinetoplasto posterior ou núcleo (+ próxima da face sem flagelo) e o flagelo forma uma membrana ondulante na porção anterior; Presente no sangue circulante e fezes do triatomíneo; Divide-se em: a) Tripomastigotas delgadas: + infectante, sensíveis aos anticorpos, preferem o HV e células SFM, predomina na fase aguda no baço, fígado e M.O; b) Tripomastigotas largas: - infectantes, resistente aos anticorpos, preferem o HI, na fase crônica predomina nos tecidos musculares; Epimastigotas Forma alongada, com cinetoplasto anterior e próximo ao núcleo; Membrana ondulante disposta lateralmente; Presente no intestino médio do triatomíneo; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Vetor Insetos hemípteros; Hábitos alimentares: Hematófagos: alimentam-se de sangue, probóscide curta, reta e não ultrapassa o 1º par de pernas; Fitófagos: alimentam-se de plantas, probóscide longe, reta, ultrapassa o 1º par de pernas; Entomófagos: alimentam-se de outros animais, probóscide curta, curva e não ultrapassa o 1º par de pernas; Triatoma spp: antena entre os olhos e o clípeo Panstrongylus spp: antena muito próxima aos olhos Rhodnius spp: antena muito próxima ao clípeo Ciclo Biológico No Hospedeiro Vertebrado (HV) Pelo mecanismo natural, os tripomastigotas metacíclicos eliminados nas fezes ou na urina, durante o repasto sanguíneo, penetram no local da picada, interagindo com células do SFM; Neste local os tripomastigotas se transformam em amastigotas, que se multiplicam por divisão binária simples; Ocorre diferenciação dos amastigotas em tripomastigotas, que são liberados da células hospedeira; Esses tripomastigotas caem na corrente circulatória, atingindo novas células de qualquer tecido ou órgão para cumprir um novo ciclo celular; No início da infecção (fase aguda), a parasitemia é mais elevada, podendo levar a morte do hospedeiro, principalmente em crianças; Quando ocorre resposta imune eficaz, diminui a parasitemia e a infecção tende a cronificar, com poucos parasitas na circulação; No Hospedeiro Invertebrado (HI) Os triatomíneos se infectam ao ingerir tripomastigotas saguíneos presentes na corrente circulatória do HV durante o hematofagismo; No estômago do inseto se transformam em epimastigotas; No intestino médio, se multiplicam por divisão binária; No reto as epimastigotas se diferenciam em tripomastigotas metacíclicas; Mecanismos de transmissão Vetor: mecanismo com maior importância epidemiológica. Ocorre penetração de tripomastigotas metacíclicos, eliminados nas fezes ou urina durante o repasto sanguíneo; Transfusãosanguínea, transfusão congênita, acidentes laboratoriais, transmissão oral (amamentação, açaí, alimentos contaminados com fezes ou urina de barbeiros), coito e transplante de órgãos; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 A interação parasito-hospedeiro ocorre em três fases sucessivas: Adesão celular Interiorização e formação do vacúolo parasitário; Fenômenos intracelulares: As epimastigotas são destruídas dentro do VP, enquanto as tripomastigotas metacíclicas sobrevivem resistindo às enzimas lisossômicas, onde se desenvolvem em amastigotas e posteriormente em tripomastigotas sanguíneas; Fatores inerentes ao parasito: poliformismo, cepa, linhagem, virulência, reinfecções, tropismo celular; Fatores inerentes ao hospedeiro: genética, sexo, idade, R.I, nutrição Patogenia Doença de Chagas Fase aguda (inicial) Fase crônica: Assintomática Sintomática: cardíaca, digestiva e mista Fase Aguda Pode ser sintomática (+ comum na primeira infância) ou assintomática; Quando o T. cruzi penetra na conjuntiva, há o sinal de Romanã (edema bipalpebral unilateral), e quando penetra na pele forma-se o chagoma de inoculação (inflamação na derme e hipoderme no local da inoculação); Apresenta também linfadenite-satélica, inflamação dos linfonodos próximos ao local de inoculação; Febre, edema localizado e generalizado, poliadenia, hepatomegalia, esplenomegalia, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas; Fase Crônica Assintomática Após a fase aguda, os sobreviventes passam por um longo período assintomático (10 a 30 anos), uma fase latente; Características: positivada de exame sorológico, ausência de sintomas/sinas, ECO normal e coração, esôfago e cólon radiologicamente normais; Apesar de assintomática, há relatos de mortes súbitas; Fase Crônica Sintomática Certos chagásicos, após permanecerem assintomáticos por vários Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 anos, com o correr do tempo começam a apresentar sintomatologia relacionada ao sistema cardiocirculatório, digestivo ou de ambos; Forma Cardíaca: Insuficiência cardíaca congestiva (ICC), devido a diminuição da massa muscular (substituída por áreas de fibrose). Causa dispneia. Insônia, congestão visceral, edemas, anasarca e morte; Destruição do SNA simpático e parassimpático Exsudato inflamatório Arritmias; Hipóxia; Fenômenos tromboembólicos >> infartos no coração, pulmão, rins, baço, encéfalo, etc... Cardiomegalia intensa; Forma Digestiva; Alterações morfológicas e funcionais; Diminuição do peristaltismo>> acumulo de fezes; Megaesôfago (dilatação do esôfago): disfagia, odinofagia, dor retroesternal, regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose; Megacólon (dilatação dos cólons): obstrução intestinal e a perfuração; Forma Mista = Forma Cardíaca + Forma Digestiva; Variações da Doença de Chagas Doença de Chagas Transfusional A fase aguda é semelhante ao observado em pacientes que adquiriram por triatomíneos, exceto a ausência de chagoma de inoculação; A doença pode evoluir para a forma indeterminada ou sintomática cardíaca/digestiva Doença de Chagas Congênita (DCC) Pode ocorrer em qualquer período da gravidez, provocando abortos, partos prematuros Alterações morfológicas na placenta; Doença de Chagas no Paciente Imunossuprimido Reativação da doença por conta da baixa na imunidade; O envolvimento do SNC é o fato mais grave: Encefalite multifocal, múltiplas lesões necrótico-hemorrágica, parasitas abundantes nos macrófagos, células da glia e neurônios; Imunidade na Doença de Chagas O parasito passa a ser continuamente combatido, tenso sua multiplicação reduzida. Isso trás lesões teciduais como consequencias; A imunidade inata ocorre em aves, que não desenvolvem a doença; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 A imunidade adquirida é demonstrada quando se estabelece uma nova infecção ao lado de uma preexistente, sem ocorrer aumento da parasitemia; Imunidade Humoral: Há uma forte ativação do sistema imunológico durante a fase aguda; Surge IgM e IgG poucos dias após a infecção, atingindo seu auge na 5ª semana; Após alguns meses, os níveis de IgM diminuem progressivamente com a queda da parasitemia, enquanto os de IgG aumentam por mais alguns meses e depois decresce lentamente e se estabiliza em um valor; Recente: IgM e IgG ; Fase crônica: IgG Imunidade Celular: O papel da imunidade celular na doença de Chagas não é muito conhecido; O parasito ativas células que produzem citocinas para tentar combater a infecção Diagnóstico Clínico A origem do paciente, a presença de sinais de entrada (Romaña / Chagoma de inoculação) Febre, hepatoesplenomegalia, taquicardia, edema generalizado, alterações cardíacas, digestivas; Entretanto, é necessário confirmar por métodos laboratoriais; Laboratorial Fase Aguda: Recomenda-se a pesquisa direta do parasito, e se for necessário, pesquisa indireta; Parasitológico: exame de sangue a fresco, gota espessa, esfregaço sanguíneo, inoculação do sangue em camundongos, xenodiagnóstico ou hemocultura; Sorológico: RIFI e ELISA Fase Crônica: Recomenda-se exames sorológicos (imunofluorescência indireta, ELISA, hemaglutinação indireta, ou fixação do complemento); Ou pesquisa do parasito por métodos indiretos: xenodiagnóstico, hemocultura ou inoculação em animais de laboratório); PCR: Alto custo, mas muito eficiência; Os métodos parasitológicos diretos não são indicados porque a parasitemia é baixa; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Critérios de Cura Curado: negativação sorológica convencional e não convencional e parasitológica Não curado: positividade sorológica e parasitológica Dissociado: parasitológica negativo, sorológico convencional positivo e sorológico não convencional negativo Epidemiologia Na biocenose silvestre, os tatus, gambá, roedores e respectivos ninhos forneciam abrigo e alimento para os triatomíneos; na biocenose domiciliar, o cão, o gato, os humanos e as frestas da cafua forncem alimento e abrigo para os barbeiros; O agente etiológico circula entre humanos e animais, desde o sul dos EUA até a Argentina, não sendo encontrado fora do continente americano; A invasão do ambiente natural pelo homem gerou um ciclo doméstico que independe do silvestre, pois encontram alimentos fácil; Péssimas condições de vida promove a continuidade da doença; Profilaxia Combate ao barbeiro (inseticidas) Controle do doador de sangue; Controle da transmissão congênita Melhoramento da habitação, com higiene e limpeza da mesma Tratamento Nenhuma droga consegue suprimir a infecção e promover uma cura definitiva em todos os pacientes tratados; Duas drogas vem sendo usadas: nifurtimox (Lampit) e o benzonidazol (rochagan) Esses medicamentos são indicados principalmente nos casos agudos, tentando diminuir ou eliminar a infecção precocemente; Nas formas crônicas é indicado para melhorar o prognóstico do paciente Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 LEISHMANIOSE Agente Etiológico Leishmania spp Filo: Sarcomastigophora Subfilo: Mastigophora Ordem: Kinetoplastida (por causa do cinetoplasto) Subordem: Trypanosomatina Família: Trypanosomatidae Gênero: Leishmania Espécies: L. (L) infantum: leishmaniose visceral L. (L) donovani: leishmaniose visceral L. (V) braziliensis: leishmaniose tegumentar L. (V) guyanensis: leishmaniose tegumentar L. (L) amazonensis : leishmaniose tegumentar Unicelulares, heteróxenos e reprodução por divisão binária; Formas evolutivas Amastigota: Quando é intracelular está presente em macrófagos Ovais, esféricos ou fusiformes; Núcleo grande e arredondado, e cinetoplasto em forma de pequeno bastonete; Não há flagelo livre, está interiorizado; Infecta o HI Promastigota Trato digestivo do HI; São alongados, com flagelo livre (emerge da porção anterior); Núcleo arredondado e cinetoplasto em forma de bastão está anterior ao núcleo; Promastigotas metacíclicas são as formas infectantes para o HV; Mecanismos de transmissão Flebotomíneos: fêmeas do gênero Lutzomyia (mosquito palha ou birigui), que possuem atividades crepuscular e noturna; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 L. tegumentar: picada de insetos hematófagos pertencentes ao gênero Lutzomyia (fêmeas) (mosquito-palha, birigui, tatuquira) ; L. visceral: picada de insetos hematófagos (fêmeas) Lutzomyia longipalpis, uso compartilhado de seringas e a transfusão saguínea; há também transmissão congênita, mas é rara; Sua saliva exerce papel anticoagulante, vasodilatadora e antiagregação de plaquetas; Ciclo biológico Heteroxeno Parasitos do Sistema Mononuclear Fagocitário (SMF) Os HV são infectados quando formas promastigotas metacíclicas são inoculadas pela fêmea flebotomíneas durante o respasto sanguíneo, pela saliva; Adesão à membrana de macrófagos e células de Langherhans >> endocitose mediada por receptores >> vacúolo fagocitário >> o vacúlo recebe enzimas lisossômicas >> o promastigota transforma-se em amastigota em meio ácido >> sucessivas multiplicações >> ruptura do macrófago e liberação de muitos amastigotas >> internalização em outros macrófagos; O HI é infectado durante o repasto sanguíneo por formas amastigotas >> no intestino do inseto o parasito está envolvido por uma matriz peritrófica, onde ocorre o desenvolvimento em promastigotas >> com o rompimento da matriz peritrófica se ligam nas microvilosidades intestinais >> migram para a parte anterior do aparelho digestivo; Mecanismos de Infecção Maxidilan: substância presente na saliva do flebotomíneo que além de vasodilatadora, é imunossupessora e imunomoduladora, o que ajuda maciçamente na infecção; Os anticorpos (igG) e a fibronectina participam do processo de adesão das promastigotas ao macrófago; Ligantes do parasito: gp63 e LPG Receptores: CR3, FnR e MFR; Imunidade – O corpo humano, na resposta imunitária, pode adotar duas vias: A resistência à infecção está associada a ativação de células T CD4+ do tipo Th1 (indivíduos resistem) A susceptibilidade à infecção está relacionada com a ativação das células T CD4+ do tipo Th2 (indivíduos adoecem) Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Leishmaniose Tegumentar Americana (Úlcera de Bauru) Agente Etiológico L. (V) braziliensis, L. (V) guyanensis, L. (L) amazonenses Evolução No local da picada forma uma reação inflamatória contra os parasitos; Ocorre necrose resultando na desintegração da epiderme, formando uma lesão ulcerocrostosa; Após a perda da crosta observa-se uma pequena úlcera com bordas ligeiramente salientes e fundo granuloso; Estão lesão progride, desenvolvendo-se em uma típica úlcera leishmaniótica: úlcera circular, bordos altos, fundo granuloso, cor vermelha; Leishmaniose Cutânea Úlceras única ou múltiplas confinadas na derme, lesões primárias; A densidade de parasitos nos bordos da úlcera formada é grande nas fases iniciais da infecção, tendendo à escassez nas úlceras crônicas; Tendência para cura espontânea; Linfagite e linfadenopatia são relativamente frequentes; Causada por L. (V) braziliensis, L. (L) amazonensis, L. (L) guyanensis, L. (L) lainsoni; Teste de Montenegro positivo; Leishmaniose Cutaneomucosa (LCM) Produz lesões destrutivas secundárias envolvendo mucosas e cartilagens após um longo tempo da lesão primária inicial; Causada por Leishmania (V) braziliensis Podem ocorrer por extensão direta de lesão primária ou por disseminação hematogênica; As regiões mais afetadas são: o nariz, a faringe, a boca e a laringe; Pode atingir os lábios e se propagar pela face; Surge após um tratamento inadequado, que não eliminou todas amastigotas; Teste de Montenegro positivo com resposta exagerada; Leishmaniose Cutânea Difusa (LCD) Formação de lesões difusas não ulceradas por toda a pele, contendo grande quantidade de amastigotas; Causada por Leishmania (L) amazonenses Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Numerosas erupções papulares ou nodulares não ulceradas são vistas por ampla área da pele, principalmente em extremidades; As diversas lesões não é devida a repetidas picadas do vetor, mas sim ao resultado de metástases por via linfática ou sanguínea; Está relacionada à um deficiência imunológica do paciente, levando-o á um estado de anergia imunológica; Teste de Montenegro negativo; Epidemiologia ● Leishmaniose: uma das doenças parasitárias mais importantes controladas pela OMS ● Controle complexo, de sucesso limitado; ● Solução: desenvolvimento de vacinas seguras e efetivas contra a doença ● No Brasil, há grande diversidade de agentes, reservatórios e vetores, portanto, com diferentes padrões de transmissão. ● Expansão geográfica crescente. ● Amplo registro de casos em TODAS regiões brasileiras. ● Zoonose de animais silvestres, transmitida por flebotomíneos de florestas primitivas. ● Aumento da incidência se deve ao desenvolvimento agrícola, desmatamentos, exploração de madeira e minerais, obras de represamento hidráulico; ● No MS: L. amazonensis e L. braziliensis ● NO MS: observação de formas clínicas graves em pacientes ● Predominância de homens de 45 a 59 anos ● A localização cutânea predominante é nos membros inferiores Diagnóstico Diagnóstico Clínico: Com base na característica da lesão, associado à anamnese, na qual os dados epidemiológicos são de grande importância; Diagnóstico diferencial: tuberculose cutânea, hanseníase, infecções por fungos, úlcera tropical e neoplasmas; Diagnóstico Parasitológico: Pesquisa do parasito; Biópsia ou raspagem da lesão cutânea (borda da lesão); Técnicas: esfregaços corados, isolamento em meio de cultura ou inoculação em hamster; PCR: pesquisa do DNA do parasito Diagnóstico Imunológico Teste de Montenegro (IDRM): Inoculação de antígenos pela via intradérmica na face interna do braço. Positivo para formação de nódulos com diâmetro maior ou igual à 5mm Método Sorológico: RIFI ou ELISA Tratamento 1ª escolha: Antimoniais pentavalentes (glucantime), mais tóxico; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 2ª escolha: Anfotericina B, pentamidina; Imunoquimioterapia: Aminosidina e Interferon Y Profilaxia Inseticidas, proteção individual por meio de repelentes e de mosquiteiros, limpeza de quintas e terrenos, impedir a proliferação de flebotomíneos ; Leishmaniose Visceral Americana (Calazar) Agente Etiológico L. (L) donovani e L (L) infantum Patogenia O L. (L) infantum é um parasito de células do SMF, principalmente do baço, fígado, linfonodo e medula óssea; No curso da infecção outros ógãos e tecidos podem ser afetados, como intestino, sangue, pulmões, rins e pele; O local da inoculação, na pele, émarcado por uma pequena resposta inflamatória, podendo evoluir para uma cura espontânea, ou a partir da pele, ocorrer a migração para os linfonodos, seguida da migração para as vísceras; Esplenomegalia: aumento do volume do baço, devido à infecção dele; Hepatomegalia: aumento do volume do fígado; Alterações no tecido hemocitopoético: hiperplasia, desregulação da hematopoiese, causando diminuição da produção celular e a consequente anemia; Alterações renais: presença de imunocomplexos circulantes, as lesões renais causam distúrbio de sua função; Linfodenomegalia: linfonodos geralmente aumentados; Alterações pulmonares: pneumonite intersticial, que pode desenvolver broncopneumonia; Alterações digestivas: alongamento das vilosidades; Alterações cutâneas: descamação e queda de cabelo Quadro Clínico Febre intermitente, palidez das mucosas, esplenomegalia, presença ou não de hepatomegalia, anemia, perda de peso, dor abdominal, tosse, edema, linfonodenomegalia, anorexia, hemorragias, diarréias; Pacientes com menos de 1 ano e mais de 50 anos são considerados de riscos para formas grave da doença, que pode gerar até óbito; A doença abrupta tem se mostrado preocupante em portadores de HIV, diabéticos, e outras patologias crônicas; Forma Assintomática Pode-se desenvolver sintomatologias pouco específicas (febre baixa, tosse seca, diarreia...) Pode ocorrer curar espontânea ou manter o parasito, sem evolução clínica, por toda a vida; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Forma Aguda Período inicial da doença; Febre alta, palidez de mucosas e hepatoesplenomegalia discrestas; Confundida com doenças que apresentam hepatoesplenomegalia; Altos títulos de IgG e o parasito se encontra mais frequente no baço e no fígado, e menos frequente na medula óssea; Forma Sintomática Crônica ou Calazar Clássico Forma de evolução prolongada; Febre irregular e associada ao contínuo agravamento dos sintomas; Emagrecimento progressivo, desnutrição, caquexia, hepatoesplenomegalia associada à ascite; As infecções bacterianas (pneumonia, turberculose, diarreia, broncopneumonia...) são importantes na determinação do óbito ; Epidemiologia o LV zoonótica é uma doença reemergente; o Reservatórios: canídeos; principalmente o cão doméstico e a raposa, pois o parasitismo cutâneo é intenso; o Transmissão entre canídeos e homem através de flebotomíneos peridomiciliares: Lutzomyia longipalpis; o Doença espectral que atinge 19 estados brasileiros; o Comportamento sazonal em áreas em endêmicas => variações climáticas caracterizadas pelo El Ninõ => aumento dramático da incidência da LV a cada 10 anos; o A doença é mais frequente em criança menores de 10 anos no Brasil Diagnóstico Baseia-se em sinais e sintomas clínicos, parâmetros epidemiológicos, achados hematológicos e bioquímicos e na grande produção de anticorpos. Contudo, a confirmação só se dá pela visualização do parasito em amostra biológicas; Diagnóstico Clínico: Sinais e sintomas apresentados associados à história de residência em áreas endêmicas; Diagnóstico diferencial: malária, esquistossomose, toxoplasmose, brucelose, tuberculose,... Diagnóstico Laboratorial: Pesquisa do parasito: material obtido e aspirado da medula óssea, baço, fígado e linfonodos, mediante esfregaço em lâmina e corados; isolamento em meio de cultura; inoculação em hamster ou camundongos; Métodos Imunológicos Detecção de anticorpor anti-leishmania; RIFI, ELISA, Teste Rápidp Imunocromatográfico; Métodos Moleculares; PCR (pesquisa do DNA); Intradermorreação de Montenegro (mede a imunidade mediada por Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 céluas): Nos pacientes com Calazar o teste é negativo, mas 6 meses após a cura, torna-se positivo; Tratamento 1ª escolha: Antimoniais pentavalentes (glucantime), mais tóxico; 2ª escolha: Anfotericina B, pentamidina; Imunoquimioterapia: Aminosidina e Interferon Y Profilaxia Diagnóstico e tratamento dos doentes; Eliminação de cães com sorologia positiva; Combate à formas adultas do inseto vetor; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 MALÁRIA HUMANA Agente Etiológico Plasmodium spp Filo: Apicomplexa Família: Plasmodiidae Gênero: Plasmodium Plasmodium falciparum (Febre Terçã, Maligna) Plasmodium vivax (Febre Terçã, Benigna) Plasmodium malariae (Frebre Quartã) Plasmodium ovale (África) Plasmodium Knowlesi (recentemente na Ásia) Esporozoítos: Forma infectante do homem; Alongada, com complexo apical (filo apicomplexa); Núcleo e mitocôndria; Membrana externa com antígenos; Proteína circum-esporozoíto CS (Se liga à célula hospedeira > hepatócitos) Merozoítos: Piriforme, com complexo apical; Núcleo e mitocôndria; Membrana com proteínas antigênicas; Célula hospedeira > hemácias Trofozoítos: Aspecto de anel com citoplasma e núcleo; Por esquizogonia gera esquizontes; Esquizontes: aspecto irregular, massa citoplamástica com vários núcleos; Etiologia – Ciclo Biológico dos Plasmódios Humanos Heteroxeno e estenoxênico Hospedeiro Vertebrado – Humanos A infecção inicia-se quando esporozoítos infectantes são inoculados pelo inseto vetor em seus hospedeiros vertebrados; Os esporozoítos são móveis por conta de proteínas de sua surperfície, como a CS; Antes de chegar aos hepatócitos, os esporozoítos podem invadir várias células são se nelas se desenvolver; A proteína CS participa ativamente no reconhecimento de células-alvos, por meio dos receptores específicos (proteoglicanos) na superfície do hepatócito; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Após invadir os hepatócitos, os esporozoítos se diferenciam em trofozoítos pré- eritrocíticos; Estes se multiplicam por reprodução assexuada do tipo esquizogonia, dando origem aos esquizontes e posteriormente a milhares de merozoítos que invadirão eritrócitos; Os merozoítos não causa a ruptura direta do hepatócito, pois ele é liberado na corrente sanguínea por vesículas (merossomos); Após a liberação dos merozoítos acaba o ciclo pré-eritrocítico ou exoeritrocítico; Nas infecções por P. vivax e P. ovale, alguns esporozoítos dão origem, após invadir os hepatócitos, a formas dormentes denominadas hipnozoítos, responsáveis por recaídas tardias da doença; O ciclo eritrocítico inicia-se quando os merozoítos provenientes dos hepatócitos invadem os eritrócitos; O desenvolvimento intra-eritrocítico do parasito se dá por esquizogonia, com consequente formação de merozoítos que invadirão novos eritrócitos; Depois de algumas gerações, ocorre a diferenciação em estágios sexuados, os gametócitos, que não mais se dividem e que seguirão o seu desenvolvimento no mosquito vetor; Os trofozoítos e esquizontes sanguíneos se nutrem de hemoglobina e de alguns componentes metabólicos do plasma. A digestão dos nutrientes forma um pigmento malárico/hemozoína, que é liberado após o rompimento da hemácia e são fagocitados pelas células de Kupffer ou por macrófagos; Hospedeiro Invertebrado – Inseto Família: Culicidae Subfamília: Anophelinae Gênero: Anopheles Durante o repasto sanguíneo, a fêmea do anofelino ingere as formas sanguíneas do parasito, mas somente os gametócitos serão capazes de evoluir no parasito, dando origem ao ciclo sexuado ou esporogônico O processo de gametogênese ocorre no intestino médio do mosquito; O macrogameta fecunda o microgameta, dando origem ao zigoto; O zigotocomeça a se movimentar-se, sendo chamado de oocineto; O oocineto se encista na parede do intestino médio, passando a ser chamado de oocisto, iniciando o processo de divisão esporogônica Ocorre a ruptura do oocisto, liberando esporozoítos, que serão disseminados por todo o corpo do inseto pela hemolinfa, até atingir as glândulas salivares; Durante o repasto sanguíneo infectante, os esporozoítos são injetados no hospedeiro vertebrado; Transmissão A transmissão natural se dá quando fêmeas de mosquitos anofelinos parasitadas com esporozoítos, inoculam essas formas infectantes durante o respasto sanguíneo; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 A transmissão também pode ocorrer, com menor frequência, por transfusão sanguínea, seringas contaminadas, acidentes laboratoriais e congênita; Proteínas Ligantes Hepatócito: circunsporozoíta (CS) se liga com a trombospondina (TRAP) Eritrócito: Ligante do merozoíto Receptor no hospedeiro P. falciparum EBA-175 Glicoforinas P. vivax DBP Antígeno Duffy Comparação entre as malárias humanas P. falciparum P. vivax P. malariae P. ovale Hipnozoítos - + - + Malária grave + - - - Eritrócito Infectado Todos tipos Reticulócitos Eritrócitos maduros Reticulócitos Reticulócitos: formas virgens Hipnozoítos são formas latentes que ocorrem nos hepatócitos. A rarefação do ar é um ativador das recaídas Imunidade Resistência Inata A resistência inata é uma propriedade inerente ao hospedeiro e independe de qualquer contato prévio com o parasito, podendo ser completa ou relativa; Populações sem o antígeno de grupo sanguíneo Duffy são resistentes à infecção por P. vivax Indivíduos com anemia falciforme são protegidos da malária grave, pois nos eritrócitos falciformes, o nível de potássio intracelular está diminuindo em virtude da baixa afinidade da Hemoglobina S pelo oxigênio, matando o parasito; Acredita-se que deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase possa impedir o desenvolvimento dos parasitos por efeitos oxidantes; Resposta Imune Inata Essencial para o controle da parasitema inicial nas infecções por plasmódios e é fundamental para a resposta imune adquirida; Alguns receptores de células dendríticas, macrófagos e células B reconhecem os metabólitos do parasito e hemozoína e esta interação promove uma resposta pró-inflamatória com liberação de citocinas; Resposta Imune Adquirida Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Nas regiões africanas em que predominam o P. falciparum os recém- nascidos são protegidos de malária grave durante os primeiros meses de vida, pois há transferência de anticorpos IgG da mãe imune para o filho. Eritrócitos contendo bastante hemoglobina fetal também é um ambiente desfavorável para o parasito, assim como uma alimentação do recém-nascido deificiente em PABA; Após os primeiros meses de vida, as crianças são muito suscetíveis à malária grave; Com o desenvolvimento do indivíduo até a fase adulta, os sintomas clínicos da doença são menos pronunciados e a parasitemia vai diminuindo, refletindo o desenvolvimento de uma imunidade “antiparasito” (premunição); Em regiões com intensa transmissão do parasito, as formas clínicas são mais complicadas em crianças menores de 5 anos, enquanto adolescentes e adultos tendem a desenvolvem infecções mais brandas; Em áreas de baixo níveis de transmissão é esperado que crianças e adultos sejam igualmente acometidos, pois não há um imunidade “antiparasito” nos adultos; Entre os mecanismos da Resposta Imune Adquirida, temos: participação de anticorpos opsonizantes que promovem a fagocitose de eritrócitos infectados, atuação de anticorpos citofílicos (IgG1 e IgG3), que promovem a inibição do crescimento do parasito intraeritrocítico e citocinas pró-inflamatórias que ativam macrófagos que fagocitam eritrócitos infectados; Fatores inerentes ao parasito: espécie, número de inoculados, grau de infecção; Fatores inerentes ao hospedeiro: estado nutricional, fadiga, uso de medicamentos; Patogenia Apenas o ciclo eritrocítico assexuado é responsável pelas manifestações clínicas da doença e patologia da malária; A destruição dos eritrócitos e a consequente liberação de parasitos e de seus metabólitos provocam uma resposta do hospedeiro, determinando alterações morfológicas e funcionais no indivíduo com malária; Destruição dos Eritrócitos Parasitados O processo de destruição dos eritrócitos está presente em todos os tipos de malária; A anemia não se correlaciona com a parasitemia, sendo devida a outros fatores, dentre os quais: destruição dos eritrócitos não parasitados pelo sistema imune, participação de anticorpos com afinidade tanto para o parasito como para o eritrócito e disfunção da medula óssea causa por ação de citocinas; Toxidade Resultante da Liberação de Citocinas Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Durante a fase aguda da malária, ocorrem ativação e mobilização de células imunocompetentes que produzem citocinas que agirão no parasito, mas que podem ser nocivas para o hospedeiro; Algumas citocinas estão relacionadas com sintomas da malária aguda, particularmente a febre e o mal-estar; Sua ação inibitória da gliconeogênese é responsável pela hipoglicemia e seus efeitos na placenta são responsáveis pela gravidade da malária na gestação; Elas aumentam a produção de óxido nítrico por algumas células, e essa composto inibe funções celulares, podendo estar ligado á comas na malária grave; Sequestro dos Eritrócitos Parasitados na Rede Capilar Durante o desenvolvimento esquizogônico sanguíneo, o P. falciparum induz uma série de modificações na superfície da célula parasitada, que permitem a sua adesão à parede endotelial dos capilares; Isso é mediado por proteínas do parasito expressas na superfície dos eritrócitos parasitados (proteína 1 de membrana do eritrócito do P. falciparum ou PfEMP1), sendo que diferentes moléculas do hospedeiro participam do processo de adesão celular; A adesão também ocorre entre eritrócitos infectados e não infectados, formando as chamadas “rosetas”; Esses dois tipos de adesão ocorrem nas vênulas do novelo capilar de órgãos vitais, podendo gerar complicações na malária grave; Lesão no Capilar por Deposição de Imunocomplexos (anticorpo-antígeno) A lesão glomerular é produzida pela deposição de imunocomplexos e componentes do complemento nos glomérulos, alterando a sua permeabilidade e induzindo perda maciça de proteína; Quadro Clínico Uma fase sintomática inicial (fase hepática), caracterizada por mal-estar, cefaleia, cansaço, mialgia precede a clássica febre da malária; O ataque paroxístico agudo (acesso malárico) coincide com a ruptura das hemácias ao final da esquizogonia, é geralmente acompanhado de calafrio e sudorese; (fase eritocítica) A fase dura de 15min a 1 hora, sendo seguida por um período febril; Após um período de duas a seis horas, ocorre defervescência da febre e o paciente apresenta sudorese profunda e fraqueza intensa; Depois de algumas horas os sintomas desaparecem; Malária Não Complicada Os acessos maláricos são acompanhados de intensa debilidade física, náuseas e vômitos. Ao exame físico, o paciente apresenta-se pálido e com o baço palpável; A anemia, apesar de frequente, apresenta-se em graus variáveis. Durante a fase aguda é comum a ocorrência de herpes simples labial; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Um quadro conhecido como esplenomegalia reativa da maláriapode ocorrer em alguns adolescentes e adultos jovens, altamente expostos à transmissão: volumosa esplenomegalia, hepatomegalia, anemia, leucopenia e plaquetopenia; Malária Grave e Complicada As manifestações graves da malária pode ser fatal no caso de P. falciparum, contudo, cada vez mais o P. vivax tem sido relacionado também com quadros graves; Formas clínicas da malária grave e complicada: Malária cerebral: Forte cefaleia, hipertemia, vômitos e sonolência. Em crianças ocorrem convulsões. O paciente evolui para um quadro de coma, com pupilas contraídas e alteração dos reflexos profundos; Insuficiência renal: Redução do volume urinário e aumento da ureia e da creatinina plasmática; Edema pulmonar agudo: Comum em gestantes, e inicia-se com hiperventilação e febre alta. Intensa transudação alveolar, com redução da pressão arterial de oxigênio; Hipoglicemia: Redução dos níveis de glicose, inferiores a 30mg/dl; Icterícia: Coloração amarelada da pele e mucosa, em decorrência do aumento de bilirrubina; Hemoglobinúria: Hemólise intravascular aguda maciça; Epidemiologia Ocorre nas áreas tropicais e subtropicais do mundo; A alta umidade relativa do ar e temperaturas entre 20-30° favorecem o ciclo de transmissão; Em áreas de alta transmissão as crianças e adolescentes são as maiores fontes de infecção, pois apresentam mais gametócitos circulantes do que os adultos. Por outro lado também são as principais vítimas; No Brasil, a infecção é frequente entre garimpeiros e trabalhadores envolvidos em projetos agropecuários e de colonização; Diagnóstico Só há certeza no diagnóstico pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados ao sangue periférico do paciente; Diagnóstico Clínico Em áreas epidêmicas e com difícil acesso a saúde, indivíduos com febre são considerados portadores de malária; Os sintomas da malária são inespecíficos; No Brasil já há relatos de parasitemia persistente assintomática entre garimpeiros e ribeirinhos; É importante resgatar informações sobre a área de residência ou relato de viagens. Além disso, informações sobre transfusões sanguíneas ou uso de agulhas contaminadas; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Diagnóstico Laboratorial A despeito do grande avanço tecnológico, o diagnóstico da malária continua sendo feito pela tradicional pesquisa do parasito no sangue periférico, por gota espessa ou esfregaço sanguíneo; A determinação da densidade parasitária pode ser útil para a avaliação prognóstica e deve ser realizada em todo paciente, principalmente portadores de P. falciparum; Métodos rápidos também estão sendo usados em áreas remotas. São métodos imunocromatográficos com anticorpos monoclonais e policlonais dirigidos contra proteínas e enzimas dos plasmódios. Permite diferenciar entre P. falciparum das demais espécies; Também há o método PCR, que é caro, mas está cada vez mais simplicado. Consiste na detecção de ácido nucleico; Tratamento O tratamento adequado e precoce da malária é hoje o principal fundamento para o controle da doença; O tratamento visa a interrupção da esquizogonia sanguínea. Entretanto, a terapêutica também busca eliminar as formas latentes (hipnozoítos), evitando recaídas. Não há vacinas para malária; Tratamento para P. vivax + P. ovale = cloroquina e primaquina Tratamento para P. malariae = cloroquina Tratamento para P. falciparum = artemeter + lumefantrina e artesunato + mefloquina Tratamento P. falciparum + que viajaP. vivax = artemeter + lumefantrina e artesunato + mefloquina e primaquina Profilaxia Medidas de proteção individual: Evitar o contato do mosquito com a pele do homem; Evitar a aproximação às áreas de riscos após o entardecer e logo ao amanhecer; Uso de repelentes, telar portas e janelas e dormir com mosquiteiros; Quimioprofilaxia: Recomendada apenas para viajantes internacionais e grupos especiais que viajam para áreas de intensa transmissão; Medidas coletivas; Combate ao vetor adulto com inseticida; Combate às larvas (larvicidas); Saneamento básico para evitar a formação de criadouros; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 TOXOPLASMOSE Introdução Toxoplasma gondii é um protozoário de distribuição mundial; Os quadros clínicos são menos frequentes A forma mais grave é encontrar em recém-nascidos Grupo de risco: receptores de órgãos, indivíduos em tratamento quimioterápico e portadores de HIV; O gato e alguns outros felídeos são os hospedeiros definitivos e o homem e outros animais são hospedeiros intermediários; Agente Etiológico – Toxoplasma gondii Reino: Chromalveolata Superfilo: Alveolata Filo: Apicomplexa Classe: Conoidasida Ordem: Eucoccidiorida Família: Sarcocystidae Género: Toxoplasma Espécie: Toxoplasma gondii Apresente complexo apical; Parasita intracelular obrigatório; HD (gato): intestino HI (homem): músculos, pulmões, fígado, cérebro, etc. Pode ser encontrado em vários tecidos, exceto nas hemácia Formas Evolutivas Taquizoítos Encontrados na fase aguda da infecção; Formas livres, em formato de banana ou meia lua Permanece no vacúolo parasitóforo de várias células; Pouco resistentes ao suco gástrico; Bradizoítos Encontrados em vários tecidos, geralmente na fase crônica; São encontrados dentro de cistos teciduais; O cisto isola eles dos mecanismos imunológicos do hospedeiros; São mais resistentes ao suco gástrico do que os taquizoítos; Oocisto Forma de resistência; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 São produzidos nas células intestinais dos felídeos não-imunes e eliminados imaturos junto com as fezes; Após a esporulação no meio ambiente, contêm dois esporocistos, com quatro esporozoítos cada um; Ciclo Evolutivo Heteroxeno; Gatos são hospedeiros definitivos: neles ocorrem os ciclos assexuado (vários tecidos) e sexuado (células do epitélio intestinal); Homem e outros mamíferos são hospedeiros intermediários: neles ocorrem apenas o ciclo assexuado; Fase Assexuada; Ingestão de oocistos maduros contendo esporozoítos, encontrados em água e alimentos, cistos contendo bradizoítos encontrados na carna crua, ou até leite com taquizoítos; Os esporozoítos, taquizoítos e bradizoítos sofrem diferenciação celular para taquizoítos no epitélio intestinal; Os taquizoítos rapidamente invadem células de vários tecidos, formando vacúolo parasitóforo, onde sofrerá sucessivas divisões celulares por endodiogenia; A célula se rompe, liberando taquizoítos, disseminados via linfática ou sanguínea, que invadem outras células; Nessa fase, o feto pode ser infectado com taquizoítos, mas somente nas fases iniciais da infecção, porque não há resposta imune; Essa fase (aguda) pode levar o hospedeiro à morte, principalmente fetos e imunocomprometidos; Com o aparecimento da resposta imune específica, muitos taquizoítos são eliminados e outros evoluem para a formação de cistos (bradizoítos), que caracteriza a fase crônica (latente); Indivíduos imunosuprimidos/imunodeprimidos: Não ocorre a formação de cistos ou estes podem se romper e os bradizoítos readiquirem características invasivas dos taquizoítos; Fase Coccidiana ou Fase Sexuada; Ocorre nas células epiteliais do intestino de gatos ou outros felídeos não-imunes; Após a ingestão de cistos (rato), os parasitos penetram nascélulas epiteliais do intestino >> multiplicação por esquizogonia >> merozoítos (contidos no vacúolo parasitóforo) >> após o rompimento Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 da célula epitelia, os merozoítos invadem outras células epiteliais e nessas eles se transformam na forma sexuada (gametócitos) >> maturação >> microgametas e macrogametas >> ovo ou zigoto >>evoluirá dentro da célula epitelial >> dando origem ao oocisto >> a célula libera o oocisto ainda imaturo >> alcança o meio exterior junto com as fezes No meio exterior o oocisto sofre esporulação (2-5 dias), e apresentará 2 esporocistos contendo 4 esporozoítos cada; Oocisto esporulado é a forma infectante; Transmissão O ser humano adquire a infecção por três vias principais; 1. Ingestão de oocistos em alimentos ou água; 2. Ingestão de cistos encontrados em carne crua ou mal cozida; 3. Passagem transplacentária (taquizoítos) Forma menos comuns: taquizoítos em leite, acidentes de laboratório, por transplante de órgãos ou transfusão sanguíena; Imunidade Os mecanismos que levam à imunidade na toxoplasmose envolvem a ativação de diferentes linhagens celulares que por sua vez induzem a síntese de imunoglobulinas e de citocinas pró- e anti-inflamatórias, as quais são fundamentais para o balanço parasito-hospedeiro durante a infecção por T. gondii Citocinas que potencializam a ação de macrófagos; Produção de óxido nítrico, que é tóxico para o parasito; Citocinas que promovem a transformação de taquizoítos em bradizoítos, deixando na forma latente; Imunoglobulinas que lisam taquizoítos extracelulares; Patogenia Toxoplasmose Transplacentária A gestante precisa estar na fase aguda da doença; Primeiro trimestre: aborto; Segundo trimestre: aborto ou nascimento prematuro, podendo a criança ser normal ou com anomalias graves; Terceiro trimestre: nasce normal e apresenta a doença / alterações neurológicas / alterações na retina, como “foco em roseta”; Toxoplasmose Adquirida; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Ganglionar ou Febril Aguda: Comprometimento ganglionar, com febre alta, de curso crônico e benigno; Ocular: Coriorretinite, consequência de taquizoítos ou de bradizoítos reativados, manifestação tardia, perda progressiva da visão, lesões na retina, evoluindo para cegueira parcial ou total e dificuldade em focar objetos (escotoma); Cerebrospinal: Observado em indivíduos com AIDS, decorrência da reativação de cistos. Parasitos invadem células nervos, causando diversas lesões no encéfalo, como cefaleia, perda da coordenação muscular, convulsões, etc. Generalizada: Forma rara, mas de evolução mortal em indivíduos com resposta imune normal; Cutâena: Forma lesões generalizadas na pele; Diagnóstico Diagnóstico Clínico: não é fácil de se realizar, pois se assemelha com muitas outras doenças; Demonstração do Parasito Utilizada em raras exceções; Geralmente utilizada na fase aguda >> observar taquizoítos; PCR Biópsia de tecidos acometidos; Testes Sorológicos ou Imunológicos (principal forma) Mais utilizados, baseia-se na presença e concentração de anticorpos; RSF: métodos em desuso, pois há testes imunoenzimáticos de mais fácil execução; RIFI: Pesquisa as quantidades de IgG e IgM > IgM alto (fase aguda) e IgG alto (fase crônica) HAI (Hemaglutinação indireta) ELISA: atualmente, o mais utilizado. Maior objetividade do que o RSF e RIFI, mas pode apresentar falsos positivos; Imunoblot; Teste Sorológico: SOROLOGIA IgG IgM Avaliação - - ausência de infecção + - infecção pregressa - + Novos Testes + + Avaliar quantidade de IgG Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 Quando IgG (-) e IgM (+): realiza novo teste IgG IgM Avaliação - + falso positivo + + Infecção Aguda Quando IgG (+) e IgM (+) IgG > 4 Provável Infecção Aguda IgG < 4 Realiza o teste de Avidez: Teste de Avidez de IgG Avidez < 30 30< Avidez <60 Avidez > 60 Infecção aguda Indeterminado Infecção pregressa Toxoplasmose no Recém-Nascido: pesquisa os anticorpos IgM do feto, pois esses não conseguem atravessar a placenta, enquanto os IgG conseguem. Comprovando a existência de IgM no feto, mede-se a quantidade de IgG, que deve ser maior que o da mãe, pois o feto produz IgG e também recebe via placenta; Toxoplasma no Adulto: testes sorológicos a intervalos de duas a três semanas, verificando se há alterações; no caso de viragem (negativo virar posito) ou uma ascensão constante de título, indicará infecção aguda; IgM, IgG e IgA de baixa avidez também pode indicar toxoplasmose; Toxoplasmose Ocular; dados clínicos + pesquisa de anticorpos + exame fundo de olho (uveíte) Toxoplasmose em Indivíduos Imunodeficientes: por envolver mais frequentemente uma reativação da infecção (lise dos cistos), é recomendado testes sorológicos anti-igG; Epidemiologia Os felídeos domésticos e outros selvagens são os únicos que realizam o ciclo sexuado; Leonardo F. R. Isquerdo – Medicina UFMS 2022 O carnivorismo e a disseminação de oocistos na água e no solo interferem na ampla distribuição; O parasito pode ser encontrado em quase todos os países, nos mais variados climas e condições sociais; Tratamento É considerada incurável devido a permanência de cistos nos diversos tecidos; Os medicamentos atuais atuam apenas contra os taquizoítos; Profilaxia Não se alimentar de carne crua / mal passada Controlar a população de gatos Lavar bem os alimentos e as mãos; Não oferecer carne crua para gatos; Limpeza das caixas de areia dos gatos; Uso de luvas em trabalhos de jardinagem;
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