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GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Introdução Giardia spp.: protozoário causador da giardiose 280 milhões de casos por ano 500 mil casos novos a cada ano Junto com Cryptosporidium spp., um dos mais importantes protozoários da veiculação hídrica → surtos causados pela contaminação por água da torneira Acomete principalmente crianças Giardia duodenalis: infecta humanos e outros primatas (Grupo genético A) Giardia enterica: infecta humanos e outro primatas (Grupo genético B) Thompson e Monis propõe elevação das assembleias a novas espécies Epidemiologia Resistem a cloração → cloro na água não inativa os cistos de giárdia Grande produção de cistos (109 por dia) → podem ser eliminados nas fezes › Falta de higiene após as fezes pode manter cistos nas mãos e, se levadas a boca, podem contaminar o ambiente ou alimentos → 10 a 25 cistos suficiente para infecção Boa filtração da água ajuda na prevenção Contato interpessoal: creches, asilos, enfermarias, orfanatos › Brasil: prevalência em creches (4% a 31%) Agente etiológico: “diarreia dos turistas” Águas superficiais (nível mundial): 26-43% contaminadas com cistos (0,3 a 100 cistos/L) Ostras e outros animais marinhos filtram água e podem bioacumular giárdia e infectar seres humanos se consumidas cruas › São deixadas 24h filtrando água limpa (muitas vezes não é suficiente) Qualidade da água de irrigação: influencia presença de cistos na produção agrícola Morfologia 7-12 micrometros (fezes formadas) Possuem uma membrana dupla: › Externa: camada filamentosa (ptn 102 kda) › Interna: n-acetilgalactosamina Possui 4 núcleos Apresenta exonera Corpo em crescente Flagelos reabsorvidos dos trofozoítos secreta dupla membrana cística AXONEMA NÚCLEO FRAGMENTOS DE DISCOS PAREDE EXTERNA GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 12-15 micrometros (fezes diarreicas) Trofozoítos sofrem divisões binarias e se transformam em cistos → corpo produz resposta imune 7 a 8 dias → 10 dias depois aparecem cistos nas fezes Possui 2 núcleos Possui 8 flagelos, axonema e corpo mediano Disco ventral: serve para se fixar na mucosa intestinal → aumenta a área de absorção da célula Axonema: região de onde emergem microtúbulos que formam os flagelos Células com muitos vacúolos periféricos › Muitos são lisossomos e podem fagocitar alguns tipos de células Muito depósito de glicogênio › Precisa de muita energia armazenada pois precisa ficar dois meses no ambiente viável para virar cisto Disco ventral possui cristas Ciclo biológico Transmissão via oral-fecal: infecção apenas pela ingestão de cistos por água ou alimentos contaminados Alguns cistos podem demorar até 7 dias para se tornar infectantes (cistos saem com dois núcleos e precisam se dividir) Assintomáticos: sai apenas cistos nas fezes Sintomáticos: sai trofozoítos nas fezes e morre Encistamento não ocorre todos os dias → há períodos que as pessoas não liberam cistos nas fezes Giardose Barreiras naturais: muco, peristaltismo, proteases da mucosa intestinal, sais biliares, microbiota intestinal, células de Paneth › Se proliferam intensamente os trofozoítos que passarem por essas barreiras Resposta imune inata: mastócitos, fagócitos, defensinas, processo inflamatório › Período de incubação: aproximadamente 7 dias para o parasita se proliferar intensamente para produzir sintomas NÚCLEO DISCO VENTRAL CORPOS PARABASAIS CORPOS BASAIS AXONEMA FLAGELO GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Resposta imune adaptativa: anticorpos IgA, resposta celular T Mecanismo multifatorial: › Local de adesão → giárdia libera proteínas giardinas que inibem enzimas importantes para o funcionamento das zônulas de oclusão das células do intestino › Células ficam mais frouxas → permite a entrada de substâncias tóxicas no intestino › Epitélio fica mais jovem e com microvilosidades menores → dificulta a absorção de eletrólitos e nutrientes principalmente vitaminas lipossolúveis Assintomáticos: 50 a 75% dos infectados Sintomáticos: › diarreia aguda ou persistente › dor epigástrica › perda de peso: devido à má absorção intestinal › esteatorreia: devido ao desequilíbrio intestinal › intolerância temporária à lactose: altera a secreção de enzimas do intestino › síndrome do intestino irritável › retardo do crescimento físico e cognitivo (crianças) Sintomas extra intestinais secundários: › alterações dermatológicas: urticaria, dermatite atópica › problemas oculares: perda de acuidade visual pela diminuição da absorção de nutrientes importantes para a visão) › uretrite: relacionada a produtos tóxicos absorvidos pelo intestino devido a diminuição da barreira da mucosa intestinal Contribui para sintomas: idade (crianças e idosos), imunodeficiências, desvioses (alterações na microbiota intestina), uso de imunossupressores No mínimo 3 amostras devem ser examinadas antes de um resultado negativo → a excreção de cistos nas fezes não ocorre todos os dias Exame parasitológico de fezes: pesquisa de trofozoítos em fezes liquefeitas (exame direto a fresco – não precisa diluir as fezes) Pesquisa de cistos em fezes formadas: › Método faust ou centrifugação em sulfato de zinco › Centrifugo-concentração em formalina – éter GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 ELISA: resultados falso positivos; 95% sensibilidade (mesmo que a pessoa não esteja eliminando cistos nesse período) Reação de imunofluorescência direta: 99,2% sensibilidade PCR/RFLP: dados epidemiológicos; fontes de infecção Nitazoxanida: uso por 3 dias (menos eficaz que nitromidazol - eficácia de 70%) Medicamentos derivados do 5-nitromidazol › Metronidazol e tinidazol (5 dias) › Secnidazol (dose única) › Albendazol (5 dias) MECANISMO DE AÇÃO › A molécula de metronidazol entra inativa dentro no mitossoma (mitocôndria do parasita) → elétrons gerados pela enzima PFO são transportados pela ferrodoxina para a droga → mitocôndrias sem energia → parasita morre › Metronidazol é reduzido e ocorre a formação de um nitro ânion que é um radical libre › Interfere na síntese e degradação do DNA Riscos: › Interação com álcool e automedicação › Metronidazol – carcinogênico em camundongos que receberam tratamentos repetidos › Criança com sintomatologia Prevenção e controle Saneamento ambiental Tratamento adequado da água Coleta e tratamento adequado do esgoto Coleta de lixo Proteção dos rios – manutenção da mata ciliar para evitar a contaminação por fezes de animais Educação sanitária e higiene pessoal Combate a artrópodes Controle sanitário na produção de frutas, hortaliças e moluscos Treinamento dos manipuladores de alimentos Higiene: creches, asilos, escolas, piscinas Tratamento e controle de animais infectados GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Características Trichomonas vaginalis: doenças sexualmente transmissíveis Trichomonas tenax: associado ao tártaro bucal Pentatrichomonas hominis: acomete humanos Célula polimorfa: alterna entre formato piriforme e ameboide Não há estágio de cisto → transmissão direta entre contato pessoal (antroponose) › Diferente da giardose que é uma zoonose Células apresentam 4 flagelos anteriores originados no complexo citossomal O 5º flagelo forma a membrana ondulante Axonema de conecta a pelta Pelta: função estrutural – pequena estrutura em forma crescente Axonema: origem dos flagelos Não possuem mitocôndrias – possuem hidrogenossomos para a produção de energia Organismo anaeróbico: anaerobiose facultativa – hidrogenossomos portadores da PFOR, enzima capaz de transformar o privado em acetatoe de liberar ATP e hidrogênio molecular Pode sobreviver algum tempo em microaerofilia (ex: lugares úmidos, piscinas) Cresce bem na ausência de O2 e Ph entre 5 e 7,5 Epidemiologia Donne (1836): descrição da vaginite em mulheres Dock (1896): descrição da uretrite em homens Frequência da tricomoníase: 7,4 milhões de casos novos/ano 180 milhões de mulheres no mundo infectadas Clínicas de IST: prevalência de até 88% Sexo masculino: 10%-50% assintomáticos Ciclo biológico Hábitat: trato gênito-urinário do homem e da mulher Mecanismos de transmissão: como a Trichomonas não tem estágio de cisto, a transmissão é por contato interpessoal (sexual) › 99% - transmite trofozoítos As mulheres mais suscetíveis a ter a doença → condições da vagina que favorecem a proliferação do parasita Os homens são considerados reservatórios → são assintomáticos e transmite para as mulheres GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Reservatório – indivíduo que se infecta e não manifesta os sintomas, mas transmite para outros indivíduos Fômites (raro) – objetos inanimados que transmitem o parasita (ex: toalha úmida, instrumentos ginecológicos contaminados) Tricomoníase Barreira inicial: mucosa vaginal › Inicialmente se liga à mucina (Trichomonas consegue se adaptar muito bem a essa proteína) → corpo produz mais células mucosas para tentar eliminar o parasita Adesão ao epitélio vaginal: muito ferro disponível no trato vaginal › Ferro é essencial para a citoaderência → mais proteínas de adesão → Trichomonas se adere mais ao epitélio vaginal › Induz a transcrição do gene ap65-1 que codifica proteínas de adesão Possui receptor de superfície que se liga a laminina Liberam hidrolases semelhantes a tripsina e consegue degradar componentes da matriz extracelular (laminina e vitronectnina) › Membranas das células quase se fundem e se fixam muito bem Liberam enzimas inibidoras de proteases de leucócitos: facilita a infecção pelo HIV Faz fagocitose de células do epitélio Induz apoptose de neutrófilos e macrófagos – imunossupressão Endocitose e destruição de imunoglobulinas Mimetismo molecular da superfície da célula: › Expressa proteínas semelhantes à do hospedeiro → depois de algumas semanas não é mais reconhecido pelo sistema imune Secreção prostática contém alta concentração de zinco → na presença de zinco o parasita expressa outras proteínas para metabolizar o zinco e menos proteínas de adesão › Homens que tem prostatite crônica tem menor secreção de zinco – parasita se comporta de outra maneira › Células da próstata e cervicais → mantém a forma piriforme e alguns emitem pseudópodes (alfa actina distribuída em todo o citoplasma) GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Mulheres no período anterior da menstruação não tem sintomas › Após a menstruação piora muito os sintomas → maior adesão na mucosa pela maior disponibilidade de ferro no epitélio › Se adere mais para não ser eliminado com o ciclo menstrual › Células do epitélio vaginal: parasito com aspecto ameboide → expressa alfa actina na periferia da célula › Facilmente consegue projetar pseudópodes Sexo feminino: se entrar em contato com HIV fica mais suscetível a microulcerações e grande aporte leucócitos CD4 › Mulheres podem ficar muito tempo infectadas Sexo masculino: se possuir tricomoníase sintomática e for portador de HIV, a concentração de RNA do HIV no sêmen é 6 vezes › Grande infiltração de linfócitos infectados pelo HIV na região genital › Pode contribuir para a infertilidade em homens Gestante: 30% de probabilidade de ter bebê baixo peso ou nascer antes do tempo (pré- termo) › Possibilidade de infecção → maior biodisponibilidade de citocinas → aumentam as contrações uterinas → nascimento prematuro Período de incubação: 4 – 28 dias Mulheres: › Doença inflamatória vulvovaginal › Corrimento vaginal amarelo-esverdeado, com bolhas, odor acentuado (presença de devido à presença de putrecina → mais volátil no pH baixo), dispareunia, disúria, coceira, dores no baixo ventre › Lesão eritematosa macular com petéquias hemorrágicas (strawberry cérvix) › Ph tende a ficar mais básico devido a produção de aminas pelo parasito › Pneumonia, bronquite lesões orais em indivíduos imunocomprometidos – pode inalar trofozoítos liberados na urina Homens: › Normalmente são assintomáticos › Epididimite, prostatite, balanopostite, uretrite, infertilidade Determinar Ph vaginal: mais básico indica presença de Trichomonas Teste de aminas: KOH na putrecina – odor fétido Exame direto a fresco ou preparações coradas (giemsa): aparece o Trichomonas na amostra › Diminuição de bacilos doderlein (lactobacilos diminuem porque o Ph aumenta e torna o meio inóspito para as bactérias da microbiota normal na presença do T. vaginalis) GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Coleta da amostra: › Swab de algodão não absorvente, não realizar higienização vaginal nas 18h - 24h antes do exame › Solução salina isotônica glicosada Teste imunocromatográfico – teste de aglutinação indireto › Pesquisa de antígenos com anticorpos Grande número de parceiros sexuais Não usar preservativos Metronidazol: metabolizado nos hidrogenossomos do Trichomonas › É reduzido na cadeia transportadora de elétrons e forma um radical livre que causa danos no DNA do parasita › 2mg dose única ou 500mg/7 dias 2x ao dia › Parasito possui 2-5% de resistência ao metronidazol Tinidazol, Secnidazol, Ordinazol, Nimorazol, Carnidazol Banhar-se imediatamente após nadar em piscinas públicas › Água mal tratada sem cloro pode abrigar tricomonas Tratamento do parceiro sexual Uso de preservativos sexuais GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Introdução Forma de cisto e trofozoíto Amebíase: parasitismo por Entamoeba histolytica e dispar › Morfologicamente idênticas, mas com comportamentos diferentes › Histolytica é patogênica e dispar não › Díspar é 10x mais comum Doença cosmopolitana: acontece mais em grandes cidades Brasil: formas mais graves na região norte → relacionada a cepas mais resistentes e suscetibilidade da população pela precariedade 400 milhões de casos por ano antes da distinção entre as duas espécies Após a distinção: 40-59 milhões de casos de colite amebiana/ano 2ª causa de morte mais comum por protozoários (depois da malária) Surto no México em 1994: aproximadamente de 1 milhão de casos (1216 mortes) Características Não possui flagelos Protozoário ameboide Formas: › Trofozoítos: quanto maior, mais células fagocitadas ficam no seu interior → 1 núcleo › Se encista formando pré-cistos → 2 núcleos › Formam cistos maduros que sobrevivem por 20 dias no ambiente → 4 núcleos Núcleo grande com a presença de um nucléolo central e puntiforme Ciclo biológico Infecção só ocorre por meio da ingestão de cistos Cistos de estabelecem no intestino grosso Podem permanecer proliferando na luz intestinal GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Podem atingir a circulação sanguínea e infectar o fígado, pulmões e cérebro Amebíase Parasito pode invadir e causar ulcerações da mucosa – leva a diarreia com sangue › Precisa produzir lesões na mucosa para obter ferro e proteínas Reconhecimento de moléculas de galactose (possui lectinas na superfície) presentes nas células alvo Após reconhecimento, produz proteínas e as insere na membrana plasmática formando espécies de canais iônicos (amebaporos) célula morre por desequilíbrio osmótico Célula fagocitada pelo parasito e inicia a fixação na mucosa Também liberam enzimas proteinases que degradam proteínas da matriz extracelular → facilita a penetração Lesãoem garrafa: Adesão as células alvo Formação dos amebaporos Invasão do tecido degradando a matriz Do hospedeiro: idade, resposta imune, estado nutricional, dieta, alcoolismo Disenteria amebiana ou diarreia sanguinolenta → 3-5 evacuações por dia Colite fulminante: 30 evacuações por dia › Cólica, inapetência, flatulência, tenesmo Apendicite amebiana Ameboma do colón: lesão pseudotumoral → ameba prolifera no intestino grosso → formação de uma massa pseudotumoral → causa dificuldade de evacuação Extraintestinal: › Hepática: necrose amebiana no fígado; chegam pela circulação sanguínea e carregam bactérias da microbiota intestinal → infecção bacteriana › Pulmonar: focos necróticos – contaminação por continuidade › Cerebral › Pele perianal (rara) Exame de fezes direto – trofozoíto hematófagos (vivos ou corados por hematoxilina férrica) Pesquisa de cistos em fezes formadas Resultado rem que ser dado como e entamoeba histolytica/dispar (não podem ser diferenciadas) Análise de 18s RNA diferencial para espécies do intestino Transmissão oral fecal: de pessoa a pessoa Cistos veiculados por água, alimentos e seus manipuladores - se atentar aos locais de alimentação GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Introdução Primeiros casos humanos: advento da pandemia do HIV/AIDS (década de 80) → visualização possibilitada pela microscopia eletrônica › 21 casos de criptosporidiose em pacientes com AIDS (até então era considerada uma doença de animais) › Imunodepressão severa permitiu a identificação das doenças oportunistas Anos seguintes: infecção não era mais restrita aos imunodeficientes › Primeiro surto documentado de veiculação hídrica (2006 casos estimados nos EUA) › A comunidade utilizava água de poço clorada (o cloro não inativa cistos de Cryptosporidium) Definição do curso clínico da criptosporidiose: autolimitada ou infecção crônica; longa duração Criptosporidiose: doença cosmopolita em mais de 90 países e 6 continentes Considerado um parasita oportunista → parasita que vive “escondido” Grupos de risco: › Crianças saudáveis (0-5 anos): prevalência em creches é alta › Idosos, diabéticos, desnutridos, pacientes hospitalizados ou em hemodiálise › Gama variada de indivíduos imunocomprometidos: pacientes com AIDS, transplantados, com leucemia, em tratamento quimioterápico Morfologia Filo apicomplexa: possuem um complexo apical › Reconhecimento da célula do intestino do hospedeiro Ciclo biológico Transmissão: › Rota fecal-oral › Antropozoonótico: de humano para humano › Zoonótico: de animal (principalmente bovinos) para humano Transmissão secundária: › Sexual: contato anal oral Ingestão de zoocistos por meios contaminados Zoocistos passam pelo estômago › Membrana das células do parasita é digerida GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 › Parasitas são liberados no intestino delgado (faz ciclo biológico dentro de vacúolos parasitólogos presentes nas microvilosidades) Cada zoocisto reconhece as células do hospedeiro pelo complexo apical › Possui proteínas que estimulam a proliferação da membrana celular do hospedeiro e a MP engloba o hospedeiro Parasita fica entre o citoplasma e a MP (vacúolo parasitóporo) › Faz o ciclo dentro do vacúolo Vacúolo se rompe e libera os trofozoítos que se multiplicam e infectam outras células (ciclo assexuado) Liberação de oocistos nas fezes do hospedeiro Ciclo assexuado se repete e causa alteração no epitélio intestinal do hospedeiro Merontes do tipo II iniciam o ciclo sexuado – alguns formam gametas femininos (ou macrogametas) e masculinos (formam os microgamontes que formam microgametas) › Macro e microgamontes são fecundados e formam zigoto → se desenvolve em um oocisto de parede fina Zoocistos de parede espessa são muito resistentes e saem nas fezes e contaminam o ambiente Zoocistos de parede fina podem se romper no próprio intestino – ciclo de alta infecção interna Criptosporidiose Vacúolos parasitóporo causam atrofia das vilosidades, hiperplasia e achatamento das criptas das células intestinais › Má absorção intestinal Induz apoptose do enterócito - altera as proteínas das junções epiteliais › Ficam mais frouxas → penetração de substâncias tóxicas → inflamação da lâmina própria → diarreia secretória Produção de neuropeptídeo P gastrointestinal e citocinas inflamatórias › Causa sintomas extraintestinais (dermatites, dores articulares etc.) Período de incubação: 2-10 dias Diarreia aguda de curta duração (5-10) dias em adultos ou crianças com resposta imune normal (9 dias) Infecção autolimitada → consegue eliminar sem tratamento específico Imunossupressão: diarreia aquosa e profusa de duração maior, podendo evoluir para a diarreia fulminante (17L-20L por dia) Localização extra intestinal: fígado, vesícula biliar, pâncreas e arvore respiratória Alerta: paciente com criptosporidiose pode acarretar problemas em enfermarias GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 O parasita não aparece no exame tradicional de fezes Exame parasitológico de fezes com pesquisa de oocistos: › Esfregaço de escarro colorado pelo método de Ziehl-Neelsen › Oocistos são álcool-ácido resistentes → fucsina penetra nos zoocistos e os deixa com uma cor rosada-arroxeada (técnica mais utilizada) Método imunoenzimático – ELISA: › Para pesquisa de antígenos em fezes › Pode dar reação cruzada com outros protozoários Reação de cadeia da polimerase – PCR: › Identificação de espécies › 38 espécies válidas – 17 espécies são infecciosas para humanos › C. parvum e C. hominis são as espécies mais comuns de contaminação humana Tratamento sintomático: (diarreia e desidratação severa) › Eliminar a infecção › Individuo imunocompetentes: autolimitada › Nitazoxanida – 500mg duas vezes ao dia de 3 a 14 dias Saneamento de esgoto para evitar a contaminação de corpos hídricos por fezes Manter mata ciliar ao redor dos rios Plantações: boa higiene de hortaliças e verduras (remoção mecânica em água corrente) Vetores mecânicos: podem contaminar alimentos Higiene das mãos: evitar transmissão dos oocistos Tratamento dos pacientes GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Introdução Protozoário do Filo apicomplexa: complexo apical presente em vários estágios morfológico do protozoário Protozoário causador da toxoplasmose Infecção por toxoplasma gondii → muito comum › Grande maioria casos assintomáticos › Parasita cosmopolita › Pesquisa de anticorpos: positivo em mais da metade da população adulta (ex: 71% dos doadores de sangue em São Paulo testaram positivo) Toxoplasmose – doença é mais rara: pode assumir 3 formas básicas: › Toxoplasmose adquirida (pós-natal): variedade de formas – desde assintomáticos até mais severos › Toxoplasmose congênita: mãe passa os parasitos através da barreira placentária → toda gestante tem que fazer teste de toxoplasmose todos os trimestres de gravidez (se der IgM tem que fazer tratamento) › Toxoplasmose no individuo imunodeprimido: atinge 40% dos portadores de AIDS (toxoplasmose cerebral – encefalite ou disseminada ou retinite) Características Protozoário intracelular obrigatório Encontrados na saliva, leite, esperma, lÍquido peritoneal, urina, células hepáticas, nervosas, células do sistema fagocitário mononuclear (macrófagos) Taquizoítos: › Presentes na fase aguda da infecção › Multiplicação rápida › Geralmente destruídos pelo suco gástrico → se ingeridos morrem no estomago › Pode passar pela placenta e infectar o feto Encistamento: a partir do 12º segundo dia o hospedeiro começa a expressar resposta imune contra Taquizoítos → se modificam Bradizoítos:GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 › Não rompe a célula › Multiplicação lenta › Presente na fase crônica da infecção › Cistos teciduais: aglomerado de bradizoítos › Quando formados ficam no hospedeiro pelo resto da vida › Resistem aos sucos gástricos (tripsina e pepsina) Oocistos: › São formados somente nos enterócitos de felinos › Gatos quando nascem podem eliminar milhões de oocistos nas fezes: não esporulados (não-infectantes) – precisam permanecer de 1-5 dias no ambiente em condições ideias de umidade e temperatura Ciclo biológico Ciclo enteroepitelial: realizado no epitélio intestinal de felinos › Formação de oocistos que contaminam o ambiente Ciclo assexuado: realizado em outros tecidos, sem envolver a formação de gametas; em diversas categorias de hospedeiros Ingestão de oocistos: locais onde há fezes de gato, jardins, caixas de areia, solo, água, verduras, insetos Ingestão de cistos teciduais: carne de porco, ou carneio crua ou malcozida Transplacentária: aquisição da infecção pela gestante, antes soronegativa Toxoplasmose Toxoplasmose adquirida: depois que nasce › Ganglionar ou febril aguda: forma mais comum; comprometimento ganglionar, febre alta, curso benigno em geral (pode ser autolimitada ou evoluir para ocular) › Ocular: surge de 1 mês a e 3 anos após a infecção; bradizoítos tentam sair dos cistos e se expõe ao sistema imune; cistos na retina e inflamação da coroide → pode evoluir para cegueira parcial ou total › Cutânea ou exantemática: mais rara; lesões de pele associadas a encefalite, comprometimento de órgãos como fígado, rins, medula óssea – mais comum em pacientes imunocomprometidos GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 › Encefalite: manifestação clínica mais importante nos imunodeficientes; lesões no hemisfério cerebral › Generalizada: forma muito rara, acomete vários tecidos do organismo Forma congênita: › Somente ocorre se a mãe adquirir a infecção durante a gravidez (primo- infecção) › Apenas 10% das mulheres tem sintomas › Se a infecção ocorrer do 3º ao 4º mês da gestação: a frequência da transmissão para o feto é menor, mas a doença é mais grave pois resulta em morte fetal › Severidade da doença depende da fase gestacional no momento da infecção › Disseminação no feto: via sanguínea → todos os tecidos → causa vasculites, necrose, hemorragias no feto → morte fetal › O parasita tem afinidade pelo SNC e olhos › Feto: natimorto ou forma grave, lesões cerebrais e oculares Tétrade de Sabin: hidrocefalia, microcefalia, coriorretinite, calcificações intracranianas, convulsões retardo mental › Grande maioria dos casos: doença ao nascimento é subclínica (sequelas aprecem aos poucos) Quanto maior a idade da mulher, maior a quantidade de anticorpos No Brasil a prevalência não varia com a idade → todas as idades têm a mesma chance de terem contato com o toxoplasma gondii Prevalência maior nas áreas rurais › Devido ao consumo de água de poço, animais domésticos, produção hortaliça, leite sem ferver Variáveis associadas com infecções em gestantes: › Contato com solo › Moradia sem coleta de lixo › Comer carne malcozida Hábito de ingestão de carne crua ou malcozida: ordem de importância 1. Suínos, caprinos e ovinos 2. Aves, coelhos, cães e equinos 3. Carne bovina e búfalos Importância para os soronegativos gestantes: › Não consumir carne crua ou malcozida, leite não pasteurizados, ovos crus › Lavar as mãos após manipulação de carnes cruas; após jardinagem ou contato com solo › Evitar contato com fezes de gatos (principalmente filhotes) › Manter as caixas de areia cobertas em creches e escolas para evitar contaminação por toxoplasma Toxoplasmose adquirida: › Linfadenopatia (firme, sem dor, em uma cadeia de gânglios – cervical, inguinal ou axilar) › Febre › Exantema Demonstração do parasito em fluidos corporais ou teciduais (indicado para sintomas neurológicos – pesquisa do parasita no liquor) › Evidência da infecção: presença do taquizoíto GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 IFA: identifica anticorpos tanto na fase aguda (IgM) como na crônica (IgG) PCR: análise de fluidos corporais, líquido cefalorraquidiano, fluido amnióticos, levado broncoalveolar Clínico: observação da Tétrade de Sabin Laboratorial: alvo – pesquisa de anticorpos tipo IgM (não atravessa placenta) no soro do recém-nascido em 2 testes sucessivos › ELISA ou IFA: título do recém-nascido maior que o da mãe → indica que o bebê produziu uma maior concentração de anticorpos que a mãe e por isso está infectado › Se a concentração de IgG for maior que a da mãe, significa que o bebê que produziu os anticorpos › Persistência dos títulos em até 5 meses após o nascimento › IgG atravessa passivamente a placenta da mãe com sorologia positiva Da gestante que adquiriu na gravidez: espiramicina Feto: pirimetamina e sulfadiazina Pacientes com toxoplasmose no SNC e imunodeficientes: necessitam ser hospitalizados → medicações que atuam primariamente contra os taquizoítos › 2 drogas associadas: pirimetamina + sulfadiazina › Toxicidade em tratamentos prolongados → deve-se administrar ácido fólico (atuação sinergistica contra taquizoítos) GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Introdução Doença negligenciada: ocorrem com maior frequência em países mais pobres e atingem populações mais vulneráveis › OMS: exigir medicamentos e saúde universal 12 milhões de casos (tegumentar e visceral) 0,9 a 1,6 milhão de novos casos a cada ano 20.000 a 30.000 mortes por ano 350 milhões de pessoas em áreas de risco – mundo Forma visceral: Índia, Sudão, Brasil e Etiópia Forma cutânea: Brasil, Colômbia, Nicarágua e peru Considerada uma doença endêmica em todo o Brasil Grupo masculino é mais atingido (normalmente que trabalham em matas) › Exemplo: cidades muito próximas de matas não tem essa exceção, como Blumenau Primeiros registros no período pré-inca (400- 900 A.C.) Ross (1903) gênero Leishmania Família Trypanosomatidae: característica de mitocôndrias bem desenvolvidas Leishmaniose tegumentar americana: › Leishmania (Viannia) brasiliensis – ocorre no Brasil inteiro › Leishmania (L.) amazonensis – ocorre com maior frequência na região norte do Brasil › Leishmania (V.) guyanensis – encontradas em matas silvestres Leishmania visceral: › Leishmania (L.) infantum chagasi – presentes nas Américas e na Europa Mosquito-palha: insetos flebotomíneos Leishmaniose tegumentar americana: › Lutzomyia intermedia – transmite L. brasiliensis, L. amazonensis (principal vetor no Brasil com exceção da região sul) › Lutzomyia neivae – principal vetor da região sul (principalmente Santa Catarina) Leishmaniose visceral: › Lutzomyia longipalpis – transmite L. infantum chassi (em todo o país exceto na região sul) › Ainda não se sabe qual espécie transmite na região sul Leishmaniose tegumentar americana: › Maior variedade de hospedeiros › Animais silvestres, mamíferos pequenos como: roedores, endentados, marsupiais, canídeos e primatas › Pode ocorrer a transmissão por sangue entre presa-predador Leishmaniose visceral: › Cães e raposas › Principalmente cães domésticos que vivem soltos GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Morfologia Amastigotas: não possuem flagelos › Formas intracelulares › Encontradas parasitando os mamíferos → células do sistema fagocitário mononuclear (macrófagos e seus derivados, neutrófilos, células dendríticas) Promastigotas: possuem flagelos › Encontrados no inseto › Se proliferam no intestino do inseto e migram para as glândulas salivares › Possuem mitocôndrias (cinetoplasto) desenvolvidas que produzem energia para o batimento doflagelo Ciclo biológico Infecção começa pela picada do mosquito: flebotomíneos tem picada semelhante à do borrachudo › Injeta uma substância vasodilatadora que favorece a formação de uma poça de sangue para se alimentar › Injeta as formas promastigotas no hospedeiro junto com a substância Promastigotas são fagocitados pelos macrófagos → formação do vacúolo fagocitário com liberação do conteúdo dos lisossomos › Não ocorre destruição – parasita modifica seu organismo Promastigotas se transformam em amastigotas e se proliferam por divisão binaria até ocupar todo o citoplasma do macrófago até que ele sofra livre Macrófago rompido libera vários amastigotas e seu conteúdo enzimático (aparecimento da primeira lesão) Amastigotas podem continuar infectando a pele (brasiliensis, amazonensis) ou migra para outras localizações como órgãos linfoides, fígado, baço, medula óssea, pulmões, intestino e rins (infantum chagasi) Outro inseto que picar o hospedeiro acaba ingerindo macrófagos infectados com amastigotas Formas amastigotas evoluem para promastigotas no intestino do inseto GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Se multiplicam e migram para a saliva do inseto O hospedeiro pode ser infectado pelo consumo de carnes ou contato de sangue contaminado Leishmaniose tegumentar Brasil: 1908 aparecimento de casos em Bauru › Denominação da úlcera-de-Bauru › 1911: Gaspar Vianna nomeou o Leishmania braziliensis › 1920: descrição da transmissão por flebotomíneos por Cerqueira Período de incubação: 2 semanas a 3 meses Lesão inicial: infecta as células de defesa que migram para o local, quanto mais migram, mais células são infectadas → pápula eritematosa Ulceração inicial: enzimas liberadas pelos lisossomos rompidos dos macrófagos degradam o tecido local Úlcera estabilizada com lesão satélite: maior degradação do tecido e migração dos parasitas pela circulação sanguínea para outras partes do organismo › Lesão satélite: macrófagos podem entrar em contato com amastigotas transportados e produzir nova lesão Lesões indolores pela alteração dos nervos pelo rompimento dos macrófagos Linfonodos ficam aumentados de tamanho Leishmaniose cutânea: lesão primaria › Úlceras únicas ou múltiplas na derme causadas pela degradação das enzimas dos macrófagos › Biópsia na fase inicial se encontra muitos parasitas Leishmaniose cutaneomucosa: lesão secundaria causada pela falta de tratamento › Parasita permanece vivo nas lesões por alguns anos › Migra para as mucosas pelo sistema linfático e causa lesões pela liberação das enzimas proteolíticas › Conhecida como nariz de anta pois acomete a cartilagem do nariz Leishmaniose cutânea difusa: normalmente associada a HIV sem tratamento › Imunocomprometimento causa o aparecimento de lesões crônicas de proliferação lenta no corpo todo › Ainda não existe tratamento eficaz GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Características da lesão Dados epidemiológicos Algumas lesões podem ser confundidas com outras doenças como paracoccidioidomicose ou hanseníase › É necessário fazer diagnóstico diferencial Exame direto de esfregaços corados – retirados de material dos bordos da lesão › Lesões iniciais: apresentam mais amastigotas na lesão › Lesões crônicas: apresentam menos amastigotas na lesão Exame histopatológico Cultura: cultivo dos parasitas em meio líquido Pesquisa do DNA do parasito: › PCR – Reação de cadeia em polimerase Métodos imunológicos: › Reação de imunofluorescência indireta › Teste de Montenegro: hipersensibilidade celular retardada Antimoniais pentavalentes: atuam no metabolismo bioenergético das formas amastigotas; inibem a glicólise e a beta oxidação de ácidos graxos › Glucantime: tratamento mais eficaz › Miltefosina: tratamento oral › Pentostan: opção para alérgicos ao glucantime › Necessário monitorar o paciente semanalmente: pode causar alterações hepáticas (verificar ALT, AST, Ur e CR) e cardíacas (verificar ECG) Leishmaniose visceral 1903: William Leishman e Charles Donovan Primeiros registros na índia – L. donovani Europa, África e China – L. infantum (forma visceral em crianças) Brasil: L. infantum chagasi Áreas rurais e áreas urbanas → mosquitos se adaptaram a adaptação em esgotos, matéria orgânica em decomposição, entulhos Expansão das áreas periféricas: favorece a transmissão pela grande quantidade de esgotos a céu aberto e cães soltos Transmissão pelo mosquito vetor Acidentes de laboratório Transfusão sanguínea (alta parasitemia) Uso de drogas injetáveis Transmissão congênita: contato do sangue materno no momento do parto Alta taxa de transmissão após longos períodos de chuva (aumenta o número de flebotomíneos) GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Reação inflamatória no local da picada – não há ulceração do nódulo Permanece proliferando lentamente no local da picada Migração dos amastigotas via corrente sanguínea para as vísceras e órgãos linfoides Período de incubação: 2 a 7 meses (depende da cepa, característica genética do hospedeiro e estado nutricional e imunológico) Alterações: esplênicas, hepáticas, tecido hematopoiético, renais, pulmonares, linfonodos e no tubo digestivo Assintomáticas: observadas em áreas endêmicas › Pessoas constantemente picadas desenvolvem uma resposta imune adaptativa Oligossintomática: › Forma mais frequente › Febre baixa recorrente, tosse seca, diarreia, sudorese noturna Aguda: › Depende da idade do hospedeiro › Clinicamente pode ser confundida com outras doenças parasitárias › Diarreia, tosse seca, febre alta, aumento dos lisossomos Crônica ou calazar clássico: hepatoesplenomegalia, fraqueza, indisposição, infecção pulmonar, infecções secundárias (geralmente levam à morte) Associação dos sintomas com história de residência em região endêmica Pode ser confundido com malária, toxoplasmose, leucemia, esquistossomose Pesquisa de parasito: › Aspirado de medula óssea – esfregaço e cultura Métodos imunológicos: › RIFI › ELISA Métodos auxiliares: › Eletroforese sérica Antimoniais pentavalentes: › Glucantime: utilizado em nível hospitalar › Pentostan Pentamidina: se liga ao DNA e inibe a replicação de organismos sensíveis a ela › Utilizada se o organismo não responder bem a glucantime Anfotericina B: antifúngico (é nefrotóxico; precisa ser monitorado constantemente) GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Introdução Foi descrita pelo pesquisador Carlos Chagas em abril de 1909 Caso clínico: Berenice (1907-1982) É uma doença negligenciada com elevada carga de morbimortalidade Representa um importante problema de saúde pública no Brasil É endêmica em 21 países da América Latina Agente causal da Doença de Chagas Insetos vetores: O. Hemiptera, F. Reduvidae (inseto barbeiro) › Gêneros: Triatoma, Panstrongylus e Rhodnius Reservatórios: › Mamíferos silvestres: gambá (a glândula de cheiro faz o mesmo papel no ciclo biológico que o intestino do barbeiro), tatu, roedores e macacos › Mamíferos domiciliados: cães, gatos, roedores Formas evolutivas: › Amastigotas: são intracelulares e preferem a musculatura lisa ou estriada cardíaca › Tripomastigotas: são formas sanguíneas flageladas › Epimastigotas: formas flageladas que habitam o inseto Possuem como estruturas principais: um núcleo e um cinetoplasto › Algumas formas evolutivas podem apresentar características diferentes, como a membrana ondulante nos epimastigotas e o flagelo nos tripomastigotas GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Ciclo biológico Barbeiro infectado com formas epimastigotas que proliferam no intestino› Epimastigotas migram para a ampola retal e evoluem para tripomastigotas Barbeiro pica o hospedeiro e defeca próximo à picada (fezes contaminadas com epimastigotas e alguns tripomastigotas) O hospedeiro inocula as fezes infectantes (por coçar o local da picada, pelas mucosas ou via oral) › Parasita infecta células não fagocitárias, mas é fagocitado por macrófagos Fagocitose da forma tripomastigota › Vacúolo fagocitário elimina epimastigosas pelas enzimas proteolíticas e as tripomastigotas sobrevivem Após 24 horas o parasita sai do vacúolo e se prolifera no citoplasma da célula e produz vários tripomastigotas Nas células fagocitárias o tripomastigota se transforma em amastigotas no citoplasma da célula e se prolifera › A célula perde a permeabilidade da membrana e é rompida › Libera amastigotas que se transformam em tripomastigotas e infectam o sangue (alta parasitemia – caracteriza a fase aguda) Na fase crônica há mais parasitas no tecido e poucos parasitas circulantes Quando o barbeiro pica um hospedeiro infectado ele ingere tripomastigotas e o ciclo se reinicia Doença de Chagas Vetor (inseto barbeiro): principal forma de transmissão Transfusões sanguíneas: são realizados dois testes imunológicos para verificar a presença de IgM e IgG para a doença Transplantes de órgãos: se o órgão estiver infectado Transmissão congênita: pode ser passada de mãe para filho Alimentar: caldo de cana, açaí, carnes de animais silvestre (pelo contato com o sangue infectado) Fase aguda: › Período de incubação: 1-3 semanas › No local da picada aprece um nódulo inflamatório (se for nas mucosas aparece o Sinal de Romaña) › Linfadenite, febre, edema localizado ou generalizado, poliadenia (hipertrofia dos linfonodos), hepatoesplenomegalia, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas (meningoencefalite) › Sintomas dependem da idade: crianças e idosos tendem a apresentar mais sintomas GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Fase crônica: › Depende muito da cepa do Trypanosoma cruzi › Forma assintomática (20-30 anos para evoluir): reativação do processo inflamatório com baixa concentração de parasitos › Forma cardíaca: parasita prolifera lentamente nas fibras musculares e causa a substituição do tecido por tecido fibroso→ coração compensa até chegar em um limite → surge o quadro de insuficiência cardíaca congestiva (cardiomegalia – dilatação irreversível do coração); arritmias devido a alteração do sistema nervoso autônomo; fenômenos tromboembólicos; dispneia de esforço, congestão visceral, edema dos membros inferiores; anasarca (edema generalizado); morte › Forma digestiva (esôfago e cólon): megaesôfago (disfagia, odinofagia, dor retroesternal, regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose); megacólon – sigmoide e reto (obstipação intestinal, perfuração e peritonite › É necessário que a doença seja sintomática na fase aguda Fase aguda: é possível ver o parasita em esfregaços sanguíneos › Diagnóstico parasitológico: exame de sangue a fresco, extensão sanguínea ou gota espessa, hemocultura › Diagnóstico sorológico: imunofluorescência, método ELISA, hematoglutinação – pesquisa de anticorpos IgG e IgM Fase crônica: não há mais parasitos no esfregaço sanguíneo › Diagnóstico sorológico: imunofluorescência, método ELISA, hematoglutinação – pesquisa anticorpos IgG (não é definitivo) › PCR: identificar o DNA do parasita para confirmação › Xenodiagnóstico: infectar barbeiros não infectados com o sangue do paciente e ver se há proliferação do parasita no intestino do inseto Benzonidazol: eficaz na fase aguda pois atua contra as formas sanguíneas – conforme os amastigotas se transformam em tripomastigotas, o medicamento interage com proteínas do parasita e inibe o crescimento parasitário apenas de formas tripomastigotas › Não atua contra formas amastigotas › Eficácia de aproximadamente 80% O controle de cura é difícil, sendo feito pela sorologia, pela hemocultura ou pelo xenodiagnóstico Na fase crônica, o tratamento é sintomático, sendo a cardiopatia chagásica medicada como as de outras etiologias Ações de vigilância epidemiológica › Detecção precoce dos casos da doença › Investigação epidemiológica de todos os casos agudos › Inquéritos sorológicos periódicos em populações estratégicas › Eliminar a transmissão vetorial por T. infestans › Incorporar ações de vigilância sanitária GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Introdução Plasmodium vivax: terça benigna Plasmodium falciparum: terça maligna Plasmodium malariae: quartã Plasmodium ovale: terçã Mosquitos fêmeas do gênero Anopheles (F. culicidae) conhecidos como mosquito prego ou carapanã Se proliferam em locais com águas paradas Espécie que melhor se adaptou a transmissão do parasita nas américas Humanos portadores de gametócitos (gametóforo) – habitam as hemácias e hepatócitos 6000-5500 A.C.: mortes por febre, provavelmente malária, são registrados desde os primórdios da escrita 2700 A.C.: chinês Nei Ching descreve febres recorrentes e esplenomegalia Acredita-se que a malária tenha surgido no sudoeste da Ásia, África e Europa Nas Américas a doença foi introduzida no século 16 por colonizadores europeus 1600: jesuítas na américa do sul aprenderam com os nativos as propriedades antitérmicas do chá da casca da cinchona e levaram esse conhecimento a Europa e Índia 1775: primeiro uso militar do quinino (proteção e tratamento das tropas) Áreas tropicais e subtropicais do mundo: › Temperatura – 20 a 30 graus e umidade relativa – acima de 60% 200 milhões de casos – mundo 1 – 1,5 milhões de mortes a cada ano (crianças < 5 anos) Brasil: região amazônica é considerada endêmica – 150 a 200 mil casos/ano Distribuição geográfica da malária no mundo: › Ocorrência elevada de malária resistente à cloroquina ou multirresistente › Distribuição incontrolada: selecionou os parasitas resistentes ao medicamento › Na região Amazônica não responde mais ao tratamento com cloroquina Fase vetorial: mosquito Anopheles spp – fêmeas › Reprodução sexuada → esporogonia (esporozoítos nas glândulas salivares) Fase no hospedeiro: › Usa globina como fonte de aminoácidos Formas extracelulares: esporozoítos e merozoítos Formas intracelulares: trofozoítos, esquizontes e gametócitos GIOVANNA BOTTEZINI PARASITOLOGIA TURMA LI 2021.1 Ciclo biológico Esporozoítos infectantes são inoculados nos humanos pelo inseto vetor sob a pele do hospedeiro Seguem pela corrente sanguínea Invasão dos hepatócitos: diferenciam-se em trofozoítos, que se proliferam e diferenciam- se em trofozoítos Trofozoítos se multiplicam e foram esquizontes teciduais que se transformam em merozoítos Merozoítos se rompem e caem na corrente sanguínea › Invadem as hemácias Dão origem a novos esporozoítos Mosquito pica sangue infectado e reinicia o ciclo Malária Doença causada pelo plasmodium spp. As manifestações clínicas são causadas pelo ciclo eritrocítico (dentro das hemácias) › Destruição das hemácias parasitadas – causam anemia Liberação de citocinas: febre e mal-estar, hipoglicemia Modificações nas células parasitadas que permitem a sua adesão à parede endotelial dos capilares Lesão capilar por deposição de imunocomplexos Clínico: › Sintomas inespecíficos › Dados colhidos pela anamnese (fatores de risco) Laboratorial: › Pesquisa do parasita no sangue periférico › Método PCR › Sorologia: pesquisa de anticorpos IgM e IgG (não é o mais recomendado por não ser específico) Interromper a proliferação das formas sanguíneas Derivados de quinolona: › Cloroquina: inibe a proteólise da hemoglobina Antagonistas de ácido fólico: pirimetamina, sulfonamidas Derivadosde artemisina Evitar a aproximação das áreas de risco após o entardecer e logo ao amanhecer Uso de repelentes nas áreas expostas do corpo Telar portas e janelas e dormir com o mosquiteiro Combate ao inseto vetor Prevenção dos criadouros pelo saneamento básico Medidas de imunização
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