Buscar

Leishmaniose: Ciclo Biológico e Transmissão

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Leishmaniose
Amanda Reis Viol
FILO RHIZOPODA: refere-se aos protozoários rizópodos, ou seja, que se 
locomovem por pseudópodes. Ex: Entamoeba sp 
FILO APLICOMPLEXA: refere-se aos protozoários esporozoários, ou 
seja, que não possuem meios de locomoção. Ex: Toxoplasma gondii, 
Plasmodium sp. 
FILO ZOOMASTIGOPHORA: engloba os protozoários que apresentam 
flagelos como estrutura de locomoção. Ex: Trypanosoma sp (Filo 
Kinetoplastida), Leishmania sp (Filo Kinetoplastida), Trichomonas 
vaginalis (Filo Parabasilida), Giardia duodenalis (Filo Diplomonadida). 
FILO CILIOPHORA: engloba os protozoários ciliados, ou seja, que 
possuem cílios como meio de locomoção. Ex: Balantidium coli.
PROTOZOÁRIOS
SERES VIVOS
REINO PLANTAE
REINO MONERA
REINO PROTOCTISTA
REINO FUNGI
REINO ANIMALIA
ALGAS
• O gênero Leishmania pertence a ordem 
Kinetoplastida, à família Trypanossomatidae 
e agrupa espécies de protozoários 
unicelulares e digenéticos (heteroxenos).

• Formas: promastígota, flageladas livres ou 
aderidas ao trato digestivo dos hospedeiros 
invertebrados, e amastigota, sem flagelo 
livre, parasito intracelular do hospedeiro 
vertebrado. 

• Reprodução: divisão binária simples em 
ambos os hospedeiros 

• Hospedeiros vertebrados: roedores, 
canídeos, edentados, marsupiais, homem.

Hospedeiros invertebrados: fêmeas de 
inseto hematófagos conhecidos como 
flebotomíneos (gênero Lutzomyia).

• Transmissão: picada do inseto infectado no 
momento da hematofagia


Hospedeiro vertebrado 
Os hospedeiros vertebrados são infectados 
quando formas promastIgotas metacíclicas 
são inoculadas pelas fêmeas dos insetos 
vetores, durante o repasto sanguíneo. Estes 
insetos possuem o aparelho bucal muito curto 
e adaptado para dilacerar o tecido do 
hospedeiro, formando condições para obter o 
sangue durante a alimentação. A saliva do 
inseto é inoculada neste ambiente e exerce 
papel importante como anticoagulante, 
vasodilatadora e antiagregação de plaquetas, 
favorecendo o fluxo de sangue e a linfa 
intersticial para o alimento. Além destes 
efeitos, sabe-se que fatores presentes na 
saliva de flebotomíneos têm ação quimiotática 
para monócitos e imunorregulador, com 
capacidade de interagir com os macrófagos, 
aumentando sua proliferação e impedindo a 
ação efetora destas células na destruição dos 
parasitos. A saliva de Lutzomyia longipalpis 
contém o mais potente vasodilatador 
conhecido, o maxidilan, que além desta ação 
parece ser responsável pela maioria dos 
efeitos imunomodulatórios da saliva deste 
Introdução Ciclo Biológico
A leishmaniose é transmitida pela picada de 
flebotomíneas infectadas. Ao se alimentarem 
de sangue, as flebotomíneas injetam 
promastigotas metacíclicos (o estágio 
infeccioso) de sua probóscide
Os promastigotas são fagocitados 
pelos macrófagos e outras células 
mononucleares fagocíticas.
Nessas células, os promastigotas se 
transformam em amastigotas (o 
estágio tecidual)
Os amastigotas se multiplicam por 
divisão simples e infectam outras 
células fagocíticas mononucleares
Flebotomíneas se alimentam 
do sangue de um hospedeiro 
infectado.
Flebotomíneas são 
infectadas pela ingestão 
de macrófagos infectados 
por amastigotas.
No intestino médio das flebotomíneas, os 
amastigotas se transformam em promastigotas
Aí, se multipl icam, se 
desenvolvem e migram 
para a probóscide.
Estágio infeccioso
Estágio de diagnóstico
MOSQUITO HUMANO
inseto sobre a célula hospedeira, durante a 
transmissão de Leishmania. 
As formas promastígotas metacíclicas são 
resistentes a lise pelo complemento, pelas 
modificações estruturais no LPG. Durante o 
processo de endocitose do parasito, por 
causas fisiológicas, a célula hospedeira 
aumenta intensamente a sua atividade 
respiratória. Os produtos liberados deste 
processo, com a formação de óxido nítrico, 
dos radicais l ivres óxidos, hidroxilas, 
hidróxidos e superóxidos ,são conhecidos por 
serem altamente lesivos para membranas 
celulares. Os parasitos necessitam da 
utilização de mecanismos de escape a este 
ataque. Novamente o LPG aparece como uma 
molécula protetora contra a ação destes 
radicais.
O parasito é então internalizado pelas células 
de Langerhans da derme, embora não se 
reproduzam aí. A rápida transformação em 
amastigotas é outra forma de evadir ao 
ataque do hospedeiro. A amastigota inicia o 
processo de sucessivas multiplicações. Na 
ausência do controle parasitário pela célula 
hospedeira, esta se rompe e as amastigotas 
liberadas serão, por mecanismo semelhante, 
internalizadas por outros macrófagos.
Hospedeiro invertebrado 
A infecção para o hospedeiro invertebrado 
ocorre na ingestão, no momento do repasto 
sanguíneo em indivíduo ou animal infectado, 
das formas amastigotas que acompanham o 
sangue e/ou a linfa intersticial. O alimento, no 
intestino médio do inseto, é rapidamente 
envolvido por uma membrana quitinosa, 
secretada pelas células epiteliais do intestino, 
a matriz peritrófica. No interior desta matriz, 
após cerca de 18-24 horas, as amastigotas se 
transformam em flagelados pequenos, 
o v ó i d e s , p o u c o m ó v e i s . A p ó s 
aproximadamente 3 e 4 dias de multiplicação 
intensa, ocorre a transformação em formas 
promastigotas.
Para fixar… 
• A forma que causa a doença é a 
amastigota;
• A forma de transmissão é a promastigota; 
• Pode haver infecção por amastigota em 
transplante de órgãos ou transfusão de 
sangue;
• O diagnóstico é feito através da visualização 
de amastigota;
• O medicamento age na amastigota, que é a 
forma presente no homem;
• A forma promastigota só está presente no 
homem no momento da transmissão.
Classificação 
taxonômica
Subgênero Leishmania Subgênero Viannia
L. (L.) donovani*** 
L. (L.) infantum*** 
L. (L.) chagasi*** 
L. (L.) archibaldi 
L. (L.) tropica** 
L. (L.) aethiopica ** 
L. (L.) major** 
L. (L.) gerbilli 
L. (L.) mexicana 
L. (L.) amazonensis* 
L. (L.) venezuelensis 
L. (L.) enriettii 
L. (L.) aristidesi 
L. (L.) pifanoi 
L. (L.) hertigi 
L. (L.) deanei
L. (V.) braziliensis* 
L. (V.) guyanensis* 
L. (V.) panamensis 
L. (V.) peruviana 
L. (V.) lainsoni* 
L. (V.) naiffi* 
L. (V.) shawi* 
L. (V.) colombiensis 
L. (V.) lindenberg
* determinantes da Leishmaniose Tegumentar Americana no Brasil
** determinantes da Leishmaniose Tegumentar do Velho Mundo
*** determinantes da Leishmaniose Visceral
Principais espécies do gênero Leishmania
Introdução 
A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é 
uma doença de caráter zoonótico que 
acomete o homem e diversas espécies de 
animais silvestres e domésticos, podendo se 
manifestar através de diferentes formas 
clínicas. É considerada uma enfermidade 
polimórfica e espectral da pele e das 
mucosas. As principais manifestações 
observadas nos pacientes com LTA podem 
ser classificadas de acordo com seus 
a s p e c t o s c l í n i c o s , p a t o l ó g i c o s e 
imunológicos. A forma cutânea localizada é 
caracterizada por lesões ulcerosas, indolores, 
únicas ou múltiplas; a forma cutaneomucosa 
é caracter izada por lesões mucosas 
a g re s s i v a s q u e a f e t a m a s r e g i õ e s 
nasofar íngeas; a forma disseminada 
apresenta múltiplas úlceras cutâneas por 
disseminação hematogênica ou linfática e, 
finalmente, a forma difusa com lesões 
nodulares não-ulceradas. 
Atualmente são conhecidas várias espécies 
de Leishmania que causam a leishmaniose 
tegumentar:
1. L. (V.) braziliensis; (no Brasil)
2. L. (V.) guyanensis;
3. L. (V.) lainsoni;
4. L. (V.) shawi;
5. L. (V.) naiffi;
6. L. (L.) amazonensis
Aspectos imunológicos 
Na modulação da resposta imune, o 
macrófago apresenta os antígenos aos 
l i n fóc i t os T CD4+ , que podem se r 
s u b d i v i d i d o s e m p e l o m e n o s d u a s 
subpopulações: Th1 e Th2. 
A resistência do hospedeiro está associada 
a ativação seletiva e diferenciação de células 
efetoras T helper CD4+ (Th1), as quais 
secretam um padrão de citocinas específicas, 
IL-2, INF-y, IL-12 e TNF-alfa, conhecidos 
como citocinas pré-inflamatórias,que 
destroem as amastigotas e acarretam na cura 
clínica da doença. Por outro lado, a 
suscetibilidade a infecção está relacionada 
com a resposta de células CD4+ (Th2), que 
secretam citocinas específicas do tipo IL-4, 
IL-5, IL-6, IL-10, TGF-beta, dentre outras, que 
inibem a ativação clássica do macrófago e 
acarreta a disseminação da infecção e 
cronificação da doença.
Os mecanismos que levam a infecção 
preferencial e/ou expressão das diferentes 
classes de células CD4+ ainda não estão 
completamente esclarecidos.
Na forma cutânea localizada observa-se 
uma correção com a resposta do tipo Th1, 
histologicamente caracterizada como um 
processo granulomatoso tipo tuberculóide, 
com proliferação linfocitária e plasmocitária 
marcada por ausência ou escassez de 
parasitos. 
A imunidade celular é facilmente detectada, 
mas, ao contrário do que ocorre nas formas 
auto-resolutivas, a doença progride, podendo 
evoluir para a forma cutaneomucosa, a qual 
apresenta expressão simultânea de citocinas 
Th1 e Th2, ou seja, um padrão Th0. 
A leishmaniose cutâneo-difusa está 
correlacionada com a resposta do tipo Th2, 
na qual existe uma infiltração dérmica de 
macrófagos, habitualmente vacuolizados, 
repletos de amastigotas e com escassez de 
linfócitos, caracterizando um padrão de 
suscetibilidade em humanos.
Formas clínicas 
Um amplo espectro de formas pode ser visto 
na leishmaniose tegumentar americana, 
variando de uma lesão auto-resolutiva a 
lesões desfigurantes. Esta variação está 
intimamente ligada ao estado imunológico do 
paciente e as espécies de Leishmania. 
As formas clínica são agrupadas em três 
tipos básicos: leishmaniose cutânea (LC), 
leishmaniose cutaneomucosa (LCM) e 
leishmaniose cutânea difusa (LCD). 
Leishmaniose 
Tegument! Americana
A u lce ração é c rôn ica , i ndo lo r, 
normalmente de contorno irregular e com 
bordas salientes (protozoário sempre na 
borda).
PROFILAXIA 
O controle de leishmaniose tegumentar 
americana é difícil nas vastas áreas florestais 
do Brasil e, no presente momento, é insolúvel.
Recomenda-se: 
• Utilização de repelentes e mosquiteiros;
• Construção de casa com distância mínio 
de 500 m da mata
Diagnóstico 
Clínico 
O diagnóstico clínico da LTA pode ser feito 
com base na característica da lesão que o 
paciente apresenta, associado a anarnnese, 
na qual os dados epidemiológicos são de 
grande importância. Deve ser feito o 
diagnóstico diferencial de outras dermatoses 
granulomatosas que apresentam lesões 
semelhantes à LTA e que podem ser 
confundidas, como tuberculose cutânea, 
hanseníase, infecções por fungos (blas- 
tomicose e esporotricose), úlcera tropical e 
neoplasmas. 
Laboratorial 
Pesquisa do parasito: exame direto de 
esfregaço corado* (raspagem da borda da 
lesão ou biópsia; punção da borda da lesão), 
exame histopatológico, cultura, inóculo em 
animais.
Pesquisa do DNA do parasito: PCR
Imunológicos: teste de Montenegro, reação 
de imunofluorescência indireta (RIFI) [pode 
dar reação cruzada dentro do gênero e com T. 
cruzi, PCR (sensível e identifica o gênero)
Teste de Montenegro: é o teste imunológico 
mais utilizado no Brasil. Ele avalia a reação de 
CUTÂNEA CUTÂNEOMUCOSA CUTÂNEA DIFUSA
hipersensibilidade retardada do paciente. 
Vários antígenos podem ser empregados para 
o teste de Montenegro, sendo que um 
antígeno que usa formas promastígotas: 
mortas foi padronizado.
O teste consiste no inóculo de 0,1ml de 
antígeno intra-dermicamente na face interna 
do braço. No caso de rações positivas, 
verifica-se o estabelecimento de uma reação 
inflamatória local formando um nódulo ou 
pápula que atinge o auge em 48-72 horas, 
regredindo então. A intensidade da reação 
varia bastante e até o momento não foi 
padronizada uma medida limite em que se 
possa dizer que o teste seja positivo ou 
negativo.
Na interpretação dos resultados, dever sem 
observados os seguintes aspectos:
• na forma cutânea simples, a reação 
inflamatória pode variar de acordo com a 
evolução da doença, sendo maior nas 
úlceras crônicas;
• na forma mucosa, a reação inflamatória 
pode ser tão intensa a ponto de provocar 
flictemas e necrose, devido ao estado hiper-
reativo do paciente; 
• na forma difusa, a resposta é usualmente 
negativa devido ao estado anérgico em que 
se encontra o paciente; 
• em pacientes tratados, instala-se uma 
i m u n i d a d e c e l u l a r d u r a d o u r a , 
permanecendo teste positivo durante 
mu i tos anos e , em a lguns casos , 
indefinidamente.
TRATAMENTO 
O tratamento faz-se com o uso do 
antimonial tártaro emético. Atualmente 
utiliza-se um antimonial pentavalente, o 
Glucantime.
O esquema terapêutico varia muito no Brasil, 
mas usualmente os resultados são excelentes 
u t i l i z a n d o - s e o s e g u i n t e e s q u e m a : 
17mgSb5+/kg peso/dia, durante 10 dias. Faz- 
se um intervalo de 10 dias e novamente inicia-
se outra série de tratamento durante 10 dias. 
A dose máxima por injeção deve ser de 10 ml, 
independente do peso do paciente. O número 
de séries necessárias varia de acordo com o 
processo de cura da lesão. Recomenda-se a 
continuação do tratamento até completa 
cicatrização da úlcera. 
A via de administração é geralmente 
intramuscular, mas também pode ser feito 
endovenoso ou local. A droga não deve ser 
utilizada em pacientes cardíacos e nem em 
mulheres grávidas, pois o antimônio pode 
provocar alterações eletro-cardiográficas e 
também é abortivo. 
No entanto, o Ministério da Saúde preconiza 
o uso de 20mgSb5+/kg peso/dia, durante 20 
dias, para a leishmaniose cutânea e 30 dias 
para leishmaniose cutaneomucosa. 
Este antimonial é indicado para o tratamento 
de todas as formas de leishmaniose 
tegumentar, embora as formas mucosas 
exijam maior cuidado, podendo apresentar 
respostas mais lentas e maior possibilidade 
de recidivas. As lesões ulceradas podem 
sofrer contaminação secundária, razão pela 
qual devem ser prescritos cuidados locais 
como limpeza com água e sabão e se 
p o s s í v e l c o m p r e s s a s c o m K M n O 4 
(permaganato de potássio) na diluição de 
1/5.000ml de água. 
Em casos de resistência ao tratamento, pode 
ser utilizado o isotianato de pentamidina ou a 
anfotericina B. 
Atualmente está sendo testado, com 
promissores resultados, um tratamento local 
utilizado um unguento de paramomicina a 
15% e cloridrato de metilbenzotônio a 12%. 
Introdução 
A doença é crônica, grave, de alta letalidade 
se não tratada, e apresenta aspectos clínicos 
e epidemiológicos diversos e característicos, 
para cada região onde ocorre. 
Os fatores de risco para o desenvolvimento 
da doença incluem a desnutrição, o uso de 
drogas imunossupressoras e a co-infecção 
com HIV. 
A leishmaniose visceral é causada, em todo 
o mundo, por parasitos do complexo L. 
donovani que inclui três espécies de 
Leishmania: 
• Leishmania (Leishmania) donovani;
• Leishmania (Leishmania) infantum;
• Leishmania (Leishmania) chagasi. 
Nas Américas, Leishmania (Leishmania) 
chagasi é a espécie responsável pelas 
formas clínicas da leishmaniose visceral. 
Quadro clínico 
É uma doença infecciosa sistêmica, de 
evolução crônica, caracterizada por febre 
irregular de intensidade média e de longa 
duração, palidez de mucosas, esplenomegalia 
assoc iada ou não a hepatomegal ia , 
acompanhada dos sinais biológicos de 
anemia, leucopenia, trombocitopenia, 
hipergamaglobulinemia e hipoalbuminemia. A 
linfoadenopatia periférica é comum em alguns 
focos da doença. O emagrecimento, o edema 
e o estado de debilidade progressiva 
contribuem para a caquexia e o óbito, se o 
paciente não for submetido ao tratamento 
específico. Entretanto, há evidências de que 
muitas pessoas que contraem a infecção 
n u n c a d e s e n v o l v e m a d o e n ç a , s e 
recuperando espontaneamente, ou mantendo 
equilíbrio da infecção e se apresentando 
sempre como assintomáticas.
Forma assintomática: febre baixa recorrente, 
tosse seca, diarréia, sudorese, prostração e 
apresentar cura espontâneaou manter o 
parasito, sem nenhuma evolução clínica por 
toda a vida.
Forma aguda: febre alta, palidez de mucosas 
e hepatoesplenomegalia discretas. A evolução 
em geral e não ultrapassa dois meses. Muitas 
vezes o paciente apresenta tosse e diarréia. 
Clinicamente, é confundida com febre tifóide, 
malária, esquistossomose, doença de Chagas 
aguda, toxoplasmose aguda, histoplasmose, 
entre outras doenças febris agudas que 
apresentam hepatoesplenomegalia. Os 
pacientes apresentam altos títulos de IgG 
anti-Leishmania. 
Fo rma c r ôn i c a : forma de evolução 
prolongada, também chamada período de 
estado, caracterizada por febre irregular e 
associada ao contínuo agravamento dos 
sintomas. O emagrecimento é progressivo e 
conduz o paciente para desnutrição protéico-
calórica, caquexia acentuada, mesmo com 
apetite preservado. A hepatoesplenomegalia 
associada à ascite determinam o aumento do 
abdome. É comum edema generalizado, 
dispnéia, cefaléia, dores musculares, 
perturbações digestivas, epistaxes e retardo 
da puberdade.
Ciclo biológico 
No hospedeiro vertebrado, as formas 
amastígotas de L. chagasi são encontradas 
parasitando células do sistema mononuclear 
fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. 
No homem, localizam-se em órgãos linfóides, 
como medula óssea, baço, f ígado e 
linfonodos, que podem ser encontrados 
densamente parasitados. O parasitismo pode 
envolver outros órgãos e tecidos, como os 
rins, placas de Peyer no intestino, pulmões e 
a pele. Raramente, as amastigotas podem ser 
Leishmaniose Visceral 
Americana
encontradas no sangue, no interior de 
leucócitos, íris, placenta e timo. 
No hospedeiro invertebrado, Lutzomyia 
longipalpis, são encontradas no intestino 
médio e anterior nas formas paramastígota, 
promastigota e promastígota metacíclica. 
Transmissão 
O principal mecanismo de transmissão nas 
condições naturais e de importância 
epidemiológica universal ocorre normal 
através da picada da fêmea de L. longipaalpis. 
Outros mecanismos:
- Uso de drogas injetáveis: compartilhamento 
de seringas e agulhas contaminadas;
- Transfusão sanguínea: requer que o parasito 
esteja presente no sangue periférico do 
doador e sobreviva ao processo de 
estocagem no banco de dados;
- Transmissão congênita e acidente de 
laboratório
Aspectos imunológicos 
A leishmaniose visceral é caracterizada pela 
incapacidade do macrófago em destruir as 
amastigotas . Nos doentes, tem sido 
observada a produção de níveis elevados de 
IL-10. O aumento de IL-10 em sinergismo 
com IL-4 parece ser fundamental na 
progressão da doença, desde que ambas são 
capazes de inibir: a ativação de macrófagos 
pelo INF-y produzido pelas células TCD4+; a 
transcrição do TNF-alfa; e a produção de 
H2O2. 
A produção de anticorpos, principalmente 
IgG, é muito elevada. Entretanto, como a 
ativação de LB é policlonal, a maioria das 
imunoglobulinas são inespecíficas. A 
presença de anticorpos específicos contra 
Leishmania é importante, principalmente para 
o diagnóstico. 
Esses eventos perpetuam a infecção, 
t o r n a n d o a d o e n ç a p r o g r e s s i v a e 
eventualmente letal, se não controlada. O 
curso da infecção é dependente, ainda, da 
capacidade do hospedeiro em estabelecer 
uma resposta imune mediada por células. 
Ind iv íduos ass intomát icos ou pós-
tratamento apresentam resposta celular do 
tipo hipersensibilidade tardia, positiva para 
antígenos do parasito, o teste de Montenegro. 
Após a terapêutica específica, os níveis de 
anticorpos caem drasticamente. 
Patogenia 
A pele é a porta de entrada para a infecção. 
A inoculação das formas infectantes é 
acompanhada da saliva do inseto vetor, que é 
r i ca em subs tânc ias com a t i v idade 
inflamatór ia . Esta at iv idade é muito 
importante para o aumento de células 
fagocitárias neste local e crucial para a 
instalação da infecção. Alguns indivíduos 
podem desenvolver uma lesão nodular local 
(leishmanioma), sendo transitória. 
O processo pode evoluir para a cura 
espontânea ou, a partir da pele, ocorrer a 
migração dos parasitos, principalmente para 
os linfonodos, seguida da migração para as 
vísceras. 
Nas vísceras, os parasitos induzem uma 
infiltração focal ou difusa de macrófagos não-
parasitados, além de infiltrado de linfócitos e 
cé lu las p lasmát icas , com focos de 
plasmacitogênese. As alterações mais 
particulares são descritas nos tecidos 
esplênico, hepático, sanguíneo, pulmonar e 
renal. 
A via de disseminação de Leishmania pode 
ser hematogênica e/ou linfática. Leishmania 
chagasi raramente tem sido encontrada no 
sangue periférico humano de indivíduos 
considerados imunocompetentes; no entanto, 
em cães ou raposas este achado é frequente.
A patogenia da doença é determinada por 
mú l t i p los f a to res que envo l vem os 
hospedeiros, como fatores genéticos 
determinantes da susceptibilidade para a 
infecção e para a cura, o estado imunológico 
e nutricional do indivíduo.
Baço 
Esplenomegalia é o achado mais importante e 
freqüente no calazar. Na fase inicial da 
doença, a esplenomegalia pode não ocorrer 
ou ser pouco acentuada, mas na doença 
estabelecida e crônica toma-se uma 
característica invariável. 
Ao corte, o órgão apresenta superfície 
vermelha amarronzada e o tecido friável e 
congesto. Podem ser identificadas áreas de 
infarto. A cápsula é espessa e mostra áreas 
de inflamação. 
Ocorre hiperplasia e hipertrofia das células do 
SMF, os macrófagos e as células plasmáticas 
podem ser observados densamente 
parasitados, na polpa branca e vermelha. Na 
polpa branca, no entanto, o parasitismo é 
menos frequente e há diminuição da 
p o p u l a ç ã o d e c é l u l a s e m á r e a s T 
dependentes.
Fígado 
O órgão mantém consistência firme e 
ocasionalmente mostra congestão passiva. 
Ocorre hiperplasia e hipertrofia das células de 
Kupffer, em geral densamente parasitadas. É 
frequente a presença de infiltrado difuso de 
c é l u l a s , p l a s m á t i c a s e l i n f ó c i t o s , 
intraparenquimal. Podem ser observadas 
fibrose septal e portal, leve ou moderada, ao 
longo do infiltrado inflamatório. A deposição 
de material hialino, PAS positivo, no espaço 
de Disse é um achado comum e associado a 
espessamento reticular e áreas de fibrose 
intralobular (fibrose de Rogers). Hiperplasia 
regenerativa nodular difusa tem sido relatada 
em casos de associação HIV/Leishmania. 
Estas alterações contribuem possivelmente 
para a grave desproteinemia que ocorre em 
pacientes com calazar. Os baixos níveis de 
albumina associados a fatores vasculares 
locais podem levar a formação de edema dos 
membros inferiores. 
Medula Óssea 
A medula óssea é em geral encontrada com 
hiperplasia e densamente parasitada. A 
eritropoese e granulopoese são normais no 
início do processo infeccioso. Durante as 
fases mais adiantadas da infecção, ocorre 
desregulação da hamatopoese, caracterizada 
pela diminuição da produção celular, com 
reflexo no quadro hematológico em períodos 
sucess ivos : a ) h iperp las ia no se to r 
histiocitário; b) hipoplasia no setor formador 
de sangue e, por fim, c) aplasia. 
A anemia é o achado mais frequente nos 
indivíduos doentes, sendo em geral, 
normocítica e normocrômica. Entre os 
mecanismos envolvidos na anemia está a 
destruição dos eritrbcitos no baço, a 
fagocitose e a hemólise. Na contagem 
diferencial de leucócitos é frequente a 
ausência de eosinófilos e basófilos e, 
marcadamente reduzida, a presença de 
neutrófilos, caracterizando a leucopenia. A 
contagem ab-soluta de linfócitos e monócitos 
é usualmente baixa, porém, em termos 
percentuais, na contagem total é alta. As 
plaquetas também estão diminuídas nos 
quadros graves e letais, principalmente nas 
fases mais adiantadas da doença, o que 
facilita a gênese de hemorragias. 
Rim 
A principal alteração que ocorre nos rins está 
r e l a c i o n a d a c o m a p r e s e n ç a d e 
imunocomplexos circulantes. Em muitos 
casos ocorre glomerolonefrite proliferativa e 
nefrite intersticial. Em decorrênciadas lesões 
renais, ocorrem distúrbios de sua função. As 
formas amastigotas de Leishmania são 
raramente visualizadas.
Linfonodos 
Os linfonodos encontram-se frequentemente 
aumentados.
Pulmões 
Nos pulmões ocorre, com relativa frequência, 
pneumonite intersticial com o espessamento 
dos septos pulmonares, devido a tumefação 
endotelial e proliferação das células septais, 
as vezes com fibrose septal, e de linfócitos e 
células plasmáticas. As amastigotas são raras 
ou ausentes no pulmão. Como resultado do 
envolvimento pulmonar, pacientes apresentam 
como principal sintoma a tosse seca. 
Em consequênc ia desse quadro de 
pneumonia intersticial associada a infecções 
secundárias, o paciente pode desenvolver 
broncopneumonia, que é uma importante 
causa de óbito na doença. 
Diagnóstico 
Clínico 
Baseia-se nos sinais e sintomas apresentados 
pelos pacientes associados a história de 
residência em área endêmica. Entretanto, é 
preciso especial atenção para outras doenças 
que apresentam sintomatologia semelhante, 
como malária, toxoplasmose, brucelose, 
t u b e r c u l o s e e e s q u i s t o s s o m o s e , 
principalmente em áreas onde ocorre a 
superposição na distribuição das doenças. 
Nos pacientes com AIDS, portadores do vírus 
HIV, de doenças malignas, como linfomas e 
lúpus eritematoso sistêmico, e naqueles 
submetidos a transplantes de órgãos, em uso 
de drogas contra a rejeição, os sinais e 
sintomas do calazar podem ser influenciados 
e m o d i fi c a d o s , d e f o r m a q u e a s 
manifestações clínicas não mantenham as 
suas características. 
Laboratorial 
Pesquisa do parasito: punção de medula, 
f ígado, baço (amstigotas dentro dos 
macrófagos); sangue (amastigotas no creme 
leucocitário)
Imunológicos: ELISA (98% sensibilidade, 
pode dar falso positivo com doença de 
chagas); RIFI (formas promastigotas em 
lâmina, sensibilidade e especificidade 90%, 
reações cruzadas fraca com doença de 
chagas, malária, esquistossomose, sífilis, 
h a n s e n í a s e ) ; I n t r a d e r m o r re a ç ã o d e 
Montenegro (sempre negativo durante o 
período da doença; torna-se positivo após a 
cura clínica).
Tratamento 
O arsenal terapêutico contra a leishmaniose 
v i sce ra l é l im i tado . Os an t imon ia i s 
pentavalentes (SbS+) antimoniato de N-
m e t i l g l u c a m i n a ( G l u c a n t i m e B ) e o 
estibogliconato sódico (PentostamB) são, na 
maioria dos países, a primeira opção 
terapêutica. No Brasil, a droga de escolha é o 
Glucantime, que é de distribuição gratuita na 
rede de saúde pública. A segunda opção é o 
Alopurinol.
O Ministério da Saúde recomenda a dose de 
20mg de Sb5+kg/dia, por via endovenosa ou 
intramuscular, durante 20 dias e, no máximo, 
por 40 dias. 
Em caso de recidiva é recomendado um 
segundo tratamento, em tempo mais 
prolongado (40 dias no máximo) antes de 
utilizar esquemas terapêuticos alternativos.. 
Neste caso, o desoxicolato de sódio de 
a n f o t e r i c i n a B e s u a s f o r m u l a ç õ e s 
l i possoma is , as pen tamid inas e os 
imunomoduladores são as drogas indicadas, 
com a recomendação de uso sob regime 
hospitalar. 
Os critérios de cura são clínicos e devem ser 
observados os seguintes aspectos: curva 
t é r m i c a n o r m a l , r e d u ç ã o d a 
hepatoesplenomegalia e melhora nos 
parâmetros hematológicos. O retomo a 
normalidade nas alterações protéicas séricas 
e a redução dos títulos de anticorpos são 
gradativos e lentos. O estado geral melhora 
progressivamente com o retomo do apetite. A 
cura é completa com a negativação do 
parasitismo.

Continue navegando