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aula 11 DI Responsabilidade Internacional

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Prof. Msc. Eduardo Negreiros
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Conceito: Segundo Portela (Paulo Henrique Gonçalves), a responsabilidade internacional é o instituto que permite que o ESTADO ou OI, que viole uma regra de DIP e cause dano a outro ESTADO ou OI, ou que provoque prejuízo a outrem em decorrência de determinadas atividades lícitas, arque com as consequências do ato ou do fato, devendo reparar os prejuízos eventualmente causados.
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Podem gerar responsabilização internacional certos ATOS LÍCITOS com potencial de causar dano a outros atores internacionais. 
 
Como a responsabilização pode ocorrer a partir de ato lícito, o instituto nem sempre terá efeito de sanção.
 
As OI podem ser responsabilizadas pela prática de um ilícito internacional ou figurarem como vítimas, fazendo jus a uma reparação (ex.: reparação à ONU pela morte de Folke Bernadotte na Palestina).
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é a “responsabilidade civil do Estado no DIP”, e, em geral, não se reveste de aspecto penal ou repressivo. Dessa forma, André de Carvalho Ramos entende que os fundamentos da responsabilidade são a IGUALDADE SOBERANA e a JURIDICIDADE DAS NORMAS INTERNACIONAIS. 
	Qualquer discussão de responsabilidade internacional está no coração do Direito internacional. Por sua vez, Portela ensina que o fundamento da responsabilidade internacional compõe-se de dois pilares: o dever de cumprir as obrigações internacionais livremente avençadas e a obrigação de não causar dano a outrem. A responsabilidade internacional visa, portanto, a contribuir para a aplicação prática das normas internacionais e a promover a eventual reparação dos prejuízos sofridos pelos sujeitos de Direito Internacional.
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A responsabilidade internacional se resolve, como regra geral, em reparação de natureza civil e, em casos excepcionais, em sanções penais (papel secundário). A responsabilização internacional, via de regra, culmina em obrigações de fazer e de pagar, com o escopo de reparar os danos causados ou indenizar pelos danos irreparáveis. A responsabilidade internacional penal de Estados é tema altamente controverso (parte da doutrina diz que não existe). Contudo, não se pode esquecer da responsabilidade penal internacional dos indivíduos, pelos atos previstos no Estatuto de Roma/TPI.
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As normas primárias de Direito Internacional representam as regras de conduta, que se violadas, fazem nascer as obrigações secundárias. As normas primárias contêm regras de condutas impostas aos Estados e as secundárias visam determinar quando se dá o descumprimento da obrigação internacional e as consequências desse descumprimento. Normas secundárias englobam elementos da responsabilidade, reparação e sanção. Por isso, a Teoria da Responsabilidade é aplicada ao Direito Ambiental, aos Direitos Humanos, ao Direito Econômico etc., porque basta que exista uma norma primária violada, aí todo arcabouço do Direito Internacional se movimenta. Por fim, lembrar: a responsabilidade internacional reforça a juridicidade do Direito Internacional. Caso ela não existisse, a própria juridicidade do Direito Internacional seria abalada.
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Atualmente, existem tratados prevendo a responsabilidade objetiva dos Estados nas áreas de meio ambiente, atividades nucleares e atividades espaciais, podendo ser citadas: a) Convenção sobre responsabilidade civil por danos nucleares (Viena, 1963); b) Convenção sobre responsabilidade civil no domínio da energia nuclear (Paris, 1960); c) Declaração de Princípios Legais concernentes às atividades do Estado na exploração e uso do espaço exterior (AGNU-1963); d) tratado para a exploração do espaço (ONU, 1967).
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Para André de Carvalho Ramos, há espaço para falar-se em uma responsabilidade absoluta, consistindo naquela em que não permite alegação de excludentes. Mesmo que na ocorrência de força maior ou caso fortuito, o Estado tem de reparar. É muito rara. Somente é aceita nos casos extremamente perigosos. Ex.: a Convenção sobre Responsabilidade Internacional por Danos Causados por Objetos Espaciais, da qual o Brasil é parte. Assim, um Estado lançador será responsável absoluto pelo pagamento de indenização por danos causados por seus objetos espaciais na superfície da Terra ou a aeronaves em voo. Essa Convenção é um exemplo de aplicação excepcional da responsabilidade objetiva no âmbito do DIP.
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A responsabilização do Estado ou da OI pode ser reclamada por intermédio dos mecanismos de solução de controvérsias existentes no cenário internacional, que incluem desde meios diplomáticos a órgãos jurisdicionais, que poderão apurar a imputabilidade do ato e determinar a forma de reparação cabível. Também os Judiciários nacionais podem agir, à luz, porém, das regras relativas à imunidade de jurisdição dos Estados e OIs.
VEJA!!! A banca FCC, na prova da DPE/BA de 2016, considerou correta a seguinte alternativa: “prevalece que, em matéria de Direitos Humanos, a responsabilidade é objetiva, devendo haver a violação de uma obrigação internacional, acompanhada do nexo de causalidade entre a mencionada violação e o dano sofrido.” (vide caso Mª da Penha).
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Para a teoria tradicional, o instituto da responsabilidade não se referia diretamente ao indivíduo, o qual, em caso de dano sofrido em decorrência do descumprimento de norma internacional, podia, no máximo, recorrer à proteção diplomática do Estado do qual é nacional. No entanto, atualmente, entende-se que já é possível a pessoa humana responsabilizar diretamente o Estado ou OI. É o caso dos mecanismos existentes dentro da UE e da OEA, que permitem que indivíduos pleiteiem as devidas reparações. Por outro lado, está em desenvolvimento a noção de que a pessoa natural também pode ser responsabilizada diretamente por transgredir norma internacional, não só no âmbito penal, dentro do qual essa ideia se encontra mais consolidada, mas também no campo civil, não se descartando, por exemplo, que o patrimônio de um indivíduo responda pelo pagamento de indenizações a vítimas de transgressões do DIP, especialmente no campo dos direitos humanos.
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#JÁCAIUEMPROVA: “Entre os danos ambientais transfronteiriços, apenas aqueles causados por atividades de risco proibidas pelo direito internacional geram para as vítimas direito de reparação dos prejuízos”. Está errada porque atividades não proibidas (lícitas, portanto) também podem causar danos.
#JÁCAIUEMPROVA: “Se um satélite alemão adentrar a atmosfera e atingir avião da Air France, haverá responsabilização internacional”. Está correta a alternativa.
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a) Legítima defesa: Trata-se da reação a um ataque armado, real ou iminente, tendo como função protetora, punitiva e reparadora, estando voltado a interromper o ataque, a punir o agressor e a reparar o dano causado. No entanto, os atos de legítima defesa devem ser proporcionais à agressão ou ao perigo e devem ser praticados apenas até que o Conselho de Segurança tome as medidas necessárias para a manutenção ou restauração da paz.
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b) Represálias: Segundo Portela, a represália é a retaliação a um ato ilícito de outro Estado. Normalmente, não é permitida pelo Direito Internacional, mas é admissível quando é uma RESPOSTA À VIOLAÇÃO DE NORMAS INTERNACIONAIS por parte de outro ente estatal. Para que exclua ou atenue a responsabilidade internacional requer ainda a ocorrência de um dano e deve ser proporcional ao gravame sofrido pelo Estado que recorre à represália.
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c) Contramedidas em geral: Configuram reação pacífica a um ato ilícito anterior, praticado por outro Estado, e deve ser proporcionais ao agravo sofrido, devendo haver, ainda, a advertência prévia. Todas as contramedidas – e não apenas a legítima defesa – têm função protetiva, punitiva e reparadora. Por fim, a CONTRAMEDIDA é ATO DE ESTADO (ato unilateral de “retaliação”), diferenciando-se assim das sanções coletivas, que são medidas que também caracterizam reações a ilícitos, mas que são tomadas por Organizações Internacionais.*
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d) Prescrição: Perda do direito de o Estado ou de a organização internacional reclamar a reparação de um dano decorrente de ato ilícito de outro sujeito de direito internacional
 
e) Estado de necessidade: Trata-se da lesão à bem jurídico de outrem para salvar bem jurídico próprio); O Esboço de Artigos sobre a Responsabilidade de Estados por Atos ilícitos Internacionais, da Comissão de Direito Internacional da ONU, previu o estado de necessidade como excludente de ilicitude internacional, desde que o ato aparentemente ilícito seja “a única maneira de salvaguardar um interesse essencial do Estado contra um perigo grave e iminente.”.
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f) Contribuição do Estado para o dano que sofreu: Pode excluir ou atenuar a responsabilidade do Estado que violou a norma internacional;
g) Força maior, caso fortuito e perigo extremo;
h) Imprecisão da regra internacional;
i) Tomada, pelo Estado, de medidas cabíveis para evitar um dano;
j) Reconhecimento de beligerância ou de insurgência por parte do Estado que tenha sofrido o dano.
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#JÁCAIUEMPROVA: A legítima defesa é a única excludente de ilicitude consagrada na Carta da ONU, e implica uma reação proporcional à agressão sofrida pelo Estado vítima, podendo ser individual ou coletiva, nos ditames do art. 51 da Carta.
NUNCA ESQUEÇA - O ENTE RESPONSÁVEL PELA REPARAÇÃO É O ESTADO OU A OI, CABENDO A ESTES EXERCER O DIREITO DE REGRESSO CONTRA O AGENTE QUE EFETIVAMENTE TENHA CAUSADO O PREJUÍZO, seja do Executivo, Legislativo, Judiciário ou até particular...
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#OBS1: Em princípio, o Estado não responde pelos danos decorrentes de atos praticados por seus cidadãos. Entretanto, o dever de reparar o prejuízo pode emergir se ficar provado que o ente estatal deixou de cumprir seus deveres elementares de “prevenção e repressão”. Ex.: quando o Estado concorda com ações de seus nacionais que configuram ilícitos internacionais ou se omite frente a tais atos.
#OBS2: Prevalece que o Estado deve ser responsabilizado pelas ações de grupos de revolucionários quando tiver concorrido para a ocorrência do conflito ou quando tiver faltado com a “diligência devida” para impedir ou reprimir o fato.
#OBS3: O reconhecimento do caráter de beligerante ou de insurgente de um movimento revolucionário por parte do ente estatal que tenha sofrido o dano exclui a responsabilidade do Estado onde atua esse movimento, a qual passa a recair sobre o beligerante ou insurgente. Caso os revoltosos assumam o governo, a responsabilidade por seus atos passa a caber ao Estado. 
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#JÁCAIUEMPROVA: TRF5 – A responsabilidade internacional enseja a reparação de danos tanto da parte do agente causador quanto da parte do Estado do qual esse agente se origine; errado, pois o agente não responde diretamente pelo ilícito internacional, a responsabilidade é do Estado Soberano ou da OI!!!
A responsabilidade internacional é atribuída à pessoa jurídica detentora de personalidade jurídica de direito internacional, ou seja, Estados e OIs, o que significa que os agentes do Estado causador do dano não responderão em caráter pessoal pela violação internacional, pois quem o fará será o Estado, podendo se aventar, no máximo, uma posterior ação regressiva deste contra o agente que deu causa ao ilícito. 
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O Conselho de Segurança da ONU (CSNU) é o órgão interno da ONU responsável por garantir a manutenção da paz e da segurança internacional.
As decisões do CSNU são chamadas de “resoluções” e podem ser obrigatórias (vinculantes) ou não-obrigatórias.
Caso o CSNU tenha editado uma decisão obrigatória, ela será vinculante para todos os Estados-membros da ONU. Vale ressaltar que é possível até mesmo que o CSNU determine intervenção militar em um Estado com o objetivo de garantir a execução de suas resoluções.
O Conselho de Segurança é composto por 15 membros, sendo 5 membros permanentes e 10 membros eleitos para mandato de 2 anos.
Os membros permanentes são os seguintes: EUA, China, Rússia, Reino Unido e França.
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O Brasil é membro da ONU, tendo assinado e promulgado a Carta das Nações Unidas (Decreto n.º 19.841/45).
Por essa razão, as resoluções do CSNU são obrigatórias para o Brasil, conforme previsto no artigo 25 da Carta das Nações Unidas:
Artigo 25. Os Membros das Nações Unidas concordam em aceitar e executar as decisões do Conselho de Segurança, de acordo com a presente Carta.
Incorporação e cumprimento das resoluções do CSNU...
Importante esclarecer que a resolução do CSNU é um documento internacional que, para produzir efeitos no Brasil, precisa ser previamente incorporado em nosso ordenamento jurídico. Antes de sua incorporação, ela não tem como ser cumprida.
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As resoluções do CSNU são incorporadas ao direito brasileiro por meio de simples decreto presidencial, editado com base no art. 84, IV, da CF/88:
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
Atente, portanto, para o fato de que, em regra, não é necessária nem mesmo a participação do Congresso Nacional, bastando a edição do Decreto. Há exceção para a participação do Brasil em operações de paz, enviando tropas, é necessária a aprovação do Congresso Nacional, por força da Lei n.º 2.953/56. Neste caso, o Congresso precisará editar um decreto-legislativo autorizando.
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DECRETO Nº 8.520, DE 28 DE SETEMBRO DE 2015
 
Dispõe sobre a execução, no território nacional, da Resolução 2174 (2014), de 27 de agosto de 2014, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que altera o embargo de armas aplicável à Líbia e autoriza a imposição de sanções a indivíduos e a entidades.
 
O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de Presidente da República, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 25 da Carta das Nações Unidas, promulgada pelo Decreto nº 19.841, de 22 de outubro de 1945, e
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Considerando a adoção pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas da Resolução 2174 (2014), de 27 de agosto de 2014, que altera o embargo de armas aplicável à Líbia e autoriza a imposição de sanções a indivíduos e a entidades;
DECRETA:
	Art. 1º A Resolução 2174 (2014), adotada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 27 de agosto de 2014, anexa a este Decreto, será executada e cumprida integralmente em seus termos.
Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
 
Brasília, 28 de setembro  de 2015; 194º da Independência e 127º da República.
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O Conselho de Segurança da ONU pode impor sanções a países, bem como a pessoas físicas ou jurídicas. Essas sanções são aplicadas por meio de resoluções.
Dentre as sanções existentes, o CSNU pode determinar a indisponibilidade de bens, valores e direitos que pertençam à pessoa física ou jurídica punida.
Normalmente, o CSNU aplica tais sanções a pessoas que tiveram participação comprovada no financiamento ou na prática de ações terroristas.
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Há um problema no momento de fazer cumprir no Brasil a Resolução do CSNU que aplica como sanção a indisponibilidade de bens, valores e direitos. Isso porque, em primeiro lugar, é necessário, como visto acima, editar um Decreto Presidencial determinando a execução e cumprimento da medida no Brasil.
No entanto, mesmo após esse Decreto, a indisponibilidade dos bens não é imediata, automática, uma vez que a CF/88 determina que ninguém pode ser privado de seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LIV). Logo, um simples Decreto não tem o condão de gerar a indisponibilidade dos bens de qualquer pessoa, sendo necessário processo judicial.
ASSIM, antes Lei n.º 13.170/2015, não havia um procedimento disciplinando o processo judicial para decretação de indisponibilidade dos bens em cumprimento de resolução do CSNU. Diante disso, a União tinha que ingressar com uma ação ordináriapedindo a indisponibilidade, sendo que esse procedimento era demorado, custoso e não havia previsão de um regramento próprio.
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A Lei n.º 13.170/2015 veio, portanto, alterar esse cenário e criou, em nosso ordenamento jurídico, uma ação de indisponibilidade a fim de dar cumprimento mais célere e simplificado às resoluções do CSNU que imponham tal sanção. 
Veja o que diz o art. 1º:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a ação de indisponibilidade de bens, valores e direitos de posse ou propriedade e de todos os demais direitos, reais ou pessoais, de titularidade, direta ou indireta, das pessoas físicas ou jurídicas submetidas a esse tipo de sanção por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas - CSNU.
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A Lei nº 13.170/2015 determinou que o juiz deverá providenciar a imediata intimação da União quando proferir sentenças condenatórias relacionadas à prática de atos terroristas.
 
O que é terrorismo?
 
O Min. Celso de Mello, de forma precisa, constata que até hoje, “a comunidade internacional foi incapaz de chegar a uma conclusão acerca da definição jurídica do crime de terrorismo, sendo relevante observar que, até o presente momento, já foram elaborados, no âmbito da Organização das Nações Unidas, pelo menos, 13 (treze) instrumentos internacionais sobre a matéria, sem que se chegasse, contudo, a um consenso universal sobre quais elementos essenciais deveriam compor a definição típica do crime de terrorismo ou, então, sobre quais requisitos deveriam considerar-se necessários à configuração dogmática da prática delituosa de atos terroristas” (STF PPE 730/DF, julgado em 16/12/2014).  
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“o terrorismo pode ser definido como a prática do terror como ação política, procurando alcançar, pelo uso da violência, objetivos que poderiam ou não ser estabelecidos em função do exercício legal da vontade política. Suas características mais destacadas são: a indeterminação do número de vítimas; a generalização da violência contra pessoas e coisas; a liquidação, desativação ou retração da vontade de combater o inimigo predeterminado; a paralisação contra a vontade de reação da população; e o sentimento de insegurança transmitido principalmente pelos meios de comunicação” (Terrorismo e devido processo legal. RCEJ, ano VI, Brasília, set. 2002, p. 27-30 apud LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Especial Comentada. Niterói: Impetus, 2013, p. 58).
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Em 16 de março de 2016, adveio a Lei 13.260/2016, que regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito de organização terrorista; e altera as Leis nos 7.960, de 21 de dezembro de 1989, e 12.850, de 2 de agosto de 2013. Assim, deve-se aguardar a nova posição do STF a respeito do assunto, já que, em tese, com o advento da Lei (13.260/2016) estaria superada a indefinição gerada pela lei anterior que versava sobre o tema (L. 7.170/83).
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