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FÍSICO QUÍMICA EXPERIMENTAL EXPERIMENTO 9 ADSORÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO EM CARVÃO ATIVADO Junho/2018 SUMÁRIO Introdução...........................................................................................................02 Objetivos.............................................................................................................07 Procedimento Experimental................................................................................07 Resultados e Discussão.......................................................................................08 Conclusão............................................................................................................15 Referências Bibliográficas.................................................................................. 16 INTRODUÇÃO Adsorção é um fenômeno que ocorre na interface entre duas substâncias, podendo ser entre um sólido e um líquido, um sólido e um gás ou um líquido e um gás. É caracterizada pelo aumento da concentração da substância líquida, gasosa ou em solução na superfície da fase condensada (sólido ou líquido). A fase condensada é chamada de adsorvente, e adsorve partículas da segunda substância ou solução em seus poros; a substância ou solução que tem suas partículas adsorvidas na superfície da fase condensada é chamada de adsorbato. A quantidade de adsorvato adsorvida na superfície depende da sua natureza e concentração (ou pressão), da natureza do adsorvente e da temperatura. [1,2] A adsorção em solução consiste em uma massa conhecida de sólido adsorvente sendo agitada num volume conhecido de solução, a uma dada temperatura, até que a velocidade de adsorção de novas moléculas seja igual a velocidade de dessorção das moléculas adsorvidas, ou seja, até que não haja mais variação na concentração da solução sobrenadante. Essa concentração pode ser expressa por uma variedade de métodos e os dados experimentais são expressos usualmente em termos de isoterma aparente de adsorção, na qual se representa graficamente a quantidade de soluto adsorvida numa dada temperatura por unidade de massa de adsorvente contra a concentração de equilíbrio. [3] As moléculas e átomos podem ligar-se de duas maneiras a uma superfície, embora não exista uma fronteira clara entre os dois tipos de adsorção, isto é, a adsorção pode ser física ou química. Na adsorção química ( também chamada quimissorção), átomos ou moléculas unem-se à superfície do adsorvente por ligações químicas (geralmente covalentes), levando a formação de um composto químico de superfície, ou complexo de adsorção. Neste caso, o calor de adsorção é da mesma ordem de grandeza dos calores de reação. Nesse tipo de adsorção, os átomos ou moléculas são ligados a superfície do sólido, havendo a possibilidade de o adsorvente e o adsorvato não se separarem. [3,4] A adsorção física (também chamada de fisissorção) é não-específica e rápida, ocorre por meio de interações fracas, como as interações de van der Waals (forças dipolo-dipolo e forças de polarização, envolvendo dipolos induzidos) entre o adsorvato e adsorvente, podemos melhor defini-la como sendo aquela que ocorre quando as forças intermoleculares de atração das moléculas na fase fluida e da superfície sólida são maiores que as forças atrativas entre as moléculas do próprio fluido. O calor de adsorção é pequeno e da mesma ordem de grandeza dos calores de condensação. Nesse tipo de adsorção, não há ligações sendo formadas ou quebradas, de modo que o processo é reversível [1,3,4]. Na adsorção física podem formar-se camadas moleculares sobrepostas, enquanto que na adsorção química se forma uma única camada molecular adsorvida (monocamada). [1] Na Tabela 1, são mencionadas as principais diferenças entre os modos de adsorção. Tabela 1 - Principais diferenças entre os processos de adsorção física e química. Adsorção física Adsorção química Causada por forças de van der Waals Causada por forças eletrostáticas e ligações covalentes Não há transferência de elétrons Há transferência de elétrons Fenômeno Geral para qualquer espécie Fenômeno específico e seletivo A camada adsorvida pode ser removida por aplicação de vácuo à temperatura de adsorção A camada adsorvida só é removida por aplicação de vácuo e aquecimento a temperatura acima da de adsorção Formação de multicamadas abaixo a temperatura crítica Somente há formação de multicamadas Adsorvente quase não é afetado Adsorvente modificado na superfície Dentre os fatores que influenciam o processo de adsorção, estão: os tipos de estrutura dos poros (ultramicropóros, supermicropóros, mesoporos e macroporos); as propriedades do adsorvente e os grupos funcionais que desempenham papel importante no mecanismo e na capacidade de adsorção; a temperatura; a solubilidade do soluto; o pH do meio; agitação e tempo de contato. [4] Há na literatura um número expressivo de trabalhos relacionados aos diversos materiais adsorventes (que possuem propriedades adsortivas), tais como as argilas, zeólitas, nanoadsorventes magnéticos e o uso de carvão ativado. O carvão ativado é um dos materiais mais utilizados no processo de adsorção, por apresentar intensa porosidade interna e em muitos casos, podendo ser preparado utilizando-se bioadsorventes preparados a partir de biomassas, tais como cascas de frutas, derivados de lixo, do bagaço da cana, etc. [6,7] Vários fatores podem influenciar na intensidade de adsorção de um composto, esta pode ser afetada pelas características do carvão (distribuição e volume dos poros, área superficial) e condições operacionais (vazão, tempo de contato, pH, temperatura, pressão, concentração do adsorvente). [8] A quantidade de substância adsorvida na superfície decresce com o aumento da temperatura, já que todos os processos de adsorção são exotérmicos. A uma temperatura constante a quantidade adsorvida aumenta com a concentração do adsorbato (em solução ou na fase gasosa), e a relação entre a quantidade adsorvida (x) e a concentração (c) é conhecida como a isoterma de adsorção, sendo as mais utilizadas no estudo da adsorção as isotermas de Langmuir, Freundlich e Brunauer, Emmett, Teller (BET). [1,9] Somente a concentrações muito baixas é que x é proporcional a concentração. Geralmente a quantidade adsorvida aumenta menos do que proporcionalmente à concentração, devido à saturação gradual da superfície. [1] Diversos pesquisadores propõem, a partir de dados experimentais, expressões matemáticas que se ajustam a diferentes curvas isotérmicas em condições experimentais definidas. No entanto, os modelos usualmente aplicados ao ajuste são os modelos de Isoterma de Freundlich, que melhor se aplica a fenômenos de adsorção que ocorrem com formação de multicamadas e a Isoterma de Langmuir, na qual os sítios do adsorvente são todos equivalentes e considera-se que as moléculas adsorvidas não interagem umas com as outras nem saltam de um sítio para outro e a adsorção completa-se quando todos os sítios forem ocupados, correspondendo a uma monocamada de adsorbato. [10] A isoterma de Langmuir pode ser descrita pela Eq. 1: Equação 1 Onde: m = a massa do sólido (adsorvente); a = constante que está relacionada com a área do sólido, sendo uma medida da capacidade de adsorção do adsorvente para um dado adsorbato; b = constante que está relacionada com a entalpia de adsorção; x – quantidade adsorvida; c - concentração do adsorbato. Sistemas que são descritos pela Isoterma de Freundlich, são descritos pela Eq. 2: Equação 2 O expoente 1/n é adimensional, tem valor entre 0,1 e 1,0 e está relacionado com a intensidade da adsorção. A Eq. 2 também pode ser escrita de forma a fornecer a equação de uma reta, de acordo com a equação abaixo: Equação3 É importante se conhecer as isotermas de adsorção, pois elas nosdão condições para avaliar a capacidade de retenção de adsorbatos por um carvão ativado, fornecem informações importantes sobre o mecanismo de adsorção e mostram a relação de equilíbrio entre a concentração na fase fluida e a concentração nas partículas adsorventes em uma determinada temperatura. A adsorção é apresentada como uma alternativa importante e economicamente viável em muitos casos e tem grandes aplicações tecnológicas. Alguns adsorventes são utilizados em larga escala em processos de secagem, como catalisadores (catálise heterogênea), purificação de gases e líquidos, controladores de poluição (como componentes de catalisadores em veículos), etc. Muitas drogas são adsorvidas seletivamente, e assim sua atividade no organismo se deve à adsorção que sofrem nos diversos tecidos. Matérias corantes que seriam perdidos em águas de despejo podem ser recuperadas pela adsorção do carvão e o próprio processo de tintura é muitas vezes um procedimento de adsorção de corante na fibra [1,8]. OBJETIVOS Determinar a isoterma de adsorção do ácido acético sobre a superfície de carvão ativo, discutindo se a adsorção foi química ou física e relatar os fatores que influenciam na adsorção. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Parte 1 - Preparou-se 250 mL de uma solução de 2 M de ácido acético. Tomou-se uma alíquota de 5 mL dessa solução e a mesma foi padronizada utilizando uma solução de NaOH. Repetiu-se a padronização e calculou-se a concentração pela média dos dois valores obtidos Rotulou-se e guardou-se a solução de NaOH para utilizá-lo na semana seguinte Preparou-se (com o restante da solução padronizada) volumes de 100 mL de soluções de ácido acético nas concentrações 2,0; 0,70; 0,25; 0,10; 0,050 M. Pesaram-se seis amostras de 2 g de carvão ativo que foram transferidos para cinco frascos com rolhas (o carvão foi pesado rapidamente para impedir a adsorção de impurezas da atmosfera) Transferiu-se 100 mL das soluções de ácido acético preparadas para cada um dos frascos que contém carvão ativo, numerando-os de 1 a 5. Deixou-se o sistema em repouso durante uma semana. Foto 1: Fonte: Os autores (2018) Parte 2 - Filtraram-se as soluções, que não apresentaram boa decantação, separando-as do carvão. Tomaram-se duas alíquotas de 5 mL de cada uma das cinco soluções e titulou-se com a mesma solução de NaOH 0,5 M padronizada utilizada na semana anterior. RESULTADOS E DISCUSSÕES Com a solução de ácido acético 2 M, em um balão de 250 mL, foi padronizado a solução para determinar a concentração inicial real do ácido conforme a equação 1 abaixo: M = (Equação 4) 2 mol.L-1 = m / 60,05 g.mol-1.0,250 L m = 30,025 g Onde, M = concentração inicial do ácido acético m = massa do ácido acético V = Volume do balão MM = massa molar do ácido acético Considerando a densidade do ácido acético = 1,05 g.mL-1, podemos calcular o volume real da solução através da equação 2: d = (Equação 5) 1,05 g.mL-1 = 30,025 g / v v = 28,60 mL Onde, d = densidade do ácido acético m = massa do ácido acético v = volume real da solução Colocou-se esse volume no balão de 250 mL e completou com água destilada. A porcentagem de pureza do ácido acético no rótulo da embalagem é de 99,7%, portanto pode-se realizar o cálculo considerando a pureza de 100%: 28,60 mL ------------------- 99,7% X ------------------- 100% X = 28,68 mL Foi feita a padronização da solução 3 vezes e os valores obtidos e suas médias encontram-se na tabela 1 abaixo: Tabela 2 – Valores das padronizações e médias da solução Padronização 1 (mL) Padronização 2 (mL) Padronização 3 (mL) Média (mL) 10,0 10,1 10,0 10,03 Determinação da concentração de ácido acético: C1.V1 = C2.V2 (Equação 6) 2 mol.10,03 mL = C2.5mL C2 = 4,012 mol Onde, C1 = Concentração inicial do ácido acético V1 = Média do volume das padronizações V2 = Volume da alíquota A estequiometria é 1:2, então a C2 é dividida por 2, obtendo-se então um valor de 2,006 mol. Cada frasco possui a concentração inicial e através da concentração inicial foi possível determinar o Volume inicial de ácido acético de cada frasco conforme a equação 6 abaixo: C1.V1 = C2.V2 2 mol. 100 mL = 2,006 mol.V2 V2 = 99,7 mL = 0,0997 L Onde, C1 = Concentração inicial (2M, 0,7M, 0,25M, 0,1M e 0,05M) V1 = Volume do balão na diluição C2 = Concentração do ácido acético padronizado Analogamente foram realizados os cálculos do V2 para os outros frascos e encontram-se na tabela 2. Com o volume inicial determinado foi-se possível determinar a massa inicial do ácido acético em gramas conforme a equação 2 abaixo: M = (Equação 7) 2,0 mol.L-1 = m / 60,05 g.mol-1.0,0997 L m = 11,973 g Onde, M = concentração inicial do ácido acético m = massa inicial do ácido acético V = Volume inicial do ácido acético MM = massa molar do ácido acético Analogamente foram realizados os cálculos da massa de HAc inicial para os demais frascos e encontram-se na tabela 3. Tabela 3: Dados iniciais Frasco C inicial (M) V inicial (L) Vm (L) 1 2 0,0997 0,0097 2 0,7 0,0348 0,0032 3 0,25 0,01246 0,0011 4 0,10 0,0049 0,0004 5 0,05 0,0024 0,00017 Onde: C inicial (M) = concentração inicial de ácido acético V inicial (L) = volume inicial da solução de ácido acético Vm = volume médio final das titulações A concentração final de ácido acético foi calculada conforme a equação 8: Cfinal = CNaOH. VNaOH / V (amostra) (Equação 8) Cfinal = 0,5 M . 0,0097 L / 0,005 L Cfinal = 0,97 mol/L Onde, Cfinal = concentração final de ácido acético CNaOH = concentração da solução de NaOH VNaOH = volume gasto de NaOH na titulação V (amostra) = volume da alíquota da amostra Analogamente foi realizado o mesmo cálculos para os frascos de 2 a 5 e encontram-se na tabela 3. A massa final dos frascos foram calculados através da equação 7: M = 2,0 mol.L-1 = m / 60,05 g.mol-1.0,0097 L m = 1,1649 Analogamente foi realizado o mesmo cálculos para os frascos de 2 a 5 e encontram-se na tabela 3. Tabela 4 – Resultados obtidos com o experimento Frasco Cfinal (mol/L) log Cfinal M(A)i (g) M(A)f (g) 1 0,97 -0,0132 11,973 1,1649 2 0,32 -0,4948 1,462 0,1345 3 0,11 -0,9586 0,187 0,0165 4 0,04 -1,3979 0,029 0,0024 5 0,017 -1,7695 0,007 0,0005 Onde: Cfinal (mol/L) = concentração final HAc log Cfinal = log da concentração final M(A)i (g) = massa inicial de ácido acético M(A)f (g) = massa final de ácido acético Após obter os valores de massas iniciais e finais do HAc, foi calculado a diferença das massas (x) conforme a equação 9 abaixo: x = M(A)i – M(A)f (Equação 9) x = 11,973 g – 1,1649 g x = 10,8081 g Analogamente foi realizado o mesmo cálculos para os frascos de 2 a 5 e encontram-se na tabela 4. Foi utilizado a pesagem das massas de carvão para calcular a razão das diferenças de massas do HAc pela massa do carvão e os valores encontram-se na tabela 4. Com os dados da tabela 3 e 4 foi possível calcular C/x/m e o log de X/m, e seus valores encontram-se na tabela 4. Tabela 4 – Dados calculados no experimento Frasco x (g) m carvão (g) x/m C/x/m (mol/L) log (x/m) 1 10,8081 2,0070 5,3852 0,1801 0,7312 2 1,3275 2,0278 0,6546 0,4888 -0,1840 3 0,1705 2,0409 0,0835 1,3173 -1,0783 4 0,0266 2,0027 0,0133 3,0075 -1,8761 5 0,0065 2,0243 0,0032 5,3125 -2,4948 Onde: x = Diferenças das massas iniciais e finais m carvão (g) = massa pesada do carvão x/m = diferença das massas de HAc em razão da massa do carvão C/x/m (mol/L) = concentração em razão das diferenças das massas de HAc e a massa do carvão log (x/m) = log da razão entre as diferenças de massas de HAc e da massa do carvão. O modelo de Langmuir corresponde a equação do tipo: C/x/m = 1/ab + 1/a.C (Equação 1) Logo, a partir dos dados obtidos na tabela 4 foi feito um gráfico de log (x/m) versus log c, ecalculado as constantes 1/ab e 1/a através do gráfico pelo coeficiente linear e angular usando a equação da reta. A equação da reta foi: y = a + bx y = 3,12815 – 3,66134x Comparando a equação de Langmuir (eq. 1), podemos obter: y = C/x/m a = 1/ab b = 1/a x = C Sendo assim, o valor de 1/ab é dado por: 3,12815 O valor de 1/a é dado por: – 3,66134 Figura 1 – Imagem do gráfico de C versus C/x/m O sistema abaixo pode ser descrito pela Isoterma de Freundlich, que corresponde a uma equação do tipo: log (x/m) = log k + (1/ n).log c (Equação 3) Logo, a partir dos dados obtidos na tabela 4 foi feito um gráfico de log (x/m) versus log c, e calculado as constantes K e n através do gráfico pelo coeficiente linear e angular usando a equação da reta. A equação da reta foi: y = a + bx y = 0,73106 + 1,84664x Comparando a equação de Freundlich (eq. 3), podemos obter: y = log (x/m) a = log k b = (1/n) x = log c Sendo assim, o valor de k é dado por: log k = 0,73106 = -0,1360 O valor de n é dado por: 1/n = 1,84664 n = 0,5415 Figura 2 – Imagem do gráfico de log C versus log (x/m) CONCLUSÃO Analisando os valores de R² (coeficiente de correlação) dos dois modelos, chegamos a conclusão de que o modelo que se aplica melhor ao experimento é o modelo de Freundlich, ou seja, o processo de adsorção que ocorreu foi uma adsorção física. O valor de R² pelo modelo de Freundlich, pois ele se aproxima ao valor de 1. Os pontos experimentais se aplicam melhor à recurva, os pontos estão mais próximos. O modelo de Freundlich admite adsorção em multicamadas. Dentre os fatores que influenciam o processo de adsorção, estão: os tipos de estrutura dos poros (ultramicroporos, supermicroporos, mesoporos e macroporos); as propriedades do adsorvente e os grupos funcionais que desempenham papel importante no mecanismo e na capacidade de adsorção; a temperatura; a solubilidade do soluto; o pH do meio; agitação e tempo de contato. REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS [1] ATKINS, P. e PAULA, J. – Físico-Química. 7ª edição, LTC, Rio de Janeiro, 2003. V. 1 [2] https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10607/10607_4.PDF acessado em 15/06/2018 [3] http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc32_1/10-EEQ-2209.pdf acessado em 15/06/2018 [4]ATKINS,P. e Paula,J. – Físico-Química. 5ª edição, LTC, Rio de Janeiro, 2009.
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