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ERER Cap1b Energia e Desenvolvimento

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Prof. Dr. Federico Bernardino Morante Trigoso 
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas 
“ELETRIFICAÇÃO RURAL COM 
RECURSOS ENERGÉTICOS RENOVÁVEIS” 
CAPÍTULO 1b: 
 
Energia e Desenvolvimento Rural 
SUMÁRIO 
• Eletrificação rural 
• Uso da rede elétrica no meio rural 
• Eletrificação em comunidades tradicionais 
• Problemática da eletrificação rural 
• Principais barreiras 
• Universalização do serviço de energia elétrica 
• O Programa “Luz Para Todos” 
• Discussão em sala de aula 
• Comentários finais 
• Questionário 
ELETRIFICAÇÃO RURAL 
• É inegável que a energia elétrica desempenha um papel de 
fundamental importância no desenvolvimento das sociedades. No 
entanto, sua introdução foi dirigida principalmente às áreas urbanas e 
aos lugares com maior potencial de crescimento econômico. 
 
• Fundamentalmente nos denominados países em desenvolvimento foram 
ficando enormes áreas de ocupação humana sem eletricidade. 
ELETRIFICAÇÃO RURAL 
A eletrificação pode ampliar as oportunidades no sentido de que 
ela possibilita: 
 
• O uso da iluminação residencial e pública, o que aumenta as horas de 
trabalho, estudo ou lazer; 
 
• O uso de eletrodomésticos como rádio, televisão, liquidificadores, 
máquinas de lavar, aparelhos de vídeo e de som, etc.; 
 
• A telefonia e a radiocomunicação, além do uso do fax, computadores e 
internet; 
 
• A eletrificação de hospitais ou postos de saúde, acompanhada do uso de 
refrigeradores para vacinas, microscópios ou instrumentos médicos; 
 
• A eletrificação de escolas e o emprego de sistemas audiovisuais; 
 
• A constituição de processos de produção, isto é, a utilização de 
máquinas com a capacidade de aumentar o nível de renda da população; 
 
• A transição energética por causa da substituição de combustíveis e 
dispositivos energéticos como lamparinas, velas, pilhas, etc. 
VISÃO HISTÓRICA DA ELETRIFICAÇÃO RURAL 
UTILIZANDO A EXTENSÃO DA REDE ELÉTRICA 
USO DA REDE ELÉTRICA NO MEIO RURAL 
“O Ministério de Minas e Energia, através do Decreto no 
62.655 de 03 de maio de 1968, estabeleceu que a 
eletrificação rural compreende a transmissão e a distribuição 
de energia elétrica para atender aos consumidores sediados 
fora dos perímetros urbanos e suburbanos ou aos 
pertencentes a aglomerados populacionais com mais de 2.500 
habitantes e com atividades ligadas diretamente à exploração 
agropecuária; ou consumidores sediados naquelas áreas, 
dedicando-se a quaisquer outros tipos de atividades, porém 
com carga ligada de até 45 kVA”. 
Fonte: “Eletrificação Rural”, Cezar Piedade Jr. 1988 
• Nos países onde a maior parte da zona rural está energizada, o 
uso da eletricidade tem se desenvolvido no sentido de se atingir 
os mesmos níveis de utilização das regiões urbanas. 
USO DA REDE ELÉTRICA NO MEIO RURAL 
• A eletrificação rural se caracteriza por aspectos que lhe são 
peculiares, decorrentes da natureza técnico-econômica das 
atividades agrícolas e que podem ser resumidas em: 
 
 Alta dispersão populacional. 
 
 Baixa densidade econômica e de consumo. 
 
 Alto investimento unitário por consumidor. 
 
 Elevado custo operacional. 
 
 Baixa rentabilidade financeira. 
USO DA REDE ELÉTRICA NO MEIO RURAL 
• A eletrificação rural representa um meio eficaz de levar o 
desenvolvimento e o bem-estar às populações rurais com os 
seguintes objetivos: 
 
 Fixação do homem no campo, como conseqüência de 
melhores oportunidades de trabalho, de produção e de 
condições de vida. 
 
 Proporcionar às atividades rurais práticas com alto grau de 
eficiência na produção, na industrialização primária de 
produtos agropecuários e na criação de animais, objetivando a 
produção de alimentos. 
 
 Criar áreas nas regiões rurais que possam atrair novas 
industrias e serviços, permitindo um alívio nos grandes 
centros. 
USO DA REDE ELÉTRICA NO MEIO RURAL 
• O desenvolvimento da eletrificação rural em diversos países tem 
demonstrado as seguintes fases de evolução: 
 
1) Uma eletrificação primitiva, na maioria das vezes de 
iniciativa local. 
 
2) Uma eletrificação generalizada com o objetivo de atender a 
distribuição da totalidade de um território. 
 
3) Uma eletrificação intensiva que visa a um desenvolvimento 
profundo do uso da eletricidade colocada no meio rural, 
atingindo com isso um nível de eletrificação urbana. 
• A passagem de uma fase a outra, em condições ideais, deveria 
ser a mais rápida possível, no entanto, em condições reais 
existem limitações econômicas e sociais. 
USO DA REDE ELÉTRICA NO MEIO RURAL 
Sistema de Transmissão brasileiro (Fonte: ONS, 2013). 
Configuração do 
sistema elétrico do 
estado do Piaui 
(CEPISA, 2011). 
USO DA REDE ELÉTRICA NO MEIO RURAL 
Tarifa de energia elétrica por classe e por região no Brasil (R$/MWh). 
(Fonte: ANEEL,2013) 
Classe de Consumo 
Região 
Centro 
Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil 
Comercial, Serviços e Outras 270,1 273,5 295,3 243,3 239,2 252,6 
Consumo Próprio 297,0 278,1 273,7 266,4 243,1 268,1 
Iluminação Pública 155,5 162,3 167,9 149,2 137,2 152,1 
Industrial 183,8 204,9 218,4 214,7 203,0 207,9 
Poder Público 265,3 284,9 314,7 260,0 251,4 271,2 
Residencial 295,7 273,0 289,6 273,9 258,1 273,7 
Rural 203,6 194,3 218,0 183,6 173,9 185,7 
Rural Agricultor 246,8 157,9 217,3 204,3 153,0 158,4 
Rural Irrigante 199,0 119,5 225,4 143,0 131,6 130,3 
Serviço Público (água, esgoto e 
saneamento) 180,4 182,0 197,5 176,9 180,1 180,3 
Serviço Público (tração elétrica) 213,6 202,0 201,5 203,1 
Média 251,6 244,6 267,9 244,5 222,0 241,6 
• A EXCLUSÃO ELÉTRICA é mais freqüente em domicílios com maior número 
de moradores e menor número de cômodos. Isto ainda é relativamente mais 
grave entre as faixas de renda mais baixas. 
 
• Esta exclusão acontece, na maioria das vezes, nos domicílios sem acesso à 
rede de água tratada, à rede de esgotos e à coleta de lixo. 
 
• A exclusão elétrica é pior entre as famílias cujo chefe tem como ocupação 
a agricultura e com poucos anos de estudo. Em linhas gerais, esta exclusão 
é grave na zona rural das regiões mais pobres. 
USO DA REDE ELÉTRICA NO MEIO RURAL 
ELETRIFICAÇÃO EM COMUNIDADES TRADICIONAIS 
• Em muitas zonas rurais dos países em desenvolvimento fica 
difícil estender a rede elétrica devido a uma serie de motivos 
(ambientais, geográficos, econômicos, etc.) 
 
• Neste caso, novas tecnologias de geração vem sendo 
utilizadas como eólica, biomassa ou solar-fotovoltaica, entre 
outras. 
 
• No entanto, deve-se considerar que a grande maioria dos 
núcleos humanos onde essas tecnologias estão sendo inseridas 
pertence às denominadas “populações tradicionais”. 
• Segundo Diegues (1998: 81), apesar de sua grande diversidade, 
as sociedades tradicionais mostram em vários graus certas 
características comuns, tais como: 
 
 Ligação intensa com os territórios ancestrais. 
 
 Auto-identificação e identificação pelos outros como grupos 
culturais distintos. 
 
 Linguagem própria, muitas vezes não a nacional. 
 
 Presença de instituições sociais e políticas próprias e 
tradicionais. 
 
 Sistemas de produção principalmente voltados para a 
subsistência. 
ELETRIFICAÇÃO EM COMUNIDADES TRADICIONAIS 
• Desde o inicio da eletrificação rural em países industrializados, 
esforços públicos têm sido legitimados por aquilo que é entendido como 
as positivas EXTERNALIDADES SOCIAIS DA ENERGIA ELÉTRICA. 
 
• Isso se expressa através da institucionalização da “obrigação de 
serviço” para utilidades públicas. 
 
• Entretanto, diversos estudos quantitativos e empíricos mostram que os 
impactos sobre o desenvolvimento não são automaticamente derivados da 
extensão da rede elétrica para áreas rurais em países em 
desenvolvimento.• No meio rural onde estão estabelecidas sociedades tradicionais se 
verifica crises de energia resultantes de: 
 
 Rápidas transformações endógenas que afetam o ambiente 
socioeconômico e as necessidades dessas sociedades. 
 
 Uma capacidade endógena de adaptar seus sistemas tecnológicos, 
que é muito lento para continuar com essas transformações. 
PROBLEMÁTICA DA ELETRIFICAÇÃO RURAL 
PROBLEMÁTICA DA ELETRIFICAÇÃO RURAL 
• Áreas rurais em geral 
são caracterizadas por 
uma baixa densidade 
demográfica que não pode 
ser comparada a 
densidades observadas 
nas concentrações 
urbanas ou peri-urbanas. 
 
• Como resultado, existe 
uma hierarquia na 
provisão de serviços que 
vai do mais denso ao 
menos denso em termos 
de população. 
Hierarquia geográfica de 
dependência para acesso 
a mercadorias e serviços 
– Estado da Bahia. 
SURGIMENTO DE NOVAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS PARA 
PRODUÇÃO AGRÍCOLA 
 
• As mudanças que acontecem no campo revelam novas necessidades de 
energia influenciando a economia existente: novas despesas resultantes 
da monetarização das economias rurais. 
 
• A mudança na economia rural também revela novas exigências quanto 
ao armazenamento de produtos e transporte de pessoas e mercadorias 
(carga, distancia, velocidades, cansaço, etc. 
 
• Soluções tradicionais de energia voltam muitas vezes a ficar 
impróprias ou pelo menos seriamente limitadas, quando comparadas às 
novas exigências. 
PROBLEMÁTICA DA ELETRIFICAÇÃO RURAL 
A produtividade das soluções energéticas tradicionais, que foram 
satisfatórias no passado como resposta às necessidades de um 
sistema agrário convencional, tornam-se agora insuficientes: A 
ESCOLHA DE UMA SOLUÇÃO E DIFUSÃO NÃO É FÁCIL. 
NOVAS EXIGÊNCIAS LIGADAS À DIFUSÃO DE NOVOS PADRÕES DE 
CONSUMO CRIAM NOVAS NECESSIDADES DE ENERGIA QUE NÃO 
PODEM SER ALCANÇADAS 
 
• Ao lado das crises quantitativas das técnicas tradicionais e formas de 
energia, novas necessidades e exigências qualitativas aparecem, as quais 
são ligadas a difusão de um novo estilo de vida que se manifesta por: 
 
• Rejeição de responsabilidade ou ineficiência de alguma solução 
energética, é o caso da iluminação a vela ou candeeiros a querosene que 
é rejeitada quando as pessoas descobrem a luz elétrica. 
 
• A emergência de novos tipos de necessidades as quais o pessoal da 
zona rural pode aplicar soluções insatisfatórias. 
PROBLEMÁTICA DA ELETRIFICAÇÃO RURAL 
A produtividade das soluções energéticas tradicionais, que foram 
satisfatórias no passado como resposta às necessidades de um 
sistema agrário convencional, tornam-se agora insuficientes: A 
ESCOLHA DE UMA SOLUÇÃO E DIFUSÃO NÃO É FÁCIL. 
• Existem BARREIRAS INSTITUCIONAIS que se relacionam 
diretamente com as instituições governamentais ou empresariais 
que têm o poder de decisão para que a energia seja acessível a 
todos. 
 
• Estas decisões muitas vezes são guiadas por interesses 
econômicos ou políticos. 
PRINCIPAIS BARREIRAS 
• As barreiras que dificultam o acesso às fontes de energia mais 
nobres por parte da população rural mais empobrecida, ainda não 
foram superadas em sua totalidade. 
 
• Geralmente estas populações estão localizadas em lugares 
afastados, dispersos e de difícil acesso. 
• As BARREIRAS CULTURAIS por um lado envolvem às pessoas que nunca 
tiveram acesso à energia elétrica as quais têm dificuldades na adoção de 
uma nova tecnologia. De outro lado, uma das dificuldades provêm da 
denominada “cultura empresarial” que, em muitos casos, considera como algo 
marginal levar a energia elétrica às áreas rurais. 
PRINCIPAIS BARREIRAS 
PRINCIPAIS BARREIRAS 
• Uma das principais barreiras são as ECONÔMICAS as quais se 
relacionam com a renda muito baixa da população rural e a falta de 
oportunidades para gerá-la. 
• Existem também barreiras de ordem TECNOLÓGICA que se derivam das 
dificuldades encontradas no meio rural para ter acesso ao conhecimento. 
Isto envolve a transferência tecnológica, a disponibilidade de mão de obra 
qualificada e o acesso a materiais, ferramentas e acessórios adequados. 
PRINCIPAIS BARREIRAS 
• As BARREIRAS IDEOLÓGICAS têm relação com os valores, as idéias e 
as concepções que regem o inter-relacionamento pessoal. Assim por 
exemplo, a discussão das relações entre a energia e o desenvolvimento 
envolve questões como: Que tipo de sociedade desejamos? Que modelo de 
desenvolvimento se deveria seguir? Os projetos devem ser concebidos com 
fins produtivos? 
PRINCIPAIS BARREIRAS 
• Definir ideologia é uma tarefa muito complexa e difícil de 
levar a bom termo. 
 
• Eagleton em seu livro “Ideologia” (1997) consigna diversas 
definições: 
 
 “Um corpo de ideias característico de um determinado grupo ou 
classe social” 
 
 “Ideias que ajudam a legitimar um poder político dominante” 
 
 “Comunicação sistematicamente distorcida” 
 
 “O veiculo pelo qual atores sociais conscientes entendem o seu 
mundo” 
 
 “O meio pelo qual os indivíduos vivenciam suas relações com uma 
estrutura social” 
 
 “Ocultamento da realidade sem apelar à violência” 
IDEOLOGIA 
Marilena Chauí (“O Que é Ideologia”, 1980/2012): 
 
“Ideologia é um ideário histórico, social e político que oculta a 
realidade, e que esse ocultamento é uma forma de assegurar e 
manter a exploração econômica, a desigualdade social e a 
dominação política” 
Federico Morante (Tese de Doutorado, 2004, p. 74): 
 
“Pode-se dizer que ideologia é o conjunto de ideias enraizadas 
no mais profundo do espírito humano e aceitas como verdades 
absolutas, a ponto de dirigir a ação de uma pessoa ou grupo 
social”. 
 
“Uma vez assimiladas essas supostas verdades, dificilmente 
haverá espaço para outras e, muito pelo contrario, se tentará 
convencer as demais pessoas de que a percepção da realidade 
enunciada é a única e a melhor”. 
IDEOLOGIA 
• No Brasil, em 26 de abril de 2002 foi publicada a lei 10.438 que dispõe 
a universalização do serviço de energia elétrica. 
 
• A seguir, em 29 de abril de 2003 a Agência Nacional de Energia Elétrica 
(ANEEL) emitiu a Resolução No 223 que estabelece as condições gerais 
para elaboração dos planos de universalização de energia elétrica e também 
regulamenta os artigos 14 e 15 da lei 10.438 
ÍNDICE DE ATENDIMENTO 
DO MUNICÍPIO 
ANO MÁXIMO PARA 
ALCANÇAR A 
UNIVERSALIZAÇÃO NO 
MUNICÍPIO 
Ia > 96,00% 2004 
90,00% < Ia ≤ 96,00% 2006 
83,00% < Ia ≤ 90,00% 2008 
75,00% < Ia ≤ 83,00% 2010 
65,00% < Ia ≤ 75,00% 2012 
53,00% < Ia ≤ 65,00% 2014 
Ia ≤ 53,00% 2015 
Índices de atendimento municipal (Ia) e metas para 
alcançar a universalização. 
Até 2015 as empresas 
concessionárias deverão 
cumprir as metas de 
eletrificar 100% dos 
domicílios incluindo os 
localizadas nas zonas 
rurais. Sob este marco 
legal, qualquer cidadão 
pode solicitar o serviço 
de energia elétrica sem 
ônus e pagando 
somente seu consumo 
segundo as tarifas 
vigentes. 
UNIVERSALIZAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 
Acesso ao Programa 
 
• “Os consumidores que ainda não têm energia elétrica em casa devem se 
dirigir à distribuidora local para fazer seu pedido de instalação. Esta 
solicitação será incluída no programa de obras das distribuidoras e 
atendida de acordo com as prioridades estabelecidas no manual de 
operacionalização do Programa e pelo Comitê Gestor Estadual (CGE). 
 
• Dessa forma, todos os projetos, idéias, avaliações e determinações são 
discutidos e definidos por esse colegiado. O objetivo é fazer com que o 
Programa atenda de forma justa as demandas do beneficiário final”. 
PROGRAMA LUZ PARA TODOS 
O “Programa Nacional de Universalização do Acesso e 
Uso da Energia Elétrica - Luz para Todos" 
Legislação: 
 
Portaria NO 38 Resolução223 
Portaria NO 447 Decreto 4.873 
Lei 10.762 Protocolo de Adesão 
Resolução 459 Lei 10.438 
22/05 – Portaria NO 115/2006 
• Projetos de eletrificação rural paralisados, por falta de 
recursos, que atendam comunidades e povoados rurais; 
 
• Municípios com Índice de Atendimento a Domicílios inferior a 
85%, calculado com base no Censo 2000; 
 
• Municípios com Índice de Desenvolvimento Humano inferior à 
média estadual; 
 
• Comunidades atingidas por barragens de usinas hidrelétricas ou 
por obras do sistema elétrico; 
 
• Projetos que enfoquem o uso produtivo da energia elétrica e 
que fomentem o desenvolvimento local integrado. 
PRIORIDADES DO LUZ PARA TODOS 
• Escolas públicas, postos de saúde e poços de abastecimento 
d’água; 
 
• Assentamentos rurais; 
 
• Projetos para o desenvolvimento da agricultura familiar ou de 
atividades de artesanato de base familiar; 
 
• Atendimento de pequenos e médios agricultores; 
 
• Populações do entorno de Unidades de Conservação da 
Natureza; e 
 
• Populações em áreas de uso específico de comunidades 
especiais, tais como minorias raciais, comunidades remanescentes 
de quilombos e comunidades extrativistas. 
PRIORIDADES DO LUZ PARA TODOS 
COMENTARIOS FINAIS 
• Os modelos de desenvolvimento socioeconômico implantados no 
Mundo, ao longo do século XX, tiveram como característica 
marcante provocar o êxodo rural devido a que, para serem 
viáveis, precisaram da concentração das populações em grandes 
centros urbanos. 
 
• Nestes modelos os sistemas de distribuição de energia são 
centralizados e requerem um alto fator de carga. Isto também 
acaba originando grandes agrupamentos industriais ou comerciais, 
além de aglomerações residenciais em pequenos espaços 
territoriais. 
 
• A conseqüência disso, as populações rurais localizadas de forma 
dispersa e afastadas das redes de distribuição até agora não 
podem ser atendidas em seus requerimentos energéticos: 
 
Assim sendo, esses modelos e o tipo de sociedade criada são 
sustentáveis e conseguirão se manter ao longo do tempo? 
DISCUSSÃO EM SALA DE AULA 
Análise da dissertação de mestrado de GABRIEL 
HENRIQUE KLEBIS FREITAS: 
 
“Eletrificação e mudanças socioculturais: um estudo 
sobre a implantação do Programa “Luz para Todos” na 
aldeia Guarani Urui-ty” 
DELIMITAÇÃO DO TEMA DE PESQUISA 
• A pesquisa pretendeu responder a alguns questionamentos acerca 
de mudanças quem vem ocorrendo em sociedades indígenas a partir 
da eletrificação. 
 
• O trabalho de campo foi realizado na sub-etnia Guarani Mbya da 
aldeia Urui-ty, localizada próxima à cidade de Miracatu, São 
Paulo. 
 
• A eletrificação nessa aldeia ocorreu em 2009, promovida pelo 
Programa “Luz para Todos”. 
 
• A partir desse fato houve o contato dos indígenas com 
tecnologias de informação, o que gradativamente torna intenso e 
engendra novos hábitos e mudanças na sociedade entre eles. 
HIPÓTESE E METODOLOGIA 
• A pesquisa utilizou o método etnográfico com observação 
participante e entrevista aberta. 
 
• Houve duas visitas: uma, de 10 a 30 de Julho de 2010 e 
outra, de 8 a 21 do mês de Janeiro de 2011, perfazendo 
um total de 35 dias. 
• A hipótese desta pesquisa consistiu no fato de que a 
introdução da rede de energia elétrica teria causado 
alterações na organização social destes indígenas e que, 
por isso, tiveram que fazer reelaborações culturais, 
reestruturando valores, rituais, temporalidades e relações 
comunitárias. 
LOCALIZAÇÃO DA ALDEIA 
Mapa da aldeia Guarani Urui-ty, localizada no círculo coma letra A. 
Rodovia Padre Manoel da Nobrega, Km 38. 
Mapa da cidade de Miracatu, 
indicado no balão com a letra A. 
OBSERVAÇÕES DE CAMPO 
• Por meio da pesquisa na comunidade Guarani Urui-ty pode-se 
perceber que a rede elétrica com seus inúmeros postes e fiação 
causavam incômodos visuais em muitos indígenas, pois a 
tecnificação da aldeia Urui-ty para os mais idosos tirava seu 
caráter “sagrado”. 
Foto tirada em Julho de 
2010 por Gabriel Klebis: 
Rede de eletrificação no 
interior da aldeia Guarani 
Urui-ty. 
Foto tirada em Janeiro de 
2011 por Gabriel Klebis: 
Residência com eletrificação e 
antena parabólica na aldeia 
Guarani Urui-ty – Vale do 
Ribeira - SP 
OBSERVAÇÕES DE CAMPO 
• Existem apenas três antenas parabólicas na aldeia instaladas na casa 
do cacique, outra na casa da mãe do cacique e outra na casa de um 
professor indígena. 
 
• Estas casas se tornaram um novo ponto de sociabilidade entre homens 
e mulheres, pois eles se reúnem para assistir seus Programas favoritos. 
 
• No horário do futebol, reúnem-se apenas homens e mulheres 
adolescentes e no horário de novelas se reúnem apenas mulheres. 
• “Observei também na aldeia que havia três fogões em bom estado de 
uso, mas colocados do lado de fora da casa, em condições de 
deterioração”. 
 
• “A compra de fogões começou com um indivíduo da aldeia. Outros 
também fizeram as suas aquisições, entretanto a maior dificuldade foi 
com a questão do gás. Além da dificuldade de transporte do gás até a 
aldeia que era feito por táxi, havia também a dificuldade de subir o 
botijão de gás da rodovia até o topo do morro onde fica a aldeia, o que 
demandava muito esforço físico”. 
 
• “Ressalta-se que o transporte encarecia em 30% o preço do gás. Para 
a comunidade Guarani Urui-ty, este encarecimento do transporte do gás 
foi o principal fator que levou ao descarte dos fogões”. 
 
• “Verifica-se que, neste caso, há a dificuldade de acesso à energia, no 
caso representada pelo gás, para o uso dos fogões”. 
Fonte: Gabriel Klebis, 2012 
OBSERVAÇÕES DE CAMPO 
Foto tirada em Janeiro de 2011 por Gabriel Klebis - modo 
tradicional guarani de se cozer alimentos, juntando madeira para 
combustão junto ao solo na aldeia Guarani Urui-ty. 
OBSERVAÇÕES DE CAMPO 
Foto tirada em Julho de 2010 por Gabriel Klebis – fogões a GLP 
descartados sendo deteriorados pelo tempo, na aldeia Guarani Urui-ty. 
OBSERVAÇÕES DE CAMPO 
Foto tirada em Julho de 2010 
por Gabriel Klebis: Escola da 
aldeia Guarani Urui-ty. 
OBSERVAÇÕES DE CAMPO 
• A escola guarani tem sido uma atuante educativa do bom uso 
dos equipamentos eletro-eletrônicos utilizando-os como forma de 
valorização e fortalecimento da identidade étnica guarani e na 
promoção da melhor aprendizagem. 
Fotos tiradas em Julho de 2010 por Gabriel Klebis: Computador e televisor 
na escola da aldeia Guarani Urui-ty. 
OBSERVAÇÕES DE CAMPO 
• Na escola Guarani Urui-ty as crianças têm contato com programas 
educativos, pois nas televisões de suas casas assistem somente filmes, 
shows e desenhos assistidos em DVD. 
 
• Na escola as crianças e adolescentes dispõem de vídeos sobre ecologia, 
história, vídeos de geografia que enfatizam diferentes paisagens do Brasil e 
do mundo, bem como as vegetações do Brasil. 
Foto tirada em Janeiro de 2011 por Gabriel Klebis - Geladeira e 
ventilador da escola da aldeia Guarani Urui-ty. 
OBSERVAÇÕES DE CAMPO 
CONCLUSÕES 
• Em linhas gerais verificou-se que a eletrificação e conseqüentes 
usos de tecnologia de informação e comunicação, promoveram 
conflitos e benefícios culturais reconhecidos pelos próprios Guarani 
Mbya. 
 
• Esses conflitos mostram-se, principalmente em relação às 
práticas rituais e à percepção de paisagem e do espaço, relações 
coletivas que passam por mudanças em confronto com hábitos 
individualizantes. 
 
• Novas necessidades são por meio dessa etnia relatada, 
desigualdade de renda entre esses indígenas passa a ter um papel 
central na sociedade em razão da aquisição de produtos 
tecnológicos. 
QUESTIONÁRIO 
1. Qual sua opinião sobre a eletrificação através do Programa 
“Luz ParaTodos” em reservas indígenas? 
 
2. De acordo com sua visão qual foi a principal mudança 
sociocultural acontecida na aldeia Guarani Urui-ty após a 
eletrificação através do Programa “Luz Para Todos”? Justifique. 
 
3. O contato dos jovens com as novelas está causando um sério 
conflito na aldeia? Especifique. 
 
4. Segundo um jovem da aldeia quais seriam os motivos da 
aversão a filmes de terror transmitidos na TV? 
 
5. Por quê motivo a “casa de reza” da aldeia Guarani Urui-ty 
não foi eletrificada?

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