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TCC SERVICO SOCIAL Isabel C F Carlos

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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
SERVIÇO SOCIAL
ISABEL CRISTINA DE FARIAS CARLOS MARQUES
QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE
Contribuição do Assistente Social
Parnamirim
2018
UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
SERVIÇO SOCIAL
ISABEL CRISTINA DE FARIAS CARLOS MARQUES
QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE
Contribuição do Assistente Social
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, apresentado a UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA, como exigência parcial à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Orientador (a): Daniela Emiliana Santiago
Parnamirim
2018
	
	MARQUES, Isabel
	
	Título: Qualidade de Vida na Terceira Idade / Isabel Cristina de F. Carlos Marques. 
Parnamirim, 2018.
	
	
	
	
	
	
	
	Orientador: Daniela Emiliana Santiago
	
	Trabalho Monográfico (Graduação em Serviço Social)- UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA de Parnamirim, 2018.
	
	
	
	1. Idosos 2. Qualidade de Vida 3. Contribuição do Assistente Social I. UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA.
	
	
	
	
	CDD
	
	
	000.000
 
UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA
SERVIÇO SOCIAL
ISABEL CRISTINA DE FARIAS CARLOS MARQUES
QUALIDADE DE VIDA NA TERCEIRA IDADE
Contribuição do Assistente Social
BANCA EXAMINADORA
Prof. Titulação Nome do Professor
UNIP - Universidade Paulista de cidade tal
Prof. Titulação Nome do Professor
UNIP - Universidade Paulista de cidade tal
Prof. Titulação Nome do Professor
UNIP - Universidade Paulista de cidade tal
AUTORIZAÇÃO PARA DEPÓSITO DO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Com base no disposto da Lei Federal nº 9.160, de 19/02/1998, AUTORIZO a UNIP - Universidade Paulista de Parnamirim/RN, sem ressarcimento dos direitos autorais, a disponibilizar na rede mundial de computadores e permitir a reprodução por meio eletrônico ou impresso do texto integral e/ou parcial da OBRA acima citada, para fins de leitura e divulgação da produção científica gerada pela Instituição.
Parnamirim-RN, ___27___/__05____/____2018__
-----------------------------------------------------------------
Isabel Cristina de Farias Carlos Marques
Declaro que o presente Trabalho de Conclusão de Curso, foi submetido a todas as Normas Regimentais da UNIP - Universidade Paulista de Parnamirim-RN e, nesta data, AUTORIZO o depósito da versão final desta monografia bem como o lançamento da nota atribuída pela Banca Examinadora.
Parnamirim-RN, __27____/___05___/___2018___
-----------------------------------------------------------------
 Daniela Emiliana Santiago
Orientador
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pois sem ele nada disso teria sentido ou valor. Que me fortaleceu sempre, desde o início desta caminhada me dando sabedoria, para que eu pudesse chegar até aqui. Não foi fácil, visto que muitas vezes estive em missões por este país, honrando a minha profissão de militar pela maravilhosa Força Aérea Brasileira.
À minha mãe Izabel Carlos, pelo amor, incentivo, apoio, educação e valores que me passou e que vou levar por toda a minha vida. Amo muito você! 
Agradeço especialmente ao meu amor João Seabra, por ter me ajudado tantas vezes na elaboração deste trabalho e por ser meu companheiro, sempre com palavras de incentivo e coragem aos meus estudos. Amor, te amo! Obrigada por tudo! 
Aos meus sogros Giovanni e Evelita, que sempre me receberam de braços abertos em suas casas e que compartilham seus momentos comigo. Muito obrigada! 
À minha orientadora Daniela Emiliana Santiago, pela dedicação e compromisso com este trabalho. Muito obrigada! 
À Srª Eunice, Diretora do Instituto integrar em Brasília, que me ensinou muito e permitiu que me apaixonasse ainda mais pelo serviço Social quando voluntária no local.
Às minhas companheiras de um ano e meio de estágio Simone, Lélia Estrela, Jaqueline, etc.
À Drª Rosa, minha psicóloga, obrigada por tudo, pelas angústias compartilhadas, pelas risadas, pelos ensinamentos e companheirismo.
Às minhas MEGA amigas Katiana Moraes, Renata Lopes, Aline Paixão, Lucimar Andrade, Daniele Jacob, Jaqueline Rosa, Letícia Campanhão, Paula Cassauara, Renata Lima, Alessandra Missulan, Bárbara Faria, tantas coisas vivemos, tantos momentos maravilhosos, tantas angústias dividimos. Espero que nossa amizade continue por toda vida. Agradeço por tudo, vocês são realmente especiais! 
Aos meus antigos e novos companheiros de trabalho que me ajudam sempre 
Enfim, agradeço aos que não foram citados e que de alguma forma colaboraram com esta etapa da minha vida.
“Entra pela velhice com cuidado, 
Pé ante pé, sem provocar rumores 
Que despertem lembranças do passado, 
Sonhos de glórias, ilusões de amores. 
Do que tiveres no pomar plantado 
Apanha os frutos e recolhe as flores; 
Mas lavra ainda e planta o teu eirado, 
Que outros virão colher quando te fores. 
Não te seja a velhice enfermidade! 
Alimenta no espírito saúde, 
Luta contra as tibiezas da vontade. 
Que a neve caia! O teu ardor não mude! 
Mantém-te jovem, pouco importa a idade! 
Tem cada idade a sua juventude. ”
Manuel Bastos Tigre
RESUMO
O objeto de estudo deste trabalho é a compreensão do conceito do que vem a ser qualidade de vida e de que forma o Assistente Social pode contribuir para que o segmento idoso possa viver com qualidade. Tem por objetivo identificar o panorama atual do envelhecimento com seus desdobramentos no Mundo, no Brasil e em Parnamirim/RN, cidade onde esse trabalho foi desenvolvido. Na segunda seção, faz-se um resgate dos termos velhice e envelhecimento. Aborda-se o termo qualidade de vida nas várias áreas do conhecimento e principalmente na área do Serviço Social. Aborda-se também a historicidade do Serviço Social com seu movimento de reconceituação e mudanças de paradigmas, bem como o Serviço Social após a promulgação da Constituição de 1988, quando passou a assumir o formato na perspectiva da construção de um padrão público e universal de proteção social. Na quarta seção, faz-se um resgate histórico da proteção social ao idoso, com suas conquistas e garantias e a posição da sociedade perante essas conquistas. Em seguida, aborda-se o seguimento idosos como questão social, objeto de trabalho do Assistente Social e a contribuição desse profissional para a qualidade de vida dos idosos. Para a realização do estudo, utilizou-se pesquisa teórico-conceitual, sendo conceituada como pesquisa bibliográfica.
Palavras-chaves: Envelhecimento, idosos, qualidade de vida e Contribuição do Assistente Social.
ABSTRACT
The study object of this paper aims to understanding what is the Quality of life concept and how the Social Worker can contribute to provide a better quality of life for the elderly population. It aims to identify the current panorama of aging with its developments in the World, in Brazil and in Parnamirim/RN, city where this work was developed. In the second section, one makes a rescue of the terms old age and aging. The term quality of life is approached in the various areas of knowledge and especially in the area of ​​Social Work. It also addresses the historicity of Social Service with its movement of reconceptualization and changes of paradigms, as well as Social Service after the promulgation of the Constitution of 1988, when it began to assume the format in view of the construction of a public and universal standard of protection Social. In the fourth section, a historical rescue of the social protection to the elderly, with their achievements and guarantees and the position of the society in front of these conquests is made. Next, it is approached the elderly follow-up as a social issue, object of work of the Social Worker and the contribution of this professional to the quality of life of the elderly. For the accomplishment of the study, it was used theoretical-conceptual research, being conceptualized like bibliographical research.
Keywords: Aging, elderly, qualityof life and Contribution of the Social Worker.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
A expectativa de vida vem aumentando em todo o planeta. Viver mais tornou-se um grande desafio. De acordo com as perspectivas da população mundial: Revisão de 2017, estudo divulgado pelo Departamento dos Assuntos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (ONU), em 21 de junho de 2017, a população mundial chegará a 8,6 bilhões até 2030. Um aumento de 1 bilhão pessoas em 13 anos.
Figura 1: Projeção da População Mundial até 2100
Fonte: Perspectivas da População Mundial – Revisão 2017 - ONU
O estudo não para por aí, para 2050, a ONU espera que a população mundial aumente aproximadamente 9,8 bilhões de pessoas e para 2100, os habitantes do planeta sejam em torno de 11,2 bilhões.
Mais da metade do crescimento populacional, entre os dias atuais e o ano de 2050, estará concentrado em nove países: Índia, Nigéria, República Democrática do Congo, Paquistão, Etiópia, Tanzânia, Estados Unidos, Uganda e Indonésia.
Para o Brasil, as projeções da ONU revelam que o crescimento populacional será mais lento, levando em consideração as já diminutas taxas de natalidade, que, na verdade, estão diminuindo em todo o mundo. O Brasil está entre os dez países que registraram maior queda na taxa de fertilidade em relação ao nível de reposição entre 2010 e 2015.
Continuando o estudo, os autores mostram que a Europa foi o único continente em que o número de filhos por mulher aumentou. Mesmo assim, a Europa será o único continente em que o número de habitantes se reduzirá entre 2017 e 2030, passando de 742 milhões para cerca de 739 milhões.
As baixas taxas de fertilidade, estão resultando em um envelhecimento da população. A expectativa é de que o número de pessoas com 60 anos ou mais possa duplicar, ou mais que duplicar em 2050 e triplicar em 2100 passando dos atuais 962 milhões para 3,1 bilhões.
O relatório aponta, também para o impacto dos fluxos de imigrantes e refugiados entre países, particularmente do impacto provocado pela crise de refugiados da Síria, bem como da saída estimada de 4,2 milhões de pessoas entre 2010 e 2015.
O documento diz ainda que, embora a migração internacional, nos níveis atuais, seja insuficiente para compensar totalmente a perda esperada de população ligada aos baixos níveis de fertilidade, especialmente na Europa, o deslocamento de pessoas entre países pode atenuar algumas consequências adversas do envelhecimento populacional, dentre os quais pode-se destacar a falta de mão de obra para o trabalho.
Diante do exposto, a sociedade mundial deve se preparar para tamanho aumento da população idosa. Governos, famílias, empresas, meio acadêmico, enfim, todos devem estar envolvidos para encontrar soluções para vários desafios que estão por vir.
No mundo todo o envelhecimento da população preocupa os governos porque pode significar pressão maior sobre os sistemas de seguridade social (tema tão presente nos jornais atualmente.) 
De acordo com outra pesquisa da ONU, essa um pouco mais antiga, a preocupação dos idosos no século XXI, é a segurança financeira.
No Brasil, não é diferente, após a promulgação da Constituição de 1988, não foram poucas as reformas do sistema previdenciário. Atualmente o país passou por outra reforma para tentar lidar com o aumento da expectativa de vida.
Outra preocupação dos idosos é com a saúde. No mundo inteiro, independentemente do nível de desenvolvimento do país, não mudam muito os principais problemas de saúde enfrentados por quem tem 60 anos ou mais. Conforme estudo da ONU, doenças cardíacas, derrame e comprometimento pulmonar crônico são as principais causas de morte. Com relação às limitações físicas, decorrem principalmente de diminuição da visão e audição, demência e orteoartrites.
Enfim, são muitos e multifacetados os desafios que a população idosa terá que enfrentar. Como se pode depreender, o país ainda não está preparado para atender essa demanda crescente da população idosa.
Essa longevidade, muito evidenciada mundialmente, nos leva a refletir no que poderemos fazer para nos preparar para lidar com o envelhecimento da população e de que forma o serviço social pode contribuir para que esse envelhecimento possa ter qualidade. 
Para tanto, esse Trabalho de Conclusão de Curso foi desenvolvido por meio de pesquisa teórico-conceitual, sendo conceituada como pesquisa bibliográfica. Segundo Gil (2010) a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado com o objetivo de analisar posições diversas em relação a determinado assunto.
Tal crescimento da perspectiva de vida nos traz questões prementes que precisam ser discutidas. No bojo do contexto apresentado, o primeiro tópico a ser analisado está relacionado a questões que possuem peso ímpar para a concatenação entre o significado do processo de envelhecimento e a respectiva qualidade de vida na terceira idade, pois não adianta viver mais e viver mal, o objetivo deve ser viver bem e com qualidade de vida. Para abordar o tema proposto subdividimos esta parte inicial da seguinte forma: Optou-se no primeiro capítulo fazer um breve histórico do panorama atual do envelhecimento, onde foram abordados temas como ciclo da vida ou fases da vida, envelhecimento populacional mundial, em especial o envelhecimento populacional no Brasil, foco do nosso estudo. É abordada também a inversão da pirâmide etária no Brasil como argumento utilizado pelos estudiosos do envelhecimento para justificar a relevância de seus esforços teóricos. Não menos importante se faz pesquisar o envelhecimento populacional regional. Dessa maneira, fizemos também pesquisa relevante que nos mostrou a situação atual do envelhecimento da população de Parnamirim-RN, município onde desenvolveu-se este trabalho. 
No segundo capítulo, abordamos o tema velhice e envelhecimento levando em consideração a opinião de alguns autores com foco nos conceitos dos termos velhice, terceira idade, idoso e velho. 
Para Veras (2002), velhice é um termo impreciso, é um constructo cercado de complexidade já que engloba os níveis fisiológico, psicológico e social. Não é possível estabelecer conceitos aceitos universalmente, estão em jogo ainda conotações culturais, políticas e ideológicas.
De acordo com a literatura estudada, somente a idade cronológica não é suficiente para definir o que vem a ser velhice e envelhecimento, logo, elencamos as diferentes formas de abordar as idades: Idade psicológica, biológica e social, para compreender de forma mais abrangente o tema. 
De acordo com a gerontóloga Elisandra Vilella G. Sé (2016), a idade psicológica refere-se à relação que se estabelece entre a idade cronológica e o potencial de funcionamento do indivíduo; a idade biológica é um referencial para o processo de socialização.
De acordo com Mishara; Riedel (1995), a idade social representa papéis que se pode, se deve, se pretende e se deseja desempenhar na sociedade.
Para finalizar o segundo capítulo, ainda instigada pelos estudos referentes a idade social, fez-se necessário pesquisar como a sociedade atual percebe a velhice e como os idosos sentem-se sendo atores sociais.
A palavra de ordem atualmente é Qualidade. Mais especificamente qualidade de vida. O interesse por esse tema surge de uma preocupação social e ao mesmo tempo científica, na medida em que o envelhecimento populacional no Brasil e no mundo, traz consigo inúmeros problemas no âmbito político, social, comportamental, econômico e de saúde geral.
A terceira parte trata da Qualidade de vida, onde serão abordados assuntos como origem do termo qualidade de vida, qualidade de vida como conceito multidisciplinar, bem como a qualidade de vida para várias áreas do conhecimento, dando enfoque ao tema qualidade de vida e Serviço Social, introduzindo o assunto contribuição do Assistente Social para a qualidade de vida dos idosos.
PANORAMA ATUAL DO ENVELHECIMENTO
CICLO DA VIDA
A história da humanidade, presente também a chamada pré-história, revela que todos os povos definiam o ciclo da vida dequalquer ser vivo como nascer, viver e morrer. Os fatos eram suficientes, no sentido da mera observação.
A evolução mais significativa na vida dos seres humanos se dá através de uma observação direta do operar da vida, do nascimento à morte.
Mais à frente, durante muito tempo, deu-se ao desenrolar da vida humana três períodos distintos ou o que alguns podem chamar de fases: crescimento, fase adulta e velhice.
Crescimento: Entendido como infância, uma preparação para a segunda fase ou período, culminando com o rito de passagem (adolescência).
Fase Adulta: Período de plena participação em todas as atividades da ordem social vigente.
Velhice: Geralmente definido como o tempo da sabedoria.
Importante salientar que essas interpretações da vida humana foram construídas sem o respaldo dos modelos teóricos de produção do conhecimento. Foram conclusões elaboradas pela observação e percepção elaborada dos fatos. São os saberes ditados pela leitura visual da fenomenologia da realidade humana.
 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
A expectativa global de vida, conforme figura 01, vem aumentando. A população está vivendo mais. O aumento considerável da população acima de 60 anos de idade vem sendo objeto de observação em todo mundo, inclusive no Brasil. Esse envelhecimento populacional se deve, entre vários fatores, ao desenvolvimento tecnológico, principalmente na medicina e na melhoria da infraestrutura sanitária, que acaba por auxiliar na redução da mortalidade e, consequentemente, proporciona melhor qualidade de vida.
Figura 
2
: Expectativa Global de Vida
Fonte: Perspectivas da População Mundial – Revisão 2017 - ONU
Tal crescimento da perspectiva de vida nos traz questões prementes que precisam ser discutidas. No bojo do contexto apresentado, o primeiro tópico a ser analisado está relacionado a questões que possuem peso ímpar para a concatenação entre o significado do processo de envelhecimento e a respectiva qualidade de vida na terceira idade, pois não adianta viver mais e viver mal, o objetivo deve ser viver bem e com qualidade de vida. Para abordar o tema proposto subdividimos esta parte inicial em três itens: O Envelhecimento populacional, velhice e envelhecimento e Qualidade de vida na terceira idade. 
No primeiro, abordamos o tema do envelhecimento populacional e suas características no mundo e no Brasil. Em seguida, abordam-se definições de alguns autores do que seria velhice e envelhecimento, A terceira parte trata da Qualidade de vida na terceira idade, onde serão abordados assuntos como trajetória histórica das políticas de atenção aos idosos, bem como pela apresentação do desafio social que o envelhecimento no Brasil ainda enfrenta e ainda qual a contribuição do assistente social para a qualidade de vida na terceira idade.
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL MUNDIAL
Nas últimas três décadas tem sido observado um crescimento considerável no número de pessoas que estão vivendo mais. Isso significa o aumento da proporção de idosos em uma estrutura etária, o que pode ser denominado de envelhecimento populacional (PASCHOAL et al., 2005).
De acordo com o IBGE, o envelhecimento populacional ocorre quando a proporção de pessoas idosas aumenta muito em relação a proporção de outros grupos etários da população. Uma das formas de medir o envelhecimento populacional é por meio do Índice de Envelhecimento (IE), que nada mais é do que a razão do número de pessoas idosas sobre os jovens (crianças e adolescentes), ou seja, é uma razão entre os dois extremos da pirâmide etária. Um país é considerado idoso quando o topo da pirâmide é maior do que a sua base, isto é, um país é considerado idoso quando tem um IE igual ou superior a 100.
O envelhecimento Populacional é um fenômeno relativamente novo na história mundial. Analisando o gráfico 01, podemos ver que o número de países idosos cresceu voluptuosamente. Em 1975 havia somente um país com IE superior a 100: A Suécia. Em seguida, atingiu esse patamar a Alemanha e as Ilhas do Canal. Em 1985 entraram no clube dos idosos mais sete países: Reino Unido, Suíça, Noruega, Luxemburgo, Dinamarca, Bélgica e Áustria. Sucessivamente aumentando o número de países atingindo IE igual ou superior a 100. Em 2015, o número de países idosos deu um salto de quinze países: Estados Unidos, Ilhas Virgens, Macedônia, Singapura, Maldiva, Coreia do Sul, Porto Rico, Nova Zelândia, Montenegro, Chipre, Curaçao, Macau, Barbados, Aruba e Cuba. Somando no total, em 2015, 52 países com IE igual ou superior a 100.
A projeção é de que a China, país mais populoso do mundo, terá seu IE igual ou acima de 100 até 2020. O Brasil vai atingir esse patamar até 2030. Progressivamente o número de países com IE acima de 100 vai se ampliar até atingir a totalidade dos países.
Com a queda da taxa de mortalidade e nascimentos, a população começou a envelhecer, tanto em países desenvolvidos como subdesenvolvidos. Com relação à redução da mortalidade mundial, alguns especialistas atribuem essa queda a fatores diversificados, mas principalmente ao desenvolvimento tecnológico, que pode ser mensurado pelos avanços conquistados na medicina, aliados à implantação de campanhas sistêmicas de vacinações, trabalhos periódicos para prevenção de doenças, pesquisa de novos medicamentos e melhoria na infraestrutura sanitária. Muito embora devam ser ressaltadas que tais melhorias nas condições socioeconômicas ou sanitárias, principalmente nos países em desenvolvimento, não ocorreram na sua totalidade e ainda não ocorrem de maneira uniforme. 
Em se tratando da taxa de natalidade, ou fecundidade para outros especialistas, vemos uma queda expressiva do número de nascimentos no mundo todo, em especial no continente Europeu.
A queda da natalidade na Europa é resultado de diversos fatores e reflexo das condições socioeconômicas e educacionais da maior parte dos países europeus. O declínio dos nascimentos fez com que os países europeus alcançassem taxas de natalidade tão baixas que impossibilitaram a manutenção de seu atual nível populacional. As taxas de fecundidade (filhos por mulher em idade fértil) na Europa alcançaram a média de 1,52 filhos. O necessário para manter a população é 2,1 filhos por mulher. Diversos fatores econômicos e culturais são responsáveis pela construção desse quadro. Vejamos algumas das principais causas para o declínio dos nascimentos no continente europeu:
Casamentos Tardios: os casais optam por trocar alianças depois de concluir o ensino superior e da estabilização financeira e profissional. Isso faz com que também tenham filhos mais tarde. Como o período reprodutivo feminino é limitado, muitos casais acabam tendo apenas um filho ou optam por não tê-lo.
Alto Custo de Criação dos Filhos: as despesas com saúde, educação e lazer têm feito muitos europeus reavaliarem sua vontade de gerar descendentes. A necessidade de diminuir o padrão de vida para custear a criação de um filho tem feito muitas pessoas optarem por não ter mais filhos.
Entrada da mulher no mercado de trabalho: essa ocorrência provocou inúmeras transformações, entre elas a diminuição das taxas de fecundidade. A dificuldade de conciliar a vida profissional com as tarefas domésticas e as atividades familiares tem impactado diretamente o número de nascimentos no continente europeu.
Nível de Escolaridade: reflete-se diretamente no número de filhos por mulher. Como o continente europeu tem as mais altas taxas de escolarização, as mulheres acabam por ter mais conhecimento sobre anticoncepção e maior acesso aos métodos contraceptivos. Com isso, podem decidir se, quando e quantos filhos terão.
A consequência direta da redução no número de nascimentos na Europa é o agravamento do envelhecimento populacional no continente e a consequente falta de mão de obra para o trabalho. Por isso, muitos países estão buscando superar a xenofobia e encarar como uma solução para ambas as partes a abertura dos países para imigrantes de países da Ásia, América Latina, África e Leste Europeu.
O processo é, portanto, dinâmico; para que umapopulação envelheça é necessário primeiro que nasçam muitas crianças, segundo que as mesmas sobrevivam até idades avançadas e que simultaneamente, o número de nascimentos diminua. Com isso a entrada de jovens na população decresce, e a proporção daqueles que sobreviveram até idades mais avançadas passa a crescer. 
O envelhecimento da população tem sido motivo de alerta e preocupação no mundo todo. Esforços tem sido envidados para que se encontre alternativas para lidar com os problemas ligados ao envelhecimento. Não só os problemas de saúde são levados em consideração, mas também os problemas ligados à Assistência Social.
“Em 2020 teremos pela primeira vez na história o número de pessoas com mais de 60 anos maior que o de crianças até cinco anos”, reportou a Organização Mundial de Saúde em uma série sobre saúde e envelhecimento na revista médica The Lancet, notando que 80% dos idosos viverão em países de baixa e média renda.
Segundo a OMS, o aumento da longevidade se deve, especialmente nos países de alta renda, principalmente ao declínio nas mortes por doenças cardiovasculares – como acidente vascular cerebral e doença cardíaca isquêmica, passando por intervenções simples e de baixo custo para reduzir o uso do tabaco e a pressão arterial elevada.
“Embora as pessoas estejam vivendo mais, elas não necessariamente estão mais saudáveis”, alertou a Organização. “A menos que os sistemas de saúde encontrem estratégias eficazes para resolver os problemas enfrentados por uma população mundial mais envelhecida, a crescente carga de doenças crônicas vai afetar muito a qualidade de vida dos idosos”, ressaltou.
Segundo o diretor do Departamento de Envelhecimento e Curso de Vida da OMS, John Beard, “reformas profundas e fundamentais dos sistemas de saúde e de assistência social serão necessários. A responsabilidade pela melhoria da qualidade de vida para as pessoas mais velhas do mundo vai muito além do setor da saúde.”.
“São necessárias estratégias para melhorar a prevenção e o gerenciamento de condições crônicas, disponibilizando cuidados de excelência acessíveis a todos os idosos, levando em consideração o ambiente físico e social”, concluiu Beard.
Figura 3: O Rápido Avanço dos Idosos
Fonte: Organização Mundial da Saúde
Segundo o professor José Eustáquio Diniz Alves, colunista do portal ecodebate, “O envelhecimento populacional é inevitável. Mais cedo ou mais tarde, todos os países terão mais idosos do que jovens. A diferença é apenas de ritmo. O mundo não tem outra coisa a fazer a não ser se preparar para a nova realidade...”
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL
As pesquisas apontam que até 2025 o Brasil será o sexto país do mundo com maior número de pessoas idosas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, não há diferença do continente europeu, com relação às causas para o envelhecimento populacional. Aumento da expectativa de vida, queda na taxa de fecundidade, melhores padrões sanitários, desenvolvimento das ciências médicas e da assistência hospitalar, elevação do nível educacional da população e urbanização, são citadas, por especialistas, como razões para a queda da mortalidade no país. 
 
A cada ano somam-se à população brasileira nada menos do que 700 mil pessoas acima dos 65 anos. E as projeções para o futuro indicam que em 2050 essas pessoas seriam aproximadamente 50 milhões, perfazendo nada menos do que 25% do total da população. Desses nada menos do que 6.7% terão ultrapassado a faixa dos 80 anos. (Envelhecimento e vida saudável, Vida e tempo, Organização Edmundo de Drumond Alves Junior, Apicuri, 2009, 24)
A queda na taxa da fecundidade pode ser explicada a partir de alguns autores que, junto com Paschoal (2005), consideram que a industrialização e a urbanização fizeram com que a mulher participasse ativamente do mercado de trabalho e passasse a dedicar menor tempo à família, trazendo a ideia da família reduzida. Os autores também advertem que o aumento da escolaridade foi causa primacial da inversão nas prioridades das mulheres, que agora priorizam a carreira profissional em detrimento do casamento. Por isso não podem assumir muitos afazeres domésticos e nem ter filhos. Soma-se ainda a propagação dos métodos anticoncepcionais, que nos dias de hoje apresentam-se muito mais eficientes e permitem a redução ainda maior da taxa de natalidade. Assim, o número médio de filhos da mulher brasileira passou de 2,14 em 2004 para 1,67 em 2017. De acordo com a projeção do IBGE - filhos por mulher no Brasil (estimado 2000 – 2060), em 2034 o número médio de filhos por mulher no Brasil será de 1,0 filho por mulher.
PIRÂMIDE ETÁRIA NO BRASIL
A pirâmide etária refere-se a um gráfico utilizado para identificar a população de um dado país ou região, agrupando os habitantes em faixas de idade e dividindo-os por sexo. 
A pirâmide etária é usada não só para monitorar a estrutura de sexo e idade, mas também complementar os estudos sobre qualidade de vida da população, uma vez que podemos observar a média do tempo de vida, a taxa de mortalidade e as mudanças quantitativas da população em determinado espaço de tempo.
Quanto mais alta a pirâmide, maior a expectativa de vida e, consequentemente, melhor as condições de vida daquela população. Além disso, é possível observar que quanto mais desenvolvido economicamente e socialmente é um país, mais sua pirâmide terá uma forma retangular.
O motivo da expressão pirâmide, se deu pelo fato de que ao criar esse tipo de informação, todos os países apresentaram a população estruturada em formato piramidal. Hoje em dia, com o envelhecimento populacional, esse formato de apresentação não é mais possível, visto que à medida que a população vai envelhecendo, o formato de pirâmide desfaz-se, indicando uma queda nas taxas de natalidade e mortalidade.
Nos países menos desenvolvidos economicamente, não há mudanças significativas na estrutura piramidal, uma vez que as taxas de natalidade ainda são altas, mantendo a base mais larga. Esse tipo de pirâmide é conhecido como pirâmide jovem.
Países com situação econômica em desenvolvimento, têm tendências de mudanças transitórias em suas pirâmides, em que há o aumento da população jovem em direção a adulta, promovendo a essa faixa um aumento nos próximos anos. Esse tipo de pirâmide é conhecido como pirâmide adulta.
O tipo de pirâmide chamada de rejuvenescida é aquela onde há um aumento recente das primeiras idades da faixa jovem, com a idosa em maior quantidade, presente nos países mais desenvolvidos economicamente, com melhores qualidade e expectativa de vida. Os países com essa característica, vem incentivando o aumento da natalidade, devido à falta de mão de obra, pois a população idosa está aumentando a cada dia.
De forma análoga aos países emergentes, a base da pirâmide populacional brasileira vem diminuindo, enquanto a proporção superior vem se alargando, indicando a queda na taxa de natalidade e aumento da qualidade e expectativa de vida da população conforme se depreende analisando os gráficos abaixo:
Figura 4: Pirâmide etária Brasileira em 1980
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Em 1980, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou em seu senso demográfico 119.011.052 habitantes no Brasil. Desse quantitativo, 26,22% se encontravam na faixa etária de 0 a 9 anos de idade, 23,38% entre 10 e 19 anos de idade, 44,24% na faixa de 20 a 59 anos de idade, 6,07% com 60 anos ou mais.
Nota-se na pirâmide etária de 1980, sua base larga de (0 a 4) anos. A população de 60 anos ou mais é quase imperceptível no gráfico. Em 1980 o Brasil era considerado um país jovem, ou seja, com a base da pirâmide (de 0 a 19 anos) mais larga, com maior número de pessoas que as demais faixas da pirâmide. A transição que ocorre nos seguintes 35 anos, até 2015, gráfico abaixo, onde a maior taxa é a adulta, é devido ao aumento da expectativa de vida, das infraestruturas e crescimento da economia.
Figura 5: Pirâmide Etária Brasileira em 2015
Fonte: Instituto Brasileirode Geografia e Estatística
O histórico da população brasileira até 2015, apontava para uma taxa rápida de envelhecimento, com um aumento expressivo da parcela de idosos e redução dos demais grupos etários. 
A população do país em 2015 foi estimada em 204,9 milhões, com crescimento anual de 1% entre 2005 e 2015. No mesmo período, a parcela de pessoas de zero a 14 anos no total da população diminuiu de 26,5% para 21%; e a de 15 a 29 anos, de 27,4% para 23,6%. Estas duas classificações foram as que apresentaram recuo mais intenso de participação na população entre as faixas etárias de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios em 2015 (PNAD 2015), feita pelo IBGE no período.
O prenúncio é de que o crescimento na proporção de idosos será "marcante" nas próximas décadas. Mantida a taxa atual, o envelhecimento da população brasileira será mais de duas vezes mais rápido que a média mundial.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil terá em 2050, 64 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que corresponderá, em termos percentuais a 30% da população.
A expectativa é de que em 2050, o número total de idosos represente 21,5% da população mundial. De acordo com o estudo da Organização das Nações Unidas, divulgado em julho de 2017, o Brasil atingirá o pico populacional (máximo da população antes do início do decrescimento), no ano de 2047, quando a população poderá atingir 232,8 milhões de habitantes. Na revisão anterior, (2015), as projeções da ONU indicavam o pico populacional de 238,3 milhões em 2050.
Já segundo projeções do IBGE, em 2050, a previsão é que enquanto a tendência da proporção de crianças e adolescentes tende a uma redução, o número de idosos, ao contrário, siga um comportamento oposto, com aumentos expressivos no decorrer das décadas seguintes. Observando a figura 7, de acordo com as Projeções, em 2050, a previsão é que, enquanto a tendência da proporção de crianças e adolescentes em relação ao total da população continue a se reduzir (14,01%), a tendência da proporção de idosos de 60 anos e mais de idade é aumentar (29,36%). Ou seja, o dobro da observada para as crianças e adolescentes de 0 a 14 anos de idade.
Figura 6: Projeção da Pirâmide Etária Brasileira em 2050
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Nesse sentido, a partir das pesquisas realizadas, é importante salientar que com o envelhecimento populacional, há também o aumento progressivo do número de pessoas em idade ativa, consubstanciando o fenômeno denominado “bônus demográfico”, muito citado na área da demografia, procurando chamar a atenção dos gestores, assistentes sociais e pessoas envolvidas com a área de desenvolvimento de políticas públicas para o momento atual e futuro, devido aos seus feitos sobre a inserção de novos e velhos contingentes populacionais no mercado de trabalho, os custos com a previdência social, sobre os indicadores relacionados com a violência, os custos com a saúde, dentre outras coisas.
Considerando-se o envelhecimento ao redor do mundo como realidade já constatada, no Brasil, os temas velhice, envelhecimento, saúde e qualidade de vida vem ganhando cada vez mais espaço. Desta feita, questões ligadas a eles, necessitam ser discutidas rapidamente a fim de nos dar subsídios para lidar com o envelhecimento e suas consequências. 
ENVELHECIMENTO POPULACIONAL EM PARNAMIRIM – RN
Emancipado de Natal no ano de 1958, é reconhecido internacionalmente como “Trampolim da Vitória”, tendo fortes ligações históricas com a Segunda Guerra Mundial, quando se tornou sede da então Base Aérea Americana de Parnamirim Field – hoje, ALA 10, após reestruturação da Força aérea Brasileira. Devido à sua localização estratégica global, servindo de ponto de partida de muitas aeronaves americanas, de todos os tipos, para levar tropas para o front da África. A grande movimentação de soldados americanos influenciou a população local, introduzindo sua cultura e movimentando de certa forma a economia da cidade e participando também da vida social dos habitantes à época.
O município de Parnamirim, hoje, terceiro mais populoso do Rio Grande do Norte, segundo dados do IBGE, divulgados em 01 de julho de 2017, possui uma população de 254.209 habitantes aproximadamente. Em Parnamirim, existem mais jovens do que idosos. Sendo a população composta de 27.7% de jovens e 3.5% de idosos, segundo dados do IBGE.
Figura 7: Mapa de Parnamirim/RN
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
VELHICE E ENVELHECIMENTO
Sabidamente não há unanimidade quando se tenta definir quem são as pessoas idosas. Enquanto em algumas nações se estabelece como parâmetro 60 anos, em outras a linha divisória é estabelecida pelos 65. E a crescente longevidade, com seus desafios, sobretudo na linha previdenciária, faz com que já se pense em elevar ainda mais a data limite. 
Atualmente, os especialistas no estudo do envelhecimento referem-se a três grupos de pessoas mais velhas: os idosos jovens, os idosos velhos e os idosos mais velhos. O termo idosos jovens geralmente se refere a pessoas de 65 a 74 anos, que costumam estar ativas, cheias de vida e vigorosas. Os idosos velhos, de 75 a 84 anos, e os idosos mais velhos, de 85 anos ou mais, são aqueles que têm maior tendência para a fraqueza e para a enfermidade, e podem ter dificuldade para desempenhar algumas atividades da vida diária (Papalia, Olds & Feldman, 2006). 
Enquanto para alguns estudiosos é preciso distinguir entre os denominados idosos “jovens” e a partir dos 85 anos os idosos “idosos”, aos poucos se evidencia que o segmento populacional denominado de idoso apresenta uma acentuada heterogeneidade resultante seja de condições pessoais seja de condições sociais, que por sua vez podem ser desdobradas numa multiplicidade de aspectos diferentes. 
Vamos de antemão conceituar os termos velhice, terceira idade, idoso e velho levando em conta a opinião de alguns autores sobre o tema. Os significados de Velhice no Dicionário Aurélio de língua portuguesa são: Estado ou condição de Velho, Vetustez, Antiguidade, Idade Avançada, Rabugice de Velho.
O termo Velho vem impregnado de conotações negativas, no sentido de que velho é algo que não serve mais. O termo Velhice é considerado para alguns como o último ciclo da vida, que independe de condições de saúde e hábitos de vida, e que pode vir acompanhado de perdas psicomotoras e sociais, para outros, no entanto, a velhice é uma experiência subjetiva e cronológica.
Simone de Beauvoir dizia que a velhice é algo não realizável, algo que não entendemos até sermos velhos. Para Birman (1995 p. 23) “Velho” na percepção dos “envelhecidos” das camadas médias e superiores está associada à pobreza, à dependência e à incapacidade, o que implica que o velho é sempre o outro. Já a noção de “terceira idade” torna-se sinônimo dos “jovens velhos”, os aposentados dinâmicos que se inserem em atividades sociais, culturais e esportivas. Idoso, por sua vez, é a designação dos “velhos respeitados”. A expressão “idoso” designa uma categoria social, no sentido de uma corporação, o que implica o desaparecimento do sujeito, sua história pessoal e suas particularidades. Além disso, uma vez que é considerado apenas como categoria social “o idoso é alguém que existiu no passado, que realizou o seu percurso psicossocial e que apenas espera o momento fatídico para sair inteiramente da cena do mundo”.
De Acordo com NETO (2002), podemos conceituar o envelhecimento como um processo, a velhice como uma etapa da vida e idoso como resultado e sujeito destes. De acordo com site Conceito.de Velhice é a qualidade do que é velho (alguém de idade avançada ou algo antigo e que não é novo nem recente). A velhice faz referência à senilidade ou idade senil. Embora não exista uma idade exata que se possa considerar como o começo da velhice, costuma-se dizer que uma pessoa é velha depois de passar a casa dos 70 anos. 
E terceira idade? Esta é a fase entre a aposentadoria e o envelhecimento e que traz consigo as demandas de cuidado com a saúde de umaforma mais ampla, já pensando em um envelhecimento com mais qualidade de vida. Peixoto (1998) nos lembra de que essa expressão, bem como o termo idoso, também foi criada na França em 1962, quando fora introduzida no país uma política de integração social e que visaria à transformação da imagem da velhice. Esta vem a realizar um corte na ideia de velhice, promovendo uma separação entre os jovens velhos e os mais velhos.
O termo terceira idade era usado para representar a idade de pessoas que estavam se aposentando
Outra classificação muito usada é por idade funcional, isto é, o quão bem uma pessoa funciona em um ambiente físico e social em comparação a outras de mesma idade cronológica. Por exemplo, uma pessoa de 90 anos com boa saúde física pode ser funcionalmente mais jovem do que uma de 65 anos que não está (Papalia et al., 2006).
CRONOGRAFIA DA VELHICE
Encontrar a gênese correta para a velhice não é fácil, uma vez que não há generalização em relação a velhice. A idade é um fato incontestável, mas mesmo assim pode variar de pessoa para pessoa, a depender de suas características próprias. Muitas vezes, duas pessoas com 65 anos de idade apresentam características diferentes em vários aspectos como disposição, saúde mental e física, dentre outros. Desta feita, os aspectos que caracterizam esse período, geram muitas discussões e atraem o interesse de estudiosos.
Atualmente, há diversas formas de definir e conceituar a velhice. Uma delas é a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que se baseia na idade cronológica de 65 anos para países desenvolvidos e 60 anos para países em desenvolvimento. Dias (2007) relata que envelhecer é um processo multifatorial e subjetivo, ou seja, cada indivíduo tem sua maneira própria de envelhecer. Sendo assim o processo de envelhecimento é um conjunto de fatores que vai além do fato de ter mais de 60 anos, deve-se levar em consideração também as condições biológicas, que está intimamente relacionada com a idade cronológica, traduzindo-se por um declínio harmônico de todo conjunto orgânico, tornando-se mais acelerado quanto maior a idade; as condições sociais variam de acordo com o momento histórico e cultural; as condições econômicas são marcadas pela aposentadoria; a intelectual é quando suas faculdades cognitivas começam a falhar, apresentando problemas de memória, atenção, orientação e concentração; e a funcional é quando há perda da independência e autonomia, precisando de ajuda para desempenhar suas atividades básicas do dia-a-dia (PASCHOAL, 1996) (MAZO, et al., 2007 apud DIAS, 2007). 
O envelhecimento humano é cada vez mais influenciado por diversos fatores, como gênero, classe social, padrões de saúde individuais e coletivos da sociedade, cultura, laços familiares, dentre outros.
Segundo, ainda, Shephard (2003), a categorização funcional do idoso não depende apenas da idade, mas também de sexo, estilo de vida, saúde, fatores sócio-econômicos e influências constitucionais, estando provado, assim, que não há homogeneidade na população idosa. A idade funcional está estreitamente ligada à idade subjetiva do indivíduo. Várias áreas de pesquisa têm se debruçado sobre o estudo do envelhecimento, como a Gerontologia e a Geriatria.
Assim, somente a idade cronológica não é suficiente para definir o que vem a ser velhice e envelhecimento, passando a ser somente uma forma padronizada de contagem dos anos vividos, uma vez que existem variações de toda ordem possíveis em pessoas de mesma idade. Segundo alguns estudos, outros fatores relacionados à vida pessoal, familiar e profissional servem de pontos de referência para mudança. Assim, o envelhecimento pode ser compreendido como um complexo processo composto pelas diferentes idades: Cronológica, psicológica, biológica e social.
IDADE CRONOLÓGICA
A idade cronológica está relacionada simplesmente ao tempo de vida que uma pessoa possui, quantas primaveras a pessoa já completou. A idade cronológica (tempo de nascimento) pode não “bater” com a idade biológica (aparência).
Segundo a mestre em gerontologia, Alessandra Vilella G. Sé, “O sistema de idade cronológico baseado no sistema de datação, no qual o indivíduo tem de dar conta das capacidades e tarefas atribuídas a cada estágio da vida é muito mais preconizado nas sociedades ocidentais. Como por exemplo, aos 22 anos tenho que me formar na faculdade, aos 27 casar e ter filhos, trabalhar até os 50 e depois me aposentar. Não precisamos dar conta o tempo todo de uma norma de idade, procurando incorporar estágios de maturidade e de status social e cultural. A melhor idade é o tempo que vivemos as melhores histórias. Todo tempo é tempo para restaurar e corrigir, começar e recomeçar. Quanto aos padrões de beleza, bonito é gostar da vida.”.
Para Schroots e Birren (1990), a idade cronológica pode ser entendida como algo absoluto e nela são fixadas propriedades que podem ser medidas. Ela é medida pelo tempo, empregando-se um padrão absoluto ou escalas de medida. Dada a comparação do tempo com medida, esta definição tende a obscurecer o fato de que o tempo não é fundamentalmente absoluto ou objetivo, mas relativo e subjetivo. Diferentes variáveis de tempo, como tempo histórico, idade (nascimento), podem reduzir o mesmo conceito de tempo físico clássico. Entretanto, este modelo não apresenta necessariamente concomitância com a idade biológica no processo de envelhecimento. Andrews (2000) afirma que é absurdo insistir que a idade cronológica deve fazer parte da identidade. Ela, assim como outros aspectos de identidade, compreende dimensões objetivas e subjetivas. A idade cronológica é entendida por muitos como uma mera questão referencial no processo de envelhecimento.
 IDADE BIOLÓGICA
A idade biológica é a idade do sistema do corpo humano, em outras palavras, é a idade que o corpo parece ter, sem levar em consideração a idade cronológica. A idade biológica e a cronológica não têm que coincidir. Os hábitos de cada indivíduo, alimentação, meio ambiente em que vive, entre outros, são determinantes para influenciar a idade biológica e a expectativa de vida.
Alimentar-se bem, ter no mínimo oito horas de sono por noite, controlar o stress, fazer exercícios físicos, evitar fumar, beber em demasia, usar drogas e medicamentos sem necessidade, são conselhos médicos para diminuir o desgaste ao corpo.
IDADE PSICOLÓGICA
A idade psicológica pode ser definida, de acordo com alguns estudiosos, sob dois aspectos: Um análogo ao conceito de idade biológica, onde são levados em consideração aspectos da idade cronológica e as capacidades do indivíduo como percepção, aprendizagem e memória. Esse conceito é muito próximo ao de envelhecimento normal. O outro aspecto, tem relação com o senso subjetivo da idade, ou seja, a idade que o indivíduo sente que tem.
A idade psicológica mostra que as influências sociais e psicológicas sempre estão agindo, conforme explicitado acima, os estilos de vida influenciam e submetem os indivíduos a várias condições e as diferenças nas formas do envelhecimento aparecem muito cedo na vida. Por exemplo: Duas pessoas de mesma idade e de idêntica condição clínica, que sofreram um derrame, podem se recuperar de forma totalmente diferente, ou seja, um pode recuperar-se rapidamente, reagir bem à fisioterapia, e com facilidade recuperar os movimentos do corpo e a fala perdida, retornando à vida normal de antes. O outro, de forma diametralmente oposta, pode não reagir bem ao tratamento, entregar-se à depressão, não fazer mais exercícios de fisioterapia e vir a falecer. O fator determinante nesse caso será a idade psicológica, que de acordo com especialistas, é a mais subjetiva e misteriosa de todas as idades já citadas, entretanto, pode ser também considerada como a que contém as maiores possibilidades de reverter o processo de envelhecimento. Tudo vai depender de como o indivíduo se sente.
IDADE SOCIAL
A idade social diz respeito a como cada sociedade, em determinado momento histórico, avalia o grau de adequação de cada indivíduo no desempenho de suasfunções (papéis) e comportamentos esperados para pessoas de sua idade. Sendo assim, o processo de envelhecimento varia de acordo com circunstâncias econômicas e sociais que determinam quem e por que serão chamados de velho e como será tratado por uma sociedade, ou seja, o processo de envelhecimento social é relativo às mudanças nos papéis sociais no contexto em que o indivíduo está inserido, que coincidem com as expectativas da sociedade para tal nível etário.
No século XVIII, o idoso era considerado como um patrimônio e não como um encargo. Posteriormente, fruto da revolução industrial, ocorre uma inversão de valores, a sociedade passa a julgar o idoso não mais por sua sabedoria, mas sim pela sua capacidade para o trabalho e produção.
Atualmente, a sociedade é marcada pela qualificação do potencial da juventude em detrimento da velhice estabelecida em improdutividade e decadência.	
Segundo Guite I. Zimerman, (2007) o envelhecimento social da população traz uma modificação no status do velho e no relacionamento dele com outras pessoas em função de:
CRISE DE IDENTIDADE: Provocada pela falta de papel social, o que levará o velho a uma perda de sua autoestima.
MUDANÇAS DE PAPÉIS: Na família, no trabalho e na sociedade. Com o aumento de seu tempo de vida, ele deverá se adequar a novos papéis.
APOSENTADORIA: Já que hoje ao aposentar-se, ainda restam à maioria das pessoas muitos anos de vida; portanto elas devem estar preparadas para não acabarem isoladas, deprimidas e sem rumo.
PERDAS DIVERSAS: Vão da condição econômica ao poder de decisão, à perda de amigos e parentes, da independência e da autonomia.
DIMINUIÇÃO DOS CONTATOS SOCIAIS: Tornaram-se reduzidos em função de suas possibilidades, distância, vida agitada, falta de tempo, circunstâncias financeiras e a realidade da violência nas ruas.
Assim, faz-se mister ajustar as relações sociais com familiares, amigos, bem como criar novos relacionamentos e aprendizagem de um novo estilo de vida para que as perdas sejam minimizadas e que os idosos possam ter qualidade de vida.
VELHICE E SOCIEDADE
O envelhecimento humano não pode mais ser considerado apenas pela cronologia, ou seja, pela idade, outros aspectos também são importantes. Desse modo, o objetivo desse tópico será entender o que a velhice representa para o idoso como ser social, atuante na sociedade em que vive.
Segundo Beauvoir, (1990, pág.265), “é a classe dominante que impõe às pessoas idosas seu estatuto; mas o conjunto da população ativa se faz cúmplice dela.” Em uma sociedade capitalista, onde o objetivo é o lucro e os meios de atingí-lo são produção, rapidez, tecnologias inovadoras a todo momento, o idoso, por questões biológicas, podem apresentar dificuldades para manter o ritmo acelerado exigido pelo sistema, o que também não impossibilita a realização das tarefas. Porém, na persperctiva social atual, o idoso pode ser considerado um entrave, por não realizar as tarefas na velocidade que os jovens julgam necessária ou mais adequada.
Na sociedade atual, ocidental e capitalista, qualquer valoração tem como fundamento a ideia de produtividade, inerente ao próprio capitalismo.
De acordo com Veras, (2002), O modelo capitalista fez com que a velhice passasse a ocupar um lugar marginalizado na existência humana, na medida em que a individualidade já teria os seus potenciais evolutivos e perderia então o seu valor social. Desse modo, não tendo mais a possibilidade de produção de riqueza, a velhice perderia o seu valor simbólico.
A sociedade capitalista, desconsidera, muitas vezes, a contribuição social dos idosos para a produção de bens, serviços e a carga de conhecimento que carregam.
Diante de tanta oposição ao enfrentamento da realidade social, muitos idosos negam a velhice, a própria existência e principalmente a idade, sentem vergonha de se sentirem velhos por conta do estigma de que são lentos na execução das tarefas, dentre outras críticas recebidas. Tal comportamento resume-se ao não enfrentamento da velhice, com o intuito de serem aceitos nos grupos mais jovens. 
Vivemos em uma sociedade na qual a expectativa é ser adulto. As crianças e adolescentes sonham em ser adultos, ter uma profissão, ter uma família, mas nem pensam em ficar velhos, como se a velhice fosse uma doença infectocontagiosa e estar velho é estar perto da morte, como se estar velho seja condição para não produzir mais nada. O pior, é que esse tipo de pensamento não é privilégio só dos jovens, há idosos também que se veem como algo que não serve mais, como um peso morto, incapaz de produzir e contribuir com a sociedade.
De acordo com alguns autores existe a cultura da velhice infeliz, onde a sociedade aceita que os idosos sejam tratados como um ser doente, inútil, um fardo, um entrave e muitas outros coisas ruins. Como citado anteriormente, a maioria dos idosos permitem e alguns até concordam com a sociedade.
Para (GUITE 2007 Pág 27), no “pacote” da velhice deve constar ideias, como a de que os velhos já produziram muito ao longo de sua vida, continuam produzindo de várias maneiras e agora merecem receber mais atenção e respeito.
As limitações, incapacidades e dificuldades não são problemas apenas dos idosos, há muitas crianças, adolescentes, jovens e adultos com limitações de toda ordem, por vários motivos. Assim, torna-se ingênuo considerar a velhice como uma limitação ou deficiência. É preciso uma mudança interna, uma forma diferente de encarar a velhice.
Por falar em mudança interna, Abreu, (2017), faz uma alerta: “jovem, é muito provável que você fique velho. É muito provável também que você trabalhe com velhos ou para velhos. Convém repensar seus sentimentos em relação ao velho e à velhice, bem como os valores atribuídos a eles. É preciso se informar sobre esse segmento da população ainda tão desconhecido. Os preconceitos e falácias a respeito da velhice dominam igualmente crianças, jovens maduros e velhos – sim, eles próprios têm preconceitos a respeito dessa fase da vida. ” 
A partir do momento em que o idoso é considerado como um sujeito capaz de desenvolver atividades e desempenhar novos papéis sociais percebe-se que a visão sobre a velhice começa a ser alterada, pois o idoso incapaz, inútil e sem utilidade, passa a ser um novo agente social. “Gradualmente, a visão de idosos como um subgrupo populacional vulnerável e dependente foi sendo substituída pela de um segmento populacional ativo e atuante que deve ser incorporado na busca do bem-estar de toda a sociedade” (CAMARANO, 2004, p. 257-258).
Assim, quando o idoso se percebe como ator social, que tem condições de atuar em prol de seus direitos, o contexto social da velhice muda. Os idosos começam a estabelecer seu espaço social, superando o preconceito e buscando reconhecimento por tudo que já desempenharam em suas trajetórias e ainda tem para oferecer para a sociedade por todo conhecimento e experiência que carregam.
Os idosos, na verdade, têm muito com o que contribuir com a sociedade. O que importa é a postura diante da vida. A forma de ser e de buscar a própria felicidade, ter objetivos de vida e projetos para continuar vivendo.
Nesse sentido, passamos para o próximo capítulo: Qualidade de vida na terceira idade. Assunto muito discutido ultimamente, tendo em vista o crescimento da população idosa. Viver mais e viver bem, com qualidade de vida.
QUALIDADE DE VIDA 
ORIGEM DO TERMO QUALIDADE DE VIDA
Mencionado pela primeira vez em 1920, o termo Qualidade de Vida foi inicialmente relacionado à economia e ao bem-estar material. Após a Segunda Guerra Mundial, esse constructo começou a ser utilizado mundialmente, a fim de descrever os bens materiais adquiridos no pós-guerra. Posteriormente, o conceito foi ampliado, passando a abranger novos indicadores, incorporado às políticas sociais e uma área exclusiva de pesquisa, com o intuito de comparar o desenvolvimento e o poder econômico das diversas nações. (WOOD DAUPHINEE, 1999). 
Adiante, a expressão qualidade de vida foi utilizada novamente associada à economia por Lyndon Johnson,em 1964, data em que começou o seu mandato de presidente dos EUA, ao afirmar que os objetivos da economia não podiam ser medidos através do balanço dos bancos, mas através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas.
Com o passar dos anos, passou a englobar também o conceito social e a mensurar o desenvolvimento por meio de outros indicadores, tais como: moradia, saúde e educação. Nas últimas décadas, esta temática vem sendo discutida amplamente em todas as áreas do conhecimento, principalmente na saúde (MARTINS, 2007).
Essa expressão é debatida entre pesquisadores de diversas áreas, mesmo não possuindo uma definição universal, por abordar diferentes conceitos, modelos teóricos e instrumentos de avaliação.
Conforme o dicionário da qualidade (1996, p. 339), entende-se como qualidade de vida: A avaliação qualitativa das condições de vida dos seres humanos e dos animais, bem como a satisfação das necessidades e expectativas do cidadão. O conceito está associado ao bem-estar, à segurança, à expectativa de vida, à paz de espírito e ao desfrute das condições essenciais do que o cidadão deve ter ao seu dispor (água, luz, higiene, telefone, etc.).
 CONCEITO MULTIDISCIPLINAR
Muito se tem falado em qualidade de vida nos dias atuais. A presença do termo qualidade de vida, é facilmente percebida no linguajar da sociedade contemporânea.
O senso comum se apropriou desse objeto de forma a resumir melhorias ou um alto padrão de bem-estar na vida das pessoas. Apesar de ser um conceito difícil de explicar, a maioria das pessoas relaciona o termo à sentir-se bem.
O conceito de qualidade de vida é muito abrangente, podem ser de ordem social, econômica ou emocional e aplicado a diversas áreas do conhecimento humano como biológico, econômico, social, político, dentre outros, em uma constante inter-relação e por isso mesmo, a área de conhecimento em qualidade de vida encontra-se em franca expansão.
Para melhor compreender a área de conhecimento em qualidade de vida é necessário adotar uma perspectiva, ou um paradigma complexo de mundo, pois se expressa na relação entre o Homem, a natureza e o ambiente que o cerca (BARBOSA, 1998). 
Pode-se perceber inúmeros esforços na tentativa de elucidar esse campo de conhecimento. Compreender qualidade de vida como uma forma humana de percepção do próprio existir, a partir de esferas objetivas e subjetivas, é um desses. Porém, é preciso que, para uma compreensão adequada, não haja reducionismo perante esse tema, pois o que se percebe são inter-relações constantes entre os elementos que compõem esse universo. 
Tanto SÉTIEN (1993) FARQUHAR (1995), apud ALBUQUERQUE, apontam para o fato de que a multidisciplinariedade do uso do termo “Qualidade de Vida” é um dos fatores que levam à falta de consenso sobre sua definição.
Por ter um conceito multidisciplinar, para compreendê-lo melhor, faz-se mister associá-lo, ou seja, apreender cada parte desse conceito para formar um todo. 
DIFERENTES ENFOQUES DO TERMO QUALIDADE DE VIDA
Qualidade de Vida e Economia
 Para a economia, a forma de medir a qualidade de vida em alguns países, principalmente os ocidentais, faz-se importante analisar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita (por pessoa), bem como o crescimento econômico. A suposição básica é que crescimento econômico significa riqueza, e quando a economia está bem, todos ficam satisfeitos.
No entanto, para Bergh ((2009) usar a intepretação do PIB (per capita) como uma ferramenta para medir a qualidade de vida vem sofrendo duras críticas de diversos e renomados autores do século XX, entre eles vários autores que receberam o Nobel: Stone, Schwarz, Schkade, Krueger (2004), Dasgupta (2001), Dasgupta e Mäler (2000), Weitzman e Löfgren (1997), Hartwick (1990), Daly (1977), Sen (1976), Nordhaus e Tobin (1972), Samuelson (1961), Hicks (1948), Kuznets (1941).
O PIB, como avaliação do padrão de desempenho econômico, é vastamente aceito pelas agências financeiras internacionais, tais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que adaptaram suas políticas com base nesse indicador e, através dele, mensuram comparativamente o desenvolvimento econômico dos países. O PIB é calculado tanto em nível nacional, como nos campos regionais e estaduais e, em alguns casos, municipais.
Dessa forma, configura-se como o principal instrumento usado pelos governos, quando não a única utilizada, para verificar o crescimento, estagnação, ou exaustão das economias e para planejar suas políticas e táticas de desenvolvimento.
Qualidade de Vida e Trabalho
Chiavenato (1999) comenta que, em 1927, a Western Eletric Company, uma indústria que fabricava componentes de telefone em Hawthorne, perto de Chicago, nos EUA, desejava identificar os fatores que influenciavam a produtividade dos trabalhadores. Verificou-se que, em relação à produtividade, os fatores sociais são mais importantes para as pessoas.
Por volta de 1950 e no decorrer da década de 1960, segundo Chiavenato (2000), o interesse se voltou para a motivação do trabalhador. Surgiu a Teoria de Maslow (1954 apud VERGARA, 1999), classificando as necessidades humanas como: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de auto-realização. Já Herzberg (1997) formulou a Teoria dos Fatores Higiênicos e Motivacionais. Dessas concepções decorreu um enriquecimento das atividades dos trabalhadores na medida em que ganharam destaque os estudos de liderança, o reconhecimento social, o treinamento, a participação dos trabalhadores e o incentivo ao trabalho em grupo.
No entanto, as primeiras publicações sobre o tema datam da década de 70, quando Louis Davis, professor da universidade da Califórnia, ao desenvolver um projeto sobre desenhos de cargos, definiu o que seja Qualidade de Vida no trabalho (QVT). 
Para ele, é a preocupação com o bem-estar geral e a saúde dos colaboradores no desempenho de suas atividades. O conceito de QVT abrange tanto os aspectos físicos e ambientais como os aspectos psicológicos do local de trabalho. Nesse sentido, a QVT engloba duas posições antagônicas: De um lado, as reinvindicações dos empregados quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho e de outro lado, os interesses das organizações quanto aos seus efeitos potenciais sobre produtividade e qualidade.
Walton (1973) afirmou que:
Em recentes anos a frase "qualidade de vida" foi usada com freqüência crescente para descrever certos valores ambientais e humanísticos negligenciados por sociedades industriais a favor de avanço tecnológico, produtividade industrial e crescimento econômico. Dentro de organizações empresariais, foi focalizada atenção na “qualidade de experiência humana" no lugar do trabalho. (WALTON,1973, p. 11).
De acordo com Monteiro (2001), Lima (1997), Mazzucco (1999) e Sant’Anna, Costa e Moraes (2000), existem várias definições e categorias de QVT e não há consenso acerca da conceituação do termo. Mesmo assim, a QVT tem sido entendida como a aplicação concreta de uma filosofia humanista, visando a alterar aspectos do e no trabalho, a fim de se criar uma situação mais favorável à satisfação das necessidades dos trabalhadores e ao aumento da produtividade organizacional.
A QVT tem sido usada para indicar o nível das experiências humanas no local de trabalho, bem como o grau de satisfação das pessoas que desempenham o trabalho. Nesse contexto, a QVT envolve o conteúdo e o contexto do cargo, afetando atitudes pessoais e comportamentos relevantes para a produtividade individual e grupal tais como: Motivação para o trabalho, adaptabilidade a mudanças no ambiente de trabalho, criatividade e vontade de inovar. 
Há que se destacar que a importância das necessidades humanas varia conforme a cultura de cada indivíduo e organização. Portanto, a QVT não é determinada apenas por características individuais, quais sejam: Necessidades, valores e expectativas, ou situacionais: Estrutura organizacional, tecnologia, sistema de recompensas, mas sobre tudo pela atuação sistêmica dessas características.
Qualidade de Vida e Saúde
Segundo um levantamentode estudos que tinham por objetivo a definição do temo e que se referiam à avaliação da qualidade de vida, pela primeira vez apareceu na literatura médica na década de 30.
As revisões de literatura que cobriram períodos anteriores a 1995 revelam que, ao lado dos esforços direcionados para a definição e avaliação da qualidade de vida na área da saúde, havia lacunas e desafios teóricos e metodológicos a serem enfrentados. Gill et al., procuraram identificar como a qualidade de vida estava sendo definida e mensurada na área da saúde, mediante a revisão de 75 artigos que tinham esse termo em seus títulos, publicados em revistas médicas. Depois de verificar que somente 15,0% dos trabalhos apresentavam uma definição conceitual do termo e 36,0% explicitavam as razões para a escolha de determinado instrumento de avaliação, Gill et al., concluíram que havia falta de clareza e de consistência quanto ao significado do termo e à mensuração da qualidade de vida.
Na década de 70, Campbell (1976, apud Awad & Voruganti p. 558) tentou explicitar as dificuldades que cercavam a conceituação do termo qualidade de vida: "qualidade de vida é uma vaga e etérea entidade, algo sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que é". A citação dessa afirmação, feita há cerca de quarenta anos, ilustra a ênfase dada na literatura mais recente às controvérsias sobre o conceito desde que este começou a aparecer na literatura associado a trabalhos empíricos.
A crescente preocupação com questões relacionadas à qualidade de vida vem de um movimento dentro das ciências humanas e biológicas no sentido de valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida. Assim, qualidade de vida é abordada, por muitos autores, como sinônimo de saúde, e por outros como um conceito mais abrangente, em que as condições de saúde seriam um dos aspectos a serem considerados (Fleck, Louzada, Xavier, Chachamovich, Vieira, Santos & Pinzon, 1999).
Diferentes aspectos que definem a qualidade de vida são apresentados na literatura, como, por exemplo, poder aproveitar as possibilidades da vida, de escolher, de decidir e ter controle de sua vida (Renwick & Brown, 1996). 
Figura 8: Degraus para Proveito de Oportunidades na Vida
Fonte: Adaptado de Renwick & Brown 1996
Considerando o modelo apresentado na figura 9, abaixo, o "ser" é entendido como o que o ser humano é, resultado de sua nutrição, aptidão física, habilidades individuais, inteligência, valores, experiências de vida, etc. Quanto ao "pertencer" trata-se das ligações que a pessoa tem em seu meio, casa, trabalho, comunidade, possibilidade de escolha pessoal de privacidade, assim como da participação de grupos, inclusão em programas recreativos, serviços sociais, etc. O "tornar-se" remete à prática de atividades como trabalho voluntário, programas educacionais, participação em atividades relaxantes, oportunidade de desenvolvimento das habilidades em estudos formais e não formais, dentre outros. Esses componentes apresentam uma organização dinâmica entre si, consideram tanto a pessoa, como o ambiente, assim como as oportunidades e os obstáculos.
Figura 
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: Componentes e Subcomponentes Essenciais da Qualidade de Vida
Fonte: Revista Brasileira de Educação Física e Esporte
No início dos anos 90, uma vez que não havia um consenso sobre a definição do termo Qualidade de vida, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniu especialistas de várias partes do mundo, para que em um enfoque global, definissem o que é qualidade de vida e desenvolvesse também instrumentos que avaliassem qualidade de vida por si com uma perspectiva internacional, visto que os instrumentos existentes anteriormente à criação desse grupo, foram desenvolvidos nos Estados Unidos e na Europa.	
Assim foi criado um grupo de Qualidade de Vida com o objetivo de desenvolver instrumentos de avaliação de Qualidade de vida psicometricamente válidos, isto é, capazes de levar em consideração que a percepção de qualidade de vida varia entre indivíduos e é dinâmica para cada pessoa. 
O ponto de partida para a construção do World Health Organization Quality of Life (WHOQOL) foi conceituar o termo QV, sendo esta entendida como “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas padrões e preocupações” (FLECK et al., 1999, p. 20).
A definição do Grupo WHOQOL reflete a natureza subjetiva da avaliação que está imersa no contexto cultural, social e de meio ambiente. O que está em questão não é a natureza objetiva do meio ambiente, do estado funcional ou do estado psicológico, ou ainda como o profissional de saúde ou um familiar avalia essas dimensões: é a percepção do respondente/paciente que está sendo avaliada. 
Apesar das dificuldades e complexidades encontradas, as avaliações podem proporcionar uma melhor compreensão sobre as reais necessidades das pessoas, tanto na sociedade em geral, como na área da saúde.
Um dos pontos mais importantes em avaliação da qualidade de vida, segundo (Saxena S, Carlson D, Billington R, Orley J., 2001), é determinar o que é importante para o indivíduo, principalmente quando o instrumento é para uso transcultural. Sobre isso, uma pesquisa realizada pelo Grupo Qualidade de Vida da OMS demonstrou que é possível desenvolver uma medida de qualidade de vida válida e aplicável para uso em culturas diferentes e organizou um projeto com a colaboração de 15 centros, do qual nasceu o World Health Organization Quality of Life-100 (WHOQOL-100).
Assim, vários centros com culturas diversas participaram da operacionalização dos domínios de avaliação de qualidade de vida, da redação e seleção de questões, da derivação da escala de respostas e do teste de campo nos países envolvidos nesta etapa. Com esta abordagem foi possível equacionar as dificuldades referentes à padronização, equivalência e tradução à medida que se desenvolvia o instrumento. Para garantir que a colaboração fosse genuinamente internacional, os centros foram selecionados de forma a incluir países com diferenças no nível de industrialização, disponibilidade de serviços de saúde, importância da família e religião dominante, entre outros. 
World Health Organization Quality of Life-100 (WHOQOL-100).
O instrumento é composto por 100 itens divididos em 5 domínios e 23 facetas. Os domínios são: físico, psicológico, nível de independência, relações sociais e meio ambiente.
Cada faceta é composta por várias perguntas. O instrumento contém ainda, uma 24ª faceta composta de perguntas gerais sobre qualidade de vida.
Figura 
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: Domínios e Facetas do WHOQOLFonte: Grupo WHOQOL
As respostas para as questões do WHOQOL são dadas em uma escala do tipo Likert. As perguntas são respondidas através de quatro tipos de escalas (dependendo do conteúdo da pergunta): intensidade, capacidade, frequência e avaliação. Utilizou-se uma cuidadosa metodologia para selecionar as palavras que compõem as escalas em cada idioma (Szabo et al., 1997), com a finalidade de manter a equivalência nas diferentes línguas (Fleck et al., 1999). 
A necessidade de instrumentos curtos que demandem pouco tempo para seu preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias, fez com que o Grupo de Qualidade de Vida da OMS desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL-100, o WHOQOL-bref (WHOQOL GROUP, 1998).
O WHOQOL-bref é composto por 26 questões, sendo duas questões sobre a auto avaliação da qualidade de vida e 24 questões representando cada uma das facetas do WHOQOL-100. Para a composição das questões do WHOQOL-bref, foi selecionada a questão de cada faceta que apresentava a maior correlação com o escore médio de todas as facetas (THE WHOQOL GROUP, 1996).
Figura 
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: Domínios e Facetas do Grupo WHOQOL-bref Os dados que deram origem à versão abreviada foram extraídos do teste de campo de 20 centros em 18 países diferentes. Assim o WHOQOL-Bref é compostopor 4 domínios: Físico, Psicológico, Relações Sociais e Meio- ambiente. 
 Fonte: Grupo WHOQOL (1998)
Um teste de campo com o WHOQOL-bref foi aplicado em vários centros com a finalidade de avaliar suas características psicométricas, e os resultados devem ser publicados em breve. A versão em português do instrumento apresentou características satisfatórias de consistência interna, validade discriminante, validade de critério, validade concorrente e fidedignidade teste-reteste (Fleck et al., 2000). 
A OMS identificou cinco áreas prioritárias para o desenvolvimento de módulos: pessoas sofrendo de doenças crônicas (epilepsia, artrite, câncer, diabetes); pessoas que cuidam de pessoas doentes ou com limitações decorrentes da doença (quem cuida de pacientes terminais); pessoas vivendo em situações de estresse intenso (campos de refugiados); pessoas com dificuldade de comunicação (com distúrbios severo de aprendizado) e crianças (WHO, 1993). 
O primeiro módulo do WHOQOL a ser desenvolvido foi o de HIV/Aids, em função da importância médica da doença, do impacto na qualidade de vida, de seu estigma e das peculiaridades que envolvem o contágio. 
Nos últimos anos a preocupação e a valorização da dimensão 'não-material' ou espiritual em saúde tem crescido em importância (Ellerhorst-Ryan, 1996). Uma resolução da 101a sessão da Assembleia Mundial de Saúde propôs uma modificação do conceito de saúde da OMS para um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social. Assim, o Grupo de qualidade de vida desenvolveu o módulo Religiosidade, espiritualidade e crenças pessoais (WHOQOL-SRPB) que seguiu a metodologia utilizada em outros projetos do Grupo WHOQOL.
É importante salientar que este módulo não é dirigido a qualquer religião específica, mas a todas as formas de espiritualidade, praticada ou não através de religiões formais. Para os que não são afiliados a religião alguma ou dimensão espiritual, o domínio deve referir-se a crenças ou códigos de comportamento (WHO, 1998). 
Em 1999, foram iniciados estudos pelo Grupo WHOQOL, para o desenvolvimento de um instrumento específico para mensurar a qualidade de vida das pessoas idosas, nos mesmos moldes dos estudos anteriores e ainda adaptando o WHOQOL-100 para utilização junto ao grupo de adultos idosos.
O módulo WHOQOL-OLD pode ser usado numa ampla variedade de estudos incluindo investigações transculturais, epidemiologia populacional, monitoramento de saúde, desenvolvimento de serviços e estudos de intervenção clínica em que questões sobre a qualidade de vida sejam cruciais. O módulo WHOQOL-OLD permitirá a avaliação do impacto da prestação do serviço e de diferentes estruturas de atendimento social e de saúde sobre a qualidade de vida, especialmente na identificação das possíveis consequências das políticas sobre qualidade de vida para adultos idosos e uma compreensão mais clara das áreas de investimento para se obter melhores ganhos na qualidade de vida. A estimativa do impacto de intervenções físicas e psicológicas sobre uma gama de problemas físicos e psiquiátricos relacionados à velhice poderá ser acessada. Estudos transversais entre diferentes serviços ou tratamentos e estudos longitudinais de intervenções podem ser avaliados com o WHOQOL-OLD. Além disso, a abordagem transcultural ímpar do desenvolvimento do instrumento significa que se podem fazer comparações entre diferentes culturas (Power et al., 1999). 
Os exigentes padrões de desenvolvimento de instrumento utilizados para o WHOQOL-OLD significam que tais comparações correm menos risco de viés cultural; a metodologia WHOQOL (Grupo WHOQOL 1998-b) oferece uma abordagem adequadamente de desenvolvimento de instrumento que proporciona uma validade transcultural para a avaliação da qualidade de vida de idosos. (WHO, 1999).
De acordo com a publicação do artigo Projeto WHOQOL-OLD: métodos e resultados de grupos focais no Brasil, na revista saúde pública de autoria de Marcelo P A Fleck, Eduardo Chachamovich e Clarissa M Trentini, em 2003, a conclusão da aplicação do método no Brasil foi: 
Os grupos transcorreram sob uma atmosfera de cooperação, amistosa e tranquila. Os participantes demonstraram satisfação em poder discutir aspectos de qualidade de vida específicos de sua faixa etária. Manifestaram contentamento em observar que suas experiências serão levadas em conta e que há interesse em estudar pessoas idosas. Havia um certo receio por parte dos pesquisadores de que os idosos, especialmente os com mais de 80 anos, não fossem apresentar disposição ou condições de participar de uma atividade que requer alto nível de concentração e abstração por cerca de duas horas, o qual não se confirmou. Os idosos mantiveram-se interessados e participativos durante toda a condução dos grupos. (Projeto WHOQOL-OLD Fleck MPA et al) Rev Sa ̇de Pública 2003; 37(6):793-9.
Qualidade de vida e Serviço Social
A Constituição federal em seu artigo 230, contém que a família, a sociedade e o Estado tem o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida. 
A contribuição do profissional do Serviço social para a qualidade de vida da população idosa consiste em assegurar sua cidadania, posicionando a pessoa idosa como sujeito de direitos e como foco de investimento das políticas públicas, exigindo do Estado ações no sentido de redimensionar sua agenda pública.
De acordo com Bruno (2003) “cidadania não tem idade”, e o direito a envelhecer com dignidade é um direito humano básico que se fundamenta na compreensão da velhice como uma etapa natural da existência humana, o que requer atenção prioritária, e a necessidade de cuidados e assistência, enquanto direitos sociais já reconhecidos, mas ainda não necessariamente efetivados nas realidades em análise. A esse respeito o Estatuto do Idoso, criado pelo governo brasileiro em 2003, preceitua em seu artigo 2º que o idoso goze de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana assegurando-se-lhe todas as oportunidades e facilidades para a preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social em condições de liberdade e dignidade. (Brasil, 2010)
Através de ações que incluam os idosos no exercício de sua cidadania, haverá a melhoria na qualidade de vida desses idosos. Nesse sentido, faz-se necessário conhecer o sistema de proteção social destinado ao segmento social idoso, estruturado em mecanismos legais que visam garantir proteção social básica e especial. 
O SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
O serviço social e sua institucionalização no Brasil surgiram nas décadas de 1930 e 1940, levando em conta dois processos, que juntos levaram às condições sócio históricas necessárias para que o serviço social iniciasse seu percurso como profissão no cenário brasileiro. O processo de estruturação do Capitalismo Monopolista, onde a concentração de renda é mais evidenciada e consequentemente seja possível afirmar que a desigualdade social e seus reflexos aumentaram, fomentando, assim, o outro processo, a revolta dos trabalhadores que passaram a lutar por conquistas sociais e trabalhistas, gerando uma luta de classes.
Houve ainda, o projeto de recristianização da Igreja Católica, a ação de grupos, classes e instituições que integraram essas transformações. Essas décadas são marcadas por uma sociedade capitalista industrial e urbana. A industrialização processava-se dentro de um modelo de modernização conservadora, pois era favorecida pelo Estado corporativista, centralizador e autoritário. Assim, a burguesia industrial aliada aos grandes proprietários rurais, buscava apoio principalmente no Estado para seus projetos de classe e, para isso, necessitavam encontrar novas formas de enfrentamento da chamada “questão social”.
Segundo Iamamoto (2011), a gênese do Serviço Social no Brasil, enquanto profissão inscrita na divisão social do trabalho está relacionada ao contexto das

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