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Luzia Débora Saldanha Marques Especialista em Nutrição Esportiva e Diabetes Nutricionista – CRN 13297 HIV - SIDA (BRICARELLO, LOPES, BRICARELLO; 2010) HISTÓRIA 1981 – Los Angeles e Nova York: primeiros relatos de SIDA Brasil, 1ª caso – 2008: 506.499 Incidência ↑ 1998: 19 casos/100 mil hab. 80% [ ] região Sul e Sudeste ↓ na mortalidade após política de acesso universal a TARV (BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO HIV - AIDS, 2016) EPIDEMIOLOGIA 2007 jun/2016 SINAN: 136.945 HIV BRA 52,1% SUDESTE 21,1% SUL 13,8% NORDESTE 6,7% C. OESTE 6,3% NO 2007 -2016 92.142 HOMENS 44.766 MULHERES EPIDEMIOLOGIA (BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO HIV-AIDS, 2016) 2007 - 2016 Faixa etária – 20 a 34 anos (52,3%) 2015 Homens 50,4%homo; 36,8% hetero; 9% bi; Mulheres 96,4% heterosexual SIDA = Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Teste imunoenzimático ou ELISA: mais utilizado devido sua sensibilidade, especificidade, praticidade e baixo custo; CONTROLE LABORATORIAL DA INFECÇÃO: Quantificação da carga viral (determinação da velocidade de destruição do sistema imune) Quantificação de subpopulações de linfócitos (contagem de linfócitos TCD4 e TCD8, para introdução do tratamento antirretroviral) DEFINIÇÃO/DIAGNÓSTICO TRANSMISSÃO Contato sexual Transm. sanguínea Perinatal Infusão sangue Acidentes perfuro cortante Drogas injetáveis Gestação Parto amamentação Secreções vaginais Sêmen Retrovírus são vírus RNA dependentes da transcriptase revesa (RT), as quais são capazes de copiar seu genoma de RNA em uma dupla fita de DNA e integrar-se ao genoma da célula hospedeira. De acordo com a sequência de aa, os vírus podem ter diferentes classificações, sendo o HIV-1 e HIV-2; Trata-se de um vírus envelopado, apresentando em sua superfície uma memb. lipídica (célula do hospedeiro) e 2 glicoproteínas. O capsídeo viral contem o tRNA, o material genético e enzimas (protease, transcriptase reversa, e integrase), necessárias para a replicação viral. MORFOLOGIA E ORGANIZAÇÃO VIRAL (FOCACCIA, 2005) Inicia pela entrada do vírus na célula, por meio da ligação entre a proteína de superfície e o receptor da célula (fusão das membranas). A molécula de CD4 não é a única receptora de vírus HIV, mas uma das principais. Há indivíduos com deleção no gene CCR-5 que são resistentes ao HIV. Após entrar na célula, o RNA viral e convertido em DNA, pelas enzimas transcriptase reversa e ribonucleose, que ocorre no citoplasma da célula, nas 6 primeiras hs de infecção. A dupla fita de DNA é integrada na célula dom hospedeiro por meio da trasnriptase reversa. A célula permanecerá com o DNA do vírus enquanto estiver viva. CICLO VIRAL (FOCACCIA, 2005) FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010) Há ↓ linfócitos T auxiliadores CD4+ (principal receptor celular para o HIV) permitindo sua entrada na célula hospedeira. O vírus do HIV invade o centro genético das células CD4+ (linfócitos T auxiliares), que são os principais agentes envolvidos na proteção contra a infeção. FISIOPATOLOGIA A progressão depende de interações complexas entre fatores virais e hospedeiros genéticos e difere entre os indivíduos. Há ↓ cél CD4+ no sangue = imunodeficiência doença constitucional (febre persistente, sudorese noturna, fadiga crônica, indisposição e diarréia), complicações neurológicas. O vírus também está presente em outras secreções, como sêmen, sec. vaginais, sist. l infático, SNC e evolui de maneira independente; (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2010) Inibidores da trasncriptase reversa: atuam na faze inicial do ciclo, impedindo a formação do DNA a partir do RNA; Inibidores da protease: final do ciclo, impedindo a maturação da partícula viral; Inibidores da fusão: impedem a fusão da membrana celular com a membrana viral; Inibidores da entrada: que atuam impedindo a ligação do vírus ao receptor; Inibidores da integrase: inibem o pro-vírus recém produzido pela RT integre o genoma da célula hospedeira; (FOCACCIA, 2005) DROGAS ANTIRRETROVIRAIS + 2 a 4 semanas após a infecção pelo HIV, aparecimento dos anticorpos anti-HIV (soroconversão). A viremia plasmática alcança níveis ↑ e o indivíduo torna-se altamente infectante aparecendo as manifestações clínicas = Síndrome Retroviral Aguda (SRA) 3 semana SRA: febre, adenopatia, faringite, exantema, mialgia e cefaleia, podendo cursar com febre alta, sudorese e linfadenomegalia, esplenomegalia, letargia, astenia, anorexia e depressão, náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso e úlceras orais além de cefaleia e dor ocular, que são as manifestações neurológicas mais comuns. A SRA é autolimitada e a maior parte dos sinais e sintomas desaparece em três a quatro semanas. FASES: INFECÇÃO AGUDA (PROTOCOLO CLÍNICO, 2013) FASES: ASSINTOMÁTICA • Infecção crônica assintomática: • Cél. CD4+ > 200 – 499 cél/mm3 Assintomática: poucos meses até 10a após infecção Vírus ativo replicando em taxa menos que na infecção aguda; Carga viral pode ser indetectável durante anos ↓massa magra, ↓B12, >risco de DTA • Infecção sintomática: • Cél. CD4+ < 500 cél/mm3 • Sintomas graves (ação viral direta /↓imunidade) • Febre ≥ 38,5°, neuropatia, candidíase, meningite, PNM, sepse, diarréia (>1m), infec. Fungicas, bascterianas, perda inexplicável de peso... FASE: SINTOMÁTICA FASES • SIDA: • CD4+ < 200/mm3 / <14% • A infecção progride de sintomática para a Síndrome • ↑ risco de IO • Vida: linfoma, Kaposi (HVH 8), TB pulmonar/extra, toxo. cerebral, ++ PNM, retinite, CMV, NTX, O aparecimento de infecções oportunistas e neoplasias é definidor da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA). Entre as infecções oportunistas destacam-se: pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus. As neoplasias mais comuns são sarcoma de Kaposi, linfoma não Hodgkin e câncer de colo uterino. Nessas situações, a contagem de LT-CD4+ está abaixo de 200 células/mm³, na maioria das vezes. O HIV pode causar doenças por dano direto, tais como miocardiopatia, nefropatia e neuropatias que podem estar presentes durante toda a evolução da infecção pelo HIV-1. (PROTOCOLO CLÍNICO, 2013) SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA AZT (zidovudina); DDI (didanosina); D4T (lamivudina); 3TC (abacavir): inibidor da transcriptase reversa; Inibidores da protease; TARV específico deve ser composto pela associação de no mínimo 3 drogas; Infecções oportunistas por bactérias, fungos, protozoários, ou vírus, são comuns, devendo ser prevenias e controladas, para evitar depleção nutricional; TRATAMENTO DA INFECÇÃO TERAPIA MEDIAMENTOSA • Reações adversas: Necrose hepática Stevens-Johnson Nefrotoxicidade Supressão medular Intolerância GI Atrofia/hipertrofia, neuropatia RI, hiperlipidemia ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS • Desnutrição: • HIV avançado na ausência de TAR • Registro constante de peso ATENÇÃO: ↓>10% do P pré-doença/ IMC <18,5 P <90% PI / ↓>5% em 6m ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS • Causas da Desnutrição • ↓ingestão Kcal-PTN Disgeusia – medicações, ↓Zn, xerostomia Psicológico; citocinas; RT/QT/vírus direto TGI Infecções mucosa – Candida, herpes, CMV / S. kaposi Disfagia (demência – HIV direto, IO) Estimulantes de apetite ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS • Causas da Desnutrição • Diarréia CD4 <250/mm³ – IO no ID e HIV direto TAR / ATB /↑↑↑Vit C ↓Alb • Alterações Metabólicas ↑9-12% GEB - estáveis / 29% - secund. / ↑10% PTN Infecções e febre (vírus, IO, citocinas) ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS • Causas da desnutrição • TAR e ATB (interação droga-nutriente; anorexia, náusea, vômito) • Deficiência de micronutrientes Má-absorção Ingestão >Vit. E na urina? / >uso antioxidantes (HIV → ↑r. livres) ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS • Alterações morfológicas e metabólicas: • Inibidores protease (++)→ lipodistrofia (atrofia/ hipertrofia, dislipidemia, RI) • HIV+: 15 - 30% dislipidemia (60% uso de i. protease) 47% RI • I. protease (++ritonavir) → ↑TGL, CT, VLDL, LDL ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS • Alterações morfológicas e metabólicas: • >CC • Face (↓lateral e espaço nasolabial) • > dorso cervical • >mama e <coxa (mulher) • Proeminência veias de pernas Síndrome da Emaciação por HIV ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS Perda de peso involuntária > 10% de P inicial + Diarreia (2 evacuações liquidas/d por mais de 30 d) fraqueza crônica e registro de febre (> 30 d, intermitente ou constante) Na ausência de doença concomitante ou outra condição além do HIV que poderia explicar os achados OU LIPODISTROFIA (diagnóstico) Fatores físicos: lipoatrofia na região da face, dos membros superiores e inferiores e uma proeminência das veias superficiais associadas ou não ao acúmulo de gorduras na região do abdome, da região cervical (gibas) e das mamas. Fatores metabólicos: ↑sérico de lipídeos, intolerância à glicose, ↑ da RI periférica e DM, associados ou não às alterações anatômicas; ALTERAÇÕES NUTRICIONAIS OBJETIVOS DA TN Evitar a desnutrição, principalmente a perda de peso corporal; Minimizar os sintomas e prevenir as infecções do HIV e as oportunistas; Melhorar a tolerância ao tratamento antirretroviral; Ajudar a manter a composição corporal; Promover melhor qualidade de vida. A dietoterapia é realizada principalmente de acordo com os sintomas e o estado nutricional do paciente, além de tentar prevenir e tratar as doenças oportunistas; São comuns nos pacientes portadores de HIV: Azia; Náuseas; Vômitos; Diarreia; Dificuldades na digestão; Constipação; Gases; Febre; Mudança na sensação do gosto... TRATAMENTO NUTRICIONAL (TN) A avaliação nutricional objetiva evitar ou reverter a desnutrição, fornecendo aporte adequado de macro e micronutrientes, minimizar os efeitos colaterais da terapia antirretroviral, diminuir os sintomas da má-absorção, preservar a massa magra e promover boa qualidade de vida. Devem ser portanto realizados métodos de avaliação do hábito alimentar, coleta de dados antropométricos, dados bioquímicos e exame físico, avaliação global subjetiva e impedância bioelétrica (e acrescentar exames de avaliação metabólica para diagnosticar a presença da lipodistrofia); AVALIAÇÃO NUTRICIONAL (KRAUSE, 2013; DITEN, 2011) Sintomas da infecção x ingestão ASG + R24h (alopatia e fitoterapia) Antropom. (c/padrões, tempo - pesos, %G, BIA, CC) Sinais físicos de ↓ Laboratorial (lipodistrofia; periódico): Alb e pré, lipídios, glicemia, insulinemia, f. hepática, PCR Ø Contagem total de linfócitos e hipersensibilidade AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Peso atual Habitual Dobras cutâneas (principalmente DCT) Circunferência do braço Circunferência muscular do braço Circunferência da cintura (devido RCV) Perda de ate 5% de peso usual aumenta significativamente o risco de morbimortalidade. desnutrição, imunodeficiência e infecção tríade que deve ser evitada AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA AVALIAÇÃO FÍSICA AVALIAÇÃO FÍSICA Importante monitoramento de proteínas viscerais (dosagem sérica) como: Albumina Pré-albumina Proteína ligadora de retinol Capacidade ligadora de ferro Transferrina Glicemia jejum Ureia Creatinina COL e frações TGL CTL AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS Recomendações DITEN, 2011 KRAUSE, 2013 CUPPARI, 2005 GET 30-35 / 40Kcal/Kg Estável: 30- 35Kcal/Kg/d CD4<200 cel 40Kcal/Kg/d Sintomático: 35-40Kcal peso atual Assintomáticos: 25 – 30Kcal/Kg/d CHO - - - LIP - - - PTN 1,2 – 1,5g/Kg 1,2g/Kg/dia 1,5 – 2g/Kg/d 0,8 – 1,25g/Kg/d FIBRAS - - - Especific. A, B, C, E, Zn e Se = 100% DRI A, B, C, D, E, Zn = 100% da DRI - - Outras recomendações para a necessidade energética: HARRIS-BENEDICT, multiplicado pelo fator estresse e de atividade (~1,25); Sugere-se também que há um aumento em cerca de 10% do GET em indivíduos com HIV (assintomático) (Polo, 2007), e após um infecção oportunista pode aumentar em 20 – 50% (WHO, 2005) PTN e Energia podem variar conforme a evolução da doença, o aparecimento de complicações e/ou infecções oportunistas, podendo ter um adicional de 10% por causa do aumento do turnover proteico. Se houver comorbidades, o ideal que seja ajustado às mesmas. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS • A TN com probióticos está indicada para o paciente pediátrico com HIV, principalmente quando ocorre disfunção intestinal e redução de linfócitos T CD4. Pré-bióticos • 30g de glutamina/d reduz a gravidade da diarreia associada ao tratamento com inibidor de protease. Glutamina • Há bastante evidências científicas revelando a diminuição de triglicérides com a suplementação de W-3; W-3 CONTROLE SINTOMA X DIETA • Náuseas / vômitos: Fracionamento e volume Ø fritura, líquidos durante Medicamentos e deitar 1h após Alimentos frios/ ambiente ++ cereais secos, salgados Fácil digestibilidade Maçã, pêra, banana-maçã CONTROLE SINTOMA X DIETA • Dor/lesões de boca, faringe, esôfago: Úmidos, macios Apimentados/ ácidos /salgados Extremos de T°C Kcal e nutrientes (capacidade de consumo) CONTROLE SINTOMA X DIETA • Xerostomia: C/molho Líquidos c/ e entre Higiene oral (infecções) Enxágue bucal Chiclete s/açúcar/ bala de menta • Dispnéia: Líquida/pastosa (tolerância), densa CONTROLE SINTOMA X DIETA • Fadiga: Sono, terapia, exercício 100% de micro (A, C, E, folato, B12, Zn) Álcool e cigarro Causas de anemia? Tratar • Dislipidemia e DM: • Seguir as recomendações próprias; INTERAÇÃO DROGA-NUTRIENTE INTERAÇÃO DROGA-NUTRIENTE INTERAÇÃO DROGA-NUTRIENTE INTERAÇÃO DROGA-NUTRIENTE INTERAÇÃO DROGA-NUTRIENTE FOCACCIA, Roberto. (editor cientifico)VERONESI: tratado de infectologia. 3 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2005. MAHAN, L.K., ESCOTT-STUMP, S. K. Alimentação, Nutrição e dietoterapia. 12ª edição. ELSEVIER, 2011. CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. 3. ed. Barueri (SP): Manole, 2014. Terapia Nutricional na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS). Projeto de Diretrizes, 2011. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASObrigada!
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