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Análise Psicanalitica do Onibus 174

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FAUC/AUM – FACULDADE DE CUIABÁ
CURSO DE PSICOLOGIA
ADÉLIA P. DE CAMARGO; ALECSSANDRO CARVALHO CÉSAR; ANALINDA DE SIQUEIRA; CIBELLE CRISTIANE CORRÊA; CRISTIANE BRAGA S. MONTEZUMA; DIEGO PEREIRA; EDELAINE MENDES; ELIZÂNGELA LÚCIA DE M. DOMINGUES; EUZELI CONSUELO C. ALMEIDA; FRANCISCA ELISÂNGELA LIMA; HERNANDES MARCOS CARDOZO; JUCINÉIA APARECIDA DE QUEIROZ; MAHALLA BRILHANTE; MÁRCIA SOARES HALAIKO; MARIANA ALMEIDA; MICHELLE MENDES; PATRÍCIA GRACIELE DA S. MARTINS; PRISCILA PEREIRA; RAFAELA DA S. OLIVEIRA; RENATA GOMES CÉSAR; SÂMIA SOLEDADE; SANDRA LISBOA DE BRITO; SILVANA MARIA DA SILVA; SOLANGE MARIA DA S. ALMEIDA; SUELEM DE JESUS ARAÚJO; THAÍS CRISTINA DA S. PEREIRA; VANESSA CAROLINA C. CONCEIÇÃO; WÉLIA MARIA FARIA DA SILVA
ÔNIBUS 174
Uma abordagem psicanalítica
CUIABÁ
2014
ADÉLIA P. DE CAMARGO; ALECSSANDRO CARVALHO CÉSAR; ANALINDA DE SIQUEIRA; CIBELLE CRISTIANE CORRÊA; CRISTIANE BRAGA S. MONTEZUMA; DIEGO PEREIRA; EDELAINE MENDES; ELIZÂNGELA LÚCIA DE M. DOMINGUES; EUZELI CONSUELO C. ALMEIDA; FRANCISCA ELISÂNGELA LIMA; HERNANDES MARCOS CARDOZO; JUCINÉIA APARECIDA DE QUEIROZ; MAHALLA BRILHANTE; MÁRCIA SOARES HALAIKO; MARIANA ALMEIDA; MICHELLE MENDES; PATRÍCIA GRACIELE DA S. MARTINS; PRISCILA PEREIRA; RAFAELA DA S. OLIVEIRA; RENATA GOMES CÉSAR; SÂMIA SOLEDADE; SANDRA LISBOA DE BRITO; SILVANA MARIA DA SILVA; SOLANGE MARIA DA S. ALMEIDA; SUELEM DE JESUS ARAÚJO; THAÍS CRISTINA DA S. PEREIRA; VANESSA CAROLINA C. CONCEIÇÃO; WÉLIA MARIA FARIA DA SILVA
ÔNIBUS 174
Uma abordagem psicanalítica
Trabalho apresentado ao Curso de Psicologia da Faculdade de Cuiabá – FAUC/AUM, como requisito parcial à conclusão da disciplina de Psicologia da Aprendizagem,
Orientadora: Prof. Leopoldina Lobo 
CUIABÁ
2014
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO									3
PSICANÁLISE									4
SIGMUND FREUD								4
PRINCIPAIS CONCEITOS DA PSICANÁLISE FREUDIANA		5
SISTEMA DA PERSONALIDADE						5
ASPECTOS DA PERSONALIDADE						6
ANSIEDADE									7
MECANISMOS DE DEFESA							7
Estágios Psicossexuais	 do Desenvolvimento da Personalidade		8
UMA TRAGÉDIA EM 3 ATOS						9
Primeiro ato: O menino de rua						9
Segundo ato: A chacina da Candelária			 10
Terceiro ato: O sequestro do ônibus 174			 11
A TRANSFERÊNCIA							 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS						 15
REFERÊNCIAS								 16
Introdução
Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que se especializou no tratamento de problemas do sistema nervoso e em particular, de desordens neurológicas (caracterizadas pela ansiedade excessiva e, em alguns casos, depressão, fadiga, insônia, paralisia ou outros sintomas relacionados com conflitos ou tensões).
A teoria psicanalista é uma denominação genérica para as idéias freudianas a respeito da personalidade, da anormalidade e do tratamento. Tal teoria é apenas uma teoria psicológica, a qual é diferenciada por nunca ter tentado influenciar a psicologia acadêmica. Tinha como objetivo levar ajuda às pessoas em sofrimento.
O documentário Ônibus 174, dirigido por José Padilha, e a co-direção de Felipe Lacerda, trata do caso do ônibus 174 ocorrido em 12 de junho de 2000, a partir do sequestro realizado pelo jovem Sandro do Nascimento. Nessa ação, esse jovem manteve em seu poder 11 reféns, os quais ficaram mais de 4 horas sob a mira de um revólver do sequestrador. A ação foi acompanhada ao vivo pelas principais emissoras de TV do país e culminou com a morte de Sandro e de uma das vítimas de nome Geisa. Todo o país ficou conhecendo Sandro a partir da cobertura intensa da mídia televisiva, impressa e radiofônica.
O intuito deste trabalho é compreender, pela via da Psicanálise o que levou este jovem (Sandro do Nascimento) a cometer tal ato e como as pessoas envolvidas no sequestro reagiram a tal fato, chegando inclusive, a defendê-lo das suas atitudes.
Iniciaremos nosso estudo entendendo um pouco sobre a Teoria Psicanalítica de Freud e posteriormente sobre a vida de Sandro, que foi o protagonista de toda esta trama.
Psicanálise
A Psicanálise é um modo de Terapia e uma teoria cujos fundamentos foram estabelecidos por Freud, para tratar o comportamento anormal a partir da investigação do inconsciente; seu método primário é a observação clinica voltada para o inconsciente. (Gomes, 2012)
Na época de Freud, os médicos não entendiam os problemas neurológicos, e muito menos sabiam de possíveis maneiras para tratá-los. Tendo logo descoberto que cuidar dos sintomas físicos da pessoa neurótica era inútil, Freud começou a procurar uma teoria psicológica apropriada. Vários de seus colegas estavam praticando a hipnose, de forma que pudessem encorajar seus pacientes a “exteriorizar pela fala” seus problemas. Na medida em que os pacientes conseguiam discutir e reviver as experiências traumáticas, as quais pareciam ser associadas aos seus sintomas, conseguiam melhoras freqüentes. Freud adotou este método durante algum tempo, mas desistiu, por não encontrar resultados que fossem satisfatórios por inteiro. (Lima, 2005)
Sigmund Freud
Sigmund Freud (1856-1939). Fundador da Psicanálise. Foi Médico Neurologista e nasceu na atual República Tcheca. Os pressupostos básicos da psicanálise surgiram não só dos seus estudos em Neurologia como também de sua preocupação terapêutica com os doentes mentais, o que o levou a focalizar os aspectos anormais da personalidade. As teorias de Freud foram derivadas da auto- observação e da observação dos seus pacientes submetidos à psicanálise. (Gomes, 2008)
Freud se utilizou da técnica considerada a mais significativa na evolução da psicanálise: a livre associação. Nessa técnica, o paciente deita num divã e é encorajado a falar aberta e espontaneamente, dando completa expressão a qualquer idéia, por mais embaraçosa, irrelevante ou tola que pareça, com a intenção de tornar conscientes os recessos mais ocultos da mente. Freud explorou áreas ignoradas pelos psicólogos, como as forças motivadoras inconscientes, os conflitos entre essas forças e os efeitos desses conflitos sobre o comportamento humano. (Gomes, 2012)
Em suma, podemos afirmar que Freud tratava de seus pacientes tentando trazer à consciência tudo aquilo que estava inconsciente.
Os seguidores de Freud sustentavam as seguintes teses gerais:
Os psicólogos devem estudar as leis e os determinantes da personalidade (normal e anormal) e elaborar métodos de tratamento para as desordens da personalidade.
Os motivos inconscientes, as lembranças, os medos, os conflitos e as frustrações são aspectos muito importantes da personalidade. Trazer esses fenômenos à consciência é uma terapia crucial para as desordens da personalidade.
A personalidade é formada durante a primeira infância. A exploração das lembranças dos primeiros cinco anos de vida é essencial ao tratamento.
A forma mais apropriada de estudar a personalidade é dentro do contexto de um relacionamento íntimo e prolongado entre o paciente e o terapeuta. Durante o curso dessa associação, os pacientes relatam pensamentos, sentimentos, lembranças, fantasias e sonhos (introspecção informal), enquanto o terapeuta analisa e interpreta o material e observa o comportamento do paciente. (Lima, 2005)
Principais Conceitos da Psicanálise Freudiana
Determinismo: Freud acreditava que nenhum processo mental ocorre por acaso. A cada ação correspondia sempre uma causa, sempre havia um motivo consciente ou inconsciente. Há uma continuidade na vida mental. (Gomes, 2012)
Sistema da Personalidade:
Instinto: São pressões que dirigem o organismo para determinados fins. Para Freud, os instintos são as únicas fontes de energia do comportamento e os fatores propulsores da personalidade. Na perspectiva freudiana, desde o nascimento, os indivíduos são dotados de uma base biologicamente instintual: instintos sexuais e instintos agressivos que, inconscientemente, motivam cada coisa que os seres humanos pensam, dizem ou fazem durante suas vidas. Freud denominou de libidoa energia pela qual os instintos se manifestam. 
Classificou os instintos em dois grupos:
Instintos de vida - servem à sobrevivência do homem e a propagação da raça. Por exemplo, a fome, a sede, a necessidade de contato sexual. Este último foi o instinto de vida no qual Freud prestou mais atenção.
Instintos de morte - instintos destrutivos. Toda pessoa morre, o que levou Freud a pensar que a finalidade de toda vida é a morte. Convenceu-se, então, de que a pessoa tem, inconscientemente, o desejo de morrer. O impulso agressivo é um importante derivativo dos instintos de morte. (Gomes, 2012)
Aspectos da Personalidade 
Considerado por alguns autores, o primeiro tópico da estrutura da personalidade, Freud apresenta em sua obra “A interpretação dos sonhos”(1900), uma tentativa de dividir a mente humana em três regiões:
INCONSCIENTE - Nele concentram-se elementos instintivos, que não são acessíveis à consciência. Aí, estão as fontes de energia psíquica e instintos.
PRÉ-CONSCIENTE - É uma parte do inconsciente que pode tornar-se consciente com facilidade; são as porções acessíveis da memória;
CONSCIENTE - Inclui tudo o que temos ciência num dado momento;
Freud remodela o primeiro tópico e introduz o que alguns autores chamam de segundo tópico da estrutura da personalidade, em que apresenta três sistemas de funcionamento psíquico: o ID, o EGO e o SUPEREGO. De acordo com esta teoria, id, ego e superego atuam entre si num sistema dinâmico, mas possuem diferentes funções.
O ID opera de acordo com o PRINCÍPIO DO PRAZER, procura apenas a satisfação de suas necessidades instintivas, sem levar em conta as circunstâncias da realidade objetiva, como juízos de valor, o bem, o mal e a moral; Todas as atividades do id são inconscientes: não temos consciência de nossos instintos e de seus profundos efeitos sobre nosso comportamento.
O EGO opera de acordo com o PRINCÍPIO DA REALIDADE; sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da realidade e as ordens do superego; Apresenta razão, em contraste às paixões cegas e insistentes do id.
O SUPEREGO opera de acordo com o PRINCÍPIO DO DEVER; o papel do superego é comparável ao de um juiz ou censor do ego. Sua ação se manifesta pela consciência moral, atitudes de autocrítica, proibição. Representa mais o ideal do que o real. Desempenha as seguintes funções:
Inibir os impulsos do id;
Persuadir o ego;
Lutar pela perfeição.
O superego é o "defensor de um impulso rumo à perfeição".
O superego está evidentemente em conflito com o id. Ao contrário do ego, o superego não tenta apenas adiar a satisfação do id; ele tenta inibi-la por completo, o que causa um conflito interminável no interior da personalidade humana. O ego está numa posição difícil, sendo pressionado por todos os lados, cabendo a ele:
Adiar os anseios e incessantes do id;
Perceber e manipular a realidade para aliviar as tensões do instinto do id;
Lidar com o anseio de perfeição do superego. (Gomes, 2012)
Ansiedade
Sempre que o ego é submetido a uma pressão muito grande, resulta na ansiedade, que funciona como advertência que o ego está sendo ameaçado. A Ansiedade é uma força que induz a tensão do comportamento humano, motivando o indivíduo a agir para reduzir essa tensão. (Gomes, 2012)
Há três espécies de ansiedade: a real, a neurótica e o complexo da culpa.
A ansiedade real ocorre quando o Ego se sente impotente frente a um objeto ou a uma situação do mundo exterior, que pode colocar em risco sua sobrevivência ou integridade psicológica.
Na ansiedade neurótica, o Ego passa por uma experiência dolorosa que é compatível com um bloqueio total de uma necessidade do ID.
O complexo de culpa é a ansiedade produzida pela consciência moral. A pessoa que tem um Superego muito rígido tende a ter sentimentos de culpa quando é forçada ou não a fazer algo que seja incompatível com seu código moral de educação.
A ansiedade é um estado doloroso que o individuo não consegue controlar por muito tempo. Assim sendo, o ego desenvolve mecanismos de defesa para que se possa escapar deste estado. (Lima, 2005)
Mecanismos de Defesa 
São os processos psíquicos cuja finalidade consiste em afastar um evento gerador de angústia da percepção consciente. O ego, como sede da angústia, é mobilizado diante de um sinal de perigo e desencadeia uma série de mecanismos repressores que impedirão a vivência de fatos dolorosos, os quais o organismo não está pronto para suportar. Todos os mecanismos de defesa negam, falsificam ou distorcem a realidade; operam inconscientemente, sem que a pessoa se dê conta. (Gomes, 2012) 
Os mecanismos de defesa mais conhecidos são: a projeção, a repressão, a formação reativa, o isolamento e a sublimação.
O aspecto essencial do mecanismo de projeção é a atribuição à outra pessoa de uma característica indesejável ou de um impulso perigoso, um exemplo é quando se diz ‘‘ele me odeia’’ em vez de ‘‘eu o odeio’’. O pensamento, idéias ou desejo que causam ansiedade são colocados fora da consciência na repressão (as pessoas oferecem formas enérgicas de resistência, quando alguém tenta que elas falem sobre o assunto problemático), tendo como exemplo o marido traído que nega a traição.
Na formação reativa ou compensação, o individuo faz o reconhecimento de um impulso indesejável, mas impede que este seja liberado através da expressão da energia do impulso oposto ao primeiro. A pessoa que utiliza este tipo de mecanismo procura não admitir outro sentimento, a não ser aquele que é manifestado de forma exagerada. É o caso das mães superprotetoras, que não permitem que sentimentos de hostilidade contra seus filhos venham à consciência.
O isolamento é outra forma de lidar com a ansiedade. Aqui, o conteúdo do impulso vem à consciência, mas o sentimento associado a ele é reprimido. Este mecanismo de defesa pode estar presente nas atitudes de uma pessoa que faz uma rígida separação entre religião e ciência, por exemplo.
Na sublimação o objeto de gratificação do instinto é substituído por um cultural. Em uma etapa posterior, o instinto primário é afastado da consciência, ficando apenas a expressão cultural que o substituiu, como exemplo: “desejo muito ter filhos, como não posso me dedico às crianças carentes”. (Lima, 2005)
Outros exemplos são:
Identificação Ex.: identificação com um ídolo.
Fixação Ex.: Dormir com urso de pelúcia na idade adulta.
Regressão Ex.: Criança que começa a se comportar como bebê quando nasce um irmãozinho. (Gomes, 2012)
Estágios Psicossexuais do Desenvolvimento da Personalidade
Na teoria psicanalítica do desenvolvimento, a criança passa por uma série de estágios psicossexuais, os quais são:
Estágio oral - que vai até o segundo ano de vida,quando a estimulação da boca, como sugar, morder e engolir, é a fonte primária de satisfação erótica.
Estágio anal - quando a gratificação vai da boca para o ânus, e as crianças derivam prazer da zona anal.
Estágio fálico - ocorre por volta do quarto ano de idade, quando a satisfação erótica se transfere para a região genital. Freud situou nesse estágio o desenvolvimento do complexo de Édipo.
Período da latência - que dura mais ou menos do quinto ao décimo segundo ano de vida, quando a energia da libido canalizada para atividades sociais.
Estágio genital - quando o comportamento heterossexual se torna evidente. Prevalência de uma sexualidade genital.
Apesar das críticas de falta de rigor científico e de fraqueza metodológica, a psicanálise freudiana continua sendo uma importante força na psicologia moderna. (Gomes, 2012)
Uma tragédia em três atos
Para contar a história de Sandro, comecemos do seu nascimento. Menino pobre do Rio de Janeiro, filho de mãe alcoólatra, vivia no Morro do Rato, uma das inúmeras favelas cariocas. O pai nunca esteve presente em sua vida, quando soube dá gravidez da mulher partiu deixando ambos na miséria. Aos seis anos de idade, Sandro viu sua mãe ser degolada, fato que o perturbou psicologicamente para o resto da vida. 
Abandonado, o menino fez das ruas sua moradia.
ParaFreud este é o primeiro ponto chave para explicar os motivos que levaram Sandro a se tornar um indivíduo marginalizado pela sociedade. Segundo a sua teoria, já na barriga de sua mãe Sandro tem a primeira experiência negativa e marcante com o abandono do pai e o sofrimento de sua mãe, que ficarão gravados em seu inconsciente. Mais tarde na fase fálica ele passa pelo que seria o maior trauma de sua vida, quando vê sua mãe sendo brutalmente assassinada.
Primeiro Ato: O Menino de Rua
Sandro logo se juntou a outros tantos garotos que, como ele aprendia a se virar sozinhos. Não demorou muito para se envolver com todo tipo de droga e de gente, os roubos e o tráfico garantiam seu sustento. Entre o Meyer e Copacabana, o grupo de menores abandonados praticava todo tipo de delito, assim Sandro do Nascimento da início a um triste capítulo de sua história, sai de um drama pessoal e entra para uma gangue de meninos de rua:
“Os comumente chamados meninos de rua são os meninos que cortaram qualquer vínculo familiar com qualquer pessoa que eles conhecessem de uma casa ou de uma comunidade. Eles esqueceram o passado, é como se o passado não existisse. O presente deles, a vida deles, é aquela esquina, aquela rua e aquele grupo de amigos”. (PADILHA. Ônibus 174, 2002)
Este ponto é representado pelos mecanismos de defesa, em que o Ego, como sede da angústia, é mobilizado diante de um sinal de perigo e desencadeia uma série de mecanismos repressores que impedirão a vivência de fatos dolorosos, os quais o organismo não está pronto para suportar, ou seja ele irá “apagar” do consciente toda tragédia vivida em sua infância.
Nessa família sem referências paternas Sandro foi se criando e em meio a um roubo e outro, passou também a consumir drogas cada vez mais pesadas, se tornando um viciado. Mancha, nome adotado por Sandro ao se mudar para as ruas, era descrito por seus colegas de gangue como um menino quieto, calado, e que exagerava no consumo de craque e outros entorpecentes. Na fala de um dos meninos que convivia com ele na época fica clara a infância perdida do rapaz:
“O Mancha veio pra rua criança, então ele não teve tempo para ter o amor de ninguém, a única coisa que ele aprendeu na rua foi a sobreviver, foi o que nós todos aprendemos, a sobreviver por si próprio. Se eu for um menor de rua e tiver aqui sentado e não correr atrás, ninguém vai aparecer pra querer dar uma comida, tem que correr atrás mesmo”. (PADILHA. Ônibus 174, 2002)
Nota-se claramente como o ID se manifesta neste contexto da história. O ID opera de acordo com o princípio do prazer, procurando apenas a satisfação de suas necessidades instintivas, sem levar em conta as circunstâncias da realidade objetiva, como juízos de valor, o bem, o mal e a moral. É justamente onde Sandro da exclusividade as drogas como única fonte de prazer.
Segundo Ato: A Chacina da Candelária
Candelária, julho de 1993, noite, um grupo de menores de rua dormia diante da igreja quando no meio da escuridão ouviu-se disparos de bala. Tumulto, corpos ao chão, entre os sobreviventes um jovem de nome Sandro Rosa do Nascimento, o Mancha. Até este momento seu nome ainda não era conhecido do público, mas quando o mesmo adolescente surge anos mais tarde no seqüestro do Ônibus 174, a história de Sandro passa a ser conhecida. Ter saído vivo da tragédia na Igreja da Candelária foi determinante na construção de sua personalidade conturbada.
A Chacina da Candelária, como ficou conhecido o episódio acima narrado, teve repercussão em todo o país, a capa da revista Veja de 28 de julho de 1993 trazia a seguinte manchete: O Massacre dos Meninos (Veja, 1993). A morte de sete crianças e jovens de 11 a 22 anos por fuzilamento seria por si só chocante, mas a polícia estar comprovadamente envolvida com o acontecido deixou o país perplexo. 
Mais uma vez Freud consegue explicar tal acontecimento, colocando a dor da tragédia como motivo para se afastar cada vez mais do mundo real e entrar num mundo introspectivo e cheio de “fantasmas” que mais tarde seu inconsciente traria a tona em forma de violência contra a sociedade que o excluíra. 
Terceiro ato: O Seqüestro do Ônibus 174
“Para o Sandro fazer o que ele fez devia estar drogado, mas muito drogado mesmo, muito louco. Devia estar a três dias pernoitado, ou alguma coisa que houve. Ele ficou com medo também; ele sentiu medo ali na hora, foi o lance dele ali dentro do ônibus. Ele estava ao mesmo tempo com disposição, por causa da onda do pó, e com medo. (PADILHA. Ônibus 174, 2002)”
No dia 12 de junho de 2000 um homem negro, portando um revólver de calibre trinta e oito invade ônibus 174 que faz a linha Central-Gávea na cidade do Rio de Janeiro. O circular entretanto não chegou a completar o seu trajeto. Passava do meio dia quando Sandro decide entrar no ônibus e fazer dali o palco para um dos casos de seqüestro de maior repercussão no país. Ao invadir o ônibus, Sandro do Nascimento demonstrava um desequilíbrio psicológico muito grande e ameaçava matar todos os passageiros, entretanto não fazia exigências aos policiais. O ato de Sandro não parecia, naquele momento, algo planejado, mais parecia um assalto frustrado que desencadeou um seqüestro, que foi, da mesma forma frustrado.
A fala que abre esse trecho do capítulo é de uma das amigas do seqüestrador, de acordo com ela, Sandro jamais cometeria esse crime se estivesse sóbrio. Mas no momento do seqüestro ninguém, nem mesmo a polícia sabia do passado de Sandro Barbosa do Nascimento. Aos olhos dos que estavam ao lado de fora do veículo, o que se via era um marginal que a qualquer momento poderia executar um dos reféns, como diz uma das pessoas mantidas presas dentro do ônibus:
“A coisa tomou uma dimensão que ninguém naquele momento imaginava. Mas ele sabia que eram muitas pessoas contra ele. Todos que estavam em volta do ônibus estavam preocupados com a gente, os reféns, ele era o único contra todos. Bem no começo, quando ele pegou uma das reféns ele falou que tinha quatro balas, disse que era uma para cada refém, e a última para ele”. (PADILHA. Ônibus 174, 2002)
“Até então eu não tinha a concepção que estava sendo seqüestrada dentro do ônibus, pra mim era um incidente, pegaram uma pessoa armada e a pessoa queria sair. Era como se essa pessoa não tivesse o objetivo de manter a gente dentro do ônibus até conseguir o que queria, não pensei dessa maneira”. (PADILHA. Ônibus 174, 2002)
“Ele não ia matar ninguém porque não era do caráter dele, senão ele já teria matado antes. Na vida dele, como menino de rua, solto por esse mundo, sem nada, ele já teria matado alguém se isso fosse do temperamento dele, o que não era”. (PADILHA. Ônibus 174, 2002)
A trajetória de vida de Sandro Barbosa do Nascimento o levou para dentro daquele ônibus, entretanto nada que ele tenha passado justifica privar a liberdade de outros e tampouco o direito à vida. Durante às quase cinco horas de duração do seqüestro Sandro ameaçava matar a todos, ele chegou a estipular um horário para cumprir sua promessa, seria às 18h, como uma das reféns havia escrito com batom nas janelas do ônibus. O estado emocional de todos os envolvidos era de extremo cansaço físico e mental. A atitude violenta de Sandro era como um grito de revolta contra tudo o que ele havia passado em vida.
É muito difícil prever a atitude de uma pessoa completamente descontrolada psicologicamente, isso se agrava pelo uso de drogas.
A saída do seqüestrador de dentro do circular aconteceu de forma inesperada, naquele momento ninguém imaginava que Sandro tomaria uma atitude como essa. Prova disso é que em depoimento alguns dos reféns que permaneceram dentro do ônibus disseram que não perceberam que Sandro tinha enfim se direcionado para a porta com o intuito de deixar o local.
Ao descer do veículo, Sandro despertou tamanha ira na multidão que a polícia teve o dobro do trabalho: ao mesmo tempo tinha que conter as pessoas que gritavam palavrões e tentavam linchar o seqüestrador, e vigiar as ações do bandido que ameaçava matar qualquer um que estivesse na suafrente.
Entre o tumulto, os policiais e o seqüestrador, estava Geísa Firmo Gonçalves, uma professora cearense de 21 anos de idade. Sandro apontava a arma o tempo todo para sua cabeça. De repente ouve-se um disparo, Geísa é atingida pelo tiro de um policial, a reação de Sandro é disparar sua arma, e a refém leva então mais três tiros, dessa vez disparados pelo seqüestrador. Resultado, a jovem cai morta no chão, com o corpo ainda preso nas mãos de Sandro.
Sandro do Nascimento não foi atingido por nenhum tiro, entretanto o seu fim foi muito diferente. A ira das pessoas que estavam a sua volta era tão grande que a impressão que se tinha era que o bandido sairia dali morto, o que de fato ocorreu antes mesmo de chegar na delegacia.
Após ser rendido pela polícia, que rapidamente retirou o seqüestrador do meio da multidão, Sandro foi levado para a parte de trás de uma viatura policial. Mesmo algemado e completamente imobilizado por um grupo de policiais, o bandido morreu asfixiado dentro do veículo. Terminaria assim o último capítulo da vida deste ex-menino de rua e ex-sobrevivente da chacina da candelária.
“Foi a polícia que matou os colegas do Sandro na Candelária, e a polícia completou o trabalho, é como se as duas pontas da história se fechassem. Cabe à polícia o trabalho sujo que a sociedade não quer ver mas que em algum lugar obscuro do seu espírito deseja que se realize, que se anulem os “sandros”, que eles desapareçam das nossas vistas, nós não queremos ver essa realidade porque não podemos suportá-la. Então a invisibilidade é afinal reconquistada pela produção policial da invisibilidade, da anulação que a morte gera”. (PADILHA. Ônibus 174, 2002)
“O marginal será tão violento quanto mais violência receber por parte da sociedade, seja através da impossibilidade de trabalhar continuamente, seja da repressão policial, seja finalmente através da conscientização de que nenhum outro caminho lhe resta senão o de aderir à violência circundante para não ser colhido por ela”. (BENEVIDES, 1983, p.102)
Este último episódio mostra nitidamente como os processos psicanalíticos, segundo Freud, estão arraigados do princípio ao fim desta tragédia. Os instintos, os aspectos da personalidade e a ansiedade gerada pelos conflitos tanto do “bandido”, quanto de suas vítimas, curiosos e autoridades ali presentes são claramente expostas durante todo o trajeto da situação, desde seu início conturbado até seu desfecho trágico. Pôde-se perceber nitidamente pelos relatos que se seguiram após o fim da tragédia, a indecisão dos próprios reféns em acusar Sandro, não pelo ato em si, mas pelos fatores que o levaram a cometer tamanha violência contra si e contra os seus. Isto se reflete na fala de uma das reféns:
“A polícia simplesmente matou ele sufocado. Eu acho que de uma certa maneira eu consegui perdoar o Sandro, mas é fácil dizer isso hoje porque ele não está aqui. (...) Acima ou antes de ser policial o cara é um ser humano que podia estar ali assistindo. Então ele contém todos os sentimentos de ódio e de raiva que também está contido nas outras pessoas impotentes, só que ele é potente. (...) Eu consigo perdoar ele pelo que ele fez conosco, mas por ter atirado na Geísa não”. (PADILHA. Ônibus 174,2002)
(FAGUNDES, 2013)
A transferência
Toda transferência é sempre ligada a um desejo, ou seja, transfere-se para alguém um sentido que se relaciona a um desejo, cuja expressão, ao nível transferencial, pode ser de hostilidade, de agressividade, de amor, e que, psicanaliticamente falando, refere-se a experiências vividas primitivamente com as figuras parentais.
A noção de transferência vem revelar a complexidade do encontro entre dois sujeitos, pois nele o sujeito atualiza a realidade de seu inconsciente.
Considerações finais
De acordo com o trabalho psicanalítico, pôde-se constatar que todas as frustrações da vida sexual são equivalentes às que as pessoas neuróticas não conseguem suportar.
Em seus sintomas, um neurótico inventa tipos de satisfação substitutivos. As consequências disso têm dois lados distintos: podem causar sofrimento em si próprio (surgindo, portanto, um novo problema) ou podem acabar por provocar com que a relação deste indivíduo especial com a sociedade e com o meio ambiente seja complicada. A civilização, porém, exige outros sacrifícios, além do da satisfação sexual.
A violência deliberada não é defendida, mas há toda uma espécie de julgamento para quando e como a mesma será utilizada. Entretanto, como é possível crer que tal julgamento é justo o suficiente. Afinal, quem é mais ou menos capaz de julgar o próximo?
Sandro busca por um instante o seu lugar na sociedade, ao mesmo tempo em que tenta se vingar do Estado descarrega na polícia todo o desafeto de uma vida alimentada pela exclusão social. É nessa instituição também, que segundo um dos depoimentos do documentário, uma parcela de indivíduos invisíveis é acolhida, pois resta a ela a única opção de ser militar. Assim, esse desfecho inesperado não poderia ter um final diferente, pois a trama que se espera disso é uma batalha em que se trava entre o bem e o mal, na luta por uma visibilidade, conquistada cada uma a seu modo.
 “Ali o Sandro nos despertou a todos nós em todas as salas de visita, ele impôs a sua visibilidade, era o personagem de uma outra narrativa. O Sandro redefiniu de alguma maneira o relato social, que dava a ele sempre a posição subalterna, este relato de repente é convertido a uma narrativa na qual ele é o protagonista. Esse menino com essa arma pode produzir em nós o medo, que é um sentimento negativo, mas é um sentimento através do qual ele recupera a visibilidade, reconquista a presença, reafirma a sua existência social e humana. Há um processo aí de autoconstituição que se dá pela mediação da violência, da arma, de um modo perverso. É uma espécie de pacto fálstico em que o menino troca o seu futuro, sua vida, sua alma por esse momento efêmero, fugaz de glória; a pequena glória de ser reconhecido, de ter algum valor e poder prezar sua auto estima. Esse é o momento crucial da nossa problemática, se nós não compreendermos a profundidade desse momento, não saberemos como agir”. (PADILHA. Ônibus 174, 2002) (FAGUNDES, 2013)
Referências
LIMA, Vera. Tempo e Memória. Disponível em <http://www.letras.ufrj.br/veralima/tempo_e_memoria/4a_producao_g1_2005/seminarios_estudos/freud_pamella.htm> Acesso em Nov/2014
GOMES, Micaella. Psicanálise. Em <http://pt.slideshare.net/Micmicaella/psicanlise-12995427> Acesso em Nov/2014
FAGUNDES, Carolina. A Espetacularização da Violência: uma análise sobre o comportamento da mídia em situações de crise. Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Comunicação Social. Disponível em: <http://www.ufjf.br/facom/files/2013/04/CarolinaFagundes.pdf> Acesso em Nov/2014

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