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TÍTULO I – CRIMES CONTRA A PESSOA 
 
ATENÇÃO: art. 59 do Estatuto do Índio – causa de aumento de pena para vítima índio não integrado. 
 
 “Art. 59. No caso de crime contra a pessoa, o patrimônio ou os costumes, em que o ofendido seja índio não inte-
grado ou comunidade indígena, a pena será agravada de um terço.” 
 
HOMICÍDIO 
 
CONCEITO: é a injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. 
 
CONCEITO DE NELSON HUNGRIA: Homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida. É o ponto culminante na 
orografia dos crimes. É o crime por excelência. 
 
TOPOGRAFIA DO ART. 121 CP: 
Caput: homicídio doloso simples 
§ 1º: homicídio doloso privilegiado 
§ 2º: homicídio doloso qualificado 
§ 3º: homicídio culposo 
§ 4º: majorantes de pena 
§ 5º: perdão judicial 
§ 6º: majorante do grupo de extermínio ou milícia armada (Lei nº 12.720/12) 
§ 7º: majorante para o feminicídio 
 
E o homicídio preterdoloso? 
 
ATENÇÃO! 
 
Não confundir homicídio com genocídio (Lei nº 2889/56) 
 
O crime de GENOCÍDIO tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou transindividual, 
não atraindo, por si só a competência do Tribunal do Júri. 
 
Ocorre que uma das formas de praticar genocídio é por meio da morte de membros do grupo. A competência cons-
titucional para o julgamento de crimes contra a vida é do júri. 
 
Lei nº 2889/56 – Genocídio 
 
“Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como tal: 
a) matar membros do grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra “a”; 
 
Homicídio simples 
 
Art. 121 CP. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
 
 
 
 
 
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O crime de homicídio tem como limite mínimo o começo do nascimento, marcado, de acordo com a maioria, pelo 
início das contrações expulsivas. 
 
CUIDADO: Nas hipóteses em que o nascimento não se produz espontaneamente, pelas contrações uterinas, como 
ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o começo do nascimento é determinado pelo início da operação, 
ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que as contrações expulsivas são induzidas por 
alguma técnica médica, o início do nascimento é sinalizado pela execução efetiva da referida técnica ou pela inter-
venção cirúrgica (cesárea). 
 
VOLUNTARIEDADE: é punido a título de dolo (direto ou eventual). 
 
# Embriaguez ao volante com resultado morte? 
 
# “Racha” com resultado morte? 
 
CONSUMAÇÃO: consuma-se com a morte da vítima (delito material). 
 
Quando se dá a morte? 
 
Art. 121, § 1º CP: HOMICÍDIO DOLOSO PRIVILEGIADO 
 
Caso de diminuição de pena 
Art. 121, § 1º CP: Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um 
sexto a um terço.” 
 
1ª PRIVILEGIADORA: MOTIVO DE RELEVANTE VALOR SOCIAL 
CUIDADO: 
Valor social: 
Ex.: 
 
2ª PRIVILEGIADORA: MOTIVO DE RELEVANTE VALOR MORAL 
CUIDADO: 
Valor moral: 
Ex.: 
 
A eutanásia pode ser ativa ou passiva. 
 
Não se pode confundir eutanásia com ortotanásia. 
 
A ortotanásia tem certa relação com eutanásia passiva, mas apresenta significado distinto desta. O termo 
ortotanásia indica a morte certa, justa, em seu momento oportuno. Destarte, corresponde à supressão de cuidados 
de reanimação em pacientes em estado de coma profundo e irreversível, em estado terminal ou vegetativo. 
 
3ª PRIVILEGIADORA: HOMICÍDIO EMOCIONAL 
a) Domínio de violenta emoção 
b) Reação imediata 
c) Injusta provocação da vítima 
 
COMUNICABILIDADE DAS PRIVILEGIADORAS 
 
# As circunstâncias privilegiadoras se comunicam aos demais concorrentes do crime? 
 
Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo futil; 
 
 
 
 
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III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa 
do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu 
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3o. grau, em razão dessa condição. 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
ATENÇÃO: o homicídio qualificado é HEDIONDO, não importa a qualificadora. 
“Art. 1
º
 - Lei nº 8072/90 - São considerados hediondos os seguintes crimes: 
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só 
agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2
o
, I, II, III, IV, V, VI e VII); ” 
 
I - MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, OU POR OUTRO MOTIVO TORPE 
Motivo torpe: motivo vil, ignóbil, repugnante, abjeto (quase sempre espelhando ganância). 
O inciso trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramento genérico). 
 
# Vingança e ciúme são motivos torpes? 
 
HOMICÍDIO MERCENÁRIO 
 
Crime de concurso necessário ou plurissubjetivo (número plural de agentes obrigatório). 
 
# A qualificadora da torpeza se aplica ao mandante, ao executor ou a ambos? 
 
 “Não obstante a paga ou a promessa de recompensa seja circunstância acidental do delito de homicídio, de caráter 
pessoal e, portanto, incomunicável automaticamente a coautores do homicídio, não há óbice a que tal circunstância 
se comunique entre o mandante e o executor do crime, caso o motivo que levou o mandante a empreitar o óbito 
alheio seja torpe, desprezível ou repugnante. 2. Na espécie, o recorrido teria prometido recompensa ao executor, a 
fim de, com a morte da vítima, poder usufruir vantagens no cargo que exercia na Prefeitura Municipal de Fênix. 3. 
Recurso especial provido, para reconhecer as apontadas violações dos arts. 30 e 121, § 2º, I, ambos do Código 
Penal, e restaurar a decisão de pronúncia, restabelecendo a qualificadora do motivo torpe, a fim de que o réu seja 
submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri, pela prática do delito previsto no art. 121, § 2º, I e IV, do Código 
Penal” (REsp 1209852/PR, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, DJe 02/02/2016). 
 
Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa? 
 
II - POR MOTIVO FÚTIL 
Real desproporção entre o delito e sua causa moral (“pequeneza do motivo”). 
 
Ex.: Briga de trânsito. 
# Ausência de motivos caracteriza a qualificadora? 
 
Cuidado! Motivo fútil ≠ motivo injusto 
 
Motivo injusto: elemento integrante de qualquer crime. 
 
# Há incompatibilidade entre dolo eventual e o motivo fútil? 
 
Segundo decidiu o STJ recentemente, não incide a qualificadora do motivo fútil nos casos em que o homicídio 
doloso é cometido durante competição automobilística ilegal que atinge pessoa alheia à própria competição (HC 
307.617/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, DJe 16/5/2016). 
 
 
 
 
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III - COM EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU 
CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM 
 
Trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramento genérico). 
 
Emprego de veneno / venefício 
Veneno: substância biológica ou química, animal, mineral ou vegetal capaz de perturbar ou destruir as funções vitais 
do organismo humano.Ex.: açúcar para diabético é veneno. 
 
IV - À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE 
OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO 
 
Trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramento genérico). 
 
Traição: 
Emboscada: 
Dissimulação: 
 
# A premeditação qualifica o homicídio? 
 
# A idade da vítima torna o crime qualificado? 
 
V - PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO CRIME: 
1- Conexão teleológica: o agente mata para assegurar a execução de outro crime (futuro). 
Ex.: “A” mata segurança para estuprar a artista “B”. 
OBS.1: 
OBS.2: 
 
V - PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO CRIME: 
2- Conexão consequencial: o agente mata para assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime 
(passado). 
Ex.: “A” mata testemunha de crime passado em que figura como suspeito. 
OBS.: 
 
ATENÇÃO! 
 
ATENÇÃO 1: A conexão ocasional não qualifica o homicídio 
- O homicídio é praticado por ocasião de outro crime, sem vínculo finalístico. 
Ex.: O agente está estuprando uma pessoa, entra seu desafeto no local e o agente o mata (não há vínculo 
entre os crimes). 
 
 
ATENÇÃO 2: Matar para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de contravenção penal – não 
qualifica o homicídio pelo inciso V (mas pode caracterizar os demais incisos). 
 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
Aumento de pena 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
 
 
 
 
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III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” 
 
Pode figurar como vítima do feminicídio pessoa transexual? 
 
VII - Homicídio funcional 
A Lei 13.142/15 alterou o art. 121, § 2o., do CP, nele acrescentando mais uma circunstância qualificadora (VII), 
assim redigida: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu 
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3o. grau, em razão dessa condição. 
 
Vejamos as circunstâncias que justificam a punição mais severa. 
 
O agente deve praticar o crime de homicídio contra: 
 
a) autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal 
O art. 142 da CF/88 abrange as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, 
instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a 
autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes 
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
 
Já o art. 144 disciplina os órgãos de segurança pública: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária 
federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros militares. 
 
Abrange os guardas civis (municipais ou metropolitanos)? 
 
E os agentes de trânsito? 
 
O homicídio praticado contra agentes de polícia do Congresso Nacional atrai a qualificadora do art. 121, § 2º, inciso 
VII, do CP? 
 
Não. A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 51, IV e 52, XIII, estabelece competir privativamente à Câmara 
dos Deputados e ao Senado Federal dispor sobre sua polícia. Com base nestas disposições, a Câmara e o Senado 
Federal regulamentaram, por meio das resoluções nº 18/2003 e 59/2002, suas respectivas polícias, que não estão 
portanto disciplinadas no art. 144 da Constituição. Sua abrangência pela qualificadora constituiria vedada analogia 
in malam partem. 
 
b) integrantes do sistema prisional 
 c) integrantes da Força Nacional de Segurança Pública; 
O Departamento da Força Nacional de Segurança Pública ou Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), criado 
em 2004, com sede em Brasília/DF, é um programa de cooperação de segurança pública brasileiro, coordenado 
pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), do Min. da Justiça. 
 
ATENÇÃO: 
 
d) contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3o. grau, 
Os crimes de homicídio serão punidos mais severamente, de acordo com a Lei 13.142/15, quando cometidos contra 
o cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3o. grau dos agentes descritos nas alíneas anteriores. 
 
E os filhos adotivos, por exemplo? 
 
PLURALIDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS QUALIFICADORAS 
 
Ex.: Art. 121, § 2º, II (motivo fútil) e III (meio cruel), CP. 
 
 
 
 
 
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“Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes 
Art. 67 CP - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas 
circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da 
personalidade do agente e da reincidência.” 
 
HOMICÍDIO DOLOSO MAJORADO 
 
2- Art. 121, § 6º, CP: Homicídio praticado por milícia privada ou grupo de extermínio 
Causa de aumento de pena incluída pela Lei 12.720/12. 
A Lei 12.720/12 também tipificou o crime de formação de milícia ou grupo de extermínio (art. 288-A CP). 
 
“Art. 121,§ 6o CP: A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, 
sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, 
de 2012)” 
“Constituição de milícia privada (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 
 
Art. 288-A CP: Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo 
ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 
12.720, de 2012) 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.” 
 
CONCEITOS IMPORTANTES 
 
GRUPO DE EXTERMÍNIO: reunião de pessoas, matadores, “justiceiros” (civis ou não) que atuam na ausência ou 
leniência do Poder Público, tendo como finalidade a matança generalizada, chacina de pessoas supostamente eti-
quetadas como marginais ou perigosas. 
 
MILÍCIA PRIVADA (ARMADA): grupo armado de pessoas (civis ou não) tendo como finalidade devolver a segurança 
retirada das comunidades mais carentes, restaurando a paz. Para tanto, mediante coação, os agentes ocupam 
determinado espaço territorial. A proteção oferecida nesse espaço ignora o monopólio estatal de controle social, 
valendo-se de violência ou grave ameaça. 
 
 
 
 
 
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# Quando um grupo de extermínio promove a matança, os agentes respondem somente por homicídio majorado 
(art. 121, § 6º, CP) ou em concurso com o delito de formação de grupo de extermínio (arts. 121, § 6º, CP + art. 288-
A CP)? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORÇA GALERA!!! 
 
“Quem quer vencer um obstáculo deve armar-se da força do leão e da prudência da serpente.” (Píndaro) 
 
 
 
 
 
 
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