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Resenha de Vigiar e Punir

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Universidade Federal de Pelotas
Ciências sociais
	
Giovanna Roecker Elias
Vigiar e punir: Nascimento da prisão - Michel Foucault
Pelotas
Junho/2016
Resenha de Vigiar e Punir: Nascimento da prisão de Michel Foucault
 
Michel Foucault, nascido em 1926 em Poitiers na França foi um historiador, filósofo, crítico literário, teórico social e filólogo, que tinha como suas grandes influências Marx, Nietzesche, Kant, entre outros.
Em suas teorias, Foucault abordava a relação entre poder e conhecimento e como eles são usados como uma forma de controle social por meio das instituições sociais.
Uma das suas principais obras é o livro Vigiar e Punir: Nascimento da prisão, publicado originalmente em 1975. A obra ficou conhecida por alterar o modo de pensar e fazer política social no mundo ocidental. 
No livro, Foucault faz um exame dos mecanismos sociais e teóricos que motivaram as grandes mudanças que se produziram nos sistemas penais ocidentais durante a era moderna. 
A obra é dividida em quatro partes: “O suplício”, “A Punição”, “Disciplina” e “Prisão”.
Na primeira parte Foucault irá desmembrar e analisar o que é o suplício, para isso ele expõe dois documentos que explicitam dois estilos penais diferentes o primeiro documento é a descrição de um suplício, o segundo alguns artigos do código de execução penal: 
Suplício “Finalmente foi esquartejado. Essa última operação foi muito longa, porque os cavalos utilizados não estavam afeitos à tração; de modo que, em vez de quatro, foi preciso colocar seis; E com isso não foi o bastante, foi necessário, para desmembrar as coxas do infeliz cortar-lhe os nervos e retalhar as juntas” (página 9); 
Artigo do código de execução penal penal “Artigo 17 - O dia dos detentos começará às seis horas da manhã no inverno, às cinco horas no verão. O trabalho há de durar nove horas por dia em qualquer estação. Duas horas do dia serão consagradas ao ensino. O trabalho e o dia terminarão às nove horas no inverno e as oito horas no verão”. 
Ao analisar isso o autor diz que o fim do suplício tem haver com a “tomada de consciência” dos contemporâneos em prol da “humanização” das penas.
Porém, ele também trabalha a ideia de que a mudança tenha ocorrido por conta do fato de que o assassino e o juiz trocavam de papeis no momento do suplício, o que gerava revolta e fomentava a violência social. Sendo assim começou-se a ter a busca por formas que o punido tivesse sua pena de forma escondida e que a encenação da dor não fosse mais algo a ser assistido com êxito. 
Com o fim do suplício e a criação da prisão o século XIX modifica não só a maneira de punir, mas também a forma de analisar o crime, não se julgava mais apenas o ato do crime, mas o histórico do criminoso, para Foucault “Quais as reações entre ele, seu passado e seu crime, e o que esperar dele no fulturo” (página 19). Nesse momento que a justiça criminal cria uma rede microfísica para se legitimar. 
No segundo capítulo da primeira parte o autor inicia com a exposição de discursos oficiais que regiram as práticas penais de 1670 até a revolução francesa (1789). 
Assim é pautado que nesse período apenas 10% dos crimes eram penalizados com execução, porém em sua maioria era feito por suplício, que é a levada do condenado ao seu grau máximo de sofrência. 
Ele também descore que crimes menores que tinham penas de execução tinham seus suplícios mais brandos, enquanto os crimes com grau de problema maior era tratados apenas rei escondido do povo, para mostrar o poder soberano não pertence a eles e sim ao rei. 
A violência do povo contra o condenado era controlada pelo rei, em alguns casos o condenado tinha que ser protegido do povo em seu suplício. Mesmo assim houve situações que o povo conseguiu ir contra o poder soberano e condenar criminosos com crimes mais leves. 
Já na segunda parte é analisada a punição, o capítulo é igualmente ao anterior dividido em duas partes. 
Seu primeiro ponto (capítulo) é a tomada a abordagem da mudança da punição. Ele discorre que o suplício começa a ser visto como algo perigoso ao poder soberano, pois a tirania leva a revolta e começa-se ser discutido entre os reformistas que deve-se respeitar o “assassino” , ou no mínimo sua humanidade. 
Foucault também explica em sua obra que antes de haver a mudança do suplício para a prisão, a qualidade dos crimes foi divida entre de “Sangue” (Agressões e homicídios) e “Fraude e contra a propriedade” (Roubo, furto, invasões, etc). Essas mudanças, para o autor, tem correlação com as mudanças do século XVII decorrente os avanços burgueses. Assim ele conclui que a passagem do suplício não é meramente uma questão de humanidade, mas uma adequação de penas para os delitos. Porque em termos gerais o objetivo da reforma não vem somente de fora, mas também de dentro do sistema judiciário. 
No segundo capítulo da análise da punição Foucault trabalha a ideia que o sistema punitivo caminha em direção à noção de que a punição deve participar de uma mecânica perfeita em que a vantagem do crime se anule com a desvantagem da pena. Assim o autor discorre que a punição não deve aparecer mais como efeito da arbitrariedade de um poder humano, mas como consequência de uma prática criminosa. 
Essa tentativa trás consigo a capacidade de esconder o poder que pune. Nele é discutido que deve-se deixar o crime menos atrativo. E por conta disso que as penas não podem ser permanentes, mostrando sua eficiência em tornar o condenado em um ser virtuoso. Claro, pra ele existem os casos impossíveis, esses devem ser executados, porque o sistema prisional só faz seu sentido quando a pena acaba.
A Terceira parte “A disciplina” discute em primeiro ponto a questão dos corpos dóceis onde ele explica a microfísica do poder, na qual serve à produção de indivíduos que possam cumprir funções úteis, ajustando-se a um determinado tipo de sociedade emergente. Foucault afirma que o ser humano objetificado pode ser inventado graças á descoberta da maleabilidade do corpo. 
Essa análise do autor leva a considerar o intuito do livro todo, que é de descrever modelos e seus mecanismos independente se havia uma resistências dos indivíduos dessa sociedade ou não.
Em segundo ponto ele vai tratar a questão elementar do livro, onde o autor trabalha os dispositivos do projeto disciplinar da sociedade moderna. 
Foucault explica nessa parte da obra um modelo de acampamento militar que é aplicado à extensão da sociedade e suas instituições. Em que se tenha um grande observatório que tenha uma vigilância multiplica em que na verdade quem vigia seus atos é o próprio indivíduo, já que ele nunca sabe exatamente se está sendo vigiado por aquele com poder de coação ou não. 
O terceiro ponto dessa parte trabalha o Panoptismo onde tem seu início descrevendo as prescrições para uma cidade no século XVIII quando havia uma declaração de peste e lepra em seu território, onde um coletiviza e agrupa e outro, individualiza e recorta. Com tal base ele explica que o método utilizado para separar os doentes para assim não contaminar o resto da população faz pensar em uma figura arquitetônica que pode assegurar o funcionamento automático do poder. Tal figura é o “Panótipo” onde por sua forma perfeita faz com que os indivíduos achem que estão sendo vigiados o tempo inteiro. O panótipo não tem em si só essa função social, mas o objetivo de se difundir por todo o corpo social. 
A quarta e última parte da obra- prima de Foucault analisa a prisão. 
Sua primeira análise é nas instituições completas e austeras, é nesse momento que o autor sintetiza a tese inicial de sua obra, quando ele apresenta que antes da prisão ser inaugurada como peça das punições ela já havia sido criada em uma sociedade em que os mecanismos de poder repartiam, fixavam, classificavam, extraíam forças, treinavam corpos, codificavam comportamentos, entre outras muitas atitudes como essas. Que em si fizeram a prisão surgir como algo inevitável, mesmo existindo outras formascriadas para a punição vinda dos reformistas. 
Ao estudar isso o autor discorre que sob todos esses aspectos é fato dizer que as penas são feitas para ser reguladas por elas mesmas durante o processo de ascensão e consolidação, assim não existindo uma relação direta entre o crime e o castigo. 
No segundo capítulo da quarta parte é enfim analisado que a prisão já nasceu cercada por críticas e desconfianças, pois ela não diminuía a criminalidade, provocava reincidência, fabricava delinquentes, havia corrupção, medo e incapacidade dos guardas para manter a segurança entre muitos outros fatores que levaram ao não funcionamento eficaz do sistema de prisões. O que levou o autor questionar se o fracasso não faz parte do funcionamento da prisão. 
Ele analisa que não há uma separação entre ilegalidades e legelismo, mas entre a ilegalidade e a delinquência, pois o maior objetivo da prisão foi ter fabricado a delinquência e por isso que esse sistema de penitência existe até hoje.
Sua última análise é em base do Carcerário onde ele fala sobre o primeiro sistema carcerário existente: Metrray – Instituição para detenção de jovens infratores condenados. Ele diz que em Metrray qualquer palavra inútil é reprimida. Nela foi constituído que a melhor forma de punir é o isolamento e fazer com que o indivíduo se vigie para não ser coagido. Foucault diz então que esse é o principio do panóptico. 
Em última instancia ele trabalha os chamados “ Efeitos carcerários” que consiste em Espraiamento de poderes disciplinares no corpo social; Recrutamento dos grandes delinquentes e a produção desses; Criação de um saber que objetiva o comportamento humano. O que explica a continuidade contemporânea do fracasso da prisão. 
Em uma análise geral da obra aqui tratada é necessário rever que até nos dias atuais os mesmo problemas com o sistema carcerário e penitenciário continua. 
O sistema do panóptico ainda é tratado por diversos escritores e estudiosos até os dias de hoje. Onde escritores como George Owell em seu livro “1894” utiliza dessa teoria para desenvolver sua distopia. 
Entre outros fatores é fato ressaltar que mesmo que haja a constante discussão sobre o sistema prisional são os mesmos empecilhos que estão apresentados na obra analisada que fazem ele continuar falido até os dias de hoje.

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