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LEG CARR EST DESARMA)AULA01

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Lei 10.826/2003 
Estatuto do “Desarmamento” 
 
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas 
– SINARM, define crimes e dá outras providências. 
 
Lei 10.826/2003 
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, 
tem circunscrição em todo o território nacional. 
DEC. Nº 5.123/2004 Art. 1
o
 O SINARM, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, com 
circunscrição em todo o território nacional e competência estabelecida pelo caput e incisos do art. 2
o
 da Lei 
n
o
 10.826, de 22 de dezembro de 2003, tem por finalidade manter cadastro geral, integrado e permanente das 
armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de competência do SINARM, e o controle dos registros 
dessas armas. 
 
Lei 10.826/2003 
Art. 2
o
 Ao Sinarm compete: 
 
I – identificar as características e a propriedade de armas de fogo, mediante cadastro; 
II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas e vendidas no País; 
III – cadastrar as autorizações de porte de arma de fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal; 
IV – cadastrar as transferências de propriedade, extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar 
os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamento de empresas de segurança privada e de transporte 
de valores; 
V – identificar as modificações que alterem as características ou o funcionamento de arma de fogo; 
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já existentes; 
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais; 
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem como conceder licença para exercer a atividade; 
 
IX – cadastrar mediante registro os produtores, atacadistas, varejistas, exportadores e importadores autorizados 
de armas de fogo, acessórios e munições; 
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as características das impressões de raiamento e de microestria-
mento de projétil disparado, conforme marcação e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante; 
 
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações 
de porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem como manter o cadastro atualizado para consulta. 
Parágrafo único. As disposições deste artigo não alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares, 
bem como as demais que constem dos seus registros próprios. 
DECRETO Nº 5.123/2004 Sistema de Gerenciamento Militar de Armas - Art. 2
o
 O SIGMA, instituído no Ministério 
da Defesa, no âmbito do Comando do Exército, com circunscrição em todo o território nacional, tem por finalidade 
manter cadastro geral, permanente e integrado das armas de fogo importadas, produzidas e vendidas no país, de 
competência do SIGMA, e das armas de fogo que constem dos registros próprios. 
 
1) Bem Jurídico Tutelado 
Em regra, a segurança/incolumidade pública. 
Sujeito passivo - o Estado ou a coletividade. 
2) Competência 
Em regra, da justiça estadual. 
A objetividade jurídica, a princípio, não diz respeito a nenhum interesse da União exclusivamente nos moldes do 
art. 109 da CR. 
Informativo nº 0507/STJ 
Período: 18 a 31 de outubro de 2012. 
Terceira Seção 
 
 
 
 
 
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3 
Compete à Justiça estadual processar e julgar crime de porte ilegal de arma de fogo praticado, em uma mesma 
circunstância, com crime de contrabando - de competência da Justiça Federal -, se não caracterizada a conexão 
entre os delitos. 
A mera ocorrência dos referidos delitos no mesmo contexto não enseja a reunião dos processos na Justiça Fede-
ral. Precedentes citados: CC 105.005-MG, DJe 2/8/2010, e CC 68529-MT, DJe 24/4/2009. 
CC 120.630-PR, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira (Desembargadora convocada do TJ-PE), julgado em 
24/10/2012. 
 
3) NORMA PENAL EM BRANCO (primariamente remetida): 
DECRETO Nº 5.123, DE 1º DE JULHO DE 2004. 
Regulamenta a Lei n
o
 10.826, de 22 de dezembro de 2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de 
armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas - SINARM e define crimes. 
 
Dec nº 5123/2004 
Art. 10. Arma de fogo de uso permitido é aquela cuja utilização é autorizada a pessoas físicas, bem como a pes-
soas jurídicas, de acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições previstas na Lei no 10.826, de 
2003. 
 
Art. 11. Arma de fogo de uso restrito é aquela de uso exclusivo das Forças Armadas, de instituições de segurança 
pública e de pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Comando do Exército, de acor-
do com legislação específica. 
 
DECRETO Nº 3.665, DE 20 DE NOVEMBRO DE 2000. 
Dá nova redação ao Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105). 
art. 3º, Dec 3665/2000: 
 
Arma de fogo – XIII - arma de fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gera-
dos pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que 
tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil; 
 
Acessório – II - acessório de arma: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do 
atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma; 
Ex. Mira telescópica. 
 
Munição – LXIV - munição: artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito dese-
jado pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; ou-
tros efeitos especiais; 
LEI 10826/2003 
 
Art. 3
o
 É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente. 
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na forma do regu-
lamento desta Lei. 
 
Art. 4
o
 Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, 
atender aos seguintes requisitos: 
 
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas 
pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral 
 
e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios ele-
trônicos; 
II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa; 
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na 
forma disposta no regulamento desta Lei. 
§ 1
o
 O Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormente esta-
belecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização. 
 
 
 
 
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Art. 5
o
 O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu pro-
prietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência des-
ses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento 
ou empresa. 
 
§ 1
o
 O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização 
do Sinarm. 
§ 2
o
 Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do art. 4
o
 deverão ser comprovados periodicamente, em perío-
do não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação do 
Certificado de Registro de Arma de Fogo.Informativo 782, Plenário 
Rcl 11323 AgR/SP, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 22.4.2015. 
O Plenário julgou procedente pedido formulado em reclamação, para reconhecer como PRERROGATIVA DA 
MAGISTRATURA a desnecessidade de submissão a certos requisitos gerais, aplicáveis a todas as outras pesso-
as, para obter o porte ou a renovação do porte de arma. 
A prerrogativa dos magistrados de portar arma de defesa pessoal estaria prevista no art. 33, V, da LC 35/1979 – 
Loman, sendo-lhes assegurado a renovação simplificada de registros de propriedade de armas de defesa pessoal 
(inscrição no SINARM), com dispensa dos testes psicológicos e de capacidade técnica e da revisão periódica de 
registro. Esses requisitos para manter arma de fogo estariam dispostos no art. 5º, § 2º, da Lei 10.826/2003 . 
§ 3
o
 O proprietário de arma de fogo com certificados de registro de propriedade expedido por órgão estadual ou 
do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 
desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, 
ante a apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, ficando dispensado 
do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 
4
o
 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo) 
 
§ 4
o
 Para fins do cumprimento do disposto no § 3
o
 deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no 
Departamento de Polícia Federal, certificado de registro provisório, expedido na rede mundial de computadores - 
internet, na forma do regulamento e obedecidos os procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 
2008) 
 
I - emissão de certificado de registro provisório pela internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluído 
pela Lei nº 11.706, de 2008) 
II - revalidação pela unidade do Departamento de Polícia Federal do certificado de registro provisório pelo prazo 
que estimar como necessário para a emissão definitiva do certificado de registro de propriedade. 
Art. 6
o
 É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legisla-
ção própria e para: 
I – os integrantes das Forças Armadas; 
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal; 
 
Informativo nº 0554/STJ 
Período: 25 de fevereiro de 2015. 
Quinta Turma 
 
O porte de arma de fogo a que têm direito os policiais civis (arts. 6º da Lei 10.826/2003 e 33 do Decreto 
5.123/2014) não se estende aos policiais aposentados. 
Isso porque, de acordo com o art. 33 do Decreto 5.123/2004, que regulamentou o art. 6º da Lei 10.826/2003, o 
porte de arma de fogo está condicionado ao efetivo exercício das funções institucionais por parte dos policiais, 
motivo pelo qual não se estende aos aposentados. Precedente citado: RMS 23.971-MT, Primeira Turma, DJe 
16/4/2008. HC 267.058-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 15/12/2014. 
 
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (qui-
nhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei; 
 
 
 
 
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IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 
500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; 
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança 
do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; 
 VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; 
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e 
as guardas portuárias; 
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei; 
IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, 
cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento desta Lei, observando-
se, no que couber, a legislação ambiental. 
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos 
de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007) 
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da Uni-
ão e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exer-
cício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e 
pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. 
 
 § 1
o
 As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo de 
propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos 
do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e 
VI. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
 
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de proprie-
dade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou instituição, MESMO FORA DE SERVIÇO, desde que 
estejam: 
(Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) 
 
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; 
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regulamento; e 
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de controle interno. 
 
Dec nº 5123/2004 
 
Art. 24. O Porte de Arma de Fogo é PESSOAL, INTRANSFERÍVEL E REVOGÁVEL a qualquer tempo, sendo 
válido apenas com relação à arma nele especificada e com a apresentação do documento de identificação do 
portador. 
FIGURAS TÍPICAS 
POSSE DE ARMA DE USO PERMITIDO 
 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu 
local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
• Objetividade jurídica: a incolumidade pública. 
• Objeto material: arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido. 
• Sujeito ativo: Crime comum, o agente pode ser qualquer pessoa possuidora de arma de fogo de uso per-
mitido que nunca foi registrada ou cujo registro não foi renovado. 
• Sujeito passivo: o Estado/a coletividade. 
 
Possuir: Estar na posse, fruir a posse, desfrutar, ter em seu poder com ânimo de propriedade de arma de fogo, 
acessório ou munição. 
 
Manter sob guarda: Conservar a arma em seu poder e vigilância, em nome próprio ou para terceiro. Não se con-
funde com ocultar (esconder) para dificultar sua localização. 
 
 
 
 
 
 
 
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Elemento Espacial: 
No interior de sua residência ou dependência desta. 
No seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento. 
 
De acordo com o STJ: 
 
1. Não se pode confundir o delito de posse irregular de arma de fogo com o de porte irregular de arma de fogo. 
2. Caracteriza-se o delito de posse irregular de arma de fogo quando ela estiver guardada no interior da residência 
(ou dependência desta) ou no trabalho do acusado, evidenciado o porte ilegal se a apreensão ocorrer em local 
diverso. 
3. O caminhão, ainda que seja instrumento de trabalho do motorista, não pode ser considerado extensão de sua 
residência, nem local de seu trabalho, mas apenas instrumento de trabalho.(HC 172.525/MG, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA MACABU, QUINTA TURMA, DJe 28/06/2012) 
Elemento Normativo: "em desacordo com determinação legal ou norma regulamentar" - v. art. 3º e 5º, da lei 
10826/03 e art. 16, do Dec nº5123/2004. 
 
JURISPRUDÊNCIA DO STJ: 
Na espécie, o paciente foi denunciado pela suposta prática da conduta descrita no art. 12 da Lei n. 10.826/2003, 
por possuir irregularmente um revólver marca Taurus, calibre 38, número QK 591720, além de dezoito cartuchos 
de munição do mesmo calibre. Todavia, no caso, a questão não pode extrapolar a esfera administrativa, uma vez 
que ausente a imprescindível tipicidade material, 
pois, constatado que o paciente detinha o devido registro da arma de fogo de uso permitido encontrada em sua 
residência - de forma que o Poder Público tinha completo conhecimento da posse do artefato em questão, poden-
do rastreá-lo se necessário -, inexiste ofensividade na conduta. 
A mera inobservância da exigência de recadastramento periódico não pode conduzir à estigmatizadora e automá-
tica incriminação penal. 
Cabe ao Estado apreender a arma e aplicar a punição administrativa pertinente, não estando em consonância 
com o Direito Penal moderno deflagrar uma ação penal para a imposição de pena tão somente porque o indivíduo 
- devidamente autorizado a possuir a arma pelo Poder Público, diga-se de passagem - deixou de ir de tempos em 
tempos efetuar o recadastramento do artefato. 
Portanto, até mesmo por questões de política criminal, não há como submeter o paciente às agruras de uma con-
denação penal por uma conduta que não apresentou nenhuma lesividade relevante aos bens jurídicos tutelados 
pela Lei n.10.826/2003, não incrementou o risco e pode ser resolvida na via administrativa. 
HC 294.078/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, DJe 04/09/2014) 
 
Informativo nº 0572/STJ 
Corte Especial 
 
Manter sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido NÃO confi-
gura o crime do art. 12 da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). 
O art. 12 do Estatuto do Desarmamento afirma que é objetivamente típico possuir ou manter sob guarda arma de 
fogo de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de residência. Entretan-
to, relativamente ao elemento subjetivo, não há dolo do agente que procede ao registro e, depois de expirado 
prazo, é apanhado com a arma nessa circunstância. 
 
Trata-se de uma irregularidade administrativa; do contrário, todos aqueles que porventura tiverem deixado expirar 
prazo semelhante terão necessariamente de responder pelo crime, o que é absolutamente desproporcional. 
Avulta aqui o caráter subsidiário e de ultima ratio do direito penal. Na hipótese, além de se afastar da teleologia do 
objeto jurídico protegido, a saber, a administração 
e, reflexamente, a segurança e a paz pública (crime de perigo abstrato), banaliza-se a criminalização de uma con-
duta em que o agente já fez o mais importante, que é apor seu nome em um registro de armamento, possibilitando 
o controle de sua circulação. Precedente citado: HC 294.078-SP, Quinta Turma, DJe 4/9/2014. 
APn 686-AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 21/10/2015, DJe 29/10/2015. 
(POSIÇÃO DIVERGENTE, ANTERIOR À ÚLTIMA DECISÃO DA CORTE ESPECIAL) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 
Informativo nº 0570/STJ Sexta Turma 
A conduta do agente de possuir, no interior de sua residência, armas de fogo e munições de uso permitido com os 
respectivos registros vencidos pode configurar o crime previsto no art. 12 do Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desar-
mamento). (...) Contudo, a temática referente à tipicidade na hipótese de registro expirado é controvertida nesta 
Corte. No julgamento do HC 294.078-SP, DJe 4/9/2014, a Quinta Turma decidiu que possuir arma de fogo com 
registro vencido não é crime, mas apenas infração administrativa. No entanto, a compreensão deve ser dada de 
modo diverso. Isso porque, ao editar a Lei 10.826/2003, o legislador se interessou, expressamente, pela incolumi-
dade pública - complexo de condições necessárias para a segurança e integridade pessoal dos indivíduos - e 
valorou tal interesse em uma norma (na hipótese, não possuir, de forma irregular, arma de fogo, acessório ou 
munição de uso permitido), tutelada pelo tipo penal previsto no art. 12 do Estatuto do Desarmamento. Porém não 
se pode concluir, no incipiente momento do oferecimento da denúncia, que possuir arma de fogo com certificado 
federal vencido não é materialmente típico, a ponto de afastar o alcance do art. 12 do Estatuto do Desarmamento. 
A conduta delineada, além de formalmente típica, é antinormativa. Não há controvérsia, assim, sobre a tipicidade 
formal da conduta em análise. Nesse passo, há doutrina afirmando que o juízo de tipicidade não é um mero juízo 
de tipicidade legal, mas que exige um outro passo, que é a comprovação da tipicidade conglobante, consistente 
na averiguação da proibição através da indagação do alcance proibitivo da norma, não considerada isoladamente, 
e sim conglobada na ordem normativa. Posto isso, quando o proprietário de arma de fogo deixa de demonstrar 
que ainda detém, entre outros requisitos, aptidão psicológica e idoneidade moral para continuar a possuir o ar-
mamento, representa, em tese, um risco para a incolumidade pública, de modo que a lei penal não pode ser indi-
ferente a essa situação. Assim, sem investigar as peculiaridades de cada caso, é temerário afirmar, de forma au-
tomática e categórica, que não é crime possuir arma de fogo com registro expirado, máxime ante a finalidade do 
Estatuto do Desarmamento e porque não existe previsão de penalidade administrativa para tal conduta, não po-
dendo a questão ser resolvida na seara administrativa. 
 
O STJ, antes do referido precedente da Quinta Turma, já havia decidido, por meio de sua Corte Especial, que 
"Considera-se incurso no art. 12 da Lei n. 10.826/2003 aquele que possui arma de fogo de uso permitido com 
registro expirado, ou seja, em desacordo com determinação legal e regulamentar" (APn 686-AP, DJe 5/3/2014). 
Por todo o exposto, o precedente da Corte Especial deve orientar o entendimento do Superior Tribunal sobre a 
matéria, sem prejuízo de que o aplicador do direito, caso a caso, utilize vetores gerais de hermenêutica para res-
tringir o teor literal do tipo penal que, em situações peculiares, pode alcançar condutas socialmente admissíveis ou 
penalmente insignificantes. RHC 60.611-DF, DJe 5/10/2015. 
 
NOTA: 
Registra-se que o julgado acima da 6ª Turma, ao se referir à Ação Penal nº 686-AP, aborda a decisão que rece-
beu a denúncia em 2014. 
A decisão mais recente (informativo 572) da Corte Especial na mesma ação penal 686-AP é absolutória, por atipi-
cidade. 
 
Tipo Subjetivo: 
Dolo, vontade livre e consciente de possuir ou manter sob guarda arma de fogo de uso permitido, de forma irregu-
lar (sem registro). 
Não há modalidade culposa. 
 
Classificação: 
Trata-se de crime de mera conduta (mas há quem diga que é formal - Delmanto, Moraes), comum, de ação múlti-
pla, e de perigo abstrato. 
 
De acordo com o STJ: 
1. O simples fato de possuir munição de uso permitido configura a conduta típica prevista no artigo 12 da Lei 
10.826/2003, por se tratar de delito de mera conduta e de perigo abstrato, cujo objeto imediato é a segurança 
coletiva. 
2. Havendo provas nos autos relativas à materialidade do crime de posse ilegal de munição de uso permiti-
do, 
eventual apreensão de munições ou armas isoladas, ou incompatíveis com projéteis, não descaracteriza o crime 
em questão, pois para a sua configuração basta a simples posse ou guarda da munição sem autorização da auto-
ridade competente. 
3. Habeas corpus não conhecido. 
(HC 298.490/MS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 10/09/2014) 
 
 
 
 
 
 
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8Consumação e tentativa 
Crime permanente - a ação - possuir ou manter sob guarda - se protrai no tempo - vincula-se à inércia de não 
providenciar o registro ou em não renová-lo. A tentativa é inadmissível. 
 
Pena e Ação Penal 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
A ação penal é pública incondicionada. 
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo DE USO PERMITIDO AINDA NÃO REGISTRADA deve-
rão solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de identifica-
ção pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da ori-
gem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ... 
... ou declaração firmada na qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário, ficando 
este dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do 
caput do art. 4
o
 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) 
 
Súmula 513/STJ: 
A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso 
permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, prati-
cado somente até 23/10/2005. 
Jurisprudência do STJ 
A Lei n.º 10.826/03, nos art. 30 e art. 32, determinou que os possuidores e proprietários de ARMAS DE FOGO não 
registradas deveriam, sob pena de responsabilidade penal, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias após a publica-
ção da Lei, solicitar o seu registro apresentando nota fiscal de compra ou a comprovação da origem lícita da pos-
se ou entregá-las à Polícia Federal. 
 
Entre 23/12/2003 e 23/10/2005, prazo identificado como vacatio legis indireta pela doutrina, a simples conduta de 
possuir arma de fogo e munições, de uso permitido (art. 12) ou de uso restrito (art.16), não seria crime. 
A posse de arma de fogo com a numeração raspada e munições, mesmo que de uso permitido, é equiparada à 
posse de arma de fogo de uso restrito, para fins de reconhecimento da abolitio criminis temporária. 
(HC 219.900/MG, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 14/08/2012) 
O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp n. 1.311.408/RN, representativo da controvérsia, firmou 
entendimento no sentido de que o termo final da incidência da abolitio criminis temporária constante dos arts. 30 e 
32 da Lei n. 10.826/2003, no que se refere à conduta de possuir armas de fogo de uso restrito ou de uso permitido 
com a numeração suprimida ou raspada, recai sobre o dia 23 de outubro de 2005, 
uma vez que tais hipóteses não foram alcançadas pela prorrogação do prazo de descriminalização previsto na Lei 
n. 11.706/2008. 
(HC 298.819/RS, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, DJe 27/11/2014) 
 
RETROATIVIDADE DA ABOLITIO TEMPORÁRIA 
 
Com base no art. 5.º, inciso XL, da Constituição Federal e no art. 2.º, do Código Penal, a abolitio criminis temporá-
ria DEVE RETROAGIR para beneficiar o réu apenado pelo crime de posse de arma de fogo seja de uso permitido 
ou restrito, com ou sem numeração suprimida, perpetrado na vigência da Lei n.º 9.437/97. Precedentes. 
No caso dos autos, é atípica a conduta atribuída ao Paciente, uma vez que a busca efetuada em sua residência 
ocorreu em 08/04/1997, ou seja, antes do período de abrangência para o referido armamento, qual seja, de 23 de 
dezembro de 2003 a 23 de outubro de 2005, motivo pelo qual se encontra abarcada pela excepcional vacatio legis 
indireta prevista nos arts. 30 e 32 da Lei n.º 10.826/03. (HC 164.321/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA 
TURMA, DJe 28/06/2012) 
 
Em respeito ao princípio da retroatividade da lei penal mais benéfica, constitui constrangimento ilegal a manuten-
ção de condenação por crime de posse de arma de fogo de uso proibido ou restrito praticado antes da vigência da 
Lei n.º 10.826/2003. Precedentes. Ordem concedida para declarar extinta a punibilidade do paciente quanto ao 
delito disposto no art. 10, caput, da Lei n.º 9.437/97. 
(HC 237.722/SP, QUINTA TURMA, DJe 28/06/2012) 
 
EM SENTIDO CONTRÁRIO, de acordo com o STF: 
a referida vacatio legis não tem o condão de retroagir, justamente por conta de sua eficácia temporária. 
(RHC 111637, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 05/06/2012). 
 
 
 
 
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9 
O Pretório Excelso fixou entendimento pela irretroatividade do Estatuto do Desarmamento em relação aos delitos 
de posse de arma de fogo cometidos antes da sua vigência. 
(HC 98180, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 29/06/2010; HC 90995, 
Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, Primeira Turma, julgado em 12/02/2008). 
 
STF: A construção jurisprudencial e doutrinária, conquanto inexistente previsão explícita de abolitio criminis, ou 
mesmo de que a eficácia do delito previsto no art. 12 do Estatuto do Desarmamento estaria suspensa temporari-
amente, formou-se no sentido de que, durante o prazo assinalado em lei, haveria presunção de que o possuidor 
de arma de fogo irregular providenciaria a normalização do seu registro (art. 30). 
 
No caso sub judice, a vexata quaestio gira em torno da aplicabilidade retroativa da Medida Provisória nº 417 aos 
fatos anteriores a 31 de janeiro de 2008, à luz do art. 5º, XL, da Constituição, que consagra a retroatividade da lex 
mitior, cabendo idêntico questionamento sobre a retroeficácia da Lei nº 11.922/2009 em relação aos fatos ocorri-
dos entre 1º de janeiro de 2009 e 13 de abril do mesmo ano. (...) É preciso definir se a novel legislação deve ser 
considerada abolitio criminis temporária do delito previsto no art. 12 da Lei nº 10.826/03, caso em que impor-se-ia 
a sua eficácia retro-operante. O possuidor de arma de fogo, no período em que vedada a regularização do registro 
desta, pratica conduta típica, ilícita e culpável, porquanto cogitável a atipicidade apenas quando possível presumir 
que o agente providenciaria em tempo hábil a referida regularização, à míngua de referência expressa, no Estatu-
to do Desarmamento e nas normas que o alteraram, da configuração de abolitio criminis. (...) Assim, não há falar 
em abolitio criminis, pois a nova lei apenas estabeleceu um período de vacatio legis para que os possuidores de 
armas de fogo de uso permitido pudessem proceder à sua regularização ou à sua entrega mediante indenização. 
EM CONCLUSÃO, O STF RECONHECEU a irretroatividade da norma inserida no art. 30 da Lei nº 10.826/03 pela 
Medida Provisória nº 417/2008, considerando penalmente típicas as condutas de posse de arma de fogo de uso 
permitido ocorridas após 23 de junho de 2005 e anteriores a 31 de janeiro de 2008. 
(RE 768494, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, PUBLIC 08-04-2014) 
 
OMISSÃO DE CAUTELA 
 
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa por-
tadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua proprieda-
de: 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Tipo Subjetivo: culpa - modalidade negligência - inobservância do dever de cuidado. 
 
Núcleo - deixar de observar – Crime omissivo próprio. 
 
Objeto Material: Arma de fogo . 
 
Consumação: Crime instantâneo, consuma-se com o efetivo apoderamento da arma pelo inimputável. Sem o apo-
deramento da arma, não há crime. Tentativa: inadmissível. 
 
Sujeito Ativo - somente o possuidor ou proprietário Sujeito passivo: A sociedade ou o Estado, bem como a pessoa 
menor de 18 anos ou portadora de deficiência mental. 
 
Pena e Ação Penal 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
Competência do Juizado Especial Criminal. 
Cabe transação penal e suspensão condicional. 
 
Concurso de crimes – cabível, em tese, com a posse dos art. 12 e art. 16, CP, a depender da arma. 
 
Conflitoaparente de normas: 
O art. 19, § 2, letra c, da Lei das Contravenções Penais ainda continua em vigor somente em relação às armas 
brancas e as de arremesso ou munição e em relação ao inexperiente que se apodera da arma. 
 
CRIME EQUIPARADO (PARÁGRAFO ÚNICO) 
Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valo-
res que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras 
 
 
 
 
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10 
formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte 
quatro) horas depois de ocorrido o fato. 
 
Sujeito Ativo - Somente os proprietários ou diretores responsáveis de empresas de segurança e de transporte de 
valores. 
 
Tipo Subjetivo - dolo - é necessário que o agente tome conhecimento do fato, ou seja do furto, roubo ou extravio e 
se omita intencionalmente no dever de registrar a ocorrência e comunicá-lo à Polícia Federal no prazo de 24 ho-
ras. 
 
Elemento temporal do delito – que a omissão ocorra depois de 24 (vinte e quatro) horas após a ocorrência do fato 
(furto, roubo ou extravio). 
 
Consumação: Crime instantâneo, consuma-se com a omissão no decurso do prazo. 
 
Tentativa: inadmissível. 
 
PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO 
 
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, 
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, DE USO PER-
MITIDO, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em 
nome do agente. (Vide Adin 3112-1) 
Objetividade jurídica: a incolumidade pública. 
Sujeito ativo: crime comum, o agente pode ser qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: o Estado/a coletividade. 
Tipo Objetivo (tipo misto alternativo ou de conteúdo variado): 
 
Portar: trazer a arma consigo sem a licença da autoridade. 
De acordo com o STJ, o crime previsto no artigo 14 da Lei 10.826/2003 é comum, podendo ser cometido por 
qualquer pessoa. 
Não se exigindo qualquer qualidade especial do sujeito ativo, não há dúvidas de que se admite o concurso de 
agentes no crime de porte ilegal de arma de fogo, não se revelando plausível o entendimento pelo qual apenas 
aquele que efetivamente 
porta a arma de fogo incorre nas penas do delito em comento. Ainda que apenas um dos agentes esteja portando 
a arma de fogo, é possível que os demais tenham concorrido de qualquer forma para a prática delituosa, motivo 
pelo qual devem responder na medida de sua participação, nos termos do artigo 29 do Código Penal. (HC 
198.186/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe 05/02/2014) 
 
De acordo com o STJ: 
 
2. É típica a conduta de portar arma de fogo sem autorização ou em desconformidade com determinação legal ou 
regulamentar por se tratar de delito de perigo abstrato, cujo bem jurídico protegido é a incolumidade pública, inde-
pendentemente da existência de qualquer resultado naturalístico. 
3. A classificação do crime de porte ilegal de arma de fogo como de perigo abstrato traz, em seu arcabouço teóri-
co, a presunção, pelo próprio tipo penal, da probabilidade de vir a ocorrer algum dano pelo mau uso da arma. 
Flagrado o recorrido portando um objeto eleito como arma de fogo, temos um fato provado - o porte do instrumen-
to - e o nascimento de duas presunções, 
quais sejam, de que o objeto é de fato arma de fogo, bem como tem potencial lesivo. 
5. Sendo a tese nuclear da defesa o fato de o objeto não se adequar ao conceito de arma, por estar quebrado e, 
consequentemente, inapto para realização de disparo, circunstância devidamente comprovada pela perícia técnica 
realizada, temos, indubitavelmente, o rompimento da ligação lógica entre o fato provado e as mencionadas pre-
sunções. 
Nesse contexto, impossível a manutenção do decreto condenatório por porte ilegal de arma de fogo. 
6. Agravo regimental a que se nega provimento. 
(AgRg no AREsp 397.473/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, DJe 25/08/2014) 
PLURALIDADE DE ARMAS 
 
 
 
 
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11 
O STJ firmou entendimento de que é possível a unicidade de crimes, quando, no porte ilegal, há pluralidade de 
armas, equacionando-se a reprimenda na fixação da pena-base. 
Na espécie, contudo, a pretensão não se justifica, dado se buscar o reconhecimento de crime único diante de 
imputações distintas: arts. 14 e 16, pár. único, da Lei 10.8.26/03. 
Todavia, tem-se como cabível, tão-somente, o reconhecimento entre as duas imputações do delito do art. 16, pár. 
único, da Lei 10.8.26/03. 
Não obstante, a modificação na dosimetria, com dois acréscimos, na pena-base com um crime único do art. 16, 
pár. único, e consequente aumento na pena-base da junção dos dois crimes mais, ainda, o acréscimo decorrente 
da ainda incidência da majorante do concurso formal 
conduz a situação menos benéfica ao paciente. 
Portanto, mais benéfica é a manutenção do concurso formal, com a redução da pena tão-somente pela diminuição 
do incremento do concurso formal para 1/5. 
(HC 130.797/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 18/12/2012, 
DJe 01/02/2013) 
 
Deter: reter, conservar a arma em seu poder ou trazê-la consigo. 
 
Adquirir: obter a arma em desacordo com as normas legais, por meio de uma compra ou gratuitamente, com o 
ânimo de tornar-se dono; conseguir, alcançar, conquistar. 
 
Fornecer: entregar gratuita ou onerosamente, abastecer, prover, dar, ser fornecedor clandestino de armas. 
 
Receber: tomar ou entrar na posse, aceitar ou acolher arma de fogo. 
 
Ter em depósito: armazenar, ter um estoque de e conservar a arma em estoque. 
 
Ceder, ainda que gratuitamente: transferir a posse da arma para outra pessoa, sem qualquer ônus para esta, co-
locar à disposição. 
 
Transportar: conduzir a arma de um lugar para outro (sem a guia de tráfego). 
 
Informativo nº 540 do STJ - 28 de maio de 2014. 
Sexta Turma 
É típica (art. 14 da Lei 10.826/2003) a conduta do praticante de tiro desportivo que transportava, municiada, arma 
de fogo de uso permitido em desacordo com os termos de sua guia de tráfego, a qual autorizava apenas o trans-
porte de arma desmuniciada. 
 
Em relação aos atiradores, foi autorizado o porte apenas no momento em que a competição é realizada. 
Nos indispensáveis trajetos para os estandes de tiro não se deferiu porte, mas específica guia de tráfego. 
 
Daí, a necessidade de cautelas no transporte. 
 
Nesse contexto, em consideração ao fato de que a prática esportiva de tiro é atividade que conta com disciplina 
legal, é plenamente possível o traslado de arma de fogo para a realização de treinos e competições, exigindo-se, 
porém, além do registro, a expedição de guia de tráfego (que não se confunde com o porte de arma) e respeito 
aos termos desta autorização. 
 
Não concordando com os termos da guia, a lealdade recomendaria que o praticante de tiro desportivo promoves-
se as medidas jurídicas cabíveis para eventualmente modificá-la, e não simplesmente que saísse com a arma 
municiada, ao arrepio do que vem determinando a autoridade competente sobre a matéria, o Exército. (RHC 
34.579-RS, 24/4/2014). 
 
Emprestar: confiar a alguém gratuitamente o uso da arma, a qual será depois restituída ao seu possuidor; denota 
auxílio recíproco; se houver objetivo de lucro é aluguel (art. 17). 
 
Remeter: expedir, enviar, encaminhar a arma de fogo. 
 
Empregar: fazer efetivo uso da arma 
 
 
 
 
 
 
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12 
a) se emprega unicamente para praticar crime mais grave, este absorve o emprego (consunção);b) se emprega a arma para fazer disparo em via pública a esmo, responde só pelo art. 15 (crime mais gra-
ve). 
c) se emprega para prática outro crime menos grave (ex.: ameaça - art. 147, CP), há concurso formal (mas, há 
que sustente que o emprego absorve o crime menos grave). 
 
A conduta de portar arma ilegalmente é absorvida pelo crime de roubo, quando, ao longo da instrução criminal, 
restar evidenciado o nexo de dependência ou de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram 
praticados em um mesmo contexto fático, incidindo, assim, o princípio da consunção. 
(HC 178.561/DF, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, DJe 13/06/2012). 
 
Manter sob guarda: defender, preservar, proteger ou conservar a arma em local seguro, preservá-la, fora das situ-
ações previstas no art. 12. Não se confunde com ocultar. 
 
Ocultar - encobrir, disfarçar, dissimular, esconder a arma de fogo. 
 
O verbo é o mesmo da receptação (art. 180, CP), havendo uma relação de especialidade entre os delitos. 
De acordo com o STJ, quem furta ou rouba a arma e, depois a oculta, responde pelo crime patrimonial em con-
curso com o porte ou a posse irregular. 
 
Elemento espacial do tipo 
 
Diversamente do que ocorre no crime do artigo 12, o porte é extramuros. 
 
A conduta do empregado que deixa arma de fogo em local de trabalho ou estabelecimento de empresa caracteri-
za a conduta prevista no artigo 14 desta Lei, na modalidade de ter em depósito ou manter sob guarda. 
 
Consumação: Crime de mera conduta, o agente consuma o delito no momento em que realiza um dos verbos do 
tipo penal em questão. 
 
Tentativa: por se tratar de crime permanente, na maioria das condutas descritas, é inadmissível a forma tentada. 
Em tese, admite-se a tentativa nas condutas de fornecer, receber, emprestar, ceder, pois exigem a tradição da 
arma (instantâneos e materiais). 
 
Tipo Subjetivo: é o dolo. 
 
Objeto material: 
Arma de fogo, acessório ou munição - somente de uso permitido. 
 
Elemento normativo do tipo: 
Contido na expressão "sem a autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar". 
O crime de porte ilegal de arma, previsto no art. 14 da Lei n. 10.826/2003, é de perigo abstrato, sendo irrelevante 
para a configuração do tipo penal que esteja ou não municiado o artefato. (...) é indiferente para a consumação do 
delito a demonstração de que a arma estaria apta para efetuar disparos, motivo pelo qual se torna inócua qualquer 
discussão acerca da validade do laudo pericial, desnecessário para a adequação. (STJ, 3ª Seção, AgRg no REsp 
1316918/RS, DJe 01/02/2013) 
Informativo nº 0581/STJ 
Período: 14 a 28 de abril de 2016. 
QUINTA TURMA 
O fato de o empregador obrigar seu empregado a portar arma de fogo durante o exercício das atribuições de vigia 
não caracteriza coação moral irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir a culpabilidade do crime de "porte ilegal 
de arma de fogo de uso permitido" (art. 14 da Lei 
n. 10.826/2003) atribuído ao empregado que tenha sido flagrado portando, em via pública, arma de fogo, após o 
término do expediente laboral, no percurso entre o trabalho e a sua residência. 
De fato, não parece aceitável admitir a tese de que o vigia estava sob influência de coação moral irresistível, por-
quanto, quando praticou a conduta proibida, ele estava fora do horário e do ambiente de trabalho, livre, portanto, 
da relação 
de subordinação que o obrigava a portar arma de fogo de modo ilegal. Sob esse prisma, não há porque supor a 
indução do comportamento delitivo por força externa determinante, infligida pelo empregador. A verdade é que 
 
 
 
 
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13 
não há espaço para aplicação da regra disposta no art. 22 do CP ("Se o fato é cometido sob coação irresistível ou 
em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, 
só é punível o autor da coação ou da ordem"). Assim, a inexigibilidade de conduta diversa somente funciona como 
causa de exclusão da culpabilidade quando proceder de forma contrária à lei se mostrar como única alternativa 
possível diante de determinada situação. Se há outros meios de solução do impasse, a exculpante não se carac-
teriza. Ademais, "importa não confundir, aqui, a atividade exercida pelo réu 
(vigia) com a de um vigilante (profissional contratado por estabelecimentos financeiros ou por empresa especiali-
zada em prestação de serviços de vigilância e transporte de valores), cuja categoria é regulamentada pela Lei nº 
7.102/83, ao qual é assegurado o direito de portar armas de fogo, quando em efetivo exercício da profissão“ REsp 
1.456.633-RS, Rel., DJe 13/4/2016. 
 
DISPARO DE ARMA DE FOGO 
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou 
em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3112-1) 
 
Objetividade jurídica: a incolumidade pública. 
 
Objeto material: arma de fogo ou munição. 
 
Sujeito ativo: Crime comum, o agente pode ser qualquer pessoa. 
 
Sujeito passivo: o Estado ou a coletividade. 
 
Tipo Objetivo: 
Disparar arma de fogo: atirar projéteis 
 
Acionar munição: deflagrar cartucho ou projétil de alguma outra forma 
 
Lugar habitado - onde reside um núcleo de pessoas ou famílias ou adjacências (lugar próximo) - não há crime se 
o disparo é feito em lugar ermo (ex. Floresta, deserto, descampado). 
 
Via pública - local acessível a qualquer pessoa ou em direção a ela - o disparo não é feito na via, mas em direção 
a ela. 
 
Elemento subjetivo do tipo: é o dolo. 
Não se pune o disparo acidental de arma de fogo sem vítimas (morte ou lesão grave), por não estar prevista a 
modalidade culposa. 
 
Consumação: Crime de mera conduta, o agente consuma o delito no momento em que realiza um dos verbos do 
tipo penal em questão (no primeiro disparo ou acionamento). 
 
Tentativa: A tentativa é cabível, como, por exemplo, se o tiro falhar, ou se o agente é impedido no exato momento 
em que iria acionar o gatilho. 
 
Subsidiariedade Expressa - "desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime". 
Parte da doutrina sugere interpretação extensiva ao dispositivo ("desde que essa conduta não tenha como finali-
dade a prática de outro crime mais grave”), pois o legislador teria dito menos do que desejava. 
 
Concurso aparente de normas: 
Porte e disparo: 
• Se a arma é de uso permitido, ocorrendo disparo e porte ilegal (art. 14), o disparo (art. 15) absorve o por-
te, por ser mais grave. 
• Se a arma for de uso proibido ou restrito, o crime do artigo 16 absorve o disparo de arma, por ser crime 
mais grave. 
 
Disparo de arma de fogo e periclitação da vida (art. 132, Código Penal) 
Como o crime de disparo de arma é mais grave, deve absorver o art. 132, CP. 
 
 
 
 
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14 
Sendo o disparo em local aberto, colocando em risco um número indeterminado de pessoas, não há dúvida que o 
fato caracteriza disparo de arma de fogo (ar. 15). 
 
POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO 
 
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuita-
mente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de 
uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
Tipo Objetivo - As condutas previstas no "caput" são idênticas às previstas nos artigos 12 e 14 deste estatuto, com 
a diferença no tocante ao objeto material, que, neste caso, é a arma de fogo, acessório ou munição de uso proibi-
do ou restrito. 
Parágrafo único. Nasmesmas penas incorre quem: 
 
Segundo Fernando Capez, "O legislador dispôs no parágrafo único do art. 16 diversas condutas típicas, as quais 
recebem o idêntico tratamento penal dispensado à posse ou ao porte ilegal de ARMA de fogo. Convém notar que, 
embora as figuras do parágrafo único em estudo constem do art. 16, isso não quer dizer que o objeto material se 
restrinja às armas de fogo, aos acessórios ou às munições de USO restrito. 
Na realidade, tais figuras foram equiparadas à posse ou porte ilegal de ARMA de fogo de USO restrito apenas 
para efeitos de incidência da mesma sanção penal. Assim, admite-se, por exemplo, que na conduta prevista no 
inciso I (supressão ou alteração de identificação de ARMA de fogo ou artefato), o objeto material seja a ARMA de 
fogo de USO PERMITIDO.’ (Estatuto do Desarmamento, São Paulo, Saraiva, 2005, p. 128) 
 
Formas equiparadas previstas no parágrafo único: 
 
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; 
suprimir (fazer desaparecer, raspar) ou alterar (modificação ou remarcação) de numeração ou qualquer sinal iden-
tificador da arma de fogo ou do artefato, com a intenção de impedir a identificação da arma. 
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido 
ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; 
Modificação (há duas finalidades distintas): 
1. O agente modifica as características da arma de fogo de uso permitido, de modo a torná-la equivalente a de 
uso proibido ou restrito. Responde por este crime aquele que modifica as características da arma, tornando-a apta 
para o emprego militar, dando-lhe características similares a material bélico ou aumentando-lhe o calibre nominal. 
Ex.: cerrar cano de espingardas. 
2. Modificação das características da arma para induzir a erro a autoridade policial, perito ou juiz. Espécie de frau-
de processual ou inovação artificiosa do instrumento de um crime (tipo especial em relação ao artigo 347 do Códi-
go Penal. 
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo 
com determinação legal ou regulamentar; 
IV. Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo, com numeração, marca ou qualquer outro sinal 
de identificação raspado, suprimido ou adulterado. 
No julgamento do RHC 89.889, o Plenário do STF entendeu que o delito de que trata o inciso IV do parágrafo 
único do art. 16 do Estatuto do Desarmamento é Política Criminal de valorização do poder-dever do Estado de 
controlar as armas de fogo que circulam em nosso País. Isso porque a supressão do número, marca, ou qualquer 
outro sinal identificador do artefato lesivo impede o seu cadastramento e controle. 
A função social do combate ao delito em foco alcança qualquer tipo de arma de fogo; e não apenas armamento de 
uso restrito ou proibido. Tanto é assim que o porte de arma de fogo com numeração raspada constitui crime autô-
nomo. Figura penal que, no caso, tem como circunstância elementar o fato de a arma (seja ela de uso restrito ou 
não) estar com a numeração ou qualquer outro sinal identificador adulterado, raspado ou suprimido. (HC 99582, 
1ªT, 06-11-2009) 
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a cri-
ança ou adolescente; e 
 
Atenção! O artigo 242, do ECA (lei 8069/90) continua aplicável somente quanto a armas de natureza diversa, que 
não sejam armas de fogo (arma branca). 
 
 
 
 
 
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15 
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosi-
vo. 
 
Produz – fabrica; 
 
Recarrega - possibilita a reutilização através do recarregamento, aproveitando-se na íntegra o cartucho anterior. 
 
Recicla - reutiliza a munição ou explosivo, aproveitando-se da matéria prima; 
 
Adultera - modifica as características originais – p. ex. de modo a aumentar o potencial ofensivo da munição ou 
explosivo. 
 
Atenção! 
Art. 23 § 4
o
 As instituições de ensino policial e as guardas municipais referidas nos incisos III e IV do caput do 
art. 6
o
 desta Lei e no seu § 7
o
 poderão adquirir insumos e máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo 
de suprimento de suas atividades, mediante autorização concedida nos termos definidos em regulamento. 
COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO 
 
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, 
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de ati-
vidade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, 
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de pres-
tação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. 
O tipo possui 14 verbos, bastando que o agente no exercício da atividade comercial, industrial, ainda que irregular 
ou clandestino, inclusive o exercido em residência ou prestação de serviços (na forma do p.u.), realize uma das 
condutas previstas em lei. 
 
Tipo Subjetivo: é o dolo. 
 
Objeto material: Armas de fogo, acessórios ou munições 
 
Elemento normativo do tipo: 
 
Contido na expressão "sem a autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar". 
 
Parte da doutrina entende que é necessário para a configuração do delito em questão a prova da habitualidade da 
atividade comercial ou industrial ou prestação de serviços, não podendo estas ser esporádicas, já que a lei exige 
que seja no exercício. 
 
TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO 
 
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, 
acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: 
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Sujeito ativo - crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa pode praticar este crime. 
No que concerne à facilitação da importação ou exportação, se o sujeito ativo for funcionário público, não se aplica 
o disposto no artigo 318 do Código Penal, em função do princípio da especialidade. 
 
CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 
 
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou 
munição forem de uso proibido ou restrito. 
 
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados 
por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei. 
 
 
 
 
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• Causa de aumento de pena para o caso de agentes serem as pessoas legalmente autorizadas para o 
porte de armas. 
 
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3112-1) 
O dispositivo foi declarado inconstitucional. 
ADIN 3112/DF 
 
IV - A proibição de estabelecimento de fiança para os delitos de "porte ilegal de arma de fogo de uso permitido" e 
de "disparo de arma de fogo", mostra-se desarrazoada, porquanto são crimes de mera conduta, que não se equi-
param aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade. 
V - Insusceptibilidade de liberdade provisória quanto aos delitos elencados nos arts. 16, 17 e 18. 
Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a prisão ex lege, em face dos princípios 
da presunção de inocência e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de prisão pela autoridade judi-
ciária competente. 
(...) IX - Ação julgada procedente, emparte, para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos arti-
gos 14 e 15 e do artigo 21 da Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003. 
(ADI 3112, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, PUBLIC 26-10-2007 DJ 26-10-2007) 
 
 
 
 
 
 
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